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SOCIOLOGIA DE EDUCAÇÃO

I. EDUCAÇÃO COMO PROCESSO SOCIAL

1. Educação como Objecto de Estudo Sociológico

2. Conceito Sociológico da Educação

3. Educação como um Processo Socializador

II. EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DE CONTROLE SOCIAL

1. Conceito Sociológico de Cultura

2. Socialização e Instituições Sociais

III. DESAFIOS ACTUAIS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

1. Educação e Globalização

2. Os Diferentes Espaços Educativos

IV. ANÁLISE SOCIOLÓGICA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

1. Diferentes Tendências Pedagógicas


EDUCAÇÃO COMO PROCESSO SOCIAL

Quando nascemos, não nascemos sabendo das coisas. Vamos aprendendo ao longo do
nosso processo de socialização.
A sociologia como ciência social tem um duplo papel: aumentar o conhecimento que o homem
tem de si e da sociedade e contribuir para a solução dos problemas que enfrenta. Já a educação como
processo social global que ocorre em toda sociedade, abre horizontes para a
compreensão da vida social em si. Ambas trilham um caminho de extrema importância
para o desenvolvimento de todo contexto cultural. As duas coexistem para fazer frente
aos anseios do homem, que busca constantemente o resgate de sua dignidade enquanto
ser humano. É utopia pensar que todos os problemas sociais se resolvem pela educação,
mas é certo que ela representa uma condição indispensável para resolvê-lo. À luz dos
sistemas sociais, citando aqui como referência a sociologia da educação, com base em
estudos da realidade social, permite que se compreenda o papel da educação na
sociedade.

1. Educação como Objecto de Estudo Sociológico

Como já observamos anteriormente, embora Augusto Comte seja considerado o pai da


Sociologia, por ter utilizado pela primeira vez esse termo (em 1839) em seu livro Curso
de Filosofia Positiva, foi com Émile Durkheim que a Sociologia passou a ser considerada
uma ciência e a se desenvolver como tal.

Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os


fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos estudados pelas outras
ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. Como uma das
Ciências Sociais que estudam de forma sistemática o comportamento social do homem,
a Sociologia tem um duplo papel: pode aumentar o conhecimento que o homem tem de
si mesmo e da sociedade e contribuir para a solução dos problemas que enfrenta.

Como ciência, a Sociologia pode ser geral e especial. É geral quando estuda os fatos
sociais considerados em suas manifestações gerais, isto é, quando consideramos a
sociedade em seu sentido mais amplo, e é especial quando se ocupa de determinado
grupo de fatos sociais da mesma natureza. Assim, a Sociologia divide-se em várias
disciplinas, que nada mais são que Sociologias especiais: Sociologia do Direito, da
Religião, do Lazer, da Arte, do Trabalho, do Desenvolvimento, da Educação, Rural etc.

O que é sociologia da educação?

A Sociologia da Educação é um ramo da Sociologia geral que se ocupa dos fatos sociais
relacionados com a educação. Assim, como Sociologia especial, a Sociologia da
Educação estuda:

➢ A educação como processo social global que ocorre em toda a sociedade;

➢ Os sistemas escolares, ou seja, o conjunto de uma rede de escolas e sua estrutura


de sustentação, como partes do sistema social mais global;

➢ A escola como unidade sociológica;

➢ A sala de aula como subgrupo de ensino;

➢ O papel do professor.

2. Importância da Sociologia da Educação para o Educador

A Sociologia da Educação é uma disciplina fundamental para o educador. Ela abre o


horizonte para a compreensão da vida social em si; esclarece o processo educativo e as
relações entre a escola e a sociedade; e analisa a escola como grupo social e sua
estrutura interna (nascida da convivência entre educandos e educadores), que escapa ao
administrador e só pode ser compreendida através da análise sociológica da escola.
Sociologia da Educação também explica a influência da escola no comportamento e na
personalidade de seus membros; estuda os padrões de interação entre escola e demais
grupos sociais da comunidade e analisa os sistemas escolares à luz dos sistemas sociais,
permitindo, com base em estudos da realidade social, que se compreenda o papel da
educação na sociedade e em seu desenvolvimento e que se proponham reformas
educacionais, com base nesses alicerces científicos.

A natureza social do processo educativo e as relações que existem entre a escola e a


sociedade mostram a importância da Sociologia da Educação na formação do educador.
Estudando-a, os professores tomam contacto mais profundo com a realidade pedagógica
e social; verificam a influência exercida pelos factores sociais sobre o processo
educativo; percebem a relação existente entre os factores sociais e os fatos pedagógicos;
adquirem uma visão mais nítida e penetrante dos fenómenos educacionais e ampliam
sua cultura geral e seus conhecimentos.

3. Conceito Sociológico da Educação

É principalmente a partir de Durkheim, que a Sociologia ganha uma dimensão


específica para o estudo da questão educacional, fazendo com que, posteriormente, fosse
criada uma área específica dentro da Sociologia, chamada de Sociologia da Educação.

A educação é uma das actividades básicas de todas as sociedades humanas, pois a


sobrevivência de qualquer sociedade depende da transmissão de sua herança cultural
aos jovens. Toda sociedade, portanto, utiliza os meios necessários para perpetuar sua
herança cultural e ensinar aos mais jovens os costumes do grupo.

Assim, a educação é o processo pelo qual a sociedade procura transmitir suas tradições,
costumes e habilidades, isto é, sua cultura aos mais jovens. A criança se torna
socializada porque aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu. A
educação é uma socialização.
Do ponto de vista sociológico, portanto, a educação é a ação pela qual as gerações
adultas transmitem sua cultura às gerações mais Jovens. A educação visa a transmitir ao
indivíduo o património cultural para integrá-lo à sociedade e aos grupos que a
constituem; visa, por conseguinte, a socializar, a ajustar os indivíduos à sociedade e, ao
mesmo tempo, a desenvolver suas potencialidades e as da própria sociedade.

