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Universidade Do Estado Do Rio Grande Do Norte - UERN

Campus Avançado de Pau dos Ferros - CAPF


Departamento de Educação - DE
Curso: Pedagogia - 1º Período
Disciplina: Fund. Socioeconômicos da Educação
Docente: Josefa Aldaceia Chagas de Oliveira
Discentes: Laura Milena Soares e Maria Verônica C. Vieira

AVALIAÇÃO DA II UNIDADE:
PRODUÇÃO TEXTUAL SOBRE O FILME ESCRITORES DA
LIBERDADE

PAU DOS FERROS/RN


2022
LAURA MILENA SOARES
MARIA VERONICA CARVALHO VIEIRA

AVALIAÇÃO DA II UNIDADE:
PRODUÇÃO TEXTUAL SOBRE O FILME ESCRITORES DA
LIBERDADE

Trabalho apresentado à disciplina de Fund.


Socioeconômicos da Educação do Curso de
Pedagogia da UERN (CAPF), sob orientação da
Profª Josefa A. C. de Oliveira, como requisito
parcial para a obtenção da nota da II unidade.

PAU DOS FERROS/RN


2022
O filme “Escritores da Liberdade”, gravado em 2007 nos Estados Unidos, foi
dirigido por Richard LaGravenese, apresentando um roteiro redigido pelo mesmo em
parceria com Erin Gruwell. A obra cinematográfica estadunidense, percorre em
meados de 1992, no que tange as realizações face à adversidade, narra o drama
baseado em acontecimentos reais vividos pela professora Erin Gruwell, recém
formada e que precisa encarar uma sala de aula com alunos que irá desafia-lá a
repensar o método de ensino e suas práticas pedagógicas, visto que o modelo
educacional tradicional, proposto de início por Gruwell, vai de desencontro com as
perspectivas de vidas daqueles alunos, tendo em vista que esses educandos advém
de contextos sociais completamente sucateados e marginalizados, sendo
negligenciados pelo Estado, deixando tais adolescentes desamparados numa cidade
com um cenário caótico, construída por uma onda de violência entre gangues e os
altos níveis de tensões e segregações raciais.
Estes alunos frequentam uma escola privada que fazia parte do programa de
integração, no qual representava acolher alunos de diferentes etnias em uma mesma
sala, na tentativa de conseguir uma comunicação entre os educandos. Não obstante,
o modelo de integração que estava vigente na Escola Wilson, possuía traços de
discriminação, tendo em vista que havia salas “especiais” e bem estruturadas para os
alunos com melhor desempenho escolar, e a maioria dos professores preferiam
ensinar aqueles tipos de alunos. Logo, havia do outro lado, a turma dos
“problemáticos” ou até mesmo; “os que não valiam a pena perder tempo ensinando”.
A professora Erin Gruwell, teve que enfrentar a classe dos excluídos, um mesclado
de todos aqueles alunos rejeitados, sendo composta por: afro-americanos, latinos,
cambojanos, vietnamitas, adolescentes esses que cresceram em vizinhanças
agressivas e envolviam-se em gangues.
No início, a educadora possuía uma certa timidez, tendo em vista que era a sua
primeira vez na sala de aula, frente a uma turma agudamente desafiadora. No entanto,
apesar de tudo, principalmente de toda inexperiência, sua vocação para o magistério
vai se construindo de acordo com os desafios e diferenças que ela encontra entre os
alunos e ao lidar com a burocracia e o conservadorismo dos funcionários do sistema
pedagógico da escola, sistema esse que era visivelmente falho.
Fazendo uma analogia das dificuldades didática-metodológicas pertinentes nos
métodos que constituíram a prática dentro da sala de aula enfrentada pela professora
Gruwell, é possível verificar que são desafios presentes até os dias atuais. Tendo em
análise algumas teorias desenvolvidas pela classe dominante, podemos perceber que
o sistema pedagógico da escola apresentada no filme, vai de encontro com a “Teoria
do capital humano” desenvolvida por Theodore Schultz (1956), no qual a escola está
inserida dentro no paradigma do consenso, exercendo uma educação homogênea e
padronizada, desprezando todas aquelas outras identidades e narrativas de vidas que
não se encaixavam no padrão.
Do outro lado, sob uma perspectiva completamente revolucionária, entra em
cena os métodos da professora Erin, fundamentada pelo paradigma do conflito e por
suas compreensões ontológicas e epistemológicas, passa a dar o verdadeiro
significado a educação, saindo do modelo padrão e fomentando a reflexão dos
educandos dentro do próprio contexto de vida de cada um, sempre os ensinando muito
além de conteúdos básicos, trazendo para classe todo o aparato social de seus
alunos, demonstrando a importância da tolerância, do respeito e da relevância de
investir nos sonhos que eles têm dentro do coração. Dessa forma, juntos, vão
