Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE LETRAS
ANO-PERÍODO: 2022.1 (Manhã)
Profª. Nara Lidiana Silva Dias Carlos

PORTFÓLIO DE FUNDAMENTOS SÓCIO-FILOSÓFICOS


DA EDUCAÇÃO

Discentes: Giovana Victoria Fernandes Mascarenhas, Letícia Cristiny Silva Soares, Rayane
dos Santos Martins

Natal - RN
2022
Semana 1: Conexões - fundamentos da educação

Foi o primeiro dia de aula da matéria. Desse modo, foi abordado o cronograma da disciplina
e o início do conteúdo com o tema “educação ou educações?'' e foi feita a leitura do texto “o
que é educação” de Brandão. O tema nos fez pensar sobre a pluralidade das educações no
mundo de acordo com cada cultura e como ela tem o poder de moldar um indivíduo. A aula foi
bastante proveitosa, pois expandiu os horizontes por meio da discussão com a turma acerca de
como a educação é construída (seja formal ou informal) na sociedade e a importância da base
familiar nesse processo por ser a principal responsável pela criação de um ser moral. Também
levantou reflexões sobre como o sistema social está intrínseco na educação e que por esse
motivo nós devemos ter consciência do seu funcionamento, por isso a importância da criação
do senso crítico tanto nos professores como nos alunos para a educação ser realmente
libertadora. Em suma, o foco da aula foi na educação, na ética e na moral, mostrando a distinção
deles com exemplos cotidianos.
A questão da especificidade de cada educação de acordo com diferentes culturas nos lembrou
a série "Anne with An E", ambientada durante o século XIX em uma ilha no Canadá. Nela, a
jovem Anne é adotada por engano por dois irmãos que queriam um menino para ajudar nos
afazeres da fazenda. Adentramos na jornada de amadurecimento de Anne junto aos amigos que
ela faz na escola e na última temporada, uma comunidade indígena chega à ilha e Anne torna-
se amiga da filha do chefe da comunidade. A partir dessa chegada, conflitos se desenvolvem
quando a prefeitura impõe que as crianças indígenas estudem em escolas católicas, a fim de
"civilizá-las". Ao longo da temporada, descobrimos que as crianças nessa escola sofrem
diversas violências, muitas tentam fugir e seus próprios pais movimentam-se contra essa
educação imposta. Com base nessa série, é possível ilustrar claramente o discutido em sala de
aula, sobre como as diversas maneiras de educação em diferentes sociedades visam uma
adaptação para essa sociedade específica, mas infelizmente, ao longo da história, essas
barreiras não são respeitadas por colonizadores que procuram impor a todo custo sua cultura,
educação e religião, causando um massacre literal e simbólico de comunidades originárias.

Imagem 1 Imagem 2
A protagonista Anne junto a indivíduos da Capa da série “Anne with an E”.
aldeia indígena.

Semana 2: O que é educação?

Foi realizada a exposição do texto de Aranha sobre “o que é educação”, que vai de encontro
ao texto de Brandão, como se fosse um resumo. Aborda assuntos como o ato de educar, a sua
importância para a manutenção da sociedade e como o fator social é um ponto de partida e de
chegada no processo educativo. Um indivíduo é educado por meio de ferramentas sociais, em
nossa sociedade, considerando a educação formal, esse processo acontece dentro da escola,
onde ele é ensinado pelo professor que o informa sobre o mundo em que vive, além de noções
de moral, ética e convivência. O próprio ambiente escolar, considerando os colegas e todo o
corpo social que frequenta esse espaço, é protagonista na formação inclusive de personalidade
desse indivíduo, tendo em vista o fato de que ele passa grande parte da sua vida na escola,
muitas vezes convivendo mais com o corpo escolar do que com sua família. Sendo assim, o
social é um meio e também um fim, pois aprende-se na prática a viver em sociedade.
O texto também expõe diferenças entre a educação e a doutrinação, conceitos muito
importantes. Em suma, toda atividade educativa requer agente, mensagem e educando, sendo
o agente aquele que ensina, a mensagem é aquilo que é ensinado e o educando aquele que
recebe essa mensagem. Vale ressaltar que, ao contrário da doutrinação, a educação não é uma
imposição de valores, informações, crenças e etc, mas é um processo de troca em que o agente
vai se dissolvendo no processo até que a hierarquia agente e educando desapareça
completamente, logo, ambos ensinam e aprendem. Já a doutrinação caracteriza-se justamente
por uma hierarquia permanente, sem qualquer direito de questionamento ou troca, apenas uma
imposição de valores e crenças. Nos ajudou a ter uma visão bem ampla sobre o tema. Também
teve uma atividade em grupo sobre o texto.
Imagem 3
Atividade em grupo sobre o texto de Brandão das integrantes do portfólio.

