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Aula 01

Administração Pública
AFRFB 2009
3. Experiências de reformas administrativas.

4. O processo de modernização da Administração


Pública.
Prof: Rafael Encinas
e‐mail: raencinas@uol.com.br

1 2

Evolução da Adm Pública no Brasil Estado Oligárquico e Patrimonial

(CESPE/MDS/2006) O estamento burocrático


1821-1930 1930 - 1985 1985 - caracteriza-se pela conjugação de altos ocupantes
Mercantil- Capitalista-
de cargos públicos, burocratas e segmentos da
Sociedade Pós-Industrial
Senhorial Industrial classe
CERTA política, atuando em conjunto, em benefício

Estado (política) Oligárquico Autoritário


Democrático próprio e em desrespeito aos princípios da
(1985)
impessoalidade e do universalismo de
Estado
(administração)
Patrimonial Burocrático Gerencial (1995) procedimentos.

3 4

Estamento X Classe Social (ESAF/APO-MPOG/2005) Raimundo Faoro em “Os


Uma sociedade estamental é uma “ordem de Donos do Poder” (1958) apresentou uma
status” baseada em “prestígio social” para interpretação sobre o subdesenvolvimento do Brasil
qualificar positiva ou negativamente os grupos no qual descreveu, entre outras coisas, as mazelas
sociais. Os grupos positivamente qualificados da administração pública brasileira. Aponte a opção
costumam manter um estilo de vida que desvalora que se enquadra no argumento desse autor.
o trabalho físico, o esforço premeditado e a) Apesar das inúmeras mudanças históricas pelas
contínuo, o interesse lucrativo, e buscam, através quais passou o Brasil, o aparato administrativo e
de monopólios sociais e econômicos, a político permaneceu sob a apropriação de um
manutenção de um modus vivendi exclusivo, mesmo grupo social, que tinha como objetivo a
diferenciado, traduzido em privilégios de consumo. obtenção de poder, prestígio e riqueza.
A razão de ser dos estamentos, portanto, é a
desigualdade calcada na diferenciação da honra
pessoal, no exclusivismo social e na ostentação
do consumo. 6
c) Apropriação da máquina administrativa e política (ESAF/APO-MPOG/2005) No Brasil, durante o século
era feita por setores de uma elite agrária, que faziam XIX, o número de funcionários públicos cresceu
prevalecer os seus interesses na prevalência da muito, sem seguir uma racionalidade administrativa.
política de agro-exportação. Esse processo é importante também para
d) A herança portuguesa de captura do aparelho do compreendermos momentos posteriores da
Estado, por parte de uma burguesia, guarda estritas administração pública brasileira. Levando em conta o
relações com a abordagem de Caio Prado Jr. – autor trabalho de José Murilo de Carvalho “A Construção
contemporâneo de Faoro, que também interpretou o da Ordem e Teatro das Sombras” (2003), assinale a
subdesenvolvimento. opção incorreta sobre as razões desse crescimento.
e) A herança da administração colonial portuguesa a) A burocracia era, sobretudo, um “cabide de
gerou o chamado “patronato político brasileiro”, empregos” para as elites portuguesas residentes no
responsável pela predominância da força política Brasil, que se apropriavam do Estado, formando um
rural descentralizada sobre a urbana centralizada. estamento sólido e insulado de outros setores da
sociedade.
Resposta: D 8

b) A burocracia possuía funções latentes, ou seja,


respondia não apenas a questões de ordem
e) A burocracia acabou representando um papel
administrativa, mas social e política, empregando
mais importante para o sistema político brasileiro
inclusive parte do proletariado.
como um todo, que para a própria administração
c) A burocracia agregava setores dinâmicos da
pública brasileira.
sociedade, que faziam pressão, devido ao limitado
leque de ocupações do mercado brasileiro, para
escapar das limitações do mundo escravista. Resposta: A
d) A burocracia servia como elemento de cooptação
de potenciais opositores oriundos de setores médios
urbanos e das alas decadentes da grande
propriedade rural.

Resposta: A

Segundo José Murilo de Carvalho:


Segundo Bresser Pereira:
Um aspecto essencial da política brasileira: a
mistura, o conluio, entre o poder estatal e o poder É essa elite política letrada e conservadora que
privado, leva o nome de patrimonialismo, pois manda de forma autoritária ou oligárquica. Não
significa que o Estado distribui seu patrimônio — há democracia. As eleições são uma farsa. A
terras, empregos, títulos de nobreza e honoríficos distância educacional e social entre a elite
— a particulares em troca de cooperação e política e o restante da população, imensa. E
lealdade. O clientelismo e o nepotismo, ainda no meio dela temos uma camada de
fortes até hoje, são um resíduo do funcionários públicos, donos antes de
patrimonialismo. O patrimonialismo é a coluna sinecuras do que de funções, dada a função do
política de sustentação de nossa sociedade. Estado patrimonial de lhes garantir emprego e
sobrevivência.

27/02/09
(ESAF/MPOG/2009) Em nosso país, o processo c) a transferência da corte portuguesa, em 1808, e a
que permeia a formação do Estado nacional e da consequente elevação do Brasil a parte integrante
administração pública se revela pelas seguintes do Reino Unido de Portugal constituíram as bases
constatações, exceto: do Estado nacional, com todo o aparato necessário
a) a administração colonial se caracterizou pela à afirmação da soberania e ao funcionamento do
centralização, formalismo e morosidade, autogoverno.
decorrentes, em grande parte, do vazio de d) a partir da Revolução de 1930, o Brasil passou a
autoridade no imenso território. empreender um continuado processo de
b) a partir da administração pombalina, pouco a modernização das estruturas e processos do
pouco, o empirismo paternalista do absolutismo aparelho do Estado.
tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo e) a República Velha, ao promover grandes
típico do despotismo esclarecido. alterações na estrutura do governo, lançou a
economia rumo à industrialização e a administração
pública rumo à burocracia weberiana.
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Resposta: E

a) a administração colonial se caracterizou pela “A síntese histórica de Caio Prado Júnior, retomada
centralização, formalismo e morosidade, por Arno e Maria José Wehling (1999), aponta como
decorrentes, em grande parte, do vazio de principais características da administração colonial
autoridade no imenso território. — a centralização, a ausência de diferenciação (de
funções), o mimetismo, a profusão e minudência
CERTA das normas, o formalismo e a morosidade. Essas
disfunções decorrem, em grande medida, da
Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de transplantação para a colônia das instituições
administração pública; 200 anos de reformas”, de existentes na metrópole e do vazio de autoridade (e
Frederico Lustosa da Costa. de obediência) no imenso território, constituindo um
organismo autoritário, complexo, frágil e ineficaz”.
Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rap/v42n5/a03v42n5.pdf

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b) a partir da administração pombalina, pouco a c) a transferência da corte portuguesa, em 1808, e a


pouco, o empirismo paternalista do absolutismo consequente elevação do Brasil a parte integrante
tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo do Reino Unido de Portugal constituíram as bases
típico do despotismo esclarecido. do Estado nacional, com todo o aparato necessário
CERTA à afirmação da soberania e ao funcionamento do
“Isso não quer dizer que não tenha havido um autogoverno.
processo de gradual racionalização do governo
CERTA
colonial ao longo de três séculos. A partir da
administração pombalina, pouco a pouco, o
empirismo paternalista do absolutismo tradicional foi
sendo substituído pelo racionalismo típico do
despotismo esclarecido. Essa mudança se
expressava principalmente nos métodos e
processos de trabalho que davam lugar à
emergência de uma burocracia”. 17 18
“O fato é que a transferência da corte e mais tarde a d) a partir da Revolução de 1930, o Brasil passou a
elevação do Brasil a parte integrante do Reino empreender um continuado processo de
Unido de Portugal constituíram as bases do Estado modernização das estruturas e processos do
nacional, com todo o aparato necessário à aparelho do Estado.
afirmação da soberania e ao funcionamento do
autogoverno. A elevação à condição de corte de um CERTA
império transcontinental fez da nova administração
brasileira, agora devidamente aparelhada, a
expressão do poder de um Estado nacional que
jamais poderia voltar a constituir-se em mera
subsidiária de uma metrópole de além-mar”.

