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São Paulo
2004
CÁSSIO DIAS COUTO SAMPAIO
Área de Concentração:
Engenharia de Estruturas
Orientador:
Prof. Dr. Túlio Nogueira Bittencourt
São Paulo
2004
FICHA CATALOGRÁFICA
(Autor desconhecido)
iii
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................ VIII
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................. XI
RESUMO ............................................................................................................................................. XII
ABSTRACT ......................................................................................................................................... XIII
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
1.1. OBJETIVOS ................................................................................................................... 2
1.2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 3
1.3. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ........................................................................................... 4
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2
Figura 2.1 – Curvas tensão-deformação da pasta de cimento, do agregado e do concreto ........ 06
Figura 2.2 – Representação esquemática dos resultados de um ensaio de deformação lenta .... 10
Figura 2.3 – Deformação dependente do tempo em concreto submetido à carga mantida ........ 11
Figura 2.4 – Exemplo do princípio de McHenry da superposição de deformações................... 13
Figura 2.5 – Reversibilidade da retração por secagem .............................................................. 14
Figura 2.6 – Reversibilidade da fluência ................................................................................... 14
CAPÍTULO 3
Figura 3.1 – Fluência de concretos com diversos agregados com a mesma proporção
carregados à idade de 28 dias. ............................................................................... 18
Figura 3.2 – Fluência em concretos carregados e mantidos em diferentes umidades
relativas ................................................................................................................. 19
Figura 3.3 – Influência do tamanho da peça e da umidade relativa no coeficiente de
fluência. ................................................................................................................. 21
CAPÍTULO 4
Figura 4.1(a) – Representação esquemática do elemento reológico mola...................................... 25
Figura 4.1(b) – Representação esquemática do elemento reológico amortecedor.......................... 25
Figura 4.2 – Curva de deformação-tempo no elemento de mola para fluência.......................... 27
Figura 4.3 – Curva de deformação-tempo no amortecedor para um ensaio de fluência ............ 28
Figura 4.4 – Representação do modelo viscoelástico de Maxwell............................................. 28
Figura 4.5 – Representação da curva deformação-tempo no modelo viscoelástico de
Maxwell................................................................................................................. 29
Figura 4.6 – Representação do modelo viscoelástico de Kelvin-Voigt. .................................... 30
Figura 4.7 – Representação da curva deformação-tempo no modelo viscoelástico de
Kelvin-Voigt........................................................................................................... 30
Figura 4.8 – Representação do modelo viscoelástico de Boltzmann .......................................... 32
Figura 4.9 – Representação da curva deformação-tempo no modelo viscoelástico de
Três Parâmetros. .................................................................................................... 32
Figura 4.10 – Representação do modelo viscoelástico de Burger................................................. 33
Figura 4.11 – Representação da curva deformação-tempo no modelo viscoelástico de Burger ... 34
CAPÍTULO 5
Figura 5.1 – Representação da curva de função de fluência. ..................................................... 37
Figura 5.2 – Representação da curva de coeficiente de fluência................................................ 38
ix
CAPÍTULO 6
Figura 6.1 – Variação εccf (t) .................................................................................................... 51
CAPÍTULO 7
Figura 7.1 – Fluência na tração e na compressão sob tensão de 9 Kg/cm2 ................................ 68
Figura 7.2 – Influência do tipo de cimento na fluência à tração para concretos ....................... 69
Figura 7.3 – Fluência na flexão ................................................................................................. 70
Figura 7.4 – Vista dos apoios das vigas experimentais............................................................... 71
Figura 7.5 – Vista da armadura posicionada na fôrma................................................................ 72
Figura 7.6 – Detalhamento das vigas estudadas ........................................................................ 72
Figura 7.7(a) – Apoio do relógio de medição sobre a chapa metálica para medida dos
deslocamentos verticais .......................................................................................... 73
Figura 7.7(b) – Cavalete de suporte do relógio de medição ............................................................ 73
Figura 7.8 – Viga após aplicação do carregamento ................................................................... 74
Figura 7.9 – Local onde foram tomadas as medidas de deslocamento e de deformação ............ 75
Figura 7.10 – Diagrama Momento-Curvatura da seção ................................................................ 76
Figura 7.11(a) – Apoio do 1º gênero................................................................................................ 79
Figura 7.11(b) – Apoio do 2º gênero ................................................................................................ 79
Figura 7.12 – Ilustração da realização do ensaio ........................................................................ 79
Figura 7.13 – Ilustração da configuração deformada após o carregamento .................................. 80
CAPÍTULO 8
Figura 8.1 – Deformação considerada pelo ADINA em uma análise unidimensional............... 89
Figura 8.2 – Modelagem da viga feita no ADINA..................................................................... 97
Figura 8.3 – Elemento quadrático CHX 60................................................................................ 99
Figura 8.4 – Modelagem da viga feita no DIANA...................................................................... 99
Figura 8.5 – Comparação das curvas de fluência do ADINA em vermelho com a curva
de fluência da NBR 6118 em azul ........................................................................ 100
Figura 8.6 – Exemplo de uma curva gerada pelo ADINA para a caracterização física do
concreto ............................................................................................................... 101
Figura 8.7 – Aplicação para o modelo de material utilizado .................................................... 102
Figura 8.8 – Caixa de entrada de dados referente ao modelo TEPMC .................................... 102
Figura 8.9 – Isobanda de deformação no ADINA .................................................................... 103
Figura 8.10 – Isobanda de deslocamento no ADINA ................................................................ 103
Figura 8.11 – Curva Tensão-Deformação definida pelo DIANA para o concreto do tipo A...... 105
Figura 8.12 – Aplicação do modelo de fissuração para o concreto no DIANA.......................... 105
x
Figura 8.13 – Aplicação do modelo de fluência do CEB pelo DIANA ..................................... 106
Figura 8.14 – Isobanda de deformação no DIANA ................................................................... 107
Figura 8.15 – Isobanda de deslocamento vertical no DIANA .................................................... 108
Figura 8.16 – Zona fissurada na viga D após 3500 dias mostrada no DIANA ........................... 108
CAPÍTULO 9
Figura 9.1 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga A ............. 110
Figura 9.2 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga B ............. 110
Figura 9.3 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga C ............. 111
Figura 9.4 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga D .............. 111
Figura 9.5 – Variação somente do módulo de elasticidade do concreto ................................... 114
Figura 9.6 – Variação somente da umidade relativa do ar ....................................................... 115
Figura 9.7 – Variação simultânea do módulo de elasticidade e da umidade do ar.................... 115
Figura 9.8 – Evolução da resistência a compressão de concretos produzidos a partir de
cimentos novos e antigos..................................................................................... 117
Figura 9.9 – Pico de deslocamento excessivo em curto intervalo de tempo ............................. 118
Figura 9.10 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga A ........... 118
Figura 9.11 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga B ........... 119
Figura 9.12 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga C ............ 119
Figura 9.13 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga D ........... 120
Figura 9.14 – Gráfico de deslocamento-tempo para viga D com Curva Variável até 3000
dias ...................................................................................................................... 121
Figura 9.15 – Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga A .............. 122
Figura 9.16 – Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga B................ 122
Figura 9.17 – Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga C............... 123
Figura 9.18 – Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga D .............. 123
xi
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 6
Tabela 6.1 – Valores característicos superiores da deformação específica de retração
εcs(t∞,t0) e do coeficiente de fluência ϕ(t∞, t 0) ...................................................... 48
Tabela 6.2 – Valores da fluência e da retração em função da velocidade de
endurecimento do cimento .................................................................................... 54
Tabela 6.3 – Valores do coeficiente ξ em função do tempo ....................................................... 60
Tabela 6.4 – Limite para corpos-de-prova. ................................................................................ 61
CAPÍTULO 8
Tabela 8.1 – Coeficiente de fluência para o Modelo de Código do CEB-FIB ........................... 92
Tabela 8.2 – Dados de entrada baseados no CEB 1990 para o DIANA................................... 107
CAPÍTULO 9
Tabela 9.1 – Diferenças percentuais entre os resultados dos deslocamentos ........................... 124
xii
RESUMO
A fluência nas peças de concreto armado é apontada como uma das possíveis
causas de casos relatados de destacamentos de argamassa de revestimento e
esmagamento de fiadas em alvenaria de vedação vertical em edifícios. Os projetos
estruturais têm sido elaborados com parâmetros majoradores de deformação por
fluência, tentando minimizar a interação entre a estrutura e as alvenarias. Este
trabalho comparou o comportamento de vigas biapoiadas de concreto armado
submetidas ao fenômeno da fluência, modeladas pelo Método dos Elementos Finitos
(MEF) e calculadas tendo como referência a NBR6118 com vigas ensaiadas
experimentalmente. Foram analisados quatro grupos de vigas denominados A, B, C e
D com características geométricas iguais, porém com propriedades físicas diferentes.
