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TESE DE DOUTORADO
Rio de Janeiro
Outubro/2018
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Rio de Janeiro
2018
c 2018
___________________________________________________________
Prof. TC Antônio Carlos Rodrigues Guimarães – D.Sc do IME – Presidente
___________________________________________________________
Profª Maria Esther Soares Marques – D.Sc do IME
___________________________________________________________
Prof. Luiz Antônio Silveira Lopes – D.Sc do IME
___________________________________________________________
Profª Laura Maria Goretti da Motta – D.Sc da UFRJ
___________________________________________________________
Prof. George Wilton Albuquerque Rangel – D.Sc da UFG
___________________________________________________________
Prof. Luiz Francisco Muniz da Silva – D.Sc da FTE Souza Marques
“... Todos os seus sonhos podem se tornar realidade se você tem coragem para
persegui-los.”
Ao longo dessa jornada, diversos foram os personagens que fizeram parte dessa história,
seja na VALE, VLI, IME, UFRJ/COPPE, dentre outros, assim de forma antecipada peço
desculpas caso tenha esquecido alguém, mas meus sinceros agradecimentos a Lisbela Leal,
Fabio Costa, Fabio Savoia, Felipe Pinho, Daniel Schaffazick, Raphael Marotta, Antônio
Merheb, Virlene Silveira, Mayara Gomes, Claudeny Santana, a toda turma de projetos de
infraestrutura e ferrovias da corredor norte da VLI, Frederico Santos, Rodrigo Pinho, José
Carlos Antunes, Thiago Sales, Jefferson Farias, Kalil Mousinho e Cristiane Barros.
Aos professores Dr. Antônio Carlos Guimarães e Dra Maria Esther Marques, pelo apoio,
orientação e paciência, que foram fatores determinantes para a evolução desta pesquisa. Ao
Gabriel Nascimento da UFF por todas as discursões produtivas e parceria constante.
E não poderia deixar um agradecimento in memorian a Gisele Silva, que infelizmente nos
deixou em 2017, mas compartilhava comigo desse momento tão especial, e sei que não
importa onde ela esteja, tenho certeza que a estou orgulhando.
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1. OBJETIVOS PRINCIPAIS ............................................................................................. 6
1.2. OBJETIVOS SECUNDÁRIOS..................................................................................... 12
1.3. JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 13
1.4. ESTRUTURA DA TESE .............................................................................................. 15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 17
2.1. ESTRUTURA DOS PAVIMENTOS FERROVIÁRIOS ............................................. 17
2.2. MECÂNICA DOS PAVIMENTOS .............................................................................. 20
2.2.1. Dimensionamento de Ferrovias pela Metodologia Clássica...................................... 22
2.3. CRITÉRIO PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS PARA INFRAESTRUTURA
FERROVIÁRIA ....................................................................................................................... 26
2.4. A PESQUISA DO SHAKEDOWN .............................................................................. 40
2.4.1. Conclusões Parciais ................................................................................................... 49
2.5. ESTUDO DA PROPAGAÇÃO DE TENSÃO EM UMA VIA FÉRREA ................... 50
2.5.1. Conclusões Parciais ................................................................................................... 52
3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 53
3.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS DA EFC ............................................................. 56
3.2. TRECHO EXPERIMENTAL ....................................................................................... 61
3.2.1. Descrição do Local .................................................................................................... 61
3.2.2. Aspectos Geológicos ................................................................................................. 62
3.2.3. Caracterização Geotécnica ........................................................................................ 66
3.2.4. Comportamento Mecânico: Ensaio Triaxial de Cargas Repetidas ............................ 67
3.2.5. Análise da Microestrutura ......................................................................................... 72
3.2.6. Comportamento Hidráulico ....................................................................................... 74
4. ESTUDO DA DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES NA VIA......................................... 76
4.1. MODELAGEM COM O FERROVIA 3.0 .................................................................... 76
4.2. MODELAGEM COM O ANSYS V15 ......................................................................... 78
4.3. ESTUDO COMPARATIVO DO FERROVIA 3.0 vs ANSYS V15 ............................ 84
4.4. MODELAGEM NUMÉRICA COM SYSTRAIN ........................................................ 95
4.4.1. Parametrização de elementos e integração numérica .............................................. 100
4.4.2. Elementos ................................................................................................................ 103
4.4.2.1. Elemento hexaedro............................................................................................... 103
4.4.2.2. Elemento de Barra................................................................................................ 105
4.4.2.3. Elemento grampo ferroviário ............................................................................... 107
4.4.3. Interface com o usuário ........................................................................................... 113
4.4.4. Simulação SAFL...................................................................................................... 119
4.4.5. Conclusões Parciais ................................................................................................. 124
5. ANÁLISE DA PERCOLAÇÃO DE ÁGUA NO PAVIMENTO FERROVIÁRIO ....... 126
5.1. REPRESENTAÇÃO DO FENÔMENO FISÍCO ....................................................... 129
5.2. ESTRUTURAS DO PROGRAMA ............................................................................. 129
5.3. MÉTODO NUMÉRICO ............................................................................................. 131
5.4. AVANÇO NO TEMPO .............................................................................................. 132
5.5. PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DO SOLO ......................................................... 134
5.6. DADOS DE PRECIPITAÇÃO ................................................................................... 135
5.7. DADOS DE EVAPORAÇÃO .................................................................................... 137
5.8. DEFINIÇÃO GEOMÉTRICA .................................................................................... 137
5.9. PROCESSAMENTO .................................................................................................. 139
5.10. RESULTADOS DO PROGRAMA ......................................................................... 139
5.11. RESULTADOS DO PROGRAMA ......................................................................... 144
6. TRECHO EXPERIMENTAL ......................................................................................... 145
6.1. ENSAIOS NO SUBLEITO ......................................................................................... 145
6.2. EXECUÇÃO DO TRECHO EXPERIMENTAL ........................................................ 147
6.3. AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE DO SUBLASTRO NO TRECHO
EXPERIMENTAL ................................................................................................................. 151
6.4. AVALIAÇÃO DA DINÂMICA DE VIA NO TRECHO EXPERIMENTAL ........... 154
6.4.1. Software VAMPIRE ................................................................................................ 156
6.4.2. Análise dos Resultados da Dinâmica de Via ........................................................... 161
6.5. CONCLUSÕES PARCIAIS ....................................................................................... 169
7. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 171
7.1. CARACTERÍSTICAS DO SAFL COMO MATERIAL DE SUBLASTRO.............. 171
7.2. ANÁLISE DA PROPAGAÇÃO DE TENSÕES NA FERROVIA ............................ 173
7.3. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO .............................................. 174
7.4. COMPORTAMENTO DO TRECHO EXPERIMENTAL ......................................... 174
7.5. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ......................................................... 175
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 176
ANEXO I................................................................................................................................ 182
LISTA DE FIGURAS
FIG. 1.1 - Fluxograma das atividades de pesquisa a serem desenvolvidas dentro do projeto
original modificado .................................................................................................................... 8
FIG. 2.1 - Esquemático ilustrativo da via permanente (SELIG e WATERS, 1994) ................ 19
FIG. 2.2 - Esquema do sistema de propagação de tensões em ferrovias (Fonte: DURVAL
FILHO et al., 2008) .................................................................................................................. 25
FIG. 2.3 - Principais zonas climáticas do globo (Fonte: Teixeira et al., 2009) ........................ 28
FIG. 2.4 - Impacto do clima na gênese dos solos (Fonte: TEIXEIRA, et al., 2009) ............... 30
FIG. 2.5 - Influência do tempo de intemperismo na formação dos solos (Fonte: LEPSCH,
2002)......................................................................................................................................... 30
FIG. 2.6 - Teor de argila em função da pluviosidade (Fonte: TEIXEIRA et al., 2009) .......... 30
FIG. 2.7 - Horizonte espesso de laterita próximo de Bom Jesus da Selva – MA .................... 31
FIG. 2.8 - Solo laterítico no pátio ferroviário da VLI em Imperatriz – MA ............................ 32
FIG. 2.9 - Granulometria indicada pela AREMA para a fundação de uma via férrea
(Fonte:Adaptado de Indraratna, 2011) ..................................................................................... 36
FIG. 2.10 - Comparação da condutividade hidráulica das amostras avaliadas de um pavimento
no norte do páis (Fonte: Lopes, 2017)...................................................................................... 39
FIG. 2.11 - Tensões aplicadas e deslocamentos no ensaio triaxial cíclico (Fonte: BERNUCCI
et al., 2010)............................................................................................................................... 41
FIG. 2.12 - Primeiros modelos de comportamento tensão-deformação de solos em ensaios
triaxiais de cargas repetidas, observados no laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ (Fonte:
MEDINA e MOTTA, 2015)..................................................................................................... 42
FIG. 2.13 - Pesquisa de ocorrência de Shakedown utilizando o modelo de Dawson e Wellner
(Fonte: GUIMARÃES, 2001) .................................................................................................. 44
FIG. 2.14 - Resposta do solo quando submetido a carregamento cíclico (Fonte:
WERKMEISTER, 2003) .......................................................................................................... 45
FIG. 2.15 - Domínios de deformação vertical (Fonte: WERKMEISTER et al., 2001) ........... 47
FIG. 2.16 - Gráficos de deformação plástica específica por número de solicitações de cargas
(N), para as amostras ensaiadas no triaxial dinâmico (Fonte: MARANGON E MOTTA, 2006)
.................................................................................................................................................. 48
FIG. 2.17 - Deformação permanente total (mm) para a laterita do Acre para ensaios triaxiais
dinâmicos com 250.000 ciclos de carga (Fonte: GUIMARÃES et al., 2006) ......................... 49
FIG. 3.1 - Plano de coleta das amostras ao longo da EFC ....................................................... 53
FIG. 3.2 - Fluxograma da pesquisa na EFC em função do convênio entre o IME e a VALE . 55
FIG. 3.3 - Fluxograma da pesquisa para o desenvolvimento da tese ....................................... 56
FIG. 3.4 - Esquemático comparativo entre os modais rodoviário e ferroviário (Fonte:
Adaptado de BROW e SELIG, 1991) ...................................................................................... 57
FIG. 3.5 - Granulometria completa das amostras da EFC (Fonte: SOUSA, 2016) ................. 57
FIG. 3.6 - Limites de consistência das amostras coletadas na EFC (Fonte: SOUSA, 2016) ... 58
FIG. 3.7 - Enquadramento das amostras coletadas ao longo da EFC na classificação TRB
(Fonte: SOUSA, 2016) ............................................................................................................. 58
FIG. 3.8 - Módulo de resiliência das amostras estudadas com indicação de limites de
referência para sublastro, reforço e subleito (Fonte: SOUSA, 2016)....................................... 59
FIG. 3.9 - Enquadramento das amostras da EFC na metodologia MCT (Fonte: SOUSA,
2016)......................................................................................................................................... 60
FIG. 3.10 - Mapa geológico do trecho selecionado para implantação do experimento no Pátio
de Pequiá em Açailândia - MA ................................................................................................ 64
FIG. 3.11 - Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL) selecionado para camada de sublastro do
trecho experimental .................................................................................................................. 65
FIG. 3.12 - a) face norte do talude de corte. b) face sul do talude de corte. c) acesso
existente.................................................................................................................................... 66
FIG. 3.13 - Preparação do corpo de prova ............................................................................... 67
FIG. 3.14 - (a)Variação do MR em Função da Tensão Desvio para a amostra 01 (b) Amostra
02 e (c) Amostra 03 .................................................................................................................. 68
FIG. 3.15 - Módulo de resiliência através do modelo composto - amostras (a) 01, (b) 02 e (c)
03 .............................................................................................................................................. 68
FIG. 3.16 - Deformação permanente acumulada para os ensaios realizados com a amostra de
SAFL. Amostra 1 - umidade ótima. ......................................................................................... 70
FIG. 3.17 - Pesquisa de ocorrência do Shakedown para a amostra estudada. Amostra 1,
Umidade Ótima ........................................................................................................................ 71
FIG. 3.18 - (a) Visão geral do equipamento de MEV do laboratório de materiais do IME e (b)
Detalhe do local de deposição das amostras ............................................................................ 72
FIG. 3.19 - MEV da amostra SALF, aprox. 100x, 500x e 3000, respectivamente (Fonte:
SOUSA, 2016) ......................................................................................................................... 73
FIG. 3.20 - EDS da amostra SAFL (Fonte: SOUSA, 2016) .................................................... 73
FIG. 3.21 - Curva característica da amostra SAFL selecionado para o trecho experimental
(Fonte: LOPES, 2017) .............................................................................................................. 74
FIG. 3.22 - Curva de condutividade hidráulica x umidade volumétrica da amostra SAFL
(Fonte: LOPES, 2017) .............................................................................................................. 75
FIG. 4.1 - Esquemático da malha de elementos finitos para o vagão GDU (Fonte: SILVA
FILHO, 2013) ........................................................................................................................... 78
FIG. 4.2 - Seção modelada em ANSYS ................................................................................... 79
FIG. 4.3 - a) Elemento BEAM189; b) SOLID185; c) CONTA175 e d) TARGE170 (Fonte:
ANSYS) ................................................................................................................................... 82
FIG. 4.4 – a) Elemento TARGE170; b) TARGE 170 (Fonte: ANSYS) .................................. 82
FIG. 4.5 - Malha de elementos finitos no ANSYS da ferrovia ................................................ 83
FIG. 4.6 - Deslocamento ao longo dos dormentes ................................................................... 85
FIG. 4.7 - Deslocamentos ao longo do dormente D7 ............................................................... 85
FIG. 4.8 - Deslocamentos ao longo do trilho ........................................................................... 86
FIG. 4.9 - Pressões de contato dormente-lastro em Pa. Divisão de 30 cm na seção dos
dormentes. ................................................................................................................................ 87
FIG. 4.10 - Pressões de contato dormente-lastro em Pa. Divisão de 15 cm na seção dos
dormentes ................................................................................................................................. 87
FIG. 4.11 - Pressões de contato entre dormentes e lastro ........................................................ 88
FIG. 4.12 - Pressões de contato entre um dormente (D9) e o lastro ........................................ 88
FIG. 4.13 - Deslocamentos verticais do trilho em vista tridimensional (em metros) .............. 91
FIG. 4.14 - Deslocamentos verticais dos dormentes em vista tridimensional (em metros) ..... 92
FIG. 4.15 - Deslocamentos verticais do lastro em vista tridimensional (em metros) .............. 92
FIG. 4.16 - Deslocamentos verticais do sublastro em vista tridimensional (em metros) ......... 93
FIG. 4.17 - Deslocamentos verticais do subleito em vista tridimensional (em metros) .......... 93
FIG. 4.18 - Tensões verticais (eixo z) em metade do pavimento simétrico (em Pa) ............... 94
FIG. 4.19 - Discretização do domínio utilizado no SysTrain ................................................... 97
FIG. 4.20 - Fluxograma simplificado do procedimento de cálculo pelo MEF ...................... 100
FIG. 4.21 - Parametrização dos elementos ............................................................................. 101
FIG. 4.22 - Elemento hexaedro .............................................................................................. 104
FIG. 4.23 - Elemento de barra (viga) ..................................................................................... 106
FIG. 4.24 - Grampo ferroviário .............................................................................................. 108
FIG. 4.25 - Definição dos nós do elemento grampo ferroviário ............................................ 108
FIG. 4.26 - Equivalência estrutural do elemento grampo ...................................................... 109
FIG. 4.27 - Referencial para rigidezes do grampo ferroviário ............................................... 109
FIG. 4.28 - Método Newton-Raphson .................................................................................... 112
FIG. 4.29 - Estrutura do programa SysTrain .......................................................................... 113
FIG. 4.30 - Tela inicial do SysTrain....................................................................................... 114
FIG. 4.31 - Aba geometria que permite customizar os dados de superestrutura e infraestrutura
ferroviária ............................................................................................................................... 114
FIG. 4.32 - Customização da geometria dos elementos da via .............................................. 115
FIG. 4.33 - Características físicas e mecânicas dos elementos .............................................. 115
FIG. 4.34 - Definição do tipo de carregamento/veículo de via para simulação do tráfego .... 116
FIG. 4.35 - Exemplo de seleção do tipo de vagão.................................................................. 116
FIG. 4.36 - Funções aba MEF ................................................................................................ 117
FIG. 4.37 - Seção tipo gerada pelo SysTrain ......................................................................... 118
FIG. 4.38 – Seção discretizada em malha de elementos finitos ............................................. 118
FIG. 4.39 - Seção tipo com SAFL utilizada para a simulação com o SysTrain ..................... 119
FIG. 4.40 - Modelo discretizado da seção de avaliação ......................................................... 120
FIG. 4.41 - Simulação da tensão total vertical ....................................................................... 121
FIG. 4.42 - Simulação da tensão desvio ................................................................................. 121
FIG. 4.43 - Deflexão no trilho do trecho experimental .......................................................... 122
FIG. 4.44 - Deslocamento vertical da via............................................................................... 123
FIG. 4.45 - Pressão de contato dormente-lastro do pavimento com SAFL ........................... 123
FIG. 5.1 - Intervalo de variação de k para os diferentes tipos de solo (Baseado em
Casagrande) ............................................................................................................................ 128
FIG. 5.2 - Fluxograma estrutural de modelagem ................................................................... 130
FIG. 5.3 - Janela de entrada dos parâmetros do solo.............................................................. 134
FIG. 5.4 - Janela de entrada da chuva .................................................................................... 136
FIG. 5.5 - Janela de definição das dimensões da seção.......................................................... 138
FIG. 5.6 - Malha gerada ......................................................................................................... 138
FIG. 5.7 - Processamento (acompanhamento da simulação) ................................................. 139
FIG. 5.8 - Resultado parcial de poro-pressão ......................................................................... 140
FIG. 5.9 - Fluxograma de estudo hidráulico do SAFL Açailândia (LOPES, 2017) .............. 140
FIG. 5.10 - Resumo espacial SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017) ................................ 142
FIG. 5.11 - Umidade volumétrica no tempo zero da amostra SAFL Açailândia (Fonte:
LOPES, 2017) ........................................................................................................................ 142
FIG. 5.12 - Umidade volumétrica após 6 min da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES,
2017)....................................................................................................................................... 142
FIG. 5.13 - Umidade volumétrica após 30 min da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES,
2017)....................................................................................................................................... 143
FIG. 5.14 - Umidade volumétrica após 1h e 30 min da amostra SAFL Açailândia (Fonte:
LOPES, 2017) ........................................................................................................................ 143
FIG. 5.15 - Umidade volumétrica após 3h da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES,
2017)....................................................................................................................................... 143
FIG. 6.1 – a) Execução de DCP no eixo da via projetadaç b) Resultado do ensaio de DCP no
eixo da via projetada .............................................................................................................. 146
FIG. 6.2 - a) Vista área do local; b) gradeamento da plataforma; c) compactação e d)
plataforma finalizada .............................................................................................................. 147
FIG. 6.3 - Aspecto do trincamento observado na camada de sublastro do trecho experimental
executado ................................................................................................................................ 148
FIG. 6.4 – a) Umectação da plataforma para selagem; b) trincas seladas e c) liberação do
tráfego..................................................................................................................................... 149
FIG. 6.5 - Resultado do DCP pós execução da plataforma .................................................... 149
FIG. 6.6 - Estudo comparativo da plataforma executada com SAFL versus material
pedregulhoso tradicional ........................................................................................................ 150
FIG. 6.7 - Trecho executado com SAFL liberado para as operações ferroviárias ................. 151
FIG. 6.8 - Medição da camada de lastro no trecho executado com SAFL............................. 152
FIG. 6.9 - Remoção parcial do lastro para verificação da cravação no sublastro .................. 153
FIG. 6.10 – Remoção total do lastro para verificação da cravação no sublastro ................... 153
FIG. 6.11 - Imagem do carro-controle utilizado no techo experimental ................................ 155
FIG. 6.12 - Esquemático de simulação do VAMPIRE (Fonte: FARIAS, 2013) ................... 157
FIG. 6.13 - Modelagem do veículo de via no VAMPIRE (IVB) ........................................... 157
FIG. 6.14 - Janela de parâmetros adotados nas simulações com o VAMPIRE ..................... 158
FIG. 6.15 - Modelagem veículo-via no VAMPIRE ............................................................... 159
FIG. 6.16 - Esquemático rodeiro (Fonte: SILVA FILHO, 2010) .......................................... 160
FIG. 6.17 - Simulação L/V das rodas R1 e R2 do truque de ataque........................................ 162
FIG. 6.18 - Simulação L/V das rodas R3 e R4 do truque de ataque........................................ 163
FIG. 6.19 - Simulação L/V dos truques de ataque e reboque................................................. 163
FIG. 6.20 - Simulação L/V dos eixos 1,2,3,4 ......................................................................... 164
FIG. 6.21 - Simulação dos esforços laterais do truque de ataque .......................................... 165
FIG. 6.22 - Simulação dos esforços laterais do truque reboque ............................................. 166
FIG. 6.23 - Movimentos dos veículos em função do estado de conservação da via (Fonte:
SILVA FILHO e GUIMARÃES, 2014) ................................................................................ 166
FIG. 6.24 - Alívio de rodas no truque de ataque .................................................................... 167
FIG. 6.25 - Alívio de rodas no truque reboque ...................................................................... 168
FIG. 6.26 - Balanço de caixa dos vagões simulados .............................................................. 169
LISTA DE TABELAS
Tensão
Deslocamento nodal
Matriz constitutiva
Coordenadas naturais
Coordenadas reais
RESUMO
The railway segment for many years suffered from disinvestment in both the development
of new projects and research. In this way, the norms and guidelines in force in Brazil mostly
follow outdated premises that have migrated from the road modal or from international norms
that do not show similarity to the characteristics of the country. Therefore, the present work
aims to present a methodology for the selection of materials traditionally discarded because
they present supposedly inadequate physical characteristics, based on empirical correlations.
