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Relatório Parcial I
Assessoria Técnica
Setembro de 2015
Projeto DNIT TED nº682/2014
Processo nº 50607.002043/2013-00
Convênio UFRJ/DNIT
Relatório 1
META 1
Jacques de Medina
Setembro de 2015
1 TED n° 682/2014
Execução de estudos e pesquisa para elaboração de método
mecanístico - empírico de dimensionamento de pavimentos asfálticos.
RELATÓRIO META 1
Pesquisadores
Laura Maria Goretti da Motta (Coordenadora)
Jacques de Medina
Francisco Thiago Sacramento Aragão
Filipe Augusto Cinque de Proença Franco
Mariluce Ubaldo
Álvaro Augusto Dellê Vianna
Marcos Antonio Fritzen
Carlos Filipe Santos Correia e Silva
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Equipe Rede Temática Asfalto (Colaboradores)
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 9
2. MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS
NOVOS DO DNIT EM VIGOR .................................................................................. 15
2.1. BREVE HISTÓRICO .......................................................................................... 16
2.1.1 Método de 1961 ............................................................................................. 21
2.1.2 Método de 1966 ............................................................................................. 32
2.2. O MÉTODO DO DNER NA SUA CONFIGURAÇÃO DE 1981 ...................... 52
2.3. O MÉTODO DO DNER NA SUA CONFIGURAÇÃO DE 1996 ...................... 60
2.3.1. Relato sucinto dos estudos de Nogami e Villibor...................................... 62
2.3.2. Método de Morin e Todor (1975) ............................................................... 64
2.4. O MÉTODO DA RESILIÊNCIA PARA PAVIMENTOS NOVOS DO
MANUAL DE PAVIMENTAÇÃO DE 1996 ............................................................ 66
2.5. AVALIAÇÃO DO MÉTODO ATUAL EM RELAÇÃO AOS
CONHECIMENTOS DA MECÂNICA DOS PAVIMENTOS ................................. 74
2.6. UM BREVE PANORAMA DOS MÉTODOS MECANÍSTICOS-EMPÍRICOS
ATUAIS ...................................................................................................................... 89
2.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 92
3. MÉTODOS DE PROJETO DE REFORÇO .......................................................... 94
3.1. PROCEDIMENTO ou MÉTODO PRO 10 OU MÉTODO A ............................ 99
3.1.1. Breve histórico ............................................................................................. 99
3.1.2. Tentativas de melhoria e ponderações .................................................... 111
3.1.3. Considerações finais .................................................................................. 114
3.2. MÉTODO PRO 11 OU MÉTODO B ................................................................ 119
3.2.1. Breve histórico ........................................................................................... 119
3.2.2. Tentativas de melhoria e interpretação ................................................... 124
3.2.3. Considerações finais .................................................................................. 124
3.3. MÉTODO PRO 159........................................................................................... 125
3.3.1. Breve Histórico .......................................................................................... 125
3.3.2. Tentativas de melhoria ............................................................................. 133
3.3.3. Considerações finais .................................................................................. 135
3.4. MÉTODO PRO 269........................................................................................... 136
3.4.1. Breve Histórico .......................................................................................... 136
3.4.2. Considerações finais .................................................................................. 148
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3.5. ALGUMAS COMPARAÇÕES ENTRE OS QUATRO MÉTODOS DE
PROJETO DE REFORÇO........................................................................................ 153
3.6. PROJETO CREMA E A MATRIZ DE SOLUÇÕES DE REFORÇO .............. 155
3.7. A TENDÊNCIA ATUAL DOS PROJETOS DE REFORÇO ........................... 157
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 160
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 163
ANEXO 1 - Capas das publicações de Murilo Lopes de Souza e do Manual de
Pavimentação de 1964 (mais três páginas) ............................................................... 173
ANEXO 2 - Dissertação de Coutinho (2011) ............................................................ 184
ANEXO 3 - Trabalho de Armando Martins Pereira (1973) ................................... 398
ANEXO 4 - Trabalho de Medina e Motta (1995) .................................................... 480
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Lista de Tabelas
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Lista de Figuras
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Figura 21 - Nomograma de deflexão admissível para pavimentos com revestimento de
concreto asfáltico (PRO 10/79) .................................................................................... 104
Figura 22 - Nomograma de verificação da espessura final de reforço em concreto
asfáltico ou camadas integradas (PRO 10/79) .............................................................. 105
Figura 23 - Nomograma de cálculo da espessura mínima de reforço de concreto
asfáltico (PRO 10/79) ................................................................................................... 106
Figura 24 - Representação das condições de possibilidade de reflexão de trincas no
reforço (PRO 10/1979) ................................................................................................. 107
Figura 25- Modelos de resiliência adotados para os subleitos Tipo I, II e III por
Preussler (1983) como representativos dos subleitos brasileiros. ................................ 141
Figura 26 - Determinação da espessura efetiva de revestimento de concreto asfáltico
pelo método de resiliência (Preussler e Pinto, 1983).................................................... 143
Figura 27 - Gráficos das curvas de dimensionamento de reforço de pavimento flexível
pelo método simplificado da resiliência (Preussler, 1983) ........................................... 144
Figura 28 - Deflexões admissíveis para diferentes vidas de fadiga, Nf, do revestimento
asfáltico (Preussler, 1983) ............................................................................................ 145
Figura 29 - Esquema da Viga Benkelman para medição de deflexões de pavimentos em
provas de carga de rodas duplas de caminhão (Medina e Motta, 2015)....................... 149
Figura 30 - Esquema dos equipamentos do tipo FWD ................................................. 149
Figura 31 - Resultados das espessuras de reforço obtidas pelos métodos do DNER para
várias combinações de parâmetros (células) (Fonte: Koeler, 1998) ............................. 154
Figura 32 - Comparação entre resultados de métodos de projeto de reforço (Monteiro,
1996) ............................................................................................................................. 154
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Execução de estudos e pesquisa para elaboração de método de análise
mecanístico - empírica de dimensionamento de pavimentos asfálticos.
RELATÓRIO META 1
Análise crítica dos métodos e procedimentos de dimensionamento de pavimentos
asfálticos existentes em vigor no IPR/DNIT
Resumo
Este relatório trata do histórico dos métodos de dimensionamento de pavimentos do extinto DNER e o
atual DNIT, tanto para pavimentos novos quanto para projeto de reforço, e das considerações sobre as
dificuldades de se continuar aplicando estes métodos tendo em vista as limitações de cada um,
provenientes da sua origem e também do avanço do conhecimento nesta área. Baseia-se em revisão
bibliográfica e no conhecimento dos autores pela vivência nesta área de pesquisa.
1. INTRODUÇÃO
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desde 1966, com pequenas alterações introduzidas em 1981 e 1996. Em seguida, são
comentados os quatro métodos de projeto de reforço. Faz-se um relato comentado da
origem destes métodos e um balanço sobre a eficiência destes em relação ao
conhecimento atual da Mecânica dos Pavimentos e comentam-se brevemente alguns
métodos existentes atualmente em alguns países.
Comenta o engenheiro Coutinho (2011), do DER- MG: “Será que este elevado número
de rodovias federais apresentando a situação do pavimento de regular a ruim pode ser
somente atribuído à falta de conservação das mesmas ou a má execução dos serviços?
Talvez, também, a não utilização de uma metodologia mais analítica de
dimensionamento de pavimentos, de análise mais racional dos materiais e mais realista
das tensões-deformações, provocadas pelas diversidades do tráfego que existe hoje nas
rodovias, possa ter contribuído para a degradação dos pavimentos”.
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etapa para desembarcar na Itália dominada pelo nazi-fascismo. A nossa Força
Expedicionária teve relevante participação nesta luta na Itália. Além disso, as pistas
construídas ao longo do litoral brasileiro tornaram-se postos de vigilância e proteção
dos ataques dos submarinos alemães à nossa frota e de nossos aliados.
O DNER, criado em 1937, ainda dispunha nos anos 1950, de alguns estojos de
aparelhagem americana para o ensaio CBR no campo. O ensaio de CBR foi introduzido
no Brasil no final da década de 1940, pelo Laboratório Central do DNER, dirigido por
Galileo Antenor Araújo. Em várias pistas dos E.U.A. desenvolveram-se curvas de
dimensionamento em função do valor CBR do subleito, até chegar a uma curva única.
Geralmente, a amostra é compactada no teor ótimo de compactação (o que conduz à
massa específica aparente seca máxima), a seguir embebida na água por quatro dias,
seguindo-se a penetração do pistão que levava um anel dinamométrico calibrado. Mais
raramente procedia-se à penetração diretamente no campo. Esta informação faz parte da
experiência pessoal do Professor Jacques de Medina, entre 1947-1950, sob a orientação
do engenheiro Galileo Antenor de Araújo, Diretor do Laboratório Central do DNER, no
Rio de Janeiro.
Porém, sabe-se de longa data que esta não é a melhor forma de caracterizar o
comportamento de um material para uso em pavimentação visto que neste caso as
cargas são móveis e não há penetração do pneu, que é flexível, no material, nem se deve
dimensionar para a ruptura, mas para níveis baixos de deformações. A medida dos
deslocamentos verticais sofridos por um pavimento sujeito à ação de cargas transientes
originadas pela passagem de rodas de veículos em sua superfície foi realizada de forma
pioneira por Porter e Barton no órgão rodoviário do estado norte americano da
Califórnia, em 1938, através da instalação de sensores mecano-eletromagnéticos dentro
dos pavimentos. A esses deslocamentos, que se mostravam reversíveis, deu-se o nome
de deflexão (MEDINA, 1997).
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flexível era mais razoável do que o pulo do empedrado para um concreto, usado em
condições de porte elevado.
O automóvel particular em profusão e a rica rede rodoviária que o atende não deixam de
ser abusivo numa sociedade como a nossa onde trabalhadores saem de casa às quatro e
meia da manhã para chegar ao emprego às sete e meia, outro tanto gastam no retorno.
Felizmente, nota-se uma real preocupação dos pesquisadores universitários e de
algumas autoridades governamentais em cuidar da mobilidade urbana e de reverter este
quadro, mais recentemente.
Pior de tudo, complica-se o quadro face às mudanças climáticas de que são responsáveis
principais os que sempre quiseram assegurar um bom padrão de vida, a qualquer custo.
Falhamos na preservação da mata atlântica, no combate aos madeireiros da Amazônia,
aos exploradores das savanas e aos sedentos da mata ciliar. Comunidades indígenas
foram dizimadas. Ora, nada neste país trará progresso se não cuidarmos do meio-
ambiente e não respeitarmos os precursores desta nação.
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asfálticos baseado no CBR, ainda em uso no país. Nas suas origens, faz meio século,
está a figura ímpar do Engenheiro Murillo Lopes de Souza (Figura 1), com o qual o
Professor Medina manteve longos diálogos esclarecedores e proveitosos, fazendo jus à
sua confiança. O Engenheiro Murillo Lopes de Souza também participou como membro
de bancas de dissertação de mestrado na COPPE, inclusive da banca de mestrado de
Laura Motta em 1979, mostrada na Figura 2, onde também aparecem os Professores
Jacques de Medina (orientador) e Márcio Miranda Soares.
É evidente que o quadro atual complica-se com as mudanças dos perfis dos veículos
rodoviários e face às mudanças climáticas aterradoras já presente. A falta de água e o
aumento da temperatura do pavimento no verão certamente afetarão a técnica de
pavimentação e os critérios de dimensionamento de pavimentos, tanto os asfálticos
como os de concreto. Os veículos combinados em configurações compostas por vários
reboques, com aumento elevado das cargas e das pressões dos pneus indicam
claramente que não há como permanecer com os métodos atuais de dimensionamento,
estabelecidos de forma simplificada para outra condição de tráfego, muito menos severa
do que a atual.
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Figura 1 - Engenheiro Murillo Lopes de Souza em eventos da ABPv
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2. MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS
NOVOS DO DNIT EM VIGOR
Diz-se que uma estrada é não pavimentada quando sua camada superficial não atende
aos requisitos de ser resistente aos esforços horizontais, embora possa ter base ou
mesmo revestimento primário (de agregados). Assim é que se separam as rodovias em
“pavimentadas” e “não pavimentadas”, sendo a decisão de pavimentar ou não e as
concepções das estruturas a serem construídas determinadas pelo volume médio de
tráfego comercial diário e pelo tipo de subleito.
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preparadas em campo (tratamento superficial – TS), até misturas asfálticas usinadas
com diferentes composições e produtos asfálticos, a mais resistente sendo denominada
concreto asfáltico, podendo variar desde 1 cm (TS) até 15 cm de espessura tipicamente.
Intermediário entre estes dois tipos clássicos, à medida que o tráfego aumenta, pode ser
feita uma base de material estabilizado quimicamente com cimento ou cal, o que
confere a esta camada uma rigidez muito maior do que a de uma base granular,
aproximando esta estrutura do modelo de comportamento de um pavimento rígido. Daí
estas estruturas com camada de base cimentada passaram a ser denominadas como
“pavimento semirrígido”.
Quando esta camada tratada quimicamente é usada na posição de sub-base, gera uma
estrutura dita de “pavimento semirrígido invertido”. Esta designação vem do fato
tradicional de se considerar que os materiais mais “nobres” em termos de resistência ao
cisalhamento e às cargas verticais, estão no revestimento e sempre mais no topo.
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pavimento flexível que descrevia a espessura necessária de um pavimento em função de
um ensaio de qualificação de solos e materiais de pavimentação que foi denominado
California Bearing Ratio (CBR). É um ensaio de preparação bem simples que estima a
capacidade de carga de um material como uma porcentagem da carga de ruptura do
material em estudo, comparada a resistência obtida em condições semelhantes com um
material padrão (no caso uma brita da Califórnia).
Foi marco desta época o simpósio promovido pela ASCE (American Society of Civil
Engineers) em 1949 sobre o desenvolvimento do método de projeto de aeroportos pelo
CBR, com inúmeros trabalhos sobre os vários estudos de campo e teóricos feitos para se
chegar ao método (ASCE, 1949).
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(IPR) inicialmente um instituto ligado ao CNPq, atuando em colaboração com o DNER,
e em 1959 a Associação Brasileira de Pavimentação (ABPv) de que é sócio fundador o
professor Medina.