As modelagens foram realizadas nos programas ADINA e DIANA, com modelos
tridimensionais. Foram consideradas as tensões de compressão para o estudo do
fenômeno. As vigas têm seção transversal retangular, têm comprimento longitudinal
de 6m e apenas as armaduras longitudinais são consideradas. O carregamento foi
considerado concentrado e aplicado no meio do vão com valor de 2 kN, sendo que
nas análises também foi considerado o peso próprio das vigas. Os principais
parâmetros considerados na modelagem das vigas foram: a) período para o estudo da
fluência de 140 dias; b) consideração da parcela de não-linearidade física do
material, caracterizando a perda de rigidez em sua seção transversal. A avaliação foi
realizada comparando os resultados obtidos na modelagem numérica com dados
obtidos a partir de ensaios experimentais disponíveis na literatura e, também, com
resultados providos a partir de cálculos baseados na NBR 6118/2003. Pode-se
concluir que comparadas, todas as curvas apresentaram um bom comportamento
qualitativo, ou seja, todas caracterizaram de forma adequada o comportamento
assintótico do fenômeno estudado. Entretanto, devido a possíveis problemas
ocorridos no ensaio experimental e a validade parcial dos métodos de cálculo da
fluência utilizados na análise numérica, não foi possível estabelecer,
quantitativamente, a eficiência e a eficácia destes programas quando requeridos a
calcular a deformação por fluência em vigas de concreto armado.
xiii
ABSTRACT
Concrete creep is one of the probable causes of the occurrence of pathologies
in reinforced concrete structures. The structural design has been made with
overestimated parameters of creep strain, in an attempt to minimize the structure-
masonry interaction. In this research an to analysis of the creep phenomenon in
reinforced concrete simply supported beams under constant load is developed. Four
beam groups, named A, B, C e D, have been analyzed. All the four groups have the
same dimensions, but distinct physical properties. These simply supported beans
have a 6m span and a prismatic cross section. All the numerical analyses have been
done for 3-D beam models, through the ADINA and DIANA software. Only creep
compression stresses and longitudinal reinforcement have been considered. A 2 kN
load is applied in the mid-span each beam. In addition the weight of the beans have
been considered. The main parameters considered in the creep simulation are: a)
period of time of 140 days; b) consideration of the non-linear physical response of
the material, characterizing a loss of stiffness and cracking. A comparison is made
between the numerical analyses results and the experimental data. These results are
then compared to the ones provided by the NBR 6118/2003. This comparisons have
show a good qualitative agreement in terms of the asymptotic behavior of the creep
phenomenon. However, due to possible problems in experimental tests and to the
partial validity of the applied creep equation, it has not been possible to verify a good
quantitative estimation and of the effectiveness of the software to accurately predict
the creep deformation for the tested reinforced concrete beams.
INTRODUÇÃO 1
1 INTRODUÇÃO
Uma vez definido que existam tais deformações, é provável que se as mesmas
não forem consideradas de forma correta, isto possa causar patologia a ponto de
danificar de forma considerável estruturas em geral.
1.1. OBJETIVOS
Esse trabalho tem como objetivo principal comparar os valores obtidos para o
deslocamento (flecha) devido à fluência, em vigas biapoiadas de concreto armado,
por meio da modelagem numérica de dois programas baseados no Método dos
Elementos Finitos (MEF) e por meio de ensaios experimentais, citados em
FIGUEIREDO [2003]. Esta comparação foi realizada com dados de deslocamentos
obtidos pela simulação do fenômeno da fluência em vigas de concreto armado,
modeladas nos programas, e com os resultados de deslocamentos obtidos por meio
de ensaios experimentais. Os ensaios experimentais foram realizados no Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento em Construção Civil (CPqDCC) da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (EPUSP).
INTRODUÇÃO 3
1.2. JUSTIFICATIVA
O quarto capítulo relata sobre os aspectos reológicos e como esses podem ser
aplicados ao material concreto. Nele são mostrados quais os tipos de modelos
reológicos básicos que podem ou não ser associados para tentar simular o real
comportamento do mesmo.
2 TIPOS DE DEFORMAÇÕES
NO CONCRETO
Agregado
40
Tensão (MPa)
Concreto
30
Pasta de
20 Cimento
10
Como já citado, existe uma relação entre tensão e deformação (lei de Hook);
dessa relação a deformação é obtida em função da tensão aplicada e do módulo de
elasticidade do concreto no instante da aplicação do carregamento. É importante
frisar que a deformação elástica dita imediata ocorre simultaneamente ou
imediatamente após a aplicação da carga e depende fundamentalmente da
intensidade da mesma.
Como não ocorre deformação na ligação dos átomos, isto é, não ocorre
deformação das ligações interatômicas, não existe variação de volume e, como
ocorre também uma mudança na posição relativa dos átomos da estrutura, as
deformações são irreversíveis, ou seja, com a retirada do carregamento à parcela de
deformação plástica não é mais recuperada. O material fica deformado
permanentemente.
TIPOS DE DEFORMAÇÕES NO CONCRETO 9
água, passam a ser agora resistidas gradativamente pelo esqueleto do sólido. Esta
migração de esforços termina ao se alcançar novamente o equilíbrio higroscópico,
quando a carga passa a ser resistida totalmente pelo esqueleto sólido e se restabelece
na água o mesmo estado de tensão que existia antes de aplicar o esforço.
ε‰
Descarregamento Novo Carregamento
1,0
εφ2
εe1
0,8
εe2
0,6 εφ1
ε1
Deformação
Fluência por
Secagem
Fluência Básica
ε0
Deformação
Elástica
Tempo
Figura 2.3 – Deformação dependente do tempo em concreto submetido à carga mantida.
METHA & MONTEIRO (1994)
2.3.1. REVERSIBILIDADE
*
J. Glucklich, Creep mechanism in cement mortar, J. Amer. Concr. Inst., 59, pp. 923-48 (July 1962).
TIPOS DE DEFORMAÇÕES NO CONCRETO 13
um momento qualquer t0, são independentes dos efeitos de qualquer tensão aplicada
antes ou depois de t0. Segue então que, se a tensão é removida à idade t1, a
recuperação resultante da fluência será igual à fluência de um elemento semelhante
submetido a uma tensão igual de compressão à idade t1. A Figura 2.4 ilustra essa
afirmativa, e pode ser visto que a recuperação é representada pela diferença entre a
tensão real em qualquer momento e a tensão que existiria no mesmo momento se o
elemento continuasse submetido à tensão de compressão inicial.
40
30
Fluência Específica
10-6 MPa
20
10
Idade-dias
1000
Retração
600 Reversível
400
Retração
Retração Total
200 Irreversível
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (dias)
Figura 2.5 – Reversibilidade da retração por secagem. METHA e MONTEIRO (1994)
800 Recuperação
Micro deformação
Elástica
600 Recuperação
da Fluência
Deformação por
400 Fluência
Fluência
200 Irreversível
Deformação Elástica
0 20 40 60 80 100 120
Tempo de Carregamento (dias)
Figura 2.6 – Reversibilidade da fluência. METHA e MONTEIRO(1994).
⎛ cp ⎞ ⎛ 1 ⎞
log⎜⎜ ⎟⎟ = α log⎜⎜ ⎟⎟ (3.1)
⎝ c ⎠ ⎝1− g − u ⎠
onde:
• c é a fluência do concreto;
• g é o teor em volume de agregados;
• u é o teor em volume de cimento não hidratado;
• cp é a fluência da pasta de cimento com as mesmas características da usada
no concreto;
3(1 − µ )
α=
1 + µ + 2(1 − 2 µ a )
E (3.2)
Ea
1600
Calcário
Quartzo
Granito
1200 Seixo
Fluência - 10-6
Arenito
800
400
0
10 28 90 1 2 5 10 20 30
Dias Ano
Tempo a partir do carregamento (log)
Figura 3.1 – Fluência de concretos com diversos agregados com a mesma proporção,
carregados à idade de 28 dias. NEVILLE (1997)
NEVILLE [1997] afirma que um dos fatores mais importantes que atuam
sobre a fluência é a umidade relativa do ar que envolve o concreto, isso quer dizer
que para se obter uma menor fluência, o concreto deve, teoricamente, ser exposto em
ambientes com altos níveis de umidade. Isso é ilustrado na Figura 3.2 para peças
curadas a umidade relativa de 100% e depois carregadas e expostas a diversas
umidades.
