Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LIVRO TEXTO
Fundamentos Sociológicos e
Filosóficos da Educação
2019
SOBRE A AUTORA:
Manuela Löwenthal Ferreira possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual
Paulista (UNESP) e mestrado em Sociologia pela mesma universidade.
1
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
Prezado aluno,
2
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
É com muita alegria que trago um pouco da minha contribuição para esta jornada de vocês, que
escolheram um curso na modalidade à distância. Como vocês verão neste material didático, a
Sociologia e a Filosofia da educação tem se ocupado de problematizar as questões mais
prementes da educação na nossa sociedade. O livro está organizado da seguinte forma:
No Módulo I será feita uma Introdução sobre contexto histórico e o surgimento da Sociologia, as
principais correntes sociológicas, as concepções de educação a partir dos clássicos da Sociologia
e o pensamento social brasileiro.
No Módulo IV você estudará: A Dialética. A Idade Média e o poder das religiões. O Renascimento.
A Modernidade. Influências do Empirismo e do Racionalismo na Pedagogia. A lógica. A Política e
a ética. Elementos filosóficos para a análise e intervenção nas práticas educativas. O ensino da
Filosofia
A partir de agora, você estará inserido na modalidade de ensino à distância, no que consiste a
nova forma de acessar conhecimento no mundo, sendo uma das principais tendências do futuro.
Essa modalidade requer atenção, comprometimento, autonomia, dedicação e a compreensão da
importância da tecnologia e comunicação dentro e fora de ambientes virtuais e a partir disto,
construir novas práticas que permitam estabelecer um novo patamar de ensino através da
proposição de novas ideias e ações.
Nesta disciplina você irá conhecer um pouco mais sobre os Fundamentos Sociológicos e
Filosóficos da Educação e também sobre os processos de aprendizagem.
3
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
Espero que este curso possa então abrir novas perspectivas nos trajetos da sua formação, assim
como contribuir para aumentar o repertório de conhecimentos que cada um vem adquirindo ao
longo da vida.
Bons estudos!
INTRODUÇÃO
4
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
Desde sua gênese, essa ciência irá buscar não só refletir, mas fazer desse conhecimento
sociológico e filosófico um instrumento de ação social.
Um curso dessa dimensão requer pensar em diversos pressupostos teóricos
indispensáveis à formação de professores capazes de compreenderem de fato a sociedade em
que estão inseridos e suas mudanças e, além disso, serem capazes de gerar mudanças,
elaborando um conjunto de ações que transformam de forma efetiva e crítica a sociedade em um
mundo melhor.
Ambas as disciplinas, tanto a Sociologia como a Filosofia, estão sendo cada vez mais
atualizadas com os temas do cotidiano presente. Muito além do que áreas das ciências humanas,
são ferramentas para se pensar o mundo atual. Por isso, temas como o impacto do mundo
globalização e das tecnologias, a internet, e as transformações na sociedade, são hoje debates
da sociologia e da filosofia. Por este e outros motivos são duas disciplinas indispensáveis para a
compreensão da realidade.
Tanto a Sociologia, como a Filosofia nasceram de transformações do mundo, seja em
relação à mudanças de paradigmas, como em relação à transformações econômicas. Por isso, o
mundo em transformação e a forma como essas transformações se dão são hoje os temas
centrais da Sociologia e da Filosofia.
O ritmo das mudanças mundiais está cada vez mais acelerado, e é possível que estejamos
no limiar de transformações tão fundamentais como aquelas que ocorreram no término do século
XVIII e XIX. Mudanças como essas só são observadas após já ocorrerem, porém, cabe a
disciplinas como a Sociologia e a Filosofia de mapear e analisar essas transformações,
delineando as características mais importantes do processo, assim como elaborar teorias das
possíveis consequências de determinados atos e direções na qual a sociedade percorre.
Com base nestas questões, é possível afirmar que ambas essas disciplinas são de
extrema importância na formação docente, uma vez que são ferramentas extremamente
importantes para compreender a realidade, o mundo em transformação, as novas tendências e
formas de pensar e existir no mundo, afinal, o trabalho docente envolve necessariamente uma
relação com o jovem, e estar atento ao mundo e a realidade deste jovem é parte do trabalho do
professor, uma vez que a escola perde seu sentido se não considerar também o modo como os
conteúdos estão sendo transmitidos e se estão sendo apreendidos.
