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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ANA CAROLINA SOUZA NAZARI9O SACRAMENTO

PEDAGOGIA DE FREIRE NA FORMAÇÃO DOCENTE

LAURO DE FREITAS
2024
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ANA CAROLINA SOUZA NAZARIO SACRAMENTO

PEDAGOGIA DE FREIRE NA FORMAÇÃO DOCENTE

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do título de Pedagoga.

LAURO DE FREITAS
2024
PEDAGOGIA DE FREIRE NA FORMAÇÃO DOCENTE

Ana Carolina Souza Nazario Sacramento

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- A formação dos professores é algo preocupante, pois quando estes aprimoram suas práticas
na sala de aula, os alunos aprendem sempre. Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira, reconhecido
pela Educação de Jovens e Adultos e conhecido como Pai da pedagogia moderna, revolucionou a
educação com métodos inovadores de ensino, que facilitavam o aprendizado permanente, deixando de
lado mecanismos metódicos e robotizados. Freire destaca a importância de uma abordagem crítica e
reflexiva na formação de professores. Ele argumenta que os educadores devem ir além da simples
transmissão de conhecimento e se tornarem facilitadores do processo de aprendizagem, capacitando os
alunos a questionar o mundo ao seu redor e a se tornarem agentes de mudança social. Por meio de
revisões bibliográficas, este artigo visa a mostrar como os professores podem aprender, aprimorar e
utilizar os métodos freirianos aliados à formação continuada.

PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores. Paulo Freire. Prática pedagógica.


INTRODUÇÃO
A pedagogia de Paulo Freire, renomado educador brasileiro, tem sido uma fonte
inesgotável de inspiração e reflexão para aqueles envolvidos na formação de
professores ao redor do mundo. Seu trabalho revolucionário e suas ideias sobre
educação como prática libertadora têm desafiado concepções convencionais e
delineado novos caminhos para a formação de educadores comprometidos com a
justiça social e a transformação pessoal e coletiva.
No livro "Pedagogia do Oprimido" (1970), Freire delineou suas ideias sobre
educação como um ato político e libertador, argumentando que a prática educativa
deve ser voltada para a conscientização e a libertação dos oprimidos. Ele propôs uma
abordagem pedagógica baseada no diálogo, na reflexão crítica e na práxis, a
integração entre teoria e prática, como caminho para a emancipação humana.
Neste artigo, explora-se a relevância contínua da pedagogia de Freire na
formação docente contemporânea. Partindo de uma análise crítica de seus principais
conceitos e princípios, buscamos destacar sua aplicação prática e suas implicações
para a construção de uma prática pedagógica autêntica e significativa.
Segundo Freire, a formação docente não pode ser apenas um puro treinamento.
Não há formação docente sem o sentimento e a vontade do ser professor: o sentimento
deve estar aliado à prática, é preciso aprender a ouvir os discentes:
O que importa na formação docente não é a repetição mecânica do
gesto, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos sentimentos, das
emoções, do desejo, da insegurança a ser superada pela segurança, do medo
que, ao ser “educado”, vai gerando a coragem. (FREIRE, 1996)

Freire defende a ideia de que o ser humano constrói conhecimento mediante o


meio em que está inserido. O discente é um ser “social e histórico” (FREIRE, 1996,
p.42). Isso é aprendizagem, resultado do conhecimento específico aliado ao uso de
instrumentos criativos e uma boa prática de ensino que proporciona conhecimento
permanente que jamais sairá da mente dos discentes. Aprendizagem não pode estar
aliada a antigos mecanismos de passar informação, copiar, decorar e avaliar.
O presente artigo constitui-se uma pesquisa bibliográfica qualitativa. Inicialmente,
será apresentado uma breve visão geral da vida e obra de Paulo Freire,
contextualizando suas contribuições no campo da educação e sua influência duradoura
na formação de professores. Em seguida, examinou-se de forma mais detalhada alguns
dos conceitos-chave de sua pedagogia, tais como conscientização, diálogo, práxis e
humanização, e discutimos sua relevância para a formação docente.
Além disso, foi explorado os desafios e as possibilidades envolvidos na
implementação da pedagogia freiriana na formação de professores em diferentes
contextos educacionais. Destacou-se a importância da reflexão crítica, do engajamento
político e da construção de relações de respeito e igualdade no processo formativo.
Por fim, conclui com uma reflexão sobre o potencial transformador da pedagogia
de Freire na formação docente e sua capacidade de inspirar uma nova geração de
educadores comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária
e democrática.