(Extraído de “Introdução à Sociologia da Educação”, de Pérsio Santos de Oliveira)


No contexto das transformações e complexidades da sociedade hoje, num mundo
globalizado, a educação aparece como um instrumento fundamental para a formação do
sujeito. Por isso, a importância de se discutir as influências dessas transformações
ocorridas com o processo de globalização para a prática pedagógica.

No Brasil, o debate acerca da educação no contexto da globalização está presente nos


principais estudos sobre o sistema educacional. Do ponto de vista do discurso da
modernidade, os defensores do progresso tecnológico estigmatizam a escola e o trabalho
pedagógico.

Portanto, pensar a relação educação e globalização implica em pensar sobretudo a


formação global do ser humano. Ou seja, pensar as condições de formação do ser
humano com base no desenvolvimento da razão.

A educação precisa reconciliar-se para assumir seu papel nesse contexto como agente de
mudanças, geradora de conhecimento, formadora de sujeitos capacitados a intervir e
atuar na sociedade de forma crítica e criativa.

Outro desafio para a Sociologia da Educação, hoje, é como pensar os espaços educativos
que acontecem fora das instituições de ensino, espaços esses que, além de se
constituírem como espaços educativos, nos ajudam a pensar a sociedade Moçambicana.

Mas, que espaços são esses?


Um exemplo disso, são as organizações da sociedade civil e os movimentos sociais.
A Sociologia da Educação oferece alguns instrumentos que podem ajudar você a “ler” a
realidade, na tentativa de compreender melhor as complexidades contemporâneas e a
importância da educação dentro dela e também é uma possibilidade para você pensar a
sua prática pedagógica.

Você pode perguntar, como é que eu posso pensar a minha pratica pedagógica, a partir
de uma visão sociológica?

A ciência, no caso da Sociologia da Educação, pode lhe dar algumas “ferramentas”, mas
a experiência concreta só poderá ser feita por você. As mudanças sociais só serão
possíveis se você, a cada dia, conseguir através da sua prática pedagógica ajudar os seus
alunos a ler não apenas palavras, frases, textos, mas também a realidade social que o
cerca, percebendo-se como sujeito educativo que ao aprender ensina e ao ensinar
aprende.

4. A Educação como Processo Socializador

Como verificamos anteriormente, grosso modo, educação consiste na socialização das novas
gerações. A socialização visa constituir em cada um de nós, um ser social.

Assim, é evidente o significado e a importância da educação para a sociedade. A socialização


como processo social permanente na sociedade humana é responsável pelo nosso ajustamento
aos padrões culturais vigentes.

Não podemos acreditar que vamos educar nossos filhos como desejamos. Há costumes com
relação aos quais somos obrigados a nos conformar. Não fomos nós que criamos as ideias e os
costumes que determinam o tipo de educação que recebemos quando crianças. Eles são o
resultado da vida em comum e exprimem suas necessidades. São na verdade e na sua maior
parte, obras das gerações passadas.
O passado da humanidade contribuiu estabelecendo esse conjunto de princípios que dirigem a
educação hoje. Recebemos tudo isso como herança cultural das gerações que nos precederam a
essa herança acrescentamos coisas novas (todo indivíduo é produtor de cultura).

Cada sociedade, entretanto, considerada em determinado momento de seu desenvolvimento,


possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos, de modo geralmente irresistível.
Mas em toda sociedade o sistema educativo se apresenta sob um duplo aspecto: o de ser ao
mesmo tempo, uno e duplo.

Por essa razão, o sistema educativo é múltiplo (tomemos como exemplo desta afirmativa o texto
complementar da unidade anterior que traz em seu corpo a carta dos índios aos americanos).
Não há uma única forma nem um único modelo de educação, e a escola não é o único lugar que
ela acontece.

Há diferentes espécies de educação em uma determinada sociedade. Se a sociedade é


estratificada em castas, como acontece na Índia, a educação vai variar de uma casta para outra –
a educação dos brâmanes não é a mesma dos sudras. Na Grécia antiga a educação dos senhores
não era a mesma dos escravos.

Da mesma forma ainda hoje notamos que a educação varia de acordo com as classes sociais e
com as regiões. A educação do operário não é a mesma oferecida à classe média. A educação da
cidade não é a mesma oferecida no campo.

Quando estudamos historicamente a forma pela qual se organizaram os sistemas educativos,


percebemos que eles foram e são influenciados pela organização económica e política, pela
religião e pelo grau de desenvolvimento cultural de cada sociedade.

Essa função diferenciadora, essa heterogeneidade da educação se manifesta de maneira mais


evidente quando a própria diversidade de profissões acarreta uma diversidade pedagógica. Cada
profissão, cada função constitui um meio que reclama aptidões particulares e conhecimentos
especiais. E como a criança deve ser preparada em vista da função que será chamada a executar,
a educação não pode ser a mesma, desde certa idade de acordo com os indivíduos. Eis por que
em todos os países ela se apresenta de forma cada vez mais diversificada e especializada. Para
encontrar um tipo de educação totalmente homogéneo e igualitário, seria preciso voltar às
sociedades pré-históricas, no seio das quais nunca existisse nenhuma diferenciação. Devemos
compreender porém que tal espécie de sociedade não representa senão um momento imaginário
na história da humanidade. Nas sociedades onde têm escolas, principalmente nos dias de hoje,
essa função é assumida pela família e pelos quatro primeiros anos dos cursos de ensino
fundamental.

Neste sentido, vemos claramente que a educação desde as antigas civilizações até os dias de hoje
vem reproduzindo as condições económicas, sociais e culturais do poder social dominante,
conservando assim esse sistema vigente, dando continuidade à formação de indivíduos que não
questionem, simplesmente obedeçam à camada mais poderosa.