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“De fato, a partir desse marco e durante a maior


parte do século XX, o Brasil empreendeu um
continuado processo de modernização das e) a República Velha, ao promover grandes
estruturas e processos do aparelho de Estado. Como alterações na estrutura do governo, lançou a
resposta a transformações econômicas e sociais de economia rumo à industrialização e a administração
largo alcance, esse esforço se desenvolveu ora de pública rumo à burocracia weberiana
forma assistemática, pelo surgimento de agências
governamentais que se pretendia fossem ilhas de CERTA

excelência com efeitos multiplicadores sobre as


demais, ora de forma mais orgânica, por meio das
reformas realizadas no governo federal, em 1938,
1967 e a partir de 1995”.

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“Nesse período, não houve grandes alterações na Vargas e o modelo burocrático


conformação do Estado nem na estrutura do
Segundo o Plano Diretor:
governo. Desde a proclamação da República, a
principal mudança no Poder Executivo foi a criação
dos ministérios da Instrução Pública, de brevíssima A implantação da administração pública
existência; da Viação e Obras Públicas; e da burocrática é uma conseqüência clara da
Agricultura, Indústria e Comércio, cujos nomes emergência de um capitalismo moderno no país.
sofreram pequenas modificações. Do ponto de vista
da federação, houve uma ligeira redução na Crise de 1929 – crise do café e início do
capacidade legislativa dos estados, que perderam o Desenvolvimento Industrial – Estado interventor
poder de legislar sobre determinadas matérias”.

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Segundo o Plano Diretor: a) Princípio de Planejamento: substituir a
improvisação pela ciência, por meio do
Nos primórdios, a administração pública sofre a
planejamento do método.
influência da teoria da administração científica de
Taylor, tendendo à racionalização mediante a b) Princípio de Preparo: selecionar cientificamente
simplificação, padronização e aquisição racional os trabalhadores de acordo com suas aptidões e
de materiais, revisão de estruturas e aplicação de prepará-los e treiná-los para produzirem mais e
métodos na definição de procedimentos. Registra- melhor, de acordo com o método planejado.
se que, neste período, foi instituída a função c) Princípio de controle: controlar o trabalho para se
orçamentária enquanto atividade formal e
certificar de que o mesmo está sendo executado
permanentemente vinculada ao planejamento.
corretamente.
d) Princípio da execução: distribuir distintamente as
atribuições e as responsabilidades, para que a
25 execução do trabalho seja bem mais disciplinada.

Tripé da implantação da administração burocrática


Entre as principais realizações do DASP, são
no país:
citadas:
− Administração de materiais
1. Ingresso no serviço público por concurso;
− Administração de Pessoal
2. Critérios gerais e uniformes de classificação de
− Administração Financeira:
cargos;
3. Organização dos serviços de pessoal e de seu
1936 – Criação do Conselho Federal do Serviço
aperfeiçoamento sistemático;
Público Civil,
4. Administração orçamentária;
1938 – Transformado no Departamento
5. Padronização das compras do Estado;
Administrativo do Serviço Público (DASP).
6. Racionalização geral de métodos.

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Aumento da atuação do Estado:


(CESPE/STM/2004) A década de 30 do século Administração Direta: surgimento de três
passado caracterizou-se por uma significativa Ministérios: de Educação e Saúde, de 1930, do
centralização no nível político e econômico. Nesse Trabalho, Indústria e Comércio, de 1931 e da
período, assistiu-se ao fortalecimento do Estado Aeronáutica, de 1941.
intervencionista, cuja expansão se deu mediante
três linhas de ação: criação de órgãos e Administração Indireta: segundo Bresser Pereira:
departamentos formuladores de políticas públicas; Já em 1938, temos um primeiro sinal da
expansão dos órgãos da administração direta; e administração pública gerencial, com a criação da
expansão empresarial do Estado. primeira autarquia, a partir da idéia de
CERTA
descentralização na prestação de serviços públicos
para a administração indireta, que estaria liberada
de obedecer a certos requisitos burocráticos da
administração direta.
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Constituição de 1934
Segundo Luciano Martins, a profissionalização da
administração pública a partir da criação do DASP
Art. 170 - O Poder Legislativo votará o Estatuto
deu origem um duplo padrão:
dos Funcionários Públicos, obedecendo às
seguintes normas, desde já em vigor:
Para os altos escalões da burocracia, foram
2º) a primeira investidura nos postos de carreira
adotados acessos mediante concurso, carreiras,
das repartições administrativas, e nos demais que
promoção baseada em critérios de mérito e
a lei determinar, efetuar-se-á depois de exame de
salários adequados. Para os níveis médio e
sanidade e concurso de provas ou títulos;
inferior, a norma era a admissão por indicação
clientelista; as carreiras eram estabelecidas de
Em 1939 entrou em vigor o “Estatuto dos
forma imprecisa; o critério de promoção
Funcionários Públicos Civis da União”, por meio do
baseava-se no tempo de serviço e não no
Decreto-Lei 1.713.
mérito; e a erosão dos salários tornou-se
intermitente.
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(CESPE/MC/2008) No que tange à administração de Segundo o Plano Diretor:


recursos humanos, foram valorizados instrumentos No que diz respeito à administração dos recursos
humanos, o DASP representou a tentativa de formação
importantes como o instituto do concurso público e
da burocracia nos moldes weberianos, baseada no
do treinamento; deste modo, foi adotada
princípio do mérito profissional. Entretanto, embora
consistentemente uma política de recursos humanos
tenham sido valorizados instrumentos importantes à
que respondia às necessidades do Estado.
época, tais como o instituto do concurso público e do
ERRADA treinamento, não se chegou a adotar consistentemente
uma política de recursos humanos que respondesse às
necessidades do Estado. O patrimonialismo (contra o
qual a administração pública burocrática se instalara),
embora em processo de transformação, mantinha
ainda sua própria força no quadro político brasileiro. O
coronelismo dava lugar ao clientelismo e ao
fisiologismo.
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(CESPE/MCT/2004) A decadência do DASP está


JK e a adm para o desenvolvimento
associada a sua hipertrofia como órgão operativo do
regime varguista e ao conseqüente distanciamento
do exercício de funções administrativas. Juscelino Kubitschek tomou posse em 1956 e tentou
implantar no Brasil a “Administração para o
CERTA
Desenvolvimento”:
Saída de Vargas em 1945 – retorno do
patrimonialismo – o DASP perde muito de seu poder. Reformar o sistema administrativo para
transformá-lo em instrumento de modernização da
Vargas retorna em 1951 – Lei nº 1.711, que trazia o sociedade.
segundo “Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
da União”. Revogado apenas pela Lei 8.112 de 1990

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Administração Paralela – Grupos Executivos
(CESPE/MCT/2004) A administração paralela do
Plano de desenvolvimento: apenas 5,1% dos
governo JK assim se denominava devido à
recursos previstos foram alocados na administração
replicação, em Brasília, das estruturas federais que
direta.
existiam no Rio de Janeiro.
Comissão de Estudos e Projetos Administrativos
ERRADA
(CEPA) – Do relatório final desta comissão constam:
− descentralização da execução e centralização
do controle;
− treinamento de funcionários;
− expansão do sistema de mérito;
− profissionalização do serviço público
− desburocratização.