1. PAULO FREIRE

1.1 Sua formação

Antes de explorarmos a aplicação da pedagogia de Freire na formação


pedagógica, é importante compreendermos o contexto histórico e filosófico no qual
suas ideias foram desenvolvidas.
Nascido em Recife em 1921, Paulo Freire teve uma irmã e dois irmãos mais
velhos. Veio de uma família de classe média, porém vivenciou a fome durante a
infância, devido a problemas econômicos no ano de 1929. Alfabetizado por sua mãe
com pequenos galhos de árvore no quintal de casa, com palavras do seu cotidiano que
estava acostumado a ouvir, Freire fala como foi importante esse momento para sua
vida no futuro e como essa forma de aprender interferiu na criação de sua metodologia
de ensino. Valorizando sempre os seus mestres, lembra com carinho de sua primeira
professora, como ela ensinava com carinho e amorosidade.
Devido à crise, a sua mãe teve que se esforçar muito para encontrar uma escola
em que ele pudesse estudar gratuitamente. Os seus irmãos tiveram que trabalhar
desde cedo para que Freire conseguisse dar continuidade aos seus estudos. Na
adolescência, teve o desejo despertado pela língua portuguesa e ingressou no
magistério como professor de Português. Aproveitou ao máximo esse período para
aprofundar a leitura e fazer pesquisas sobre português e gramática.
Ao terminar a educação básica, Freire ingressou na Faculdade de Direito. Ainda
cursando, casou-se com sua colega de trabalho Elza Maria Costa de Oliveira,
professora primária, que despertou em Freire o desejo pela pedagogia. “Ela influenciou-
me enormemente. Assim, meus estudos linguísticos e meu encontro com Elza
conduziram-me à pedagogia.” (Freire, P. e Macedo, D. 1990, p. 109, apud Centro Paulo
Freire Estudo e Pesquisa) trabalhando juntos, formaram uma ótima parceria. Durante o
tempo em que cursava direito, não exerceu a profissão. Continuou lecionando e,
encantado com a pedagogia, nem sequer concluiu o curso de direito, abandonado no
último semestre.
É notório que o início da vida de Paulo Freire, a forma como foi educado, a
convivência com a pobreza, a relação com sua irmã e sua esposa, ambas professoras
primárias, e suas pesquisas com olhar crítico, durante a faculdade, o influenciaram
bastante para que ele descobrisse um método tão inovador de aprendizado.

1.2 Princípios Fundamentais da Pedagogia Freiriana

Em 1947, Freire recebeu um convite que daria início à sua história como
revolucionário da educação, ao ser chamado a assumir a diretoria do SESI com um
projeto de alfabetizar jovens e adultos da indústria, junto com sua equipe, pôde
exercitar e amadurecer suas ideias revolucionárias.
O método educacional de Freire consiste num “método analítico-sintético, o da
palavração (que já existia), cujos princípios científicos são de ordem psicológica
(capacidade de reter o conjunto, o todo) e metodológica (a globalização do ensino)”
(RAMEH, 2005, p. 2). Paulo Freire é o primeiro a demonstrar interesse pela classe
popular. No seu método, ele ouve o povo e faz uso de palavras do próprio cotidiano do
discente para educar. Quebrou a rigidez do ensino, distribuindo os alunos em círculo,
empregando trabalhos em grupo com debates, conversas e grupos de estudos que
facilitavam o diálogo. Os alunos se sentiam à vontade para expor seus conhecimentos
populares, até então desprezados como conhecimento pela sociedade; Freire explorava
o meio em que os educandos viviam, apropriava-se do vocábulo deles para alfabetizá-
los e politizá-los. Trata-se de uma pedagogia dialética e libertadora, em que a troca de
sabes entre o educando e o educador é constante, dando liberdade a este último de
criar suas próprias ideias.
O resultado da prática desse novo método de ensino ocorreu em 1963, no Rio
Grande do Norte, quando ensinou 300 adultos a ler e escrever em 45 dias. O sucesso
foi tão grande que Freire foi convidado pelo presidente da época, João Goulart, a
expandir sua pesquisa e pô-la em prática em todo o país com um plano de ação de
alfabetização em massa.
Sobreveio o golpe militar, e o plano de alfabetização de Freire não interessava
aos militares. Desse modo, ele foi acusado de traidor e exilado, mas isso não abalou o
mestre e ele aproveitou o exílio para expandir seu trabalho no exterior. Durante o
período de 1964 a 1980, Freire aplicou e inovou sua metodologia de ensino, além de
publicar livros em diversos países da América Latina, nos Estados Unidos e
principalmente na África, onde ajudou a população pobre.
O método freire não visava apenas a alfabetizar. A meta era o meio social em que o
alfabetizando encontrava-se. O próprio Freire participava dos problemas vividos por
esses alunos e, a partir daí, fazia reflexões mostrando as possíveis causas. Durante
toda a vida, Paulo Freire se mostrou “um pensador, um filósofo da educação, um
educador e, por ser educador, um político” (Centro Paulo Freire Estudo e Pesquisa)