O ano de 1950 é destacado por Prego (2001) como o início da execução de pavimentos
em escala industrial e da organização de grandes empresas construtoras, embora não
houvesse ainda procedimentos amplamente aceitos para a aplicação das tecnologias
rodoviárias e mesmo um método de dimensionamento.
- Barros (1965) apresentou pelo IPR e pela ABPv, gráficos para o cálculo de
deflexões para sistema de duas camadas, a partir das tabelas de Jones. Indica
obter os módulos de elasticidade dos materiais pelo ensaio de placa. Cabe
ressaltar que este autor também desenvolveu ábacos para três camadas que estão
publicados em livros americanos inclusive.
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- Baptista (1966) apresentou um método de dimensionamento com uso de
gráficos baseados em carga equivalente, sendo uma adaptação de um método do
estado de Kentucky, EUA.
- Larsen (1977) apresenta fórmulas para cálculo de sistema de até três camadas,
baseadas nas propostas de Odemark e Kirk, indicando para obtenção dos
módulos de elasticidade dos materiais o ensaio de placa.
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- Pereira e Pereira (1987): Armando Martins Pereira e seu filho, Djalma Martins
Pereira, publicaram um catálogo de estruturas de pavimento obtido por aplicação
do programa DAMA - 2, para um sistema de 3 camadas elásticas. São seis
tomos, com 1080 estruturas de pavimentos. Este trabalho pode ser considerado
um marco da Mecânica dos Pavimentos no Brasil. O espírito pioneiro de nossos
engenheiros especialistas em pavimentação pode ser representado pela figura
impar de Armando Martins Pereira, professor titular do Departamento de
Transportes da Universidade Federal do Paraná e renomado consultor de
engenharia. Sua carreira teve início no DNER, berço de uma geração de
engenheiros rodoviários de forte militância nas décadas de 1950 e 1960.
É fato que nas décadas de 1960 e 1970 os ensaios adequados à obtenção dos parâmetros
necessários para aplicação da teoria da elasticidade ainda não estavam implantados de
forma corrente no país. Os primeiros ensaios triaxiais de carga repetida para solos foram
feitos no IPR e COPPE em 1978, resultantes de um convênio entre as duas instituições.
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Os ensaios de carga repetida de misturas asfálticas começaram em 1980. A aplicação de
cálculos de tensões e deformações manualmente, por uso de ábacos ou equações era o
disponível de forma geral nesta época, o que também dificultava muito a implantação de
um método mecanístico-empírico para pavimentos asfálticos. É certo que os pavimentos
de concreto já eram calculados por análise de tensões à época, mas com muitas
simplificações que não se aplicavam aos pavimentos asfálticos. Mas, na década de 1980
os ensaios de carga repetida já estavam implantados no país (a primeira norma de ensaio
pelo IPR/DNER é de 1986) e o cálculo automático de tensões e deformações
disponíveis quando os computadores se tornaram mais difundidos.
O IPR (1958) apresenta uma descrição dos métodos de Mills e de Murillo, baseados no
Índice de Grupo (IG) e no CBR. Critica o IG e elogia o ensaio CBR, dizendo que a
questão da saturação por quatro dias precisava de adaptação local e que “estudos já
estão programados”. Comentando o método de Murillo, diz que tem o valor de ser a
primeira tentativa feita no Brasil de um método nacional, embora apoiado no IG e no
CBR, porém ponderando o IG para obter um Índice de Suporte (IS). Não diz o ano em
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que foi proposto, mas pode-se inferir que foi em 1958 ou, mais provavelmente, no ano
anterior.
O IPR (1958) aplicou estes dois métodos citados e mais o método de Hveem e outros
dois, na análise de um trecho no estado do Paraná. Concluiu que havia diferenças
significativas entre os métodos e que todos precisavam de comprovação longa e custosa.
Mas que o IPR faria uma ampla pesquisa com o apoio do DNER e dos DER que
quisessem participar.
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ser destacadas aqui por terem se refletido nos métodos de Souza. São estes os pontos
principais:
O método do CBR citado por Francisco Bolívar Lobo Carneiro (1959) é o do Corpo de
Engenheiros dos EUA, baseado no trabalho de Porter. A publicação detalha o ensaio, de
laboratório e de campo, inclusive com os desenhos do equipamento e das curvas em
anexo. A espessura do pavimento é obtida de um gráfico em função do CBR do solo do
subleito e do tráfego, representado pela carga máxima por roda. Esta publicação fala da
necessidade da embebição do corpo de prova e que a energia de compactação a ser
usada para o material de subleito deveria ser 95% da AASHO modificada. O gráfico
utilizado servia para ir achando as espessuras das camadas em função dos CBR dos
materiais, e considerava até CBR igual a 80%, em escala log. A espessura em
centímetros era somada aritmeticamente, a espessura de revestimento era arbitrada, mas
sem ficar clara a existência de alguma regra.
O Método do Eng.º Mills ao que parece, faz considerações mais detalhadas em relação
ao tráfego e aos materiais, indicando como usar o gráfico do método do CBR. A Tabela
1 indica as recomendações de espessura mínima de base e revestimento, entre outros
aspectos, e também apresenta em outra tabela a espessura mínima de sub-base em
função da drenagem. Se for utilizada espessura de revestimento maior do que a mínima,
pode-se considerar a redução da base na proporção de 2 cm de revestimento como
equivalente a 3 cm de base. A espessura de sub-base deve ser ponderada utilizando-se o
gráfico de dimensionamento do CBR do subleito ou o do IG.
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Tabela 1 - Recomendações do Método do Engº Mills
(Fonte: Francisco Bolivar Lobo Carneiro, 1959)
Não foi possível o acesso direto ao texto original do primeiro método proposto pelo
Eng.º Murillo Lopes de Souza, provavelmente de 1958, mas sim na forma apresentada
por Lobo Carneiro (1959). Vê-se que era bastante detalhado, mas não será mostrado
aqui em sua totalidade, e sim alguns aspectos julgados mais relevantes para
entendimento dos itens que podem ter afetado o método em vigor atualmente. Em
primeiro lugar, para o subleito apresentava - se a ponderação entre o CBR, medido na
condição do solo no campo, e um Índice de suporte (IS) obtido em uma tabela em
função do IG, mas nunca poderia ser maior do que 20. Indicava escarificar 15 cm
superiores do subleito e compactar a 90% da densidade máxima da energia AASHO
modificada para compor um reforço do subleito. A sub-base deveria ter CBR de no
mínimo 20, e este valor seria usado no dimensionamento, mas se tivesse CBR maior a
espessura poderia ser corrigida por um fator dado pela raiz cúbica da relação 20/CBR. O
pavimento seria dimensionado para 20 anos sendo o tráfego dividido em cinco
categorias desde muito leve até muito pesado para dois níveis de carga: 5000 lbs ou
9000 lbs. Feita a classificação do tráfego e determinado o IS do subleito, determinava-se
as espessuras por um gráfico, cuja ordenada era o IS até 20, em escala log, e na abscissa
obtinha-se a espessura do pavimento em cm em escala aritmética, para 5 curvas
correspondentes aos níveis de tráfego. Mas a origem deste gráfico (Figura 2) não é
explicitada. Ainda era proposta correção desta espessura obtida do gráfico por
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consideração do clima e drenagem: precipitação anual, profundidade do lençol freático e
condição de drenagem superficial considerando os cortes com rampa maior ou menor
que 2%.
- Consideração de cargas maiores do que 9000 lbs (4,1 t), “uma vez que circulam
nas estradas brasileiras, cargas de 5 ton (11.000 lbs) e até 6 ton (13.000 lbs)”.
- Novas considerações sobre a representação da capacidade de carga do subleito
que era feita considerando o CBR e o IG (índice de Grupo) – determinação de
um índice de suporte (IS). Considerava que esta condição deveria ser
quantificada na umidade ótima e na massa específica seca máxima
correspondente à energia de compactação da AASHO normal. Os 15 cm
superiores do subleito deveriam ser escarificados e compactados.
- A sub-base deve ser compactada na energia AASHO intermediária e a espessura
do pavimento sobre uma sub-base deve ser sempre a "espessura mínima de base
mais revestimento" (B+R).
- Os materiais para as camadas eram de três categorias:
subleito e reforço de subleito deveriam apresentar IS < 20;
sub-base deveria apresentar IS maior ou igual a 20;
base: IS igual ou superior a 30, 35, 40 ou 45, dependendo do tipo de
tráfego ou carga máxima de roda adotado em projeto; os materiais de
base devem apresentar, ainda mais limite de liquidez (L. L.) inferior a 25,
índice de plasticidade (I.P.) inferior a 6 e, satisfazer a determinadas
faixas granulométricas (A.A.S.H.O.).
Quanto ao aspecto dos índices físicos, comenta Souza no Apêndice H: “quando o solo
apresenta pequena percentagem passando na peneira n°40, deve-se abandonar a
influência que o LL e o IP e a fração passante na peneira 200 (portanto o IG) possam ter
no comportamento”. Apresenta uma tabela de porcentagem mínima passante na peneira
40 para que um solo de granulometria contínua seja considerado denso.
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O Índice de Suporte (IS) devia ser calculado, de forma conservadora, considerando uma
tabela de correlação entre o IG e IS, o CBR, e a média entre estes dois. Adota-se como
valor de projeto o valor de IS menor ou igual ao CBR. Diz o autor no anexo 2 da
publicação citada:
“Esta prática, introduzida no Brasil por William Mills, se traduz num pouco de
prudência, para evitar possíveis surpresas com o CBR, traduzindo-se, portanto, num
método conservador de projeto de pavimentos flexíveis, muito apropriado para as
atuais condições do Brasil, onde, às vezes se tem de projetar grandes extensões de
pavimento em pouco tempo e com poucos recursos técnicos.”
O lençol freático deveria ser rebaixado a, pelo menos, 1,5 m do topo do subleito.
- tráfego leve: quando o número de veículos comerciais por dia fosse igual ou
inferior a 250 com, no máximo 20% apresentando carga de roda igual à máxima;
- tráfego médio: quando o número de veículos comerciais por dia estiver
compreendido entre 250 e 750, com, no máximo 20% apresentando carga de
roda igual à máxima;
- tráfego pesado: quando o número de veículos comerciais por dia exceder a 750,
ou quando houver mais do que 250 veículos por dia com carga de roda igual à
máxima.
Foram consideradas três níveis de carga de roda para a realidade do país àquela época
(1961):
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Apresenta a publicação de 1961 citada, várias curvas de dimensionamento para os
diversos tipos de tráfego e cargas máximas. Estas curvas se parecem bastante com a
única curva apresentada no método de 1959 (Figura 3), que concentrava os vários níveis
de tráfego. Também se indicava o aumento das espessuras determinadas pelos gráficos
em função da altura média anual de chuvas da região onde seria construído o
pavimento.
Para o tráfego deveria ser considerado taxa de crescimento, mas não se falava em
período de projeto e a repetição de cargas estava embutida nesta consideração de
número de veículos diários.
A aplicação deste gráfico, cuja origem não é definida claramente, mas deve ser apoiado
em trabalhos de Porter, leva em conta que se determina a altura do pavimento total, a
espessura de base mais revestimento e por diferença a espessura de sub-base a partir do
IS do subleito. A espessura de revestimento como visto era dada pelo volume de tráfego
somente.
Para levar em conta o efeito climático em função da altura de chuva, o método prevê um
acréscimo de espessura de até 20% para locais com 1.500 mm de chuva anual, mas diz
no apêndice B: “mantendo-se inalterada a espessura do revestimento”. Alega que nas
publicações de Porter, este diz que as espessuras dadas pelos gráficos dependem das
condições de drenagem, pressão dos pneumáticos, repetições de carga, etc., e também
sugere variação de 20% da espessura. No trabalho de Porter a pressão dos pneus foi
considerada 60lbs/pol2, enquanto já se utilizava 80 lbs/pol2 na década de 1960.
27 TED n° 682/2014
No apêndice D cita-se que os valores de CBR devem ser arredondados para a unidade
mais próxima se abaixo de 20 e para o múltiplo de 5 mais próximo se acima.
Cabe mencionar, neste ponto, que Francis N. Hveem, popular entre os estudiosos de
pavimentação no país naquela época como se viu, esteve no Brasil em 1961, onde
realizou visitas a várias rodovias e a diversos canteiros de serviço e ainda teve vários
encontros com técnicos das entidades rodoviárias e empresários do setor.
28 TED n° 682/2014
aspectos sobre os materiais asfálticos, a compactação dos solos, o ensaio do
estabilômetro, o método de dimensionamento da Califórnia, deflexão, viga Benkelman e
o medidor de deflexões da Califórnia que media simultaneamente nas duas rodas,
deformação permanente e fadiga. Explica o conceito de índice de tráfego (IT) utilizado
nos métodos da Califórnia, que são obtidos por expressão analítica em função do
equivalente de carga por roda (EWL – Equivalent Weeel Load) como forma de
considerar o efeito de todos os tipos de veículo no pavimento. Explica a preferência por
usar o termo “resiliência” ao se referir aos movimentos elásticos que acontecem nos
solos no lugar de módulo de elasticidade. Coloca a questão: “até que ponto é flexível
um pavimento flexível”? Isto poderia ser avaliado por correlações entre a deflexão e a
fadiga feita em ensaios com corpos de prova prismáticos de misturas asfálticas. Muitos
outros temas foram tratados pelo visitante e debatedores.
Neste rico documento, somente publicado dois anos após a visita, ainda consta uma
carta que Hveem escreveu ao diretor do DNER à época, José Lafayette Silviano do
Prado, com comentários e recomendações, resumidas a seguir:
- Os salários dos engenheiros nos órgãos públicos devem ser melhorados de forma
a que os competentes não sejam recrutados pelas empresas particulares. Os
órgãos não podem ser meras instituições de treinamento;
- Restrições mais efetivas aos excessos de cargas dos veículos;
- Os padrões de espessuras dos pavimentos das rodovias mais importantes
deveriam ser aumentados, evitando “esticar” as verbas para construírem mais
quilômetros em vez de dotar o pavimento de melhores padrões para suportar as
cargas, mesmo que se consiga controlar os excessos;
- Procurar escolher melhor os materiais para os aterros e terraplenagem com
ênfase na compactação dos solos até grandes espessuras;
- A conservação deve ser constante e equipada com os mais modernos
equipamentos.