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João Goulart
1962 – criação do cargo de Ministro Extraordinário
responsável pelo Planejamento do país, ocupado por
Celso Furtado, então o primeiro Ministro do Quatro projetos de reorganização ampla e geral da
Planejamento. estrutura e das atividades do governo – retirados
O Presidente João Goulart nomeou, em 1963, o pelo Governo Castello Branco.
deputado Amaral Peixoto Ministro Extraordinário
para a Reforma Administrativa.
Quatro projetos de reorganização ampla e geral da A importância da Comissão está nos diagnósticos
estrutura e das atividades do governo – retirados propostos e medidas idealizadas que passaram,
pelo Governo Castello Branco. desde então, a fazer parte do acervo científico-
A importância da Comissão está nos diagnósticos administrativo brasileiro.
propostos e medidas idealizadas que passaram,
desde então, a fazer parte do acervo científico-
administrativo brasileiro. 39

Decreto‐Lei nº 200 de 1967 Art. 7º A ação governamental obedecerá a


planejamento que vise a promover o
Segundo Bresser Pereira: desenvolvimento econômico-social do País e a
Em síntese o Decreto-Lei 200 foi uma tentativa de segurança nacional, norteando-se segundo planos
superação da rigidez burocrática, podendo ser e programas elaborados, na forma do Título III, e
considerado como um primeiro momento da compreenderá a elaboração e atualização dos
administração gerencial no Brasil. seguintes instrumentos básicos:
a) plano geral de govêrno;
Princípios: b) programas gerais, setoriais e regionais, de
1. Planejamento, duração plurianual;
2. Descentralização, c) orçamento-programa anual;
3. Delegação de autoridade, d) programação financeira de desembôlso.
4. Coordenação e
5. Controle;
41 42
Art . 8º As atividades da Administração Federal e, Art. 10. A execução das atividades da
especialmente, a execução dos planos e programas Administração Federal deverá ser amplamente
de govêrno, serão objeto de permanente descentralizada.
coordenação.
§ 1º A descentralização será posta em prática em
§ 1º A coordenação será exercida em todos os três planos principais:
níveis da administração, mediante a atuação das a) dentro dos quadros da Administração Federal,
chefias individuais, a realização sistemática de distinguindo-se claramente o nível de direção do de
reuniões com a participação das chefias execução;
subordinadas e a instituição e funcionamento de b) da Administração Federal para a das unidades
comissões de coordenação em cada nível federadas, quando estejam devidamente
administrativo. aparelhadas e mediante convênio;
c) da Administração Federal para a órbita privada,
mediante contratos ou concessões.
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Art. 13 O contrôle das atividades da Administração


Federal deverá exercer-se em todos os níveis e em
todos os órgãos, compreendendo, particularmente:
a) o contrôle, pela chefia competente, da execução
Art. 11. A delegação de competência será utilizada
dos programas e da observância das normas que
como instrumento de descentralização
governam a atividade específica do órgão
administrativa, com o objetivo de assegurar maior
controlado;
rapidez e objetividade às decisões, situando-as na
b) o contrôle, pelos órgãos próprios de cada
proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a
sistema, da observância das normas gerais que
atender
regulam o exercício das atividades auxiliares;
c) o contrôle da aplicação dos dinheiros públicos e
da guarda dos bens da União pelos órgãos
próprios do sistema de contabilidade e auditoria.

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Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado Segundo o Decreto-Lei 200 de 1967:
mediante simplificação de processos e supressão de
contrôles que se evidenciarem como puramente Art. 30. Serão organizadas sob a forma de sistema
formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao as atividades de pessoal, orçamento, estatística,
risco. administração financeira, contabilidade e auditoria,
e serviços gerais, além de outras atividades
Segundo Bresser Pereira: auxiliares comuns a todos os órgãos da
O aspecto mais marcante da Reforma Administração que, a critério do Poder Executivo,
Desenvolvimentista de 1967 foi a necessitem de coordenação central.
desconcentração para a administração indireta,
particularmente para as fundações de direito
privado criadas pelo Estado, as empresas
públicas e as empresas de economia mista, além
das autarquias, que já existiam desde 1938.
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1974 – Transformação do Ministério do Planejamento
na SEPLAN:
Art 7º A Secretaria de Planejamento da
§ 1º Os serviços incumbidos do exercício das
Presidência da República incumbe, em particular,
atividades de que trata êste artigo consideram-se
assistir o Presidente da República:
integrados no sistema respectivo e ficam,
I - na coordenação do sistema de planejamento,
conseqüentemente, sujeitos à orientação
orçamento e modernização administrativa,
normativa, à supervisão técnica e à fiscalização
inclusive no tocante ao acompanhamento da
específica do órgão central do sistema, sem
execução dos planos nacionais de
prejuízo da subordinação ao órgão em cuja
desenvolvimento;
estrutura administrativa estiverem
II - na coordenação das medidas relativas à
política de desenvolvimento econômico e social;

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III - na coordenação da política de desenvolvimento Segundo o Plano Diretor:


científico e tecnológico, principalmente em seus
aspectos econômico-financeiros, ressalvada a Em meados dos anos 70, uma nova iniciativa
competência deferida à Secretaria-Geral do modernizadora da administração pública teve
Conselho de Segurança Nacional; início, com a criação da SEMOR - Secretaria da
IV - na coordenação de assuntos afins ou
Modernização. Reuniu-se em torno dela um grupo
interdependentes que interessem a mais de um
de jovens administradores públicos, muitos deles
Ministério.
com formação em nível de pós-graduação no
Art 10. O Órgão central dos sistemas de
exterior, que buscou implantar novas técnicas de
administração financeira, contabilidade e auditoria gestão, e particularmente de administração de
denominar-se-á Secretaria Central de Controle recursos humanos, na administração pública
Interno e se subordinará diretamente ao Ministro- federal.
Chefe da Secretaria de Planejamento da
Presidência da República.
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(ESAF/EPPGG/2008) A partir de 1964, a reforma


administrativa fez parte da agenda governamental do
1979 – Criação do Ministério da Desburocratização
regime militar com grande recorrência. Uma das
e do Programa Nacional de Desburocratização: peças centrais nas iniciativas de reforma
Um dos raros movimentos de modernização do administrativa brasileira foi o Decreto-Lei 200, de
regime militar direcionados para a administração 25/02/1967, que inclui todos os princípios norteadores
direta. abaixo, exceto:
Desestatização: papel suplementar do Estado no a) reagrupamento de departamentos, divisões e
campo da iniciativa privada serviços de planejamento na Secretaria de
Maior controle sobre as empresas estatais – Planejamento da Presidência da República, com
criação da Secretaria de Controle das Empresas amplos poderes, superiores aos de qualquer outro
Estatais (SEST) ministério.
b) expansão das empresas estatais, de órgãos
independentes (fundações) e semi-independentes
(autarquias). 54
c) fortalecimento e expansão do sistema de mérito. “Em uma cuidadosa interpretação do Decreto-lei nº
200, Warlich, para além das mudanças
d) planejamento, descentralização, delegação de
organizacionais (como, por exemplo, a criação da
autoridade, coordenação e controle.
Subsecretaria de Modernização e Reforma
e) diretrizes gerais para um novo plano de Administrativa), identifica cinco princípios
classificação de cargos. norteadores da reforma”:
Resposta: A 1. planejamento, descentralização, delegação de
autoridade, coordenação e controle;
2. expansão das empresas estatais, de órgãos
independentes (fundações) e semi-independentes
As reformas administrativas no Brasil: modelos,
(autarquias);
sucessos e fracassos.
http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_docm 3. fortalecimento e expansão do sistema de mérito;
an&task=doc_view&gid=1563 4. diretrizes gerais para um novo plano de
classificação de cargos; 56