2 PEDAGOGIA DE FREIRE NA FORMAÇÃO DOCENTE

“Seguir-me é não me seguir; é reinventar-me.” Essa citação é frequentemente


atribuída a Paulo Freire, embora não exista uma fonte específica em suas obras onde
ela seja encontrada. Mas ela é uma síntese ou interpretação das ideias de Freire sobre
a importância da ação criativa e da adaptação na prática educativa. Essa frase reflete o
espírito da pedagogia freiriana, que enfatiza a necessidade de os educadores
reinterpretarem e reinventarem suas práticas em consonância com as realidades e os
contextos específicos de seus alunos e comunidades.
A pedagogia de Paulo Freire tem sido amplamente reconhecida como uma
abordagem transformadora na formação de professores, promovendo a
conscientização, o diálogo e a práxis como elementos fundamentais para uma
educação libertadora. Neste contexto, examinaremos como os princípios freirianos são
aplicados na formação docente, destacando sua importância e impacto na preparação
de educadores comprometidos com a transformação social.

2.1 Conscientização: Reflexão Crítica sobre a Realidade

Paulo Freire enfatiza a importância da conscientização como um processo de


reflexão crítica sobre a realidade. Ele afirma: "A conscientização implica um processo
que não tem início nem fim na escola, mas que deve necessariamente começar no seio
da população" (Freire, 1970, p. 86). Na formação docente, essa conscientização é
promovida através da análise das condições sociais, políticas e econômicas que
influenciam a prática educativa, capacitando os futuros professores a compreenderem
as desigualdades presentes no sistema educacional e a se engajarem na busca por
uma educação mais justa e igualitária.

2.2 Diálogo: Construção do Conhecimento em Colaboração

O diálogo é uma pedra angular na pedagogia de Freire, visto como um meio de


construção do conhecimento em colaboração. Como Freire escreve: "O diálogo é a
essência do ensino como uma atividade de conhecimento, e não a transmissão de
conteúdos" (Freire, 1996, p. 89).
O ser humano está constantemente adquirindo espontaneamente um modo de
entender, atuar e situar-se no mundo em que vive. Os mais antigos diziam que se o céu
noturno não tem estrelas significa que irá chover; as confeiteiras sabem que não se
pode abrir o forno enquanto o bolo está sendo assado porque, caso contrário, o bolo
“sola”. Tais informações foram passadas de geração a geração, facilitando as tarefas
diárias, contribuindo para melhor interpretação da realidade. Não se pode negar que o
conhecimento científico é construído através das crenças desenvolvidas a partir do
senso comum, e a introdução deste último aliado ao conteúdo programático facilita o
aprendizado.
Enquanto a sociedade desprezava o conhecimento da classe operária, Paulo
Freire, em sua metodologia, valorizava o conhecimento construído das experiências de
vida dos educandos. Segundo Freire, a escola tem “o dever de (...) respeitar os saberes
com que os educandos [...] chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática
comunitária [...]” (Freire, 1996, p. 31).
O professor autoritário, que a todo tempo poda e reprime as ideias dos alunos só
porque são contrárias às suas, está desrespeitando a liberdade de pensamento,
expressão e autonomia do educando, impedindo o seu desenvolvimento crítico e
intelectual, deixando de lado a ética profissional.
Vivemos numa sociedade em que são comuns as divisões de opiniões sobre o
mesmo assunto, O docente precisará saber administrar tais situações, principalmente
quando sua opinião for contrária à dos discentes; o educador precisará saber conduzir
a discussão sem tentar impor as suas próprias convicções, mas sim deixando os alunos
criarem ou até mesmo reafirmarem suas afirmações.
Na formação docente, o diálogo é promovido como um espaço de troca de
ideias, experiências e saberes entre os futuros professores e seus formadores,
permitindo a construção de um conhecimento mais significativo e contextualizado.