In the same way, aiming at a better user interaction with computational platforms, the
software SysTrain and IVFlow were developed that allow the determination of the stresses of
the compositions that travel in railroads, and the definition of the variation of the humidity of
the soils as a function of the rainfall regimes , respectively. Railways unlike road and airport
pavements are constantly exposed to bad weather, which indicates a greater susceptibility to
loss of mechanical resistance over its useful life due to the possibility of percolation of
rainwater in the foundations of the road. Thus, for the better understanding of this
phenomenon, an experimental stretch was executed in Açailândia - MA, using a fine sandy
lateritic soil (SAFL) that traditionally would be discarded for failing to meet the premises of
physical characterization. However, when the mechanical properties of the material were
studied using cyclic tests of repeated loads, the results found indicated an excellent behavior
against the railway loads, so that during the last 3 years regular inspections were carried out to
verify the structural integrity of the segment. After 3 (three) winter cycles, a road-rail vehicle
(control car) was used to collect data and simulate the path dynamics through the VAMPIRE
software, for a comparative study of continuous stretches performed with SAFL and with
materials sand-boulders. The study shows that for both situations the track dynamics is quite
similar, being that in some analyzes the SAFL segment had a better behavior, being able to
consider that the passage was successful in the evaluations to which it was submitted.
1. INTRODUÇÃO
O segmento ferroviário está diretamente ligado ao crescimento de qualquer país, seja pela
possibilidade de se transportar grandes volumes de cargas, seja pela integração da sociedade
através do transporte de passageiros, principalmente em países de tamanho continental que
nem o Brasil, seja para o transporte de insumos, equipamentos e contingente para manutenção
da ordem e segurança nacional. SANTOS (2011) estima que em 2025, havendo a equalização
da matriz de transportes, pode-se ter por volta de 35% de todas as cargas transportadas no
Brasil pelo modal ferroviário. Dessa forma, urge a necessidade de maiores investimentos
tecnológicos neste segmento, que ficou - salvo investimentos privados em poucas malhas
específicas - estagnado nas últimas décadas.
Tal método, uma vez implementado, tratar-se-á sem dúvidas, de uma importante evolução
técnica-científica na área rodoviária, a qual não tem similaridade na área ferroviária nacional,
no momento presente.
Porém, um projeto de pesquisa realizado no IME, e financiado pela Vale S.A, intitulado
“Revisão dos Critérios de Projeto da Via Permanente”, resultou em importantes contribuições
para o estudo do pavimento ferroviário nacional, em especial para o desenvolvimento do
programa SysTrain, de cálculo de tensões e deformações em pavimentos ferroviários, e o
programa IME-VALE Flow (IVFlow), que simula a infiltração da água da chuva na
plataforma. Tais ferramentas, são importantes para a implementação de um método
mecanístico de dimensionamento de pavimentos ferroviários.
MEDINA e MOTTA (2015), comentam que não existe correlação entre os resultados de
CBR e deformação permanente para argilas lateríticas, solos tipicamente brasileiros.
SUKUMARAN e KYATHAM (2002) comentam que não existe na literatura alguma relação
2
capaz de correlacionar ensaios de ruptura localizada (CBR) com deformabilidade, pois se trata
de fenômenos distintos.
O critério de ruptura localizada foi incorporado as normas do DNIT nos anos 40. Estes
estudos tiveram como base as experiências aplicadas nos EUA, onde se desenvolveram curvas
de dimensionamento em função do valor do CBR do subleito. Nestes experimentos, os corpos
de prova geralmente compactados na umidade ótima, eram embebidos em água por quatro
dias, de forma a simular o degelo que ocorria na transição do inverno para a primavera. Nota-
se que este fenômeno não é representativo para as condições climáticas do Brasil, dessa forma
este procedimento não deveria ser aplicado na integra, apenas em casos específicos ou para
fins acadêmicos. O IPR (1958), já indicava que a imersão em tanque para a saturação do
corpo de prova para os ensaios de CBR deveria ser uma questão a ser avaliada de forma local,
todavia é uma pratica usual e prevista na metodologia de ensaio vigente.
MOTTA e MEDINA (2015) comentam que esta técnica de avaliação dos materiais para
pavimentação é ultrapassada, pois deve-se dimensionar o pavimento para baixas deformações
e não para a ruptura.
3
África do Sul e dos diversos artigos e contribuições técnica e acadêmicas da Austrália,
capitaneadas pelo Professor Buddhima Indraratna, que desenvolvem estudos referentes a
infraestrutura direcionados para questões específicas dos solos dessa região. Podemos citar
como exemplo, o método de classificação TRB que impõe restrições à adoção de solos com
granulometria mais fina e/ou que possui alta plasticidade.
Assim sendo, o sublastro, considerado por muitos autores como o pavimento ferroviário,
além de ter a função de dissipar a maior parte das tensões oriunda das composições e
funcionar como seção de bloqueio, impedindo o “cravamento” do lastro no subleito, também
funcionaria como filtro, impedindo que partículas do subleito migrem para o lastro. Todavia,
como o sublastro é granular, permite também que uma parcela não drenada migre para o
subleito, onde dependendo das condições e características do material pode gerar alteração do
grau de compactação e consequentemente perda da resistência mecânica, conforme pode ser
observado no estudo de SILVA FILHO e GUIMARÃES (2014).
Segundo LEPSCH (2002), para cada 10°C de aumento de temperatura, dobra a velocidade
das reações químicas. Somando-se a alta pluviometria e drenagem eficiente, se formam solos
com forte influência da lixiviação, ou seja, através da hidrólise química. TEIXEIRA et al.,
(2009) comenta que quando ocorre à hidrólise total, 100% da sílica e do potássio são
eliminados, formam-se solos com a estrutura cristalina tipo 1:1, que não apresentam
características expansivas, condições amplamente encontradas no Brasil devido a sua
localização geográfica. Da mesma forma, países onde não se tem a quantidade de água
necessária para este processo, caso dos grandes centros do hemisfério norte, formam-se solos
com estrutura tipo 2:1, que não apresentam características interessantes para a engenharia de
pavimentos, o que explica por que os métodos de classificação oriundos dos países
temperados rejeitem este tipo de material.
4
American Society of Civil Engineers (ASCE) desenvolveu uma série de estudos comparando o
resultado dos modelos analíticos propostos por Winkler com resultados encontrados em
campo, encontrando uma boa correlação, e elaborando a teoria que uma carga originária de
uma composição é distribuída sobre os dormentes adjacentes em magnitude decrescente, com
a parte proporcional de carga para cada dormente, sendo uma função da rigidez do trilho, do
espaçamento entre dormentes, do tamanho e da rigidez dos dormentes e da rigidez das
camadas inferiores da via.
Dessa forma, a hipótese de apoio contínuo parecia justificável, conforme pode ser
observado na publicações de HAY (1982), ESVELD (2001), dentre outros autores. HANNA
(1977) no entanto, comenta que as tensões e deformações dinâmicas sob ação das rodas em
movimento dos veículos ferroviários podem ser muito maiores do que aquelas calculadas a
partir de fórmulas estáticas, pois existem muitos fatores que contribuem para o aumento
destas tensões e deformações, como irregularidades e descontinuidades nos trilhos, como
juntas, vibrações devidas e forças elásticas variáveis atuando nas rodas e a própria vibração da
via devido as cargas móveis que por ela trafega.
Nos anos 70, uma parceria entre a AAR (Association of American Railroads) e a FRA
(Federal Railroad Administration) resultou em diversos estudos relacionados à dinâmica
trem-via, permitindo o desenvolvimento de modelos matemáticos para a análise de
desempenho de todos os componentes constituintes do sistema. SCHWAB e MAUER (1989),
desenvolvem um modelo computacional para similar o comportamento da infraestrutura sob a
ação do carregamento das composições.
Todavia, nenhuns dos estudos citados, sejam nacionais ou internacionais, fazem referência
a condições de altas temperaturas, pluviosidade e solos formados a partir destes fenômenos,
demonstrando a lacuna existente na bibliografia especializada e as condições encontradas no
5
Brasil. Assim sendo, a determinação e dimensionamento de cada elemento que compões a via,
é determinante para o sucesso de projetos, seja no dimensionamento, seja para avaliação do
grau de degradação ou mesmo a possibilidade de incremento de carga ou frequência no
sistema.
Tal projeto foi idealizado pelo professor Antonio Guimarães do IME e pelo autor da
presente tese, que na ocasião era engenheiro da Vale, atuando na Diretoria de Inovação e
Tecnológica, em especial à duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC).
Entretanto, apesar de muitas das inovações terem sido desenvolvidas a tempo, a empresa
optou por não utilizá-las nesta fase, por vários motivos que não vêm ao caso mencionar.
6
conforme será descrito na seqüência do presente trabalho. Isso foi possível por causa da obra
de implantação de um trecho experimental em Açailândia/MA.
Além disso, às inovações tecnológicas previamente desenvolvidas foram adicionados
alguns novos objetivos, visando algo muito mais valioso para as empresas de operação de
ferrovias, que constitui as bases de um sistema de gerenciamento da infraestrutura ferroviária.
7
Projeto IME/Vale:
Revisão dos Critérios de Projeto da Via
Permanente
Necessidade de
Selecionamento de Dimensionamento
Compreensão do
Materiais para Mecanístico da Via
Comportamento Hidráulico
Infraestrutura Permanente
do Solo
Previsão do Comportamento
Comportamento Mecânico Estrutural do Pavimento –
Software SysTrain 2.0
do Lastro Base de Sistema de Gerência
de Pavimento Ferroviário
FIG. 1.1 - Fluxograma das atividades de pesquisa a serem desenvolvidas dentro do projeto original modificado
Ocorre que tais jazidas de lateritas foram se esgotando com o tempo, restando outras que
não satisfazem estes critérios - aqui chamados de “granulometria transicional” - que talvez
pudessem ser utilizadas, assim como jazidas de solos arenosos finos lateríticos (SAFL).
Por este motivos, dentro do projeto IME/Vale, optou-se por desenvolver um novo
software, inicialmente denominado ValeTrack que tinha como objetivo apenas a determinação
9
das tensões nas camadas. Tendo em vista o acordo entre as partes envolvidas, a pesquisa
prosseguiu sendo o ValeTrack substituído pelo SysTrain que incorporou além da
determinação das tensões nas camadas, saídas gráficas em 3D para deslocamento e tensões
para todos os elementos da via.
10
Nesta altura do projeto, o autor trabalhou, e constitui objeto da presente tese de doutorado,
no desenvolvimento de ambos os softwares, em especial no que diz respeito às peculiaridades
ferroviárias do problema a ser resolvido; nos extensivos trabalhos de campo para identificação
de ocorrências de solos lateríticos ao longo do Pará e Maranhão (acompanhada de estudos de
laboratório); e, principalmente, no dimensionamento, execução e monitoramento do trecho
experimental contendo SAFL como material de sublastro no terminal ferroviário de
Açailândia/MA. Tais aspectos constituem as contribuições à mecânica dos pavimentos
ferroviários supracitadas no título do presente trabalho.
Convém esclarecer que até este ponto todas as inovações estão desenvolvidas e
interconectadas, pois é possível desenhar certa seção transversal de ferrovia no IVFlow,
simular a chuva, e importar os dados de umidade dos elementos no SysTrain. A partir deste
ponto pode-se afirmar que a pesquisa deve ser ainda desenvolvida, pois são necessários
modelos de MR e deformação permanente tais que considerem o efeito da umidade dos solos,
ou seja, modelos constitutivos cuja melhor solução para obtenção seria a realização de ensaios
de laboratório.
Além disso, como uma sequência natural dos estudos em materiais de sublastro, verificou-
se a necessidade de ensaiar material de lastro em verdadeira grandeza. Para este passo um
importante estudo de Felipe Jesus - do IME - encontra-se em desenvolvimento, e uma vez
consolidado espera-se consolidar a tecnologia de ensaios de laboratório para material de lastro
e de sublastro, podendo inclusive ensaiar as duas camadas juntas, fornecendo dados mais
acurados para a simulação numérica do comportamento estrutural do pavimento.
Do mencionado, verifica-se uma evolução do projeto IME/Vale original para algo mais
amplo de tal forma que possa ser empregado por diversas empresas operadoras de ferrovias
no Brasil. Tal pesquisa continua agora parcialmente financiada pela empresa VLI.
11
Além disso, estão em negociação a inclusão no software SysTrain os módulos de
Geogrelha, em parceria com a empresa alemã Huesker e de palmilhas com a empresa
austríaca Getzner.
Podemos assim determinar que a presente tese tem dois objetivos principais que são inter-
relacionados:
12
1.3. JUSTIFICATIVA
Além disso, por trás das curvas granulométricas da norma supracitada, está embutido o
chamado “critério de filtro de Terzaghi”, o qual considera que o sublastro deve ser drenante
na vertical e em ambos os sentidos, fato que é altamente questionável, em função da alteração
da umidade da camada e consequentemente a possibilidade de perda da resistência mecânica.
Analogamente, tem sido verificado pelo autor, que tem atuado em diversos projetos de
implantação de trechos ferroviários, que os métodos de dimensionamento usualmente
empregados para o dimensionamento destes novos pavimentos ferroviários, utilizam equações
analíticas que não correspondem, na maioria das vezes, ao comportamento efetivamente
verificado no campo, com raras exceções.
13
Há alguns programas para cálculo de tensões e deformações em pavimentos ferroviários
tanto no exterior, tais como o Geotrack e Illitrack, quanto no Brasil, caso do Ferrovia 3.0.
Porém, os programas estrangeiros utilizam dados de entrada com algumas variáveis comuns
naqueles países, mas de difícil obtenção no Brasil, seja em função da escassez de dados
históricos e/ou pela ausência de pesquisas recentes do setor. Trata-se de um caso de excesso
de detalhamento que certamente é favorável para os pavimentos daqueles países, mas que
requer um grau tão elevado de simplificações no Brasil que desconfiguram o problema a ser
modelado. Podemos citar como exemplo os valores considerados para o módulo de via, que
seria a contribuição das deformações de todos os elementos do sistema ocasionando um
deslocamento vertical da via, informação inerente aos materiais aplicados no pavimento e dos
tipos de elementos da grade, não tendo relação direta com os materiais empregados no Brasil.
Porém, é necessário afirmar que o programa Ferrovia 3.0 teve importante aplicação em
diversos problemas ferroviários complexos, em especial em pesquisas acadêmicas, sendo sua
substituição um processo natural.
Apesar desta questão levantada, os métodos usuais, inclusive aqueles baseados no ensaio
de CBR, consideram a obtenção dos parâmetros de resistência mecânica dos solos na
condição de saturação. Com o desenvolvimento do programa IVFlow, é possível também
14
considerar o aspecto hidráulico do pavimento, devendo-se privilegiar a escolha de solos de
baixa permeabilidade saturada ou não.
15
No capítulo 5 é apresentado o software IVFlow (IME-VALE Flow), detalhando o modelo
operacional e parâmetros considerados para a determinação do efeito de percolação da água
da chuva na plataforma ferroviária.
16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No ínicio dos projetos e obras ferroviárias, os trilhos eram assentados diretamente sobre o
terreno natural , sem maiores preocupações com a capacidade de suporte e com o
comportamento mecânico com a camada, o que evolui para a adoção de vigas transversais
(dormentes) sob os trilhos para melhorar a distribuição de tensões ocasionadas pelo tráfego
17
das composições (SCHRAMM, 1977). Segundo STOPATTO (1987), foi adotada a utilização
de uma camada pétrea de pedra britada com o objetivo de distribuir de forma mais equilibrada
as tensões e a inclusão de uma camada de solo selecionado para funcionar como um bloqueio
e proteção do lastro para o subleito, surgindo assim o sublastro.
ESVELD (2001) destaca que o sublastro reduz os níveis de tensão adicional para o
subleito, tornando-se uma opção mais barata do que utilização de uma camada de lastro mais
espessa. Diversos autores concordam que dentre todas as funções do sublastro, talvez a mais
importante seja a de função de bloqueio da cravação do lastro no subleito e de trabalhar como
um filtro, impedindo que material particular das camadas subjacentes bombeie material fino
para o lastro de forma a preencher os vazios do lastro, alterando suas características resilientes
e consequentemente perdendo parte de sua função estrutural.
SELIG e WATERS (1994) indicam que a composição do sublastro deverá ser de materiais
bem graduados como misturas de areia e cascalho. FORTUNATO (2005) diz que no sublastro
usa-se “materiais naturais graduados, areias cascalhentas, compostas em central, materiais
naturais britados ou detritos de pedreiras. As partículas devem ser de boa resistência ao
desgaste e sua granulometria deve proporcionar as funções de filtro e de separação entre o
balastro e a fundação”.
18
ESVELD (2001), e entre as referências nacionais os estudos de STOPATTO (1987), BRINA
(1988) dentre outros. Dessa forma, as publicações com sublastro em solo finos são escassas, o
que se justifica devido a geologia dos paises líderes em publicações neste segmento,
geralmente situados no hemisfério norte onde a genêses dos solos, cria materiais que
dependendo da granulometria, requerem uma atenção especial quando da utilização em obras
de infraestrutura. Tópico este que será abordado na sequencia, demonstrando que para a
realidade no Brasil, se trata de um fator determinante na majoração de custos quando da
verificação da disponibilidade de materiais “in natura”.
19
BRINA (1988), define as funções específicas de cada componente do sistema, tais como:
MUNIZ DA SILVA (2002) comenta que a mecânica dos pavimentos representa o conjunto
de conhecimentos que permite modelar e prever o comportamento do pavimento ferroviário,
não obstante, esse autor relata que a via férrea está sujeita a carregamento em três direções:
vertical, lateral e longitudinal, entretanto, os procedimentos geotécnicos disponíveis apenas
consideram a componente vertical.
SPADA (2003) cita que a mecânica dos pavimentos estuda a resposta dos materiais ao
carregamento repetido frente a níveis de tensão, bem abaixo da ruptura, tanto no que se refere
às deformações elásticas quanto plásticas.
20
INDRARATNA et al. (2011) comentam que o desempenho das vias férreas resulta de uma
complexa interação dos diversos elementos e camadas do sistema, em resposta às solicitações
impostas pelo trem. O objetivo da estrutura ferroviária é fornecer estabilidade, segurança e
uma base eficiente para que os trens funcionem em velocidades e cargas por eixo diferentes,
proporcionando um transporte econômico, confiável e confortável.
FORTUNATO (2005) comenta que o modelo clássico para análise de uma ferrovia
considera os trilhos representados por vigas infinitas apoiadas continuamente sobre apoios
elásticos ou como vigas contínuas sobre apoio discretos e equidistantes. Sendo que nas duas
alternativas de interpretação os apoios são considerados perfeitamente elásticos, homogêneos
e isotrópicos.
Todavia esta avaliação é simplista, uma vez que, na prática a fundação da via e composta
por camadas executadas com materiais que possuem propriedades mecânicas distintas. Assim
sendo, o modelo multicamadas, onde cada material e componente do sistema contribui para o
comportamento da via é mais adequado, porém os modelos clássicos não consideram os
fenômenos inerentes dessa metodologia. Dessa forma, autores como SELIG e WATERS
(1994), SPADA (2003), ESVELD (2001), dentre outros, adotam este conceito em seus
estudos, baseados em deformabilidade, onde a contribuição individual do componente tem
impacto em toda a estrutura (módulo de via).
INDRARATNA et al. (2011) comentam que ao se projetar uma camada de sublastro, deve-
se prestar atenção também à sua função de drenagem e filtração. Portanto, geralmente é
composto por materiais amplamente classificados, onde métodos de projeto de filtro
empíricos freqüentemente governam sua distribuição de tamanho de partícula.
21
2.2.1. Dimensionamento de Ferrovias pela Metodologia Clássica
HANNA (1977) comenta que as tensões e deformações dinâmicas de uma via férrea sob
ação das rodas em movimento dos veículos ferroviários podem ser muito maiores do que
aquelas calculadas a partir de formulas estáticas, pois existem muitos fatores que contribuem
para o aumento destas tensões e deformações, como irregularidades e juntas nos trilhos,
vibrações devidas e forças elásticas variáveis atuando nas rodas e a própria vibração da via
férrea devida às cargas móveis.
LOPES PITA (1976) apresentou um conceito bastante diferenciado dos estudos anteriores,
quando ele considera a influência do módulo de via no lastro e na capacidade de suporte da
plataforma, obtido através de medições em campo.