Então, diante disso acreditamos que cabe à educação se tornar um instrumento de


transformação social. E nós, responsáveis pela educação, temos que repensar a nossa pratica
pedagógica, analisar e discutir seu papel e sua função diante da sociedade escolar, para ai sim
formar indivíduos pensadores e cientes de seus direitos e deveres, capazes de contribuir para a
construção de uma sociedade igualitária e digna.

II. Educação como Processo de Controlo Social

Controle social é um conjunto heterogéneo de recursos materiais e simbólicos


disponíveis em uma sociedade para assegurar que o individuo se comporta de maneira
previsível e de acordo com regras e preceitos vigentes. Esse controle social é importante
na educação para ver como a escola enquanto instituição funciona.

A sociedade precisa de normas e regras para a convivência com os indivíduos, onde


essas regras vão ser construídas da partir do momento que determinados valores
passam a ser importantes para a organização daquela sociedade ou grupo social.
Desvio social ou comportamento desviante define-se aquele cujo comportamento não
correspondeu ao esperado pelo grupo social.
1. Conceito Sociológico da Cultura

Como outras espécies na natureza, o homem, buscando a preservação, se agrupa, acasala,


protege, alimenta e se defende. Precisamos de nossos semelhantes, vivemos em grupos,
estabelecemos relações sociais e, assim, formamos sociedades. Ao longo de nossa existência
criamos e participamos de diversos grupos.

Grupo social: conjunto de duas ou mais pessoas que agem de maneira coordenada,
implicando entre seus membros um certo grau de interdependência, integração e reciprocidade,
e objetivos comuns. Como exemplos, temos grupos simples como a família, a escola, a igreja, a
empresa, o clube, o partido político etc, e complexos como a sociedade.

Ao nascermos em uma sociedade, encontramos determinados padrões de comportamento a


serem seguidos por seus membros. Por isso, necessitamos de certas habilidades e competências
para estabelecermos relações sociais. Somente assim, nos transformamos em seres humanos ou
sociais.

Portanto, nossa humanização significa adquirir sociabilidade: produzir e ser produto da cultura
do grupo em que vivemos, através da socialização. O Homem é um ser que constantemente cria
e recria ricas e variadas estratégias de convívio social. E ainda: desenvolve a capacidade de dar
significado ao seu estilo de vida, elaborando discursos de natureza mais ou menos sistematizada
sobre a nossa existência, como a Sociologia.

O que é cultura para a sociologia?

O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma das noções mais amplamente usadas
em Sociologia. A cultura consiste nos valores de um dado grupo de pessoas, nas normas que
seguem e nos bens materiais que criam. Os valores são ideias abstratas, enquanto as normas são
princípios definidos ou regras que se espera que o povo cumpra. As normas representam o
permitido e o inaceitável da vida social. Assim, a monogamia – ser fiel a um único parceiro
matrimonial – é um valor proeminente na maioria das sociedades ocidentais. Em muitas outras
culturas, uma pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos simultaneamente. As normas
de comportamento no casamento incluem, por exemplo, como se espera que os esposos se
comportem com os seus parentes por afinidade. Em algumas sociedades, o marido ou a mulher
devem estabelecer uma relação próxima com os seus parentes por afinidade; noutras, espera-se
que se mantenham nítidas distâncias entre eles.

Cultura é um complexo composto por vários elementos, como podemos ver abaixo:
➢ Artefactos: Bens materiais criados pelo homem.
➢ Conhecimento: O saber acumulado através de gerações.
➢ Sistema de símbolos: São elementos físicos (uma cruz, por exemplo) ou sensoriais
(bater palmas, por exemplo) aos quais os indivíduos atribuem um significado específico,
como a linguagem (sistema de sinais que incorpora a visão de mundo de cada grupo).
➢ Normas: São regras – convenções – que definem o modo de agir dos indivíduos em
certas situações.
➢ Valores: Elementos abstractos consagrados por um indivíduo, grupo ou sociedade, que
orientam suas acções. Exemplos: liberdade, sucesso, eficiência, igualdade, progresso.

2. Socialização e as Instituições Sociais


Cada grupo social aprendeu a transmitir sua herança sociocultural através de um
mecanismo denominado SOCIALIZAÇÃO.
Socialização: Processo através do qual ocorre a internalização da cultura e nos integra
ao modo de vida de uma determinada sociedade.
Processo de criação do ser social no qual o indivíduo:
➢ Aprende a ser membro da sociedade;
➢ É apresentado a si mesmo (produz a individualidade);
➢ Adquire autocontrolo e auto consciência;
➢ É auxiliado na formação de sua personalidade.
Personalidade: Entidade que retrata a filtragem da realidade sociocultural objectiva,
modelando um conjunto de traços emocionais e intelectuais pertencentes a um
indivíduo e que expressa a sua maneira de ser.

Visão positiva: Socialização é o processo por meio do qual o homem é humanizado,


desenvolve-se e expande seus horizontes.
Visão negativa: Socialização é um processo de controlo social que se impõe ao homem
por meio de recompensas e castigos.

Estágios da Socialização
Primário: É a primeira socialização que o indivíduo experimenta. Ocorre na infância,
quando se estabelece uma identificação emocional com o comportamento, maneirismos
e valores das pessoas com as quais o indivíduo (criança) mantém uma relação mais
próxima.

Secundário: Compreende todos os outros grupos e instituições com os quais o


indivíduo irá interagir ao longo de sua vida.
Como, em certas situações, o comportamento humano tende à padronização (repetição,
hábito), formam-se as instituições sociais ou instâncias socializadoras.

