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A Educação no Brasil e a prática

docente – Algumas reflexões


Marcelo Pereira

A natureza política do Estado Brasileiro e o modelo educacional antirrepublicano

A única finalidade da vida é mais vida.


Se me perguntarem o que é essa vida, eu lhes direi
que é mais liberdade e mais felicidade.
São vagos os termos.
Mas, nem por isso eles deixam de ter sentido para cada um de nós.
À medida que formos mais livres,
que abrangermos em nosso coração e em nossa inteligência mais coisas,
que ganharmos critérios mais finos de compreensão,
nessa medida nos sentiremos maiores e mais felizes.
A finalidade da educação se confunde com a finalidade da vida.
(Anísio Teixeira)

O sistema educacional reforça a fissura social e inviabiliza o desenvolvimento de um projeto político efetivamente republica-
no. A rede pública de ensino, com poucos investimentos, sucateada e considerada de baixa qualidade, fica destinada aos
pobres e “desfavorecidos”.

A formação do Estado brasileiro e a consequente “autono- tenção das estruturas socioeconômicas coloniais, pautadas no la-
mia política” em relação à metrópole portuguesa remontam ao tifúndio monocultor escravista, inviabilizaram a modernização da
processo de expansão do ideário burguês liberal iluminista, dis- economia e a fundação de um Estado democrático. Desenhou-se
seminado a partir do final do século XVIII, por meio das guerras um quadro político a partir do qual a elite apropriou-se do Estado
napoleônicas que redesenharam as fronteiras e subverteram a e passou a desviar os recursos públicos para si. A mesma elite
fisionomia territorial e política da Europa. que consolidou os interesses “da ordem doméstica e familiar” e
Encurralado entre os interesses políticos e econômicos das que tem perpetuado historicamente o “triunfo do particular sobre
duas maiores potências europeias do início do século XIX – Fran- o geral” (HOLANDA, 2005).
ça e Inglaterra –, o “pequeno grande” Estado português viu-se No final do século XIX, os ventos republicanos e positivistas
obrigado a abandonar sua política de neutralidade e, “amparado derrubaram a velha e anacrônica ordem monárquica. O povo
e protegido” pela marinha inglesa, entrincheirou-se na Améri- assistiu “bestializado” a implantação da República. Um Estado
ca portuguesa, transferindo para sua principal colônia todo o “republicano” que continuou a tratar a coisa pública como exten-
aparato burocrático do Estado Monárquico Absolutista. Forja- são dos interesses privados dos grupos economicamente domi-
ram-se, a partir daí, as instituições e a política brasileira. Estava nantes. Da República da espada à República dos coronéis e dos
selado o processo de “metropolização da colônia”, e a imediata bacharéis, as instituições estatais continuaram sendo utilizadas
abertura dos portos brasileiros às “nações amigas” garantiria a indiscriminadamente para salvaguardar os interesses de poucos.
supremacia econômica e a manutenção dos interesses ingleses Uma República verdadeiramente oligárquica. Um Estado patrimo-
no continente americano. nialista e autoritário.
O Estado nacional brasileiro nascera, portanto, de um parto Desse modo, podemos afirmar que o Estado brasileiro nunca
anômalo. Ele antecedera a sociedade civil. As instituições buro- foi inclusivo e, historicamente, suas políticas públicas sociocultu-
cráticas que caracterizavam um modelo de Estado monárquico rais não foram destinadas aos grupos sociais considerados su-
nos moldes absolutistas – já anacrônicos no século XVIII – atra- balternos. Os direitos não foram franqueados e a sociabilização
vessaram o Atlântico e fincaram raízes no “novo mundo”. A revo- republicana ainda parece ser um sonho distante. Segundo Fabio
lução liberal do Porto de 1820 e os descontentamentos da antiga Konder Comparato, “conseguimos, em menos de dois séculos
elite colonial brasileira acabaram forjando a constituição de um de vida independente, encenar um liberalismo de senzala, uma
Estado Nacional incapaz de gerir a coisa pública a partir dos inte- república privatista, uma democracia sem povo e um constitucio-
resses nacionais coletivos. nalismo ornamental”. (COMPARATO, 2008. p. 26)
Um Estado que se constituiria sem povo, ou melhor, um povo Os dados econômicos recentes são reveladores. O Brasil apa-
que teve que se mudar das suas próprias casas para receber a rece entre as 10 maiores economias do mundo, entretanto os ní-
comitiva do Estado. A primeira constituição outorgada e a manu- veis de concentração de renda são elevadíssimos. O relatório da