A metodologia de Zimmermann, segundo RIVES et al. (1977), considera para cálculo dos
esforços da via férrea, baseado nas hipóteses de Winkler, trilhos de comprimento infinitos
apoiados continuamente sobre molas de módulos constantes com reações de apoio
proporcionais as suas deflexões, e que sofrem influência da qualidade da via e da espessura do
lastro.
22
SILVA FILHO et al. (2016) apresentam roteiro de cálculo para a determinação das tensões
em cada elemento de uma ferrovia através da metodologia clássica e compararam com os
resultados utilizando método dos elementos finitos. Os autores comentam que a grande
maioria de projetos ferroviários considera para o cálculo de tensão admissível para sublastros
e subleitos ferroviários a fórmula de HEUKERLOM e KLOMP (1962) que é definida como:
Sendo:
Onde:
V = velocidade (km/h);
Dw = diâmetro da roda (mm).
P (EQ. 2.3)
R xC d
N
23
Onde:
Cd= coeficiente dinâmico;
P = carga aplicada sobre um dormente.
D (EQ. 2.4)
N
d
Onde:
D= distância entre eixos de um truque;
d = espaçamento entre dormentes.
Onde:
s = distância de eixo a eixo entre trilhos;
b = largura do dormente.
Onde:
σc = tensão sob a linha de centro do dormente;
σm = tensão média uniformemente distribuída na base do dormente;
h = profundidade abaixo da base do dormente.
24
SILVA FILHO (2013) apresenta uma série de formulações para o cálculo das tensões no
sistema ferroviário, porém há de se destacar que todas as metodologias são empíricas,
conservativas e que na maioria das vezes não representam as condições de campo. Na F, é
apresentado o esquema da propagação de tensões.
FIG. 2.2 - Esquema do sistema de propagação de tensões em ferrovias (Fonte: DURVAL FILHO et al., 2008)
Nota-se que o esquema apresentado na FIG. 2.2 considera um “espraiamento” das tensões
de forma linear, o que na prática não se verifica. A propagação ocorre através dos contatos
entre as arestas de forma que essa simplificação por vezes conduz a valores de tensões muito
abaixo das verificadas quando comparadas com medições em campo (MERHEB et al., 2017).
No Brasil, é comum a adoção de ângulos de espraiamento de 40°, o que auxilia na dissipação
de tensões, porém em alguns países da Europa adotam-se valores entre 7 a 25°.
Outro ponto a ser considerado é que na metodologia clássica o peso próprio da estrutura é
desprezado. Utilizando como referência uma ferrovia heavy haul de transporte de minério,
obtemos valore próximos de 3,5t/m de linha, conforme características da grade a seguir.
TR 68 – 68 kg/m;
25
Dormentes monoblocos de concreto – 480 kgs/unidade e espaçamento entre dormentes
de 61 cm;
Lastro em pedra britada – 1,5 t/m3 ou 2,5 t/m linear de via;
Miscelânea (placas, arruelas, tirefonds, etc) – 16 kg/m.
SELIG e WATERS (1994), INDRARATNA et al. (2011), ESVELD (2001) dentre outros,
indicam que em relação ao ponto de aplicação da carga gerada pelo rodeiro das composições,
cerca de 5 a 7 dormentes são solicitados. Assim sendo, avaliando-se as características da
grade apresentada, são desconsideradas nas memórias de cálculo algo em torno de 4,0t da
superestrutura por roda trafegada. Levando-se em consideração que as composições têm algo
entre 80 a 330 vagões, o impacto de peso da superestrutura é significativo para a
determinação das tensões propagadas.
Por esse motivo, modelos e avaliações mais aequados foram desenvolvidos, seja nas
medições das solicitações, seja na metodologia de cálculo para definição das tensões
propagadas ao longo do toda a estrutura.
Ambas metodologias são baseadas nos limites de Atterberg (LL e IP) e granulometria.
NOGAMI e VILLIBOR (1981) comentam que os métodos tradicionais de classificação de
solos desenvolvidos no exterior, não têm sido satisfatórios quando aplicados aos solos
tropicais, pois com frequencia as recomendações indicadas não coincidem com
comportamento dos solos encontrados no Brasil, muito pela diferença existente entre a fração
de argila e de areia de regiões tropicais e de regiões temperadas. Estas limitações ou
fragilidades na metodologia podem ser verificadas pela inexistência de correlações de alguns
solos tropicais e o seu comportamento geotécnico (NOGAMI e VILLIBOR, 2009).
27
pluviometria e elevadas temperaturas, proporcionando uma formação geológica bastante
peculiar se compararmos com outros países.
FIG. 2.3 - Principais zonas climáticas do globo (Fonte: Teixeira et al., 2009)
LEPSCH (2002) comenta que ambientes com altas temperaturas permite uma maior
atuação do intemperismo na formação dos solos. Segundo a Lei de Vant’Hoff, para cada 10°C
de aumento da temperatura as reações químicas aumentam de 2 a 3 vezes mais do que em
locais com climas mais amenos, interferindo assim na proliferação de microorganismos
responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, ou seja, quanto mais quente, mais
microorganismos menos matéria orgânica no solo.
Segundo TEIXEIRA et al. (2009) na maior parte dos ambientes da superfície da Terra, as
águas percolantes tem pH entre 5 e 9. Nesses ambientes, a principal reação do intemperismo é
a hidrólise, mecanismo dominante na alteração das rochas, que atua em seus graus de maior
intensidade, no caso a alitização ou ferretilização (quando ocorre a expulsão total da sílica e
do potássio), formando solos com estruturas cristalinas tipo 1:1, interessantes do ponto de
vista geotécnico, pois ocorre a formação de oxi-hidróxidos de alumínio e ferro, cimentantes
naturais. Porém, quando ocorre a eliminação parcial da sílica, sendo que o potássio pode ser
eliminado totalmente ou parcialmente dependendo da eficiência da drenagem, formam-se
solos sialitizados, podendo apresentar uma estrutura cristalina tipo 1:1 (100% do potássio
28
eliminado) gerando solos monossialitizados, ou, quando parte do potássio não é eliminado,
gerando solos com estrutura cristalina tipo 2:1 (bissialitizados), que apresentam certas
peculiaridades para utilização na engenharia devido a formação de materiais expansíveis.
Um dos principais agentes de alteração é a água. O efeito da água faz com que ocorra um
processo intenso de alteração química dos minerais contidos nos solos, seja pelo processo de
movimento de soluções, seja pela lixiviação, gerando com isso uma elevada concentração
hidrogeniônica, que não são verificadas nos solos encontrados no hemisfério norte, uma vez
que não possuem condições de temperatura e chuvas elevadas, conforme pode ser observado
na F 2.4.
A FIG. 2.5 mostra que a quantidade e a natureza dos produtos do intemperismo estão
muito bem correlacionados com a precipitação média anual. Assim, em regiões de clima com
elevada precipitação encontra-se solos com maior teor de argila (F 2.6), com propriedades
físicas, químicas e morfologicas específicas, porém com atributos comuns, como por
exemplo, composição mineralógica simples (quartzo, caolinita, oxi-hidróxidos de ferro e
aluminio), grandes espessuras e horizontes com cores dominantemente amarela ou vermelha
(TEIXEIRA et al., 2009).
29
Clima Clima Tropical
Temperado
FIG. 2.4 - Impacto do clima na gênese dos solos (Fonte: TEIXEIRA, et al., 2009)
FIG. 2.5 - Influência do tempo de intemperismo na formação dos solos (Fonte: LEPSCH, 2002)
FIG. 2.6 - Teor de argila em função da pluviosidade (Fonte: TEIXEIRA et al., 2009)
31
FIG. 2.8 - Solo laterítico no pátio ferroviário da VLI em Imperatriz – MA
SÓRIA (1985) comenta que para que uma classificação de solos seja adequada para a
utilização na engenharia, deve-se agrupar solos de comportamentos similares para que quando
se tenha um universo amostral representativo, sejam ensaiadas apenas as que possuam o
mesmo índice classificatório. A classificação também deve permitir que, através da classe do
solo, seja possível correlacionar comportamento do material em questão com o de outros
solos já conhecidos, podendo desta maneira prover o comportamento quando da aplicação.
32
“Classificação de solos tropicais para finalidades rodoviárias utilizando corpos de prova
compactados em equipamento miniatura” (DNER-CLA 259/1996).
COSTA et al. (1986) realizaram estudos de laboratório para definir a influência do desvio
da umidade sobre a resistência de solos lateríticos compactados, após a saturação dos
mesmos, e concluíram que desvios mínimos da umidade, modificaram substancialmente os
valores de CBR dos solos ensaiados. NOGAMI et al. (1993) demostraram que os solos
lateríticos, quando compactados, apresentam o ramo seco da curva de compactação muito
inclinado, elevados graus de saturação na condição de densidade máxima, valores elevados de
capacidade de suporte, baixa permeabilidade, deslocamento lento da frente de umidade,
baixas perdas de massa por imersão, baixa expansibilidade quando em contato com água
livre, contração apreciável por perdas de umidade e elevados módulos de resiliência.
Por estes motivos, o conceito de sublastro como filtro foi desenvolvido pela primeira vez
por Bertram em 1940 com participação de Terzaghi e Casagrande. Estudos posteriores foram
33
desenvolvidos pelo Corpo de Engenheiros do Exercito Americano, definindo dois critérios
para trabalhar o sublastro como filtro, sendo:
e,
onde Dn é o diâmetro da partícula do filtro e dn o diâmetro da partícula da base, que passa “n”
porcento em peso total do filtro e base respectivamente.
Os autores informam que, a relação entre essas duas camadas de sublastro também deve
satisfazer as EQ. 2.7 e EQ. 2.8. Por exemplo, uma camada devidamente classificada de
sublastro de areia e cascalho, combinada com drenagem externa adequada, evitaria a
formação de lama, eliminando o atrito do subleito. Como uma camada intermediária, o
projeto de drenagem do sublastro deve considerar tanto o subleito subjacente quanto o lastro
sobrejacente, a diretriz geral determina que a condutividade hidráulica do sublastro seja pelo
menos uma ordem de grandeza menor que a do lastro.
A camada projetada deverá ter uma superfície inclinada para o exterior da pista, para
drenar a água que vaza do subleito, incluindo a produzida pela pressão excessiva de poros
gerada por tensões cíclicas, e apresentar uma condutividade hidráulica maior que o subleito. A
exceção é quando o subleito é relativamente permeável, como uma camada de areia natural ou
areia-cascalho, ou quando nenhuma infiltração ascendente é esperada como em um aterro.
34
O critério de filtro (EQ. 2.7) faz com que as partículas na extremidade mais grossa do solo
protegido, sejam bloqueadas pelas partículas mais finas do filtro. Assumindo que não existem
lacunas na granulometria do solo ou do filtro, a ação de bloqueio se estende por toda a
camada. Para argilas médias a altamente plásticas sem silte e areia, os critérios indicados nas
EQ 2.7 e EQ. 2.8 são flexíveis, de forma a permitir uma seleção mais fácil para o filtro.
Nestes casos, segundo INDRARATNA et al. (2011), o tamanho D15 dos filtros pode ser no
máximo 0,4 mm, e a EQ. 2.8 pode ser ignorada. Para minimizar a chance de segregação das
partículas do filtro, o coeficiente de uniformidade (EQ. 2.9) não deve exceder 20.
D (EQ. 2.9)
Cu 60 20
D10
Cada camada de sublastro com um material ou gradação diferente, deve ter uma espessura
compactada nominal de pelo menos 150 mm, para permitir a variabilidade da construção e
alguma compressão subsequente sob o tráfego. INDRARATNA et al. (2011) comentam que,
para servir como um material estrutural, o sublastro também deve ser permeável o suficiente
para evitar uma poro-pressão positiva significativa acumulada sob carga repetida, deve ser
composto de partículas duráveis e não deve ser suscetível a variação da umidade. Tal material
é representado por misturas de partículas de areia e cascalho compostas de minerais
resistentes à abrasão e ao esmagamento. A FIG. 2.9 apresenta os limites indicados pela
AREMA para as camadas que compõem o lastro, sublastro e subleito.
A quase totalidade das normas internacionais para seleção de materiais para sublastro tais
como AREMA, Normas Sul-africanas, Eurocode, etc, definem que o sublastro seja executado
com materiais granulares, preferencialmente britados, que são pouco ou as vezes não
suscetíveis à variação da umidade. Essas diretrizes, para a realidade brasileira, criam
restrições que impactam na utilização de materiais competentes que não se enquadram neste
contexto, seja pelo enquadramento granulométrico, pelos índices físicos e/ou pela
característica hidráulica desses solos, que podem sofrer perdas significativas da resistência
mecânica quando da variação da umidade.
35
Limites para o
subleito com
Limites para o
granulometria fina sublastro com
granulometria
grossa
Percentual de finos por peso (%)
Limites para o
sublastro com
granulometria
fina
Limites de
granulometria para
o lastro segundo a
Faixa 4 da AREMA
AREIA PEDREGULHO
SILTE OU ARGILA
FINA MÉDIA GROSSA FINO GROSSO
FIG. 2.9 - Granulometria indicada pela AREMA para a fundação de uma via férrea (Fonte:Adaptado de Indraratna, 2011)
36
solo uma estrutura cristalina tipo 1:1 (caolinita) com presença de oxi-hidróxidos de ferro e
alumínio, com grande presença de quartzo, o que explica sua resistência ao intemperismo,
evidenciando características interessantes do ponto de vista mecânico, dessa forma estes
materiais poderiam ser empregados diretamente como uma camada de bloqueio, e não como
filtros.
Algumas pesquisas recentes sobre solos finos como camada de sublastro foram
desenvolvidas na última década. OSTEN (2012) estudou quatro solos considerados
inadequados para aplicação como camada de sublastro pela classificação tradicional, porém,
quando da avaliação frente a ensaios triaxiais cíclicos, a deformação permanente era muito
baixa, e dessa forma poderia ser aplicada na infraestrutura ferroviária.
LOPES (2017) comenta que os solos lateríticos quando submersos, a coesão aparente é
desfeita, entretanto o solo conta ainda com a coesão verdadeira oriunda da oxidação dos oxi-
hidróxidos de Fe e Al que atuam como agentes cimentantes.
Uma vez que o sublastro ferroviário fica totalmente exposto a ação dos agentes climáticos
(chuvas e evaporação), a verificação da suscetibilidade à umidade se torna de suma
importância, de forma que a curva de retenção e a condutividade hidráulica deveriam ser
37
parâmetros a serem considerados para a seleção de materiais para o pavimento ferroviário,
uma vez que estes fenômenos climáticos podem afetar a resistência ao cisalhamento.
TAB. 2. 1 - Condutividade hidráulica saturada obtida no permeâmetro de carga variável (Fonte: LOPES, 2017)
38
FIG. 2.10 - Comparação da condutividade hidráulica das amostras avaliadas de um pavimento no norte do páis (Fonte:
Lopes, 2017)
De acordo com a FIG. 2.10, os materiais estudados não se enquadram nas características
hidráulicas tradicionais para materiais a serem empregados na camada de sublastro, que
segundo INDRARATNA et. al (2011) deve ter materiais permeáveis o suficiente para evitar o
acúmulo significativo de poropressão positiva sob o carregamento cíclico, sendo composto de
materiais duráveis e não ser sensíveis à variação de umidade. Todavia, LOPES (2017)
comenta que as amostras LA e NA’ apresentaram condições de saturação em média 10 min
após o contato com a água, e as demais amostras (LA’e LAT) permaneceram neste processo
por 30 dias sem tampouco alcançar a saturação, o que demonstra uma condição interessante
para uma possível mudança de conceito do sublastro em trabalhar como uma camada de
bloqueio e não de filtro.
MENEZES (2018) em sua pesquisa para mestrado, estudou 6 (seis) solos coletados na EFC
para aplicação como camada de sublastro, levando em consideração o ponto de vista do
comportamento hidráulico, todavia, em função de problemas no desenvolvimento dos ensaios,
em uma das amostras não foi possível a obtenção dos resultados. Em seu estudo foi utilizado
os equipamentos HYPROP e WP4-C para obtenção das curvas de retenção e condutividade
hidráulica, com resultados nos materiais lateríticos compatíveis com os encontrados no estudo
de LOPES (2017), e ratificando os estudos de OSTEN (2012), DELGADO (2012), SILVA
FILHO (2013), SILVA FILHO e GUIMARÃES (2014), SOUSA (2016) e SILVA FILHO e
39
GUIMARÃES (2018) que recomendaram a utilização de solos laterizados como camada de
sublastro.
40
FIG. 2.11 - Tensões aplicadas e deslocamentos no ensaio triaxial cíclico (Fonte: BERNUCCI et al., 2010)
(EQ. 2.10)
MR d
r
Sendo:
BERNUCCI et al. (2010) ressaltaram que o uso da teoria da elasticidade para solos é uma
aproximação, e que os materiais empregados na pavimentação podem ser considerados como
elasto-plásticos.
41
FIG. 2.12, sendo os dois primeiros modelos arenosos e argilosos encontrados na tese de
HICKS (1970).
FIG. 2.12 - Primeiros modelos de comportamento tensão-deformação de solos em ensaios triaxiais de cargas repetidas,
observados no laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ (Fonte: MEDINA e MOTTA, 2015)
Quanto à deformação permanente (εp), SPADA (2003) afirma que para a obtenção da
parcela plástica acumulada de deformação, pode-se utilizar o modelo de MONISMITH et al.
(1975), expresso pela EQ. 2.11.
42
p AN B (EQ. 2.11)
(EQ. 2.12)
a ( N ) 0 .e N . V .h
r
Sendo:
GUIMARÃES (2001) propôs um modelo que é mais adaptado à realidade dos solos
brasileiros do que os modelos usualmente empregados. Tal modelo é expresso pela EQ. 2.13.
2 3 (EQ. 2.13)
p (%) 1 3 . d .N 4
0 0
Onde:
FIG. 2.13 - Pesquisa de ocorrência de Shakedown utilizando o modelo de Dawson e Wellner (Fonte: GUIMARÃES, 2001)
Colapso incremental
Shakedown plástico
Carga
Shakedown elástico
Elástico
Deformação
Limite
Limite
Limite
FIG. 2.14 - Resposta do solo quando submetido a carregamento cíclico (Fonte: WERKMEISTER, 2003)
45
ocorre quando o material apresenta deformações permanentes até um valor limite de ciclo de
cargas, a partir do qual passa a trabalhar em um regime elástico.
Nesta faixa o material apresenta deformações plásticas até um número finito de aplicações de
cargas e, após um período de pós-compactação, torna-se inteiramente elástica e não mais
ocorrem deformações plásticas, consequentemente a deformação permanente acumulada total
é pequena. Dentro do modelo de WERKMEISTER et al. (2001), este tipo de comportamento
tende a gerar curvas paralelas ao eixo das taxas de deformação acumulada.
FAIXA C – Colapso
Nesta faixa ocorre o incremento progressivo da deformação permanente para cada ciclo de
carregamento, mesmo para elevado nível de carga a resposta do material é sempre plástica.
Observando a FIG. 2.15, pode-se concluir que a taxa de deformação permanente depende do
46
nível de carregamento e que as deformações decrescem mais lentamente se comparada com as
faixas A e B. Esta faixa de trabalho pode resultar na ruptura do pavimento, de forma que em
pavimentos bem dimensionados não deve ocorrer.
Nível
FAIXACC
de carga
FAIXA
Nível BB
FAIXAAA
Nível
GUIMARÃES (2009) comenta que o número de ciclos necessários para atingir a taxa de
deformação permanente constante é função do tipo de material e do nível de carregamento.
Dessa forma a definição da tensão atuante na superestrutura e infraestrutura oriunda das
composições, se torna fator preponderante para as avaliações do comportamento mecânico e
desempenho de uma via férrea.
47
MARANGON e MOTTA (2006) estudaram a deformação permanente de solos argilosos
lateríticos no estado de Minas Gerais visando o uso em pavimentos de baixo volume de
tráfego com resultados muito interessantes (FIG. 2.16). As deformações plásticas com corpos
de prova moldados na umidade ótima ou perto da ótima apresentaram resultados muito baixos
(até cerca de 0,002 de deformação plástica especifica), para um nível de 2 x 105 de repetições
de cargas, corroborando o bom comportamento indicado pelos estudos de NOGAMI et al.
(1993) para solos lateríticos.
FIG. 2.16 - Gráficos de deformação plástica específica por número de solicitações de cargas (N), para as amostras ensaiadas
no triaxial dinâmico (Fonte: MARANGON E MOTTA, 2006)
GUIMARÃES et al. (2006) obtiveram resultados similares para solos lateríticos do Acre
através de ensaios triaxiais, obtendo deformações permanentes inferiores a 1,018 mm para
uma tensão desvio de 4 kgf/cm2 e tensão confinante de 1,5 kgf/ cm2, tendo sido observado
nitidamente uma tendência de acomodamento da deformação permanente total, ou acumulada,
à medida que se prolonga o número de ciclos de aplicação de cargas (FIG. 2.17). Em função
dos resultados este material pode inclusive ser considerado para as camadas de base e/ou sub-
base para um pavimento dimensionado para um alto volume de tráfego.