Afirma que “os engenheiros brasileiros estão mais familiarizados com seus problemas e
são capazes, portanto, de decidirem se poderão ou não tirar partido da adoção de
práticas e métodos que são vantajosos em outros lugares”. Termina com a seguinte
afirmação: “Permita-me encerrar dizendo-lhe que julgo os engenheiros do Brasil tão
bem informados e tão bem a par dos princípios técnicos e de suas próprias
29 TED n° 682/2014
possibilidades como, de um modo geral, os engenheiros dos Estados Unidos com que já
tive contato”.
Em 1964 o DNER editou uma primeira revisão do Manual de Pavimentação que havia
sido aprovado em 1960, pela Divisão de obras de Pavimentação. O primeiro volume
tinha como escopo: Projeto do Pavimento e Materiais empregados na Execução do
Pavimento. A capa deste Manual está apresentada no Anexo 1. O projeto do pavimento
diz mais respeito ao projeto geométrico, tendo somente um item que cita o
dimensionamento propriamente dito. Este trecho está reproduzido também no anexo 1.
30 TED n° 682/2014
Figura 3 - Gráfico e tabela do primeiro método de Murillo Lopes de Souza
(Fonte: F. Bolívar Lobo Carneiro, 1959)
31 TED n° 682/2014
Figura 4 - Exemplo de gráfico de dimensionamento proposto por Souza (1961)
Na apresentação desta publicação, diz o autor que este novo método é uma
reformulação do método de 1961, acrescido de novos conhecimentos obtidos em artigos
de 1962, apresentados no Congresso Internacional de Projeto Estrutural de Pavimentos
Asfálticos (International Conference on the Structural Design of Asphalt Pavements),
da Universidade de Michigan. Este congresso é considerado um marco importante em
todo o mundo por ter reunido especialistas de vários países para discutir pela primeira
vez novos conceitos aplicados aos pavimentos asfálticos. O Engenheiro Medina, então
no DER- GB, compareceu ao evento, antes do curso e estágio de aperfeiçoamento que
fez na Califórnia.
32 TED n° 682/2014
Segundo Monismith (2004), esta conferência de 1962, visava discutir os resultados
encontrados na AASHO Road Test, grande experimento realizado entre 1958-1961 nos
EUA e trocar experiências sobre evolução de dimensionamento dos pavimentos
asfálticos pelo mundo. Esta é considerada o ponto de partida do desenvolvimento dos
métodos mecanísticos de dimensionamento de pavimentos asfálticos como se conhece
atualmente. Foram apresentadas importantes contribuições mostrando como sistemas de
múltiplas camadas elásticas poderiam ser usados para análise de tensões em pavimento.
Surgiram vários conceitos que seriam utilizados nas metodologias analíticas que viriam
a ser desenvolvidas desde esta década até os dias atuais.
O Eng.º Murillo Lopes de Souza cita explicitamente dois artigos deste congresso nos
quais se baseou para propor esta nova versão do método de dimensionamento:
33 TED n° 682/2014
(2011) com detalhes, e por este motivo essa dissertação é apresentada integralmente no
Anexo 2 deste relatório.
O método era eminentemente para uso rodoviário, mas foi extrapolado pelo Corpo dos
Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (USACE) para dimensionamento de
pavimentos aeroportuários durante a II Guerra, com algumas alterações e extrapolações
para levar em consideração as cargas das aeronaves, significativamente maiores do que
as cargas rodoviárias. Os estudos prosseguiram, até que em 1956 foi desenvolvida a
fórmula:
1 1
t P (1)
8,1CBR p
que fornecia a espessura de pavimento necessária para proteger uma camada com
determinado CBR de 5.000 repetições (expressas em coberturas) de uma carga de roda
simples “P” com pressão de inflação de pneus “p”.
Esta expressão, a rigor, é aplicável a valores de CBR menores do que 12, com base nos
dados experimentais que fundamentaram seu desenvolvimento. Seu uso conduz a
resultados cada vez mais distorcidos à medida que o valor do CBR se distancia de 12.
34 TED n° 682/2014
Witczak (1975), por exemplo, no passo a passo. A nova expressão extrapolava a solução
para outros valores de CBR maiores do que 12 e para outros valores de cobertura.
Mas a versão do método de aeroportos que foi revista para de novo ser utilizada em
rodovias fez uso das expressões iniciais e o método do Murillo não foi adaptado ao
longo das versões atualizadas do USACE.
Diz ainda o Engenheiro Murillo que conservou do trabalho de 1961 a ideia de manter
uma espessura mínima de base mais revestimento (B+R) para cada condição de tráfego.
Acrescenta o autor que foram feitas adaptações para “ter em conta a realidade
brasileira” e que não se pretendia ter uma “solução definitiva e sim um novo ponto de
partida, de acordo com o estado atual da técnica, prevendo-se, desde já, a
possibilidade de modificações, desde que a experiência justifique”.
Diz que a condição do subleito e dos materiais para as camadas deve ser medida pelo
CBR ou, se quiser segurança maior, utilizar o conceito de IS (índice de suporte) do
método de 1961, levando em conta o Índice de Grupo.
Fala pela primeira vez da qualidade da mistura asfáltica medida pelo ensaio de
estabilidade Marshall. Introduz para a base a exigência de expansão máxima de 0,5% e
de equivalente de areia maior que 20%. Este último ensaio também serve para qualificar
materiais que eventualmente apresentem LL > 25 e IP > 6. Também são especificadas
faixas granulométricas variadas, a serem adotadas em função do tráfego.
35 TED n° 682/2014
Pela primeira vez se fala em “período de projeto” P – introduzido com o conceito de
equivalência de operações do eixo padrão – o que chamamos de número N.
Turnbull et. al. (1962) apoiaram-se nos princípios básicos do método CBR para
dimensionamento de pavimento aeroviário, muito discutido e analisado durante duas
décadas, e aplicou-os em um método para dimensionamento de pavimento rodoviário.
Para o pavimento rodoviário não bastava apenas dimensionar pela carga máxima, como
era costume no meio aeroviário, mas era preciso levar em consideração todos os tipos
de composição de eixos e cargas. A solução foi criar um método que transformava as
diversas composições dos eixos em um tipo apenas de composição, isto é, em um eixo
padrão. Este eixo padrão foi definido como um eixo simples de 18.000 lbs com rodas
duplas. Foram, então, desenvolvidas curvas para o dimensionamento do pavimento
sendo estas baseadas no CBR dos materiais, na quantidade de eixos-padrões (N) e no
Fator de Equivalência de Operações (FEO).
Uma discussão aprofundada destes FEO pode ser vista em Pereira (1985). Duas
questões quanto a esta equivalência de operações adotada por Turnbull et al (1962), e
depois adotada por Souza, é esclarecida nesta referência: a profundidade considerada
para a correspondência de dano por cisalhamento foi de 70 cm e o dano considerado é o
afundamento de trilha de roda. Também é importante o conceito de cobertura embutido
nestes fatores, e bem discutido por Armando Martins Pereira nesta referência citada.
36 TED n° 682/2014
número médio de eixos da frota já que se trabalha com o VMD para calcular o volume
total, mas as correções da equivalência estrutural são por eixo.
A partir do volume médio diário (VMD), define-se o volume total do tráfego como:
(3)
O número N de repetições de carga que simboliza a passagem dos vários eixos ao longo
da vida de projeto é dado por:
(4)
(5)
Afirma ele que no Brasil à época, o volume de tráfego comercial era de 50 a 70% do
tráfego total, e que se deveria considerar este tráfego comercial para calcular o N.
37 TED n° 682/2014
o produto do coeficiente estrutural de cada material (a1, a2, a3) pela sua espessura (s1, s2,
s3). Os principais coeficientes determinados pela AASHO Road Test foram: a1= 0,44
(revestimento de concreto asfáltico); a2= 0,14 (base de brita graduada); a3= 0,11 (sub-
base de cascalho arenoso) valores referidos a um material padrão (uma placa de
alumínio). A expressão do SN é a seguinte:
(6)
Onde:
SN é o número estrutural
Daí vem as inequações adotadas pelo Eng. Murillo, como está na publicação de 1966,
mostradas a seguir, sendo sua representação gráfica indicada na Figura 9. Estas
inequações levam em consideração os valores de K dos materiais ponderando, assim, a
espessura do pavimento à capacidade estrutural dos materiais e são:
(7)
(8)
(9)
Onde:
38 TED n° 682/2014
A espessura mínima de camada granular seria de 10 cm, dizia o método inicial como
apresentado por Murillo L. Souza.
39 TED n° 682/2014
Estas são as bases do método proposto por Souza (1966) que se tornou oficial do DNER
no mesmo ano. Nota-se claramente que o método do Murillo é efetivamente “dele”
quando se consideram as seguintes decisões tomadas por ele:
40 TED n° 682/2014
Como uma observação também curiosa, comenta-se que nesta publicação fala-se de
construção por etapas quando não se dispõe de dados precisos do tráfego. Esta é uma
possibilidade interessante que os revestimentos asfálticos permitem.
Figura 5 - Curvas originais dos valores FEO para os eixos tandem duplo e para os eixos
simples (Turnbull et. al., 1962)
41 TED n° 682/2014
Figura 6 - Ábaco original do método CBR para o dimensionamento de pavimento
asfáltico rodoviário (Turnbull et. al., 1962)
42 TED n° 682/2014
Figura 7 - Curvas de fatores de equivalência de operações para eixo simples e tandem
(Souza, 1966).
43 TED n° 682/2014
Figura 8 - Ábaco de dimensionamento de pavimento asfáltico rodoviário de Souza
(1966)
44 TED n° 682/2014
Figura 9 - Esquema a ser utilizados no dimensionamento pelo método de Souza (1966)
45 TED n° 682/2014
Tabela 3 - Espessura mínima em polegadas a serem adotadas em função do tráfego e da
carga máxima de Souza (1961) - tabela preparada por Coutinho (2011)
Tipo de Tráfego
Carga Máxima
Leve Médio Pesado
do Tráfego
(Toneladas)
Espessura mín Espessura mín Espessura mín
(pol.) (pol.) (pol.)
4 1 1 2
5 1 2 3
6 2 3 3
Ainda em 1966 o método proposto por Souza na publicação comentada até aqui (cuja
capa está mostrada no Anexo 1), foi aprovada oficialmente pelo DNER, na 633ª Sessão
do Conselho Executivo em 8 de fevereiro de 1966.
Em 1966, foi editada pelo Instituto de Pesquisas Rodoviárias (IPR), nesta época ainda
pertencente ao Conselho Nacional de Pesquisas (atual CNPq) a publicação 192 – GTPv
– 66 – 14, cuja capa está mostrada também no Anexo 1, que editou o método de Souza
(1966) para apresentação no II Simpósio sobre Pesquisas Rodoviárias, em setembro de
1966 no Rio de Janeiro.
O interessante desta publicação é que faz menção a um grupo de trabalho criado pelo
IPR (do CNPq na época) com a participação do DNER e do GEIPOT que tinha como
objetivo procurar uma definição para o “problema do dimensionamento de pavimentos
flexíveis, de modo a atender à realidade brasileira”. Cita que existem vários métodos em
46 TED n° 682/2014
uso no país na época, mas na publicação citada só apresenta o do Murillo L. de Souza.
Fala da necessidade de “uma orientação que venha em benefício da uniformidade de
procedimento, sem perder de vista a diversidade de condições regionais desse imenso
território” brasileiro.
O Grupo de Trabalho concluiu pela necessidade de uma pesquisa de caráter amplo sobre
os diversos métodos e do comportamento de pavimentos em serviço em todo o país para
subsidiar as decisões. Assim, nesta publicação constam umas fichas a serem
preenchidas num prazo de três meses e devolvidas ao IPR para a análise final. Isto
visava contornar a carência de informações referentes às estradas brasileiras quanto as
características dos subleitos, as espessuras das diferentes camadas e nem a composição
do tráfego. Era o ano de 1966. Pretendia-se reunir todos os dados e tentar obter uma
curva única tendo nas ordenadas a espessura dos pavimentos (em escala aritmética) e
nas abscissas os valores de CBR, em escala logarítmica: “O Ajustamento de uma curva,
em função do comportamento dos pavimentos, fornece uma aproximação das espessuras
necessárias”, em termos de proteção do subleito.
Não foi possível saber se este gráfico pretendido chegou a ser determinado. Tudo indica
que não o foi. Mas, seria talvez no aspecto geral equivalente ao gráfico da Figura 9,
obtido pelo Corpo de Engenheiros dos EUA no estudo do método do CBR. Assim, sob
o ponto de vista formal, vê-se que o fim da vida útil de um pavimento dimensionado
pelo método do Murillo seria dado somente pelo nível de afundamento de trilha de roda
(ATR). O valor não é definido claramente no texto do método, mas observando as
referências históricas, seria ATR > 12,5 mm (1/2”), admitido como trecho rompido na
Figura 8, que corresponde ao estudo do Corpo de Engenheiros à época.
47 TED n° 682/2014
Figura 10- Gráfico comparativo entre a equação teórica do CBR de Turnbull et al e os
pavimentos que entraram e não entraram em colapso na época (Motta, 1991)
Souza (1972) mostra os princípios de vários métodos de cálculo de tensões e
deslocamentos (“recalques”) existentes à época: a teoria de Boussinesq, a teoria da
espessura equivalente de Palmer e Barber, o método de dimensionamento de Barber, a
teoria de Ivanov, o modelo de Burmister, o modelo de Hogg, o modelo de Jones, etc.
Conclui que para pavimentos flexíveis todas estas teorias não cobrem todos os fatores
que influenciam no comportamento dos pavimentos. Um dos problemas principais
também era obter os módulos de elasticidade (E) tendo em vista que os pavimentos
flexíveis são muito sensíveis aos valores desta característica de cada camada. Por isto,
diferente do dimensionamento de pavimento rígido ou de concreto de cimento Portland
que nasceu “teórico”, nesta época, a maioria dos métodos para pavimentos asfálticos
eram empíricos em vários países.
Conclui Souza (1972): “os métodos teóricos são, sempre, no entanto, procedimentos
úteis, quando se quer fazer a verificação da influência das variáveis que intervêm num
método empírico, ou quando se quer fazer a extrapolação destes métodos além dos
limites para os quais foram inicialmente estabelecidos”.