Semana 3: Educação e filosofia - o processo de filosofar

Houve uma roda de conversa a respeito da aproximação dos textos de Brandão e


Aranha, o que foi muito interessante pois vários alunos falaram sobre as suas vivências como
professores em sala de aula, o que contribuiu para a desromantização em relação à educação.
A experiência de um aluno em especial foi bem marcante, a de Yogi. Ele relatou que já
pagou essa matéria antes, mas que havia sido há muito tempo e sentia a necessidade de
experimentá-la mais uma vez, por achar que não se lembrava o suficiente e que tinha uma
impressão diferente da educação naquela época. Hoje, ele já leciona, e percebeu agora a visão
desromantizada do ato de lecionar que a aula carrega. Muitas vezes, os universitários aderem
à licenciatura por crerem num poder quase místico da educação de mudar o mundo e que eles,
praticamente sozinhos, conseguiriam ser um grande agente de transformação que iria
revolucionar a educação brasileira. De fato, principalmente durante as primeiras semanas,
houve a desfeita dessa mitologia em torno da profissão do professor.
Particularmente, a roda de conversa gerou um efeito levemente desmotivador em alguns
alunos, pois, às vezes, a romantização serve de combustível para que prossigam na licenciatura
apesar de tantos pontos negativos de tal carreira. Mas, de fato, a discussão é necessária e
inevitável porque evita que muitos se frustrem no futuro, quando já estão atuando na área.

Semana 4: As tendências político-filosóficas da educação


Estudo do texto “Filosofia da educação” de Luckesi (tendências reprodutora, redentora
e transformadora). Aprendemos que a tendência reprodutora é uma análise social que entende
o papel reprodutor da educação na sociedade. Os reprodutivistas enxergam a educação como
uma ferramenta do Estado para a reprodução social, tanto no sentido econômico quanto no
ideológico, colaborando assim, para a manutenção do sistema capitalista. Ao contrário das
outras tendências, esta se limita a um diagnóstico do papel educacional, não objetivando
oferecer qualquer proposta de mudança, inclusive porque ela não acredita em qualquer
possibilidade de mudança dessa realidade. Um exemplo para demonstrar claramente a função
ideológica reprodutora da educação na sociedade a favor do sistema, é o ponto de vista vigente
na matéria de História, na qual predomina a visão europeia colonizadora mesmo que, em nosso
caso, vivamos em um país sul-americano e pouco sabemos da história de nossos povos
originários, ou até mesmo, da história de nossos países vizinhos. A História Tradicional
exemplifica a função apassivadora da educação que coloca em segundo plano (ou em um plano
invisível) as histórias das populações oprimidas, suas lutas, dores e conquistas.
A tendência redentora contraria totalmente a reprodutora ao defender uma visão
otimista da educação. Com base na filosofia cristã, para ela, a educação tem um papel de
salvação, de tirar o ser humano da ignorância e por conseguinte, poder incluí-lo no corpo social
para que possa contribuir para o funcionamento da sociedade como mão de obra. Essa
tendência nos remete especialmente ao sociólogo Durkheim, para o qual a sociedade poderia
ser comparada a um corpo biológico composto por partes que interagem entre si, cada uma
com sua importância para a sustentação desse organismo. Apesar do tom determinista e
medieval, essa tendência ainda é bastante difundida pelo sistema e pela sociedade mesmo que
inconscientemente, pois podemos observar a frequente propaganda idealista e meritocrática da
educação em nosso país; basta estudar e a educação te salvará.

Imagem 4
Charge de autor anônimo

Por fim, a tendência transformadora pode ser considerada uma mediação entre as duas
anteriores. Essa tendência reconhece a educação vigente como instrumento do Estado para
reprodução social, mas não permanece pessimista em relação a essa realidade. Em
contrapartida, ela propõe que o professor seja um agente de mudança por meio de uma
educação transformadora, que priorize o desenvolvimento do senso crítico dos alunos para que
eles também se tornem agentes de mudança. Dessa forma, a tendência transformadora seria a
mais completa, pois reconhece o problema e expõe uma possível solução.
Ao final da aula houve a divisão dos grupos e sorteio dos temas para o debate sobre o
assunto estudado.

Semana 5: Atividade - debate

Debate sobre “as tendências político-filosóficas da educação”. Para a realização dessa


prática, a turma foi dividida em três grandes grupos e cada um ficou responsável por defender
uma tendência (reprodutora, redentora ou transformadora) como a mais adequada para a
sociedade. O nosso grupo teve a tarefa de defender a tendência redentora, que foi um grande
desafio por se tratar de uma teoria muito antiga com bases cristãs. No geral, foi uma experiência
muito enriquecedora, pois tivemos uma visão ampla sobre o funcionamento e as possíveis
aplicações das tendências no sistema educacional e consequentemente na vida dos indivíduos.
Foi um debate acalorado entre as tendências. Entre os principais representantes de cada
uma, estavam Isabella Uchôa na tendência reprodutora, Felipe Noronha e Rute na
transformadora e Adryel na redentora. No geral, o debate se concentrou entre as primeiras duas
tendências, pois a redentora é, de fato, verdadeiramente ultrapassada e incabível nos dias atuais.
O grupo transformador argumentava contra o reprodutor ressaltando seu caráter “derrotista” e
o fato de não ser uma verdadeira proposta de educação, mas uma crítica sistêmica. Já o
reprodutor criticava o transformador apontando furos em seus planos de transformação, os
julgando inatingíveis e utópicos. Contra o grupo redentor, foram utilizadas críticas bastante
óbvias, contra o seu caráter fortemente religioso. Foi um verdadeiro desafio para o nosso grupo
defender essa corrente por, em geral, não concordarmos com ela na maioria de suas questões.
Mas, afinal, o verdadeiro intuito do debate talvez tenha sido esse: podermos enxergar além do
que concordamos, seja para mudar de ideia ou para coletar mais argumentos para a crítica.