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ONU de 2012 confirma que o Brasil é o quarto país da América mercado e sociedade civil redesenharam-se no Brasil nas três úl-
Latina em desigualdade social, ficando atrás apenas da Guate- timas décadas.
mala, de Honduras e da Colômbia. Evidencia-se, assim, que o Como se sabe, esse processo vem redefinindo o papel do Es-
acesso à riqueza produzida não está disponibilizado para a maio- tado com forte redução das políticas públicas sociais. O Estado
ria da população, o que inviabiliza a consolidação de uma demo- ideal passou a ser um Estado enxuto, menos interventor. Por um
cracia social e acaba por colocar em xeque a funcionalidade e as lado essa minimização estimulou, nas últimas décadas, o aumen-
finalidades da democracia política de base participativa indireta. to das organizações da sociedade civil – o chamado terceiro setor
Mesmo após o chamado processo de “redemocratização” –; por outro, deslocou e delegou as responsabilidades no campo
ocorrido em meados da década de 1980, as políticas públicas das políticas públicas universais para outras instituições.
continuam desfavorecendo a grande maioria da população brasi- Nesse contexto, uma pesquisa recente feita nos EUA e na Eu-
leira. O sistema educacional, por exemplo, reforça a fissura social ropa revelou que as ONGs são as novas supermarcas do Planeta.
e inviabiliza o desenvolvimento de um projeto político efetivamen- A Anistia Internacional, o Greenpeace, a Wild World Foundation
te republicano. A rede pública de ensino, com poucos investimen- (ONG ambientalista fundada na Suíça), aparecem com maior cre-
tos, sucateada e considerada de baixa qualidade, fica destinada dibilidade do que empresas como a Microsoft, a Ford e a Bayer
aos pobres e “desfavorecidos”. À classe média e às elites, está (BARBIERI, 2008, p. 32-33). O fato é que muitas empresas envol-
destinado o sistema privado de ensino, situado à margem do caos veram-se com as questões educacionais, culturais e ambientais
educacional e dos péssimos números internacionais da educação – muitas vezes em parcerias com as próprias ONGs ou se apro-
pública brasileira. Assim, a escola, lugar básico e essencial para veitado de isenções fiscais articuladas pelas próprias ações es-
a necessária sociabilização republicana, tem servido apenas para tatais – porque começaram a entender que elas se tornaram uma
consolidar as diferenças de oportunidades oferecidas aos “cida- parte crucial das estratégias globais de seus negócios. Trata-se
dãos” brasileiros. da chamada responsabilidade social das empresas ou, se preferir,
Após 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, puro altruísmo mercadológico na era da globalização.
a grande maioria dos brasileiros ainda está destituída do seu di- A questão é que a redução do Estado veio acompanhada da
reito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, de atividade do fomento a outros mecanismos oriundos da socie-
acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direi- dade civil, ou seja, a legislação passou a permitir a passagem
tos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignida- da resposta às demandas sociais para o terceiro setor e para a
de e ao livre desenvolvimento da sua personalidade (Artigo 22). iniciativa privada. Segundo Barbieri (2008), “isso significa que,
Dentre outros direitos inalienáveis, o parágrafo primeiro do artigo quando indivíduos se reúnem para prestarem para si mesmos um
27, afirma que “toda pessoa tem o direito de participar livremente serviço público, o Estado reconhece, principalmente na forma de
da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do dedução fiscal, que sua iniciativa privada preenche uma função
processo científico e de seus benefícios”. de essência pública”. E é exatamente aí que parece residir o pe-
Todos esses direitos essenciais à felicidade e dignidade hu- rigo da privatização dos serviços públicos essenciais e da produ-
manas só começarão a ser efetivamente adquiridos pelos “cida- ção cultural. Nessa nova lógica do mercado, o interesse público
dãos” quando a sociedade brasileira realizar simultaneamente as desaparece ou fica gravemente enfraquecido e fragilizado.
três tarefas essenciais: superar as mazelas históricas da consti-
tuição do Estado brasileiro e desconstruir urgentemente seu ca- Educação, cultura e a prática docente
ráter autoritário e “familista”; garantir o acesso de todas as ca-
madas sociais a um sistema educacional público democrático e Educação e cultura sempre estiveram inteiramente entrelaça-
de qualidade, que permita a sociabilização republicana; formular das. A escola é, por princípio, um lugar de discussão e de produ-
e implementar políticas públicas de universalização do acesso à ção cultural. Por isso é também lugar de diálogo, criação e recria-
produção e fruição cultural, contribuindo assim para a superação ção do conhecimento e, sobretudo, lugar onde as diferenças se
também das desigualdades simbólicas do país. Trata-se de edifi- encontram e convivem.
car um projeto político que privilegie os interesses gerais, delimi- Segundo Freire (1974, p. 41), “cultura é todo o resultado da
tando fronteiras claras entre o público e o privado e inviabilizando atividade humana, do esforço criador e recriador do homem, de
práticas políticas clientelistas e ilícitas. seu trabalho por transformar e estabelecer relações dialogais com
outros homens”. Assim, cultura constitui a aquisição sistemáti-
Globalização, mercado e estado mínimo: os riscos ca da experiência humana, uma aquisição, por princípio, crítica
da privatização do ensino e da produção cultural e criadora e não apenas o acúmulo e armazenamento de infor-
mações justapostas que não foram vivenciadas e incorporadas.
A partir da década de 1980, uma nova cartilha econômica di- (MIZUKAMI, 1986).
fundida pelos países europeus e pelos EUA passou a propagar Ainda de acordo com Paulo Freire (1974), ao estabelecer rela-
um conjunto de novos princípios: a desregulação da economia, ções, ao responder aos desafios que a natureza coloca, ao exer-
a privatização e a abertura comercial, como únicas saídas para a cer o ato da crítica de incorporar a seu próprio ser e de traduzir
estabilização econômica e o desenvolvimento em novas bases. por uma ação criadora a experiência humana daqueles que o ro-
Para além e para aquém das nossas mazelas históricas, o fato é deiam ou que o precederam, o ser humano cria e recria a cultura.
que, com o processo de globalização, as relações entre Estado, Nesse sentido, a escola e a educação escolar, entendidas como