48 TED n° 682/2014
Em seguida, mostra com mais detalhes do que fez na publicação de seu método de
1966, o método de Porter que serviu de base para a criação do método do Corpo de
Engenheiros para aeroportos. O USACE justamente usou a análise de tensões
cisalhantes para comparar com o CBR, o que depois deu origem ao método de Turnbull
et al. (1962), sendo este que Murillo usou para compor o método do CBR do DNER.
Conta, com algum detalhe, como foram estabelecidos os gráficos dos FEO e o de
dimensionamento. Mostra as curvas originais e as dele, no entanto não fica claro como
estabeleceu as adotadas no seu método.
Críticas ao método de 1966 foram feitas, por exemplo, por Santana em 1967
(publicação 415 do IPR, 1971). A primeira dizia respeito ao fato de que o revestimento
era definido somente em termos de concreto asfáltico, variando somente a espessura
pelo volume de tráfego, para um período de 20 anos. No caso de ser outro revestimento
seria feita a correção de espessura pela relação entre os coeficientes estruturais
49 TED n° 682/2014
indicados no método. Faz considerações sobre o custo inicial e se não seria adequado
utilizar tratamento superficial e construção por etapas. Advertia que no nordeste havia
experiência de revestimento em tratamento superficial com longa vida útil. Ressalta-se
ser uma experiência regional, o que não invalida os princípios do método geral.
Assim, diz Santana que o próprio DNER lançou a circular DG nº 65/66 de 29/11/66,
fazendo as seguintes modificações no método:
Na publicação de 1969, Santana (1970) diz no resumo: “no que diz respeito aos
revestimentos asfálticos, o método do DNER/1961 conduz ao subdimensionamento e o
método DNE/1966 é antieconômico para estradas de tráfego leve e médio. É dada uma
sugestão para corrigir essa situação com base em considerações de fadiga e durabilidade
dos revestimentos asfálticos e em observações feitas na Rede Rodoviária pavimentada
brasileira”. Diz o autor que o método DNER/66 deixa implícito que todos os
revestimentos asfálticos têm a mesma durabilidade, pelo menos igual a 20 anos, o que
não é verdade absoluta. Chamava a atenção para a repetição das cargas e as mudanças
nas características dos asfaltos que vão mudando o comportamento das misturas com o
tempo, afetando a fadiga e a durabilidade.
50 TED n° 682/2014
relacionou a deflexão medida no pavimento com o comportamento do pavimento,
sugerindo para projeto valores admissíveis de deflexão para os vários tipos de estrutura
de pavimento. A deflexão está intimamente ligada às tensões de tração que surgem nos
revestimentos. Santana listou diversos estudos efetuados desde a década de 1940 até a
data do seu próprio trabalho que demonstram a importância de associar a
deformabilidade do conjunto das camadas do pavimento com a vida útil do concreto
asfáltico. Cita dissertação de Hicks de 1965 que mostrou que materiais com rigidez
elevada não devem ser usados em pequenas espessuras, entre outras observações. Já se
falavam em ensaios de fadiga de concreto asfáltico a tensão constante ou a deformação
constante, associados a espessuras variáveis de revestimento. Também discute muito a
durabilidade das misturas asfálticas com o tempo. Termina propondo um método de
dimensionamento baseado em análise de tensões e curvas da Shell.
Mas, embora incipientes, estes estudos em relação ao vasto conhecimento que se tem
hoje sobre o comportamento das misturas asfálticas, quer-se, reproduzindo estes
comentários, somente chamar a atenção de que desde o início da aplicação do método
DNER/66 havia críticas especialmente sobre a indicação da espessura de revestimento
somente focada no número de repetições de carga do tráfego, sem nenhuma
consideração das características das misturas e muito menos na deformabilidade do
conjunto das camadas.
Em 1974 o DNER contratou a empresa Máxima Engenharia para fazer uma ampla
verificação do método de dimensionamento de pavimentos flexíveis adotado em 1966
pelo DNER e aplicado em muitos projetos nestes dez anos. A síntese da metodologia
desta pesquisa foi a seguinte:
Foram escolhidos trechos nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. A avaliação de 40 segmentos foi feita utilizando o método
proposto por Armando Martins Pereira (1972), que seleciona pontos amostrais para
51 TED n° 682/2014
levantar defeitos e afundamentos de trilha de roda. Na época, ainda não normalizado, o
índice resultante da ponderação dos defeitos foi chamado de índice de severidade global
(ISG). Hoje é o conhecido método IGG. A deflectometria foi feita com a viga
Benkelman, com medida de bacia. Os poços de sondagem foram abertos nas trilhas de
roda externas, com determinação de CBR, densidade e umidade “in situ”, além de
registro das espessuras e coleta de amostras enviadas ao laboratório para ensaio de CBR
embebido e todos os ensaios de caracterização convencionais. O estudo do tráfego foi
feito com contagem classificatória durante uma semana, 24 horas por dia. Foi feita
pesagem aleatória de eixos de veículos comerciais com balanças móveis. Com dados de
postos de contagem permanente dos DER e DNER próximos ao trecho estudado, foi
possível estimar a taxa de crescimento do tráfego (ônibus, caminhão médio, caminhão
pesado, reboque e semirreboque). Estimou-se o Npassado em cada trecho.
No relatório de atividades desta pesquisa de 1977 (DNER, 1977), todos os dados são
analisados; destacam-se aqui somente os referentes aos aspectos que são usados no
método de dimensionamento, que mostraram que:
Como fechamento, o relatório indica que não foi possível uma conclusão global quanto
ao objetivo proposto tendo em vista que os trechos escolhidos contemplavam soluções
muito distintas estruturalmente e também não se tinha o acompanhamento com o tempo
(o que hoje é chamado de curva de desempenho).
Pequenas alterações foram feitas nos critérios de classificação dos materiais empregados
no pavimento:
52 TED n° 682/2014
a. O material do subleito ou utilizado no reforço do subleito deve apresentar um
expansão menor ou igual a 2,0 %.
b. O material utilizado na sub-base deve apresentar uma expansão menor ou igual a
1,0 % e o IG igual 0.
c. O material para base deve apresentar um CBR maior ou igual a 80% para o
número N maior que 106.
d. Para o número N menor ou igual a 106, o material para base deve apresentar um
CBR maior ou igual a 60%.
e. Só é necessário o ensaio de equivalente de areia caso o material possua um
índice de plasticidade maior que 6% e o limite de liquidez maior que 25%.
f. Quando o número N for maior que 106, as faixas granulométricas recomendadas
são: A, B, C e D.
g. Quando o número N for menor ou igual a 106, as faixas granulométricas
recomendadas são: A, B, C, D, E e F mostradas na Tabela 5.
h. A faixa granulométrica B sofreu alteração no seu limite na peneira de N° 200 de
5 a 20 para 5 a 15.
i. A faixa granulométrica D sofreu alteração no seu limite na peneira de N° 200 de
10 a 25 para 5 a 20.
53 TED n° 682/2014
Tabela 5 - Faixa Granulométrica do método DNER (1981) para os materiais das
camadas de pavimento (Tabela Original)
54 TED n° 682/2014
Tabela 6 - Valores de equivalência estrutural dos materiais utilizados nas camadas de
pavimento (DNER, 1981) (Tabela Original)
55 TED n° 682/2014
A grande alteração na análise de tráfego foi o fornecimento, por meio da Tabela 8, de
novos valores para FC referentes ao eixo tandem triplo (ETT) que não existia á época
em que os FEO foram estabelecidos por Turnbull et al. (1962). A criação destes fatores
foi feita pelo Eng. Murillo, levando em conta uma faixa de valores arbitrada de forma a
ficar proporcional às existentes. Levou-se em conta também o estabelecimento das
cargas legais brasileiras, estabelecidas na mesma época que foram: eixo simples de roda
dupla 10t, eixo duplo 17 t e o triplo 25,5t; e não a multiplicação direta do valor do eixo
simples, justamente para levar em conta a superposição dos bulbos das rodas próximas.
Tabela 8 - Valores de FC para um eixo tandem triplo (DNER, 1981) (Tabela Original)
56 TED n° 682/2014
Figura 11 - Representação conjunta das três curvas dos fatores de carga do Método de
dimensionamento do DNER de 1966 e 1981 (Medina, 1997)
57 TED n° 682/2014
médias variaram entre 50 e 90 (x10-2 mm) nos segmentos com boa capacidade de carga
no subleito e entre 50 e 150 (x10-2 mm) nos com subleitos considerados fracos.
O tráfego foi determinado por contagem e pesagem e foi comparado com o tráfego
previsto no projeto e situou-se entre 106 e 107. Alguns segmentos apresentaram alta
porcentagem de área trincada com tráfego menor do que o previsto no projeto e outros
não trincaram mesmo com N maior do que o previsto para a idade do pavimento.
Considerou-se a porcentagem de 20% de área trincada como critério de avaliação do
desempenho dos segmentos. Pode-se estabelecer uma equação de previsão da
porcentagem de trincamento a partir dos 171 conjuntos de dados das avaliações
representada pela equação seguinte (Miranda et al, 1988):
(10)
Onde:
Tr% = trincamento total, em %;
M = número de meses de projeto;
N = número N;
CBR = índice de suporte Califórnia do subleito;
EE = espessura total equivalente do pavimento, em cm;
ER = espessura do revestimento (CBUQ), em cm.
58 TED n° 682/2014
surgimento da primeira trinca, ou seja, o início da deterioração do pavimento
ocorre nos trechos com menor número N.”
Enecon (2004), no relatório final da pesquisa de trechos típicos faz uma análise critica
do método do Murillo e dos fatores de equivalência de operações, apresentando uma
proposta de fatores de carga iterativos, em função da capacidade de carga da estrutura
do pavimento. Os resultados obtidos, para todos os tipos de eixos e para diversas
combinações de valores de CBR do subleito e de espessura total de pavimento (HT)
mostram que não há concordância entre os fatores de equivalência de cargas do Método
do DNER e aqueles que são derivados diretamente de duas últimas versões da fórmula
de dimensionamento do USACE. De fato, os fatores do Método do DNER constituem
uma simplificação dos fatores do USACE, não levando em conta a variação que os
fatores apresentam com os parâmetros CBR e HT.
Enecon (2004) conclui que “os valores originais dos fatores de equivalência de cargas
do USACE foram obtidos a partir de algumas simplificações, tal como a retirada da
influência do número de coberturas dos eixos, fixando-o em 5000 coberturas (13200
operações) da carga padrão, e o cálculo da carga de roda simples equivalente de eixos
de rodas múltiplas foi feito referindo-se sempre a uma profundidade igual a 34,3 cm
(13,5 in). Como se pode inferir dos resultados aqui obtidos, estas simplificações têm
consequências significativas para os fatores de equivalência de cargas. Tendo em vista a
época em que o USACE calculou originalmente esses fatores, é compreensível a adoção
dessas simplificações, uma vez que não havia recursos computacionais facilmente
disponíveis e todo o processo de dimensionamento deveria poder ser expresso na forma
de ábacos de fácil utilização. Atualmente, essa premissa não é mais válida e todo o
processo pode ser facilmente programado”. Apresenta um programa para cálculo de FC.
Pereira (1985) discute as origens destes fatores e propõe novas considerações levando
em conta a variação também da pressão de contato dos pneus com o pavimento.
Pereira (1992) apresentou extensa discussão sobre os fatores de carga propondo novos
valores para se calcular o Número N em função de análises mecanísticas e propondo
fatores em função das deflexões, por exemplo.
Fernandes Jr. (1994) também faz considerações pertinentes sobre o efeito do tráfego no
desempenho dos pavimentos e também trata de fatores mecanísticos desenvolvidos a
59 TED n° 682/2014
partir de uma análise paramétrica feita com oito estruturas típicas de pavimentos,
utilizando os programas ELSYM5 e ILLIPAVE, o que permite considerar o efeito nos
FEC de diferentes variáveis.
60 TED n° 682/2014
Tabela 9 - Expressões matemáticas dos fatores de equivalência de carga para diferentes
pesos de eixo (DNER, 1998)
Assim, admite-se como positivo nesta indicação, somente o fato que o DNIT já esteja
convencido da urgente necessidade de revisão do método de dimensionamento de
pavimentos novos, e que a alternativa correta é passar a fazer todo o processo, desde a
seleção de materiais até aos critérios de desempenho, passando pelo cálculo das tensões
e deformações, de forma global e por ensaios específicos.
61 TED n° 682/2014
2.3.1. Relato sucinto dos estudos de Nogami e Villibor
Em 1995 os professores e engenheiros Job Shuji Nogami e Douglas Fadul Villibor
publicaram o livro “Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos”. Tem um
extraordinário valor no tocante ao uso de solos tropicais em pavimentação escapando do
tradicional pavimento asfáltico de bases de brita graduada e sub-base arenosa. Portanto,
os aspectos geotecnológicos, o aporte da pedologia e da geologia sobressaem, fora do
comum, constituindo o método MCT (miniatura compactado tropical) de classificação
dos solos. A compactação miniaturizada de Nogami & Villibor para fins classificatórios
data de 1981. Uma série de ensaios vem descrita no livro, inclusive o mini-CBR.
Índices classificatórios especiais foram desenvolvidos para distinguir o comportamento
laterítico de não laterítico. Também propõe faixas para o uso de solo laterítico-brita.
Permite esta classificação utilizar com pleno sucesso solos que não se enquadravam nas
especificações de materiais granulares do DNER, isto em estradas de volume de tráfego
pequeno a médio. A metodologia MCT é uma criação dos dois eminentes colegas de
São Paulo e sua aceitação é bastante generalizada. O falecido Prof. Nogami é Emérito
da USP. Engenheiro Civil e de Minas (geologia). Fez o mestrado na Universidade de
Purdue na década de 1950.
62 TED n° 682/2014
construídas no estado de São Paulo, inicialmente, esta classificação não foi incluída nas
especificações de materiais nem no método de dimensionamento.
O DNER fez amplo estudo sobre a metodologia MCT na década de 1990, que resultou
na normalização dos procedimentos que compõem a classificação e esta passou a fazer
parte do Manual de Pavimentação de 1996. Os procedimentos para obter a classificação
MCT estão normalizados: Compactação Mini-MCV (DNER-ME258/94) e Perda de
Massa por Imersão (DNER-ME256/94). A classificação propriamente dita é feita
segundo a norma “Classificação de solos tropicais para finalidades rodoviárias
utilizando corpos de prova compactados em equipamento miniatura” (DNER-
CLA259/96).