Instituições sociais: São organizações compostas por várias estratégias de


comportamentos socialmente padronizados.
São entidades que têm o papel de:
➢ Estabelecer, cristalizar e institucionalizar (formalizar) a cultura do grupo;
➢ Transmitir valores;
➢ Fornecer normas e modelos positivos ou negativos de comportamento;
especificar papéis sociais;

➢ Moldar atitudes.
Exemplos: Estado, família, escola, igreja, meios de comunicação etc.
As instituições sociais podem realizar a socialização de duas maneiras:
formal/sistemática ou informal/assistemática. Vejamos cada uma delas.

Formal/sistemática: Quando obedece a um sistema, método ou planejamento.


Exemplo: a educação. Na escola, cada ato tem um objetivo traçado. Desde a conduta do
aluno com relação aos superiores, até os valores e ideias presentes nos conteúdos
programáticos das disciplinas. Assim, quando explicamos a origem do homem pela
biologia, estamos valorizando o saber científico em detrimento da explicação de ordem
religiosa.

Informal/assistemática: Quando ocorre de forma mais ampliada e flexível, sem


indicar um objetivo claro. Exemplo: alguns programas de televisão. Nesses programas
são transmitidos diversos valores, conhecimentos, crenças e formas de comportamento,
porém, de maneira difusa.
Crenças: Atitude de aceitação de uma proposição por parte dos indivíduos que
fundamenta sua ação. Podem ser pessoais, públicas, declaradas, supersticiosas,
extravagantes etc.
Além das características anteriores, também podemos entender a cultura de uma
sociedade através dos seguintes elementos:
Padrões de conduta, hábitos e costumes: face um dado problema, alguns povos
desenvolvem e transmitem às gerações seguintes formas peculiares para lidar com cada
situação. Se os resultados forem positivos, passam a ser repetidas. Assim, são adoptadas
pelo grupo e se tornam padrões de ação. Por exemplo, qualquer morador de uma grande
cidade sabe que, ao chegar em frente a um prédio com botões na porta, está diante de
um interfone e deve tocá-lo para entrar no local. Talvez um morador de uma cidade do
interior fique em frente ao edifício durante horas até alguém lhe explicar o que já é
padrão para muitos de nós.

Mecanismos que estabelecem uma divisão de funções e posições sociais


definidas: todos os grupos estabelecem relações sociais e definem posições para seus
membros. Mas isso pode variar. Por exemplo, em nossa sociedade, tradicionalmente (ou
seja, culturalmente) o papel de provedor da família sempre foi do homem – pai de
família – e a mulher destinava-se a cuidar do lar (“dona de casa”). No entanto, as
mudanças em algumas sociedades contemporâneas vêm gerando e ampliando uma
outra divisão de funções, com a mulher transformando-se na “chefe de família”,
mantendo financeiramente a casa. Estamos diante de um outro mecanismo cultural.
Atualmente, alguns homens casados não trabalham, ou apenas atuam em meio período,
e realizam as atividades domésticas antes destinadas especificamente às mulheres.

Proposta de Paulo Freire


A educação no Brasil ganha uma nova dimensão, a partir das propostas educacionais de
Paulo Freire. A chamada pedagogia libertária, defendida pelo autor, é uma das
alternativas mais revolucionárias para se pensar o sistema educacional. Paulo Freire,
além de pensar a questão educacional, propõe um método que revoluciona a concepção
de educação.
Paulo Freire (1921-1997), foi um dos educadores mais importantes do Brasil e conhecido
mundialmente, devido ao método que leva seu nome. Nascido em Recife, em 1921,
conheceu ainda criança a pobreza do Nordeste. Muito cedo sua indignação se fez
presente e, ainda jovem, participou do processo de alfabetização de jovens e adultos
trabalhadores, dedicando-se aos projectos sociais, deixando em segundo plano o
exercício da advocacia, uma vez que a sua formação académica era em Direito.

Desafios Actuais da Sociologia de Educação


A Sociologia da Educação está sendo uma das formas de pensar a questão educacional
como problema. A evasão escolar, a relação professor-aluno, as relações de poder dentro
da escola, e a função da escola na sociedade, foram alguns dos temas de sua
preocupação.
Na atualidade, porém, além destas preocupações, alguns desafios se colocam à
Sociologia da Educação.

Educação e Globalização

No contexto das transformações e complexidades da sociedade hoje, num mundo


globalizado, a educação aparece como um instrumento fundamental para a formação do
sujeito.
Por isso, a importância de se discutir as influências dessas transformações ocorridas
com o processo de globalização para a prática pedagógica.
O tema da educação tornou-se de interesse fundamental na análise sobre o fenômeno da
globalização. Se há de fato um processo de globalização homogeneizador se
disseminando, por outro lado, essa homogeneização não inclui parcelas significativas da
sociedade. São evidentes os desníveis sociais, as diferenças de acesso a bens materiais e
culturais, a complexidade da vida cotidiana atinge principalmente os mais pobres.
No Brasil, o debate acerca da educação no contexto da globalização está presente nos
principais estudos sobre o sistema educacional. Do ponto de vista do discurso da
modernidade, os defensores do progresso tecnológico estigmatizam a escola e o trabalho
pedagógico. Isto é, o fato de o mundo estar inteiramente voltado para os métodos
técnico-informacionais, o papel da escola e, consequentemente, do professor, vão que
embora a lógica do mundo técnico-informacional não possa ser negada, por ser útil à
ampliação/divulgação do conhecimento, o processo educativo não pode reduzir-se a esta
lógica.

Portanto, pensar a relação educação e globalização implica em pensar sobretudo a


formação global do ser humano.
As transformações sociais, políticas, econômicas e culturais do mundo contemporâneo
afetam os sistemas educacionais. A educação precisa reconciliar-se para assumir seu
papel nesse contexto como agente de mudanças, geradora de conhecimento, formadora
de sujeitos capacitados a intervir e atuar na sociedade de forma crítica e criativa.