2.3 Práxis: Integração entre Teoria e Prática

A práxis, conceito central na pedagogia de Freire, refere-se à integração entre


teoria e prática na ação educativa. Freire argumenta que a práxis é fundamental para
uma educação autêntica e transformadora: "A práxis é uma unidade teoria e prática"
(Freire, 1987, p. 123).
Freire aproveitava a curiosidade dos discentes para incentivá-los a querer
aprender. Ele via “a curiosidade como inquietação indagadora” (Freire, 1996, p. 33),
que levaria à construção de críticas, uma prática educativa que desenvolva a
criticidade, o pensar sobre o que fazer para isso. A reflexão sobre a prática do docente
é fundamental na formação deste profissional, porque o estimula a compreender a si
mesmo e ao mundo em sua volta. Trata-se de uma prática não meramente descritiva,
mas vivida, posta em prática, em que o educador desafia o educando a estar sempre
interagindo, sendo a comunicação a chave para a produção do conhecimento.
A prática docente de alguns profissionais é algo que surge espontaneamente e,
quando o docente tem a oportunidade de refletir sobre sua atuação de ontem e de hoje,
encontrará o aprimoramento do amanhã; quando reflete sobre o que precisa melhorar e
transformar, este se posicionará criticamente em relação a suas atividades
pedagógicas.
Uma ótima forma de reflexão é a elaboração do registro da prática docente, que
consiste no registro escrito do planejamento da aula, do momento da aula com os
diálogos e o ocorrido durante a mesma e, por fim, sistematização e autocrítica. O
objetivo principal do registro não é simplesmente escrever, mas socializar com outros
profissionais, a fim de obter opiniões e críticas sugestivas de melhoria e incentivo à
prática.
Na formação docente, a práxis é promovida através da reflexão sobre a prática
pedagógica, da análise crítica das teorias educacionais e da aplicação desses
conhecimentos na sala de aula, capacitando os professores a se tornarem agentes de
mudança em suas comunidades educativas.

2.4 Desafios e Possibilidades na Implementação da Pedagogia Freiriana

Embora a pedagogia de Freire ofereça uma perspectiva poderosa e


emancipadora da educação, sua implementação enfrenta desafios significativos. Em
muitos contextos, as estruturas educacionais tradicionais e as políticas governamentais
podem limitar a adoção de abordagens pedagógicas críticas. Além disso, a formação de
professores pode não fornecer o apoio necessário para que os educadores
implementem efetivamente os princípios freirianos em suas práticas.
3 CONCLUSÃO

Em conclusão, a pedagogia de Paulo Freire oferece uma visão alternativa e


transformadora da educação, especialmente na formação pedagógica. Ao promover a
conscientização, o diálogo e a práxis, os educadores podem se tornar agentes de
mudança em suas comunidades e contribuir para a construção de uma sociedade mais
justa e igualitária. No entanto, é crucial superar os desafios e investir em programas de
formação que capacitem os educadores a adotar uma abordagem crítica e
emancipadora da educação, rumo a uma prática transformadora.

4 REFERÊNCIAS

Freire, P. (1970). Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra.


Freire, P. (1996). Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa.
Paz e Terra.
Freire, P. (1987). Educação e Mudança. Paz e Terra.
FRAZÃO, D. 2022. Paulo Freire Educador brasileiro. Ebiografia.
https://www.ebiografia.com/paulo_freire/ . Acesso em 20/02/2024.

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