Semana 6: Oficina unidade I (O sorriso de Monalisa)

Assistimos ao “O sorriso de Monalisa”. Esse filme conta a história da professora


Katherine Watson, que é contratada no ano de 1953 pela escola feminina Wellesley College
para lecionar História da Arte. Porém, o modelo pedagógico e a visão de mundo de Katherine
divergem demasiadamente do que a instituição considera correto e reproduz em suas
dependências, sendo a escola extremamente conservadora e tradicionalista, já a docente, liberal
para os costumes da época. Ao longo da trama, a professora encontra diversos campos de
disputa de narrativa na mentalidade de suas alunas, principalmente no que tange o papel da
mulher na sociedade e o conceito de arte. Há também conflitos entre a instituição escolar
(direção) e a srta. Watson quanto ao papel da professora na vida de suas alunas, essa sofrendo
repúdio da direção por conta dos conselhos oferecidos.
Assistimos a esse filme com o propósito de posteriormente realizarmos um estudo de
caso sobre ele, contendo os problemas apontados no decorrer da narrativa e as possíveis
soluções. Então, foi perfeito para exemplificar na prática as discussões que ocorreram em sala
de aula a respeito da educação e das tendências político-filosóficas da educação.

Imagem 5
Exibição do filme “O sorriso de Monalisa” na aula.

Semana 7: Conexões - história, sociedade e educação

Estudo do texto de Saviani sobre “o trabalho didático e história da educação”. O texto


começa introduzindo a origem da didática quando Comênio, no século XVII, desenvolveu um
método para construir um sistema pedagógico articulado de maneira formal ao qual nomeou
didática: a arte de ensinar tudo a todos, que posteriormente levou ao surgimento da pedagogia
como curso universitário no século XIX. Com base nisso, Saviani descreve a evolução do
trabalho didático na sociedade moderna. Durante o período das manufaturas, Saviani destaca a
exacerbada elitização da educação defendida pela burguesia da época, que abertamente
expunha seus interesses em manter a divisão atual do trabalho e exaltava os benefícios de uma
sociedade repleta de pobres ignorantes para manter a "felicidade e ordem" geral. Logo, o
trabalho didático nesse período era exclusivo para a burguesia, a fim de preservar a
desigualdade de classes. Durante a Revolução Industrial, destaca-se o método do ensino mútuo,
caracterizado por contar com alunos monitores que supervisionavam os demais alunos,
enquanto o mestre supervisionava a todos e cobrava um alto nível de disciplina com punições
física, caso contrariado. Esse método foi elogiado por alcançar uma grande quantidade de
discentes ao mesmo tempo, mas por outro lado, pouco se diz sobre a efetividade desse método
em termos de aprendizado.
Durante a fase de expansão do processo de industrialização, difundiu-se o método
intuitivo. Nesse método, o ensino deve partir das impressões dos sentidos, da experiência do
aluno com objetos, figuras e ilustrações. Também foi característico dessa vertente o uso de
materiais essenciais destinados ao professor, para que seguisse determinadas instruções de
ensino. O início do século XIX marcou-se pelo movimento da Escola Nova que teve suas
origens no Brasil com o trabalho de Lourenço Filho, grande estudioso da instrução técnico-
profissional e psicologia da infância. Saviani aponta que seus trabalhos foram base para o
desenvolvimento da Escola Nova no Brasil, concluindo que, ao contrário do que muitos
pensam, esse movimento não dá as costas para o foco de produção industrial, porém o cunho
psicológico escolanovista salienta as potencialidades subjetivas, o que distanciou um pouco a
educação da mecanização dos métodos anteriores. Em resposta à fase de maximização da
produtividade capitalista, surge a pedagogia tecnicista, explicitamente focada na formação de
mão de obra braçal ao tornar o ensino o mais objetivo e operacional possível. Minimizando
toda interferência subjetiva, a pedagogia tecnicista coloca como agentes passivos tanto o
professor quanto o aluno, nenhum dos dois tem qualquer tipo de autonomia no processo de
aprendizagem, e assim como operários, devem seguir instruções objetivamente e sem
questionamentos. Em suma, Saviani resume as principais vertentes pedagógicas até agora:
"Do ponto de vista pedagógico, conclui-se que, se para a pedagogia tradicional
a questão central é aprender e para a pedagogia nova, aprender a aprender,
para a pedagogia tecnicista o que importa é aprender a fazer." (SAVIANI)
Por fim, na fase da globalização neoliberal, diante do fracasso das escolas públicas, institui-se
o ensino privado. Nesse contexto, predominam as seguintes categorias:
● Neoprodutivismo: a "pedagogia da exclusão" é o auge da mercantilização da educação
a qual já pressupõe (e lucra) com a competitividade e seus consequentes perdedores,
oferecendo cursos que tornam certos indivíduos mais empregáveis que outros para
escaparem da condição de excluídos. Também sustentada por princípios meritocráticos.
● Neoescolanovismo: está ligado a constante necessidade de atualização exigida pelo
sistema para a empregabilidade, também favorecendo a competitividade.
● Neoconstrutivismo: é o ensino baseado na experiência cotidiana de forma reflexiva,
facilitando o ajuste dos alunos às condições da sociedade.
● Neotecnicismo: foco no ensino essencial para a formação de mão de obra, uso de
tecnologias para adequação à sociedade da informação.