Os diferentes espaços educativos

Outro desafio para a Sociologia da Educação, hoje, é como pensar os espaços educativos
que acontecem fora das instituições de ensino, espaços esses que, além de se
constituírem como espaços educativos.

Que espaços são esses?

Um exemplo disso, são as organizações da sociedade civil e os movimentos sociais. Esses


movimentos se tornam bastante expressivos na década de 60, como é o caso do
Movimento Estudantil, colocando-se como oposição à ditadura militar.
Além dos espaços educativos diferenciados, um outro desafio à Sociologia da Educação
são as diferentes modalidades em que a educação se apresenta hoje. Uma destas
modalidades é a educação a distância, que se intensifica com o desenvolvimento de
novas tecnologias de informação. Ao mesmo tempo que a educação a distância é um
espaço de democratização da educação, exige um maior comprometimento dos alunos
com o seu processo educativo.

Analise Sociológica das Tendências Pedagógicas

As tendências pedagógicas originam-se de movimentos sociais e filosóficos, num dado


momento histórico, que acabem por propiciar a união das práticas didático-
pedagógicas, com os desejos e aspirações da sociedade de forma a favorecer o
conhecimento, sem contudo querer ser uma verdade única e absoluta. Seu
conhecimento se reveste de especial importância para o professor que deseja construir
sua prática.
A educação passou por vários processos e formas, em sua forma “natural”, assim
considerada por vários estudiosos, por ser característica da fase da história dos povos
primitivos. O processo educacional dos povos, nos diferentes momentos e espaços
geográficos, veio se modificando, com a introdução de fatores sócio-político-cultural e
religioso, que lhes eram peculiares.
Com a revolução Industrial e outros adventos, a educação ganha coloridos diferentes,
moldando um futuro não muito diferente. Tendências modernas se estabeleceram no
processo educacional. Embora, não haja uma única escola capaz de atender as
peculiaridades de todos os alunos, mudanças radicais aconteceram. - 30 -
As diferentes teorias pedagógicas

Devemos ressaltar que as teorias são importantes, mas cabe ao professor construir sua
prática embasado nelas, pois elas são elementos norteadores e não "receitas" prontas.
Vemos que na prática escolar os condicionantes sociopolíticos exercem forte
ascendência sobre as tendências pedagógicas, que foram classificadas em:
1. Liberais - Marcou a Educação no Brasil nos últimos 50 anos, mostrando-se ora
conservadora, ora renovada. A Pedagogia Liberal enfatiza: o preparo do indivíduo
para o desempenho de papeis sociais, de acordo com as aptidões individuais; os
indivíduos precisam aprender a adaptarem-se aos valores e á normas vigentes na
sociedade de classes e, embora propague a ideia de igualdade de oportunidades,
não leva em conta a desigualdade de condições.

2. Progressistas - É uma tendência que parte da análise crítica das realidades


sociais que sustentam as finalidades sócio-políticas da educação. A Pedagogia
Progressista não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista, por
isso se constitui num instrumento de luta dos professores ao lado de outras
práticas sociais.

3. Tendências Pedagógicas Liberais (Pedagogia Liberal)


A expressão liberal não significa “avançado”, “democrático”, como e usado
habitualmente. O princípio liberal surgiu como desculpa do sistema capitalista que, ao
argumentar o prevalecimento da liberdade e interesses individuais da sociedade, institui
um modo de organização social fundamentado na doutrina privada dos processo de
produção, também intitulada sociedade de classes.
A educação brasileira, tem sido distinguido pelas tendências liberais, ora conservadora,
ora renovada.
A pedagogia liberal defende a posição de que a função da escola é preparar o indivíduo
no desempenho de papeis sociais de acordo com suas habilidades especificas, dessa
forma precisando aprender a adaptar-se aos valores e às normas vigentes na sociedade
de classes. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes,
embora haja uma divulgação da idéia de igualdade de oportunidades, não se considera a
desigualdade de condições.
A educação liberal historicamente falando iniciou-se com a pedagogia tradicional e
evoluiu para a pedagogia renovada, o que não quer dizer a substituição de uma pela
outra, pois ambas coexistiram e coexiste na prática escolar.
Ela se divide basicamente em quatro tendências pedagógicas: Tendência liberal
tradicional; Tendência liberal renovada progressiva; Tendência liberal renovada não-
diretiva e Tendência liberal Tecnicista.

4. Tendência liberal tradicional


Na tendência liberal tradicional a escola desempenha o papel de preparar os alunos no
aspecto moral e intelectual para assumir sua posição na sociedade. A via cultural
direcionado ao conhecimento e o mesmo para todos, desde que haja um esforço pessoal.
Os indivíduos que encontram dificuldades devem trabalhar para superar essas
dificuldades e garantir seu lugar ao lado dos mais capazes. Em casos de não superação,
devem procurar o ensino profissionalizante.
Os conteúdos são valores sociais e conhecimentos acumulados pelas gerações adultas
repassados aos alunos como verdades, sendo assim, as realidades sociais e as
experiências vividas pelos alunos são totalmente separadas dos conteúdos. Razão pela
qual a pedagogia tradicional é fortemente criticada como intelectualista, e até como
enciclopédia.
Seus métodos são centrados basicamente na exposição verbal da matéria e/ou
demonstração feitas pelo professor. Nas atividades de fixação é enfatizado a repetição de
conceitos ou fórmulas, na memorização visando disciplinar a mente e forma hábitos.
O relacionamento entre professor e aluno era altamente formal, pois predomina a
autoridade do professor, não permitindo dessa forma qualquer comunicação entre ele
durante o período de aula.
A ideia de aprendizagem consiste em transmitir os conhecimentos para o espírito da
criança, que é seguida de que o poder de assimilação da criança e igual a do adulto,
apenas menos desenvolvido. Os conteúdos, devem ser dados num processo lógico, não
levando em consideração as individualidades de cada idade. A aprendizagem ocorre de
forma mecânica, que frequentemente se recorre à coação. A avaliação se dá por
verificação de curto e longo prazo, através de provas escritas e orais, exercícios e
trabalhos de casa.
A pedagogia liberal tradicional é praticada em nossas escolas, sendo adotada uma
orientação clássica humanista ou humano-científica, a qual aproxima-se mais dos
moldes de escola predominante em nossa história educacional.