5. reagrupamento de departamentos, divisões e Retrocesso Burocrático na CF/88


serviços em ministérios.
Ainda segundo o texto: Retorno do patrimonialismo em 1985
O modelo burocrático tradicional, que a
Constituição de 1988 e todo o sistema do Segundo Humberto Falcão Martins
Direito Administrativo brasileiro privilegiam, está Os desafios de resgatar a capacidade da
baseado no formalismo, no excesso de normas burocracia pública em formular e implementar
e na rigidez de procedimentos. A pretexto de políticas sociais e direcionar a administração
garantir a impessoalidade, dificulta-se a pública para a democracia foram sobrepostos
transparência administrativa, inibindo-se deste pelo imperativo em tornar a administração
modo o controle social. A excessiva pública um instrumento de governabilidade,
regulamentação é expressão da ênfase nas loteando áreas e cargos em busca do apoio
normas e processos, e ocorre em detrimento político necessário à superação das dificuldades
dos resultados. da instabilidade política da transição. 58

Segundo Bresser Pereira: (CESPE/IBAMA/2003) O modelo burocrático


A Constituição irá sacramentar os princípios de tradicional, que a Constituição de 1988 e todo o
uma administração pública arcaica, burocrática sistema do direito administrativo brasileiro
ao extremo. Uma administração pública privilegiam, está alicerçado no formalismo, no
altamente centralizada, hierárquica e rígida, em excesso de normas e na rigidez de procedimentos. A
que toda a prioridade será dada à administração pretexto de garantir a impessoalidade, dificulta-se a
direta ao invés da indireta. transparência administrativa, inibindo-se desse
modo o controle social.
CERTA

60
(CESPE/TCU/2008) A estruturação da máquina
Segundo Plano Diretor:
administrativa no Brasil reflete a forte tradição
O modelo burocrático tradicional, que a
municipalista do país, cujo ímpeto descentralizante se
Constituição de 1988 e todo o sistema do Direito
manifesta, na Constituição de 1988, reforçado pela
Administrativo brasileiro privilegiam, está baseado
longa duração do período transcorrido entre 1964 e
no formalismo, no excesso de normas e na rigidez
1985, marcadamente caracterizado pela associação
de procedimentos. A pretexto de garantir a
entre autoritarismo e centralização.
impessoalidade, dificulta-se a transparência
administrativa, inibindo-se deste modo o controle CERTA
social. A excessiva regulamentação é expressão
da ênfase nas normas e processos, e ocorre em
detrimento dos resultados.

62

Segundo o Plano Diretor:


Governo Collor
Esta crença está em contradição com a profunda
tradição municipalista brasileira, que vem do período Não havia uma orientação orgânica de reforma –
colonial, e aos poucos vai sendo abandonada, à enxugamento
medida em que os municípios, melhor dotados de
recursos financeiros, vêm assumindo crescentes Descentralização da gestão dos serviços públicos
responsabilidades na área social.
Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
(CESPE/IPEA/2008) O federalismo no Brasil (PBQP)
caracteriza-se, historicamente, por períodos de maior
centralização na esfera federal e períodos de maior
compartilhamento de competências entre a União e os
demais entes da Federação.
CERTA
64

Art. 8° As empresas estatais poderão submeter ao


Contrato de Gestão: CCE propostas de contratos individuais de gestão, no
âmbito do PGE, objetivando o aumento de sua
Art. 2º O Poder Executivo é autorizado a promover, no eficiência e competitividade.
prazo de noventa dias a contar da publicação desta 1° Os contratos de gestão, estipulando os
lei, a extinção da Fundação das Pioneiras Sociais, compromissos reciprocamente assumidos entre a
cujo patrimônio será incorporado ao da União pelo União e a empresa, conterão cláusulas especificando:
Ministério da Saúde. I - objetivos;
§ 1º O Serviço Social Autônomo Associação das II - metas;
Pioneiras Sociais será incumbido de administrar os III - indicadores de produtividade;
bens móveis e imóveis que compõem esse IV - prazos para a consecução das metas
patrimônio, aí incluídas as instituições de assistência estabelecidas e para a vigência do contrato;
médica, de ensino e de pesquisa, integrantes da rede V - critérios de avaliação de desempenho; ...
hospitalar da extinta fundação. Governo Itamar Franco: tentou implantar uma reforma
administrativa que se caracterizou, inicialmente, pela
reversão da reforma de Collor. 66
O Plano diretor entendia que a modernização da gestão se
Plano Diretor daria através da superação da administração burocrática e
Governo Fernando Henrique Cardoso dos traços de patrimonialismo existentes no setor público
com a introdução da administração gerencial,
Luiz Carlos Bresser Gonçalves Pereira – Ministério da
contemplando:
Administração Federal e Reforma do Estado
1. Descentralização e autonomia gerencial com
Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado – flexibilidade de gestão;
documento referencial da reforma gerencial. 2. Atingimento de resultados sob a ótica da eficiência,
eficácia e efetividade com a reorientação dos
A reforma terá dois objetivos principais: mecanismos de controle, no caso, de procedimentos
• a curto prazo, facilitar o ajuste fiscal, para resultado;
particularmente nos Estados e municípios, onde 3. Foco no cidadão, ao invés de auto-referida;
existe um claro problema de excesso de quadros;
• a médio prazo, tornar mais eficiente e moderna a 4. Controle social com a introdução de mecanismos e
instrumentos que garantam a transparência, assim
administração pública, voltando-a para o
como a participação e controle por parte do cidadão.
atendimento dos cidadãos. 67 68

Os problemas foram classificados em três Segmentos de organização do Estado, formas de


dimensões distintas, mas inter-relacionadas: relacionamento com a sociedade, no que concerne à
distribuição de responsabilidades:
− Dimensão institucional-legal: relacionada aos
obstáculos de ordem legal para o alcance de NÚCLEO ESTRATÉGICO: Corresponde ao governo,
uma maior eficiência do aparelho do Estado; em sentido lato. É o setor que define as leis e as
− Dimensão cultural: definida pela coexistência políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É
de valores patrimonialistas e principalmente portanto o setor onde as decisões estratégicas são
tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e
burocráticos com os novos valores gerenciais e
Judiciário, ao Ministério Público e, no poder
modernos na administração pública brasileira; e executivo, ao Presidente da República, aos ministros
− Dimensão de gestão: associada às práticas e aos seus auxiliares e assessores diretos,
administrativas. responsáveis pelo planejamento e formulação das
políticas públicas.