Houve também o sorteio dos grupos para o seminário sobre o tema.

Semana 8: Direito à educação


Estudo do texto de Cury sobre “educação como desafio na ordem jurídica”. Essa aula
teve como foco a importância do direito à educação para todos, tendo em vista que esse direito
é produto de processos sociais levado adiante pelos trabalhadores. No entanto, é evidente que
a nossa cidadania educacional está longe de ser um exemplo, pois convivemos com milhões de
crianças fora da escola ou presentes na escola mas fora da idade apropriada. Inclusive, foi
apresentado em sala inúmeros gráficos de indicadores educacionais que comprovam esse
déficit. Essa situação é histórica, sendo marcada por negligências desde a abolição da
escravidão, onde negros e indios, além de caboclos e migrantes não foram considerados
cidadãos de primeira grandeza e por esse motivo não tiveram acesso aos direitos civis,
incluindo a educação. Somente no início do século XX, é que se pode falar expressamente da
busca de um direito social no Brasil.
A legislação educacional no Brasil como nação independente teve seu início na
Constituição Imperial de 1824, que continha um artigo sobre educação escolar gratuita
reservada exclusivamente aos considerados cidadãos. Ela ocorreu tardiamente e de forma
limitada porque os colonizadores acreditavam que para controlar os negros e indígenas, bastava
apenas fazê-los escutarem a palavra dos outros pela doutrinação ou pela catequese, ou seja, a
educação escolar para eles estava fora de cogitação e a oralidade era predominante. Para os
considerados cidadãos, a primeira lei nacional (imperial) de educação, datada de 1827, regulava
o artigo da gratuidade na constituição no intuito de disseminar as primeiras letras. As primeiras
letras aconteciam nos lares senhoriais, onde os filhos das elites iniciavam na leitura e na escrita.
O Ato Adicional de 1834 descentraliza para as províncias, pobres em recursos e escassas em
autonomia, o encargo das primeiras letras, ou seja, mais um sinal do caráter desimportante que
as elites atribuíam à oferta da educação escolar. No entanto, o ensino superior, por estar voltado
às elites, era claramente atribuído ao poder central, isso nos mostra como a organização da
educação nacional nasceu de cima para baixo.
A Constituinte de 1933 e a Constituição de 1934 vão se moldar a partir do espírito de
maior interveniência do Estado sobre o social, com o objetivo de tentar minimizar as
desigualdades sociais. A Constituição de 1934 incumbe à União, no seu artigo 5o, XIV, a
competência de traçar as diretrizes da educação nacional. A Constituição também dará maior
ênfase à educação como direito do cidadão. A gratuidade do ensino em 1934 já vem associada
com a obrigatoriedade, ambas em âmbito nacional, valendo para o ensino primário, isto é, para
os quatro primeiros anos, mas em 1967, a Constituição Federal as estende para oito anos. O
empecilho nessa mudança está no fato do corpo docente precisar financiar a expansão com o
rebaixamento de seus salários, além da duplicação ou triplicação da jornada de trabalho. Só
após muita luta, a Constituição de 1988 responde a essas demandas, nos limites do alcance da
lei e do sistema federativo. A Constituição de 1988 determina a gratuidade em todo ensino
público, em qualquer dos seus níveis e em qualquer parte do território. A gratuidade passa a
valer também para o ensino médio e superior quando oferecidos pelos poderes públicos.
Mesmo com a Constituição de 1988 apresentando inúmeras soluções para as problemáticas da
educação, é evidente que ainda temos um tortuoso caminho pela frente para alcançar essa plena
igualdade educacional.

Semana 9: Oficina unidade II (seminários): História das ideias pedagógicas no Brasil