63 TED n° 682/2014
2.3.2. Método de Morin e Todor (1975)
Este método foi elaborado pela empresa Lyon Associates, Inc em 1975, tendo como
base um estudo dos solos tropicais. A pesquisa foi patrocinada pela “United States
Agency for International Development – USAID” e teve participações de vários órgãos
rodoviários de países de clima tropical, inclusive o DNER.
Tabela 10 - Umidades recomendadas para avaliação dos valores de CBR de projeto pelo
método Morin e Todor (DNER, 1979)
Para cada camada de base, sub-base e subleito, são recomendados valores limites para
os coeficientes estruturais de projeto, muito detalhados em função do CBR e da natureza
drenagem superficial
do material. Como camada de revestimento, recomendam a utilização de tratamento
superficial duplo ou triplo, areia asfalto e concreto asfáltico, com características
similares àquelas especificadas pelo DNER à época. O método define um índice
estrutural (IE) de uma seção do pavimento, semelhante ao número estrutural do método
da AASHTO, numa estrutura padrão de 90 cm, somando-se os índices estruturais de
cada camada.
64 TED n° 682/2014
Este é outro exemplo de proposições que poderiam ter sido consideradas nas revisões do
método do Murillo Lopes de Souza ao longo dos anos, como, por exemplo, a
necessidade ou não da embebição do corpo de prova para se obter o CBR do material
dependendo da condição climática.
8 x 105 TSD 5 5 10 10 10 20 20
9 x 105 TSD 5 5 10 10 10 20 20
1 x 106 TSD 5 5 10 10 10 20 20
2 x 106 5 5 5 10 10 10 20 20
3 x 106 5 5 5 15 15 15 20 20
4 x 106 5 5 5 15 15 15 20 20
5 x 106 10 10 10 15 15 15 20 20
6 x 106 10 10 10 15 15 15 20 20
7 x 106 10 10 10 15 15 15 20 20
8 x 106 10 10 10 15 15 15 20 20
9 x 106 10 10 10 15 15 15 20 20
1 x 107 10 10 10 20 20 20 25 25
65 TED n° 682/2014
2.4. O MÉTODO DA RESILIÊNCIA PARA PAVIMENTOS NOVOS DO MANUAL
DE PAVIMENTAÇÃO DE 1996
Consiste este método numa introdução, ainda que com considerações simplificadas, do
conceito da Resiliência como parâmetro norteador do dimensionamento de pavimentos.
Na Mecânica dos Pavimentos, dá-se o nome de deformação resiliente à deformação
elástica ou recuperável de solos e de estruturas de pavimentos sob a ação de cargas
repetidas que é a responsável pelos principais defeitos estruturais: trincamentos e
afundamentos. Uma forma indireta de avaliar no campo este parâmetro é com a medida
de deflexão na superfície do pavimento, sob uma carga conhecida.
O método de projeto do Murillo Lopes de Souza, adotado pelo DNER desde 1966,
como visto, estabelece empiricamente as espessuras necessárias sobre um solo do
subleito, de diferentes capacidades de suporte medida quanto à deformação permanente
ou ruptura, não considerando, de modo explícito, a compatibilidade das deformações
das várias camadas do pavimento e do subleito. Embora, já se utilizasse a medida de
66 TED n° 682/2014
deflexão com viga Benkelman no país desde esta época, não foi introduzido esta
exigência no projeto dos pavimentos novos.
Os ensaios triaxiais de carga repetida para solos, assim como os de tração indireta por
compressão diametral, também de carga repetida, para materiais asfálticos e
cimentados, têm propiciado a determinação das características resilientes ou elásticas e
o comportamento à fadiga destes materiais em condições que se aproximam das
existentes no campo.
Cabe o registro que este método chamado “da resiliência” no Manual de 1996, não
exige a realização destes ensaios, admitindo-se valores de módulos de resiliência
aproximados em função de características típicas.
67 TED n° 682/2014
trincamento prematuro da superfície. Constitui este fenômeno a fadiga dos materiais que
se manifesta em revestimentos asfálticos e bases cimentadas.
É baseado na deflexão máxima prevista para uma estrutura proposta para uma
determinada expectativa de vida de fadiga que vem da expressão de deflexão admissível
estabelecida para o projeto de reforço (Preussler, 1983, DNER PRO 269/94).
68 TED n° 682/2014
- Classificar os solos finos coesivos ocorrentes com frequência em subleitos de
acordo com os parâmetros de resiliência agrupados em três classes (adotadas
após certo número de ensaios triaxiais dinâmicos):
Solos Tipo I: Solos com baixo grau de resiliência - apresentam bom
comportamento, como subleito e reforço de subleito, com possibilidade
de utilização em camada de sub-base;
Solos Tipo II: Solos com grau de resiliência intermediário - apresentam
comportamento regular como subleito, e
Solos Tipo III: Solos com grau de resiliência elevado - Não é
aconselhável seu emprego em camadas de pavimentos, nem mesmo
como subleito.
- Calcular a Deflexão admissível ( D ) na superfície em função do número N
(expressão 3) que é proveniente do Método DNER PRO 269/94 e adotar para
deflexão de projeto um valor menor do que esta (DP ≤ D ) para entrar na
expressão 2;
- A resiliência excessiva da estrutura projetada é limitada pela espessura máxima
da camada granular (expressão 4) e no cálculo da espessura mínima de solo
argiloso de baixo grau de resiliência, capaz de proteger o subleito de má
qualidade quando à sua deformabilidade;
- Pode-se adotar camada de sub-base ou reforço de subleito, obtendo-se a
espessura pela expressão 5, iterativamente;
- O coeficiente estrutural da camada asfáltica, neste método chamado “valor
estrutural” varia com o tipo de subleito e com o Número N do tráfego, podendo
variar de 4 a 2 (este último sendo o único valor indicado para concreto asfáltico
no método do Murillo).
69 TED n° 682/2014
Tabela 12 - Classificação dos solos finos quanto à resiliência (DNER, 1996)
S (%)
CBR (%)
≤ 35 35 a 65 > 65
≥ 10 I II III
6a9 II II III
2a5 III III III
(11)
(12)
Onde:
O critério de cálculo da deflexão admissível (D) a partir dos estudos de Preussler &
Pinto (1982), permitiu estabelecer uma equação para quantificar o número acumulado
de repetições (N) da deflexão (D), que provoca a ruptura por fadiga da camada de
concreto asfáltico, ou seja:
(13)
70 TED n° 682/2014
caracterizar o valor estrutural do revestimento, foram obtidos através de análises de
segmentos construídos na rodovia BR-101/ Niterói - Manilha.
N
Tipo de Subleito
104 105 106 107 108
I 4,0 4,0 3,4 2,8 2,8
II 3,0 3,0 3,0 2,8 2,8
III 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0
(14)
(15)
Onde:
71 TED n° 682/2014
(16)
(17)
Onde:
H PM H CA H PM H CA H CB
Este método foi comparado por Darous (2003) com o método do CBR tradicional e com
um método mecanístico – empírico completo, com cálculo realizado por diversos
programas de análise de tensões e deformações. Foi aplicado para o dimensionamento
de um trecho real de pavimento, com os materiais sendo efetivamente ensaiados e as
tensões e deformações calculadas. Este método se mostrou aberto a decisões do
projetista tomadas de forma subjetivas, podendo ter impacto negativo no
dimensionamento. É um método de certa forma “em loop”, ou seja, uma escolha
impacta nas outras espessuras, mas não há uma forma única de terminar o projeto.
Bezerra Neto (2004) e Bezerra Neto et. al. (2003, 2005) também compararam este
método da resiliência com o método do CBR tradicional e com o mecanístico-empírico
da COPPE. Concluíram que: “estruturas constituídas de subleito arenoso com índice
CBR elevado, dimensionadas pelos métodos mecanístico e da resiliência, exigem
maiores espessuras de revestimento (CBUQ) que as estruturas compostas de subleito
argiloso com menor índice CBR. Na análise comparativa dos métodos de
dimensionamento, constatou-se, para o subleito argiloso, que as estruturas
72 TED n° 682/2014
determinadas pelo método mecanístico apresentaram-se mais delgadas que as
estabelecidas pelos outros dois métodos em questão, independentemente do nível de
tráfego. Comparando-se o método empírico do DNER com o da resiliência, percebeu-se
uma diferença significativa apenas para o tráfego pesado (N=107), onde as espessuras
de capa auferidas pelo primeiro procedimento apresentaram-se 20% maiores que as
determinadas através do segundo. No caso do subleito arenoso, considerando-se
apenas o tráfego médio (N = 106), constatou-se que as estruturas obtidas através dos
três métodos em questão são praticamente similares. Para as estruturas sujeitas ao
tráfego pesado (N = 107), observou-se que as espessuras de capa determinadas pelo
método da resiliência são 14% maiores que as estabelecidas pelo método mecanístico e
7% menores que as definidas pelo método empírico. Quanto ao tráfego muito pesado
(N = 108), verificou-se que as espessuras de capa auferidas pelo método da resiliência
são 11% maiores que as determinadas pelo método empírico e praticamente iguais às
obtidas pelo método mecanístico. Foi observado ainda que os métodos de projeto em
questão possuem sensibilidades diferentes à variação do nível de tráfego. No caso do
método mecanístico, verificou-se que a sensibilidade depende do tipo de material
empregado em toda a estrutura; já no método da resiliência, percebeu-se que a mesma
sofre influência apenas do tipo de subleito, enquanto que no método empírico, a
sensibilidade independe das propriedades mecânicas dos materiais.”
Alguns projetos de pavimentos foram feitos utilizando este método logo que foi lançado
no Manual de Pavimentação de 1996. Mas, a aceitação do mesmo não foi boa e na
revisão seguinte do Manual deixou de constar. Mas, ainda assim, uma constatação que
pode ser feita é que o DNER já sentia necessidade de mudança do método de
dimensionamento e achava que a “resiliência” seria o caminho!
73 TED n° 682/2014
método de reforço e não necessariamente é verdadeira para todos os materiais
granulares;
- O estabelecimento de camadas integradas de misturas asfálticas combinando
relação de módulos de elasticidade ou ponderação por coeficiente estrutural,
considerando somente a possibilidade de a camada inferior ser de pré-misturado;
- A aplicação de equação de deflexão admissível obtida em estruturas de
pavimento antigas como critério de fadiga
- Adoção de valores de “resiliência” por correlação com granulometria e CBR e
não ensaios dos materiais propriamente.
Pode-se criticar, no entanto, o fato de que as expressões propostas não tenham sua
origem claramente anunciada e nem se demonstra a validade experimental dos limites
propostos como critérios para o dimensionamento.
74 TED n° 682/2014
obras civis, o pavimento é uma estrutura que tem a vida útil curta e previamente
definida, embora não necessariamente este tempo represente o colapso total da
estrutura, em geral sendo prolongada por acréscimo de reforço representado por
acréscimo de revestimento.
75 TED n° 682/2014
No caso do método do CBR, os materiais das camadas granulares e do subleito são
qualificados e escolhidos de acordo com o resultado de um ensaio estático e de ruptura
(CBR), e ainda mais, um valor percentual em relação a um padrão arbitrário. Este
ensaio de CBR não reflete o comportamento sob a carga repetida dos materiais e muito
indiretamente se correlaciona somente com o afundamento de trilha de roda, mas não
com a fadiga do revestimento ou das camadas estabilizadas quimicamente. Nos solos
tropicais, a correlação entre o CBR e a deformabilidade, que já é baixa de forma geral,
dificilmente pode ser enquadrada nos modelos convencionais obtidos em climas
temperados ou frios, sendo os módulos de resiliência sempre muito maiores do que os
previstos. Nos materiais do tipo brita graduada há, em geral, uma constatação no sentido
oposto: nem sempre os CBRs altos correspondem a materiais pouco deformáveis sob a
carga repetida. Dependendo da condição de confinamento, os módulos de resiliência das
britas podem ser menores do que de alguns solos finos lateríticos, e menores do que das
lateritas graúdas, estas às vezes apresentando CBRs médios.
76 TED n° 682/2014
O uso do método do CBR também para pavimentos semirrígidos passou a ser
questionado com mais intensidade pelas seguintes razões principais:
77 TED n° 682/2014
refletem em afundamento de trilha de roda (ATR) na superfície do revestimento. Com o
crescimento do número N, crescem as deformações permanentes nos perfis longitudinal
e transversal. Estas são devidas ao somatório das contribuições de todas as camadas, do
subleito ao revestimento e não como se previa antes, só função do subleito. Além da
consideração parcial da deformação permanente, o método empírico de
dimensionamento de pavimentos com revestimento de concreto asfáltico não leva em
conta a fadiga dos materiais (Motta, 1991).
Quanto ao tráfego, também se pode fazer considerações sobre o que era a frota de
veículos na década de 1960 em relação à atual e como os fatores de equivalência de
operações não se adequam mais para representar o dano ao pavimento. O Fator de eixo
da frota atual também é muito maior hoje tendo em vista que há grande número de
configurações combinadas presente nas rodovias federais.
O Volume Diário Médio (VDM) de tráfego de uma via corresponde à média da soma
total de veículos pelo número de dias de levantamento no local. Este período pode ser
de 3 ou 7 dias, com duração de 16 ou 24 horas diárias (totalizados hora à hora e por
categoria). Os levantamentos de campo podem ser realizados de forma manual, por
sistemas automatizados, ou ainda por registro de imagem em meio digital. O VDM
previsto para uma rodovia determina a quantidade de faixas de tráfego são necessárias
por sentido para que o nível de serviço da via seja adequado e não se tenha
congestionamento, entre outros aspectos. Quanto ao impacto do tráfego no pavimento
propriamente dito, este é o que afeta mais diretamente ao dimensionamento.
78 TED n° 682/2014
algumas categorias de veículos, na Figura 13 alguns exemplos reais, e na Figura 14 os
tipos de eixo e seus pesos legais. Hoje é muito comum as configurações combinadas
(CVC), popularmente conhecidas como Romeu e Julieta, bitrem e treminhão, entre
outras, que por suas dimensões tem sido causa de muitos acidentes nas rodovias de
categoria mais simples, especialmente as vicinais ou mesmo estaduais mais antigas,
porque o projeto geométrico das curvas e rampas nem sempre estão adequadas para
estas configurações. Os pneus “supersingle” já são utilizados e mudanças no mix de
carga são devidas também à circulação de veículos provenientes do Mercosul. Em 2006,
mais de 100.000 bitrens trafegavam nas estradas brasileiras.