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lugares de produção cultural, não devem se pautar em modelos cial e para a necessidade de encontrarmos formas de desenvolvi-
reprodutivos ancorados em receitas prontas para a resolução de mento mais sustentáveis.
desafios que não estejam conectados às especificidades socioe- As experiências pedagógicas que não perdem de vista o di-
conômicas e culturais daquele determinado contexto. Seu papel álogo entre cultura, meio ambiente e educação para a cidadania
deve ser, sobretudo, representar um espaço de reflexão e cria- assumem um papel cada vez mais estimulante e desafiador na
ção, aberto a discutir os desafios que se colocam, bem como a medida em que demandam a emergência e o diálogo de novos
encontrar e considerar múltiplas possibilidades de respostas para saberes para apreender processos socioculturais que se com-
esses desafios. plexificam – decorrentes do acelerado processo de globalização
Além disso, na conjuntura atual, onde há um acelerado pro- –, e riscos ambientais que se intensificam. As ações didáticas e
cesso de homogeneização cultural, a escola torna-se um lugar de as mediações propostas podem abordar um leque de assuntos
resistência a partir do qual as diferentes práticas culturais podem muito amplo: democracia, movimentos culturais da juventude;
ser conhecidas, respeitadas e valorizadas. Trata-se de evidenciar memória e história; cidades sustentáveis, saneamento básico,
a importância do conceito de diversidade tanto no plano cultural cidadania, resíduos sólidos, meio ambiente, problemas urbanos,
como no plano ambiental. entre tantos outros.
Inclusive, o próprio conceito de diversidade é uma das cone- O fundamental, na prática educativa, é envolver o aluno em
xões possíveis entre “Cultura e Meio Ambiente”, um dos temas uma experiência de aprendizagem na qual o processo de cons-
geradores de muitos projetos escolares preocupados em refletir trução de conhecimento esteja integrado às práticas vividas.
sobre as problemáticas edificadas no mundo contemporâneo. O Nessa perspectiva, o aluno deixa de ser apenas um aprendiz do
Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio comum da humanida- conteúdo de uma área de conhecimento qualquer, pois será esti-
de – da Declaração Universal sobre Diversidade Cultural (Unesco, mulado a mobilizar múltiplos saberes, desenvolver habilidades e
2002) nos apresenta essa conexão claramente: “A cultura adquire competências e tornar-se protagonista da produção do conheci-
formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade mento: um sujeito cultural.
se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que Além disso, as mediações propostas devem ser pensadas de
caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humani- modo a contemplar linguagens de diferentes naturezas, tais como
dade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a di- a música, o cinema, a fotografia, a charge, o texto histórico, a
versidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como entrevista, as artes plásticas etc. É importante destacar que a Lei
a diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui de Diretrizes e Bases da Educação tem como questão central a
o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e edificação de um sistema educacional que privilegie o desenvol-
consolidada em beneficio das gerações presentes e futuras”. vimento de competências e habilidades por meio de uma pers-
Assim, evidencia-se a ideia de que educação, cultura e natu- pectiva interdisciplinar, princípios teóricos que precisam estar
reza são categorias interdependentes e dialogam entre si. Portan- presentes durante o processo de construção das mediações no
to, um dos objetivos centrais da educação escolar é desenvolver cotidiano escolar.
um projeto pedagógico que procure articular essas categorias de
modo que professores e alunos participantes reflitam sobre as A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e o foco no
possibilidades e as necessidades desse diálogo como forma de desenvolvimento de competências e habilidades
valorização e respeito às diversidades culturais e ambientais.
No mundo contemporâneo, grande parte das questões orbita O marco regulatório mais importante da educação escolar no
em torno dos aspectos ambientais e culturais. Elas potencializam o Brasil contemporâneo é a Lei 9.394 de dezembro de 1996, a Lei
envolvimento dos diversos sistemas de conhecimento numa pers- de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Como uma
pectiva necessariamente interdisciplinar. Desse modo, a produção das leis complementares previstas na Constituição de 1988, sua
do conhecimento escolar deve se pautar nas inter-relações do promulgação marcou a redemocratização e a plena vigência do
meio natural com o sociocultural, de modo que os conhecimentos estado de direito no país. Foi promulgada no governo de Fernan-
específicos das diferentes áreas do saber estejam a serviço do do Henrique Cardoso e tramitou no Congresso Nacional durante
desenvolvimento de competências e habilidades que tornem o oito anos, entre 1988 e 1996. Nesse período, a União Europeia
aluno capaz de solucionar situações-problema por meio de um e os Estados Unidos debatiam reformulações em seus currícu-
espírito científico, investigativo e plural. los escolares, impactados pelas novas formas de organização do
O mundo atual, no qual as distâncias estão cada vez menores trabalho e do conhecimento decorrentes das profundas transfor-
e as mudanças avançam numa velocidade desenfreada, exige re- mações socioculturais e econômicas provenientes do processo
flexões cada vez menos lineares. O modelo de desenvolvimento de globalização.
pautado na destruição dos recursos ambientais, no acúmulo e Esse debate influenciou as disposições da lei sobre o currí-
concentração de bens e riquezas materiais e no consumo exa- culo da Educação Básica no Brasil e permitiu uma conexão entre
cerbado já está obsoleto e não se sustentará por muito mais tem- essas disposições e os novos temas político-culturais, socioeco-
po. Decorre daí a necessidade de evidenciar a inter-relação entre nômicos e ambientais que vêm sendo desenhados desde o final do
saberes e práticas coletivas. Assim, o desafio contemporâneo é século XX. Pautado no direito de aprender, o paradigma curricular
de se formular uma educação socioambiental e cultural que seja passou a ter como foco a aprendizagem e, como referência, as
crítica e inovadora, voltada, sobretudo, para a transformação so- competências a serem desenvolvidas pelos alunos, colocando os

