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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Discente: Rubens Pinto dos Santos Filho Curso: Pedagogia

Matéria: Sociologia da Educação II Turma: 2022.2

Docente: Marta Maria Valeriano Data: 24/02/2023

Goiânia

2023
_MEMORIAL_

O trabalho aqui descrito, será realizado para efeito de um Memorial da disciplina de


Sociologia da Educação II, do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Goiás (FE-UFG), que contempla a Prática como Componente Curricular (PCC).
Sendo que a escrita foi realizada a partir dos encontros/aulas que tivemos decorrentes do
semestre 2022.2, entre os anos de 2022 e 2023.

Aula 1 – História da Educação no Brasil;

Na primeira aula foram feitas reflexões em torno da História da Educação do Brasil.


Onde foram discutidos a Educação em durante maior parte da História como assunto do
âmbito privado, não público. Foi feito assim apanhado histórico relacionado a Educação. O
seu processo, desde a educação Jesuítica, perpassando pelas reformas pombalinas, a Educação
no período imperial, no período republicano e chegando até escola pública no processo de
democratização da sociedade.

Com base teórica instruída e de referência dos estudos, pensamos a Educação a partir do texto
História da Educação no Brasil: a escola pública no processo de democratização da sociedade,
das pesquisadoras Marisa Bittar e Mariluce Bittar.

Então foram discutidos os aspectos relacionados à consolidação da escola pública e às


políticas educacionais. Foram discutidos o processo educacional ao longo do período, onde
ocorreu uma expansão, sem exceção, em todos os graus de ensino. No entanto, foram
discutidos como de forma persistente, neste mesmo período, permaneciam os traços de
elitismo e exclusão.

Aula 2 - A produção do fracasso escolar;

O fracasso escolar historicamente, tem seu surgimento quando uma grande


parte da população, formada principalmente por membros da classe trabalhadora
das zonas urbanas e rurais, tiveram acesso à escola pública e gratuita. Onde esta
explicação, de base classista e julgada injustamente, também sendo a superação
desta situação requer uma análise aprofundada e de cunho social.

Até os dias de hoje estão sempre a procura de um culpado pelo fracasso


escolar, hoje inclusive tem uma alta atribuição aos déficits de aprendizagem, ou a
patologização do aluno.
É preciso entender o fracasso escola em sua totalidade, pensando sobre
quem compõe o corpo desta questão. É preciso pensar este corpo, composto
Mundo-Escola-Aluno, enquanto relacionais e no campo da afetividade. Ou seja,
como cada um afeta o outro, como se relacionam e como podem contribuir um
com o outro.

Outro aspecto importante que impacta na produção do fracasso escolar é a


avaliação, sendo as formas de avaliações, suas atribuições e como afetam a vida
de um indivíduo. Sendo que, é cotidiano das avaliações em escolas uma espécie
de medir e diferenciar os alunos, também como ferramenta de punir e não de fato
aprender. Ou seja, é preciso repensar as formas de avaliações, logo como ela é
ferramenta importante do fracasso escolar.

Aula 3 - Desigualdades escolares;

Foram levantamentos do que seria uma escola justa e das desigualdades


escolares a partir de leitura de Pierre Bourdieu e de Françõis Dubet. Assim,
foram levantadas questões das desigualdades sociais e de como elas são
reproduzidas.

Uma das questões apontadas foi para igualdade meritocrática, sendo ela na
verdade inexistente na sociedade em que vivemos. Pois, numa corrida onde os
competidores não saem de um mesmo ponto de partida, não há nada mais que
injusto nisso. Pois, esperam dos mesmos que sua colocação final dependeu de
forma única e exclusiva do próprio esforço e capacidade do indivíduo. No
entanto, sabemos que não disparam do mesmo ponto de partida.

As desigualdades escolares e suas reproduções, produzem uma sociedade


onde já estão estabelecidos o lugar de cada um, como por exemplo na estrutura da
formação de empregos e a esses serão classificados de acordo com gênero, sua
classe social e raça.

Para Bourdieu, o aluno é um ser social no qual o seu êxito não deriva das suas
características físicas, psíquicas ou biológicas, mas sim das suas origens. Assim, o mérito
atribuído ao indivíduo é desconsiderado. Visto que, o aluno é parte da sua origem social,
estamento, constituição do habitus e campo de poder qual pertence seu grupo de origem.
Para repensar esse modelo, é preciso entender o contexto social dos
indivíduos, como uma sociedade capitalista, seja ele capital econômico, cultural
ou social, estão o tempo inteiro reproduzindo desigualdades na sociedade.