5. Tendência liberal renovada progressiva


A finalidade da escola na tendência liberal renovada progressiva é de proporcionar a
simetria entre as necessidades específica do indivíduo ao meio social. Todo ser dispõe de
mecanismos de adaptação ao meio e de consequente interação, e assim de adaptação
comportamental. Essa interação se dá à medida que as experiências satisfaçam
simultaneamente as curiosidades do aluno e as necessidades sociais. A escola deve - 32 -
proporcionar meios que permitiam ao aluno educar-se, em um processo ativo de
construção e reconstrução do objeto, havendo uma interação entre a estrutura cognitiva
do indivíduo e estrutura do ambiente.
Os conteúdos são elaborados em função da experiência que o educando vivência frete
aos desafios e problemáticas, pois o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses
e necessidades.
A metodologia parte do princípio de “aprender fazendo”. A solução de problemas,
pesquisas, estudo dos meios naturais e sociais, descobertas, tentativas experimentais
são extremamente valorizado. O trabalho em grupo é enfatizado não mais com a técnica,
e sim com necessidade básica do desenvolvimento mental.
O professor não tem uma posição privilegiada nesta proposta, sua função é auxiliar o
desenvolvimento espontâneo da criança, quando a intervenção é para orientar, dar
forma ao raciocínio. A consciência dos limites da vida em grupo é que da origem à
disciplina, dessa forma aluno disciplinado não é o aluno mudo, estático, e sim o
solidário, participante, respeitador das normas do grupo. O relacionamento harmônico
entre professores e alunos é indispensável para garantir um clima positivo e dessa forma
instaurar um “vivência-democrática”.
A aprendizagem ocorre de acordo com a força de estimulação da situação problemas
disposições internas e interesses do aluno. O ambiente é apenas o meio estimulador,
pois aprender torna-se uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, tendo a
avaliação como um ato material do processo que flui a tenta ser eficaz à medida que os
esforços e êxito são prontos e explicitante reconhecido pelo professor.
Na prática os princípios da pedagogia progressivista vêm sendo divulgados nos cursos e
licenciatura, e muitos educadores são influenciados. Entretanto o número de aplicação é
reduzidíssimo, por falta de condições objetivas, e também por entrar em atrito com a
pedagogia tradicional.

6. Tendência liberal renovada não-diretiva (escola nova)


Nesta tendência a escola se preocupa mais com as questões psicológicas do aluno do que
as pedagógicas e sociais, pois a escola atua de forma mais acentuada na formação de
atitudes.
É enfatizado nesta pedagogia os seguimentos de desenvolvimento das relações e da
comunicação, transfere para segundo plano transmissão de conteúdos. O objetivo do
ensino é criar mecanismos para que o aluno procure chegar ao conhecimento por si
mesmo.
Os procedimentos de ensino utilizados até então são dispensados, predominando então
quase que por completo o trabalho e dedicação do educador em atuar de forma a
estimular a aprendizagem dos educandos, através de um estilo próprio para
proporcionar e facilitar essa prática. O perfil do professor “facilitador” consiste em
aceitar a pessoa do aluno, aptidão de ser confiável, receptivo e ser convicto na
capacidade do auto-desenvolvimento do educando. O trabalho de educador é levar o
estudante a organizar-se, através de técnicas de sensibilização para que os sentimentos
de cada um seja explicitados, sem coação. Para que ocorra o desenvolvimento pessoal e
necessário que o trabalho escolar atue na melhoria do relacionamento interpessoal.
A tendência pedagógica não-diretiva busca uma educação voltada para o aluno, e
através de experiências significativa vividas pelo aluno formar sua personalidade e criar
individualidades inerentes à sua natureza. O educador é ser um especialista em relações
humanas, a partir do momento que garante o relacionamento pessoal e autêntico.
A motivação cresce à medida que o aluno percebe que está desenvolvendo o sentimento
de que é capaz de atingir seus propósitos pessoais. A motivação nasce na busca da auto-
realização pessoal e ao buscar essa auto
realização o indivíduo aprende e modifica suas percepções de mundo. Partindo desse
princípio, a avaliação escola perde sua razão de ser, prevalecendo então a auto-
avaliação.
7. Tendência liberal Tecnicista
Em um sistema social funcional e harmônico, a escola atua através de técnicas
específicas como escultora do comportamento humano, com o objetivo de integrar os
indivíduos à máquina dos sistemas social global. Fica a cargo de a educação escolar
administrar o processo de obtenção de conhecimentos úteis, necessários e específicos,
atitudes e habilidades do educando.
A política social vigente (sistema capitalista) necessita de produtividade e para isso de
pessoas capacitadas, emprega então a tecnologia comportamental. Diante deste quadro
fica a cargo da educação estimular atividades de pesquisa e descobertas, entretanto
restrita aos especialistas ficando sob a responsabilidade do processo educacional
comum á aplicabilidade dessas atividades e dessa forma produzir indivíduos
competentes para o mercado de trabalho.
Os princípios científicos, leis etc. são organizadas e estabelecidas numa seqüência lógica
e psicológica por especialistas. Somente o que é observável e medido faz parte do
conhecimento apresentados nas matérias de ensino, tendo como conteúdo a ciência
objetiva e eliminando-se qualquer aspecto de subjetividade. Há uma sistematização
encontrada nos módulos de ensinos, livros didáticos, manuais etc.
É utilizada uma metodologia e abordagem sistematizada e abrangente, proporcionando
condições ambientais que possam assegurar transmissão e recepção de informações. O
objetivo a ser atingido é conseguir o comportamento adequado através do ensino, e por
esse motivo a importância da tecnologia educacional.
Nessa pedagogia o professor é simplesmente um elo de ligação entre a verdade científica
e o aluno. O aluno nessa proposta não participa a elaboração do programa educacional.
A eficácia da transmissão do conhecimento o educador e educando tem uma
comunicação estritamente técnica. Questionamentos, debates etc. são dispensados e o
relacionamento afetivo e pessoal dos indivíduos envolvidos no sistema de ensino-
aprendizagem pouco importa.
A fundamentação teórica de pedagogia tecnicista coloca que aprender é uma questão de
modificação de desempenho. O bom ensino depende da organização eficiente as
condições estimuladoras.
8. Pedagogia Progressista (Tendências Progressistas)
A pedagogia progressista parte de uma análise da realidade social de forma crítica,
tendo como finalidades a transformação sociopolítica da educação. É claro que essa
pedagogia não tem como regulamentar-se em uma sociedade capitalista, dessa forma ela
se torna objeto de luta dos educandos juntamente com outras práticas sociais.
Essa pedagogia manifesta-se em três tendências sendo elas, a libertadora, também
conhecida como pedagogia de Paulo Freire; a libertária ligada diretamente aos
defensores da autogestão pedagógica; a crítico-social dos conteúdos que prioriza os
conteúdos na confrontação com as realidades sociais de maneira diferenciada das
pedagogias anteriores.