Diante do aqui exposto, os conteúdos organizados neste livro seguem uma sequência
planejada para ajudar a alcançar o domínio progressivo da sociologia e da filosofia de forma clara,
sucinta e didática, pensando sempre na autonomia do aluno e a condição do ensino à distância.
5
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
MÓDULO I
Nesse contexto, a Educação não poderia estar fora desses estudos, sendo a escola uma
das principais Instituições sociais de uma sociedade. Dessa forma, a educação sempre esteve
entre os principais objetos da Sociologia. É através da educação que o ser humano se constitui
enquanto ser social, transferindo seu conhecimento e aprendendo com as outras gerações a se
portar enquanto ser social. A educação é, portanto, o meio com que os indivíduos perpetuam uma
sociedade.
Por ser uma área que investiga a origem dos fatos, é essencialmente uma área de
investigação questionadora e reflexiva. Seus temas variam bastante, porém estão sempre
perseguindo as injustiças e desmistificando o senso comum e seus preconceitos. Um dos
principais temas da sociologia se voltou para compreender como se desenvolvem as trocas
econômicas e simbólicas, como se estabelecem as relações que muitas vezes passam por
hierarquias de dominação e poder, e quais circunstâncias viabilizam essas dominações. É a partir
disto que essa ciência surgiu e se desenvolveu, buscando sempre um olhar questionador e crítico
acerca dos fatos.
A sociologia acima de tudo busca investigar e compreender a forma de vida do seu tempo,
sempre através de uma base histórica e com base no contexto. Essa área estabelece uma
estreita relação com os estudos da história, porém sua maior distinção e o fato de que aplica a
história em seu próprio tempo presente, compreendendo dessa forma que não há uma verdade
única e absoluta ou uma sociedade e cultura estática e imutável, mas há uma dinâmica social que
está constantemente se transformando e se refazendo.
7
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
O método científico pode ser caracterizado como o modo ou o conjunto de regras básicas
empregadas em uma investigação científica com o objetivo de obter resultados os mais confiáveis
e próximos da realidade quanto for possível. Entretanto, o método científico pode variar muito de
acordo com a vertente que se deseja seguir, ou seja, varia de acordo com a forma de abordagem.
Porém alguém que se proponha a investigar algo através do método científico não precisa,
necessariamente, cumprir todas as etapas e não existe um tempo pré-determinado para que se
faça cada uma delas. As pesquisas sociológicas geralmente se utilizam dessas etapas e se
baseiam em pesquisas que podem ser qualitativas ou quantitativas, ou mesmo ambas.
As vertentes metodológicas e as abordagens são diversas nessa área, porém, os principais
autores que influenciam com suas metodologias de pesquisa até os dias atuais são: Émile
Durkheim (1858-1917), Karl Marx (1818-83) e Max Weber (1864-1920), nos quais você irá estudar
neste primeiro módulo, uma vez que todos eles se debruçaram demoradamente aos temas da
educação.
Émile Durkheim nasceu na cidade de Épinal (região de Lorena, França) no dia 15 de abril
de 1858. Faleceu em Paris, capital francesa, em 15 de novembro de 1917. É considerado um dos
fundadores da sociologia moderna e pai da sociologia da educação, suas obras influenciam
estudos de diversas áreas até os dias atuais.
A análise das obras “Educação e Sociologia” e “Educação Moral”, ambas publicadas após
sua morte, nos ajudará a compreender a visão deste grande sociólogo francês acerca da função
social da educação e a importância desta para sua teoria sociológica.
8
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
Para Durkheim, a educação é um “fato social” e como tal deve ser estudado. Fato social é
um conceito elaborado pelo autor e trata-se de um fenômeno produzido pela vida coletiva, ou
seja, de uma realidade social organizada ao longo dos séculos, caracterizada por um conjunto de
práticas e instituições. O fato social é algo maior que o indivíduo e exerce uma determinada
coerção sobre ele, transcendendo a sua escolha individual. Exemplo: casamento, batismo,
religião, tradições, formas de se vestir e se comportar, entre outros.
Caberia aos sistemas educativos, em cada época, transmitir certos aspectos culturais e
sociais sem os quais a vida social se extinguiria e dessa forma, preparar os indivíduos
subjetivamente para viverem dentro dos padrões sociais vigentes, desenvolvendo as “múltiplas
aptidões que a vida social supõe”, já que toda sociedade, independente do grau de complexidade,
exige certa “homogeneidade” e harmonia entre seus membros e certa “diversidade” que
assegurem a sobrevivência da cultura.