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conteúdos curriculares não como fins em si mesmos, mas como e inovadora, no momento e de modo necessários. A competên-
recursos para o desenvolvimento dessas competências. cia compreende, portanto, um conjunto de coisas. Já, segundo
As novas diretrizes curriculares dela derivadas procuraram de- a pesquisadora Mello (2010) “as competências são introduzidas
finir as competências que o país espera que a educação escolar como um conjunto de operações mentais que são resultados a
desenvolva em suas crianças e jovens. Pautada nessa concep- ser alcançados nos aspectos mais gerais do desenvolvimento do
ção, rompendo com os antigos rótulos disciplinares, a lei prefere aluno. Em outras palavras, caracterizaram-se, no início, pela sua
usar expressões como componentes curriculares, compreen- generalidade e transversalidade, não relacionadas com nenhum
são do significado da ciência, das letras e das artes; desenvol- conteúdo curricular específico, mas entendidas como indispen-
vimento da capacidade de aprender, acesso ao conhecimento sáveis à aquisição de qualquer conhecimento”.
e exercício da cidadania. Trata-se, portanto, da valorização de Conectado ao paradigma preconizado pela LDB – que privile-
um conhecimento interdisciplinar, que preconiza a relação entre gia a aprendizagem significativa e não o ensino descontextualiza-
teoria e prática sem perder de vista as linguagens específicas de do e compartimentado –, o Ministério da Educação e o Instituto
cada componente curricular, ferramentas necessárias e indispen- Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) propuse-
sáveis para o desenvolvimento de competências e habilidades ram, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – utili-
que, mobilizadas, tornem o aluno capaz de enfrentar determina- zado para a avaliação qualitativa do ensino, bem como para o in-
das situações-problema. gresso dos jovens na Universidade –, os eixos cognitivos comuns
Historicamente, a qualidade raramente foi o compromisso para todas as áreas do conhecimento, resultando num conjunto
prioritário da Educação Básica no Brasil. A escola brasileira foi de habilidades e competências conforme quadros a seguir.
programada como lugar para minorias e enquanto apenas essas
minorias tinham acesso aos bancos escolares, havia um padrão AS 5 COMPETÊNCIAS DO ENEM
de qualidade que ficou estagnado no passado. Nos últimos 30
anos, com o rápido processo de urbanização e crescimento po- Dominar Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso
I linguagens da linguagem matemática, artística e científica.
pulacional, o país viveu um ciclo a partir do qual o aumento quan-
Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhe-
titativo da oferta era urgente. As transformações sociopolíticas II Compreender cimento para a compreensão de fenômenos naturais, de
Fenômenos processos histórico-geográficos, da produção tecnológica
e demográficas pressionaram pela necessidade da expansão do e das manifestações artísticas.
acesso a escola. Enfrentar Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e infor-
III mações representados de diferentes formas, para tomar
A ausência de políticas públicas coerentes e ininterruptas para Situações-Problema
decisões e enfrentar situações-problema.
a educação pública brasileira gerou a falta de recursos e, con- Relacionar informações, representadas em diferentes
Construir
sequentemente, a inexistência de capacidade técnica para ge- IV Argumentação
formas, e conhecimentos disponíveis em situações con-
cretas, para construir argumentação consistente.
renciar o processo de expansão quantitativa e ao mesmo tempo Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola
para elaboração de propostas de intervenção solidária na
promover as mudanças de cultura e de modelos de organização V Elaborar
Proposta realidade, respeitando os valores humanos e considerando
pedagógica que a presença dos até então excluídos da escola a diversidade sociocultural.