48
FIG 2.17 - Deformação permanente total (mm) para a laterita do Acre para ensaios triaxiais dinâmicos com 250.000 ciclos de
carga (Fonte: GUIMARÃES et al., 2006)
É evidente que a adoção de técnicas importadas para classificação de solos tem suas
restrições e fragilidades. Dessa forma, a adoção única e exclusiva baseada em critérios de
granulometria e plasticidade, limitam muito as opções de materiais a serem empregados.
Assim sendo, ensaios que caracterizem melhor o comportamento dos materiais frente às
solicitações se fazem mais indicados, principalmente quando se avaliam ciclos de aplicações
de cargas, mais representativos para pavimentos do que as técnicas de ruptura localizada.
49
2.5. ESTUDO DA PROPAGAÇÃO DE TENSÃO EM UMA VIA FÉRREA
A partir dos anos 70 diversos foram os estudos utilizando modelos matemáticos como
ferramenta de auxílio para avaliar-se as propagações de tensões de uma via férrea. FORTIN
(1982) desenvolveu um estudo sobre a deflexão da via, sujeita a uma carga constante ou
variando harmonicamente com velocidade constante, sem considerar o efeito de
amortecimento/dissipação da própria via, que tinha por objetivo a determinação da rigidez
dinâmica aparente da ferrovia.
Ainda nos anos 70 uma parceria entre a AAR (Association os American Railroads) e a
FRA (Federal Railroad Administration) resultou em diversos estudos relacionados à dinâmica
trem-via, permitindo o desenvolvimento de modelos matemáticos para a análise de
desempenho de todos os componentes constituintes do sistema. SCHWAB e MAUER (1989)
desenvolveram um modelo computacional para simular o comportamento da infraestrutura
sob a ação do carregamento das composições.
Alguns softwares permitiram uma maior interação do usuário aos modelos matemáticos, de
forma que pode-se citar como exemplo, o programa GEOTRACK, desenvolvido por CHANG
et a.l. (1980), muito utilizado pelos americanos, e que permite a determinação das deflexões e
do módulo de elasticidade da via em função das cargas de rodas atuantes, das características
físicas e espaçamento da dormentação e tipo dos trilhos, do lastro e principalmente das
camadas que compõem o sistema do pavimento ferroviário, inclusive aceitando informação da
espessuras das camadas.
50
reações individuais para cada dormente em relação ao contato com o lastro. O programa
considera infinito o sentido horizontal, bem como a espessura da última camada do sistema.
51
GUIMARÃES (2015) utilizando a ferramenta computacional baseada nos elementos finitos
ANSYS avaliaram o resultado de uma carga estática no sistema ferroviário.
52
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Em outubro de 2014 foi iniciado um convênio entre a VALE S.A e o Instituto Militar de
Engenharia, que tinha como objetivo realizar estudos ao longo da EFC que permitisse a
revisão dos critérios e premissas de projetos ferroviários. Dessa forma, uma extensa
campanha de coleta de materiais e ensaios de laboratórios foi realizada, inclusive com
algumas parcerias com a UFRJ/COPPE, e em laboratórios particulares em Belo Horizonte e
São Paulo.
53
A Estrada de Ferro Carajás (EFC), possui 892 km de extensão interligando a mina de
Carajás, no Pará, ao Terminal Portuário de Ponta da Madeira (TPPM) em São Luís no
Maranhão. A via é o principal corredor logístico para o escoamento de minério de ferro e as
cargas gerais oriundas da Ferrovia Norte Sul (FNS), integrando o Centro-Oeste do país com o
sistema portuário do norte.
Uma vez que este corredor logístico é estratégico para a logística nacional, é usual obras de
melhorias da via, bem como investimento que deixem o corredor mais competitivo, o que
demanda diversas obras de manutenção e ampliação. Conforme exposto, essas obras de
infraestrutura se transformam em um grande desafio para projetos de implantação e
manutenção, devido a necessidade de obtenção de material competente próximo aos locais de
intervenção. Dessa forma diversos projetos paralelos foram desenvolvidos no contexto do
convênio, tais como SOUSA (2016), que em sua dissertação de mestrado compilou os ensaios
realizados pelo autor e indicou sua utilização na infraestrutura ferroviária. GOMES (2018)
que utilizou parte dos materiais estudados para apresentar um estudo dos chamados solos
transicionais, que seriam os materiais que não se enquadrariam nas metodologias tradicionais.
Já no campo da hidráulica dos solos, LOPES (2017) e MENEZES (2018) em seus estudos
pela COPPE/UFRJ e IME respectivamente, utilizaram amostras dos solos estudados na
pesquisa da EFC.
54
Pesquisa EFC Convênio IME-VALE
Desenvolvimento de
equipamento para ensaio de
lastro (SOUSA, 2018)
Previsão do comportamento
estrutural do pavimento
FIG. 3.2 - Fluxograma da pesquisa na EFC em função do convênio entre o IME e a VALE
55
Pesquisa Tese
Granulometria por
Módulo de Ensaios de Modelagem
peneiramento e ANSYS MEF
resiliência laboratório numérica
sedimentação
Lmites de Deformação
HIPROP IVFLOW SysTrain
consistência permanente
Compactação WP4-C
Microscopia
Permeâmetro de
eletrônica de
cargas variáveis
varredura (MEV)
Espectrometria de
raios X por energia
dispersiva (EDS)
Classificação MCT
(tradicional e
expedita)
Trecho experimental
em Açailândia - MA
56
FIG. 3.4 - Esquemático comparativo entre os modais rodoviário e ferroviário (Fonte: Adaptado de BROW e SELIG, 1991)
SOUSA (2016) comprovou em seu estudo de caracterização das amostras coletas na EFC,
essa escassez de material, no que tange ao enquadramento nas premissas tradicionais de
dimensionamento de vias férreas. Na FIG. 3.5, é apresentado a granulometria dos materiais
analisados, ficando evidente que as presenças de materiais mais finos são preponderantes ao
longo de todo o trecho analisado.
FIG. 3.5 - Granulometria completa das amostras da EFC (Fonte: SOUSA, 2016)
A mesma autora apresenta os valores encontrados nos limites físicos bem como as
tolerâncias preconizadas pela VALE S/A para a duplicação da EFC (FIG. 3.6). Os estudos
indicaram que apenas 12% dos materiais são considerados não plásticos, 85% apresentaram
57
IP ≤ 36% e 2% com IP ≥36%. Nas amostras de subleito 76% foram identificadas com valores
de IP superiores a 6%.
FIG. 3.6 - Limites de consistência das amostras coletadas na EFC (Fonte: SOUSA, 2016)
Dessa forma, realizando o enquadramento na classificação TRB (FIG. 3.7), fica claro as
sérias restrições em se caracterizar as amostras de solos tipicamente formados em climas
tropicais e valida-las para aplicação em obras ferroviárias apenas com os ensaios ditos
tradicionais.
FIG. 3.7 - Enquadramento das amostras coletadas ao longo da EFC na classificação TRB (Fonte: SOUSA, 2016)
58
O presente trabalho propõe a adoção de ensaios mais representativos para avaliação dos
materiais que não se enquadram nas metodologias tradicionais, principalmente no que faz
referência ao enquadramento granulométrico e nos ensaios de ruptura localizada.
Na FIG. 3.8, foram considerados os valores médios obtidos nos ensaios de módulo de
resiliência. É de notório conhecimento, que este tipo de avaliação traz fragilidade na
interpretação dos resultados, uma vez que o módulo de resiliência é dependente dos estados
de tensões, porém, uma vez que esta situação se apresenta mais desfavorável, optou-se por
esta forma de apresentação.
Utilizando o trabalho de SILVA FILHO (2013) que indica valores das tensões nas
camadas do pavimento ferroviário para ferrovias de carga pesadas para diferentes veículos de
via, apenas 6 (seis) amostras, ou 16% do total de 34 amostras que foram ensaiadas, não
seriam indicadas para serem utilizadas como camada de sublastro, as linhas horizontais
indicam os limites admissíveis para cada camada do pavimento.
FIG. 3.8 - Módulo de resiliência das amostras estudadas com indicação de limites de referência para sublastro, reforço e
subleito (Fonte: SOUSA, 2016)
Conforme já explanado no item 2.3, a formação desses solos, em quase sua totalidade, é
oriunda do processo de hidrólise total. A zona de pesquisa fica na região amazônica, que
59
apresenta elevados índices pluviométricos, elevadas temperatura e relevo que favorece a
drenagem, requisitos preponderantes para formação de solos tropicais. Assim as ocorrências
de materiais que sofreram laterização são bastante presentes, o que é corroborado quando se
analisa a FIG. 3.9 obtida do estudo de SOUSA (2016).
FIG. 3.9 - Enquadramento das amostras da EFC na metodologia MCT (Fonte: SOUSA, 2016)
Porém, em função das respostas obtidas nos ensaios hidráulicos e mecânicos, foi realizada
uma avaliação da disponibilidade de solos versus possibilidade de implantação de um trecho
experimental, de tal forma que fosse possível o monitoramento do comportamento da via com
a aplicação de um dos materiais estudados como camada de sublastro. Dessa forma, foi
60
selecionada a região de Açailândia no estado do Maranhão como potencial local para a
continuidade da pesquisa.
O clima é quente e úmido em meados do ano e as chuvas ficam mais distribuídas nos
meses de novembro a maio, sendo março o mês mais chuvoso na região com (357 mm). De
junho a agosto o clima vai ficando mais seco com dias quentes e madrugadas relativamente
frias, de setembro a novembro o clima vai ficando mais quente, voltando a ocorrer algumas
pancadas de chuva a partir de outubro.
A linha de pátio selecionada, apesar de apresentar uma frequência alta de tráfego, possui
velocidade média de operação baixa, fator positivo por se tratar de um experimento, e as
tensões oriundas das composições tem como velocidade o fator preponderante para a
determinação do coeficiente dinâmico no contato da roda com o trilho.
61
O pavimento ferroviário em questão tem como seu trem-tipo padrão o vagão tanque,
utilizado para transporte de combustível, com carga total aproximada de 130 t.
Todavia, como trata-se de um pátio ferroviário onde trafegam as mais diversas cargas,
optou-se a favor da segurança, majorar a carga por eixo da composição, caso ocorresse a
necessidade de se trafegar porventura com um trem de minério, que devido a densidade do
material gera uma solicitação aproximadamente 18% acima de um vagão tanque. Dessa forma
adotou-se algumas premissas para a determinação da tensão propagada para a fundação, que
nesse caso foi determinada através da metodologia clássica, para ser possível um comparativo
com os valores obtidos com o SysTrain. Assim sendo, a seguir são apresentadas as premissas
para esta simulação:
62
Localmente a geologia da área caracteriza-se pelas Formações Itapecurú, Grupo Barreiras e
Coberturas Detríticas Lateríticas, que estão recobertos por formações recentes do período
quaternário, representados pelos sedimentos aluvionares.
63
conglomeráticos depositados por fluxo de detritos com lama. A unidade apresenta também
alguns seixos compostos de fragmentos lateríticos. Na região da ferrovia, o Grupo Barreiras é
representado por um solo argilo-arenoso, encontrado nos desvios ferroviários, caracterizado
pela boa capacidade de suporte, alta plasticidade e por não apresentar material granular retido
na peneira n° 40, indicando solos de granulometria fina.
Nos depósitos aluvionares, predominam areia fina a média e material silto-argiloso, areia
fina a média, argila, areia fina, silte e argila, subordinadamente encontra-se areia grossa,
conglomerado desorganizado de arcabouço aberto, constituído de fragmentos angulosos a
subangulosos de laterita e subordinadamente, seixos de quartzo e bolas de argila, depositados
em um sistema fluvial.
Maranhão
Trecho
Experimental
Açailândia
Trecho Trech
Experimental
Exper
FIG. 3.10 - Mapa geológico do trecho selecionado para implantação do experimento no Pátio de Pequiá em Açailândia - MA
64
erosivas constituídas por superfícies tabulares erosivas, superfícies pediplanadas em retomada
de erosões recentes.
FIG. 3.11 - Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL) selecionado para camada de sublastro do trecho experimental
65
Na FIG. 3.12 pode ser observado que, devido à alta coesão do material, foi necessária a
mobilização de uma retroescavadeira para auxiliar na abertura dos poços para realização das
coletas, que foram efetuadas nos taludes de corte e no platô existente. Tal fato, combinando
com a existências de trincas no talude natural já indicavam uma tendência deste material
apresentar comportamento laterítico.
FIG. 3.12 - a) face norte do talude de corte. b) face sul do talude de corte. c) acesso existente
Na TAB. 3.1 são apresentadas características geotécnicas do solo estudado, na qual pode
ser observado que as amostras apresentaram umidade ótima em torno de 14%, porém com
resultados de CBR abaixo dos parâmetros aceitáveis para camadas de sublastro (CBRsublastro >
20%).
66
pedregulho. Assim, o solo se enquadra no critério de granulometria para classificação MCT
como um solo fino arenoso lateríticos (SAFL), ou seja, com porcentagem passante na peneira
n° 10 (2,0 mm) superior a 97%.
Na Erro! Fonte de referência não encontrada. 3.2 são apresentados valores dos módulos
resilientes (MR) dos solos estudados, incluindo umidade do corpo-de-prova, valor médio e
parâmetros do modelo de MR função da tensão desviatória. Os ensaios foram realizados em
corpos-de-prova de 10 x 20 cm (FIG. 3.13). Foi utilizada com referência a norma DNIT
134/2010.
67
FIG. 3.13 - Preparação do corpo de prova
O solo estudado apresentou valores de MR médio de 240 MPa, ou seja, um valor elevado
para solos finos, mesmo tendo sido realizada a compactação no Proctor Normal, conforme
visto em BERNUCCI et al. (2010) e SILVA (2003) para brita graduada simples (BGS) e
algumas misturas estabilizadas granulometricamente. Nas FIG. 3.14a, b e c apresentam-se os
gráficos de variação do módulo resiliente em função da tensão desviatória.
FIG.3.14 - (a)Variação do MR em Função da Tensão Desvio para a amostra 01 (b) Amostra 02 e (c) Amostra 03
A FIG. 3.15 apresenta o resultado utilizando o modelo composto proposto por MACEDO
(1996).
68
(c)
(a) (b)
FIG. 3.15 - Módulo de resiliência através do modelo composto - amostras (a) 01, (b) 02 e (c) 03
TAB. 3.3 - Relação dos estados de tensões adotados nos ensaios de deformação permanente
O intuito da utilização destes níveis de tensão, foi avaliar o comportamento dos corpos de
provas submetidos à variação da tensão desviatória que levasse a ruptura. SILVA FILHO e
GUIMARÃES (2014) utilizando a metodologia clássica, calcularam uma tensão vertical
atuante no topo de sublastro de 220 kPa para pavimento ferroviário (heavy haul), contendo
69
sublastro de cascalho de seixo rolado, com carga padrão de 160 toneladas (vagão gôndola).
Tal estado de tensões se assemelha ao ensaio 2 da T3.
12
Deformação Permanente Acumulada (mm)
10
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000
FIG. 3.16 - Deformação permanente acumulada para os ensaios realizados com a amostra de SAFL. Amostra 1 - umidade
ótima.
Não se pode garantir ao certo se nestas condições de tensões - ensaios 4 e 5 - uma camada
de sublastro constituída deste material apresentaria a mesma ordem de grandeza da
deformação apresentada nos ensaios, porque tem-se que levar em conta as tensões e ciclos de
carregamentos existentes nas fases de execução da camada de lastro, porém o
condicionamento do corpo de prova pode minimizar este efeito. Este aspecto, assim como um
eventual fator-campo laboratório para deformação permanente, ainda constitui objeto de
70
pesquisas futuras. Entretanto, conforme mostrado por SILVA FILHO (2013), as tensões
atuantes no topo da camada de sublastro em ferrovia heavy haul similar, e obtidas em
simulação numérica do comportamento estrutural do pavimento, indicaram valores mais
baixos, da ordem dos valores obtidos nos ensaios 1 e 2, da T 3.3. Assim, a deformação
permanente esperada para camada de sublastro constituída do solo arenoso fino laterítico
ensaiado é muito baixa - no máximo de 2 mm -, conforme mostrado na Erro! Fonte de
referência não encontrada. 3.16.
Logicamente existe um fator campo/laboratório que requer medidas a longo prazo, assim
realizando um comparativo simplificado de proporção, teríamos uma deformação plástica
acumulada total na camada do sublastro na ordem de 3%. Usualmente o sublastro é
dimensionado com uma espessura variando de 25 a 30 cm, dessa forma em campo, estima-se
uma deformação de aproximadamente 1cm.
71
FIG. 3.17 - Pesquisa de ocorrência do Shakedown para a amostra estudada. Amostra 1, Umidade Ótima
a) b)
FIG. 3.18 - (a) Visão geral do equipamento de MEV do laboratório de materiais do IME e (b) Detalhe do local de deposição
das amostras
72
NOGAMI e VILLIBOR (2009) comentam que os solos lateríticos apresentam grãos não
muito individualizados, mas sim ligados por uma massa aparentemente amorfa. Os contornos
aparentes dos grãos são nitidamente arredondados com indícios de vazios internos,
apresentando um aspecto do tipo “pipoca” ou “esponja”.
Outra informação relevante dos mesmos autores, é que a presença de caulinita na fração
fina do solo se mostra na forma de macrocristais prismáticos tortuosos ou muito alongados,
mineral geralmente presente na fração argila dos solos lateríticos.
SOUSA (2016) realizou os ensaios de MEV (FIG. 3.19) na amostra SALF apresentada no
presente trabalho, chegando a conclusão que o material apresenta grãos de tamanhos variados,
porém alguns unidos a outros conforme indicação de NOGAMI e VILLIBOR (2009) para
solos lateríticos.
FIG. 3.19 - MEV da amostra SALF, aprox. 100x, 500x e 3000, respectivamente (Fonte: SOUSA, 2016)
Também foram realizados ensaios de EDS, que permitem identificar, dentre outros
elementos, a presença de Fe e/ou Al em sua composição, elementos característicos de solos
lateríticos, pois na gêneses destes tipos de materiais, ocorre o acúmulo de óxidos e hidróxidos
de sesquióxidos (Al2O3, Fe2O3 e TiO2), ou seja, a presença de titânio (Ti) na composição
pode ser também um indicativo de solos laterizados. No ensaios de EDS realizado por
SOUSA (2016), e apresentado na FIG. 3.20, é possível perceber a presença de ferro, aluminío
e titânio, evidenciando que o material estudado sofreu laterização, corroborando também os
resultados obtidos nos ensaios de caracterização MCT apresentados no ANEXO I deste
trabalho.
73
FIG. 3.20 - EDS da amostra SAFL (Fonte: SOUSA, 2016)
74
FIG. 3.21 - Curva característica da amostra SAFL selecionado para o trecho experimental (Fonte: LOPES, 2017)
LOPES (2017) estudou também a condutividade hidráulica da amostra SAFL (FIG. 3.22),
chegando a valores na ordem 1 x 10-7 cm/s na umidade ótima, e valores próximos a 1,22x10-6
cm/s para a condutividade saturada, valores que a autora considera muito baixos.
75
FIG. 3.22 - Curva de condutividade hidráulica x umidade volumétrica da amostra SAFL (Fonte: LOPES, 2017)
Embora a pesquisa de LOPES (2017) tenha sido publicada 2 anos após a implantação do
trecho experimental, os resultados encontrados no seu trabalho corresponderam à situação
verificada em campo, onde mesmo com problemas na drenagem da via, o pavimento não
sofreu uma perda das suas características mecânicas, o que pode ser explicado pela baixa
permeabilidade do material relatado pela autora, ficando assim menos suscetível à variação da
umidade.
76
4. ESTUDO DA DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES NA VIA
Para nortear o desenvolvimento do software para definição das tensões e deformações, foi
realizado um estudo comparativo entre dois programas utilizados na prática de engenharia: o
Ferrovia 3.0 e o ANSYS v15. Esta comparação foi baseada em um estudo de caso descrito em
SILVA FILHO (2013).
TAB. 4.1 - Dados geométricos do pavimento avaliado (Fonte: SILVA FILHO, 2013)
Grade
Bitola da via 160 cm
Espaçamento entre dormentes 61 cm
Trilhos
Momento de Inércia 3.950 cm4
Largura 15 cm
Área da seção 86 cm²
Dormentes
Momento de Inércia 26.533 cm4
Largura 30 cm
Área da seção 630 cm²
Comprimento 280 cm
Tipo monobloco
Dados gerais do solo
Número de camadas 3
Número de incrementos de cargas 4
Solo
Camada Espessura No de divisões
Lastro (Camada 1) 30 cm 5
Sublastro (Camada 2) 25 cm 5
Subleito (Camada 3) 200 cm 5
77
Os dados mecânicos foram obtidos nas especificações técnicas dos fornecedores e em
relação ao lastro obtidos na literatura e boas práticas de projetos ferroviários, são da mesma
ferrovia e estão listados na Erro! Fonte de referência não encontrada. 4.2.