9
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
sentimentos coletivos, é o ser social e se relaciona com o mundo. Se aquele é natural, este só
pode se desenvolver em sociedade, sendo a educação responsável por edificar esse novo ser, o
ser coletivo Entretanto, a educação não se reduz ao mero condicionamento, pois não se trata
simplesmente do “desenvolvimento de certos instintos adormecidos”, mas de um processo de
criação e transformação, cujo objetivo é originar um ser inteiramente novo e capaz de viver de
forma harmônica em sociedade.
É a sociedade que nos lança fora de nós mesmos, que nos obriga a
É a sociedade
considerar que nos lançaque
outros interesses fora não
de nós
osmesmos,
nossos, quequenosnos
obriga a considerar
ensina a
outros interesses que não os nossos, que nos ensina a dominar as paixões, os
dominar as paixões, os instintos, e dar-lhes lei, ensinando-nos o
instintos, e dar-lhes lei, ensinando-nos o sacrifício, a privação, a subordinação dos
sacrifício, a privação,
nossos a subordinação
fins individuais dos nossos
a outros mais elevados. (DURKHEIM, fins1978:
individuais
45). a
outros mais elevados. (DURKHEIM, 1978: 45).
Durkheim afirmava que é equivocado acreditar que podemos educar nossos filhos como
queremos. Há costumes com relação aos quais somos obrigados a aderir; se os desrespeitarmos,
muito gravemente, é possível ocorrer o que Durkheim chama de “morte social”, que consiste no
fato de que se um indivíduo não se comportar de acordo com as estipulações e normas sociais, é
excluído da sociedade e passa a não ser considerado pertencente ao grupo (DURKHEIM, 1978:
36-37).
É por meio da educação, afirma Durkheim, que se aprende uma língua e todo um sistema
de idéias organizadas que permite ao indivíduo ascender às sensações. Esse sistema de idéias,
do qual o ser social é dependente, foi construído ao longo dos séculos, sendo acumulado e
revisto dia a dia.
A educação é a ação desempenhada pelas gerações adultas sobre as gerações que não
se encontram ainda aptas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança,
10
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
certo número de estados físicos, intelectuais e morais, exigidos pela sociedade no seu conjunto e
pelo meio particular a que a criança, particularmente, se destina (DURKHEIM, 1978: 41).
Tal definição nos leva à conclusão de que Durkheim entende a educação como um
instrumento de socialização. Essa é certamente a posição assumida pelo sociólogo francês, que
afirma ser a educação uma “socialização metódica das novas gerações”.
O processo de socialização
Autonomia
Segundo afirma Durkheim, a estratégia é focar na dimensão social da educação e, por este
motivo, considera a sociologia como a ciência mais adequada e eficaz aos estudos dos processos
pedagógicos e educacionais e ao estabelecimento dos fins educativos, consideradas as
necessidades do meio social. Para Durkheim, a educação é um processo essencialmente social,
pois existe justamente para preparar os indivíduos para viverem em sociedade e executarem suas
funções enquanto cidadãos. Se o ser humano não vivesse em conjunto, não haveria a
necessidade de educa-lo para a convivência com outras pessoas.
11
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
Papel do professor
Isso não quer dizer que a educação não deve instigar o questionamento, afinal, este é o
elemento que a distingue do AUTOMOTISMO. Cabe o professor estimular no aluno a reflexão e o
senso crítico sempre, proporcionando a ele elementos para pensar de forma autônoma.
Concluindo
Concluindo
O
O sistema
sistema educativo
educativo para
para Durkheim
Durkheim tem tem umum único
únicoobjetivo:
objetivo:produzir
produzirindivíduos
indivíduosaltamente
altamente
integrados na sociedade.
integrados na sociedade.
•Para
•Para Durkheim a
Durkheim a educação
educação diz
diz respeito
respeito aa um
um fenômeno
fenômeno histórico-social.
histórico-social.
•É
•É um elemento mediador que “prepara” as gerações mais
um elemento mediador que “prepara” as gerações mais jovens
jovens para
para aavida
vidasocial,
social,
garantindo
garantindo aa continuidade
continuidade da
da vida coletiva.
vida coletiva.