Aula 4 - A sociologia da educação de Pierre Bourdieu;

Neste dia foram discutidas questões a partir de uma atividade relacionada a


sociologia da educação de Pierre Bourdieu. Em que para o pensador compreende
que as desigualdades são mantidas quando se trata de forma igualitária os diferentes e o
capital cultural como determinante do desempenho escolar. Bourdieu, demonstra que a escola
perde o papel em que era que tinha como uma espécie de faceta de transformadora e
democratizadora das sociedades, passando a ser vista como uma das principais instituições
por meio da qual se mantinham e se legitimavam os privilégios sociais.

A perspectiva funcionalista de educação que Bourdieu posiciona-se sob influência dos


antropólogos Radcliffe-Brown e Malinowski, que partiam de duas premissas básicas, há uma
ou mais funções para tudo que existe dentro da cultura. Ou se existe algo no universo da
cultura, isso possui uma função objetiva, exemplo: um barriu para armazenar frutas e enterrá-
las para o período de escassez. Na sociologia da educação de Bourdieu, o funcionalismo não
pode ser operacionalizado, uma vez que há um patrimônio imaterial, ou mais especificamente
os bens simbólicos, que consistirão em uma definição de quais campos estes estudantes,
professores e demais indivíduos ocupam. Havendo, quando se desconsidera essas relações de
poder, uma opressão. Visto que, não se pode na escola lidar de forma funcional com o
processo de ensino e aprendizado, com indivíduos de habitus diferentes.

Por fim, para o teórico o papel da escola está na reprodução das desigualdades sociais,
em que o autor afronta os critérios que eram utilizados para selecionar os alunos ‘talentosos”
pela escola como superficiais. Assim não considerando os alunos como seres abstratos e que
critérios objetivos não seriam suficientes, se não para a manutenção dos grupos dominantes.
Que era escola onde as famílias transferem e reproduzem o capital intelectual em capital
financeiro, perpassando de geração em geração. Desta forma, a escola tinha um papel ativo,
objetivado quando se definia o currículo, os métodos de ensino e formas de avaliação no
processo de reprodução das desigualdades sociais. Cumprindo um papel base de legitimar as
desigualdades por meio de diferenças acadêmicas e cognitivas, relacionadas aos méritos e
dons individuais. Assim, o pensador demonstra um papel violento, desumano para com uma
sociedade.
Aula 5 - O que é uma escola justa? A Escola das Oportunidades;

Discutimos acerca do que seria uma escola justa, a partir da forma como
descreveu o pensador Franções Dubet. Assim, foi discutido que em que a escola
justa deva ser aquela tenham sua atenção para os alunos que são marginalizados e
responsabilizados por seus fracassos.

No entanto, as reflexões sobre o que seria uma escola justa são bem mais
complexas. Pois, há várias maneiras de definir justiça. Desta forma, há caminhos
para a tornar uma escola justa, sendo que as escolhas que serão feitas e, assim
tornarão uma escola justa, vai depender das escolhas que combinam valores e
aspectos de cada visão.

Em mais uma aula pudemos discutir sobre como a escola pode ser justa,
sem reproduzir desigualdades sociais. Sendo apontadas, que é preciso entender
que pensar que existe igualdade de oportunidades é forma inadequada de pensar.
Pois, pensar desta forma é considerar os indivíduos iguais, livres e assim
responsáveis por seus sucessos e fracassos. Por fim, que é preciso pensar na
individualidade de cada ser, respeitando-as e as considerando como forma sobre
qual maneira irá agir. São diversas a formas de tornar a escola justa, assim é
preciso sensibilidade, oportunidades e interesses acercar de tais questões.

Aula 6 - A função social da escola;

A construção do projeto educacional brasileiro, desde o seu longínquo planejamento,


deu-se para que se pudesse perpetuar uma sociedade de desigualdades. Visto que, o avanço
nos recursos direcionados para o que se entende como educação, em boa parte das escolas,
não chegam esse capital. Põe-se uma necessidade que já não se pode pensar em uma
negociação, mas entender que o acesso a uma educação de qualidade, um ensino que
desenvolva criticidade, fazem parte de uma perspectiva dos direitos humanos. Assim, após
observarmos no documentário “Pro dia nascer feliz”, as realidades são dispares e cruéis. É
emergente a desconstrução de um projeto elitista de educação, que perpetua esse grupo no
poder.