Início dos seminários sobre “História das ideias pedagógicas no Brasil”. Início das
apresentações com o Capítulo VIII, pois o grupo VI foi dissolvido. Esse capítulo diz respeito à
pedagogia tradicional e à pedagogia nova. Os integrantes começaram abordando a Reforma
Francisco Campos, que trata a educação como questão nacional e introduz o ensino religioso
nas escolas oficiais pela primeira vez na história da república. Nela, há a marcante aliança entre
a Escola Nova e a Igreja. A partir da Constituição de 1937, que instituiu o Estado Novo, falaram
nomes importantes como Lourenço Filho, com o teste ABC, e Fernando de Azevedo, com a
reforma de ensino.
Lourenço Filho publicou o primeiro livro empenhado em divulgar o ideário renovador
no Brasil, uma introdução para a Escola Nova. Em sua primeira edição, o livro é organizado
em forma de lições: na primeira lição, ele explica o que deve ser entendido como Escola Nova;
nas segunda, terceira e quarta, apresenta os sistemas; na quinta, questões gerais (problemas de
filosofia da educação e política). O educador dedicou-se ao ensino de psicologia e detinha uma
atenção especial à psicotécnica, também ensinou pedagogia. Essa figura-chave no processo de
desenvolvimento e divulgação de ideias pedagógicas da Escola Nova no Brasil também
elaborou os testes ABC, que visam verificar a maturidade necessária para o aprendizado da
leitura e da escrita.
Já Fernando de Azevedo, educador que ganhou notoriedade na educação a partir do
inquérito sobre a situação dela no estado de São Paulo, dirigiu o Instituto de Educação do
Distrito Federal (1932-1937) e promoveu, em sua gestão, reformas que tornaram tal instituição
a primeira pública a ser integrada plenamente nos princípios escolanovistas. Além desse
instituto, dirigiu a educação pública mais três vezes, duas no estado de São Paulo e uma no
município. Um grande feito de Azevedo foi, também, participar da fundação da USP.
Em 1928, ele manifestou introduzir a disciplina de Sociologia no currículo
escolanovista. Foi o principal divulgador do movimento brasileiro da Escola Nova, esse
autodidata de diversificados interesses intelectuais. Foi apresentada sua reforma do ensino em
alguns princípios: escola única (gratuita e pública), em que o aluno entrava aos 7 anos de idade
e durava 7 anos; escola do trabalho e escola comunidade.
O capítulo abordou também o educador Anísio Teixeira. Para ele, o estado deve agir
como um regulador e não só espectador da educação. Anísio não tinha visão elitista, a educação
era a chave para a transformação da sociedade, mas não era acessível. Pregava que a educação
é um elemento essencial para a transformação da sociedade e a adoção de um sistema escolar
público, gratuito, obrigatório e leigo. Tinha claros confrontos com os interesses da ditadura
civil-militar e do estado novo.
Foi apresentado também o manifesto dos pioneiros da escola nova, seus antecedentes e
como ocorreu. Foi interessante a crítica que o grupo fez sobre o manifesto, pois ele foi criado
em poucos dias e por poucas pessoas. Falaram sobre o manifesto e a divisão administrativa do
sistema, da função educacional, das bases psicoeducativas.

Imagem 6

Da esquerda para a direita: Maria Clara de Carvalho, Isabella Uchôa, Yogi Medeiros, Raphael Willian Silva e
Emilly Ferreira apresentando o cap. VIII. Além deles, há também o integrante Jomar Fabio Silva, que chegou
um pouco mais tarde.

Semana 10: Oficina unidade II (seminários): História das ideias pedagógicas no Brasil
Apresentação do capítulo IX e do capítulo X. O grupo do Capítulo IX, de nome
“Predominância da pedagogia nova (1947-1961)” apresentou quatro tópicos: Clemente Mariani
e a primeira lei de diretrizes e bases da educação nacional; O conflito escola particular versus
escola pública; O manifesto “mais uma vez convocados” e Predomínio da pedagogia nova e
renovação católica. Basicamente, apresenta as correntes liberais, fala sobre como a tendência
socialista garante o funcionamento das escolas públicas, o financiamento do estado, o
monopólio da educação, o predomínio de novas ideias, os efeitos do término do governo de
Getúlio, o manifesto que reforça a ideia de escola pública e a LDB, constituição que dura até
1971.
O grupo do capítulo X começou abordando, em seu primeiro tópico, a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Brasileira (LDB) do João Goulart, de 20 de dezembro de 1961. Tal lei
instala o Conselho Federal de Educação (CFE), elabora o Plano Nacional de Educação, eleva
para 12% a obrigação mínima dos recursos federais para o ensino, descentraliza o ensino e cria
três fundos: Ensino Primário, Ensino Médio e Ensino Superior.
Já na Ditadura Militar, há a lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, de Médici. Nela, há a
obrigatoriedade do 2° grau, valorização das áreas tecnológicas e desvalorização das áreas
humanas.
Posteriormente, no governo de Fernando Henrique Cardoso, há a lei 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que promove a autonomia das universidades e escolas, valorização do
magistério e autonomia dos sistemas de ensino. Também nesse governo, há a criação da
FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização
dos Profissionais do Magistério), que buscou universalizar o ensino fundamental, remunerar
dignamente o magistério, destinava 15% dos impostos e durou 10 anos, mas atendia somente
o ensino fundamental, ao contrário do seu sucessor, o FUNDEB.
O FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação), que foi implementado já no governo Lula,
reservou um mínimo de 60% dos recursos totais do fundo para o pagamento de professores em
atividade.
Já no segundo tópico, o grupo tratou da CADES (Campanha de Aperfeiçoamento e
Difusão do Ensino Secundarista) e de Lauro de Oliveira Lima, educador que produziu uma
série de materiais didáticos compilados no livro A Escola Secundária Moderna (1962), cujo
prefácio foi escrito por Anísio Teixeira. Nele, são abordados os seguintes temas: como
estruturar a escola secundária; como ativar os processos escolares; promover e integrar ações
entre docentes e discentes; como organizar a comunidade escolar; como orientar a
aprendizagem e como utilizar as ferramentas de verificação do rendimento escolar. É utilizado
um método multissemiótico, didático, esquemático e prescritivo.
No terceiro tópico, o grupo abordou o ISEB. Contextualizando, falou sobre a
polarização entre a escola pública e a privada e as ideologias nacionalista de direita e
internacionalista de esquerda em disputa. Após o golpe de 1930, ocorre a elaboração do
nacional-desenvolvimentismo pelo Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). De acordo
com Caio Navarro de Toledo, o instituto divide-se em três fases: pré Juscelino Kubitschek,
durante JK e no governo João Goulart.
No quarto tópico, sobre cultura e educação popular, abordam campanhas voltadas para
o analfabetismo, o conceito de educação popular e suas bases ideológicas. No quinto, sobre
Paulo Freire e a emergência das ideias pedagógicas libertadoras, o grupo conta brevemente um
pouco da jornada do doutor e fala sobre seus livros “Educação como prática de liberdade” e
"Pedagogia do oprimido”, focando mais no primeiro. Falaram do desenvolvimento e
valorização do olhar crítico e do método de alfabetização. No sexto tópico, sobre o apogeu e
crise da pedagogia nova, falaram sobre a pedagogia renovadora da década de 1960, a renovação
no ensino da Matemática e das Ciências e o apogeu e a crise dessa renovação. No sétimo e
último, encerraram falando sobre o Ipes e a articulação da pedagogia tecnicista.