69 70

SERVIÇOS NÃO EXCLUSIVOS. Corresponde ao


setor onde o Estado atua simultaneamente com
ATIVIDADES EXCLUSIVAS: É o setor em que são outras organizações públicas não-estatais e privadas.
prestados serviços que só o Estado pode realizar. As instituições desse setor não possuem o poder de
São serviços em que se exerce o poder extroverso Estado. Este, entretanto, está presente porque os
do Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, serviços envolvem direitos humanos fundamentais,
fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e como os da educação e da saúde, ou porque
fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência possuem “economias externas” relevantes, na
social básica, o serviço de desemprego, a medida que produzem ganhos que não podem ser
fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o apropriados por esses serviços através do mercado.
serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde As economias produzidas imediatamente se
pelo Estado, o controle do meio ambiente, o espalham para o resto da sociedade, não podendo
subsídio à educação básica, o serviço de emissão ser transformadas em lucros. São exemplos deste
de passaportes, etc. setor: as universidades, os hospitais, os centros de
pesquisa e os museus.
72
O Plano foi pensado então em três projetos básicos:
PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS PARA O
MERCADO. Corresponde à área de atuação das PROJETO AVALIAÇÃO ESTRUTURAL: Tem por
empresas. É caracterizado pelas atividades objetivo analisar as missões dos órgãos e entidades
econômicas voltadas para o lucro que ainda governamentais, identificando superposições,
permanecem no aparelho do Estado como, por inadequação de funções e possibilidades de
exemplo, as do setor de infra-estrutura. Estão no descentralização visando dotar o Estado de uma
Estado seja porque faltou capital ao setor privado estrutura organizacional moderna e ágil e permeável
para realizar o investimento, seja porque são à participação popular. Com base nesse diagnóstico,
atividades naturalmente monopolistas, nas quais o haverá a proposta de extinção, privatização,
controle via mercado não é possível, tornando-se publicização e descentralização de órgãos, e também
necessário no caso de privatização, a de incorporação e criação de órgãos.
regulamentação rígida.

74

PROJETO ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E


PUBLICIZAÇÃO: tem como objetivo permitir a
PROJETO AGÊNCIAS AUTÔNOMAS: A descentralização de atividades no setor de prestação de
responsabilização por resultados e a conseqüente serviços nãoexclusivos, nos quais não existe o exercício
autonomia de gestão inspiraram a formulação deste do poder de Estado, a partir do pressuposto que esses
projeto, que tem como objetivo a transformação de serviços serão mais eficientemente realizados se,
autarquias e de fundações que exerçam atividades mantendo o financiamento do Estado, forem realizados
exclusivas do Estado, em agências autônomas, com pelo setor público não-estatal. Entende-se por
foco na modernização da gestão. “organizações sociais” as entidades de direito privado
que, por iniciativa do Poder Executivo, obtêm
autorização legislativa para celebrar contrato de gestão
com esse poder, e assim ter direito à dotação
orçamentária.

76

(ESAF/SFC/2000) “Dada a crise do Estado e o irrealismo da c) Transferir da União para os estados e municípios
proposta neoliberal do Estado mínimo, é necessário as ações de caráter local: só em casos de
reconstruir o Estado, de forma que ele não apenas garanta emergência cabe a ação direta da União.
a propriedade e os contratos, mas também exerça seu
d) Transferir parcialmente da União para os estados
papel complementar ao mercado na coordenação da
economia e na busca da redução das desigualdades.”
as ações de caráter regional, de forma a permitir uma
Indique, entre as opções abaixo, aquela que não se maior parceria entre os estados e a União.
apresenta como um dos objetivos globais da reforma acima e) Transferir para o setor público não-estatal os
mencionada. serviços não-exclusivos através de programas de
a) Aumentar a governança do Estado, ou seja, sua privatizações, reorganizando e fortalecendo os
capacidade administrativa de governar com efetividade e órgãos de regulação dos monopólios naturais que
eficiência, voltando a ação dos serviços do Estado para o forem privatizados.
atendimento dos cidadãos.
b) Limitar a ação do Estado àquelas funções que lhe são Resposta: E
próprias, reservando, em princípio, os serviços não-
exclusivos para a propriedade pública não-estatal, e a
produção de bens e serviços para o mercado. 77
(ESAF/MPOG/2003) Assinale como verdadeira (V) ou falsa
(F) as afirmações acerca da redefinição do papel do Estado ( F ) O público passa a ser cada vez mais indistinto da
no contexto da transição da administração pública esfera privada, devendo a lógica do setor privado
burocrática para a administração pública gerencial. comandar todo o processo decisório do setor público, que
( F ) No núcleo estratégico da administração pública devem passa também a contar com os mesmos objetivos e forma
prevalecer os princípios da administração pública gerencial, de mensuração de desempenho do setor privado.
enquanto nos demais setores, onde o requisito da eficiência ( V ) O controle dos recursos estatais postos à disposição
é fundamental, dado o grande número de servidores e de da organização social dar-se-á cada vez mais por meio do
cidadãos-clientes ou usuários envolvidos, o peso da contrato de gestão, estando também submetido à
administração pública burocrática deve ir aumentando até supervisão do órgão de controle interno e do Tribunal de
chegar ao ponto máximo nas empresas estatais. Contas ou órgão similar.
( V ) O treinamento do funcionário público deve estar ( V ) No setor dos serviços não exclusivos do Estado, a
prioritariamente relacionado com as necessidades e os propriedade deve ser em princípio pública não estatal. Não
programas do novo Estado que se quer implantar, ao invés cabe ser estatal porque não envolve o uso do poder de
de subordinar-se às etapas de uma carreira, como requer a Estado, mas deve ser pública para justificar os subsídios
visão burocrática. recebidos do Estado. Escolha a opção correta.
79

Governo Lula
Déficit institucional = “ausência do Estado onde este
Plano Gestão Pública para um País de Todos – objetivos: deveria estar atuando”.
1. redução do “déficit institucional”, definido como a É resultado de um processo histórico de
ausência do Estado onde ele deveria estar atuando, construção nacional, que produziu um Estado
2. aumento da governança, que significaria promover a incompleto, cujas lacunas vão sendo progressivamente
capacidade do governo em formular e implementar preenchidas pelo “não-Estado” — desde o crime
políticas públicas e em decidir, entre diversas organizado, que afronta a cidadania, ao mercado, que
opções, qual a mais adequada. ignora a eqüidade”. O déficit se manifesta tanto na
3. aumento da eficiência, otimizando recursos (fazer amplitude do atendimento dado pelas instituições
mais e melhor com menos)‫‏‬ públicas, quanto na qualidade desse atendimento
4. transparência e participação, assegurando, dessa
forma, o comprometimento da sociedade e a
legitimação do processo.

81

Na Estruturação da Administração Pública Federal (ESAF/MPOG/2009) Considerando a evolução da


seriam realizadas intervenções no curto e no longo administração pública em nosso país, bem como as suas
prazos, no sentido de se proceder: experiências de reforma, é correto afirmar que:
• à recomposição da força de trabalho do setor a) ao privilegiar o usuário do serviço público, o Programa
público, segundo as necessidades e requisitos Nacional de Desburocratização marcou pelo ineditismo,
identificados, além do redesenho dos sistemas de já que nenhum outro antes dele fora dotado de caráter
cargos, carreiras, benefícios e concursos; social e político.
• ao realinhamento de salários, de carreiras, b) a reforma administrativa de 1967 reduziu o fosso que
posições e condições gerenciais da burocracia; separava as burocracias instaladas nas administrações
• à redefinição de marcos regulatórios e à direta e indireta, garantindo a profissionalização do
conseqüente redefinição do papel das agencias serviço público em toda a sua extensão.
reguladoras; c) a reforma dos anos 1990 visava, como um de seus
objetivos, fortalecer o Estado de modo a torná-lo
responsável direto pelo desenvolvimento econômico e
social.
83 84
d) a reforma burocrática de 1936 apoiou-se,
a) ao privilegiar o usuário do serviço público, o
conceitualmente, em três dimensões: formas de
Programa Nacional de Desburocratização marcou pelo
propriedade, tipos de administração pública e níveis de
ineditismo, já que nenhum outro antes dele fora dotado
atuação do Estado.
de caráter social e político.
e) com a República Velha, deu-se a primeira experiência
radical de reforma administrativa, em resposta às “Diferentemente dos outros programas, o da
mudanças econômicas e sociais que levavam o país desburocratização privilegiava o usuário do serviço
rumo à industrialização. público. Daí o seu ineditismo, porque nenhum outro
programa antes era dotado de caráter social e
Resposta: A político. Mas, ele também incluía entre seus objetivos
o enxugamento da máquina estatal, já que
recomendava a eliminação de órgãos pouco úteis ou
cuidava para impedir a proliferação de entidades com
tarefas pouco definidas ou já desempenhadas em
outras instituições da administração direta e indireta”.
86