•À educação cabe
•À educação cabeconstruir
construiresse
essenovonovo ser,
ser, “agregando
“agregando ao ser
ao ser egoísta
egoísta e associal,
e associal, que
que acaba
acaba de nascer,
de nascer, uma natureza
uma natureza capaz decapaz
vidade vida emoral
moral e social”.
social”.
Max Weber foi um teórico alemão que influenciou profundamente os estudos sociológicos
recentes. Nascido em Efurt, na Alemanha, Max Weber (1864-1920) é um dos principais
pensadores que colaboraram para a construção da Sociologia. Weber dedicou-se por uma gama
gigantesca de assuntos, entre eles o tema educação.
quatro tipos principais: ação racional com relação a fins, ação racional com relação a valores,
ação afetiva e ação tradicional. E a educação, por sua vez, está relacionada à estas ações.
a) Educação carismática.
b) Educação especializada.
c) Educação humanística.
13
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
Este último momento é o mais importante para Weber. Para o autor, a evolução histórica
das formas de educação é caracterizada como um progressivo processo de racionalização, na
qual a educação assume cada vez mais um aspecto técnico.
Weber nos mostra como a educação ocidental vai sendo cada vez mais racionalizada e
secularizada, perdendo aos poucos seus fundamentos humanos e éticos. O autor aponta para o
fato de que se ganha em especialização e produtividade, mas perde-se o conteúdo moral e
valorativo da educação.
A escola, como uma das mais importantes instituições sociais, acompanhou este processo.
Os impactos desse processo estão indicados na impessoalidade e apatia do processo
burocrático, que exacerba o crescente sentimento de abandono e apatia do sujeito moderno em
função do desolamento causado pelo fatalismo de um mundo ultrarracionalizado.
Concluindo
Concluindo
•2) educação corporal, tal qual é produzida pelos exercícios ginásticos e militares;
A teoria principal de Marx diz respeito à luta de classes e à produção e reprodução desta,
ou seja, o modo como ela foi construída, a forma como é mantida, seus mecanismos e as
estratégias de falsificação da realidade. Ou seja, para Marx, o sistema capitalista é todo
construído em torno de exploração, onde alguns poucos detêm o poder e os modos de produção,
podendo assim controlar a outra parcela da população, que se tornam submetidos e dependentes
dessas circunstâncias desiguais.
15
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
privilégios é, perfeitamente, dissimulado pelo sistema de ensino que contribui para a reprodução
das estruturas sociais.
O sistema escolar é um dos fatores mais eficazes de conservação social, à medida que ele
não só legitima as desigualdades sociais frente à cultura, mas também sanciona a herança
cultural, quando a considera como um dom natural.
Esse modelo de sistema econômico é mantido pelo modo de produção, ou seja, a forma
como a riqueza é produzida e reproduzida, e como são mantidas nas mãos de poucos. As
relações sociais, as relações pessoais, a vida das pessoas, a forma com que sentem e vivem,
seus sonhos, suas expectativas, seus planos, suas potencialidades, e todas as outras esferas
humanas e sociais se reduzem à esta lógica de sistema econômico. Tudo se torna mão de obra
e/ou moeda de troca, inclusive a própria educação e a própria vida.
É possível, portanto, utilizar Marx para abordar o modelo de educação atual principalmente
como uma introdução, no sentido de utilizá-lo como modelo teórico de abordagem e método de
análise e visão de mundo.
A partir da teoria de Marx acerca da lógica do sistema capitalista, na qual reduz toda e
qualquer relação à mero produto/ mercadoria com o objetivo de gerar lucro, assim como todas as
relação sociais produzidas a partir desta lógica são desiguais e trabalham para manter e
reproduzir essa sociedade desigual.
A escola por ser uma das mais importantes instituições sociais, no modo de produção
capitalista, atua como produtora e reprodutora das desigualdades existentes nessa sociedade,
neste determinado contexto, uma vez que a classe trabalhadora permanece em seu patamar e as
classes altas conservam sua condição de opressores.
16
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
Marx afirma que a escola pública ensina o indivíduo a ser um “funcionário” e a escola da
elite ensina o indivíduo a ser “patrão”, promovendo a manutenção da luta de classes. A escola não
ensina o aluno a produzir, a criar, e dessa forma mudar a sua condição social, mas sim para
aprender o básico para ser um bom funcionário.
Com isso posto, pode-se ter ideia da complexidade da união da educação e do trabalho no
capitalismo para Marx. Não se trata de formar trabalhadores no sentido do capital condicionados a
trabalhar como ele deseja.