passou a exigir. Fonte: <www.enem.inep.gov.br/enem.php>


Os especialistas preveem que o ciclo de crescimento quanti-
tativo ainda não se concluiu, mas deverá se completar brevemen-
AS 21 HABILIDADES DO ENEM
te. Pari passu, os problemas de qualidade assumem dimensões
trágicas. Assim, desde o início do século XXI, a Educação Básica 1- Compreender e utilizar variáveis 13- Compreender a importância da
biodiversidade
brasileira, que figura entre as piores do mundo, enfrenta a urgên- 2- Compreender e utilizar gráficos
3- Analisar dados estatísticos 14- Conhecer as formas geométricas
cia de garantir não apenas que todos ingressem na escola, mas
4- Inter-relacionar linguagens 15- Utilizar noções de probabilidade
também que todos tenham acesso a uma Escola com princípios 5- Contextualizar arte e literatura 16- Compreender as causas e
republicanos, pública e de qualidade. 6- Compreender as variantes linguísticas consequências da poluição ambiental
7- Compreender a geração e o uso de energia 17- Entender processos e implicações da
produção de energia
Competências e habilidades 8- Compreender a utilização dos recursos
naturais 18- Valorizar a diversidade cultural
9- Compreender a água e sua importância 19- Compreender diferentes pontos de vista
De acordo com L. A. Martins Garcia (2005), o conceito de ha-
10- Compreender as escalas de tempo 20- Contextualizar processos históricos
bilidade varia de autor para autor. De modo geral, as habilidades 11- Compreender a diversidade da vida 21- Compreender dados históricos
são consideradas como algo menos amplo do que as competên- 12- Utilizar indicadores sociais e geográficos