Assim, podemos perceber que as oportunidades na educação brasileira são diferentes e


o documentário exibe essa realidade. Trazendo a reflexão também de que, os investimentos na
Educação trazem qualidade para o país e seu povo. Aperfeiçoar a formação de profissionais,
estrutura de qualidade, um currículo eficaz, políticas públicas de abertura de vagas e
permanência dos(as) alunos(as) na escola, são possíveis caminhos para um mundo mais justo.

A outra metade da aula foram discutidos sobre a educação após Auschwitz, onde foi
discutido a reflexão acerca do comportamento dos que exerceram as atrocidades que
ocorreram nos campos de concentração nazistas na Alemanha. Havendo reflexões sobre como
a Educação deva ser emancipadora, uma educação que venha evitar o silêncio frente ao terror.

Aula 7 – Mulheres na sala de aula - Divisão sexual e racial do trabalho;

Iniciada com à escrita de Nísia Floresta (1853) - Enquanto pelo velho e novo mundo
vai ressoando o brado – emancipação da mulher –, nossa débil voz se levanta, na capital do
império de Santa Cruz, clamando: educai as mulheres! Povos do Brasil, que vos dizeis
civilizados! Governo, que vos dizeis liberal! Onde está a doação mais importante dessa
civilização, desse liberalismo?

Nos foram apresentadas às vertentes e construção histórica ao longo do tempo do


papel das mulheres na sociedade e mais especificamente no contexto do trabalho. Iniciadas
desde a proclamação da república, foram criadas as escolas por congregações e ordens
religiosas femininas ou masculinas. Onde havia Professores para classe de meninos e
Professoras para classe de Meninas, também noções de geometria para meninos, bordado e
costura para meninas. Ainda neste contexto é importante ressaltar que, às práticas educativas
eram diferenciadas por classe, etnia e raça, consequentemente mesmo que já havia mulheres
na sala de aula, essas mulheres eram brancas.

Tempos depois o magistério se torna “Trabalho de Mulher”, com abandono da sala de


aula pelos homens. O que posteriormente são atribuídos a este trabalho, atividades de amor,
entrega e doação, o que por consequência implicava nas questões para se discutir salário,
carreira e condições de trabalho. O papel das mulheres neste contexto, em sua formação para
o magistério eram regidas por como ser e agir, valores e sugestões de agir, além das áreas de
conhecimento limitantes que foram destinadas especificamente para as mulheres.

Durante um longo período foi destinado como único lugar possível de trabalho o
magistério as mulheres, que no decorrer do tempo tem outros nomes, como: Professorinhas e
Normalistas, que eram denominas por serem menos severas e mais sorridentes. Educadoras,
aqui a função a ser desempenhada já é vinculada ao papel de uma professora que controle a
turma, a função de instruir e educar, também o surgimento das especialidades e possibilidade
de ascensão profissional. Por fim, Profissional do Ensino, já no período militar, aqui tinham a
execução de tarefas de ordem administrativa e de controle.

Desde a década de 1950, as mulheres surgem com o que é denominado por


mobilização docente, onde ocorreram organizações em massa e fortalecimento dos sindicatos,
quais eram compostos por maioria de mulheres. No entanto, os microfones e cargos de
coordenação das entidades ocupados pelos homens.

Por fim, o processo histórico em que as mulheres ocuparam as salas de aula, ainda
foram marcadas pelas relações de gênero, também constituídas pelas relações de poder. Assim
mesmo, ao longo da história que tentaram manterem as mulheres senhoras dos lares, ou
ocuparam espaços parecidos, elas foram persistentes e resistentes aos discursos que queriam
às subjulgar, permaneceram na luta por melhores e subverter os comportamentos e ocupar
espaços. Na sociedade de hoje ainda há reflexos de uma sociedade patriarcal, mas com
grandes avanços que puderam se tornar reais graças as várias mulheres resistiram e lutaram
contra as opressões que lhe foram impostas.

Aula 8 – A escola, violência e seu papel disciplinador: a escola militar;

Uma discussão entorno da expansão dos colégios militares em Goiás, qual


foram levantados os aspectos de como foi possibilitada a entrega de escolas
estaduais para a Polícia Militar, consequentemente o aumento dos colégios
militares.

Em Goiás especificamente, ocorreu um processo de usurpação das escolas


estaduais, onde o Governo transformou uma ação isolada, em política pública de
diferenciação da rede estadual. Onde neste processo, de alguma forma, foram
atribuídas o fracasso escolar a escola civil e eles tem como argumento que a
escola militarizada é a solução. Mesmo que utilizem neste processo uma forma
violente de lidas com @s alun@s, a partir do controle, disciplina e processo
intimidados da presença da Polícia nestas escolas e como se a violência tão
presente na escola não fosse um problema da sociedade e está somente dentro da
sala de aula.