Semana 11: Oficina unidade II (seminários): História das ideias pedagógicas no Brasil

Foi o dia da nossa apresentação. Capítulo XI e Capítulo XII. O Grupo XI fez uma
contextualização histórica do grupo do dia 25/10 e do contexto tecnicista e assim houve uma
espécie de link para conseguirmos compreender melhor como esses ideais se complementam.
Esse grupo tratou da educação na ruptura política para a sociedade socioeconômica,
primeiramente apresentando distinções elementares entre a pedagogia nova e a tecnicista, e em
seguida, o contexto histórico-político da transição de uma para a outra, colocando em destaque
as questões político-econômicas estadunidenses. Além disso, o grupo apresentou as distinções
entre forma de estado, tipo de estado e regime político, colocando em primeiro plano os regimes
políticos: nacionalismo autoritário, nacionalismo liberal, internacionalismo autoritário e
internacionalismo liberal. Em seguida, são apresentados o conceito de ONP e "a perspectiva
brasileira do mundo" segundo Golbery, interligando esses tópicos à formulação da Doutrina de
Segurança Nacional no Brasil. Esse acontecimento, junto ao Governo Kubitschek,
intensificação do conflito de classes, levantes de esquerda e posse de Jango foram elementos
essenciais para o Golpe de 1964. Com o Golpe, predomina decididamente a concepção
produtivista da educação com a Reforma Universitária, implementação da pós-graduação,
implementação de habilitações técnicas no curso de pedagogia e instituiu-se a pedagogia
tecnicista. Entre os anos 70 e 80, entretanto, o modelo passou a ser criticado, e nos anos 90
institui-se o Projeto Darcy Ribeiro com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
e em 2001, o novo Plano Nacional da Educação. Darcy Ribeiro em seu projeto defendia as
escolas públicas, a educação inclusiva e social e também a causa indígena.
O Capítulo XII foi apresentado pelo nosso grupo, incluindo Ana Luiza e Sofia Cabral.
Tratamos sobre o tema “pedagogia tecnicista, concepção analítica e visão crítico-
reprodutivista”. Inicialmente, abordamos o contexto histórico da época e a necessidade do
governo ditatorial de produzir mão de obra qualificada para o mercado de trabalho, pois um de
seus propósitos era o desenvolvimento econômico do país, sendo a educação um entrave para
a realização dessa meta devido aos déficits (alta evasão e repetência escolar) encontrados no
sistema de ensino. Com a inserção de empresas internacionais no Brasil, houve a necessidade
de elevar o ensino para essa nova realidade fabril, por esse motivo adotaram o modelo
pedagógico tecnicista.
A pedagogia tecnicista tem como elemento principal a organização racional dos meios
(técnica), ou seja, o professor e o aluno ocupam um papel secundário. Esse modelo pretende
objetivar o trabalho pedagógico para minimizar as interferências subjetivas que podem pôr em
risco a sua eficiência. Para isso, é preciso operacionalizar e mecanizar o processo, isto é,
controlá-lo para que o aluno precise apenas executar determinadas tarefas sem questionar o
sistema e a fragmentação a qual está imerso. É basicamente a ideia do “se eu domino a técnica,
então eu controlo o resultado”. Nessa perspectiva, é evidente que a padronização desse ensino
não foca na realidade do aluno e sim em tentar moldá-lo. Por esses motivos essa pedagogia não
deu totalmente certo e serviu para aumentar o caos da educação, além de tornar a prática
educacional quase inviabilizada com tantas fragmentações e cobranças.
Ao mesmo tempo que se deu o avanço e predomínio da pedagogia tecnicista se
desenvolveu a concepção analítica da filosofia da educação. Mas essas duas não são do mesmo
tipo, embora ambas se baseiem nos mesmos pressupostos de objetividade, racionalidade e
neutralidade colocadas como condição de cientificidade. A filosofia analítica se desenvolveu a
partir do positivismo lógico e estava preocupada com as linguagens formalizadas ao querer
superar as ambiguidades presentes na linguagem comum e corrente, assim buscavam construir
linguagens artificiais submetidas a critérios rigorosos durante toda a metade do século XX.
Posteriormente surgiu uma reação a essa preocupação com o movimento chamado de "análise
informal da linguagem”, foi um marco importante porque daí passou-se a dar importância a
análise lógica da linguagem comum, não formalizada. Apenas no âmbito do movimento da
lógica informal que o pensamento analítico pode admitir a filosofia da educação como
disciplina autônoma. Em 1960 surgiram diversos estudos sobre esse tema.
Abordamos por fim, a visão crítico-reprodutivista que surgiu na década de 60. É crítico
porque defende que não é possível compreender a educação desvinculada de seus
condicionantes sociais e reprodutivista pois conclui que a função da educação é reproduzir o
sistema vigente. Não traz soluções para os problemas mas uma visão crítica deles. Crítica a
pedagogia tecnicista e desmistifica a ideia da autonomia da educação.