Portanto, para Marx, a Ciência e a tecnologia, também são produzidas para a manutenção
do capitalismo, ou seja, voltadas para o lucro. Por este motivo, a ciência e a tecnologia são
detenção das classes dominantes, e a própria escola reproduz esse fato.
A escola para Marx, nesse sentido, deveria ser emancipadora, desenvolvendo no aluno a
consciência crítica e totalitária das estruturas de dominação existentes.
Concluindo
Concluindo
AAcultura
culturaescolar é um
escolar dos dos
é um elementos que determina
elementos a posição
que determina que o indivíduo
a posição pode ocupar
que o indivíduo podena
estrutura
ocupar nasocial.
estrutura social.
OO sistema
sistema escolar
escolar promove
promove a conservação social,
social, àà medida
medida que
queele
elenão
nãosósólegitima
legitimaasas
desigualdades
desigualdadessociais
sociais frente
frente àà cultura, mas
mas também
também sanciona
sancionaaaherança
herançacultural,
cultural,quando
quando
a a
considera
consideracomo
comoum
umdom
domnatural
naturalcomo
comose
sefosse
fossemérito
méritoindividual.
individual.
As oportunidades de acesso ao ensino superior são resultados de um processo de seleção,
direta ou indireta, que possui um peso desigual sobre os indivíduos de diferentes classes
sociais.
A influência da família sobre o êxito escolar da criança é especialmente cultural. O 17
êxito
escolar está muito relacionado com a aptidão para a utilização da língua escolar. Na verdade,
a língua materna das crianças das classes cultas é muito próxima da língua escolar.
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
O “pensamento social brasileiro” vem tomado forma nos últimos trinta anos, a partir de
pesquisas sobre as tradições intelectual, cultural, social e política brasileiras. Observa-se, assim,
o próprio alargamento da noção de "pensamento social", operado, em parte, pelo caráter
multidisciplinar da área de pesquisa, que compreende não apenas as três disciplinas básicas das
ciências sociais – a antropologia, a ciência política e a sociologia –, como ainda a história, a teoria
literária e a filosofia política, entre outras disciplinas.
18
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
Na década de 1980, a Sociologia voltou a ser disciplina no ensino médio, sendo opcional
na grade curricular. Foi neste mesmo período que a Sociologia no Brasil se profissionalizou. Além
das reflexões com a economia, política e mudanças sociais implantadas com a instalação da nova
república (1985), os sociólogos mudaram seus horizontes e expandiram seus repertórios de
estudos, voltando-se para o estudo da mulher, do trabalhador rural e principalmente acerca da
educação, escola e processos de aprendizagem.
Texto complementar:
Uma análise sociológica do pensamento social brasileiro está diretamente relacionada com o
aspecto político, cultural e histórico uma vez que “a dinâmica da formação brasileira implica a
compreensão dialética das realidades culturais e políticas” (ALMEIDA, 2011, p. 164). Tal análise
pode ser feita a partir da obra de autores como Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Caio
Prado Júnior (que marcaram a década de 1930).
A obra Raízes do Brasil (1984), marca a década de 30 no que concerne à formação da identidade
brasileira. Publicada em 1936, o autor, Sergio Buarque de Holanda, propõe severas críticas a
formação oligárquica do país a partir de reflexões sociológicas pautadas na metodologia
weberiana (ALMEIDA, 2011, p. 165).
Costa (1987, p. 152) também analisa a publicação de Raízes do Brasil como um “ensaio
sociológico de crítica à formação oligárquica e autoritária das elites culturais e políticas brasileiras”
e pondera que “Sérgio Buarque de Hollanda iniciou sua produção intelectual voltada para a crítica
literária e para a crítica cultural”.
É preciso ressaltar que no Brasil, até fins do século XIX, ainda se mantinham práticas
escravocratas para fazer gerar a economia de uma civilização rural, que permeou por muito
19
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
tempo a nossa sociedade. Desse modo, as organizações urbanas dependiam da estrutura vigente
das organizações rurais e, mesmo após a abolição, a organização política da sociedade era
sustentada por fazendeiros, grandes latifundiários, e aos seus filhos, sucessores diretos das
terras familiares, que tinham o poder de dominar e manipular o cenário político, fazendo com que
se perpetuasse o domínio dos grandes latifundiários nas esferas públicas. Dominação que excluía
e dificultava o acesso da maioria da população à política, pois a elite rural tinha seus pilares
solidificados na formação tradicionalista e conservadora, que se estenderam, posteriormente, às
organizações urbanas. Essa análise da estrutura social brasileira é o que levou Holanda (2006, p.