cias. Assim, a competência estaria constituída por várias habilida- Fonte: <www.enem.inep.gov.br/enem.php>
des. Entretanto, uma habilidade não “pertence” necessariamente
a uma determinada competência, uma vez que essa mesma habi- A respeito desse conjunto de competências transversais para
lidade pode contribuir para competências diferentes. aprender, como as do Enem, Mello (2010) afirma que elas “preci-
Assim, pode-se dizer que uma competência permite mobilizar sam ser articuladas com as competências a serem constituídas
conhecimentos a fim de se enfrentar uma determinada situação. em cada uma das áreas ou disciplinas, que se expressam em
Para Garcia (2005), a competência não é o uso estático de regras expectativas de aprendizagem. Na ausência dessa articulação
mecânicas a serem repetidas e aprendidas, mas uma capacida- instaura-se uma aparente ruptura entre competências e conteúdos
de de lançar mão dos mais variados recursos de forma criativa curriculares, que leva ao entendimento equivocado de que a abor-

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dagem por competências não valoriza os conteúdos curriculares, lho se sobrepõe ao universo escolar.
quando na verdade eles são nucleares e imprescindíveis para a A taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais era
constituição de competências”. de 8,6%, o que representa 12,9 milhões de brasileiros. Entretanto,
Partindo do princípio de que o currículo é parte de uma escola esse indicador continua apontando disparidades regionais muito
vista como espaço de cultura, ao realizar a opção por vinculá-lo significativas, sendo, por exemplo, no Nordeste, 16,9%, quase o
ao desenvolvimento de competências, torna-se essencial romper dobro do índice nacional. Destaca-se ainda a taxa de analfabe-
com as práticas tradicionais e avançar em direção a uma ação tismo funcional que estava em 20,4%, tendo sido contabilizados
pedagógica interdisciplinar dirigida para a aprendizagem do alu- 30,5 milhões de analfabetos funcionais dentre as pessoas com 15
no-sujeito envolvido no processo não somente com seu potencial anos ou mais.
cognitivo, mas também afetivo e social. Naturalmente, esse quadro é resultado de um conjunto de
De acordo com a pesquisadora Zacharias (2005), os conteú- práticas políticas e econômicas adotadas ao longo da História
dos intercruzados e aqueles unificadores de temas constituem a do Brasil que acabaram por aumentar e consolidar os níveis de
mola mestra da interdisciplinaridade. Os conteúdos impregnados desigualdade. Os dados do primeiro relatório do Programa das
da(s) realidade(s) do aluno demarcam o significado pedagógico Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre a América
da contextualização. E a contextualização, por sua vez, imprime Latina e Caribe, apontam que, apesar do aumento dos gastos
significado e relevância aos conteúdos escolares. sociais nos últimos dez anos, o Brasil tem o terceiro pior índice
de desigualdade no mundo, apresentando uma baixa mobilidade
A Pnad: alguns dados relativos à educação no Brasil social e educacional entre gerações. “A desigualdade de rendi-
mentos, educação, saúde e outros indicadores persiste de uma
O sistema educacional constituiu-se, ao longo do tempo, num geração à outra, e se apresenta num contexto de baixa mobilida-
dos grandes problemas da sociedade brasileira. Apesar dos pe- de socioeconômica”, diz o estudo do órgão da ONU, concluído
quenos avanços verificados nos últimos anos, ainda há milhares de no mês de julho de 2010.
crianças e adolescentes sem direito a uma educação de qualidade. Os dados do Pnud apontam ainda que as mulheres e as po-
De um lado, um sistema de ensino público sucateado, abandona- pulações indígenas e afrodescendentes são as mais prejudica-
do pelo poder público e destinado às camadas desprivilegiadas e das pela desigualdade social. No Brasil, apenas 5,1% dos des-
subalternas. De outro, um sistema de ensino privado destinado a cendentes de europeus vivem com menos de um dólar por dia.
poucos e pautado em uma dinâmica educacional muito mais com- O percentual sobe para 10,6% em relação a índios e afrodes-
promissada com o lucro e os índices de aprovação nos vestibula- cendentes. Evidentemente, os acessos à infraestrutura, saúde e
res do que com uma aprendizagem significativa, transformadora e especialmente a uma educação pública de qualidade poderiam
libertária. Além disso, um universo de professores mal formados e alterar esse cenário.
desestimulados, vítimas de um mecanismo perverso consubstan- Em São Paulo, estado mais rico da Federação, os dados edu-
ciado no tripé: formação pedagógica e específica precárias, péssi- cacionais mais recentes confirmam que nos últimos anos vem
mas condições de trabalho e salários desonrosos. ocorrendo um processo de universalização ao acesso escolar,
Milhões de crianças e adolescentes estão no mercado de tra- porém a qualidade do ensino oferecido ainda é bastante precária.
balho sem o direito ao ensino básico. Muitos outros milhões de Assim, apesar da maioria das crianças e jovens paulistas estar
crianças e adolescentes, sobretudo aqueles das periferias das matriculada nas escolas, isso não tem sido garantia de um apren-
grandes cidades e das regiões mais pobres do país, recebem um dizado real e efetivo.
ensino que mal lhes permite ler e interpretar um texto. A violência, Os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Esco-
a depredação, a falta de professores qualificados são alguns dos lar do Estado de São Paulo (Saresp/2011) mostram que 17,4%
aspectos do cotidiano da grande maioria das escolas públicas dos alunos de 5 ano do Ensino Fundamental estão no nível abaixo
do país. Como vimos anteriormente, as origens desse conjunto do básico em Língua Portuguesa e 26% em Matemática; 28%
de problemas remontam à constituição e à natureza política do dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental estão no nível abai-
Estado brasileiro. xo do básico em Língua Portuguesa e 33,8% em Matemática;
Segundo o IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domi- 37,5% dos alunos de 3ª série do Ensino Médio estão no nível
cílios (Pnad 2011) constatou tímidos avanços na realidade edu- abaixo do básico em Língua Portuguesa e 58,4% em Matemática.
cacional brasileira, especialmente nas regiões Norte e Nordeste (O sistema trabalha com quatro níveis de avaliação – Abaixo do
do país. Os dados revelam que precisamos iniciar urgentemente Básico; Básico; Adequado e Avançado).
uma revolução educacional. Em 2011, 3,7 milhões de crianças e Os dados apontam para uma conclusão clara e direta: há ele-
adolescentes trabalhavam, sendo 704 mil do grupo de cinco a vados níveis de matrícula e baixa qualidade da educação. As po-
13 anos de idade. Esses trabalhadores eram, sobretudo, meni- líticas públicas relativas ao setor educacional – nos níveis federal,
nos que estavam principalmente exercendo atividades agrícolas estadual e municipal – devem se preocupar em levar adiante uma
e sem registro. A região Norte apresentou o maior índice de crian- grande reforma educacional que coloque a melhoria da qualidade
ças e adolescentes ocupados, 10,8%, ao passo que o Sudeste da escola pública na força-tarefa primeira de toda a sociedade
teve menor índice, 6,6%. Crianças e jovens lançados indiscrimi- brasileira. Como afirmou Anísio Teixeira, só existirá democracia
nadamente no mercado de trabalho, em condições precárias e no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara
com péssimos rendimentos. Nesse contexto, o mundo do traba- as democracias. Essa máquina é a da escola pública (FERRARI,