b) a reforma administrativa de 1967 reduziu o fosso que c) a reforma dos anos 1990 visava, como um de seus
separava as burocracias instaladas nas administrações objetivos, fortalecer o Estado de modo a torná-lo
direta e indireta, garantindo a profissionalização do responsável direto pelo desenvolvimento econômico e
serviço público em toda a sua extensão. social.

“Apesar dos avanços, a reforma de 1967 não logrou “A reforma do Estado deve ser entendida dentro do
eliminar o fosso crescente entre as burocracias contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa
públicas instaladas na administração direta e na de ser o responsável direto pelo desenvolvimento
indireta, nem garantir a profissionalização do serviço econômico e social, para se tornar seu promotor e
público em toda a sua extensão: “Não se regulador”.
institucionalizou uma administração do tipo
weberiano; a administração indireta passou a ser
utilizada como fonte de recrutamento, prescindindo-
se, em geral, do concurso público”.
87 88

d) a reforma burocrática de 1936 apoiou-se, e) com a República Velha, deu-se a primeira


conceitualmente, em três dimensões: formas de experiência radical de reforma administrativa, em
propriedade, tipos de administração pública e níveis de resposta às mudanças econômicas e sociais que
atuação do Estado. levavam o país rumo à industrialização.

“Essa primeira experiência de reforma de largo


“O modelo conceitual da Reforma do Aparelho de
alcance inspirava-se no modelo weberiano de
Estado está apoiado em três dimensões: formas de
burocracia e tomava como principal referência a
propriedade, tipos de administração pública e níveis
organização do serviço civil americano. Estava
de atuação do Estado. As relações entre essas
voltada para a administração de pessoal, de material
dimensões estabelecem o quadro referencial e a
e do orçamento, para a revisão das estruturas
estratégia da reforma”.
administrativas e para a racionalização dos métodos
de trabalho.

89 90
A reforma administrativa do Estado Novo foi, Agências Reguladoras
portanto, o primeiro esforço sistemático de superação
do patrimonialismo. Foi uma ação deliberada e (CESPE/MCT/2008) A criação das chamadas agências
ambiciosa no sentido da burocratização do Estado reguladoras deveu-se às transformações do papel do
brasileiro, que buscava introduzir no aparelho Estado, que deixou de atuar diretamente na economia,
administrativo do país a centralização, a como produtor, para restringir-se às funções de
impessoalidade, a hierarquia, o sistema de mérito, a supervisão, acompanhamento, controle e fiscalização.
separação entre o público e o privado. Visava
CERTA
constituir uma administração pública mais racional e
eficiente, que pudesse assumir seu papel na
condução do processo de desenvolvimento, cujo
modelo de crescimento, baseado na industrialização
via substituição de importações, supunha um forte
intervencionismo estatal e controle sobre as relações
entre os grupos sociais ascendentes — a nova
burguesia industrial e o operariado urbano”. 92

Segundo o Plano Diretor: Segundo Marcelo Alexandrino :


PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS PARA O Trata-se de entidades administrativas com alto grau
MERCADO de especialização técnica, integrantes da estrutura
formal da Administração Pública, no mais das vezes
Corresponde à área de atuação das empresas. É
instituídas sob a forma de autarquias de regime
caracterizado pelas atividades econômicas voltadas
especial, com a função de regular um setor específico
para o lucro que ainda permanecem no aparelho do
de atividade econômica, ou de intervir de forma geral
Estado como, por exemplo, as do setor de infra-
sobre relações jurídicas decorrentes destas
estrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital
atividades, que devem atuar com a maior
ao setor privado para realizar o investimento, seja
independência possível perante o Poder Executivo e
porque são atividades naturalmente monopolistas,
com imparcialidade com relação às partes
nas quais o controle via mercado não é possível,
interessadas.
tornando-se necessário no caso de privatização, a
regulamentação rígida.

94

Como são autarquias, são criadas por meio de lei de


iniciativa do Poder Executivo (art. 37 e 61 da CF/88):
XIX – somente por lei específica poderá ser
Regime Especial: criada autarquia e autorizada a instituição de
Lei 9.472/97, art. 8º, que trata da ANATEL: empresa pública, sociedade de economia mista e
§ 2º A natureza de autarquia especial conferida à de fundação, cabendo à lei complementar, neste
Agência é caracterizada por independência último caso, definir as áreas de sua atuação;
administrativa, ausência de subordinação
hierárquica, mandato fixo de seus dirigentes e § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da
autonomia financeira. República as leis que:
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública, observado o disposto no
art. 84, VI
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, há dois tipos de
agências reguladoras em nosso ordenamento jurídico:
(CESPE/SENADO/2002) O processo de criação das
1. As que exercem poder de polícia, a partir de
agências reguladoras é casuístico, no sentido de
limitações administrativas determinadas em lei, de
que inexiste um modelo autárquico específico para
que são exemplos a Agência nacional de Saúde
a atividade regulatória, levando, por outro lado, a Pública Complementar (ANS), criada pela Lei
uma profusão de pressões em torno da criação de 9.961/2.000, e a Agência nacional de Vigilância
entes dotados de diferenciado desenho institucional Sanitária (ANVISA), instituída pela Lei. 9.872/99;
para múltiplas funções, sob a denominação de
agências. 2. As que exercem poder regulatório e fiscalizatório de
atividades objeto de concessão, permissão ou
CERTA autorização de serviço público (energia elétrica,
telecomunicações etc), ou de concessão de
Casuísmo: Sistema moral, atitude ou conduta hipócrita, de exploração de bem público (petróleo e outros
acomodação
recursos minerais, rodovias etc).
98

Atribuições no que diz respeito à concessão, permissão e


autorização de serviço público resumem-se às funções (CESPE/DFTRANS/2008) Os últimos acontecimentos
que o poder concedente exerce: relativos às agências reguladoras no Brasil mostram
− regulamentar os serviços que constituem objeto de que elas são dotadas de especialidade,
delegação, imparcialidade e autonomia nas decisões.
− realizar o procedimento licitatório para escolha do ERRADA
concessionário, permissionário ou autorizatário,
− definir o valor da tarifa e da sua revisão ou reajuste,
− controlar a execução dos serviços, aplicar sanções,
encampar, decretar a caducidade, intervir, fazer a
rescisão amigável, fazer a reversão dos bens ao
término da concessão,
− exercer o papel de ouvidor de denúncias e
reclamações dos usuários,
99