FATORES QUE AFETAM A FLUÊNCIA NO CONCRETO 19
1200
Umidade Relativa
800
Fluência - 10-6
50% 70%
100%
400
0
10 28 90 1 2 5 10 20 30
Dias Ano
Tempo a partir do carregamento (log.)
Figura 3.2 – Fluência em concretos carregados e mantidos em diferentes umidades relativas. NEVILLE (1997)
Com relação à temperatura, a fluência será tanto maior quanto maior for a
temperatura durante o carregamento. METHA & MONTEIRO [1994] relatam que se
uma peça de concreto é exposta a uma temperatura maior que a ambiente como parte
processo de cura, antes de ser carregada, a resistência aumentará e a deformação por
fluência será um tanto menor do que de um concreto armazenado a uma temperatura
mais baixa. Por outro lado, a exposição à alta temperatura, durante o período em que
o concreto está sendo carregado, pode aumentar a fluência.
principalmente em pontes, nas quais o concreto do tabuleiro, sobre o qual existe uma
camada de asfalto, atinge temperaturas acima de 40ºC quando exposto à radiação
solar durante um longo tempo, EQUIPE DE FURNAS [2000].
o uso de escória de alto forno pode levar a uma fluência básica menor, porém com
aumento da fluência por secagem.
2.2
Coeficiente de Fluência (10-6 MPa)
50%
2.0
1.8
70%
1.6
1.4
1.2 90%
0
100 200 300 400 500
Espessura Teórica (mm)
Figura 3.3 – Influência do tamanho da peça e da umidade relativa no coeficiente de fluência.
CEB-FIB 1990.
4 MODELOS REOLÓGICOS
4.1. VISCOELASTICIDADE
(a) (b)
Figura 4.1 – Representação esquemática dos elementos reológicos: (a) mola; (b) amortecedor.
σ (t ) = E.ε (t ) (4.1)
σο / E
t
Figura 4.2 – Curva de deformação tempo no elemento de mola para fluência.
σ (t ) = η.ε&(t ) (4.2)
onde:
1
é a fluidez;
η
dε
ε&(t ) = = é a taxa de deformação.
dt
t
Figura 4.3 – Curva de Deformação-Tempo no amortecedor para um ensaio de fluência.
η
E
σ σ
εe εv
ε
Carregamento Descarregamento
ε0
t
σ σ
E
ε
Carregamento Descarregamento
σ0/E
Porém, esse modelo assim como os outros dois citados anteriormente, possui
uma limitação: a representação do modelo de três parâmetros ou modelo de
Boltzmann não caracteriza de forma adequada a deformação por fluência quando na
estrutura ocorrer um descarregamento.
MODELOS REOLÓGICOS 32
E0
σ σ
E1
ε0 ε1
ε
σ0/E∞
σ0/E0
σ0/E0
η2
σ E1 σ
η1
E2
ε1 ε2 ε3
εM εK
Carregamento Descarregamento
σ0/E∞
Recuperação
Elástica
Recuperação
da Fluência
σ0/E0 Fluência
Irreversível
t
Figura 4.11 – Representação da curva deformação-tempo no modelo viscoelástico de Burger .
5 FUNÇÃO DE FLUÊNCIA E
COEFICIENTE DE FLUÊNCIA
1
Φ (t , t 0 ) = [ε e ( t, t 0 ) + ε c ( t, t 0 )] (5.1a)
σ0
1
Φ (t , t 0 ) = + C (t , t 0 ) (5.1b)
E (t 0 )
onde:
∗
Na literatura, a função de fluência pode, freqüentemente, ser adotada como J(t,τ), ao invés de Φ(t,t0).
FUNÇÃO DE FLUÊNCIA E COEFICIENTE DE FLUÊNCIA 37
Função de Fluência
Φ(t,t0)
C(t,t0)
1/E(t0)
t0 t tempo
Figura 5.1 – Representação da curva de função de fluência.
Entretanto, testes mostraram que a deformação por fluência (εc) pode ser, de
maneira aproximada, proporcionalmente dependente da deformação elástica (εe).
Esta relação linear tem se mostrado bastante satisfatória em elementos estruturais
submetidos à compressão ou tração, e também para flexão, desde que sob tensões
normais de serviço (0,4 a 0,5 do fck). Tensões para o concreto acima desse valor
estarão associadas a um relativo aumento de fluência. A relação entre a deformação
por fluência e a deformação elástica, é definida como coeficiente de fluência φ como
segue abaixo:
ε c (t , t 0 )
φ (t , t 0 ) = (5.2a)
ε e (t 0 )
φ (t , t 0 ) = C (t , t 0 ).E (t 0 ) (5.2b)
Coeficiente de Fluência
φ(t,t0)
C(t,t0).E(t,t0)
t0 t tempo
Figura 5.2 – Representação da curva de coeficiente de fluência.
1
Φ (t , t 0 ) = [1 + φ (t , t 0 )] (5.3)
E (t 0 )
1 φ (t , t )
Φ 28 (t , t 0 ) = + 28 0 (5.4)
E (t 0 ) E 28
E (t 0 )
φ (t , t 0 ) = φ 28 (t , t 0 ) (5.5)
E 28
1
Φ (t , t 0 ) = [1 + K 0. f (t , t 0 ).g (t − t 0 )] (5.6)
E (t 0 )
onde:
• Κ0 é uma constante;
• f(t,t0) é uma função que expressa o efeito da idade do concreto, sob a ação
de um carregamento aplicado no instante t0;
NEVILLE [1983] cita que este tipo de função de fluência foi usada pelo
CEB-FIB em 1964, 1970 e 1990, e também pelo ACI em 1971.
1
Φ (t , t 0 ) = + K1. f (t − t 0 ) + K 2 .[ g (t ) − g (t 0 )] (5.7)
E (t 0 )
onde:
• K1 e K2 são constantes;
FUNÇÃO DE FLUÊNCIA E COEFICIENTE DE FLUÊNCIA 40
Existem vários métodos de análise da fluência. Estes por sua vez podem ser
divididos em Métodos Algébricos e Métodos das Equações Integrais.
E(t 0 )
Ee = (5.8)
1+ φ(t, t 0 )
Após a definição do método do módulo efetivo (Ee) ocorreu, por TROST, uma
pequena modificação no mesmo, onde o módulo de elasticidade (Eea) seria
equivalente ao módulo efetivo, porém com uma singela correção no coeficiente de
fluência conforme mostrado na seguinte expressão:
Ec (t 0 )
Eea (t, t 0 ) = (5.9)
1 + χ.φ(t, t 0 )
Com isso, uma única curva do coeficiente de fluência, determinada para uma
tensão aplicada no instante t é suficiente para definir as demais curvas para todas as
idades subseqüentes de aplicação do carregamento (t > t0). Assim, a função de
fluência assume a seguinte forma para a tensão inicial aplicada no instante t0:
1 1 ⎡
Φ(t, t 0 ) = + C(t, t 0 ) = 1 + φ(t, t 0 ) ⎤⎦ (5.10)
E(t 0 ) E(t 0 ) ⎣
1 1 ⎡
Φ(t, t 0 ) = + φ(t, t 0 ) - φ(t, t1 ) ⎤⎦ (5.11)
E(t1 ) E(t 0 ) ⎣
FUNÇÃO DE FLUÊNCIA E COEFICIENTE DE FLUÊNCIA 44
⎡ 1 1 1 ⎤
ε(t) = σ0 ⎢ - + φ(t1 ,t 0 ) ⎥ (5.13)
⎢⎣ E(t 0 ) E(t1 ) E(t 0 ) ⎥⎦
σ0 φ(t1 , t 0 )
ε(t) = (5.14)
E(t 0 )
1 φf (t) - φf (t 0 )
Φ(t,t 0 ) = + (5.15)
Ed E(t 0 )
1 1 φ
= + d (5.16)
E d E(t 0 ) E(t 0 )
6 MODELO DE FLUÊNCIA
NBR 6118/2003
Segundo a norma brasileira NBR 6118, em casos onde não seja necessária
grande precisão de resultados, os valores finais do coeficiente de fluência ϕ(t,t0) e da
deformação específica de retração εcs(t∞,t0) do concreto, submetido a tensões
MODELO DE FLUÊNCIA – NBR 6118/2003 48
menores que 0,5.fck quando do primeiro carregamento, podem ser obtidos, por
interpolação linear, a partir da Tabela 6.1.