79 TED n° 682/2014
Figura 13 - Exemplos de veículos combinados e de fluxo numa rodovia federal
80 TED n° 682/2014
Os procedimentos de avaliação do efeito do tráfego sobre os pavimentos têm evoluído
substancialmente. Originalmente, na década de 50, o dimensionamento de pavimentos
chegou a ser feito com o objetivo de evitar que uma carga de certa magnitude (carga
máxima de projeto) levasse a estrutura à falha completa. Procurava-se evitar os danos
causados pela repetição das cargas inferiores à máxima através da consideração de um
acréscimo à carga máxima de projeto.
O eixo legal brasileiro é um eixo simples de roda dupla, carregado com 8,2 toneladas.
Este eixo não é igual em todos os países, por exemplo, na França usa-se 13 t, em outros
países 11,5 t. Outro aspecto importante é a pressão de contato, considerada igual à
pressão de enchimento do pneu, que no eixo padrão brasileiro é de 80 psi e corresponde
a uma pressão de contato de 0,56 MPa. Hoje as pressões mais comuns são de 0,80 MPa.
81 TED n° 682/2014
Os veículos de passeio (automóveis) não são considerados no cálculo do N, só os
veículos comerciais de carga e passageiros (ônibus e caminhões). Isto porque o
automóvel pesa muito pouco em relação aos caminhões, portanto causa dano muito
baixo ao pavimento.
Não dá mais para ignorar esta realidade presente nas estradas, e é mais um ponto a ser
questionado quanto ao método do CBR. Hoje, um N = 109 já parece “rotina” nos
projetos de trechos federais. É muito risco para continuar usando os gráficos de 1966,
com o empirismo com que foram criados pelo Eng. Murillo Lopes de Souza, muito bons
para aquela época.
Resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a
superfície de rolamento.
Nesta definição está clara a natureza do pavimento como tendo uma função estrutural
(capacidade de carga), que comanda o dimensionamento. Porém, mais do que calcular
espessuras, dimensionar é calcular espessuras de um conjunto de camadas que
trabalham juntas e, portanto, é necessário se compatibilizar os materiais.
clima;
82 TED n° 682/2014
critérios de ruptura (como definir vida útil).
83 TED n° 682/2014
(1) Couro de jacaré - fadiga (2) Medida de ATR
Em 1991, foi proposto um método mecanístico-empírico completo para uso no país por
Motta (1991). Foi feita uma compilação do conhecimento da época, especialmente da
experiência de ensaios e estudos realizados na COPPE, sob a orientação do Prof.
Jacques de Medina, desde a década de 1970. Baseia-se no fluxograma mostrado na
84 TED n° 682/2014
Figura 16, e pode ser resumido no roteiro apresentado em seguida. Este método passou
a ser citado em alguns trabalhos como "Método da COPPE” quando se utilizam neste
roteiro os critérios de dimensionamento propostos nesta tese.
Vê – se, pelo fluxograma, que é necessário ter como dados de entrada os dados do clima
do local onde o pavimento vai ser construído, os dados dos materiais disponíveis para as
camadas e o tipo de material do subleito, os dados do tráfego e dos métodos
construtivos.
85 TED n° 682/2014
No caso do clima, duas considerações são importantes: o clima hoje, em seus dois
aspectos: a temperatura e a pluviosidade e o clima ao longo dos tempos geológicos,
ambos são de regiões tropicais o que determina a formação dos solos e a umidade de
equilíbrio ao longo da vida útil.
86 TED n° 682/2014
alterar as espessuras e refazer os cálculos de tensões e deformações e a
comparação com os limites exigidos para o nível de tráfego de projeto.
– Deflexão máxima admissível na superfície (D): log Dadm = 3,148 – 0,188 log Np, em
0,01 mm, DNER PRO 269/94, que corresponde a um critério resultante de uma tese
de doutorado da COPPE/UFRJ (Preussler, 1983), que utilizou a mesma ferramenta
de cálculo (FEPAVE) e que é um parâmetro facilmente mensurável em campo;
Durante as décadas de 1990 e 2000 muitos trabalhos foram feitos de comparação entre o
Método do CBR/DNER e alguns métodos mecanísticos-empíricos. Não será feito um
balanço completo destes, mas para ilustrar alguns resultados obtidos, são citadas duas
dissertações bem detalhadas: Benevides (2000) e Bezerra (2004) que compararam dados
de projeto de pavimentos onde os materiais foram efetivamente ensaiados, tanto pelo
CBR quanto pelos ensaios de carga repetida, usando o método da COPPE.
Muitas conclusões foram obtidas nestes dois estudos, ressaltam-se aqui algumas delas.
É preciso comentar que, um método mecanístico tem sempre uma parcela empírica que
são os ajustes dos critérios de dimensionamento a partir de trechos monitorados. Estes
ajustes, denominados genericamente de “fator campo-laboratório”, são determinantes no
87 TED n° 682/2014
dimensionamento, e, portanto, nesta comparação entre métodos. Daí atualmente serem
denominados “método mecanístico-empírico”. Outra questão é que um método
mecanístico não veio necessariamente para “diminuir” espessuras, como parece algumas
vezes ser o pensamento de alguns, mas sim, para tornar a análise do pavimento asfáltico
mais realista e mais de acordo com os princípios da Mecânica dos Pavimentos.
Bezerra Neto (2004) comparou os métodos para materiais de Campo Grande, MS,
também executando todos os ensaios dos materiais. Na análise comparativa dos dois
métodos de dimensionamento, verificou que o método mecanístico permite que os
materiais locais sejam mais bem aproveitados, possibilitando redução nos custos de
construção e manutenção dos pavimentos. Constatou-se também que o método do
DNER superdimensiona as estruturas em alguns casos e subdimensiona em outros,
88 TED n° 682/2014
dependendo dos materiais e do volume de tráfego. A consideração do critério de
confiabilidade no dimensionamento mecanístico pode gerar estruturas semelhantes às
determinadas pelo método do DNER, desde que assumidos níveis elevados de
confiança. A obtenção do comportamento à deformação permanente dos materiais é de
extrema importância para se projetar um pavimento.
89 TED n° 682/2014
condições admissíveis. São os sistemas PAVE2000 (Franco, 2000) e SisPav (Franco,
2007). O conhecimento das tensões e deformações em cada estrutura é a única forma
que permite avaliar a ocorrência de fadiga durante o período de projeto aliada à
deformação permanente. A teoria da elasticidade permite a previsão do estado de tensão
e deformação, desde que os parâmetros elásticos sejam determinados em condições
similares ao carregamento que ocorre no campo.
Na França desde a década de 1980 se usa um programa conhecido como ALIZÉ para
cálculo de tensões–deformações nos pavimentos. A primeira versão oficial do método
de dimensionamento mecanístico – empírico com o ALIZÉ é de 1994. Este programa
permitiu, em 1998, o estabelecimento de catálogo de soluções de pavimentos asfálticos
em função do volume de tráfego e do módulo de resiliência do subleito, tendo os
materiais das camadas de base e sub-base e de revestimento especificados pelos
módulos de elasticidade. Em 2011 foi lançada nova versão do ALIZÉ – LCPC Software
1.3, que constitui ferramenta regulatória para projeto de pavimentos para a rede federal
francesa, também adotado por outras agências. O Manual do programa, obtido na
internet (www.itech-soft.com/alize/download/en/ALIZE-MU-V130-GB.pdf) apresenta as
bases racionais do método. Este programa também permite levar em conta os efeitos do
90 TED n° 682/2014
gelo-degelo no dimensionamento do pavimento, importante fator para a região da
França e de outros países de clima frio e temperado. O programa tem um módulo de
cálculo de tensões e deformações geradas na estrutura do pavimento pelo tráfego e um
módulo de retroanálise das bacias de deflexão para permitir a obtenção dos módulos
elásticos dos materiais das camadas e com isto fazer a avaliação estrutural de um
pavimento em uso e o projeto do reforço se necessário. O programa dispõe de telas de
entrada de dados e uma biblioteca de valores típicos, inclusive os valores de
especificação de materiais para as várias camadas do pavimento.
Nos EUA o método mecanístico-empírico da AASTHO data de 2002, mas já teve várias
versões ao longo destes últimos anos. Após várias fases de revisão desta primeira
versão, está em vigor o método de dimensionamento chamado Mechanistic – Empirical
Procedure Design Guide (MEPDG). Este engloba num mesmo software o
dimensionamento de pavimentos asfálticos (flexíveis) e de concreto de cimento portland
(rígidos), novos e reabilitados.
91 TED n° 682/2014
topo - base (top-down), trincas térmicas, e irregularidades superficiais (International
Roughness Index ou IRI).
O estudo dos pavimentos pode ser dividido no estudo dos materiais de pavimentação,
nos métodos de dimensionamento, nos métodos construtivos e nos métodos de
avaliação e medidas de desempenho.
92 TED n° 682/2014
A Mecânica dos Pavimentos está estabelecida como uma área do conhecimento há
algumas décadas e seus conceitos básicos são importantes como uma introdução a
novas formas de investigar os materiais e fazer os dimensionamentos de pavimentos
novos e de reforço.
93 TED n° 682/2014
3. MÉTODOS DE PROJETO DE REFORÇO
O pavimento é a estrutura da engenharia civil que tem sua vida útil expressa de forma
explícita na fase de projeto, e em geral é um tempo de vida relativamente curto se
comparado a outras obras tais como edificações e barragens, por exemplo. O principal
carregamento do pavimento sendo as cargas móveis resulta que os materiais geralmente
empregados nos pavimentos asfálticos tem sua vida útil limitada pelo número de ciclos
de repetição de eixos.
A definição do fim da vida útil de um pavimento depende então dos critérios limites
adotados. Ao final de um número geralmente grande de aplicações de carga os defeitos
apresentados pela superfície comprometem o desempenho funcional (segurança e
conforto) e estrutural (falta de capacidade de carga). Fazendo–se uma intervenção
corretiva num estágio de degradação restrita, pode-se restabelecer a capacidade de carga
do pavimento pela superposição de uma nova camada de revestimento, à qual se dá o
nome de reforço. Mais genericamente pode-se falar em restauração que é um conjunto
de operações destinadas a restabelecer na íntegra ou parcialmente as características
técnicas originais de um pavimento (intervenções).
Na maioria das vezes, o fim da vida útil não está associado à ruptura total do pavimento
nem à necessidade de reconstrução total da estrutura, mas sim à reposição do aspecto
não conforme, seja em relação à capacidade de carga seja ao conforto ao rolamento ou
outro. A escolha do momento da intervenção de correção do nível de dano de um trecho
94 TED n° 682/2014
é elemento importante para diminuir o custo da restauração e também aumentar as
chances de prolongar a nova etapa de vida daquele trecho em condições adequadas.
Veja que a deflexão é o principal critério de decisão nos três métodos de projeto de
reforço do DNER/DNIT mais usados, que serão comentados nos próximos itens, no
entanto, não é este o critério de ruptura do método de dimensionamento dos pavimentos
novos do DNER/Murillo, como visto.
A medição de deformabilidade dos pavimentos com uso da viga Benkelman (VB) foi
iniciada no país na década de 1960. Coube a iniciativa aos engenheiros Nestor José
Aratangy (1962) e Francisco Bolívar Lobo Carneiro (1965). Souza (1964) também
comenta sobre o uso da VB para projeto de reforço. Na Figura 16 tem-se o Engenheiro
Francisco Bolívar Lobo Carneiro apresentando a Viga Benkelman numa palestra na
década de 1960 (Pereira, 2010).
95 TED n° 682/2014
Figura 17 - Engenheiro Francisco Bolívar Lobo Carneiro apresentando a Viga
Benkelman (Fonte: Pereira, 2010)
96 TED n° 682/2014
Figura 19 - Exemplo de curva de desempenho de um pavimento considerando a
deflexão (DNER PRO 11/79)
A Figura 20, adaptada de Haas e Hudson (1978), mostra a inter-relação entre o Índice
de Serventia, a vida útil do pavimento e o efeito causado pela postergação na aplicação
das atividades de manutenção ou restauração requeridas. Verifica-se que o Índice de
Serventia teve uma queda de 40%, após o pavimento consumir 75% de sua vida útil.
Nos 17% seguintes de vida útil, o Índice de Serventia caiu mais 40% evidenciando a
importância da intervenção de manutenção. Vê-se que ao se deixar de aplicar R$ 1,00
na época certa, este valor passa de R$ 1,00 para R$ 4,00 se aplicado após grande perda
de serventia, aumento de 300% no custo da restauração, devido à postergação.
97 TED n° 682/2014
O reforço do pavimento pressupõe um acréscimo de espessura por adição de camada
asfáltica com o objetivo de corrigir defeitos estruturais e funcionais e prolongar a vida
de serviço do pavimento. Os procedimentos de projeto de reforço visam estimar as
espessuras de reforço pelo conhecimento do histórico do pavimento, características dos
materiais e meio ambiente, e avaliações estrutural, funcional e de segurança.
As avaliações devem ter papel relevante nos projetos de restauração, tendo em vista que
um bom diagnóstico da situação existente facilitará a identificação das possíveis causas
dos defeitos observados e a definição das soluções mais adequadas.
98 TED n° 682/2014
3.1. PROCEDIMENTO ou MÉTODO PRO 10 OU MÉTODO A
Mas, ao se consultar a publicação de Pereira (1973), fica claro que o Eng. e Prof.
Armando Martins Pereira é o autor dos gráficos que são utilizados na versão
normalizada pelo DNER em 1979, embora não fique claro também o porque de algumas
mudanças que aparecem nesta versão oficial. Algumas observações serão feitas ao
longo desta revisão sobre alguns destes pontos de divergência.
99 TED n° 682/2014
– 6.1 – Deflexão admissível = f (N) e estrutura do pavimento quanto à
espessura do revestimento e CBR do material da base.
(Esta deve ser calculada para o Npassado para saber se tem vida restante e
para o Nfuturo para o cálculo do reforço).
Pinto e Preussler (2002) detalham os passos deste método PRO 10, explicando as
adaptações que foram propostas para as condições brasileiras apoiando alguns dados em
material preparado por Suzuki (1999). Mas, as origens detalhadas dos gráficos estão
mesmo em Pereira (1973).