76) a afirmar que a grande dificuldade neste caso foi “vestir um país ainda preso à economia
escravocrata com os trajes modernos de uma grande democracia burguesa”. Além disso, os
traços do patriarcalismo (autoridade patriarcal), tradicionalismo e conservadorismo ajudam a
compreender as condições da fragilidade da democracia brasileira.
Sérgio Buarque também analisa a formação do Brasil a partir da influência ibérica, portuguesa e
dos próprios brasileiros, como resultado daqueles com os povos indígenas, deixando uma lacuna
no que tange ao papel dos negros na formação do Brasil.
Gilberto Freyre é outro representante do pensamento social brasileiro dessa época. Nascido em
Pernambuco, sua formação intelectual esteve ligada a uma pós-graduação em ciências políticas,
jurídicas e sócias, na Universidade de Colúmbia, nos EUA, onde esteve sob a influência de Franz
Boas. Sua tese de mestrado A vida social do Brasil no século XIX redundou em obra de grande
repercussão, Casa-grande & senzala, publicada em 1933. Deu continuidade a essa obra com
mais dois livros, Sobrados e mocambos e Ordem e progresso. Entendia o nacionalismo como a
fusão de raças, regiões e culturas e grupos sociais possibilitada pelas características do
colonialismo no Brasil. Destacava, em especial, o papel do negro e do mestiço na adaptação da
cultura européia aos trópicos e na formação da identidade cultural brasileira. Freyre acreditava
ainda que a Sociologia e a antropologia podiam auxiliar a administração do país, possibilitando a
articulação social e da cultura (COSTA, 1987, p. 152 e 153).
Uma investigação sobre a sociabilidade e cultura do povo brasileiro é encontrada na sua obra
Casa Grande & Senzala.
Se por um lado alguns autores consideravam positivas as relações inter-raciais para a formação
social do povo brasileiro, buscando revelar os verdadeiros valores desses grupos, separados dos
20
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
traços de raça e identificados aos efeitos do meio social e da experiência cultural, por outro lado,
havia os que consideravam a miscigenação como fator de atraso e subdesenvolvimento e
consideravam que todos os problemas do país estavam relacionados não tanto às diferenças
sociais e culturais, mas aos próprios atributos de (im)pureza das “raças”. O mestiço era visto
como um elemento nocivo à sociedade e a ideia de “superioridade” racial do branco era muito
forte entre as elites brasileiras e considerada por muitos intelectuais como princípio “cientifico”.
Por fim, temos Darcy Ribeiro, romancista, etnólogo e político, se envolveu com a questão
indígena, condenando toda ortodoxia a partir de uma linha marxista, buscando as raízes históricas
da população indígena. Foi o criador e primeiro reitor da UnB (Universidade de Brasília) e Ministro
da Educação no Brasil, realizando profundas reformas no sistema educacional brasileiro.
Obrigado a deixar o Brasil em razão da ditadura militar de 1964, foi convidado a participar de
reformas universitárias em países como o Chile, Peru, Venezuela, México e Uruguai.
Fonte: https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/pensamento-social-brasileiro
Atividade de
Atividade de auto
auto Estudo
estudo
Agora que
Agora que você
você já
já conhece
conhece aa Sociologia
Sociologia ee os
os seus
seus autores
autoresclássicos,
clássicos,indicamos
indicamosààvocê
vocêassistir
assistirao
ao
filme “Capitão
filme “Capitão Fantástico”.
Fantástico”.
A sugestão
A sugestão de de atividade
atividade consiste
consiste em
em assistir
assistir aoao filme
filme com
com um
um olhar
olhar sociológico
sociológico acerca
acerca das
das
questões estudas
questões estudas neste
neste módulo.
módulo. Após
Após ver
ver oo filme,
filme, faça
faça uma
uma resenha
resenha do
do mesmo,
mesmo, pois
pois isso
isso irá
irá
contribuir para
contribuir para que
que os
os seus
seus conhecimentos
conhecimentos se
se consolidem.
consolidem.
Bons estudos!
Bons estudos!
21
UNISEPE – MANTENEDORA
União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa Ltda.
www.unisepe.edu.br
22