Nos casos em que a tensão σc(t0) não varia significativamente, permite-se que
essas deformações sejam calculadas pela expressão:
⎡ 1 ϕ (t ∞ , t 0 ) ⎤
ε c (t ∞ , t 0 ) = σ c (t 0 ).⎢ + ⎥ (6.1)
⎣ E ci (t 0 ) E ci (28) ⎦
onde:
O valor de ϕ(t∞,t0) pode ser calculado pela interpolação da Tabela 6.1. Essa
tabela fornece o valor característico superior de ϕ(t∞,t0) em algumas situações usuais.
O valor característico inferior de ϕ(t∞,t0) é considerado nulo.
Umidade Ambiente %
40 55 75 90
(valor médio)
Espessura Fictícia
20 60 20 60 20 60 20 60
2Ac/u (cm)
A norma brasileira estabelece que dados usados no seu Anexo A têm caráter
informativo e podem, na falta de dados melhores, ser usados no projeto de estruturas
de concreto.
ε c (t ) = ε c (t 0 ) + ε cc (t ) + ε cs (t ) (6.2)
σ c (t 0 )
ε c (t 0 ) = (6.3)
E ci (t 0 )
⎡σ c (t 0 ) ⎤
ε cc (t ) = ⎢ ⎥ϕ (t , t 0 ) (6.4)
⎣ E ci 28 ⎦
onde:
ε c,tot = ε c + ε cc = ε c (1 + ϕ ) (6.6)
ϕ = ϕa + ϕf + ϕd (6.7)
onde:
− consistência do concreto;
MODELO DE FLUÊNCIA – NBR 6118/2003 51
Uma observação bem pertinente pode ser feita com relação à função
estabelecida pela norma, para a obtenção da deformação lenta irreversível. Pela
norma as curvas de deformação (Figura 6.1) são consideradas paralelas, ou seja, a
cada intervalo de tempo tomado, o comportamento da curva é o mesmo e
independente desse tempo. Deste modo, é evidenciada a não caracterização do
comportamento do concreto, uma vez que, existindo o aumento da resistência do
material com o tempo, estas curvas não poderiam ser paralelas.
εccf
Deformação Lenta Irreversível
t1 t2 t3 tempo t
Figura 6.1 – Variação εccf (t)
σc
ε cc (t, t 0 ) = ε cca + ε ccf + ε ccd = ϕ (t, t 0 ) (6.8)
E c28
com Ec28 calculado, para j = 28 dias, pela expressão Ec28 = 5600fck0,5 e ϕ(t,t0)
calculado por:
MODELO DE FLUÊNCIA – NBR 6118/2003 52
onde:
- t é a idade fictícia do concreto no instante considerado;
ϕ f∞ = ϕ1c .ϕ 2c (6.11)
42 + h fic
ϕ 2c = (6.12)
20 + h fic
2. Ac
h fic = γ (6.13)
u ar
onde:
- ϕ1c é a parcela do coeficiente de deformação lenta irreversível que depende da
umidade relativa do ambiente (U%) e da consistência do concreto dado pela
Tabela A.1 no Anexo A da respectiva norma;
t 2 + At + B
β f (t ) = (6.15)
t 2 + Ct + D
3 2
A = 42.h fic − 350.h fic + 588.h fic + 113 (6.16)
3 2
B = 768.h fic − 3060.h fic + 3234.h fic − 23 (6.17)
3 2
C = −200.h fic − 13.h fic + 1090.h fic + 183 (6.18)
3 2
D = 7579.h fic − 31916.h fic + 35343.h fic + 1931 (6.19)
onde:
- hfic é a espessura fictícia, dada em metros (0,05 ≤ hfic ≤ 1,6 sendo que para
valores fora deste intervalo, deve-se adotar os extremos correspondentes);
t − t 0 + 20
βd = (6.20)
t − t 0 + 70
Ti + 10
t =α∑ ∆t ef ,i (6.21)
i 30
onde:
- t é a idade fictícia, em dias;
σ c (t 0 ) σ c (t 0 ) t
∂σ c ⎛ 1 αϕ (τ , t 0 ) ⎞
ε c (t) = + ϕ (t, t 0 ) + ε cs (t, t 0 ) + ∫ ⎜⎜ + ⎟⎟dτ (6.22)
E c (t 0 ) E c 28 τ=t 0
∂τ E
⎝ cτ E c28 ⎠
⎡ 1 ϕ (t, t 0 ) ⎤ ⎛ 1 ϕ (t, t 0 ) ⎞
ε c (t) = σ c (t 0 ) ⎢ + ⎥ + ε cs (t, t 0 ) + ∆σ c (t, t 0 )⎜⎜ + ⎟ (6.23)
⎣ E c (t 0 ) E c 28 ⎦ ⎝ E c (t 0 ) E c28 ⎟⎠
onde:
Nos outros casos usuais pode-se considerar α = 0,8, mantendo Ec(t0) ≠ Ec28
sempre que significativo. Essa aproximação tem a vantagem de tratar ϕ como uma
única função, sem separar ϕa, ϕf, e ϕd.
É possível separar ϕa, ϕf, e ϕd, mas para isso é necessário aplicar a expressão
integral ao problema em estudo. A expressão simplificada não se aplica nesse caso.
Algumas observações, pertinentes, podem ser feitas com relação aos cálculos
da deformação e da flecha em estruturas de concreto armado tendo como base a NBR
6118/2003.
α.f ct .I c
MR = (6.24)
yt
onde:
- α é o fator que correlaciona, aproximadamente, a resistência à tração na flexão
com a resistência à tração direta (α = 1,2 para seções T ou duplo T ou α = 1,5
para seções retangulares);
- yt é à distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
- Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
MODELO DE FLUÊNCIA – NBR 6118/2003 57
⎧⎪⎛ M ⎞
3
⎡ ⎛M ⎞
3
⎤ ⎫⎪
EI eq = E cs ⎨⎜⎜ r ⎟⎟ .I c + ⎢1 − ⎜⎜ r ⎟⎟ ⎥ I II ⎬ ≤ E cs .I c (6.25)
⎪⎩⎝ M a ⎠ ⎢⎣ ⎝ M a ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
onde :
- Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
b.x II3
+ α e . As .(d − x II )
2
I II = (6.26)
3
b.x II2
− α e . As .(x II − d ') = 0 (6.27)
2
onde:
- b é a base da viga;
P.l 3
a= (6.28)
48.EI
onde:
- a é o comprimento deslocado no centro do vão da viga em relação ao seu eixo
vertical;
- P é o carregamento aplicado;
∆ξ
αf = (6.29)
1 + 50ρ '
onde:
A s'
ρ' = (6.30)
b.d
MODELO DE FLUÊNCIA – NBR 6118/2003 60
− ∆ξ é um coeficiente função do tempo, que pode ser calculado pelas expressões
seguintes:
∆ξ = ξ( t ) − ξ( t 0 ) (6.31)
150 mm 19 mm
150 mm 38 mm
250 mm 76 mm
450 mm 152 mm
JAQUETA DE
VEDAÇÃO
deverão ser tomados cuidados especiais para que o mesmo não seja avariado ou
deslocado de sua posição durante a operação de adensamento.
A umidade relativa na câmara úmida não deve ser menor que 95% sendo o
seu valor indicado no relatório.
MODELO DE FLUÊNCIA – NBR 6118/2003 64
6.4.4. APARELHAGEM
b) mola de reação;
c) rótula de apoio.
O carregamento deverá se feito a uma velocidade tal que a carga total seja
aplicada no corpo-de-prova durante um período o mais próximo possível de 30
segundos.
AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL
7 DA FLUÊNCIA EM VIGAS
DE CONCRETO ARMADO
Se, além disso, o concreto secar sob carregamento constante, pode ocorrer
simultaneamente deformação por retração, com valores diversas vezes maiores que a
fluência, acarretando assim grandes erros nos valores medidos da deformação por
fluência NEVILLE [1970].
que eles pudessem fazer esta afirmação é que em seus testes foi levado em
consideração à variação de umidade quando o concreto estava sob carregamento.
Esta igualdade na deformação por fluência foi também confirmada no U.S Bureau of
Reclamation tests em concreto massa, para resistências de até um terço da resistência
última à tração.
ILLSTON [1965] também confirma uma taxa inicial mais alta de fluência à
tração. Isto é ilustrado na Figura 7.1. Segundo NEVILLE [1970], seus testes são
provavelmente as mais extensivas avaliações disponíveis na investigação da
influência da relação de tensão resistente, idade de carregamento, tempo de
carregamento e umidade na fluência à tração. Entretanto, somente um traço foi
utilizado em seus ensaios.
100
Deformação por Fluência (10-6)
Tração
50
Compressão
RUETZ (apud NEVILLE [1970]) cita que observou tanto na tração como na
compressão, simultâneos aumentos da fluência quando comparados com a fluência
sob nenhuma condição de troca de umidade. Para GVOZDEV (apud NEVILLE
[1970]) influências ambientais no concreto à tração e à compressão são similares
qualitativamente, mas não quantitativamente, porém ele não apresentou nenhum
resultado sobre isso.
300
II
Deformação por Fluência (10-6)
I
200 III
IV
100
Tipos de Cimento Portland
150
Deformação por Fluência (10-6)
Fibra Comprimida
100
50
Fibra Tracionada
PILARETES
viga por retração devido à restrição diferenciada que ocorre quando, na estrutura, não
existe armaduras simétricas.
580 cm
2 φ 12,5
2 φ 12,5
2 φ 12,5
30 cm
26 cm
20 cm
16 cm
6,75 cm
3,25 cm φ 6,3 c/ 10
apoiaria o cabo de aço da cuba de carregamento. Este preparação foi feita por meio
de um lixamento de modo a se evitar concentração de esforços e pequenos
esmagamentos, dado que a flecha da viga tomaria como referência a parte superior
da chapa metálica. Uma vez posicionada a chapa no topo das vigas, foram
posicionados os relógios de medição que realizaram a medida da flecha das vigas. O
apoio dos relógios de medição foi realizado por cavaletes de suporte apoiados no
chão, como pode ser observado na Figura 7.7.
Relógio de
Medição
Chapa Metálica
Figura 7.7 - (a) apoio do relógio de medição sobre a chapa metálica para medida dos
deslocamentos verticais (b) cavalete de suporte do relógio de medição.
CORTE A-A
MR
σ= (7.1)
W
.onde:
P.L P.L2 I
MR = + e W= (7.2)
4 8 y
• L é o comprimento da viga;
Muo
Mrn
Mro
1/r
compressão. Entre Muo e Mun, o andamento do diagrama volta a ser não linear
Foi observado no acompanhamento deste ensaio que não existia uma devida
infraestrutura no laboratório para a realização do ensaio de deformação lenta, pois
sua realização não ocorreu em câmera úmida, ou seja, não foi mantido o controle da
temperatura e da umidade. Esta consideração é muito importante uma vez que estas
duas propriedades são consideradas fundamentalmente importantes para a
determinação da deformação por fluência no concreto, como descrito no Capítulo 3.
Não existindo tal infraestrutura para que possa ser feita a realização de tal
ensaio, deve-se ter o cuidado de ao menos registrar, no período em que este foi
realizado, a variação de umidade e temperatura.
Uma das deficiências observada neste ensaio está relacionada com o tipo de
vinculação das vigas. Para a caracterização de apoios do 2º gênero foram colocados
roletes nas duas extremidades da viga, porém não atentou-se para o fato que, para
existir tal caracterização, a translação no eixo longitudinal de pelo menos um dos
apoios da viga deveria ser fixada. Deste modo, após a aplicação do carregamento e
devido a esse descuido, o sistema viga-pilarete ficou hipoestático, não ocorrendo
assim um “equilíbrio” estimado (devido a imperfeições) no comportamento da viga.
A Figura 7.11 (a) mostra um dos apoios das vigas que não encontrava-se
devidamente vinculado.
Após ser observado que a estrutura não estava devidamente vinculada como
deveria, foram colocados calços de madeira nos apoios para impedir sua translação
longitudinal como mostrado na Figura 7.11 (b). Está deficiência não acarretará
maiores problemas nos resultados medidos uma vez que sua correção aconteceu
antes mesmo da aplicação do carregamento.
AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA FLUÊNCIA EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO 79
Calço de
Madeira
(a) (b)
Figura 7.11 – (a) Apoio do 1º gênero; (b) Apoio do 2º gênero.
Outro erro encontrado que poderia ter comprometido os resultados obtidos no
ensaio experimental das vigas diz respeito à forma como foram medidos os
deslocamentos.
RELÓGIO VIGA
CAVALETE PILARETE
ROLETE
TAMBOR
Como pode ser visto na Figura 7.12 o relogio de medição está posicionado na
parte superior da viga tendo como apoio o cavalete, que por sua vez está fixado ao
AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA FLUÊNCIA EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO 80
chão. O erro está em não se ter tomado como referência, para as medidas de
deslocamento, uma linha que passe pelo eixo longitudinal da viga na configuração
indeformada, e sim o chão.
Deformação
do pilarete
P.l
∆l = (7.3)
E. A
onde:
• ∆l é a flecha imediata;
• P é o carregamento aplicado;
• l é o comprimento da viga;
Esta afirmativa é feita pois estima-se uma possível relação entre módulo de
elasticidade e resistência a compressão diretamente proporcional. A tabela de
resistência à compressão do ANEXO 3 mostra que o concreto A possui resistência
AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA FLUÊNCIA EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO 82
8 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL
DA FLUÊNCIA
onde {ε&} é um vetor das componentes das taxas de deformação, [B] é a matriz dos
& {}
gradientes das funções de interpolação Nj e δ é o vetor de velocidade nodais do
elemento, ou seja,
{δ&}
T
= (u&1 , v&1 , w& 1 , u& 2 , v& 2 , w& 2 ,..., u& L , v& L , w& L ) (8.2a)
perda de umidade com o ambiente (retração) (ε&) s e uma taxa de deformação devido
onde todas as variáveis são função do tempo t. Deste modo, a taxa de deformação
elástica e a taxa de tensão podem ser relacionadas da seguinte forma:
onde [D] é a matriz de elasticidade e {σ& } é a taxa de tensão. Para materiais que
obedecem a processos inelásticos, a taxa de tensão é dada por:
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA FLUÊNCIA 86
{η&} = { f (σ ), t , T } (8.7)
sendo [K] a matriz de rigidez e {R} o vetor de taxa inicial inelástica que são dados
&η
por:
[ K ] = ∑ ∫ e [ B] [ D][ B]dV
T
V
(8.9)
e
{R& }η = ∑ ∫ e [ B] [ D]{η&}dV
T
V
(8.10)
e
{∆R}η = ∑ ∫ e [ B] [ D]{∆η}dV
T
V
(8.12)
e
t
{ε (t )} = ∫ [ J (t , t ' )]{dσ } (8.13)
0
⎡1 −ν −ν 0 0 0 ⎤
⎢− ν 1 −ν 0 0 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢− ν −ν 1 0 0 0 ⎥
⎢ 1 ⎥
[D ] = ⎢ 0 0 0 (1 + ν ) 0 0 ⎥ (8.15)
⎢ 2 ⎥
1
⎢ 0 0 0 0 (1 + ν ) 0 ⎥
⎢ 2 ⎥
⎢ 1 ⎥
⎢⎣ 0 0 0 0 0 (1 + ν )⎥
2 ⎦
Para a modelagem das vigas foi usada a versão 8.1.2 do ADINA (Automatic
Dynamic Incremental Nonlinear Analysis). A representação do fenômeno da fluência
pelo ADINA pode ou não incluir os efeitos de deformação térmica e de deformações
plásticas independentes do tempo.