Imagem 7

Primeiro slide da nossa apresentação (junto a Ana Luiza Jesus


e Sofia Cabral) sobre o capítulo XII.

Aula extra - Com o vídeo “educação e poder”, além de um fórum para os alunos
responderem através de suas impressões sobre o vídeo.

Imagem 8
E-mail enviado aos alunos sobre a aula extra.

Durante o vídeo, foram evidenciadas perspectivas para a educação no século XXI, cujos
teóricos evidenciados foram Pierre Bordieu (que, em sua teoria, fala que a escola reproduz
mecanismos de segregação e estruturas sociais, prioriza a cultura dominante e reproduz legados
econômicos e simbólicos e que só os alunos de classes sociais superiores conseguem atender
às expectativas, tornando a competição escolas inevitável e injusta), Edgar Norin (em sua
teoria, enuncia que a classe escolar é um local heterogêneo e evidencia 7 saberes principais
para ultrapassar os conteúdos disciplinares fragmentados e pensar sobre o verdadeiro
significado de conhecimento), Demerval Saviani e José Carlos Libâneo (que pregam uma
escola que permita entender a sociedade para transformá-la e comparam as tendências
reprodutora e transformadora); as principais correntes pedagógicas do século XXI (a pedagogia
das competências, que foca nas habilidades adquiridas pelos jovens para a inserção no mercado
de trabalho, e a pedagogia das diversidades, que luta contra a exclusão escolar); pedagogia
versus técnicas de ensino (listando como exemplo da última o EAD, Ensino Remoto e Ensino
Híbrido) e algumas promessas para educação (cujas principais são o compromisso de
investimento mundial na educação, na erradicação do analfabetismo, na superação dos
preconceitos de gênero e um currículo elaborado e desenvolvido de forma crítica,
contextualizada e democrática).

Semana 12: Oficina unidade II (seminários): História das ideias pedagógicas no Brasil
Últimos grupos, capítulos XIII e XIV. O grupo do Capítulo XIII evidenciou a
necessidade do surgimento de uma pedagogia contra-hegemônica, fez uma crítica à pedagogia
reprodutora e se voltou à hegemonia capitalista. Expôs a inauguração de instituições
importantes, conferências brasileiras de educação e a circulação de ideias pedagógicas. No
ponto de vista dessa pedagogia, a escola é imperfeita e é preciso resolvê-la sem procurar um
modelo pronto para aplicar.. Quanto à pedagogia da “educação popular”, prega-se uma
educação do povo e para o povo, concebem a autonomia popular e questionam a realidade em
que está inserido. Foi exposta também a pedagogia histórico-crítica, em que a educação é
entendida como mediação no seio da prática social global. No método, há a instrumentação,
que seria o instrumento teórico para a compreensão e solução, e a catarse, que seria como isso
ocorre na vida do aluno.
No grupo do Capítulo XIV, chamado “O neoprodutivismo e suas variantes:
neoescolanovismo, neoconstrutivismo, neotecnicismo”, foi abordado, primeiramente, a
Conferência Brasileira de Educação (CBE) de 1990, que encerrou uma fase da história das
ideias pedagógicas no Brasil. O cenário cultural era o pós-moderno e o econômico-político era
o neoliberalismo, o ultraliberalismo e o monetarismo. Houve também o fracasso da escola
pública somado à iniciativa privada regida pela lei do mercado.
No tópico das bases econômico-pedagógicas: reconversão produtiva, neoprodutivismo
e a “pedagogia da exclusão”, foi abordada a hegemonia do produtivismo, que teve suas raízes
na década de 70 e estabeleceu-se na década de 90 e o contexto histórico da época, a começar
pela crise do capitalismo da década de 70 e o estabelecimento do toyotismo. Na pedagogia da
exclusão, o acesso a diferentes graus de escolaridade dá ao indivíduo apenas o status de
empregabilidade, mas não lhe garante emprego, pois não há emprego para todos. Há também
a automação dos processos produtivos.
Já o tópico das bases didático-Pedagógicas: O “aprender a aprender” e sua dispersão
pelos diferentes espaços sociais, trata do Neoescolanovismo. Começam apresentando o
Escolanovismo, que tem como lema o “aprender a aprender- buscar o conhecimento, e não
somente decorar os conteúdos”, pregando o protagonismo do aluno. Já o Neoescolanovismo
prega a capacidade de adaptação e de aprender a aprender e reaprender.
O grupo abordou também o Neoconstrutivismo, que possui como bases
psicopedagógicas o Construtivismo {“[...] teoria do conhecimento cuja ideia central é a ação
como ponto de partida do conhecimento.” (SAVIANI, 2013, p. 434)}, o escolanovismo e a
reorientação das atividades construtivas da criança (neodutivismo).
Já o tecnicismo e o neotecnicismo têm como empenho introduzir a pedagogia das
competências em escolas e no ambiente de trabalho, para assim valorizar o capital. Houve uma
releitura de tudo o que foi visto: escola tradicional, nova e tecnicista.
Concluímos ao longo dos seminários que as pedagogias hegemônicas voltadas para o
mercado de trabalho são as que prevalecem.