A aplicação de carga equivale à 40 tf por eixo, sendo dois eixos espaçados de 1,88m. O
posicionamento da carga coincide no meio do vão entre dormentes. As informações das
cargas aplicadas são resumidas na TAB. 4.3.
Vagão GDU
Pontos nodais 134, 140, 157 e 163
Tipo de carga Força Vertical
Valor das cargas -20tf
Número de cargas aplicadas 4
78
Um desenho esquemático dos nós que representam a grade (trilhos e dormentes) e os
pontos de aplicação da carga é apresentado na FIG. 4.1.
FIG. 4.1 - Esquemático da malha de elementos finitos para o vagão GDU (Fonte: SILVA FILHO, 2013)
O programa Ferrovia 3.0 não especifica qual é a largura de solo considerada na seção
transversal da via. Para a simulação em ANSYS, foi utilizada uma espessura da camada que
não criasse uma restrição da propagação da tensão que porventura causasse influência no
resultado. Nas camadas de sublastro e subleito, esse valor foi de 3 metros para cada lado além
dos dormentes. A largura do lastro foi adotada como igual ao comprimento dos dormentes,
desconsiderando-se assim as ombreiras e talude.
Os valores para as espessuras das camadas de solo foram os mesmos aplicados no Ferrovia
3.0 (TAB. 4.1), assim como todas as dimensões disponíveis no estudo de SILVA FILHO
79
(2013) relacionadas à grade. A altura dos dormentes considerada foi de uma seção transversal
retangular. Então, com base nos valores da área e da largura da base, a altura foi definida
como a divisão entre esses valores, resultando em 22 cm.
O Ferrovia 3.0 oferece ao usuário opção entre dois tipos de dormente: monobloco ou bi-
bloco, além do módulo K da grade (rigidez de fixação). De acordo com SELIG e LI (1994),
esta rigidez se refere à compressão que se dá do topo do trilho até a base do dormente.
SPADA (2003) calculou a rigidez da fixação com base nas propriedades mecânicas do trilho,
dormente e a o elemento de fixação (TAB. 4.4). Para dormentes de concreto, este valor é,
80
predominantemente, definido pela deformação da palmilha colocada entre o trilho e o
dormente.
TAB. 4.4 - Rigidez de fixação entre trilho dormente (Fonte: SPADA, 2003)
Para fins de comparação dos resultados do Ferrovia 3.0 apresentado por SILVA FILHO
(2013) com os do ANSYS, foram utilizados os mesmos valores para a rigidez de fixação,
sendo modelado no ANSYS com o valor de 70.000 kN/m.
A camada de sublastro do caso estudado é composta de solo granular arenoso, cujo módulo
de resiliência foi calculado para o modelo de solo arenoso da FIG. 4.3.
No entanto, o ANSYS não possui um modelo específico para a camada do sublastro. Para
garantir uma modelagem com comportamento do solo conforme desejado, o cálculo do MR
foi feito de maneira iterativa, atualizando seu valor e recalculando as tensões ao longo do
domínio, sucessivamente, até que o critério de convergência fosse alcançado.
81
Foram necessárias 50 iterações para alcançar a condição do critério de convergência,
definida como uma variação do MR entre iterações consecutivas menor ou igual a 1% do seu
valor absoluto para todos os elementos do sublastro.
Em relação aos carregamentos, foram aplicadas nas mesmas posições que foram utilizadas
no Ferrovia 3.0, ou seja, um eixo no meio entre o 6º e 7º dormente e outro eixo entre o 9º e
10º. Para uma maior precisão, optou-se por aplicar as cargas provenientes das rodas ao longo
de um pequeno trecho linear dos trilhos, cuja extensão foi escolhida baseando-se nas
dimensões médias das rodas. O tamanho da extensão de trilhos definida para a aplicação das
cargas foi de 2 cm. No entanto, as simulações numéricas feitas com extensões menores não
causaram variação significativa nos resultados avaliados.
Para a modelagem dos elementos estruturais, tais como trilho, fixação, dormentes e
camada dos pavimentos, foram selecionados os modelos mais representativos para cada
elemento. Para a modelagem dos trilhos, foi feita a escolha pelos elementos de viga
quadráticos BEAM189 (Erro! Fonte de referência não encontrada.a), tendo em vista que
uma das dimensões é significativamente maior que as outras duas.
Este tipo de elemento é definido por três nós: inicial, final e intermediário. Entre as
propriedades necessárias para a sua definição, estão a seção transversal (seção do trilho),
módulo de elasticidade do material (aço) e coeficiente de Poisson.
Para as camadas do pavimento, foram utilizados elementos sólidos SOLID185 (FIG. 4.3b).
Estes elementos são definidos pelos 8 nós de seus vértices. As propriedades especificadas
para estes elementos são aquelas referentes às respectivas camadas que representam (TAB.
82
4.2), ou seja, módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson, K1 e K2, sendo estes dois
últimos apenas para o sublastro.
Para a avaliação da interface trilho-dormente, foi definido o trilho como o contato, com o
elemento CONTA175 (Erro! Fonte de referência não encontrada.c), e a superfície do
dormente foi definida como o alvo, com o elemento TARGE170 (FIG. 3a), formando assim o
par de contato de acordo com a metodologia utilizada pelo ANSYS.
(b)
Os nós dos elementos de contato e alvo são compartilhados com os elementos referentes
aos componentes da via (trilho e dormente). Assim, é feita a transferência de cargas entre
elementos de contato e respectivos elementos estruturais.
(a) (b)
83
No caso da interação entre dormente e o lastro, a base do primeiro foi definida como o
contato, utilizando-se o elemento CONTA174 (FIG. 4.3c), e a superfície do segundo, como o
alvo, utilizando-se o elemento TARGE170 (FIG. 3b).
A discretização ao longo dos dormentes (eixo y) foi feita com tamanho equivalente à
largura da base de sua seção (30 cm). Numa análise de sensibilidade realizada, tamanhos
menores de discretização não apresentaram variação significativa no resultado.
84
Quando se avalia a definição de contatos, tanto a interface trilho-dormente quanto no
contato dormente-lastro foi utilizada a opção bonded, que faz com que as duas partes não
possuam deslocamento relativo entre si no ponto de contato. A rigidez de compressão vertical
do conjunto trilho-dormente definida foi de 70.000 kN/m, que equivale à rigidez de fixação
(TAB. 4.2).
Uma vez que o Ferrovia 3.0 oferece uma lista limitada de variáveis de dados de saída, na
modelagem em ANSYS procurou-se obter as mesmas variáveis, tais como:
85
FIG. 4.6 - Deslocamento ao longo dos dormentes
Deslocamento D7
Carregamento
0
DORMENTE
-0,2
Deslocamento (mm)
-0,4
-0,6
-0,8
-1
-1,2
-1,4
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Distância ao longo do dormente (m)
Em relação aos trilhos e dormentes, tanto os deslocamentos do trilho quanto dos dormentes
calculados pelo ANSYS foram de maior magnitude que os calculados pelo Ferrovia 3.0 (FIG.
4.8). No entanto, ambos apresentaram uma forma semelhante (FIG. 4.7 e Erro! Fonte de
referência não encontrada.).
86
Deslocamentos verticais nos trilhos
0,50
Deslocamento verticai no trilho (mm)
Carregamento
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7
-0,50
-1,00
-1,50
-2,00
-2,50
x (m)
A TAB. 4.5 apresenta os resultados de deslocamento máximo calculado pelo Ferrovia 3.0 e
os resultados obtidos pelo ANSYS.
87
FIG. 4.9 - Pressões de contato dormente-lastro em Pa. Divisão de 30 cm na seção dos dormentes.
Observou-se que a discretização das seções dos dormentes tem impacto significativo no
valor máximo de pressão calculado no ANSYS, ou seja, este refinamento distancia ainda mais
dos resultados encontrado no ferrovia. Como exemplo, foi modelado o dormente com divisão
da seção em 15 cm (duas divisões na largura e altura da seção do dormente) e a pressão
máxima de contato calculada chegou a 263 kPa (FIG. 4.10).
FIG. 4.10 - Pressões de contato dormente-lastro em Pa. Divisão de 15 cm na seção dos dormentes
Para manter uma comparação coerente entre ambos os softwares, os demais resultados
referem-se à uma divisão de 30 cm da seção do dormente (uma divisão na largura e altura).
Esses valores foram comparados com os encontrados no Ferrovia 3.0 (FIG. 4.11).
88
FIG. 4.11 - Pressões de contato entre dormentes e lastro
Observa-se que, de uma maneira geral, as pressões calculadas pelo ANSYS acompanham a
média daquelas calculadas pelo Ferrovia 3.0 (FIG. 4.12).
400
Carregamento
300
DORMENTE
200
Pressão (kPa)
100
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
-100
Distância ao longo do dormente (m)
Em uma análise mais detalhada, constata-se que, para todos os dormentes, o Ferrovia 3.0
apresenta pressão nula no centro. Além disso, há uma oscilação acentuada ao longo do
dormente. O resultado calculado pelo ANSYS tem a pressão mais bem distribuída, com
89
pressão no centro comparável a das extremidades. O dormente (D9) é exemplo desta
observação (FIG. 4.12).
A causa desta diferença pode ser dada pelos métodos numéricos adotados. O Ferrovia 3.0
utiliza MEF para a grade e o Método das Camadas Finitas (MCF) para as camadas do
pavimento, enquanto o ANSYS utiliza MEF para todos os componentes da via. Um estudo
mais profundo é impossibilitado pela indisponibilidade de informações mais detalhadas sobre
a metodologia utilizada pelo Ferrovia 3.0. Portanto, a maneira mais indicada para se constatar
qual é o resultado mais preciso é a comparação com resultados experimentais coletados
através de instrumentação em campo.
90
Para as camadas lineares do exemplo estudado (lastro e subleito), os valores de MR
considerados por ambos os softwares são iguais. Porém, para o sublastro, os valores
calculados pelo ANSYS variam ao longo do plano horizontal, devido à variação das tensões
normais em x e y, conforme Equações 4.1.
A valor de MR mínimo no sublastro calculado pelo ANSYS foi de 213 MPa e o máximo,
1600 MPa (TAB. 4.7). Estes valores, em, praticamente, todo o sublastro, são superiores aos
calculados pelo Ferrovia 3.0. Ou seja, o fato do deslocamento vertical calculado pelo ANSYS
ser superior ao do Ferrovia 3.0 não se deve ao valor de MR no sublastro, que é a única
camada não-linear do exemplo, e sim pela forma como foi modelada a camada utilizando o
método das camadas finitas.
MR Calculado (MPa)
Subcamada
ANSYS
Ferrovia 3.0
Ordem Prof. (cm) Mín. Máx.
1 32.5 162.6 213 1600
2 37.5 177.5 243 1060
3 42.5 199.7 287 647
4 47.5 246.3 313 651
5 52.5 262.7 292 712
Para as análises das tensões cisalhantes obtidas pelos dois softwares, obteve-se uma
diferença significativa. Isso pode ser explicado pelo fato de, no ANSYS, não ter sido
considerado o ângulo de atrito do material. No entanto, conforme comentado anteriormente,
simulações numéricas mostraram que a tensão cisalhante não tem influência significativa para
os demais resultados da análise. Isso é confirmado pelo fato das tensões cisalhantes
calculadas, tanto no Ferrovia 3.0 quanto no ANSYS, terem ordem de grandeza muito inferior
às tensões normais.
91
TAB. 4.8 - Resumo das tensões cisalhantes calculadas
Para quase todo o domínio, o Ferrovia 3.0 apresenta tensões cisalhantes muito baixas, com
média de magnitude de 3,4 kPa. No entanto, entre 9 e 15 cm de profundidade, este software
calcula tensões cisalhantes, no plano ZY (plano perpendicular à via), muito superiores,
chegando num máximo de 125 kPa. A tensão cisalhante máxima calculada pelo ANSYS foi
de 35 kPa e a média 3.0 kPa (TAB. 4.8).
Apenas para melhor visualização das deformações resultantes, são apresentados, nas FIG.
4.13 a FIG. 5.17 a seguir, os deslocamentos verticais nos diversos componentes do modelo na
simulação com o ANSYS.
92
FIG. 4.14 - Deslocamentos verticais dos dormentes em vista tridimensional (em metros)
93
FIG. 4.16 - Deslocamentos verticais do sublastro em vista tridimensional (em metros)
94
Na FIG. 4.18 é apresentado, em escala de cores, as tensões normais calculadas pelo
ANSYS. O domínio representado corresponde apenas à um quarto do domínio considerado
pela dupla simetria do problema (no plano xz e no plano yz).
FIG. 4.18 - Tensões verticais (eixo z) em metade do pavimento simétrico (em Pa)
O Ferrovia 3.0 é um software que possui pré e pós-processamento voltados para aplicação
em pavimentos ferroviários, e por isso se torna extremamente mais prático que o ANSYS
nesta tarefa. Por outro lado, não é conhecida, em detalhes, a metodologia utilizada no Ferrovia
3.0, impossibilitando uma análise mais detalhada dos seus resultados e os motivos de
eventuais discrepâncias em relação a outros softwares ou dados experimentais. Além disso,
nem todos os resultados são disponibilizados pelo Ferrovia 3.0 como, por exemplo, os
deslocamentos das camadas do pavimento.
95
Muitos dos resultados encontrados no Ferrovia 3.0 foram próximos aos calculados pelo
ANSYS, como deslocamentos do trilho (FIG. 4.18) e valores máximos de pressão entre
dormentes e lastro (FIG. 4.11). No entanto, outros resultados divergiram significativamente,
como valores mínimos de pressão entre dormente e lastro e tensões cisalhantes (TAB. 4.12).
O Ferrovia 3.0 calcula valor nulo de pressão de contato entre lastro e centro do dormente,
além de diversos pontos de inflexão (FIG. 4.7). Este é um resultado improvável, pois os
dormentes possuem rigidez muito superior às das camadas.
Uma causa de algumas discrepâncias entre os dois softwares pode ser atribuída à largura da
seção considerada para as camadas abaixo do lastro. No Ferrovia 3.0, este valor não é
explicitado, desconhecendo-se, portanto, o que o software utiliza em seu cálculo interno. Na
análise em ANSYS, foi considerada uma largura grande o suficiente para que uma variação de
seu valor não impactasse, significativamente, nos resultados.
Outro fato importante é que o ANSYS utiliza o MEF em todo o domínio. Já no Ferrovia
3.0, é utilizado o Método das Camadas Finitas para as camadas do pavimento. Desta forma,
este último software apresenta um único valor de MR para cada subcamada. Esta premissa
pode impactar nos resultados, pois o MR varia com a tensão confinante, que, por sua vez,
varia dependendo da posição.
Para o desenvolvimento do SysTrain, foi adotado o Método dos Elementos Finitos (MEF),
que possui elevada robustez nas análises estruturais em geral, sendo capaz de considerar,
simultaneamente, todos os componentes do pavimento ferroviário, com suas distintas
características mecânicas.
(EQ. 4.2)
∭ 𝛿𝜺𝑻 𝝈𝑑𝑉 = ∭ 𝛿𝒖𝑻 𝑏⃗𝑑𝑉 + ∬ 𝛿𝒖𝑻 𝑡𝑑𝐴 + ∑ 𝛿𝒂𝑻𝒊 𝑝𝑖 ,
𝑉 𝑉 𝐴 𝑖
97
discretização
discretiza
ção
domínio inicial
n elemento
ó (e)
𝑛
(𝒆)
𝒖 = ∑ 𝑁𝑖 𝒂𝒊 (EQ. 4.3)
𝑖=1
𝑛
(𝑒)
𝜺 = ∑ 𝐵𝑖 𝑎𝑖 , (EQ. 4.4)
𝑖=1
98
𝜕𝑁𝑖
0 0
𝜕𝑥
𝜕𝑁𝑖
0 0
𝜕𝑦
𝜕𝑁𝑖
0 0
𝜕𝑧
𝐵𝑖 = 𝜕𝑁 𝜕𝑁𝑖 . (EQ. 4.5)
𝑖
0
𝜕𝑦 𝜕𝑥
𝜕𝑁𝑖 𝜕𝑁𝑖
0
𝜕𝑧 𝜕𝑥
𝜕𝑁𝑖 𝜕𝑁𝑖
0
{ 𝜕𝑧 𝜕𝑦 }
A função Ni e a matriz Bi devem ser determinadas para cada nó, de acordo com o tipo de
elemento ao qual se referem. Mais a diante, serão apresentadas Ni e Bi para cada tipo de
elemento adotado no presente estudo.
99
onde K (e) é a matriz rigidez elementar, obtida a partir das matrizes B e D, a(e) é o vetor de
deslocamentos dos nós pertencentes ao elemento e f (e) é o vetor de forças, decorrente das
forças de campo, trações em superfícies e forças nodais, conforme a EQ. (EQ. 4.7).
Após o cálculo da matriz K (e) de cada elemento, é montada a matriz rigidez global K, por
associação de cada linha e coluna das matrizes elementares (numeração de nós local) com a
linha e coluna correspondente na matriz global (numeração de nós global). A matriz rigidez
global relaciona os deslocamentos de todos os nós do modelo com o vetor de forças global:
100
Dados de Entrada
101
parametrização
𝑥 𝑛 𝑁
𝑖 𝑥𝑖
{𝑦} = ∑ [ 𝑁𝑖 ] {𝑦𝑖 } , (EQ. 4.10)
𝑧 𝑖=1 𝑁𝑖 𝑧𝑖
Porém, para obter a matriz deformação pela EQ. (EQ. 4.5), é necessário calcular as
derivadas de Ni em relação às coordenadas reais (i.e. ∂Ni / ∂x, ∂Ni / ∂y e ∂Ni / ∂z).
Aplicando-se a regra da cadeia para as derivadas em relação às coordenadas naturais, obtém-
se:
102
𝜕𝑁𝑖 𝜕𝑁𝑖
𝜕𝑥 𝜕
𝜕𝑁𝑖 −1 𝜕𝑁𝑖
= 𝐽(𝑒) , (EQ. 4.11)
𝜕𝑦 𝜕
𝜕𝑁𝑖 𝜕𝑁𝑖
{ 𝜕𝑧 } { 𝜕 }
Para a conversão de operadores infinitesimais presentes nas integrais da EQ. (EQ. 4.7)
como coordenadas reais para coordenadas naturais, pode-se provar que:
1 1 1
(𝑒)
𝐾𝑖𝑗 = ∭ 𝐵 𝐷 𝐵 𝑑𝑉 = ∫ ∫ ∫ 𝐵 𝑇 𝐷 𝐵 |𝐽(𝑒) | 𝑑 𝑑 𝑑
𝑇
(EQ. 4.14)
𝑉 −1 −1 −1
𝑛𝑝 𝑛𝑞 𝑛𝑟
(𝑒)
𝐾𝑖𝑗 = ∑ ∑ ∑[𝐵 𝑇 𝐷 𝐵 |𝐽(𝑒) |]𝑝,𝑞,𝑟 𝑊𝑝 𝑊𝑞 𝑊𝑟 , (EQ. 4.15)
𝑝=1 𝑞=1 𝑟=1
103
onde p, q e r são os índices correspondentes aos pontos de integração e Wp , Wq e Wr são os
seus respectivos pesos.
4.4.2. Elementos
Nº de Componente da
Descrição Características
nós ferrovia
Dado de entrada: rigidezes da seção transversal.
Barra
2 Calcula o momento fletor e esforço cortante ao Trilhos
(viga)
longo da viga.
Faz a conexão entre um nó do trilho e dois nós do
dormente, com comportamento de mola. Dados de Grampo de fixação dos
Grampo 3
entrada: rigidezes de mola nas direções horizontais e trilhos nos dormentes
vertical.
Dormentes, lastro,
Sólido Calcula as tensões normais e cisalhantes ao longo de
8 sublastro e demais
hexaédrico seu volume.
camadas
Para discretização dos dormentes, lastro, sublastro e demais camadas de solo, foram
adotados elementos hexaédricos, definidos por 8 nós nos seus vértices (FIG. 4.22). Os graus
de liberdade calculados em cada nó são as translações nas três direções (u, v e w).
104
FIG. 4.22 - Elemento hexaedro
As funções de forma adotadas para o elemento hexaédrico são representadas na EQ. (EQ.
4.16).
𝑁1 (, , ) = (1/8) ∙ ( + 1) ∙ ( − 1) ∙ ( − 1)
𝑁2 (, , ) = (1/8) ∙ ( + 1) ∙ ( + 1) ∙ ( − 1)
𝑁3 (, , ) = (1/8) ∙ ( − 1) ∙ ( + 1) ∙ ( − 1)
𝑁4 (, , ) = (1/8) ∙ ( − 1) ∙ ( − 1) ∙ ( − 1)
𝑁5 (, , ) = (1/8) ∙ ( + 1) ∙ ( − 1) ∙ ( + 1) (EQ. 4.16)
𝑁6 (, , ) = (1/8) ∙ ( + 1) ∙ ( + 1) ∙ ( + 1)
𝑁7 (, , ) = (1/8) ∙ ( − 1) ∙ ( + 1) ∙ ( + 1)
{𝑁8 (, , ) = (1/8) ∙ ( − 1) ∙ ( − 1) ∙ ( + 1)
É utilizado um total de oito pontos de integração (TAB. 4.10) para cálculo da integração
numérica com Quadratura de Gauss, conforme a EQ. (EQ. 4.15).
