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Outubro/2016 - Ed.

01

DRENAGEM APLICADA À
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE

PROF. TADEU DE SOUZA OLIVEIRA, DR.

Florianópolis, março/2018
Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR

Prof. Dr. Tadeu de Souza Oliveira

Formação acadêmica
Ensino Médio: Téc. em Agrimensura - IFSC (ETEFESC) - Fpolis - 1980.
Graduação 1: Eng. de Agrimensura - UNESC (FUCRI) - Criciúma - 1988.
Graduação 2: Engenharia Civil - FURB - Blumenau - 1993.
Mestrado: Engenharia de Produção. Elaboração de um manual ergonômico de
utilização pós-ocupação ao usuário de imóveis. UFSC -2002.
Doutorado: Engenharia Civil. Aplicação do cadastro técnico visando à avaliação
de inundações urbanas. UFSC - 2012.

Atividade profissional:
- Coordenador do curso de engenharia civil da Faculdade UNISOCIESC -
Florianópolis/SC - 2013 a 2018;
- Professor de pós-graduação IPOG: Fiscalização de Obras e Topologia, Denagem
Aplicada à Infraestrutura de Transporte - 2015/atual.
- Coordenador de Pós-Graduação UNISOCIESC - Joinville - 2016/2017;
- Professor de graduação UNESC, UFSC, UNISOCIESC e AVANTIS: Topografia,
Mecânica, Resistência dos materiais, Hidráulica, Hidrologia, Saneamento Básico
(Drenagem, Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário), Desenho Técnico
- 2002/atual;
- Consultoria: Projetos de drenagem urbana, prevenção de inundações, planos de
manejo, Aulas em Cursos de Pós Graduação, Supervisão de obras.

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

NOTA DO PROFESSOR AUTOR


Esta apostila tem cunho acadêmico sendo utilizada como apoio a aula da
disciplina de DRENAGEM APLICADA À INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES e está fundamentada no manual de drenagem de rodovias do
DNIT (2006). Os textos são resumos e adaptações do referido manual.
Recomenda-se para projetos profissionais consulta ao manual de drenagens de
rodovias (2006) e especificações técnicas, ambos do DNIT e da ANBT.
As aplicações (exercóicios e avaliações) serão em planilhas eletrônicas e
disponibilizadas em meio eletrônico para acompanhamento e desenvolvimento
em sala de aula.
Prof. Tadeu de Souza Oliveira

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................14
2 REVISÃO DE TOPOGRAFIA, HIDROLOGIA E HIDRÁULICA ..................17
2.1 TOPOGRAFIA ............................................................................................... 17
2.1.1 Planimetria .............................................................................................. 18
2.1.2 Altimetria ................................................................................................ 20
2.2 HIDROLOGIA ............................................................................................... 23
2.2.1 Conceito de hidrologia .......................................................................... 23
2.2.2 Ciclo hidrológico .................................................................................... 23
2.2.3 Precipitação ............................................................................................ 24
2.2.4 Escoamento superficial ou deflúvio .................................................... 26
2.2.5 Fatores que influenciam o escoamento superficial ........................... 26
2.2.6 Coeficiente de escoamento superficial................................................ 28
2.2.7 Período de retorno (T) ........................................................................... 34
2.2.8 Tempo de concetração (tc) .................................................................... 37
2.2.9 Bacia hidrográfica .................................................................................. 44
2.3 HIDRÁULICA ............................................................................................... 45
2.3.1 Cálculo da Vazão – Fórmula de Manning ......................................... 45
2.3.2 Elementos geométricos de uma seção transversal ............................ 48
2.4 EQUAÇÃO DE CHUVA INTENSAS E ESTAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS
48
2.4.1 Duração da chuva de projeto. .............................................................. 49
3 DRENAGEM SUPERFICIAL: DISPOSITIVOS DE DRENAGEM ..................52
3.1 VALETA DE PROTEÇÃO DE CORTE E DE ATERRO ........................... 52
3.1.1 Valetas de Proteção de Corte ............................................................... 52
3.1.2 Valetas de proteção de aterro............................................................... 53
3.1.3 Geomegtria e elementos de projeto..................................................... 55

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3.1.4 Dimensionamento hidráulico .............................................................. 55