t
σ ij = t Cijrs
E t
(
ers − t ersP − t ersC − t ers
TH
) (8.16)
Assim, a única interação entre elas vem do fato de que todas as deformações afetam
as tensões. A Figura 8.1 mostra a curva Deformação-Tempo para situação de um
campo de tensões unidimensional.
t Tempo
e C = a 0 .σ a1 .t a2 (8.17)
F = a 0 . exp a1 .σ (8.19)
a4
⎛σ⎞
R = a 2 .⎜⎜ ⎟⎟ (8.20)
⎝ a3 ⎠
G = a5 . exp a6 .σ (8.21)
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA FLUÊNCIA 90
e C = S .T . exp − H (8.22)
onde:
S = a 0 .σ a1 (8.23)
T = t a 2 + a 3 .t a 4 + a 5 .t a 6 (8.24)
a7
H= (8.25)
θ + 273,16
Para a modelagem das vigas foi usada a versão 8.1 do DIANA. O software
possibilita que efeitos ao longo do tempo, como a fluência, possam ser modelados
com base em modelos viscoelásticos em série de Kelvin e Maxwell. O programa
também pode gerar parâmetros nos modelos em série de Maxwell ou Kelvin para a
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA FLUÊNCIA 91
fluência, onde os dados de entrada possam ser funções de fluência descritas (geradas
pelo próprio usuário) ou por modelos baseados em normas internacionais.
Atualmente, essas normas são a European CEB-FIP Model Code 1990, o American
Concrete Institute code 209 e a Duch NEN 6720 code.
⎡ 1 −ν −ν 0 0 0 ⎤
⎢ −ν 1 −ν 0 0 0 ⎥⎥
⎢
⎢ −ν −ν 1 0 0 0 ⎥
C=⎢ ⎥ (8.27)
⎢0 0 0 2(1+ν ) 0 0 ⎥
⎢0 0 0 0 2(1+ν ) 0 ⎥
⎢ ⎥
⎣0 0 0 0 0 2(1+ν ) ⎦
⎛ ⎛ 28 ⎞ ⎞
βcc (t) = exp ⎜ s ⎜1 − ⎟⎟ (8.33)
⎜ ⎜ t ⎟⎟
⎝ ⎝ eq ⎠
⎠
onde s é um coeficiente que depende do tipo de cimento (Tabela 8.1) e teq é a idade
equivalente do concreto definida como:
0 ⎛ 1 1 ⎞
t eq = ∫ c A ⎜ − ⎟dt (8.34)
⎝ Tref T(τ) ⎠
t
Tipo de Cimento s α
com fck0,m = 1,4 MPa, fck0 = 10 MPa e onde fck é a resistência característica à
compressão do concreto definida como:
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA FLUÊNCIA 93
onde Ec28 é o módulo de Elasticidade do concreto aos vinte e oito dias de idade e βcc
é o coeficiente que depende do tempo dado pela equação 8.34.
Dentro de uma faixa de serviço onde ⎢σ ⎢< 0,4 fcm(t0), a fluência assume um
comportamento linear em relação a tensão. A função de fluência J(t, t0) pode ser
calculada como:
1 φ(t, t 0 )
J(t, t 0 ) = + (8.38)
E c (t 0 ) E c28
⎛ ⎛ 9 ⎞ ⎞
α
onde α é o coeficiente que depende do tipo de cimento (Tabela 8.1) e t0,T é definido
como:
t0 ⎛ 1 1 ⎞
t 0,T = ∫ c A ⎜ − ⎟ dt (8.40)
⎝ Tref T(τ) ⎠
0
onde:
RH
1−
RH 0
φRH = 1 + 1 (8.43)
⎛ h ⎞3
0, 46 ⎜ ⎟
⎝ h0 ⎠
5,3
β(f cm28 ) = 1
⎛ f cm28 ⎞ 2 (8.44)
⎜⎜ ⎟⎟
⎝ f cm,0 ⎠
1
β(t 0 ) = (8.45)
0,1 + t10 5
2.A c
h= (8.46)
u
⎛ ( t − t0 ) ⎞
0,3
βc (t − t 0 ) = ⎜
⎜ β + ( t − t ) ⎟⎟
(8.47)
⎝ H 0 ⎠
onde:
⎛ ⎛ ⎛ RH ⎞ ⎞ h
18
⎞
⎜
βH = min 1500 ;150 ⎜1 + ⎜1, 2 ⎟ ⎟ + 250 ⎟ (8.48)
⎜ ⎜ ⎝ RH 0 ⎠ ⎟ h 0 ⎟
⎝ ⎝ ⎠ ⎠
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA FLUÊNCIA 95
Nas análises também foi considerado o peso próprio da viga com um peso
específico de 25 kN/m3. Estes carregamentos se mantiveram constantes ao longo de
todo o ensaio.
Após a divisão de segmentos das linhas e dos volumes foi realizada a geração
da malha. Para as linhas que representam o aço foram definidos 2 nós por elemento
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA FLUÊNCIA 97
Após a divisão de segmentos das linhas e dos volumes foi realizada a geração
da malha. Para o aço não se faz necessária a criação da malha, pois o programa já o
faz quando definida a opção reinforcement. Para os volumes que representam o
concreto, foram usados elementos quadráticos com 20 nós por elemento. Este
elemento é denominado pelo software como CHX 60. As figuras 8.3 e 8.4 mostram o
elemento CHX 60 e o modelo de elementos finitos feito no DIANA,
respectivamente.
0 0
0 500 1000 1500 2000 0 500 1000 1500 200 0 0 500 1000 1500 200
a) b) c)
Figura 8.5– Comparação das curvas de fluência do ADINA em vermelho com a curva de fluência da NBR
6118 em azul: a) Equação da potência; b) Equação exponencial; c) Equação de oito parâmetros.
σ
σct
εcc Tração
εct ε
Compressão
σcc
Figura 8.6 – Exemplo de uma curva gerada pelo ADINA para a caracterização física do concreto.
Outra classificação para este método também é feita neste mesmo capítulo,
agora em função de métodos para análise da fluência. Segundo estes métodos, o
modelo apresentado pelo CEB-FIB 1990 é classificado como método da razão de
fluência que concluiu que, por meio de dados experimentais retirados de ensaios em
concretos “novos” e em qualquer idade t, a razão de fluência independe da idade de
aplicação da carga.
σ
σct Tração
εcc
εct ε
Compressão
σcc
Figura 8.11– Curva Tensão-Deformação definida pelo DIANA para o concreto do tipo A.
Temperatura = 25 ºC
Dia de Carregamento = 29
Figura 8.16– Zona fissurada na viga D após 3500 dias mostrada no DIANA.
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 109
COMPARAÇÃO ENTRE
9 OS RESULTADOS
EXPERIMENTAIS E NUMÉRICOS
Deslocamento-Tempo (Viga A)
0,040 NBR 6118
ADINA
Experimental
0,030
Deslocamento (m)
DIANA
0,020
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
Figura 9.1 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga A.
Deslocamento-Tempo (Viga B)
0,020
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
Figura 9.2 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga B.
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 111
Deslocamento-Tempo (Viga C)
0,040 NBR 6118
ADINA
Experimental
0,030
DIANA
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
Figura 9.3 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga C.
Deslocamento-Tempo (Viga D)
0,040 NBR 6118
ADINA
Experimental
0,030
Deslocamento (m)
DIANA
0,020
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
Figura 9.4 – Comparação entre as curvas de deslocamento até 140 dias para viga D.
Todos os gráficos Deslocamento-Tempo, no período de 140 dias, apresentam
características semelhantes com relação ao seu desenvolvimento ao longo do tempo,
ou seja, cada curva (ADINA, DIANA, NBR 6118 ou Ensaio Experimental)
apresenta, aproximadamente, o mesmo comportamento quanto à fluência,
independente do tipo de concreto utilizado (A, B, C ou D). Observa-se nas Figuras
9.1, 9.2, 9.3 e 9.4 que as curvas de Deslocamento-Tempo do ADINA, DIANA e NBR
6118 mantêm uma mesma equivalência, tanto em termos qualitativos como
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 112
Nas mesmas figuras, observou-se que as curvas dos resultados obtidos com os
ensaios experimentais caracterizaram o comportamento da fluência devido ao
aumento assintótico do deslocamento ao longo do tempo. Verificou-se que esse
aumento do deslocamento ao longo do tempo foi, em média, 2,5 vezes maior (em
140 dias) quando comparadas com as outras curvas. Em termos quantitativos, estes
resultados estão bem acima do que normalmente era para ocorrer, uma vez que
resultados de âmbito experimental tendem a mostrar menores valores quando
comparados com resultados oriundos de cálculos analíticos (Normas ou Códigos).
