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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação - PROEG


Campus de Pau dos Ferros – CAPF/UERN
Departamento de Educação – DE - Curso de Pedagogia
Disciplina: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Profª.: Josefa Aldacéia Chagas de Oliveira

Aluno (a): Laura Milena Soares


Data: 28/12/2022

ATIVIDADE AVALIATIVA

QUESTÃO 01:

Com base nas aulas expositivas dialogadas, responder aos seguintes questionamentos:

a) O que entende por Sociologia da Educação?


Ao ingressarmos no ensino médio, somos apresentados à disciplina de Sociologia,
através dela observamos como transcorre o processo dos aspectos sociais de uma
sociedade, sendo estes o cultural, o religioso, o educacional, o econômico, bem como,
de que modo a sociedade está estruturada e como cada pessoa interage coletiva e
individualmente dentro do seu grupo social. Na grade curricular do curso de
pedagogia, veremos uma ramificação desta disciplina, desta vez, associada à educação
em específico, a qual, no decorrer das aulas, podemos perceber o quanto a sociologia
da educação é importante para que possamos assimilar as relações entre a educação e a
sociedade. Embasados em diversos autores e sociólogos, dentre estes, é válido
destacar Pierre Bourdieu, observa-se que a sociologia da educação compreende o
estudo e a análise de como ocorre o processo de ensino na sociedade e qual é o
impacto provocado na aprendizagem de cada indivíduo, além disso, a sociologia da
educação analisa o papel da escola, dos professores, assim como, de que forma a
classe social a qual o educando pertence pode influenciar na aprendizagem e na
formação do indivíduo.

b) Quais as contribuições das ciências sociais para a educação, na sua opinião?


No que tange à educação, pode-se observar as diversas contribuições das ciências
sociais, a iniciarem-se pela observação, na tentativa de compreensão das inúmeras
falhas do sistema educacional brasileiro, as quais não são poucas, ademais, se
preocupam com a influência e os impactos ocasionados por meio das diferentes
classes sociais, das quais os educandos provém. Sendo assim, as ciências sociais,
associadas especificamente à educação, contribuem para inovações no âmbito
educacional, tendo em vista que preocupam-se com a educação da população como
sendo um fator de extrema importância, os cientistas sociais estão sempre investindo
em pesquisas inovadoras, com o objetivo principal de compreender como a sociedade
está repassando os conhecimentos classificados como importantes e como isso reflete
na formação do indivíduo. Com isso, compreende-se que os cientistas sociais buscam
auxiliar na resolução dos problemas educacionais desde suas raízes, como também
buscam auxiliar na garantia e no estabelecimento de uma educação igualitária e de
qualidade, fato que, constitucionalmente, deve ser garantido a todos e a todas.
c) Identificar os principais paradigmas da sociologia e suas diversas concepções
sobre a educação.
Ao estudarmos sociologia da educação, somos apresentados a duas abordagens dos
principais paradigmas da sociologia: o paradigma do conflito e o paradigma do
consenso. De acordo com Gomes (1994), esses dois paradigmas descrevem como os
ramos de estudos eram apontados em duas fases notáveis da educação (meados das
décadas de 60 e 70), onde a mesma passou a ser vista como um meio de intensificar as
desigualdades sociais e econômicas que predominavam nestes períodos, as quais ainda
podemos presenciar interferências nos dias atuais.
O paradigma do consenso, ligado intrinsecamente a Émile Durkheim, ancorado em
teorias funcionalistas, refere-se a caracterização da sociedade como sendo um
agrupamento de indivíduos definidos por apresentarem interesses e valores em
comum, no qual, juntos, permanecem sempre em harmonia. Sob esta ótica
funcionalista, observa-se que é fundamental que a sociedade se mantenha
constantemente nesse consenso harmonioso. Dentro desta esfera, a educação fica
designada a manter essa integração da sociedade, auxiliando na democratização social.
Dessa forma, a educação passa a ser vista como um fator de manutenção social, com a
finalidade de preparar o indivíduo para viver na sociedade e, assim, ser capaz de
promover mudanças no corpo social, mantendo seu equilíbrio. No entanto, em meados
de 1970, o paradigma do consenso sofre um declínio, Gomes (1994) descreve que esse
declínio se deu através de conflitos internos, reformas educacionais e constantes crises
econômicas predominantes nessa época. Sendo assim, a educação deixa de ser vista
como esse meio de preservação social, e passa a se fortalecer como uma ferramenta na
manutenção dessas desigualdades sociais.
Do outro lado, constitui-se o paradigma do conflito, representado através da filosofia
proposta por Karl Marx, fundamentado principalmente nas teorias marxistas e
neomarxistas. Neste paradigma, a sociedade é vista como agrupamentos que vivem em
conflito constante, onde os indivíduos apresentam valores distintos e existe aquele
atrito contínuo de dominação de um grupo considerado superior sobre um grupo
secundário. Desta forma, o paradigma do conflito classifica a educação como um fator
de estabelecimento e, principalmente, de manutenção dessa estrutura social onde
prevalece a dominação. Além desse paradigma enfatizar o conflito entre as classes,
reforça a ideia de que, enquanto a sociedade for dividida por classes, será inviável
ofertar uma educação igualitária, gratuita e de qualidade.