9. Tendência progressista libertadora


A atuação dessa proposta é “não-formal”, sendo assim não é próprio dela falar em
ensino escolar. Porém engajados no ensino escolar professores vem adotando ideais da
pedagogia libertadora. Sua característica
principal é o questionamento efetivo da realidade de relações humanas entre si e com a
natureza, buscando a transformação social, e assim tornando-se uma educação crítica.
O ponto crucial dessa pedagogia é fazer surgir uma nova maneira da relação com as
experiências vividas, não se preocupando com a transmissão de conteúdos específicos.
São extraídos dos educandos assuntos de sua vida cotidiana, sendo denominados temas
geradores. Os professores orientam os alunos na redação de textos que depois serão
utilizados como textos de leitura se forem necessários.
Na pedagogia libertadora fica explícita sua maior característica que é a política social,
ficando impraticável em termos sistemáticos em instituições oficiais, pelo menos antes
que haja uma transformação da sociedade. Sua atuação fica restrito a nível de uma
educação extra-escolar, o que não impede que muitos professores adotem e apliquem
pressupostos em suas práticas pedagógicas.
A metodologia utilizada fundamenta-se no autêntico diálogo entre educando e
educador, o que proporciona ao processo de alfabetização de adultos maior facilidade de
interação entre os mesmos, facilitando assim a aquisição do conhecimento.
O professor “desce” ao nível do aluno, atuando como animador para que a partir daí leve
o aluno a adaptarem-se as características e desenvolvimento do grupo, evitando a
transmissão de conteúdos e informações sistematizadas, somente se necessário.
São descartadas as formas de “educação bancária”, domesticadora, pois a
problematização e a codificação-decodificação de situações levara o aluno a
compreensão das experiências vividas de forma a chegar a um nível crítico de
conhecimento, através da troca dessas experiências da vida prática.
O relacionamento harmônico é fundamental, pois é essa relação pedagógica dá
consistência ao processo educacional, eliminado assim a relação autoritária, do
contrário há uma inviabilização do trabalho de conscientização.
A motivação da aprendizagem vem da própria problematização social, pois o aprender e
conhecer a realidade vivida de forma crítica para levar a uma transformação.
A pedagogia libertadora tem sido aplicada em alguns países, como Chile e África. As
fundamentações teóricas de Paulo Freire limitam-se à educação de adultos ou educação
popular, em geral, entretanto muitos professores têm ensaiado práticas pedagógicas
seguindo a linha dessa pedagogia em todos os níveis de ensino formal.
10. Tendência progressista libertária
Na tendência libertária, o princípio fundamental é iniciar mudanças institucionais,
tendo como população alvo os níveis mais empobrecidos que irão se expandindo até
atingir dado o sistema exercendo assim uma transformação na personalidade do aluno.
Durante esse processo quer-se baseado na participação grupal, criar mecanismos para
um mudança no que diz respeito a participação mais efetiva do aluno nas associações,
grupos informais e escolas autogestionárias.
A pedagogia libertária tem um sentido expressamente político quando coloca o sujeito
como produto do meio social e que a aquisição do conhecimento individualizado só
ocorre na coletividade, tendo como idéia principal e mais conhecida entre nós a
“pedagogia institucional”, objetivando a resistência contra o sistema burocrático que
atua na ação de dominação do Estado, retirando a autonomia do processo educacional
como um todo.
O conhecimento sistemático não grande importância para esta pedagogia, já que a
matéria apresentada para o aluno, porém não lhes são exigidas. O que realmente
importa são as experiências vividas pelo grupo social
principalmente ocorrida de forma crítica, esse sim é o verdadeiro conhecimento, é ele
que proporciona respostas necessárias e condizentes às exigências sociais.
Desta forma a metodologia de ensino adota a liberdade do aluno para realizar o não as
atividades, ficando o interesse pedagógico vinculado às necessidades individuais ou do
grupo.
Caracteriza-se como orientado e catalisador o educador que vai misturar-se com o grupo
a fim de levar o mesmo a uma reflexão em comum, deixando lado todo e qualquer
aspecto de autoritarismo e ameaças. O professor não é visto em nenhum momento como
modelo, pois a pedagogia libertária recusa toda e qualquer forma de autoridade. Esse
aspecto visa promover um desenvolvimento de pessoas mais livres.
Está inserida na pedagogia libertária quase todas as pedagogias antiautoritárias em
educação, onde se encontram a anarquista, psicanalítica, dos sociólogos e dos
professores progressistas, que contribuíram muito para as estruturação.