Ponto 𝑾𝒑 ∙ 𝑾𝒒 ∙ 𝑾𝒓
1 −√3⁄3 −√3⁄3 −√3⁄3 1∙1∙1=1
2 −√3⁄3 −√3⁄3 +√3⁄3 1∙1∙1=1
3 −√3⁄3 +√3⁄3 −√3⁄3 1∙1∙1=1
4 −√3⁄3 +√3⁄3 +√3⁄3 1∙1∙1=1
5 +√3⁄3 −√3⁄3 −√3⁄3 1∙1∙1=1
6 +√3⁄3 −√3⁄3 +√3⁄3 1∙1∙1=1
7 +√3⁄3 +√3⁄3 −√3⁄3 1∙1∙1=1
105
8 +√3⁄3 +√3⁄3 +√3⁄3 1∙1∙1=1
Elementos sólidos lineares, que possuem nós apenas em seus vértices, tendem a majorar a
resistência ao cisalhamento. Para suprimir esse erro, foi implementado o método B-barra para
cálculo da matriz de deformação BOWER (2010). Nesse método, as parcelas de deformação
volumétrica e deformação por desvio são tratadas separadamente. A primeira é definida por
1 (𝑣𝑜𝑙)
𝜔= ∭ 𝜀 𝑑𝑉 = 𝐵𝑏𝑘 𝑢𝑘𝑏 , (EQ. 4.17)
3𝑉 (𝑒) 𝑉 (𝑒) 𝑘𝑘
Onde
(𝑣𝑜𝑙) 1 𝜕𝑁𝑏
𝐵𝑏𝑘 = ∭ 𝑑𝑉 . (EQ. 4.18)
3𝑉 (𝑒) 𝑉 (𝑒) 𝜕𝑥𝑘
sendo δij o delta de Kronecker. Com a EQ. acima, é possível calcular-se a matriz deformação
̅ (B-barra), que será utilizada no lugar da matriz B na EQ. (EQ. 4.15).
B
106
O elemento de barra tem o propósito de modelar os trilhos de um pavimento ferroviário.
Esse é definido por dois nós (FIG. 4.23) e considera os graus de liberdade referente à
translação e rotação nos três eixos (u, v, w, x, y e z).
Seção: área e
inércia
𝑋 0 0 0 0 0 −𝑋 0 0 0 0 0
0 𝑌1 0 0 0 𝑌2 0 −𝑌1 0 0 0 𝑌2
0 0 𝑍1 0 −𝑍2 0 0 0 −𝑍1 0 −𝑍2 0
0 0 0 𝑆 0 0 0 0 0 −𝑆 0 0
0 0 −𝑍2 0 𝑍3 0 0 0 𝑍2 0 𝑍4 0
̂ (𝑒) 0 𝑌2 0 0 0 𝑌3 0 −𝑌2 0 0 0 𝑌4 (EQ. 4.20)
𝐾 = ,
−𝑋 0 0 0 0 0 𝑋 0 0 0 0 0
0 −𝑌1 0 0 0 −𝑌2 0 𝑌1 0 0 0 −𝑌2
0 0 −𝑍1 0 𝑍2 0 0 0 𝑍1 0 𝑍2 0
0 0 0 −𝑆 0 0 0 0 0 𝑆 0 0
0 0 −𝑍2 0 𝑍4 0 0 0 𝑍2 0 𝑍3 0
[ 0 𝑌2 0 0 0 𝑌4 0 −𝑌2 0 0 0 𝑌3 ]
Onde,
107
12𝐸𝐼𝑧
𝑌1 = 12𝐸𝐼𝑦
(1 + 𝜙𝑦 )𝐿3 𝑍1 =
(1 + 𝜙𝑧 )𝐿3 𝐴𝐸
6𝐸𝐼𝑧 6𝐸𝐼𝑦 𝑋=
𝑌2 = 𝑍2 = 𝐿
(1 + 𝜙𝑦 )𝐿2 (1 + 𝜙𝑧 )𝐿2 12𝐸𝐼𝑧 𝑘𝑦
𝜙𝑦 =
(EQ. 4.21)
(4 + 𝜙𝑦 )𝐸𝐼𝑧 (4 + 𝜙𝑧 )𝐸𝐼𝑦 𝐴𝐺𝐿2
𝑌3 = 𝑍3 = 12𝐸𝐼𝑦 𝑘𝑧
(1 + 𝜙𝑦 )𝐿 (1 + 𝜙𝑧 )𝐿
(2 − 𝜙𝑧 )𝐸𝐼𝑦 { 𝜙𝑧 = 𝐴𝐺𝐿2
(2 − 𝜙𝑦 )𝐸𝐼𝑧 𝑍 =
𝑌4 = { 4 (1 + 𝜙𝑧 )𝐿
{ (1 + 𝜙𝑦 )𝐿
A⁄k y e A⁄k z são as áreas efetivas para deformação cisalhante transversal nas direções y e z,
respectivamente. Ambos k y e k z foram considerados iguais a 1.5. A é a área da seção, L é o
comprimento da viga, Iy e Iz são os momentos de inércias de área em relação aos eixos locais
y’ e z’, respectivamente, G é o módulo de cisalhamento e J momento de inércia polar. Essa
matriz relaciona deslocamentos com forças de acordo com a EQ. (EQ. 4.22).
𝐹𝑥 1
𝑢1
𝐹𝑦 1 𝑣1
𝐹𝑧 1 𝑤1
𝑀𝑥 1 𝜃𝑥 1
𝑀𝑦 1 𝜃𝑦 1
𝑀𝑧 1 𝜃
̂ (𝑒) 𝑧 1
=𝐾 (EQ. 4.22)
𝐹𝑥 2 𝑢2
𝐹𝑦 2 𝑣2
𝑤2
𝐹𝑧 2
𝜃𝑥 2
𝑀𝑥 2
𝜃𝑦 2
𝑀𝑦 2
{ 𝜃𝑧 2 }
{ 𝑀𝑧 2 }
108
4.4.2.3. Elemento grampo ferroviário
O elemento grampo ferroviário (FIG. 4.24) foi desenvolvido com o objetivo de representar,
no modelo de MEF, a fixação entre trilho e dormente de maneira simples e eficaz, atendendo
à necessidade de se conectar os diferentes tipos de elemento: elemento sólido hexaédrico
(dormente) com o elemento de barra (trilho).
Este elemento é definido por três nós, onde são considerados apenas os graus de liberdade
referentes à translação nos três eixos (x, y e z). O primeiro nó do elemento deve coincidir com
o nó do trilho e os demais com nós da superfície do dormente, conforme representado na FIG
4.25.
Nós do
elemento Linha central
grampo do trilho
i
Elementos
do dormente
109
As forças nas três direções (x, y e z) são transferidas do nó i para os nós j e k,
considerando-se um comportamento de mola (FIG. 4.26), o que é compatível com os
diferentes tipos de grampos utilizados em ferrovias.
j l k
A rigidez da mola deve ser definida para as três direções (FIG. 4.27) e, além disso, a
rigidez vertical é subdividida em rigidez de tração (para cima) e de compressão (para baixo).
110
{𝑢𝑙 } = 1⁄2 ({𝑢𝑗 } + {𝑢𝑘 }) . (EQ. 4.23)
e o vetor força é obtido pelo produto entre a matriz de rigidez elementar e o deslocamento
relativo:
− 1⁄2 0 0
1 0 0
0 1 0 0 − 1⁄2 0
0 0 1
𝐵1 = ; 𝐵2 = 𝐵3 = 0 0 − 1⁄2 (EQ. 4.26)
0 0 0
0 0 0 0 0 0
[0 0 0] 0 0 0
[ 0 0 0 ]
111
𝑘𝑥 0 0 0 0 0
0 𝑘𝑦 0 0 0 0
𝐷= 0 0 𝑘𝑧 0 0 0 . (EQ. 4.28)
0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
[0 0 0 0 0 0]
onde {Fext } é o vetor correspondente às forças externas aplicadas e {Fint }i−1 é o vetor das
forças internas resultantes na iteração anterior. Este último é calculado com base na matriz de
rigidez secante [K S ], obtida a partir dos deslocamentos acumulados.
112
O comportamento típico das iterações é representado na FIG. 4.28. Na primeira iteração, a
matriz rigidez tangente é calculada considerando-se deslocamentos iniciais nulos.
i -1 i
−1
∆
−1
‖{∆𝑢}𝑖 ‖
≤ 𝑢𝑐𝑟𝑖𝑡 . (EQ. 4.31)
‖∑𝑛𝑗=1{∆𝑢}𝑗 ‖
113
O critério de esforço é atendido quando a divisão entre a norma euclidiana do incremento
de força e a norma euclidiana da força externa aplicada é menor ou igual ao fator
estabelecido, conforme a EQ. a seguir:
‖{∆𝑄}𝑖 ‖
≤ 𝐹𝑐𝑟𝑖𝑡 . (EQ. 4.32)
‖{𝐹𝑒𝑥𝑡 }‖
O SysTrain foi desenvolvido para se ter uma interface amigável com o usuário, com saídas
gráficas que pudessem facilitar o entendimento dos fenômenos que ocorrem quando da
propagação das tensões, seja pelos deslocamentos horizontais, transversais ou verticais,
mediante inputs de todos os elementos da via, conforme esquemático apresentado na FIG.
4.29.
114
FIG. 4.29 - Estrutura do programa SysTrain
A tela inicial (FIG. 4.30) apresenta as abas de customização da estrutura a ser avaliada,
seja pela geometria da seção (simples, dupla, tripla, etc), os tipos de materiais e suas
características, o tipo de carregamento, que irá simular a carga oriunda das composições, além
da possibilidade, depois de efetuados os cálculos de verificação da malha dos elementos
finitos, relatório das tensões e deslocamentos, e plotagens dos gráficos.
115
FIG. 4.30 - Tela inicial do SysTrain
FIG. 4.31 - Aba geometria que permite customizar os dados de superestrutura e infraestrutura ferroviária
116
FIG. 4.32 - Customização da geometria dos elementos da via
117
A FIG. 4.34 mostra a aba “Carregamento” que define os veículos de vias a serem
considerados na simulação de tráfego, permitindo a utilização do banco de dados do
programa, ou a criação de um novo veículo de via específico para determinada simulação.
Outro dado relevante para a avaliação é a definição da quantidade de vagões a serem
considerados e os pontos de aplicação do carregamento no pavimento avaliado (FIG. 4.35).
118
Na aba “MEF” (FIG. 4.36), pode-se verificar a discretização dos elementos e a
configuração do processamento.
119
FIG.4.37 - Seção tipo gerada pelo SysTrain
120
ferroviários. No entanto, também pode ser utilizada para a solução de diversos problemas
estruturais através do Método dos Elementos Finitos.
Em apenas uma das simulações, foi verificada uma pequena divergência (4,1% do
deslocamento calculado) obtida entre os softwares. Isto se deve aos diferentes métodos
utilizados para conexão entre trilhos e dormentes. No ANSYS, foram aplicados elementos de
contato (contato nó-superfície), enquanto que, para o iMEF, foi desenvolvido um tipo
específico de elemento (item 4.4.2.3), capaz de representar o comportamento estrutural do
grampo ferroviário conforme esperado. As diferenças para as tensões calculadas também
foram pequenas em todas as camadas.
O SysTrain foi utilizado como ferramenta computacional para a determinação das tensões
e deslocamentos do trecho experimental com sublastro de SAFL apresentado no capítulo 3. A
FIG. 4.39 apresenta a seção tipo considerada para as análises.
FIG. 4.39 - Seção tipo com SAFL utilizada para a simulação com o SysTrain
121
Para os dados de entrada da ferrovia no SysTrain, foi considerada a carga de 130 t por
vagões, trilhos tipo TR 68, dormentes monoblocos de concreto, lastro em pedra britada com
30 cm de altura e ombreira de 30 cm e sublastro com solo arenoso fino lateríticos (SAFL)
com 30 cm de espessura. Assim sendo, foi possível realizar as simulações numéricas das
tensões e deformações da via e a contribuição de cada elemento que compõe o sistema
ferroviário analisado. A FIG. 4.40 apresenta o modelo discretizado em MEF.
122
FIG. 4.41 - Simulação da tensão total vertical
123
A AREMA (2001) recomenda que para ferrovias tipo carga pesada (heavy haul) os
deslocamentos verticais nos trilhos (deflexão) não ultrapasse o limite de 6,4 mm. A Vale em
estudo específico para o aumento da carga por eixo e do acréscimo de vagões na EFC,
realizou parceria com TTCI (Transportation Technology Center Inc.) para definir, em função
de suas características, qual seria o limite máximo de deflexão, indicando o valor de 4,4 mm
para à EFC, resultado superior ao encontrado na simulação, conforme a FIG. 4.43.
O resultado encontrado demonstra que apesar da taxa elevada de material fino que está em
“desacordo” com as normas internacionais, a camada de sublastro com SAFL não contribui de
forma determinante para a deflexão do trilho, uma vez que os valores encontrados ficaram
muito abaixo dos limites previstos pela AREMA. Avaliando-se toda a estrutura da via (FIG.
4.44) nota-se que os valores totais de deformação também são baixos.
124
FIG. 4.44 - Deslocamento vertical da via
125
4.4.5. Conclusões Parciais
De posse dos resultados fica comprovada através das simulações numéricas realizadas com
o software SysTrain, que a adoção de SAFL para a camada de sublastro, não trará
desvantagens para a operação ferroviária, e sim benefícios uma vez que apresentou
deformações muito baixas e em todas as simulações numéricas os resultados obtidos ficaram
dentro das tolerâncias preconizadas pela AREMA. Essa mudança de paradigma pode trazer
resultados expressivos frente a disponibilidade de materiais supostamente ruins do ponto de
vista mecânico quando do enquadramento nas classificações tradicionais.
O impacto positivo não fica inerente apenas nas avaliações do comportamento mecânico,
sendo também um aliado importante nas questões ambientais, devido a possibilidade de
utilização de jazidas exauridas por não apresentar materiais pedregulhosos, típicos dos
pavimentos brasileiros.
127
5. ANÁLISE DA PERCOLAÇÃO DE ÁGUA NO PAVIMENTO FERROVIÁRIO
A permeabilidade é uma propriedade inerente aos solos, todo solo é permeável, ou seja, a
água flui através dos poros interligados existentes entre as partículas sólidas. Quando temos a
presença de água nesses poros, é gerada uma pressão também conhecida como poro-pressão
ou pressão neutra. Abaixo da linha de água o meio é considerado saturado, porém é muito
provável que, em consequência da presença de ar, o grau de saturação seja ligeiramente
menor que 100%.
Acima do lençol de freático, á água pode ser mantida com uma pressão negativa devido à
tensão capilar, esta tensão tende a ser irregular por causa do tamanho aleatório dos poros
existentes em um solo, principalmente em avaliações com camadas distintas de materiais,
como por exemplo, a fundação de uma via férrea quando se observa o lastro, sublastro e
subleito, impactando diretamente no grau de saturação que tende a diminuir com a altura.
𝑞
𝑞 = 𝐴. 𝑘. 𝑖 𝑜𝑢 𝑣 = = 𝑘. 𝑖 (EQ. 5.1)
𝐴
Sendo:
w
k .K (EQ. 5.2)
Onde:
w – peso específico da água;
– viscosidade da água;
K – coeficiente absoluto que depende das características do esqueleto estrutural do solo.
129
Em escala microscópica, a água percola através do solo em fluxo completamente tortuoso
entre as partículas, porém analisando do ponto de vista macroscópico podemos considerar
uma curva suave (FIG. 5.1).
FIG. 5.1 - Intervalo de variação de k para os diferentes tipos de solo (Baseado em Casagrande)
Essa curva gera uma velocidade média na água que flui entre os poros e que pode ser
obtida pela divisão do volume de água por uma unidade de tempo e por área média de vazios
(Av) em uma seção transversal normal a direção macroscópica do fluxo, essa velocidade é a
própria velocidade de percolação (v’). Sendo:
q
v' (EQ. 5.3)
Av
Vv A q
n n v v' (EQ. 5.4)
V A n. A
k .i
v' (EQ. 5.5)
n
130
5.1. REPRESENTAÇÃO DO FENÔMENO FISÍCO
(n )
.(n V ) (EQ. 5.6)
t
Onde n é a porosidade, a massa específica V o vetor velocidade e t o tempo, aplicada com a
lei de Darcy:
q n.V K ( )h (EQ. 5.7)
que tem q como o fluxo específico, K a condutividade hidráulica do solo e h a carga
hidráulica. Aplicando as equações demonstradas acima, temos a EQ. de Richards:
h h h
K ( ) K ( ) C ( ) (EQ. 5.8)
x x z z t
sendo C ( ) o armazenamento específico, calculado a partir da função de , e
h
a poro pressão que respeita a relação h z .
131
FIG. 5.2 - Fluxograma estrutural de modelagem
O software IVFlow foi desenvolvido com o intuito de fornecer dados que ajudem nas
tomadas de decisão em projetos e manutenção de ferrovias, uma vez que é possível
determinar a pluviométrica da região e sua influência na via e avaliação das condições da
plataforma em relação à variação de umidade e resiliência, parâmetros de extrema
importância nas análises de capacidade de suporte e vida útil da infraestrutura.
132
Uma vez que é possível entrar tanto com os dados de chuvas, como das características do
solo, sua aplicação torna-se irrestrita para qualquer ferrovia, se apresentando como uma
ferramenta de estrema valia, uma vez que análises sobre ferrovia são notórias por “importar”
parâmetro, premissas e critérios de estudos sem as mesmas especificidades encontradas no
Brasil.
A EQ. de Richards é uma EQ. diferencial parcial (EDP) não-linear que não possui solução
analítica para o problema real proposto. Para resolvê-la e obter os resultados necessários,
utilizou-se o Método dos Elementos Finitos (MEF), que a converte numa solução aproximada
representada pelo sistema de equações lineares
cuja matriz de condutância [G(h)], de massa [P(h)] e o vetor fluxo {f} são definidos em cada
elemento por:
e N ej N ie N ej N ie
i , j
G K ( )
x x
e z z
Pi , j C ( ) N i N j dxdz
e e e dxdz (EQ. 5.10)
e
f i qi
133
ij 1, i j
se (EQ. 5.12)
ij 0 i j
que concentra a capacidade de armazenamento nos nós, ao invés de ao longo dos elementos.
Devido à perda de precisão inerente, esta diagonalização é mantida como opção que pode ser
desabilitada nas configurações do programa.
Para o cálculo do avanço no tempo, é utilizado o Método das Diferenças Finitas (MDF),
possibilitando o cálculo da derivada temporal por:
h h h
t t t
(EQ. 5.13)
t t
(EQ. 5.14)
[ P] [ P] (1 )[ P]
t t t
{ f } { f }t t (1 ){ f }t
134
Com o intuito de se minimizar a quantidade de iterações necessárias, estimam-se valores
de h assumidos para a primeira iteração:
t2
{h}t 2,1 {h}t1t 2,1 {h}t1 ({h}t1 {h}0 ) (EQ. 5.16)
2t1
Quanto ao incremento t n dado a cada passo de tempo calculado tn, este pode ser constante
(mesmo incremento em todos os passos) ou variável, calculado a partir do incremento de
tempo dado no passo anterior (tn1 ) multiplicado por uma razão de amplificação r dada, em
função do número de iterações k necessários para atingir a convergência no passo anterior,
por:
t n rt n1
r (k ) (rmax ) f ( k ) (EQ. 5.18)
log( k )
f (k ) 1
0,5
log( k max )
onde rmax é a razão máxima, assumida como 2, e kmax é o número máximo de iterações,
definido pelo usuário. O incremento de tempo também obedece aos limites de máximo e
mínimo definidos pelo usuário.
135
5.5. PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DO SOLO
Formulação para
Opção Parâmetros Formulação para
van Genuchten , , , , e
Haverkamp , , , , , e
136
Para possibilitar a modelagem nas condições reais mais diversas possíveis, são
disponibilizadas as seguintes opções para condição de contorno do domínio a serem definidas
nos nós de interesse:
A chuva a ser aplicada pode ser definida pelo usuário através das opções descritas na TAB.
5.4, além da hora no início da chuva e a sua duração.
137
TAB. 5.4 - Entrada e dados de precipitação
Para algumas das principais cidades do Brasil, os parâmetros para EQ. de chuvas intensas e
a EQ. de Otto Pfafstetter já estão embutidos no programa.