3.2 MURETA DE PROTEÇÃO DE CORTE EM ROCHA .............................. 56
3.3 SARJETA DE CORTE E DE ATERRO ........................................................ 57
3.3.1 Sarjetas de corte...................................................................................... 57
3.3.2 Dimensionamento hidráulico da sarjeta de corte ............................. 61
3.3.3 Sarjetas de Aterro................................................................................... 65
3.3.4 Dimensionamento hidráulico da sarjeta de aterro ........................... 66
3.4 SARJETA DE CANTEIRO CENTRAL E DE BANQUETA ..................... 71
3.4.1 Sarjeta de canteiro central..................................................................... 71
3.4.2 Sarjeta de banqueta................................................................................ 72
3.5 DESCIDA D`ÁGUA EM TALUDE DE CORTE E ATERRO ................... 73
3.5.1 Tipo Rápida: Geometria e elementos de projeto ............................... 73
3.5.2 Em degraus: Geometria e elementos de projeto (escadarias).......... 76
3.6 SAÍDAS D`ÁGUA ......................................................................................... 80
3.6.1 Geometria e elementos de projeto ....................................................... 80
3.6.2 Localização ............................................................................................. 80
3.6.3 Dimensionamento hidráulico .............................................................. 82
3.7 DISSIPADOR DE ENERGIA ....................................................................... 83
3.7.1 Dissipadores localizados ou bacias de amortecimento .................... 83
3.7.2 Dissipadores contínuos ......................................................................... 88
3.8 CORTA-RIO ................................................................................................... 94
3.8.1 Elementos de projeto ............................................................................. 94
4 DRENAGEM DE PAVIMENTO .........................................................................97
4.1 DRENAGEM DE PAVIMENTO ................................................................. 97
4.1.1 Drenagem de pavimento para as águas de infiltrações diretas das
precipitações.......................................................................................................... 98
5 DRENAGEM SUBTERRÂNA OU PROFUNDA ............................................106
5.1 DRENO PROFUNDO ................................................................................. 107
5.1.1 Materiais utilizados ............................................................................. 107
5.1.2 Localização ........................................................................................... 107

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5.1.3 Elementos de projeto ........................................................................... 108


5.1.4 Outros critérios: Evelopamento ......................................................... 117
5.2 DRENO ESPINHA DE PEIXE ................................................................... 118
5.2.1 Elementos de projeto ........................................................................... 119
5.3 COLCHÃO DRENANTE ........................................................................... 119
5.4 DRENO SUB HORIZONTAL.................................................................... 121
5.4.1 Elementos de projeto ........................................................................... 123
5.4.2 Dimensionamento ............................................................................... 124
5.5 BUEIRO DE GREIDE .................................................................................. 128
5.5.1 Localização ........................................................................................... 128
5.5.2 Geometria e elementos de projeto ..................................................... 129
5.5.3 Dimensionamento hidráulico ............................................................ 130
6 drenagem para transposição de talvegues ......................................................132
6.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 132
6.2 BUEIRO ........................................................................................................ 132
6.2.1 Classificação ......................................................................................... 133
6.2.2 Localização ........................................................................................... 137
6.2.3 Dimensionamento e elementos do projeto ...................................... 137
6.3 PONTILHÕES PONTES ............................................................................ 146
6.4 Pontilhões ..................................................................................................... 146
6.4.1 Elementos de projeto ........................................................................... 146
6.5 Pontes............................................................................................................ 146
6.5.1 Elementos de projeto ........................................................................... 147
7 DRENAGEM URBANA .....................................................................................153
7.1 ENCHENTES X INUNDAÇÃO BRUSCA .............................................. 153
7.1.1 Enchente ou inundação fluvial .......................................................... 153
7.1.2 Inundação brusca ................................................................................. 155
7.2 O SISTEMA URBANO DE DRENAGEM. IMPACTOS E MEDIDAS DE
CONTROLE. ........................................................................................................... 158
7.2.1 Macro e Microdrenagem..................................................................... 158

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7.2.2 Macrodrenagem. .................................................................................. 159


7.2.3 Micro Drenagem. ................................................................................. 159
7.3 POTENCIALIDADE E FRAGILIDADES ENCONTRADAS EM UMA
BACIA HIDROGRÁFICA ..................................................................................... 160
7.4 AVALIAÇÃO MODELOS DE SOLUÇÃO PARA REDUZIR O VOLUME
DE ÁGUA EXCEDENTE DENTRO DE UMA BACIA OU SUB-BACIA. ...... 164
7.5 O SISTEMA DE DRENAGEM URBANA ................................................ 168
7.5.1 Sarjetas................................................................................................... 168
7.5.2 Capacidade de escoamento da via pública – sarjeta....................... 169
7.6 DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO.................................. 169
7.7 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA URBANO DE DRENAGEM . 172
7.7.1 Sarjeta: Cálculo da capacidade teórica de descarga........................ 172
7.7.2 Caixas coletoras ou bocas-de-lobo .................................................... 174
7.7.3 Poços de visitas .................................................................................... 189
7.7.4 Caixas de ligação ou passagem ......................................................... 192
7.7.5 Galerias. ................................................................................................. 193