Para atendar as demandas da Polícia Militar, que aparece como uma forma
de diferenciação da rede estadual, foram selecionados o público específico, sendo
a escola civil, tornando a escola uma moeda de troca e por consequência
ameaçando o direito a educação de qualidade para adolescentes e jovens.

Aula 9 - Educação como prática da liberdade e Educação contra a barbárie;

Nesta aula discutimos sobre a Educação contra a Barbárie e que de alguma


forma se relaciona com o outro tema que foi, Educação como prática da
liberdade. Pois, estamos o tempo todo refletindo os novos modos de repensar a
educação, principalmente os aspectos de opressão, castração e a produção de
desigualdade que ocorreram ao longo dos anos.

Irei inverter a ordem, porque a primeira pensa os desafios da educação em


sua totalidade. Onde foram levantados sobre qual a educação de fato transforma o
mundo, em que existem diferentes correntes educacionais, que se contrapõem e
que pensam o processo educativos de a partir de perspectivas divergentes. Uma
dessas correntes foi a “solução” de ultraliberais, que mais recentemente se
expandiram no Brasil, para educação. Onde os mesmos, colocam a educação
como arma, inclusive para política de militarização das escolas e do projeto da
escola sem partido, privando @s alun@s da apropriação da cultura de forma
livre. Com objetivos evidentes de expandir a ideia conservadora e somar aliados a
ideologia ultrarreacionária.

Posteriormente, as discussões foram sobre Meninas e Meninos na Educação


Infantil: uma questão de gênero e poder. Discussões foram postas sobre como são
ainda trabalhas e/ou pesquisadas as relações de gênero e poder presentes nos
processos de socialização de crianças pequenas. Também como o corpo é um lugar
de inscrição da cultura. Onde há um discurso que impõe às crianças uma imagem
estigmatizada de si mesmas, somente visualizando e estendendo as crianças a visão
conservadora da sociedade. Assim, como formas de controle disciplinar de meninos e
meninas se dar a partir do controle do corpo, que surgem a partir das demarcações do
feminino e masculino, logo o forte reforço de características físicas e comportamentais
conservadoras e tradicionais que regem cada sexo em pequenos, mas significativos e
simbólicos gestos nas práticas cotidianas na educação infantil.

Aula 10 – Florestan Fernandes - O desafio educacional.


Na última aula, qual foi de grande prestigio, conhecer a trajetória do
grande Florestan Fernandes. O qual tem grande importância no desafio
educacional brasileiro, onde o mesmo acreditava numa educação, que devesse ser
para educando uma experiência transformadora, onde pudesse desenvolver a
criatividade, que pudesse dar condições de se libertar da opressão social.

Além de ter em seu próprio processo, o qual é uma inspiração. Pois,


Florestan, um adolescente pobre e que conclui seus estudos a partir do supletivo,
chegou a ser Catedrático da USP. Contribuiu com seus escritos, para entender a
situação do negro na sociedade brasileira, analisando a inserção do negro e
quando o mesmo a passou de fato a ser propriedade para um ser dotado de
liberdade.

Por fim, uma das frases que me tocou nesta aula, foi um trecho lido, escrito
por Florestan Fernandes - “Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu
passado e sem a socialização pré e extra-escolar que recebi, através das duras lições da vida
(…). Iniciei a minha aprendizagem ‘sociológica’ aos seis anos, quando precisei ganhar a vida
como se fosse um adulto, e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do
que é a convivência humana e a sociedade (…). A criança estava perdida nesse mundo hostil e
tinha de voltar-se para dentro de si mesma para procurar, nas ‘técnicas do corpo’ e nos ‘ardis
dos fracos’, os meios de autodefesa para a sobrevivência. Eu não estava sozinho. Havia minha
mãe. Porém a soma de duas fraquezas não compõe uma força. Éramos varridos pela
‘tempestade da vida’ e o que nos salvou foi o nosso orgulho selvagem”. Desta forma finalizo
este memorial, o aprendizado que a disciplina e a grande Professora nos oferto. Abrindo os
horizontes as perspectivas da vida, da formação com humanidade, olhando para o outro, lutando
e resistindo as mazelas que a sociedade ainda carrega. Encerro com vida, desabrochando vida e
com esperança de uma educação que se liberte das amarras opressoras e da reprodução das
igualdades. Que esta desempenhe o papel de liberdade, oportunidades, diversidade e visando a
totalidade e que possa juntar os fragmentos daqueles que partiram, mas deixaram um grande
legado de como a educação deve ser humana e libertadora.

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