Esta afirmativa é feita partindo-se do pressuposto que nos cálculos analíticos estão
sendo utilizados coeficientes que majoram o carregamento e minoram as
propriedades dos materiais.
A terceira hipótese considera que possa ter havido erros na medição inicial
dos deslocamentos da viga, pois ocorreram grandes acréscimo nos deslocamentos
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 113
iniciais das vigas num curto intervalo de tempo (10 primeiros dias). Este tipo de
comportamento não caracteriza o fenômeno da fluência.
Deslocamento-Tempo (Viga D)
0,040 Curva Original (E = 35,6GPa)
Curva Experimental
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
Deslocamento-Tempo (Viga D)
0,040 Curva Original (U = 50%)
Curva Experimental
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
Deslocamento-Tempo (Viga D)
0,040 Curva Original (E=35,6GPa e U=50%)
Curva Experimental
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
fck
fck,28
Tempo
28 dias
Deslocamento-Tempo (Viga D)
0,040 NBR 6118
ADINA
Experimental
0,030 DIANA
Deslocamento (m)
0,020
Pico de
Deslocamento
0,010
0,000
0 50 100 150
Tempo (dias)
Deslocamento-Tempo (Viga A)
0,030 NBR 6118
ADINA
DIANA
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 700 1400 2100 2800 3500
Tempo (dias)
Figura 9.10– Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga A.
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 119
Deslocamento-Tempo (Viga B)
NBR 6118
0,030
ADINA
DIANA
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 700 1400 2100 2800 3500
Tempo (dias)
Figura 9.11– Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga B.
Deslocamento-Tempo (Viga C)
0,030 NBR 6118
ADINA
DIANA
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 700 1400 2100 2800 3500
Tempo (dias)
Figura 9.12– Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga C.
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 120
Deslocamento-Tempo (Viga D)
0,030 NBR 6118
ADINA
DIANA
Deslocamento (m)
0,020
0,010
0,000
0 700 1400 2100 2800 3500
Tempo (dias)
Figura 9.13– Comparação entre as curvas de deslocamento até 3000 dias para viga D.
Foi observado nas Figuras 9.10, 9.11, 9.12 e 9.13 que, após aproximadamente
150 dias, ocorre em todas as vigas uma divergência nos resultados dos
deslocamentos. A diferença entre os resultados dos deslocamentos obtidos com os
programas ADINA, DIANA e pela NBR 6118, já era esperada. Isto se deve,
primordialmente, ao tipo de função utilizada pelo ADINA para o cálculo da fluência.
Como já explicitado, quando utilizada uma função do tipo exponencial para calcular
a fluência, os resultados de deslocamentos e deformações, em tempos mais afastados
do inicial, não apresentam boa representatividade.
A pergunta que pode ser feita agora é “Como pode existir uma diferença
considerável nos resultados entre a NBR 6118 e o DIANA, se o tipo de método para
o calculo da fluência (Método da Razão de Fluência) é o mesmo para os dois e as
funções de fluência utilizadas pelos dois são muito parecidas?” Essa pergunta pode
ser respondida baseando-se nas equações 8.44 e 8.49 do Capítulo 8 que representam,
na formulação do DIANA (CEB-FIB 1990), a evolução da resistência a compressão
e do módulo de elasticidade do concreto com o tempo. Assim, com a existência de
tais evoluções, a estrutura (viga) tende a ficar mais rígida, ou seja, menos
deformável.
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 121
Deslocamento-Tempo (Viga D)
0,040
ADINA
Curva Variavel (E=20GPa e U=15%)
0,020 DIANA
0,010
0,000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (dias)
Figura 9.14– Gráfico de Deslocamento-Tempo para viga D com Curva Variável até 3000 dias.
Deformação-Tempo (Viga A)
1,5E-03
NBR 6118
ADINA
Deformação (m/m)
1,0E-03 DIANA
5,0E-04
0,0E+00
0 700 1400 2100 2800 3500
Tempo (dias)
Figura 9.15– Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga A.
Deformação-Tempo (Viga B)
1,5E-03
NBR 6118
ADINA
Deformação (m/m)
1,0E-03 DIANA
5,0E-04
0,0E+00
0 700 1400 2100 2800 3500
Tempo (dias)
Figura 9.16– Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga B.
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÚRICOS 123
Deformação-Tempo (Viga C)
1,5E-03
NBR 6118
ADINA
Deformação (m/m)
1,0E-03 DIANA
5,0E-04
0,0E+00
0 700 1400 2100 2800 3500
Tempo (dias)
Figura 9.16– Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga C.
Deformação-Tempo (Viga D)
1,5E-03
NBR 6118
ADINA
Deformação (m/m)
1,0E-03
DIANA
5,0E-04
0,0E+00
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (dias)
Figura 9.17– Comparação entre as curvas de deformação até 3000 dias para viga D.
Pelos valores fornecidos na Tabela 9.1, observa-se que existe uma diferença
bastante significativa nos valores dos deslocamentos do ensaio experimental quando
comparados com qualquer uma das outras curvas (ADINA, DIANA ou NBR 6118).
No caso da viga B, a diferença entre o EE e a NBR foi maior que o dobro do valor
registrado pela norma.
100 147 % 6% 3% 3%
A FLECHA
3000 -- 35 % 13 % 20 %
100 121 % 7% 3% 4%
C FLECHA
3000 -- 38 % 20 % 12 %
10 CONCLUSÕES
Pode-se concluir ainda, com relação aos dois programas, que a simulação do
fenômeno da fluência em estruturas de concreto é melhor representada pelo DIANA,
pois este software permite a consideração simultânea de efeitos como perda da
CONCLUSÕES 128
11 REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
6. BATHE, K.J.; KLAUS; Finite Element Procedures. Prentice Hall, Inc., New
Jersey, 1996.
8. BAZÄNT, Z.P.; Creep and Shrinkage in Concrete Structures – John Wiley &
Sons Ltda., 1982.
13. CEB, Manual: Evalution of the time dependent behavior of concrete, Bulletin
d’Information nº 199, Comite Euro-Internacional du Beton, Paris, Septembre,
1990.
14. CEB, Model Code 1990, Bulletin d’Information nº 203, Comité Européen du
Betón – Fédération International de la Précontrainte, Lausanne, Juin,1991.
21. FINDLEY, W. N.; LAI, J.; ONARAN, K.; Creep and relaxation of nonlinear
viscoelástico materials – Dover Publications, Inc., New York, 1989.
25. GHALI, A.; FAVRE, R.; Concrete Structures – Stresses and Deformations.
E&FN Spon, 2-6 Bondary Row, London , 1994.
27. ILLSTON, J. M.; The creep of concrete under uniaxial tension. Magazine of
Concrete Research 17, No. 51, 1965.
35. NEVILLE, A.M.; Propriedades do Concreto–2ª Edição PINI; São Paulo ,1997.
36. NEVILLE, A.M.; DILGER, W.H; Creep of Concrete – Plain, Reinforced and
Prestressed – North-Holland Publishing Company, Amsterdam, 1970.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 132
37. NEVILLE, A.M.; DILGER, W.H and BROOKS, J.J; Creep of Plain and
Structural Concrete – Construction Press, Longman Group, London, 1983.
ANEXO 1
ANEXO 1 – Tabela de Resultados 134
Com exceção aos dados retirados do ensaio experimental que somente terão
respostas para 100 e 140 dias, a tabela abaixo mostra os valores dos deslocamentos e
das deformações para 100, 140 e 3000 dias dos programas ADINA e DIANA, e da
NBR 6118/2003.