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2008). E a nossa máquina político-administrativa até agora fez- râneo e nas avaliações internacionais os resultados da educação
nos o desfavor de sucatear e desqualificar o ensino no Brasil, brasileira concorrem pelas últimas colocações.
fragilizando ainda mais o nosso regime democrático. Decorrentes desse quadro desastroso e sombrio, novas dispo-
Diante do grave contexto atual, a sociedade brasileira precisa, sições sobre o currículo da Educação Básica no Brasil, originárias
urgentemente, exigir das instituições democráticas e dos poderes da LDB/1996, apontaram para a definição de novos paradigmas.
constituídos que os royalties das novas áreas de petróleo do pré- O paradigma curricular passou a ter como foco a aprendizagem e,
sal sejam inteiramente investidos em educação básica. Trata-se como referência, as competências a serem desenvolvidas pelos
de uma oportunidade histórica para avançarmos na necessária alunos, colocando os conteúdos curriculares não como fins em
revolução do sistema educacional brasileiro. si mesmos e sim como recursos para o desenvolvimento dessas
competências.
Considerações finais A partir dessa nova concepção curricular ocorreu, consequen-
temente, a valorização de um processo de ensino-aprendizagem
A análise do processo histórico de constituição da natureza pautado numa visão interdisciplinar que preconizou a relação en-
política do Estado brasileiro, bem como uma avaliação crítica de tre teoria e prática. Isso sem perder de vista as linguagens espe-
suas ações políticas ao longo do Período Imperial (1822-1889) e cíficas de cada componente curricular, ferramentas necessárias e
do Período Republicano (1889-2011), permite-nos concluir que indispensáveis para o desenvolvimento de competências e habili-
esse Estado mantém-se articulado e estruturado em um conjunto dades que, mobilizadas, permitem que o aluno mobilize múltiplas
de interesses minoritários, impossibilitando que a maioria da po- ferramentas para enfrentar determinadas situações-problema.
pulação brasileira tenha acesso digno a uma parte justa da rique- Como educador do Ensino Básico há 20 anos, já vivenciei
za produzida por toda a nação. múltiplas experiências educacionais. Desde lecionar em esco-
Isso significa dizer que nosso país sustenta índices de desi- las públicas da periferia de São Paulo e de Campinas, passan-
gualdades sociais dentre os maiores do mundo e seus cidadãos do por escolas públicas rurais do interior paulista (Paulínia e
não têm acesso pleno aos direitos básicos e essenciais, como Assis) até escolas da rede de ensino privado da cidade de São
saúde, saneamento básico, transporte, justiça, habitação, segu- Paulo.
rança, liberdade e, antes de tudo, a um sistema educacional efi- Minha experiência prática e cotidiana com elaboração e
ciente e de qualidade que garanta os elementos essenciais para o aplicação de projetos interdisciplinares, pautados no desenvol-
pleno desenvolvimento e exercício da cidadania. vimento de competências e habilidades específicas, levou-me
Os dados relativos à educação no Brasil, analisados nesse a acreditar que a escola precisa abandonar definitivamente o
texto, apontam para uma conclusão clara e direta: nas duas últi- papel atual ao qual está destinada – reproduzir um saber aca-
mas décadas houve um aumento acelerado dos níveis de matrí- dêmico especializado, distanciado e desconectado do univer-
cula que, infelizmente, não foram acompanhados pela eficiência e so escolar – e reconstruir suas práticas com base na certeza
a qualidade do ensino. Desse modo, as políticas públicas atuais, de que o processo ensino-aprendizagem, pautado no diálogo,
relativas ao setor educacional – nos níveis federal, estadual e mu- na resolução de situações-problema, no respeito às diferenças
nicipal –, devem se preocupar em levar adiante uma grande refor- individuais e às diversidades culturais e ambientais, é funda-
ma na Educação que coloque o avanço da qualidade da escola mental para a formação de indivíduos participativos, criativos,
pública como prioridade de toda sociedade brasileira. socialmente responsáveis e, portanto, melhor preparados para
Como sabemos, crescimento econômico que vem dissociado o pleno exercício da cidadania.
do aumento da escolaridade dos cidadãos não é um crescimento Em última análise, como nos ensinou o mestre Anísio Teixeira
que se sustenta no longo prazo. A escola brasileira não tem con- (1994), a finalidade da educação se confunde com a finalidade
seguido formar jovens com competências e habilidades neces- da vida, e nessa vida o que nos interessa é mais liberdade e
sárias para enfrentarem os novos desafios do mundo contempo- mais felicidade.