11. Tendência progressista “Crítico-Social dos conteúdos”


O papel da escola nesta proposta é de difundir os conteúdos. Esses conteúdos não
podem ser abstratos e sim concretos vivenciados pelo indivíduo. A escola é valorizada
mecanismo adequado para a apropriação do saber, pois é o melhor serviço prestado aos
interesses populares, pois a própria escola tem possibilidade de auxiliar na eliminação
da seletividade.
Vários professores tiveram contato com as chamadas disciplinas pedagógicas, por
cursarem as licenciaturas e, desta forma, com um corpo organizado de idéias (ideário
pedagógico) procuram explicar, orientar e justificar a prática docente. Outros não
tiveram contato com esta teoria, mas, nem por isso, não podem no seu dia-a-dia terem
uma prática docente de acordo com este corpo organizado de idéias.
Além disso, a dimensão pensada da prática do professor expressa isso sim, o modo
particular pelo qual o ideário e as teorias pedagógicas são filtrados pela prática de cada
professor em particular de acordo com suas condições de vida.
Desta forma numa análise do que ocorre em sala de aula verifica-se que a variável
relativa é o professor.
Apesar das várias possibilidades de um ideário pedagógico pode-se classificar as
diferentes linhas ou tendências pedagógicas no ensino brasileiro através de cinco
abordagem educacionais, a Abordagem Humanista, Abordagem Comportamentalista,
Abordagem Tradicional, Abordagem Cognitivista e Abordagem Sócio-Cultural como
sendo aquelas que, em situações brasileiras, mais possam ter influenciado os
professores conforme sua formação, informações adquiridas por meio de literatura e de
modelos a que foram expostos ao longo de suas vidas.

Quadro síntese das teorias pedagógicas


Nome da Papel da Escola Conteúdos Métodos Professor x aluno Aprendizagem Manifestações
Tendência
Pedagógica
Pedagogia Preparação São Exposição e Autoridade do A aprendizagem Nas escolas que
Liberal intelectual e conhecimento e demonstração professor que é receptiva e adotam
Tradicional. moral dos valores sociais verbel da exige atitude mecânica, sem filosofias
alunos para acumulados matéria e / ou receptiva do se considerar as humanistas
assumir seu através dos por meios de aluno. características clássicas ou
papel na tempos e modelos. próprias de cada científicas.
sociedade. repassados aos idade.
alunos como
verdades
absolutas.
Tendência A escola deve Os conteúdos Por meio de O professor é É baseada na Montessori
Liberal adequar as são experiências, auxiliador no motivação e na Decroly Dewey
Renovadora necessidades estabelecidos a pesquisas e desenvolviment estimulação de Piaget Lauro de
Progressiva. individuais ao partir das método de o livre da problemas. oliveira Lima
meio social. experiências solução de criança.
vividas pelos problemas.
alunos frente às
situações
problemas.
Tendência Formação de Baseia-se na Método Educação Aprender é Carl Rogers,
Liberal atitudes. busca dos baseado na centralizada no modificar as "Sumermerhill"
Renovadora conhecimentos facilitação da aluno e o percepções da escola de A.
não-diretiva pelos próprios aprendizagem. professor é realidade. Neill.
(Escola Nova) alunos. quem garantirá
um
relacionamento
de respeito.
Tendência É modeladora São informações Procedimentos Relação objetiva Aprendizagem Leis 5.540/68 e
Liberal do ordenadas e técnicas para a onde o baseada no 5.692/71.
Tecnicista. comportamento numa seqüência transmissão e professor desempenho.
humano através lógica e recepção de transmite
de técnicas psicológica. informações. informações e o
específicas. aluno vai fixá-
las.
Tendência Não atua em Temas Grupos de A relação é de Resolução da Paulo Freire.
Progressista escolas, porém geradores. discussão. igual para igual, situação
Libertadora visa levar horizontalmente problema.
professores e .
alunos a atingir
um nível de
consciência da
realidade em
que vivem na
busca da
transformação
social.
Tendência Transformação As matérias são Vivência grupal É não diretiva, o Aprendizagem C. Freinet
Progressista da colocadas mas na forma de professor é informal, via Miguel Gonzales
Libertária. personalidade não exigidas. auto-gestão. orientador e os grupo. Arroyo.
num sentido alunos livres.
libertário e
autogestionário.
Tendência Difusão dos Conteúdos O método parte Papel do aluno Baseadas nas Makarenko B.
Progressista conteúdos. culturais de uma relação como estruturas Charlot
"crítico social universais que direta da participador e cognitivas já Suchodoski
dos conteúdos são experiência do do professor estruturadas Manacorda G.
ou "histórico- incorporados aluno como mediador nos alunos. Snyders
crítica" pela confrontada entre o saber e Demerval
humanidade com o saber o aluno. Saviani.
frente à sistematizado.
realidade social.

Bibliografia

RODRIGUES, Albeno Tosi; Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.


BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é método Paulo Freire. São Paulo:Brasiliense,
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éticos e educativos. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
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OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia da Educação. São Paulo,
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RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Editora Lamparina, 2007.
TURA, Maria de Lourdes Rangel (org.). Sociologia para Educadores. Rio de
Janeiro, Quartet, 2006

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