138
5.7. DADOS DE EVAPORAÇÃO
139
FIG. 5.5 - Janela de definição das dimensões da seção
A discretização pode ser feita automaticamente pelo programa, que gera uma malha a
partir das dimensões definidas pelo usuário para seção do pavimento ferroviário. Um exemplo
de seção simples é mostrado na FIG. 5.5. Diversos tipos de seção podem ser escolhidos pelo
usuário, para atender às variadas geometrias que se pode encontrar. As seções ficam
disponíveis na biblioteca “secoes.dll”. Caso um novo tipo de seção ainda não disponível seja
necessário, basta atualizar este arquivo DLL após solicitação de atualização do mesmo.
140
Em caso de seção simétrica, com intuito de otimização do tempo de simulação, apenas
metade do domínio é modelado.
5.9. PROCESSAMENTO
A incógnita calculada pelo MEF para cada passo de tempo é a carga hidráulica. No
entanto, a partir desta grandeza, também é possível se obter: a poro-pressão, a umidade, a
saturação e os volumes de água trocados pelos contornos.
141
Esses resultados podem ser obtidos por: distribuição espacial em escala de cores num
determinado instante, em perfil vertical e horizontal, em gráfico temporal para um
determinado ponto, em um relatório com resumo de resultados e em planilhas Excel. Um
exemplo de distribuição espacial da poro pressão em escala de cores é apresentado na
FIG.5.8.
142
A TAB. 5.6 a seguir apresenta o resumo do estudo de caracterização da amostra SAFL
Açailândia obtidos por LOPES (2017).
TAB. 5.6 - Caracterização SAFL Açailândia para simulação no IVFlow (Fonte: LOPES, 2017)
O modelo constitutivo adotado por LOPES (2017) para a simulação no IVFLow foi o
multilinear, o que neste caso demanda a necessidade de utilização das características
hidráulicas do solo avaliado (TAB. 5.7).
TAB. 5.7 - Dados de entrada do modelo constitutivo multilinear do SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017)
O IVFlow apresenta seus resultados de forma gráfica e para diferentes tempos físicos, além
do resumo espacial (FIG. 5.10) e por camada. Assim, LOPES (2017) demonstra os resultados
obtidos em sua pesquisa para a umidade nos tempos zero (FIG. 5.11), 6 min (FIG. 5.12), 30
min (FIG. 5.13), 1h e 30 min (FIG. 5.14) e 3h (FIG. 5.15).
143
FIG. 5.10 - Resumo espacial SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017)
FIG. 5.11 - Umidade volumétrica no tempo zero da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017)
FIG. 5.12 - Umidade volumétrica após 6 min da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017)
144
FIG. 5.13 - Umidade volumétrica após 30 min da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017)
FIG. 5.14 - Umidade volumétrica após 1h e 30 min da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017)
FIG. 5.15 - Umidade volumétrica após 3h da amostra SAFL Açailândia (Fonte: LOPES, 2017)
145
5.11. RESULTADOS DO PROGRAMA
Como resultado da sua pesquisa LOPES (2017) conclui que em função da baixa
suscetibilidade à ação da chuva, baixa permeabilidade e elevada sucção na condição de
umidade ótima a amostra SAFL Açailândia, estaria apta a ser empregada como camada de
sublastro. Devido a dificuldade de saturação por capilaridade e a baixa permeabilidade, o
material apresenta comportamento aproximadamente impermeável, podendo ser portanto
considerado como uma camada de bloqueio, situação extremamente favorável uma vez que o
pavimento ferroviário fica exposto as condições climáticas.
Conforme já comentado no capítulo 2, diversos autores definem o sublastro como uma
camada de bloqueio para o bombeamento de finos para a camada de sublastro, porém o que se
verifica é uma maior preocupação da contaminação do lastro do que essencialmente a
proteção do subleito pela água da chuva, uma vez que os materiais são predominantemente
britados ou arenosos, sendo assim menos suscetíveis a variação da umidade.
146
6. TRECHO EXPERIMENTAL
No item 3.2.3 são apresentadas as características geotécnicas dos solos estudados, na qual
pode ser observado que as amostras apresentaram umidade ótima em torno de 13,5 %, porém
com resultados de CBR abaixo dos parâmetros aceitáveis para camadas de sublastro
(CBRsublastro > 20%).
O equipamento foi projetado para uma rápida medição in situ das propriedades estruturais
de pavimentos construídos com materiais heterogêneos a partir da relação de golpes
necessários para a penetração de um cone de dimensões especificadas na camada em estudo.
147
A relação do DCP com a resistência do solo (CBR) é definida pela declividade da curva
que associa o número de golpes na abscissa pela profundidade de penetração (em mm/golpe)
nas ordenadas, considerando um determinado segmento linear.
NAZAAL (2003), mostra que as espessuras das camadas obtidas a partir dos ensaios de
DCP são as mesmas obtidas nas sondagens realizadas, e concluíram que os testes com o DCP
são uma alternativa segura para avaliação de pavimentos. Assim sendo, os ensaios foram
realizados no eixo do trecho experimental ao longo dos 1.200m, espaçados a cada 200m (FIG.
6.1).
Conforme pode ser observado na FIG. 6.1b, todos as curvas obtidas indicam que há três
camadas distintas - definidas pela mudança de inclinação da curva - e uma quantidade muito
elevada de golpes para a penetração da primeira camada.
Utilizando-se as equações propostas por TRICHES e CARDOSO (1999) foi possível obter
os seguintes valores de CBR para as três camadas identificadas: 144%, 64% e 40%. Em
especial, o valor obtido para a primeira camada - de 144% - é muito elevado para qualquer
tipo de material utilizado em pavimento, principalmente para um solo arenoso fino, e se deve
à formação de blocos muito rígidos após a "cura" da camada, conforme será descrito na
sequência.
a) b)
FIG. 6.1 – a) Execução de DCP no eixo da via projetadaç b) Resultado do ensaio de DCP no eixo da via projetada
Muito embora os solos similares ao SAFL estudado não tenham sido ensaiados por
TRICHES e CARDOSO (1999), ou seja, não compõem a base de dados que fundamenta a
148
EQ. de correlação, os resultados mostrados na FIG. 6.1b evidenciam um elevado ganho de
rigidez na camada.
a) b) c) d)
FIG. 6.2 - a) Vista área do local; b) gradeamento da plataforma; c) compactação e d) plataforma finalizada
FIG. 6.3 - Aspecto do trincamento observado na camada de sublastro do trecho experimental executado
O trincamento nestes casos é não somente aceitável, como também desejável, desde que as
trincas não sejam muito abertas, sendo recomendado até 2 mm de espessura. Os blocos assim
formados são muito mais rígidos e resistentes à deformação permanente. Todas as
características esperadas quando da execução de solos arenosos finos lateríticos foram
observadas no trecho experimental (FIG. 6.3).
Para selagem parcial das trincas após 72 horas de cura foi realizado o umedecimento da
superfície da camada executada – FIG. 6.4a - seguido de raspagem com motoniveladora. A
superfície após raspagem é mostrada na Erro! Fonte de referência não encontrada. 6.4b.
150
a) b) c)
FIG. 6.4 – a) Umectação da plataforma para selagem; b) trincas seladas e c) liberação do tráfego
151
Como o segmento do estudo fica próximo de linhas operadas pela VALE para a EFC, foi
realizado um estudo comparativo utilizando o DCP, entre o trecho experimental executado
com SAFL e um segmento em implantação devido a duplicação da EFC, com importação de
material pedregulhoso-arenoso que se enquaixa na metodologia tradicional TRB (A-2-4). O
resultado obtido é apresentado na FIG. 6.6.
Comparativo Plataforma SAFL vs Pedregulhoso Tradicional
Número de Golpes (N)
0 50 100 150 200 250 300 350
0
10
20
Penetração Acumulada (cm)
30
40
50
60
70
80
90
SAFL Açailândia Material pedregulhoso A-2-4
FIG. 6.6 - Estudo comparativo da plataforma executada com SAFL versus material pedregulhoso tradicional
No resultado obtido pelo ensaio de DCP, a plataforma executada com solo enquadrado na
metodologia TRB (A-2-4) tem valores ligeiramente superiores aos encontrados na plataforma
executada com SAFL, resultado este esperado devido a alta presença de pedregulhos. Porém
esta diferença, na ordem de 12%, pode ser considerada irrisória frente a necessidade definida
em projeto que previa um valor de CBR ≥ 20%, enquanto os resultados obtidos nos trechos
concluídos ficam acima de 140%. De posse dos resultados o trecho experimental foi liberado
para o tráfego ferroviário (FIG. 6.7).
152
FIG. 6.7 - Trecho executado com SAFL liberado para as operações ferroviárias
153
FIG. 6.8 - Medição da camada de lastro no trecho executado com SAFL
Nas FIG. 6.9 e FIG. 6.10, podemos visualizar após a remoção do lastro, a confirmação de
que não ocorreu a penetração da brita no sublastro, tópico este que talvez sucite mais dúvidas
quando se discute a utilização de materiais mais finos para a camada de sublastro. Esta
resistência à cravação se explica devido a retração ocorrida no processo de “cura” e formação
de blocos, transformando a camada de sublastro em uma “laje” de alta resistência mecânica e
de cravação.
154
FIG. 6.9 - Remoção parcial do lastro para verificação da cravação no sublastro
155
6.4. AVALIAÇÃO DA DINÂMICA DE VIA NO TRECHO EXPERIMENTAL
Para o presente estudo, foram utilizados os dados do carro-controle que trafega na FNS,
que é uma caminhonete adaptada que permite a obtenção de diversos parâmetros para
avaliação da qualidade da via (FIG. 6.11). O sistema de medição tem a capacidade de medir
as grandezas de bitola, nivelamento longitudinal (superelevação), curvatura, rampa,
alinhamento lateral dos trilhos esquerdo e direito, e coordenadas geográficas e a partir destas
grandezas, calcular a variação de bitola, torção e empeno e como resultado final apresenta as
seguintes informações:
156
Bitola da via (por contato ou sem contato);
Indicação de eventos ao longo da via (AMV, pontes, túneis, passagens em nível,
etc.), indicando seu posicionamento quilométrico;
Nivelamento longitudinal e transversal dos trilhos esquerdo e direito;
Alinhamento dos trilhos esquerdo e direito;
Superelevação;
Empeno - Warp (desnivelamento calculado para vários comprimentos de cordas em
tangente e na curva circular);
Torção - Twist (desnivelamento calculado para vários comprimentos de cordas em
curvas ou espiral de transição);
Grau e raio de curvatura;
Medição a cada 0,25 metros;
Gradiente (rampas ascendentes e descendentes).
O VAMPIRE teve seu desenvolvimento realizado pela Delta Rail Group Ltd e seus
predecessores, AEA Technology Rail e British Rail Research, que têm sido, na última década,
autoridades líderes mundiais no campo da dinâmica de veículos ferroviários e da interação
roda / trem. Diversos métodos para a previsão do comportamento dinâmico de veículos
ferroviários foram desenvolvidos e cuidadosamente validados usando sofisticadas instalações
e equipamentos de teste. Os vários métodos de análise foram reunidos em um único pacote
coerente, o VAMPIRE, para permitir que problemas reais na dinâmica de veículos
ferroviários sejam resolvidos rapidamente e com boa relação custo-benefício, tais como: risco
ao descarrilhamento, irregularidades na via, interação veículo-roda, desgaste de rodas,
interação roda-trilho e esforços nos componentes dos veículos, hoje de propriedade intelectual
da Resonate Company.
158
Arquivo do Veículo Arquivos da Via Contato Roda/Trilho Arquivo da Simulação
Programas de Análise
Na maioria dos casos, os arquivos de entrada serão criados usando as próprias ferramentas
interativas do VAMPIRE. Estes incluem um Interactive Vehicle Builder (IVB) para o
desenvolvimento de arquivos de modelos de veículos e um Editor de Arquivo de Execução
interativo para desenvolver os arquivos que realmente controlam a análise (FIG. 6.13). O
arquivo de execução contém informações para os programas de análise, especificando o
modelo do veículo a ser executado, quais arquivos de trilha devem ser simulados, quais
velocidades devem ser simuladas e as saídas do transdutor a serem gravadas.
159
Uma abordagem baseada em texto (Erro! Fonte de referência não encontrada.) para
arquivos de entrada permite que um alto grau de automação seja implementado, se necessário,
em uma análise utilizando o VAMPIRE. As configurações para a maioria dos pré e pós-
processadores podem ser armazenadas pelo VAMPIRE em um arquivo de tarefa. No caso
mais simples, esse arquivo de tarefas pode ser recarregado a qualquer momento, por exemplo,
para recriar um gráfico a partir de seus dados originais. Isso tem a vantagem de armazenar
apenas a imagem em que as configurações de dados e gráficos podem ser modificadas, se
necessário, antes que um arquivo de plotagem seja produzido. Arquivos de tarefas e outros
arquivos de entrada suportam parâmetros substituíveis. Juntamente com o programa de
análise, eles podem ser lançados de um Processador de Comando do software que sequencia
uma série de tarefas. O Processador de Comando pode, portanto, executar processos de
cálculo completos a partir da criação de arquivos de entrada, execução de múltiplas análises e
pós-processamento do resultado, gerando até mesmo os dados de saída gráficos e de tabela.
Processos de cálculo padrão podem ser completamente automatizados dessa maneira.
160
O VAMPIRE inclui todas as opções de pré e pós-processamento necessárias para
investigar questões relacionadas a ferrovias, desde o projeto do veículo e aceitação até
questões em serviço, rastreamento de danos e investigação de acidentes.
1
3
2
4
6
5
FIG. 6.15 - Modelagem veículo-via no VAMPIRE
161
Conforme já exposto, as avaliações da dinâmica de via são determinantes para a avaliação
do desempenho de qualquer ferrovia, seja heavy haul ou de passageiros. Assim sendo, foi
modelada a via com o trecho experimental de aproximadamente 1,2 km e outros 3,8 km de
linha com sublastro tradicional, de forma a se ter o comparativo do comportamento da via
frente às diferentes fundações.
R2
R4
(a)
R1
(b)
R3
Para o início das simulações é necessária a criação de uma transição entre uma via perfeita
(projeto) até o primeiro ponto de imperfeição, nessa transição foi mapeado um problema de
bitola, que não tem relação e tampouco influência da infraestrutura, porém nos gráficos a
serem apresentados na sequência será presente um pico irreal no início das simulações, o que
deve ser desconsiderado para as análises.
163
SUBLASTRO SAFL SUBLASTRO PEDREGULHOSO TRADICIONAL
PN AMV PN AMV
A FIG. 6.18 demonstra um comportamento similar nas rodas reboque, com valores muito
próximos aos obtidos nas rodas de ataque. Vale ressaltar que no ínicio do traçado encontra-se
uma curva horizontal com raio de 150m, o que denota uma maior solicitação do veículo nas
avaliações de dinâmica, porém mesmo com uma geometria mais “desfavorável” os resultados
são similares aos da via em tangente. Utilizando como base as premissas da AAR e FRA, a
relação L/V acima de 0,6 indica que a via estaria no limite para apresentar anomalias, porém
os resultados encontrados ficaram muito abaixo dessa tolerância, mesmo nas avaliações dos
segmentos com AMV’s, demonstrando que a via, mesmo após 3 anos de operação se encontra
íntegra.
164
SUBLASTRO SAFL SUBLASTRO PEDREGULHOSO TRADICIONAL
PN AMV PN AMV
Nas avaliações dos truques, se obteve um comportamento similar aos das rodas, resultado
já esperando frente a excelente resposta obtidas pelas análises anteriores (FIG. 6.19 e FIG.
6.20). A FIG. 6.19 apresenta a resposta dos truques de ataque e reboque dentro dos limites
esperados definidos pela AAR e FRA, tolerância esta similar às preconizadas para as rodas.
PN AMV PN AMV
165
Considerando agora os eforços longitudinais versus transversais de todo o vagão, eixos 1,
2, 3 e 4, encontramos alguns picos, que podem ser inerentes a bitola fechada, ou seja, a
distância entre os trilhos sofreu alguma anomalia, seja no problema de fixação ou de
dormentação, ou por interferência pontual de algum elemento estranho a via que mascarou a
leitura do equipamento. Todavia, os resultados ficaram novamente bem abaixo dos limites
adotados. Vale ressaltar que estudos comprovam que os riscos de descarrilhamento só se
verificam quando se encontram nos estudos de L/V valores acima de 0,8, ou seja, mesmo
considerando os picos encontrados, a via ainda está 87,5% abaixo dos limites verificados para
que exista uma ocorrência ferroviária (FIG. 6.20).
PN AMV PN AMV
166
seria algo em torno de 9,75t, até superior ao preconizado pela AAR e FRA, uma vez que
mesmo na curva de entrada os valores sequer chegaram a 1,5tf.
PN AMV PN AMV
A FIG. 6.22 apresenta os resultados do truque reboque, com valores muito similares aos
verificados no truque de ataque. Conforme exposto no início do capítulo, todas as simulações
foram realizadas com uma velocidade de 50 km/h, valores superiores aos praticados em
pátios, todavia em função dos resultados obtidos nas simulações, seria possível inclusive
aumentar a velocidade média sem prejuízo à segurança operacional.
167
SUBLASTRO SAFL SUBLASTRO PEDREGULHOSO TRADICIONAL
PN AMV PN AMV
É inerente à operação ferroviária o balanço das composições, essa dinâmica gera diversas
alterações no comportamentos na via, como bounce, pitch e roll (FIG. 6.23). Esses fenômenos
acarretam em uma distribuição de tensões diferentes das definidas estaticamente, ou seja, em
função destes movimentos, pode se verificar um alívio da roda, algumas vezes gerando até a
perda de contato da roda com o trilho, ou uma tensão de contato muito acima das estimativas
estáticas, dessa forma fica evidente a adoção de análises através de simulações multi-corpos,
pois a metodologia tradicional não consegue definir essas variáveis. Essa situação é
extremamente dependente do estado de conservação da superestrutura e das condições da
infraestrutura, pois a rigidez da via impacta diretamente o comportamento dinâmico do
veículo.
FIG. 6.23 - Movimentos dos veículos em função do estado de conservação da via (Fonte: SILVA FILHO e GUIMARÃES,
2014)
168
Diante do exposto, foi realizada a simulação de alívio de rodas nos truques de ataque e
reboque. A FIG. 6.24 apresenta os valores encontrados, onde se observa um comportamento
extremamente favorável. A AAR preconiza que valores acima de 90%, incorrem em riscos
operacionais elevados, porém a pratica usual, é que quando se verifica valores acima de 60%,
deve-se realizar investigação no segmento de forma a se determinar os possíveis passivos na
super ou infraestrutura. No caso do trecho experimental com SAFL, os valores ficaram muito
abaixo das tolerâncias, o que demonstra um excelente comportamento da via.
PN AMV PN AMV
Quando se avalia o truque reboque apresentado na FIG. 6.25, os valores encontrados são
novamente muito similares aos do truque de ataque. Nesse caso vale ressaltar que os picos
verificados são coincidentes com os locais de AMV’s e uma PN existente no km 2, ponto de
valor mais elevado, porém ainda muito distânte das tolerâncias, seja para diligenciamento de
uma investigação em campo (≥ 60%) e tampouco para alguma ocorrência ferroviária (≥ 90%).
169
SUBLASTRO SAFL SUBLASTRO PEDREGULHOSO TRADICIONAL
PN AMV PN AMV
Todas as avaliações realizadas têm como influência direta além das condições da super e
infraestrutura, a velocidade, principalmente quando se avalia o balanço dos veículos (FIG.
6.26), assim se executou a simulação para definir o movimento das caixas dos vagões a 50
km/h. A tolerância preconizada pela AAR é de 3⁰ , enquanto nos estudos realizados ao longo
dos 5 km o pico máximo obtido foi de 1,2⁰ , muito deve-se pela qualidade da infraestrutura,
que influi diretamento no módulo de via e na rigidez do sistema, estes resultados estão
apresentados na FIG. 6.26.
170
SUBLASTRO SAFL SUBLASTRO PEDREGULHOSO TRADICIONAL
171
demonstraram que a via apresentou um comportamento que não compromete a segurança
operacional. A TAB. 6.1 apresenta um quadro resumo das solicitações, comprovando que
mesmo considerando os picos pontuais das PN’s e AMV’s, os resultados obtidos ficaram
muito abaixo das tolerâncias indicadas em normas internacionais.
TAB. 6.1 - Quadro resumo das simulações de dinâmica de via no trecho experimental realizado com o software VAMPIRE
172
7. CONCLUSÕES
O presente trabalho teve o intuito de contribuir com uma nova proposta de avaliação dos
materiais empregados na via utilizando ensaios de cargas repetidas, complementando assim a
metodologia de caracterização tradicional, com a adoção da classificação MCT para materiais
com granulometria mais fina, e a não exclusão desses materiais baseados apenas em índices
físicos tais como IP, LP e CBR. Outra questão de grande relevância em relação ao
dimensionamento da infraestrutura ferroviária é a substituição da formulação proposta por
HEUKERLOM e KLOMP (1962), pela proposição de GUIMARÃES (2009) para a
determinação das tensões admissíveis dos materiais empregados na via, por utilizar de ensaios
mecânicos cíclicos de carga repetida em detrimento as correlações empíricas usualmente
praticadas no Brasil.
Para uma melhor entendimento dos tópicos abordados no presente trabalho optou-se pela
segregação das conclusões por tópicos apresentados na tese.