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A EDUCAÇÃO NO BRASIL E A PRÁTICA DOCENTE – ALGUMAS REFLEXÕES MARCELO PEREIRA | 7

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FILMES
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Ao mestre com carinho. Direção: James Clavell. EUA, 1967.
Conrack. Direção: Martin Ritt. EUA, 1974.
Duelo de Titãs. Direção: Boaz Yakin. EUA, 1974.
Entre os muros da Escola. Direção: Laurent Cantet. França, 2008.
Escritores da Liberdade. Direção: Freedom Writers. EUA, 2007.
Meu mestre, minha vida. Direção: John G. Avildsen. EUA, 1989.
Nenhum a menos. Direção: Zhang Yimou. China, 1999.
Pro dia Nascer Feliz. Direção: João Jardim. Brasil, 2006.
Sociedade dos Poetas Mortos. Direção: Peter Weir. EUA, 1989.

Marcelo Pereira cursou Licenciatura plena em História, na Unesp – Universidade Estadual Paulista; fez mestrado em História Social do Trabalho, na IFCH/
Unicamp (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) (2001). Tem MBA em Bens Culturais: Cultura, Economia e Gestão (2011); foi professor de História nas
redes municipal e estadual de São Paulo (1991-1997), e hoje leciona no Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo desde 1996.

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