Pereira (1973) explica como foram montados estes gráficos a partir dos originais do
método da Califórnia de 1967, com as hipóteses admitidas na sua concepção. Diz
Pereira:
Nas Figuras 20, 21 e 22 estão apresentados os três principais gráficos que compõem este
procedimento, na forma como estão na instrução PRO 10/79 do DNER, que são os
citados por Armando M. Pereira desenvolvidos a partir dos gráficos originais do CDH,
bem distintos destes, o que comprova que os gráficos brasileiros foram realmente
criados por Pereira. A pouca qualidade das figuras aqui reproduzidas é reflexo da
condição dos mesmos na própria norma citada.
As referências (2) e (3) que são citadas no primeiro parágrafo retirado de Pereira (1973)
são as seguintes:
Como o trabalho de Pereira (1973) é muito detalhado e mostra como foi a concepção
das adaptações feitas por ele, com as limitações da época, e é um arquivo original de
divulgação restrita, resolveu-se colocar o mesmo no ANEXO 3 deste relatório. Percebe-
se então que alguns gráficos não foram aproveitados embora a concepção geral sim.
Pode-se supor que o trabalho original tenha parte empírica, que certamente foi
influenciada pelo ambiente onde foi feita a aquisição dos dados: as condições de solo,
clima e de tráfego. A transposição para o Brasil pode ser questionada por este aspecto e
o próprio Pereira levanta algumas limitações.
(18)
(19)
sendo:
(20)
(23)
Portanto, a concepção integrada deste método, que é um aspecto muito positivo, deve-se
ao professor Armando, com sua ampla visão de projetista e estudioso.
• IGG < 180 , Dadm < DP< 3 Dadm= fase elástica = projeto de reforço.
Onde:
Este método tem várias características boas que são: ponderar a avaliação estrutural e
funcional na decisão da avaliação da vida restante, considerar deflexão admissível em
função da estrutura, prever a possibilidade de reflexão de trincas e uso de camadas
integradas. No entanto, não há como considerar válido até hoje o uso de nomogramas
importados e as correções arbitrárias dos valores dos parâmetros de entrada de dados.
Também as camadas integradas são somente de “acréscimos” de espessuras, às vezes
até configurando uma nova base e um novo revestimento. Isto interfere muito na
geometria da via, nos acostamentos e na drenagem, o que torna questionável esta
vantagem relativa.
Tem como ponto positivo o fato de levar em conta avaliação funcional e estrutural do
pavimento, embora o uso somente da deflexão máxima não garanta uma adequada
análise da contribuição de todas as camadas para a capacidade de carga. Assim, não é
- Além disso, o método não faz referência a procedimentos que podem ser
bastante eficazes em controlar ou atenuar o trincamento por reflexão, tal
como a aplicação prévia ao recapeamento de um TSD ou de uma Massa Fina
de Pré-Misturado a Quente, que podem "obturar" parcialmente as trincas de
maior abertura, além de formarem uma interface de menor rigidez entre o
pavimento trincado e a camada de recapeamento, atenuando a concentração
de tensões na camada de recapeamento.”
Como exemplo, têm-se as expressões seguintes que foram desenvolvidas para substituir
os nomogramas tais como:
1) Bonfim et al (1996):
(24)
(25)
Para o nomograma 4:
(28)
(29)
(30)
Ou:
(31)
Para o Nomograma 3:
(32)
(33)
Onde:
P = 92,857 para macadame betuminoso
P = 97,222 para PMF aberto
P = 99,138 para PMQ aberto
Também tem o fato de ter sido desenvolvido para uso das deflexões obtidas com a Viga
Benkelman e hoje vários equipamentos com melhor desempenho estão em uso no país.
Se já tem uma correção arbitrada para corrigir a deflexão máxima entre cargas usadas na
viga, como considerar outros equipamentos?
Desde que a viga Benkelman foi introduzida no Brasil na década de 1960 sabe-se que a
medida da bacia deflectométrica é mais importante do que só a deflexão máxima para se
Medina et. al. (1994) concluíram que não há possibilidade de se obter unicidade nas
correlações entre dois equipamentos diferentes, e que devem ser utilizadas correlações
somente quando houver aproximação entre as condições que resultaram nas equações de
correlação e a condição em que se pretende aplicar tal correlação. A não observância de
diferenças de condições climáticas, constituição das estruturas do pavimento, modo de
carregamento e método de ensaio empregado, podem acarretar elevados desvios.
Bernucci et. al. (2008) também ressaltam as diferenças entre os valores numéricos de
avaliação estrutural realizados utilizando-se cada tipo de equipamento que pode ser
usados para levantamentos da condição estrutural de pavimentos, para análises de rotina
ou para projeto de reabilitação. E não é possível estabelecer uma correlação universal
entre eles.
Enecon (2004) pondera que, de forma geral, os métodos de projeto de reforço que se
baseiam em deflexão máxima admissível, são simplificados e podem sofrer as críticas e
ponderações seguintes:
O trabalho de Ruiz, de 1964, ganhou o “Prêmio Pontes Corrêa” da ABPv; e seu título
foi : “Sobre el Calculo de Espesores para Refuerzo de Pavimentos”. Este trabalho teve
grande aceitação no meio técnico da época e inspirou a norma do DNER PRO-11/79 de
projeto de reforço conhecida como “método de Ruiz”.
Ruiz (1964) baseou seu trabalho em experimentos de medida de deflexão antes e após a
construção de revestimento e recapeamentos, onde concluiu que a diminuição da
deflexão é proporcional à própria deflexão: quanto maior a deflexão maior a facilidade
para diminuí-la. Assim, a relação logarítmica se ajusta melhor aos pontos.
(34)
Integrando vem:
(35)
A fórmula de Ruiz (1964) final para cálculo da espessura de reforço em concreto asfáltico
é expressa como:
R D
h= log10 0 (36)
0,434 Dh
Onde:
h = K log10 D0 (37)
Dh
Recomendou-se como referência K = 40, quando do estabelecimento do método PRO
11/79 que corresponde ao R = 17, que se havia adotado, na Argentina em 1971,
multiplicado pelo fator 0,434, relação entre os logaritmos decimal e natural.
Os passos iniciais para a aplicação do método são bem parecidos com os que foram
descritos no método A (PRO 10):
6. Raio de curvatura.
7. Comparar com critérios de projeto:
Embora parecido na estruturação com o PRO 10, nota-se que neste foi introduzido o
conceito de raio de curvatura, ponto importante que tenta avaliar uma parte da bacia
defletométrica e não só a deflexão máxima, e não se manteve a análise da parte
funcional, com a verificação do grau de trincamento.
6250
R=
2 D0 - D25 (38)
O valor de R = 100m foi escolhido arbitrariamente como o limite abaixo do qual não se
manifesta mais o “efeito de placa”, e as trincas passam a comprometer a resistência à
tração do revestimento e a resistência à fadiga.
Os dois gráficos constantes no Método PRO 11 na verdade não precisam ser utilizados
já que se têm as expressões matemáticas dos mesmos no próprio método, que são:
(39)
(cuja origem foi: a média de expressões da literatura da época de 1979 – ano da
normalização, informação prestada pelo Eng.º João Menescal Fabrício, que participou
da equipe que elaborou a normalização do procedimento)
(40)
K = “potência” do reforço
K = 40 para reforço em concreto asfáltico.
(o procedimento fala em verificar in situ, com um trecho experimental este valor, mas
como fazer isto hoje em dia, depois das licitações?).
Os problemas principais que se pode levantar sobre este método são os seguintes,
algumas muito parecidas com as críticas já feitas sobre o PRO 10:
Quanto ao N, no texto da norma cita-se somente o que é o N, sem menção a como obtê-
lo. Então, admitia-se que fosse o mesmo calculado para o projeto de pavimentos novos.
Só muito recentemente é que surgiu essa "novidade" de dizer que deveria usar os fatores
de equivalência de carga ou de operações (FEC) da AASHTO nesta expressão de
deflexão admissível. Quando o método foi normalizado em 1979 não se tinha definidos
em nenhuma publicação do DNER estes fatores ditos da AASHTO, que foram
"introduzidos" oficialmente no DNER somente no PRO 159 em 1985, como resultado
da pesquisa ICR.
Conversando com o saudoso João Fabrício, um dos autores do PRO 11 ele falou aos
autores deste relatório (nos anos 2000) textualmente que a equação de deflexão
admissível foi estabelecida como uma média de equações da literatura da época, a
maioria americana, embora algumas fossem europeias. Assim, o N deveria ser o da
AASHTO, mas mesmo assim seria uma aproximação. Por outro lado, sabe-se que no
método da AASHTO da década de 70-80 as expressões de fator de equivalência de
As misturas asfálticas desta época em muitos casos eram executadas com ligante
asfáltico 85/100, como mostra o valor de módulo de resiliência encontrado neste projeto
PAEP. Hoje, que são usados ligantes asfálticos muito mais consistentes, os módulos de
resiliência são muito maiores, sendo seu efeito também diferente como redutor das
deflexões. Portanto, manter o K fixo mostra-se um ponto vulnerável neste método.
Mantém como limitação importante o uso somente da deflexão máxima nas análises,
embora a introdução do parâmetro “raio de curvatura” adicional à deflexão máxima tenha
sido uma tentativa de avaliar a severidade da bacia de deflexão sem medi-la totalmente.
Hoje a retroanálise a partir da bacia de deflexão dispensa o critério de raio de curvatura
mínimo na avaliação estrutural, e percebe-se que é muito precária a análise baseada
somente no raio de curvatura.
Dizem Ricci e Vasconcelos (1982) que um dos objetivos finais desta pesquisa seria a
escolha de um método de projeto de reforço (recapeamento) mais adequado às
condições de tráfego, clima e disponibilidade de materiais, com base principalmente nas
observações do projeto C. Esperavam que os resultados observados satisfizessem os
aspectos teóricos, fossem compatíveis com a experiência nacional, menor custo,
variáveis fáceis de serem obtidas e capacidade de receber inovações vindas das
pesquisas recentes.
Somente com a incorporação dos trechos da pesquisa ICR foi possível então estabelecer
um número razoável de segmentos para permitir a análise de regressão dos dados e o
estabelecimento das bases de um novo método de projeto de reforço que resultou no
PRO 159/85. Parte dos dados da pesquisa ICR aproveitados para o projeto PAEP estão
mostrados nos relatórios de 1983 e 1984 onde constam dados obtidos de julho de 1977 a
junho de 1984, embora com períodos variáveis em cada trecho, constando de 8
segmentos distribuídos por RS, MG e BA, que pela combinação de espessuras utilizadas
resultou em um número maior de seções (Ricci, et. al., 1983; Ricci e Vasconcelos,
1984).
– Idade do pavimento
– CBR do subleito
– Período de análise
O Número estrutural corrigido – SNC foi adotado por influência dos consultores
americanos como tentativa de levar em conta a atual estrutura do pavimento existente.
(41)
(42)
Onde:
ai = coeficientes estruturais; e hi = espessuras das camadas.
a) Revestimentos:
a1 = 0,04 para tratamento superficial
a1 = 0,07 para concreto asfáltico com espessura até 3cm
a1 = para concreto asfáltico com espessuras superiores
a 3 cm, cujo módulo de resiliência medido a 30ºC, deve ser expresso em MPa.
Na impossibilidade de sua determinação utilizar o valor MR = 2942 MPa
(30.000 kgf/cm2).
b) Bases granulares:
a2 = (11,47CBR2 - 0,07783CBR22 + 1,772 x CBR32 x 10-4)
onde: CBR2 = Índice de Suporte Califórnia da sub-base.
c) Sub-bases granulares:
a3 = 0,00394 + 0,02559 logCBR3
onde: CBR3 = Índice de Suporte Califórnia da sub-base
Restrição: a3 ≤ 0,045
f) Reforço do subleito
a4 = 0,00394 + 0,02559logCBR4
O Período de análise e os tráfegos, passado e futuro (N), são essenciais na análise tendo
em vista que fazem parte das equações de desempenho.
Este método, na época em que foi lançado, além da parte escrita, compunha-se de um
programa de cálculo automático para fazer todas estas análises considerando até os
custos unitários de cada solução. Assim, as várias combinações possíveis de solução por
etapas poderiam ser analisadas em termos de efeito nos orçamentos plurianuais, como é
próprio da gerência de pavimentos. No entanto, com as mudanças nos sistemas
operacionais dos computadores este programa não está mais disponível ao que parece.
Pela página do órgão não se tem menção de versões deste programa atualizadas.
As restrições e critérios para o projeto não são fixos, podem ser escolhidos de acordo
com o trecho analisado, mas a título de ordem de grandeza, apresentam-se os valores
mostrados na Tabela 15 como exemplos.
O método admite que a lama asfáltica (LA) não corrige o QI, provavelmente pela sua
baixa espessura, porém se admite que LA corrija o trincamento, sem fazer ressalva
nenhuma sobre até que grau de trincamento ou que porcentagem de área trincada.
Segue-se a isto a avaliação econômica das alternativas e seleção final das possíveis
combinações de alternativas que garantam a vida útil durante o período de projeto
adotado (por exemplo, 10 anos) tais como: TSD + TSD, LA + TSD; LA + CBUQ, TSD
+ CBUQ, etc.
Para todos os outros defeitos, existem pares de equações parecidas com estas, e para os
tipos de restauração possíveis (CBUQ, TSD e LA), compondo então as 9 equações.
Os fatores de veículos que devem ser utilizados para cálculo do número N a ser usado
nesta norma são os indicados na Tabela 16, ditos da AASTHO.
As origens de cada uma destas expressões estão relatadas em Queiroz (1981, 1982) e
apresentadas de forma sucinta em Soares e Motta (2001). Na ordem em que aparecem
na tabela, as origens são as seguintes: GEIPOT (1977), AASTHO (1972), AASTHO
(1972) e, Treybig e Von Quintus (1976). O critério de equivalência de operações é o de
perda da serventia na superfície e são afetados pelo SN adotado no caso da AASTHO.
No Anexo VII do relatório final é apresentada uma análise da base técnica dos métodos
do DNER para projeto de pavimentos, novos ou restaurados, levando em conta a
experiência de projetistas com a utilização desses métodos. As vantagens e
desvantagens de cada método são apontadas. Os métodos foram avaliados em termos de
seu poder de previsão do desempenho esperado para os pavimentos, a partir do
Portanto, pode-se dizer que Fabrício e Fabrício (2007) mostraram uma possibilidade de
melhorar as previsões de recapeamento acoplando uma análise mecanística às equações de
previsão do PRO 159.