construindo uma educação com ênfase na aprendizagem efetiva.
De início, os alunos tentam revidar à essa metodologia proposta por Gruwell,
demonstrando desinteresse e descredibilizando os métodos propostos por ela, afinal
era uma professora branca tentando ensiná-los através de paradigmas totalmente
diferentes dos que eles já estavam habituados. Com isso, pode-se perceber que ela
se preocupava com o que os alunos aprendiam, tendo como fundamento principal o
diálogo com eles, buscando sempre os ouvir e entendê-los nas suas dificuldades de
aprendizagem. É válido fazer uma correlação da metodologia utilizada por Gruwell
com a descrita por Paulo Freire em seu Livro “Pedagogia da Autonomia”, onde ele
ressalta a importância e necessidade de se estabelecer essa escuta na educação. Em
outras palavras, Freire (1996, p. 43) afirma: “[...] é escutando que aprendemos a ferir
com eles. Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele. Mesmo
que, em certas condições, precise de falar a ele”. Com isso, a educadora passou a
reconsiderar seus métodos, ouvindo-os, para que pudesse apaziguar a relação e unir-
se a eles.
Relacionando outro ponto do filme com Paulo Freire (1996), onde o mesmo
frisa em uma frase que “mudar é difícil, mas é possível” (p. 31), pode-se notar que no
decorrer do filme a professora Erin segue essa mesma linha de pensamento,
acreditando que é possível mudar as perspectivas dos alunos em relação à escola e
aos meios e métodos propostos por ela para inseri-los em uma aprendizagem efetiva.
Percebe-se o início desse desejo incessante por mudança no momento em que ela
distribui diários aos alunos, para que todos eles possam escrever sobre seu cotidiano
e relatar, também, experiências já vividas de forma livre e sem imposições. Também
os induziu a ler livros, alguns com a narrativa semelhante à história de vida deles, indo
contra o sistema da escola e sem o consentimento da diretora, muitas vezes
trabalhando em outros expedientes para custear os livros por conta própria.
Outrossim, a professora Gruwell utiliza o exemplo do “Diário de Anne Frank”
para fazer com que eles pudessem se sentir representados e para elucidá-los a
respeito de diversas questões, principalmente por relatar a história de uma garota de
13 anos, idade próxima à deles, que também enfrentou um sistema opressor, que
perseguia e propagava ódio desprovido de um fundamento concreto. Mostrando aos
alunos que o preconceito é algo tão opressivo que atinge as pessoas pela cor da pele,
pela religião, pela classe social e por diversos outros quesitos.
Outro momento importante do filme, que merece destaque, é o fato de que a
professora Erin, desde o início, buscou relacionar os conhecimentos preexistentes dos
alunos com os conteúdos que seriam ministrados, os motivando internamente e
fazendo com que houvesse uma troca de saberes, constituindo o interesse dos alunos
em assistir e participar das aulas. À vista disso, pode-se perceber que os meios e
métodos propostos por Erin foram eficazes, os alunos que demonstravam pouco ou
nenhum interesse, passaram a ser assíduos nas aulas. Tornando a mencionar Paulo
Freire, é valido ressaltar a iminente relação do filme “Escritores da Liberdade” com os
escritos desse grande teórico brasileiro, A professora Erin Gruwell a todo momento se
firmou dessas práticas pedagógicas transformadoras e libertadoras, as quais Freire
sempre defendeu, acreditando que a educação não é opressora, mas revolucionária.

Posto isto, que os futuros educadores possam fazer brotar uma “Erin Gruwell”
dentro de si, que possam sempre acender uma velinha na escuridão que venha a
existir dentro dos educandos, ouvindo-os pacientemente e inovando nas condutas
pedagógicas para que a educação do futuro seja transformadora. Afinal, Freire (1996,
p.21) manifesta que “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Que, através dessa
frase, os professores possam fazer uma tomada consciente de decisões, afim de
proporcionar uma troca mútua entre ensino-aprendizagem, para que se construam
lado a lado diariamente
REFERÊNCIAS

ESCRITORES DA LIBERDADE. Direção e produção de Richard LaGravenese. Estados Unidos, 2007.


Duração: 123 min. Gênero: Drama. Disponível em: https://www.primevideo.com/detail/Escritores-da-
Liberdade acesso em: 11 set 2022.
RAMOS, Silva. Uma análise brasileira do filme “Escritores da liberdade” Disponível em:
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/10183/14/20.pdf Acesso em: 18 set 2022.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.

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