O principal objetivo desta pesquisa era a validação de materiais finos lateríticos como
camada de sublastro de uma via férrea, de forma que foram realizados estudos em rede para a
obtenção da maior gama de dados possíveis, que corroborassem esta proposição. Neste
contexto, de posse dos resultados laboratoriais e experimentais, considera-se que a utilização
de materiais enquadrados como SAFL, podem ser utilizados como camada de sublastro, seja
pela resistência mecânica, seja pela baixa permeabilidade, o que confere um aspecto de
bloqueio a esta camada, protegendo o subleito e reduzindo o impacto oriundo de problemas
de drenagem.
Neste aspecto, cabe ressaltar que os materiais laterizados respondem melhor frente à
variação de umidade, porém em longo prazo, caso não sejam sanados os problemas de
drenagem, fatalmente se verificará irregularidades na via.
Nos estudos de cargas repetidas, a deformação permanente dos materiais tipo LA’ foram
muito baixos, sendo este um dos motivos para a adoção deste tipo de material para o trecho
experimental, porém os materiais LA e LG’ que também são solos laterizados segundo a
classificação MCT, apresentam comportamento na grande maioria das vezes adequados do
ponto de vista do estudo do shakedown, porém com deformações plásticas consideradas altas,
não tendo sido verificadas rupturas frente as cargas praticadas em ferrovias, dessa forma estes
materiais carecem de maiores estudos para a utilização como camada de sublastro, uma vez
que os resultados encontrados em algumas amostras foram divergentes, diferentemente dos
materiais tipo LA’, onde o comportamento mecânico teve resultados bastante similares em
todas as amostras avaliadas.
174
7.2. ANÁLISE DA PROPAGAÇÃO DE TENSÕES NA FERROVIA
A avaliação conjunta dos resultados obtidos com estas ferramentas permite o entendimento
da tensão propagada pelas composições, o comportamento de cada elemento da ferrovia, seja
na superestrutura ou na infraestrutura, e o desempenho frente às condições tropicais
(intempéries) que nossas linhas férreas estão submetidas, deixando de lado as avaliações
empíricas e trabalhando com modelos mais representativos às nossas condições de tráfego e
clima.
175
7.3. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO
Assim sendo, o presente trabalho propõe que o sublastro deve ser considerado como uma
camada de bloqueio e não mais como filtro, esta mudança de paradigma visa a proteção do
subleito à percolação inerente a contribuição das condições climáticas e da falta ou problema
na manutenção da integridade dos dispositivos de drenagem, que é uma realidade nas
ferrovias brasileiras.
Dessa forma, os estudos das curvas características dos solos a serem utilizados como
camada de sublastro, deve ser incorporado no cotidiano de projetos ferroviários.
176
de materiais de superestrutura e infraestrutura, porém apenas com um universo amostral
significativo de trechos instrumentados, ensaios de campo e laboratório, poderá ser estimado
um fator de degradação da via em função do tráfego das composições, pois a inclusão das
patologias da via, seja na superestrutura ou na infraestrutura ainda são muito difíceis de serem
simuladas, assim sendo os parâmetros e critérios de verificação da qualidade da via a curto ou
médio prazo continuará sendo de forma empírica baseada em parâmetros importados de
outros centros logísticos que pouco tem de similaridade com as condições encontradas no
Brasil, seja de tráfego, clima ou solos.
177
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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A.A. Estudos de solos lateríticos: estabilização com cal. Salvador - BA, 1:138 - 158: ABPv,
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179
GUIMARÃES, A.C.R; MOTTA, L.M.G; VIEIRA, A. Contribuição para a Aplicação de
uma Abordagem Mecanística na Avaliação Estrutural de Pavimentos Asfálticos do
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181
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SELIG, E. T.; LI, D. Track Modulus: Its Meaning and Factors Influencing It.
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182
SÓRIA, M. H. . Reflexões Lógicas sobre Classificação de Solos. São Carlos, Brasil: Escola
de Engenharia de São Carlos, 1985.
183
ANEXO I
1,21
1,20
1,19
1,17
1,16
1,15
1,14
1,12
1,11
14 15 16 17 18 19 20
GRANULOMETRIA MEV
120,00
100,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
-20,00
AREIA PEDREGULHO
DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS (mm)
184
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 01 - TOPO ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 1,999 LL: 27,70%
WGS84 Z22 E:601.378,984 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 11,70% LP: 20,90%
WGS84 Z22 N:9.338.663,230 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM-SC TRB: A-4 IG: 2,6 IP: 6,80%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,02
2,00
1,96
1,94
1,92
y = -0,0157x2 + 0,3655x - 0,1252
1,90
1,88
9 10 11 12 13 14 15
GRANULOMETRIA MEV
120
100
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80
60
40
20
0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
-20
AREIA PEDREGULHO
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
185
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 02 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 1,182 LL: 35,10%
WGS84 Z22 E:601.378,984 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 14,50% LP: 0,00%
WGS84 Z22 N:9.338.663,230 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-2-6 IG: 2,1 IP: 35,10%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,19
1,18
1,18
1,17
1,16
1,16
1,15
y = -0,0034x2 + 0,0992x + 0,4635
1,15
1,14
12 13 14 15 16 17 18
GRANULOMETRIA MEV
120,00
100,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80,00
60,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
-20,00
AREIA PEDREGULHO
DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS (mm)
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
186
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 03 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 1,79 LL: 50,10%
WGS84 Z22 E:600.094,384 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 23,30% LP: 0,00%
WGS84 Z22 N:9.339.333,169 CLASSIFICAÇÃO SUCS: GP-GC TRB: A-2-7 IG: 0,0 IP: 50,10%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,72
1,71
1,70
1,68
1,67
1,66
1,65
x2 + 0,2885x - 1,6693
1,64
y = -0,0062
1,63
1,62
1,61
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
CLASSIFICAÇÃO MCT:
Classificação MCT LA'/LG' MÓDULO DE RESILIÊNCIA
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
187
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 04 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 1,63 LL: 40,30%
WGS84 Z22 E:599.085,168 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 11,50% LP: 24,40%
WGS84 Z22 N:9.338.683,132 CLASSIFICAÇÃO SUCS: GW TRB: A-2-7 IG: 0,0 IP: 15,90%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,64
1,63
1,62
1,60
1,59
1,58
1,57
1,56
y = -0,0106x2 + 0,2425x + 0,2391
1,55
1,54
1,53
9 10 11 12 13 14 15
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
188
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 05 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 1,651 LL: 37,60%
WGS84 Z22 E:615.260,425 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 19,60% LP: 17,30%
WGS84 Z22 N:9.336.846,549 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 12,1 IP: 20,30%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,66
1,64
NÃO DISPONÍVEL
1,60
1,58
1,56
1,54
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
100,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
-20,00
189
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 08 (Lastro degragado) ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 2,731 LL: 26,10%
E: DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 7,60% LP: 16,50%
N: CLASSIFICAÇÃO SUCS: TRB: IG: 0,0 IP: 9,60%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,75
2,74
2,73
2,71
2,70
2,68
2,67
4 5 6 7 8 9 10 11 12
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
100,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80,00
60,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
-20,00
190
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 09 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 1,718 LL: 28,70%
WGS84 Z22 E:744.304,190 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 19,50% LP: 24,00%
WGS84 Z22 N:9.423.455,721 CLASSIFICAÇÃO SUCS: ML TRB: A-4 IG: 6,9 IP: 4,70%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,75
1,74
1,73
1,70
1,69
1,68
1,67
1,66
16 17 18 19 20 21
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
191
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 11 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 1,962 LL: 23,00%
WGS84 Z22 E:744.443,343 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 11,50% LP: 0,00%
WGS84 Z22 N:9.419.116,647 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-2-6 IG: 2,4 IP: 23,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,98
1,96
1,94
1,90
1,88
y = -0,0304x2 + 0,6974x - 2,0372
1,86
1,84
1,82
1,80
9 10 11 12 13 14
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
NÃO DISPONÍVEL
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
0,85
LA NÃO FOI REALIZADO O ENSAIO
LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
192
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 12 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 2,02 LL: 19,30%
WGS84 Z22 E:753.663,388 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 8,60% LP: 0,00%
WGS84 Z22 N:9.419.190,970 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-6 IG: 2,6 IP: 19,30%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,10
2,05
2,00
y = -0,0162x2 + 0,2767x + 0,8347
1,90
1,85
1,80
1,75
1,70
1,65
1,60
4 5 6 7 8 9 10 11
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
NÃO DISPONÍVEL
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
193
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 13 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 2,058 LL: NL
WGS84 Z22 E:754.248,372 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 9,40% LP: NP
WGS84 Z22 N:9.419.136,372 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM TRB: A-1b IG: 0,0 IP: 0,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,07
2,06
2,05
2,03
2,02
y = -0,0548x2 + 1,0223x - 2,707
2,01
2,00
1,99
1,98
1,97
8 9 10 11
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
100,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80,00
60,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
-20,00
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
194
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 14 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,933 LL: 22,70%
WGS84 Z22 E:762.856,797 DENSIDADE REAL GRÃOS: UMIDADE ÓTIMA: 9,80% LP: 17,10%
WGS84 Z22 N:9.420.196,247 CLASSIFICAÇÃO SUCS: GP-GM/GP-GC TRB: A-1a IG: 0,0 IP: 5,60%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,94
1,93
1,92
1,90
1,89
1,88
1,87
1,86
y = -0,0266x2 + 0,5202x - 0,616
1,85
1,84
8 9 10 11 12
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
NÃO REALIZADO
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
NÃO FOI REALIZADO O ENSAIO
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
195
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 15 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,754 LL: 44,10%
WGS84 Z22 E:762.856,797 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 18,40% LP: 17,30%
WGS84 Z22 N:9.420.196,247 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-7-6 IG: 7,7 IP: 26,80%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,78
1,77
1,76
1,74
1,72
1,71
1,70
1,69
1,68
16 17 18 19 20
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
NÃO DISPONÍVEL
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
196
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 18 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 2,039 LL: 17,00%
WGS84 Z22 E:798.030,625 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 9,20% LP: 17,00%
WGS84 Z22 N:9.430.166,932 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM TRB: A-4 IG: 1,7 IP: 0,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,06
2,04
2,00
y = -0,0278x2 + 0,5099x - 0,3044
1,98
1,96
1,94
7 8 9 10 11
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
NÃO DISPONÍVEL
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
197
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 19 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,948 LL: 21,60%
WGS84 Z22 E:780.025,000 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,6 UMIDADE ÓTIMA: 12,00% LP: 0,00%
WGS84 Z22 N:9.445.814,000 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 8,8 IP: 21,60%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,96
1,95
1,94
1,91
1,90
1,89
1,88
1,87
1,86
10 11 12 13 14
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
120,00
100,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80,00
60,00
40,00
NÃO DISPONIVEL
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
-20,00
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
198
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 25A ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 2,14 LL: 38,80%
23M 0243993 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,742 UMIDADE ÓTIMA: 6,80% LP: 29,80%
UTM 9463486 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM TRB: A-2-4 IG: 0,0 IP: 9,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,20
2,15
2,10
2,00
1,90
1,85
1,80
4 5 6 7 8 9 10
GRANULOMETRIA MEV
120,00
AREIA PEDREGULHO
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
199
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
AMOSTRA 27 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm3): 2,18 LL: 14,30%
23 M 0202955 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,72 UMIDADE ÓTIMA: 4,40% LP: 0,00%
UTM 9434616 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-2-6 IG: 0,9 IP: 14,30%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,25
2,20
2,10
2,05
2,00
1 2 3 4 5 6 7
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
200
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 29 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,94 LL: 19,50%
23M 0216609 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,74 UMIDADE ÓTIMA: 12,70% LP: 9,50%
UTM 9435870 CLASSIFICAÇÃO SUCS: GC TRB: A-2-4 IG: 0,0 IP: 10,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,00
1,98
1,92
1,90
1,88
1,86
1,84
1,82
1,80
8 9 10 11 12 13 14 15
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
201
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 30 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,54 LL: 38,80%
23M 0244020 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,723 UMIDADE ÓTIMA: 24,00% LP: 28,30%
UTM 9467364 CLASSIFICAÇÃO SUCS: GP-GM TRB: A-2-6 IG: 0,0 IP: 10,50%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,70
1,65
1,55
1,50
1,45
1,40
1,35
16 17 18 19 20 21 22
y = -0,0285x2 + 1,0196x - 7,4775
Teor De Umidade (%)
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
202
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 31 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,66 LL: 33,40%
DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,732 UMIDADE ÓTIMA: 17,90% LP: 31,50%
CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM TRB: A-4 IG: 0,6 IP: 1,90%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,60
1,55
1,45
1,40
20 21 22 23 24 25 26 27
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
203
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 32 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,92 LL: 23,00%
DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,72 UMIDADE ÓTIMA: 7,50% LP: 0,00%
CLASSIFICAÇÃO SUCS: GP-GC TRB: A-2-6 IG: 0,0 IP: 23,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,00
1,95
1,85
1,80
1,75
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
204
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 34 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,94 LL: 21,50%
DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,713 UMIDADE ÓTIMA: 11,70% LP: 14,60%
CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM-SC TRB: A-4 IG: 2,6 IP: 6,90%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,00
1,95
1,80
1,75
1,70
8 9 10 11 12 13 14 15
GRANULOMETRIA
CURVA GRANULOMÉTRICA MEV
ARGILA SILTE AREIA PEDREGULHO
Fina Média Grossa Fino Médio Grosso 100%
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
205
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 35 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,61 LL: 39,60%
23M 0245195 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,742 UMIDADE ÓTIMA: 19,00% LP: 29,20%
UTM 9472556 CLASSIFICAÇÃO SUCS: ML TRB: A-6 IG: 8,2 IP: 10,40%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,66
1,64
1,62
1,56
1,54
1,52
1,50
1,48
1,46
1,44
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
206
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 36 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,67 LL: 35,50%
23 M 0243705 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,712 UMIDADE ÓTIMA: 15,40% LP: 0,00%
UTM 9475482 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 16,0 IP: 35,50%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,70
1,65
1,55
1,50
1,45
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
207
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 37 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,67 LL: 30,10%
23 M 024 3788 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,812 UMIDADE ÓTIMA: 20,00% LP: 27,80%
UTM 9475906 CLASSIFICAÇÃO SUCS: ML TRB: A-4 IG: 8,0 IP: 2,30%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,70
1,68
1,66
1,62
y = -0,005x2 + 0,1975x - 0,2934
1,60
1,58
1,56
1,54
1,52
1,50
14 15 16 17 18 19 20 21 22
GRANULOMETRIA MEV
CURVA GRANULOMÉTRICA
90%
80%
70%
% passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,001 0,002 0,01 0,06 0,1 0,2 0,6 1 2,0 6 10 20 60 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
208
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 40 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,92 LL: 29,40%
23 M 028 554 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,623 UMIDADE ÓTIMA: 6,00% LP: 19,90%
UTM 9505296 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-4 IG: 3,3 IP: 9,50%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,00
1,95
1,85
1,80
1,75
1,70
2 3 4 5 6 7 8 9
GRANULOMETRIA MEV
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
209
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 41 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,92 LL: 38,00%
23M 0293010 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,623 UMIDADE ÓTIMA: 15,20% LP: 15,00%
UTM 9510390 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 8,4 IP: 23,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
NÃO DISPONÍVEL
GRANULOMETRIA
Curva Granulométrica MEV
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
90
10 AMOSTRA
41 100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
210
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 42 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,82 LL: 30,00%
23 M 0321445 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,622 UMIDADE ÓTIMA: 15,20% LP: 13,00%
UTM 9521900 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-6 IG: 4,2 IP: 17,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
NÃO DISPONÍVEL
GRANULOMETRIA MEV
Curva Granulométrica
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
AMOSTRA 90
10
42
100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
211
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 44 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,88 LL: 28,00%
23M 033 0255 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,623 UMIDADE ÓTIMA: 12,30% LP: 11,00%
UTM 9530298 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 2,3 IP: 17,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
NÃO DISPONÍVEL
GRANULOMETRIA MEV
Curva Granulométrica
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
AMOSTRA 90
10
44
100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
NÃO DISPONÍVEL
212
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 46 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,73 LL: 37,00%
23M 034 7157 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,625 UMIDADE ÓTIMA: 15,00% LP: 15,00%
UTM 9547248 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 8,4 IP: 22,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
NÃO DISPONÍVEL
Curva Granulométrica
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
100
PENEIRAS: 200 100 60 40 30 20 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
0
90
10
80
Porcentagem que Passa
20
Porcentagem Retida
70
30
60
40
50
50
40
60
30
70
20
AMOSTRA 80
46
10
90
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
NÃO DISPONÍVEL
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
213
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 48 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,99 LL: 16,00%
23M 0354843 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,657 UMIDADE ÓTIMA: 10,80% LP: 0,00%
UTM 9554236 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 1,5 IP: 16,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,94
1,92
1,86
1,84
1,82
5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0
umidade ( % )
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
100 FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
0
PENEIRAS: 200 100 60 40 30 20 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50
40 60
30 70
20 80
90
10 AMOSTRA
48 100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
214
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 49 ENERGIA PROCTOR: INTERMEDIÁRIA MEAS (g/cm ): 1,74 LL: NL
23M 0429013 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,584 UMIDADE ÓTIMA: 16,27% LP: NP
UTM 9593316 CLASSIFICAÇÃO SUCS: ML TRB: A-4 IG: 6,5 IP: 0,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,750
1,710
1,670
1,610
1,590
1,570
1,550
14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0
GRANULOMETRIA MEV
120,00
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
100,00
80,00
60,00
NÃO DISPONÍVEL
40,00
20,00
0,00
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
1,05
NÃO DISPONÍVEL
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
215
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 50 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,67 LL: 29,00%
23M 0410707 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,638 UMIDADE ÓTIMA: 18,00% LP: 11,00%
UTM 9596220 CLASSIFICAÇÃO SUCS: CL TRB: A-6 IG: 9,7 IP: 18,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,70
PESO ESP. APARENTE SECO
MÁXIMO : 1,667 (g/cm3)
1,68 UMIDADE ÓTIMA : 18,0 %
1,64
1,62
1,56
1,54
1,52
13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 22,0 23,0 24,0 25,0 26,0 27,0
umidade ( % )
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
100 FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
0
PENEIRAS: 200 100 60 40 30 20 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50
NÃO DISPONÍVEL
40 60
30 70
20 80
90
10 AMOSTRA
50 100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
NÃO DISPONÍVEL
1,05
LA
0,85 LA ' LG '
0,65
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
216
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 51A ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,74 LL: NL
23M 0395742 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,638 UMIDADE ÓTIMA: 15,40% LP: NP
UTM 9590042 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM TRB: A-2-4 IG: 0,0 IP: 0,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,77
PESO ESP. APARENTE SECO
1,76 MÁXIMO : 1,744 (g/cm 3)
UMIDADE ÓTIMA : 15,4 %
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
100 PENEIRAS: 200 100 60 40 30 20 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2 0
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50
NÃO DISPONÍVEL
40 60
30 70
20 80
90
10 AMOSTRA
51A 100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Classificação MCT
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
217
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 51B ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,73 LL: NL
23M 0395742 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,638 UMIDADE ÓTIMA: 16,50% LP: NP
UTM 9590042 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SM TRB: A-4 IG: 0,7 IP: 0,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,74
PESO ESP. APARENTE SECO
MÁXIMO : 1,727 (g/cm 3)
1,73 UMIDADE ÓTIMA : 16,5 %
1,71
1,70
1,67
1,66
1,65
12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 22,0 23,0
Curva Granulométrica umidade ( % )
GRANULOMETRIA MEV
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE
100 FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
0
PENEIRAS: 200 100 60 40 30 20 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50
NÃO DISPONÍVEL
40 60
30 70
20 80
90
10 AMOSTRA
51B 100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
2,05
1,85
NS '
1,65 NA NG '
1,45
NA'
e'
1,25
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
218
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 52 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 2,00 LL: 19,00%
23M 039 1952 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,651 UMIDADE ÓTIMA: 9,50% LP: 9,00%
UTM 9591104 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-2-4 IG: 0,0 IP: 10,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
2,01
2,00
1,99
1,98
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50 NÃO DISPONÍVEL
40 60
30 70
20 80
90
10 AMOSTRA
52 100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
NÃO DISPONÍVEL
219
PESQUISA NA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS
FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
3
AMOSTRA 53 ENERGIA PROCTOR: NORMAL MEAS (g/cm ): 1,76 LL: 27,00%
23 M 037 6557 DENSIDADE REAL GRÃOS: 2,643 UMIDADE ÓTIMA: 16,00% LP: 10,00%
UTM 9586710 CLASSIFICAÇÃO SUCS: SC TRB: A-6 IG: 3,1 IP: 17,00%
CURVA DE COMPACTAÇÃO
90 10
80 20
Porcentagem que Passa
Porcentagem Retida
70 30
60 40
50 50 NÃO DISPONÍVEL
40 60
30 70
20 80
90
10 AMOSTRA
53 100
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
NÃO DISPONÍVEL
220