ANEXO 2
ANEXO 2 – Cálculo da fluência pela NBR-6118/2003 136
h := 0.2 t0 := 29 ζ d := 0.4
Ec := 35600000
Ac := b⋅ h
⎡ ⎡ ⎛ 28 ⎞ 0.5 ⎤ ⎤
β 1 ( t) := exp ⎢ s ⋅ ⎢ 1 − ⎜ ⎥⎥
⎣ ⎣ ⎝ t ⎠ ⎦⎦
ANEXO 2 – Cálculo da fluência pela NBR-6118/2003 137
fck
(
fc t , t0 := ) γc
if t0 ≥ 28
fck
β 1 ( t) if t0 < 28
γc
⎛ fc ( t , t0) ⎞
ζ a ( t , t0) := 0.8 ⋅ ⎜ 1 −
⎝ fck ⎠
ζ 2c :=
( 42 + hfic⋅ 100)
20 + hfic⋅ 100
onde:
ζ f := ζ 1c ⋅ ζ 2c
( ) ( )
ζ t , t0 := ζ a t , t0 + ζ f ⋅ β f ( t) − β f t0( ( ) ) + ζ d⋅ β d( t , t0)
( (
σ c ⋅ 1.3 + ζ t , t0 ))
( )
ε cc t , t0 :=
Ec
7 . 10
4
5.25 . 10
4
( )
ε cc t , t0 3.5 . 10 4
1.75 . 10
4
0
0 875 1750 2625 3500
t
ANEXO 2 – Cálculo da fluência pela NBR-6118/2003 138
* Constantes
−7
a0 := 6.3 ⋅ 10 a1 := 0.001675 a2 := 0.00035 a3 := 0.005 a4 := 0.268
−8
a5 := 1 ⋅ 10 a6 := 0
* Formulação a4
⎛ σc⎞
(
G := a5 ⋅ exp a6 ⋅ σ c ) R := a2 ⋅ ⎜ ( )
F := a0 ⋅ exp a1 ⋅ σ c
⎜ a3
⎝ ⎠
ε ca ( t) := F⋅ ( 1 − exp ( −R ⋅ t) ) + G ⋅ t
6.5 . 10
4
4.875 . 10
4
ε ca ( t)
3.25 . 10
4
(
ε cc t , t0 )
1.625 . 10
4
0
0 500 1000 1500 2000
t
ANEXO 2 – Cálculo da fluência pela NBR-6118/2003 139
7
Ecs := 3.56⋅ 10 Ic A s := 2.45 A ss := 2.45 A s2 := 2.45
W :=
yt
2
3
fctm := 0.3⋅ fck Para o caso de estado limite de deformação excessiva
(
fct := 0.9⋅ fctsup ) Para o caso de tração direta
2
pp ⋅ l Momento máximo no vão p/ vigas biapoiadas (carga distribuida)
M k1 :=
8
P⋅ l
M k2 := Momento máximo no vão p/ vigas biapoiadas (carga concentrada no
4 meio do vão)
M k1 = 6.3075 KN .m
M k2 = 2.9 KN .m
(
M a := M k1 + M k2 )
M a = 9.2075
ANEXO 2 – Cálculo da fluência pela NBR-6118/2003 140
Análise no Estádio II
Es ⋅ 10000
α e :=
Ecs
Given
⎡ ⎡b ⋅ ( 100) xln2⎤ ⎤
⎢⎣ ⎦ + A ⋅α ⋅ x − d
( ) ⎡
s2 e ⎣ ln ⋅ ⎤ − ( ⋅ α ) ⋅ ⎡ ⋅ − ⎤ − ⋅ α ⋅ ⎡⎡ h ⋅ ( 100) ⎤ − x ⎤ ⎥
⎢⎢ ⎥ ⎥
⎣ 2 linha ( 100)
⎦ A s e ⎣ d ( 100) xln⎦ A ss e
⎣⎣ 2 ⎦
ln
⎦⎦
0
( )
Find xln → ( −7.01237559461396472504.1219261564117175340)
xln := 4.12
Momento de Inércia
( )3
b ⋅ 100⋅ xln 2
)2 + α e⋅ As2⋅ (xln − dlinha⋅ 100)2 + Ass ⋅ α e⋅ ⎡⎢⎣⎡⎢⎣
h ⋅ ( 100) ⎤ ⎤
III :=
3
(
+ α e⋅ A s ⋅ d ⋅ 100 − xln
2
⎥ − xln⎥
⎦ ⎦
Momento de Inércia da seção fissurada de
3 concreto no estádio II para armadura tripla
b ⋅ 100⋅ ( h ⋅ 100)
Ic :=
12
4
Ic = 2 × 10 cm4
−8
Icm := Ic⋅ 10
⎡⎢ ⎡⎢ ⎛ Mr ⎞ ⎡⎢ ⎛ Mr ⎞ ⎤⎥
3
⎥⎤ ⎥⎤
3
Avaliação Aproximada da Flecha
EIeq := Ecs ⋅ ⎜ ⋅ Icm + 1 − ⎜ ⋅ IIIm
⎢ ⎢ M ⎢ ⎥ ⎥⎥ Imediata
⎣ ⎣⎝ a ⎠ ⎣ ⎝ Ma ⎠ ⎦ ⎦⎦
EI := Ecs ⋅ Icm if M r ≥ M a
EIeq if M r < M a
ANEXO 2 – Cálculo da fluência pela NBR-6118/2003 141
4
5⋅ pp ⋅ l Carga Distribuida
f1 := f1 = 0.0052
384⋅ EI
3
P⋅ l
f2 := Carga Concentrada f2 = 0.0019
48⋅ EI
f := f1 + f2
ρ :=
A s2 ξ( t) := ( t
0.68⋅ 0.996 ⋅ t ) 0.32
if t ≤ 70
b ⋅ 100⋅ d ⋅ 100 2 if t > 70
( )
ξ t0 := 0.68⋅ 0.996 ⋅ t0 ( t0
) 0.32
( )
∆ξ := ξ( t) − ξ t0
∆ξ
α f :=
1 + 50⋅ ρ α f = 0.2997
(
fdt := f ⋅ 1 + α f )
fdt = 0.0093 m
ANEXO 3 – Características Físicas das Vigas 142
ANEXO 3
ANEXO 3 – Características Físicas das Vigas 143
Concreto
Informação
A B
Abatimento
85 100
(mm)
Marca e tipo Cimento CP III 40
Votoran CP III 40
do cimento Ribeirão
Marca e tipo
- Grace RT 66
de aditivo
Dosagem do
0,5% 4%
aditivo
Areia média quartzosa
Qualificação Areia artificial oriunda de
Concressand e areia
da areia britagem fina e grossa
artificial
Qualificação
Britas 0 e I Britas I e II Guinaís
da brita
Cimento (kg) 2191 313 1630 135,8
Areia artificial
- - 4990 415,8
(kg)
Areia (kg) - - 7867,8 655,7
Areia de brita
1729 247 - -
fina (kg)
Areia de brita
4032 576 - -
grossa (kg)
Brita 0 (kg) 1414 202 - -
Brita I (kg) 5663 809 3610 300,8
Brita II (kg) - - 9910 825,8
Água (kg) 1365 195 1152,2 96,0
Dosagem do 1,57
11 litros 65,2kg 5,4 kg/m3
aditivo litros/m3
Traço 1:0,79:1,84:0,65:2,58:0,62 1:3,06:4,82:2,21:6,08:0,71
ANEXO 3 – Características Físicas das Vigas 144
Concreto
Informação
C D
Abatimento
87 57
(mm)
Marca e tipo
Holcim CP III 40 Cauê CP II E 40
do cimento
Marca e tipo Sika Mix Plastmant
MBT 322 N Mastermix
de aditivo 322N
Dosagem do
0,04% 0,3%
aditivo
Qualificação Areia Curi e areia artificial
Areia branca Terralheiro
da areia Cantargra
Qualificação
Britas I e II Cantareira Brita I Britta
da brita
Cimento
1363 270 1675 396
(kg)
Areia (kg) 1976 366 3685 729
Misto (kg) 2687 527 - -
Brita I (kg) 4176 833 5400 1062
Brita II (kg) 1036 207 - -
Água (kg) 736 145,6 630 126
Dosagem do
5,4litros 1,08l/m3 5litros 1l/m3
aditivo
Traço 1:1,36:1,95:3,09:0,77:0,54 1:2,20:3,22:0,38
ANEXO 3 – Características Físicas das Vigas 145
28,4
2,9
A 28
3,6
29
Valor 29 3,6
44,2
4,0
B 38,2
4,1
40,4
Valor 44,2 4,1
34,8
2,9
C 28,4
3,1
30
Valor 34,8 3,1
33,6
3,7
D 34,2
3,7
35,6
Valor 35,6 3,7