Imagem 9

Na foto, Ana Beatriz e Micarla Marques apresentam o capítulo XIV. No


grupo, há também Arthur de Lima, Letícia Mota, Rute Cândido e Felipe
Noronha.

Semana 13: Educação e Sociologia

Estudo do texto sobre “o que é a Sociologia”. O texto desenvolve as bases introdutórias


da Sociologia como seu conceito, importância, origem e primeiros sociólogos. Sendo assim, a
Sociologia é o estudo das sociedades, dos grupos e da vida social, possibilitando uma visão
ampla da realidade e do comportamento humano de acordo com contextos históricos,
econômicos, sociais, etc. É apresentado o termo "estrutura social" que diz respeito à macro-
organização da sociedade, responsável pelo funcionamento da economia, pela padronização de
comportamentos e consolidação de ideologias. Como efeitos práticos da Sociologia em nossas
vidas, cita-se a consciência de diferenças culturais, desenvolvimento de senso crítico político
e auto-esclarecimento. Para nosso grupo, o estudo sociológico permite um olhar diferenciado
para o mundo em que vivemos e para nós mesmas tendo colaborado para nossa formação
crítica, por isso, vemos a Sociologia como uma disciplina importantíssima para o
reconhecimento do indivíduo como ser político para que ele possa tomar atitudes
transformadoras e exercer sua cidadania.
A Sociologia surgiu entre os séculos XVIII e XIX, influenciada pelas Revoluções
Francesa e Industrial e as amplas transformações advindas desses cenários históricos. Nesse
sentido, August Comte inventou a palavra "sociologia" e desenvolveu o positivismo, primeira
tendência sociológica estudada na disciplina. Segundo ele, a sociedade se conforma com leis
invariáveis assim como o mundo físico, logo, essas leis poderiam ser constatadas com base no
método científico, observando apenas evidências empíricas. Seu sucessor Émile Durkheim
também acreditava que a sociedade deveria ser estudada tão objetivamente quanto a natureza,
entretanto, considerava a teoria de Comte vaga e incompleta. Durkheim determinou o conceito
de fato social: aspecto social que modela ações dos indivíduos, como a economia e a religião,
os quais exercem um poder coercitivo sobre o indivíduo. Os fatos sociais deveriam ser a maior
preocupação do sociólogo, que deveria analisá-los abdicando de qualquer preconceito ou
ideologia para um estudo, de fato, científico.
Karl Marx vai ter pensamentos completamente diferentes dos dois anteriores. A partir
do método materialista histórico-dialético, Marx analisou o funcionamento e evolução da
sociedade tendo em vista a luta de classes, combustível das grandes revoluções. Para ele, a
classe dominante (burguesia) e a classe oprimida (proletariado) convivem em um eterno atrito
e codependência desigual, caracterizando uma relação de exploração. Já Max Weber
discordava do método materialista, pois para ele, os valores e ideias tinham tanta relevância
quanto os fatores econômicos. Segundo Weber, a Sociologia deveria concentrar-se na ação
social, ou seja, nas motivações e ideias humanas que moldam as estruturas. Como exemplo,
para Marx, o capitalismo é produto da luta de classes, enquanto para Weber, o capitalismo é
consequência do processo de racionalização humana através da ascensão da ciência e da
burocracia.

Semana 14: Oficina unidade III (portfólio)


Orientações para portfólio.

Semana 15: Entrega do portfólio.


Referências:

BRANDÃO, Carlos. O Que é Educação. São Paulo: Editora Brasiliense, 1981.

ANNE with an E [Seriado]. Direção: Niki Caro, Anne Wheeler, Helen Shaver, Ken Girotti,
Paul Fox. Produção: Susan Murdoch, Jane Maggs, Moira Walley-Beckett, Naledi Jackson.
Canadá: CBC e Netflix, 2017-2020. son., color.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Conceito de educação. In: _____. Filosofia da educação.
São Paulo: Moderna, 1996. p. 50-55.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia e educação: elucidações conceituais e articulações. In:


______. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez Editora, 1994. p. 33-50.

CAMPANICULTURAL.COM.BR; Charge. Disponível em <


https://www.campanicultural.com.br/2016/10/a-meritocracia-seletiva_8.html >. Acesso em 9
de Dezembro de 2022.

O SORRISO DE MONALISA. Direção: Mike Newell. Produção: Estúdio Revolution


Studios, Columbia Pictures e Red Om Films Productions. Estados Unidos: Sony Pictures
Motion Picture Group, 2003. Streaming.

SAVIANI, Dermeval. Trabalho didático e história da educação. In: _____. Aberturas para a
História da educação. Campinas: Autores Associados, 2013. p. 173-194.

CURY, Carlos Roberto Jamil. A educação como desafio na ordem jurídica. In: LOPES, Eliana
Marta Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes. VEIGA, Cynthia Greive. (orgs.). 500 anos
de educação no Brasil. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 567-584.

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores


Associados, 2007.

MENEGUELLO, Cristina. Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da


Educação - A educação e seu poder. Youtube, 4 mar. 2021. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=QWZQa0oAmZQ.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Você também pode gostar