QUESTÃO 02:

Os estudos e discussões realizadas na disciplina Sociologia da Educação propiciaram


trilharmos por caminhos em cujo percurso analisamos, dentre outros temas, os
paradigmas do consenso e do conflito, situando suas características no que tange à
concepção de sociedade, base de coesão social, preocupação principal, concepção de
mudança social, função da educação, principais linhas teóricas e representantes e, por
fim, a influência desses dois paradigmas (conflito e consenso) no pensamento social
brasileiro e para a reflexão sobre a educação.
Embasando-se nesses estudos e nos apreensões/discernimentos construídos, leia, com
atenção, o texto composto por Guará e Fernandinho e cantado por Ana Carolina e Seu
Jorge. A seguir, analise-o sob o olhar de Pierre Bourdieu acerca do conceito de capital
cultural, o papel da escolarização e a educação como processo de reprodução social.

Problema Social
Ana Carolina e Seu Jorge
Compositor: Guará / Fernandinho
Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
Nem o bom menino que vendeu limão
Trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que nem conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu não seria um problema social
-
A partir da leitura do texto acima, compreende-se que o indivíduo em questão
considera-se um problema social por advir de uma classe social inferior, em que não foi
capaz de usufruir de privilégios maiores, onde enxergou uma possível saída para
manter-se vivo optando pelo trabalho ao invés de estudar. O personagem em evidência é
um claro exemplo do quanto a sociedade ser dividida por classes é o verdadeiro grande
problema social, essa desigualdade afeta explicitamente as classes mais baixas.
Em suas amplas e significativas pesquisas, o sociólogo francês Pierre Bourdieu
elaborou diversos tipos de capital, dentre eles, o capital cultural, que compreende todos
os aspectos sociais ligados a um indivíduo: educação, modo de vestir, falar, bem como,
seu modo de agir. Posto isso, os estudos de Bourdieu o levaram a esclarecer como se dá a
transmissão desse capital cultural.
Ao apresentar as inúmeras falhas do sistema educacional, Bourdieu afirma que o papel
desempenhado pela escola e pela família são extremamente importantes para a formação
do ser social. A família age como agente transmissor da herança cultural, a qual o
indivíduo será inserido ao nascer, e influenciará nas suas escolhas, assim como, no seu
êxito escolar. A escola, então, deverá atuar como uma instituição promotora de
socialização. Dessa forma, ao reconhecer as múltiplas culturas das quais os educando
provém e sua importância, os educadores terão a oportunidade de juntarem-se a elas
agregando valores, e não as rebaixando e classificando-as como erradas.
É nítido que os alunos pertencentes às classes sociais mais favorecidas terão maiores
privilégios, tais como acesso à internet, livros, o apoio e ajuda dos pais nas tarefas, o que
facilitará em muito seu processo de compreensão e aprendizagens em determinados
conteúdos. Em contrapartida, temos os alunos provindos de uma classe social inferior,
que muito provavelmente não terão todos esses privilégios, tal fator poderá influenciar no
seu aprendizado.
Posto isso, observa-se que a escola atua de forma conservadora, favorecendo as classes
sociais dominantes, valendo-se de um sistema de ensino clássico, que proporciona a
marginalização das classes inferiores e somente beneficia as classes detentoras de
maiores regalias e conhecimentos. Sendo assim, a escola, juntamente com o corpo
docente, deveria atuar optando práticas pedagógicas que inclua todos os alunos e abrace
todas as culturas de forma igualitária, promovendo transformação do educando enquanto
ser social, para que dessa forma, seja possível a estruturação de uma sociedade justa e
igualitária.

Referências
GOMES, Candido Alberto. “A educação em novas perspectivas sociológicas”. 4ed. rev. e
ampl. São Paulo: EPU, 2005.

BOURDIEU, Pierre. “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à


cultura”. In: Escritos da Educação, Petrópolis: Vozes, 2003.

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