Pode ser considerado um método avançado quando foi estabelecido, mesmo que
empírico, mas com a vantagem de ter sido estabelecido com dados de trechos nacionais.
No entanto, a falta de revisão das curvas de desempenho acabou prejudicando a eficácia
das previsões e, portanto, comprometendo seu uso.
É sabido que estas equações foram estabelecidas com grande margem de erro nas
previsões, mostrando todas elas coeficientes de regressão muito baixos. Também o
tempo de observação dos trechos foi muito pequeno, especialmente as utilizadas nas
equações após o reforço, o que leva à extrapolação intensa do espaço de inferência. O
fato de também aparentemente ter pouca valorização da condição estrutural já que não
examina o nível das deflexões na tomada de decisão das restaurações, faz com que
muitas vezes as espessuras de reforço calculadas por este procedimento sejam muito
pequenas comparadas às calculadas pelos outros métodos quando a deflexão é elevada,
especialmente.
O fato das equações também terem sido estabelecidas com dados obtidos com a viga
Benkelman trazem dificuldade para serem usadas com deflexões medidas com
equipamentos diferentes como é comum atualmente.
≥10 I II III
6a9 II II III
(46)
Onde:
hef – altura efetiva de revestimento (cm)
Dc – deflexão característica
I1 e I2 – parâmetros que representam o tipo de subleito.
− Adotar Ι1 = 0 e Ι2 = 1
(47)
(48)
− Hpm = 0,40 HR
− Hca = HR - Hpm
Como este método teve sua origem na COPPE e está descrito em detalhes em Medina e
Motta (2015), que são os autores deste relatório, reproduz-se aqui parte do texto
presente no livro citado sobre as suas origens, nos próximos parágrafos.
Mas há que se considerarem algumas restrições dos estudos então realizados, a saber:
2. Foram objeto de estudo rodovias federais dos estados do Rio de Janeiro, Minas
Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, portanto, apenas 6 dos
25 estados e o Distrito Federal. Os pavimentos existentes haviam sido dimensionados
pelo método do DNER.
Os solos do subleito e das camadas de reforço do subleito (pode ser considerado uma
primeira sub-base em contato com o subleito) foram agrupados em três tipos de
características resilientes, representadas na Figura 25 e cujas características físicas são
as seguintes:
15.000
MR( kgf/cm 2 )
Tip
CONSTANTES
SOLO K4
o
K1 K2 K3
I
K3
1
K2
5.000
Tip 1
oI K4
I
Figura 25- Modelos de resiliência adotados para os subleitos Tipo I, II e III por
Preussler (1983) como representativos dos subleitos brasileiros.
Os materiais granulares utilizados em camadas de sub-base (CBR ≥ 20, IG=0) e de
base, ensaiados à compressão triaxial com carga repetida (20 ciclos por minuto; duração
de carga de 0,14 segundo), em corpos-de-prova de 5 x 10 (cm) sofriam o escalpo da
fração maior de 4,8mm (peneira nº 4) quando graúdos. Só em 1987 é que se começou a
ensaiar britas e corpos-de-prova de 10 x 20 (cm) e novos modelos de resiliência
passaram a ser reconhecidos. Para o estudo paramétrico feito para estabelecer o método
M R = 5000 3
0,88
simplificado de reforço, Preussler (1983) adotou a expressão:
(kgf/cm2), como representativo dos solos de base e sub-base ensaiados até aquela data
na COPPE.
Com os dados assim definidos, procedeu-se à análise pelo método dos elementos finitos
(programa FEPAVE2) num estudo fatorial que compreendeu:
O cálculo das tensões e deformações (estas, a partir dos deslocamentos) foi feito para a
carga de eixo simples de roda dupla de 80 kN (ou 8,2 tf). Considerou-se precariamente
a validade da superposição dos efeitos, a despeito do comportamento não-linear e da
simetria axial. Considerou-se uma espessura efetiva do revestimento deteriorado ou
trincado, como a espessura mais delgada de um revestimento intacto que desse à
estrutura do pavimento a mesma deflexão máxima do pavimento em causa.
Pelos gráficos da Figura 27, percebe-se que acima de 20 cm de reforço são pequenas as
reduções de deflexões, e outra solução de restauração deve ser adotada, como uma
camada inferior de pré-misturado no reforço por exemplo.
Para cada uma das 96 estruturas do fatorial estudado, pode-se determinar não só a
deflexão causada pela carga de referência como a diferença de tensões (Δσ) na fibra
inferior do revestimento.
2,5
camada granular, Hcg
< 45 cm > 45 cm
A: solo I A 1 : solo I
2,0 B: solo II B1 : solo II
C: solo III C 1 : solo III
C1
Deflexão medida, mm
B1
1,5
A1
C
1,0
B
0,5
0
0 5 10 15
Preussler e Pinto (1983) multiplicaram por 100 (fator laboratório – campo) o valor do
ensaio para se ter as curvas de fadiga nas condições de pavimento, seja:
Nf = 100 N.
Com pares de valores de Nf e D obtidos de análise dos perfis do fatorial, obtiveram-
se os dados da Figura 28. Para duas faixas de valores da espessura de revestimento
hr, obtiveram-se as equações de correlações estatísticas de deflexão admissível:
log D = 3,148 - 0,188 log Nf; com r2 = 0,92, para hr < 10 cm (49)
log D = 3,479 - 0,289 log Nf; com r2 = 0,82, para hr ≥ 10cm (50)
1000
Delfexão admissível, 0,01mm
100
D
B
A
C
10
1
5 6
10 10 10 7 108
Vida de fadiga do revestimento asfáltico (N )
f
As curvas das Figuras 26 – de (a) a (f) – que permitem calcular a deflexão (em 0,01mm)
no centro do semi-eixo (eixo de 8,2tf ou 80kN), após o reforço, em função da espessura
efetiva do revestimento antigo, hef, e da espessura do reforço Hr, admitida, foram
modeladas matematicamente como segue:
2
238,140
D p =
(51)
r
H + 19,015 + 1,357 h ef - 1,016 I 1 - 3,893 I 2 - 5,230 I 3
O valor de I3 é nulo quando a espessura da camada granular, Hcg, for igual ou inferior a
45cm; é igual a 1 quando Hcg for maior que 45cm.
238,14
hREF 19,015 1,357.hEF 1,016.I 1 3,893.I 2 (52)
D ADM
- Pode-se comentar sobre este método que hoje, com muitos projetos utilizando
avaliação estrutural com o FWD, desaparece em parte a necessidade de se inferir
a deformabilidade resiliente do subleito através de associações com a
granulometria da fração fina.
- Também o trincamento por reflexão não é mencionado no método como uma
possível causa de deterioração acelerada da camada asfáltica de recapeamento,
independe do nível de deflexões do pavimento.
- A preocupação com espessas camadas granulares, resultante dos primeiros
ensaios de carga repetida com corpos de prova de pequenas dimensões e com o
programa de elementos finitos FEPAVE2, desconsiderou que uma camada
granular pode eventualmente contar com significativas tensões horizontais
residuais deixadas pela compactação, de modo que as tensões atuantes na
camada não são apenas aquelas decorrentes da aplicação das cargas do tráfego.
Cabe especificar energia modificada para estas camadas e garantir efetivo grau
de compactação.
- Contudo, em segmentos estudados no âmbito federal por Pinto e Preussler, ficou
evidenciado que, em alguns casos, especialmente aqueles envolvendo saibros,
Um dos maiores problemas tem sido que, pela facilidade de utilização do FWD, quer-se
manter os métodos empíricos de projeto de reforço citados, mas fazendo as medições das
deflexões máximas com este ou outro equipamento mais moderno e por correlação, obter a
deflexão de projeto correspondente à VB.
d=1,66m
VISTA DE CIMA
Uma discussão recorrente no país tem sido o estabelecimento destas possíveis correlações
entre as deflexões medidas com a Viga Benkelman, de larga tradição no Brasil e as
medidas nos mesmo pontos com FWD. Medina et. al. (1994) concluíram a
impossibilidade de se obter unicidade nas correlações entre dois equipamentos
Durante muito tempo, desde a década de 1950, a deflexão máxima sob a carga das rodas
(centro do carregamento) tem sido o principal parâmetro para a avaliação estrutural e
dimensionamento de reforço. O método PRO 269/94 também segue esta linha, apesar do
desenvolvimento teórico que foi utilizado na definição das expressões que o compõem.
Figueiredo e Laboisière (ABPv, 1986), Bonfim, Pitta e Susuki (ABPv, 1996), Monteiro
(1996) e Koeler (1998) são alguns dos trabalhos de comparação entre os métodos de
projeto de reforço. Todos mostram diferenças marcantes entre os resultados para várias
combinações de parâmetros.
Figura 31 - Resultados das espessuras de reforço obtidas pelos métodos do DNER para
várias combinações de parâmetros (células) (Fonte: Koeler, 1998)
10,0
9,0
8,0
Esp. CBUQ
7,0
Esp. CBUQ
Espessura (cm)
6,0
5,0
4,0
Esp. CBUQ
3,0
Esp. CBUQ
Esp. Binder
Esp. Binder
2,0
1,0
0,0
DNER PRO 10/79 DNER PRO 11/79 DNER PRO 159/85 Método Mecanístico
Métodologia de Dimensionamento
Em 2005 foi criado por Instrução de Serviço (IS), um programa que consolida todas as
atividades de recuperação e manutenção de rodovias, no chamado Programa de
Contratação de Restauração e Manutenção de Rodovias – CREMA. Este programa
previa o tratamento de cada um dos segmentos das rodovias por período de sete anos,
divididos em contrato de dois tipos: CREMA 1ª ETAPA, e CREMA 2ª ETAPA. Em
2008, pela portaria nº 7 do Ministério dos Transportes, foi criado o PROCREMA,
adotando a modalidade de contratação sob o regime de empreitada global e prevendo a
realização dos pagamentos mediante avaliação de desempenho.
O catálogo consiste numa matriz com 80 células para as quais são previstos conjuntos
de soluções, e não se tem um histórico claro de como foi feita a sua configuração, sendo
baseado no Catálogo SWAP fornecido pelo Banco Mundial. Este catálogo foi
concebido com objetivo de fornecer ao órgão uma estimativa do nível de investimento
necessário para restauração de sua rede, do Sistema de Gerência de Pavimentos (SGP)
Fonseca (2013) utiliza a retroanálise para avaliar o catálogo de soluções indicadas pelo
DNIT para a recuperação estrutural de trechos de pavimentos incluídos no CREMA 2ª
Etapa. O DNIT adota, há alguns anos, para recuperação de suas rodovias, os modelos de
contratação também usados em outros países, especialmente aqueles denominados
CREMA (Contrato de Restauração e Manutenção). Nestes são previstas a recuperação
da rodovia e também a manutenção por determinado período, sendo gerido por
resultados, adotando padrões de desempenho para avaliação do “produto entregue”. Em
função destes padrões procede-se o pagamento das medições de serviço.
Fonseca (2013) analisou algumas das estruturas indicadas pelo catálogo de soluções,
utilizando método mecanístico-empírico de dimensionamento e verificando a vida útil
alcançada, para alguns trechos para os quais se tinham os dados de campo detalhados,
especialmente as bacias de deflexão. Verificaram-se as espessuras de reforço indicadas
pelo catálogo e calculadas por critérios tradicionais, analisando se a vida útil alcançada
O critério para escolha do programa a ser utilizado para realização da retroanálise das
bacias deflectométricas medidas nos segmentos homogêneos foi usar o mesmo software
para a retroanálise e para verificação da vida útil de projeto do reforço. Alguns órgãos,
em especial a FAA, recomendam que os programas utilizados na retroanálise tenham a
mesma plataforma que os utilizados no dimensionamento (FAA, 2011).
Flintsch et. al. (2013) fazem um balanço das técnicas e equipamentos existentes quanto
aos mais eficientes para medição em movimento, que são a nova geração do século
XXI. É mais um motivo para não ficar insistindo em utilizar os métodos empíricos
baseados somente na deflexão máxima obtida com a VB.
A história dos últimos 60 a 70 anos dos estudos de campo de pavimentos e dos métodos
de dimensionamento no país é marcada pela introdução do método do CBR (“California
Bearing Ratio”) de O. J. Porter, em detrimento de métodos de fundamentos teóricos
melhor estruturados. Pode-se recolher muita informação dos idos de 1960 no livro
“Highway Engineering Handbook” do Professor Kennet B. Woods (chefe do
Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Purdue). É interessante assinalar
que já existia na década de 20 o método de dosagem de misturas betuminosas de
Hubbard e Field do “The Asphalt Institute” dos EUA. Eram ensaios de compressão com
o corpo de prova em banho térmico. Os primeiros estudos sobre agregados minerais
próprios a misturas asfálticas datam de 1935, em Stanton e Hveem (ver Proceedings,
Highway Research Board, vol, 13). São aparelhos de significado histórico relevante o
estabilômetro de Hveem de misturas dosadas pelo ensaio CKE (“centrifuge Kerosene
Equivalent”) e o coesímetro de Hveem.
Ocorreu no Brasil, nas décadas de 1940 - 1950, trazida pelos norte-americanos, a fase
de implantação destes métodos simples como o do CBR, assim como em outras partes
do mundo também.
Não há como esquecer que o clima, a natureza dos solos e a geologia do EUA em que o
rodoviarismo era exemplar diferem em grande parte do nosso país. O congelamento da
água do solo e da estrutura do pavimento no inverno e o degelo primaveril, explica a
embebição de quatro dias antes do ensaio de penetração CBR e medida de expansão nos
EUA. A maior ocorrência de cascalhos de fração argilosa ativa levou aos ensaios como
o de equivalente de areia nos EUA e de pouco significado aqui. Lá é maior a incidência
de solos finos expansivos (argila montmorilonita) em terrenos glaciais e não apenas
ocasionalmente em sedimentos fluviais e marinhos costeiros como aqui.
Na mesma década de 1960 em que o método do CBR foi implantado no país pelo
engenheiro Murillo Lopes de Souza, várias publicações nacionais já tratavam do tema
da distribuição de tensões e deformações em pavimentos.