(CESPE/Câmara/2002) Nota-se na legislação pertinente Contrato de Gestão


às agências reguladoras o propósito de fugir das formas
licitatórias previstas nas normas gerais de licitação. Contratualização: gestão por resultados, confiança
limitada
CERTA
Dois tipos:
Lei 9.986/2000: 1) órgãos e entidades do governo inserido no texto
Art. 37. A aquisição de bens e a contratação de constitucional pela Emenda nº 19/1998 (art. 37):
serviços pelas Agências Reguladoras poderá se dar § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
nas modalidades de consulta e pregão, observado o financeira dos órgãos e entidades da administração
disposto nos arts. 55 a 58 da Lei no 9.472, de 1997, direta e indireta poderá ser ampliada mediante
e nos termos de regulamento próprio. contrato, a ser firmado entre seus administradores e
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica o poder público, que tenha por objeto a fixação de
às contratações referentes a obras e serviços de metas de desempenho para o órgão ou entidade,
engenharia, cujos procedimentos deverão observar cabendo à lei dispor sobre:
as normas gerais de licitação e contratação para a
Administração Pública 101 102
Não é só para autarquias e fundações que se qualificam
como agências executivas.
Segundo LRF:
Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de
gestão em que se estabeleçam objetivos e metas de
I - o prazo de duração do contrato; desempenho, na forma da lei, disporá de autonomia
II - os controles e critérios de avaliação de gerencial, orçamentária e financeira, sem prejuízo do
desempenho, direitos, obrigações e disposto no inciso II do § 5º do art. 165 da
responsabilidade dos dirigentes; Constituição.
III - a remuneração do pessoal.
A definição de empresa controlada está no art. 2º da LRF:
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do
capital social com direito a voto pertença, direta ou
indiretamente, a ente da Federação; 104

2) Com entidades privadas – Organizações Sociais – Lei (CESPE/MCT/2008) Os contratos de gestão têm por
9.637 de 2000: objetivo dar maior autonomia gerencial à ação pública, a
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, entende-se por fim de atingir metas de desempenho, e consistem em
contrato de gestão o instrumento firmado entre o Poder acordos ou ajustes contratuais em que, de um lado, está
Público e a entidade qualificada como organização o poder público e de outro, um órgão da administração
social, com vistas à formação de parceria entre as direta, entidade da administração indireta ou até mesmo
partes para fomento e execução de atividades relativas uma organização não integrante da administração
às áreas relacionadas no art. 1º. pública que, no entanto, administre recursos ou bens
públicos.

CERTA

106

Segundo o Plano Diretor:


2) Lograr, assim, uma maior autonomia e uma
conseqüente maior
Objetivos para os Serviços Não-exclusivos:
responsabilidade para os dirigentes desses
1) Transferir para o setor publico não-estatal estes serviços.
serviços, através de um programa de “publicização”,
transformando as atuais fundações públicas em Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
organizações sociais, ou seja, em entidades de
direito privado, sem fins lucrativos, que tenham O contrato de gestão, quando celebrado com
autorização específica do poder legislativo para entidades da Administração Indireta, tem por
celebrar contrato de gestão com o poder executivo e objetivo ampliar a sua autonomia; porém,
assim ter direito a quando celebrado com organizações sociais,
dotação orçamentária. restringe a sua autonomia, pois, embora
entidades privadas, terão de se sujeitar a
exigências contidas no contrato de gestão.
107
Agências Executivas
Projeto Agências Autônomas do Plano Diretor:
A responsabilização por resultados e a conseqüente
Art. 24 da Lei 8.666:
autonomia de gestão inspiraram a formulação deste
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos
projeto, que tem como objetivo a transformação de
autarquias e de fundações que exerçam atividades incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte
exclusivas do Estado, em agências autônomas, com por cento) para compras, obras e serviços
foco na modernização da gestão. contratados por consórcios públicos, sociedade de
economia mista, empresa pública e por autarquia ou
O dirigente escolhido pelo Ministro segundo critérios fundação qualificadas, na forma da lei, como
rigorosamente profissionais, mas não necessariamente Agências Executivas.
de dentro do Estado, terá ampla liberdade para
administrar os recursos humanos, materiais e
financeiros colocados à sua disposição, desde que
atinja os objetivos qualitativos e quantitativos
(indicadores de desempenho) previamente acordados;
109

Segundo a Lei 9.649/98: Organizações Sociais


Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como
Agência Executiva a autarquia ou fundação que tenha Segundo o Plano Diretor:
cumprido os seguintes requisitos: Objetivos para os Serviços Não-exclusivos:
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de 1) Transferir para o setor publico não-estatal estes
desenvolvimento institucional em andamento; serviços, através de um programa de “publicização”,
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo transformando as atuais fundações públicas em
Ministério supervisor. organizações sociais, ou seja, em entidades de
§ 1º A qualificação como Agência Executiva será feita direito privado, sem fins lucrativos, que tenham
em ato do Presidente da República. autorização específica do poder legislativo para
celebrar contrato de gestão com o poder executivo e
(ESAF/SFC/2002) A proliferação das agências assim ter direito a
executivas é um fator de sucesso da reforma gerencial dotação orçamentária.
de 1995. 2) Lograr, assim, uma maior autonomia e uma
ERRADA
conseqüente maior
111 responsabilidade para os dirigentes desses serviços.
112

Setor público não-estatal:


O setor produtivo público não-estatal é também Segundo a Lei 9.637 de 2000:
conhecido por “terceiro setor”, “setor não- Art. 1º O Poder Executivo poderá qualificar como
governamental”, ou “setor sem fins lucrativos”. Por organizações sociais pessoas jurídicas de direito
outro lado, o espaço público não-estatal é também o privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam
espaço da democracia participativa ou direta, ou seja, dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao
é relativo à participação cidadã nos assuntos públicos. desenvolvimento tecnológico, à proteção e
Neste trabalho se utilizará a expressão “público não- preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde,
estatal” que define com maior precisão do que se atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.
trata: são organizações ou formas de controle
“públicas” porque estão voltadas ao interesse geral;
são “não-estatais” porque não fazem parte do aparato
do Estado, seja porque não utilizam servidores
públicos ou porque não coincidem com os agentes
políticos tradicionais.
113
A qualificação da entidade privada como OS não ocorre
com o contrato de gestão, mas sim mediante decreto do
Presidente da República, e só poderá ocorrer se:
II - haver aprovação, quanto à conveniência e Art. 12. Às organizações sociais poderão ser
oportunidade de sua qualificação como organização destinados recursos orçamentários e bens públicos
social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou necessários ao cumprimento do contrato de gestão.
regulador da área de atividade correspondente ao seu § 3º Os bens de que trata este artigo serão destinados
objeto social e do Ministro de Estado da às organizações sociais, dispensada licitação, mediante
Administração Federal e Reforma do Estado. permissão de uso, consoante cláusula expressa do
contrato de gestão.
Art. 14. É facultado ao Poder Executivo a cessão
A Lei 9.637/98 define as seguintes modalidades de
especial de servidor para as organizações sociais, com
fomento para as OS:
ônus para a origem.
Art. 11. As entidades qualificadas como organizações
sociais são declaradas como entidades de interesse
social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.
115

Outra vantagem dada pelo Poder Público às OS está na


8.666.
Art. 24. É dispensável a licitação:
XXIV - para a celebração de contratos de prestação Art. 17. A organização social fará publicar, no prazo
de serviços com as organizações sociais, qualificadas máximo de noventa dias contado da assinatura do
no âmbito das respectivas esferas de governo, para contrato de gestão, regulamento próprio contendo os
atividades contempladas no contrato de gestão. procedimentos que adotará para a contratação de obras
e serviços, bem como para compras com emprego de
recursos provenientes do Poder Público.
Em relação às compras das OS, para que elas tivessem Portanto, elas não se submeteriam as regras da Lei
uma maior flexibilidade na gestão, a Lei 9.637/98 dispôs 8.666/93, mas sim a um regulamento próprio. No
que: entanto, em 2005 foi editado o Decreto 5.504, que dispôs
que:

117

Art. 1° Os instrumentos de formalização, renovação ou § 5° Aplica-se o disposto neste artigo às entidades


aditamento de convênios, instrumentos congêneres ou qualificadas como Organizações Sociais, na forma da
de consórcios públicos que envolvam repasse Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998, e às entidades
voluntário de recursos públicos da União deverão qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de
conter cláusula que determine que as obras, compras, Interesse Público, na forma da Lei no 9.790, de 23 de
serviços e alienações a serem realizadas por entes março de 1999, relativamente aos recursos por elas
públicos ou privados, com os recursos ou bens administrados oriundos de repasses da União, em face
repassados voluntariamente pela União, sejam dos respectivos contratos de gestão ou termos de
contratadas mediante processo de licitação pública, de parceria.
acordo com o estabelecido na legislação federal Assim, tanto as OS como as OSCIP teriam que realizar
pertinente. licitação prévia segundo as regras da legislação
federal. No entanto, Decreto não é instrumento
suficiente para alterar ou revogar lei, por isso a Lei
9.637 continua válida. O TCU julgou caso que envolvia
esta confusão e decidiu que:
119
Acórdão 1.777/2005
9.1.1. as Organizações da Sociedade Civil de
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas Interesse Público - Oscips, contratadas pela
da União, reunidos em Sessão Plenária, diante Administração Pública Federal, por intermédio de
das razões expostas pelo Relator, em: Termos de Parceria, submetem-se ao
9.1 adotar, para fins de fiscalização deste Regulamento Próprio de contratação de obras e
Tribunal e orientação dos órgãos e entidades da serviços, bem como para compras com emprego
de recursos provenientes do Poder Público,
Administração Pública, as seguintes conclusões:
observados os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade,
economicidade e da eficiência, nos termos do art.
14, c/c o art. 4º, inciso I, todos da Lei 9.790/99;
9.1.2. não se aplicam aos Termos de Parceria
celebrados entre a Administração Pública Federal e
as Oscips as normas relativas aos Convênios,
121
especificamente a IN 01/97-STN;

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público


Segundo a Lei 9.790 de 2000:
Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da (CESPE/TCU/2008) A qualificação como organização
Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas da sociedade civil de interesse público (OSCIP),
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde atribuível às pessoas jurídicas de direito privado, requer
que os respectivos objetivos sociais e normas que tais organizações não tenham fins lucrativos ou
estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta que, tendo-os, elas não distribuam os resultados aos
Lei. seus dirigentes e os apliquem preferencialmente na
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins consecução do respectivo objeto social.
lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que não ERRADA
distribui, entre os seus sócios ou associados,
conselheiros, diretores, empregados ou doadores,
eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos,
dividendos, bonificações, participações ou parcelas do
seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas
atividades, e que os aplica integralmente 123na
consecução do respectivo objeto social.

Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado


g) promoção do desenvolvimento econômico e social e
em qualquer caso, o princípio da universalização dos
combate à pobreza;
serviços, no respectivo âmbito de atuação das
h) experimentação, não lucrativa, de novos modelos
Organizações, somente será conferida às pessoas
socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção,
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
comércio, emprego e crédito;
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes
i) promoção de direitos estabelecidos, construção de
finalidades:
novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
a) assistência social;
suplementar;
b) promoção da cultura, defesa e conservação do
j) promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
patrimônio histórico e artístico;
humanos, da democracia e de outros valores universais;
c) promoção gratuita da educação ou da saúde;
k) estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
d) promoção da segurança alimentar e nutricional;
alternativas, produção e divulgação de informações e
e) defesa, preservação e conservação do meio ambiente
conhecimentos técnicos e científicos.
e promoção do desenvolvimento sustentável;
f) promoção do voluntariado;
125
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como e) as entidades e empresas que comercializam planos
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, de saúde e assemelhados;
ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades f) as instituições hospitalares privadas não gratuitas e
descritas no art. 3o desta Lei: suas mantenedoras;
g) as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
a) as sociedades comerciais, sindicatos, associações de gratuito e suas mantenedoras;
classe ou de representação de categoria profissional; h) as organizações sociais;
b) as instituições religiosas ou voltadas para a i) as cooperativas;
disseminação de credos, cultos, práticas e visões j) as fundações públicas;
devocionais e confessionais; k) as fundações, sociedades civis ou associações de
c) as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive direito privado criadas por órgão público ou por
suas fundações; fundações públicas;
d) as entidades de benefício mútuo destinadas a l) as organizações creditícias que tenham quaisquer
proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de tipos de vinculação com o Sistema Financeiro Nacional a
associados ou sócios; que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
127

Segundo a Lei 9.790/99.


Art. 9° Fica instituído o Termo de Parceria, assim Algumas das cláusulas essenciais do termo de parceria
considerado o instrumento passível de ser firmado são:
entre o Poder Público e as entidades qualificadas I - a do objeto, que conterá a especificação do
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse programa de trabalho proposto pela Organização da
Público destinado à formação de vínculo de Sociedade Civil de Interesse Público;
cooperação entre as partes, para o fomento e a II - a de estipulação das metas e dos resultados a
execução das atividades de interesse público serem atingidos e os respectivos prazos de execução
previstas no art. 3° desta Lei. ou cronograma;
III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de
avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante
indicadores de resultado;
Podemos ver nos incisos II e III que o termo de parceria
é mais um instrumento de contratualização, prevendo
metas e indicadores para avaliação do desempenho.
129

(CESPE/COHAB/2004) O contrato de gestão difere do A Lei 9.790/99 não especificou as modalidades de


termo de parceria, porque, no primeiro, a lei que fomento aplicáveis às entidades qualificadas como
disciplina as condições de sua execução possibilita a OSCIP, restringindo-se a menções genéricas quanto a
cessão especial de servidores e de bens públicos, ao bens e recursos públicos. Deste modo, devem-se aplicar a
passo que, no termo de parceria, só há previsão legal de essas entidades as modalidades comuns de fomento.
cessão de bens públicos. Como principais modalidades de fomento, aplicáveis a
ERRADA todas as entidades paraestatais, podemos citar
− Dotação de recursos orçamentários
− Permissão de uso gratuito de bens públicos
− Concessão de incentivos fiscais e creditícios.
A qualificação é ato vinculado, conforme determina a Lei
9.790/99:
§ 2º A outorga da qualificação prevista neste artigo é
ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos
131
por esta Lei.
(ESAF/CGU/2008) Segundo o Plano Diretor de Reforma do
Aparelho do Estado de 1995, instituiu-se novos modelos
organizacionais visando à modernização da gestão da
administração pública: agências executivas e agências
reguladoras. Selecione, do ponto de vista conceitual, a
opção correta.
a) Agências reguladoras são criadas por determinação do
Presidente da República.
b) As atividades das agências executivas são definidas por
Lei pelo Congresso Nacional.
c) Agências reguladoras estão sujeitas à mudança de
governo.
d) A finalidade das agências executivas é prestar serviços
públicos exclusivos do Estado.
e) Os dirigentes das agências reguladoras são de livre
nomeação e exoneração do Presidente da República.
133
Resposta: D

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