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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa cadastral - modelo ................................................................................. 18
Figura 2A: Ortofoto de 1956 ....................................................................................... 19
Figura 3: Traçado com indicaçãos das estacas e sistema de drenagem. ....................... 20
Figura 4: Representação de um perfil com elementos de drenagem. .................. 21
Figura 5: Representação de altitude. ......................................................................... 22
Figura 6: Representação de cotas a partir de um plano arbitrário de referência.22
Figura 7: Representação do ciclo hidrológico .......................................................... 24
Figura 8: Experimento com área até 1Km² ............................................................... 43
Figura 9: Experimento com área até 10000m². ......................................................... 43
Figura 10: Experimento com área até 5000m². ......................................................... 43
Figura 11: Representação de uma bacia hidrográfica ............................................. 45
Figura 12: Canal de seção trapezoidal. ..................................................................... 46
Figura 13: Canal de seção retangular. ....................................................................... 47
Figura 14: Canal de seção circular. ............................................................................ 47
Figura 15: Canal de seção semicircular..................................................................... 48
Figura 16: Comportamento do hidrograma unitário de acordo com a duração da
precipitação considerada. ........................................................................................... 50
Figura 17: Valeta de proteção de corte .......................................................................... 53
Figura 18: Valeta de aterro ......................................................................................... 53
Figura 19: Mureta de proteção de corte em rocha .................................................. 57
Figura 20: Sarjeta de corte triangular ........................................................................ 58
Figura 21: Sarjeta de corte de seção trapezoidal...................................................... 59
Figura 22: Sarjeta trapezoidal com taampa (capa) .................................................. 60
Figura 23: Sarjeta retangular ...................................................................................... 60
Figura 24: Área de contribuição para a sarjeta de corte ......................................... 62
Figura 25: Curva Lc=f(I) .............................................................................................. 63
Figura 26: Comprimento crítico pa várias declividades ........................................ 64
Figura 27: Sarjeta de aterro com meio-fio simples e acostamento ........................ 65
Figura 28: Sarjeta de aterro com meio-fio e sarjeta conjugados ............................ 66

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Figura 29: Reta de maior declividade ....................................................................... 68


Figura 30: Segmento de rodovia e seção transversal .............................................. 69
Figura 31: Representação de uma valeta de canteiro central ................................ 71
Figura 32: Imagem de trecho com valeta de canteiro central ................................ 71
Figura 33: Sarjeta de banqueta ................................................................................... 72
Figura 34: Descida d´água .......................................................................................... 74
Figura 35: Representação esquemática da descida d´água .................................... 75
Figura 36: Descida d´água em degraus - Vista superior ........................................ 77
Figura 37: Descida d´água em degraus .................................................................... 77
Figura 38: Esquema de degraus ................................................................................. 78
Figura 39: Saída d`água de greide em rampa .......................................................... 81
Figura 40: Saída D`água de curva vertical côncava ................................................ 82
Figura 41: Representação do comprtamento hidráulico segundo Froude .......... 85
Figura 42: Gráfico para determinar o comprimento da bacia de amortecimento
(ressalto hidráulico) ..................................................................................................... 86
Figura 43: Ilustração de um dissipador de energia................................................. 88
Figura 44: Dissipador contínuo ao longo do aterro ................................................ 89
Figura 45: bacia de contribuição da plataforma ...................................................... 91
Figura 46: Parâmetros para escalonamento do talude ........................................... 91
Figura 47: Altura máxima para escalonamento de aterro ..................................... 93
Figura 48: Respresentação de um corta-rio .............................................................. 94
Figura 49: Representação de camada drenante ....................................................... 98
Figura 50: Camada drenante conectada ao dreno profundo ................................. 99
Figura 51: Ábaco para determinação da curva granulométric a......................... 100
Figura 52: Filtro separador ....................................................................................... 101
Figura 53: Elementos para dimensionamento da camada drenante .................. 103
Figura 54: Representação de drenos profundos .................................................... 110
Figura 55: Ilustração do rebaixamento do lençol freático .................................... 111
Figura 56: Precipitação sobre a plataforma ............................................................ 113
Figura 57: Determinação gráfica de material filtrante e drenante ...................... 116
Figura 58: Drenos em espinha de peixe .................................................................. 119
Figura 59: Colchão drenante: Fonte: Construtora Terraço .................................. 121
Figura 60: Ilustração de um dreno típico subhorizontal ...................................... 122
Figura 61: Dreno subhorizontal instalado .............................................................. 122
Figura 62: Dreno subhorizontal com controle de saída ....................................... 123
Figura 63: Execução de um derno subsuperficial ................................................. 123

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Figura 64: Noveiller (1981) ....................................................................................... 126


Figura 65: Noveiller (1981) ....................................................................................... 127
Figura 66: Bueiro de greide em aterro .................................................................... 128
Figura 67: Bueiro de greide de corte ....................................................................... 128
Figura 68: Caixa coletora para desague em bueiro de greide ............................. 129
Figura 69: Corpo de buiro ........................................................................................ 129
Figura 70: Boca de bueiro com dissipador de energia.......................................... 130
Figura 71: Bueiro, com corpo e bocas (alas) ........................................................... 133
Figura 72: Bueiro tubular .......................................................................................... 134
Figura 73: Bueiro celular ........................................................................................... 134
Figura 74: Bueiro especial em forma de arco (elipse) ........................................... 134
Figura 75: Bueiro metálico corrugado .................................................................... 135
Figura 76: Bueiro tubular duplo .............................................................................. 135
Figura 77: Bueiro celular duplo ............................................................................... 135
Figura 78: Bueiro com PEAD .................................................................................. 136
Figura 79: Tubos em PRFV para bueiros ................................................................ 136
Figura 80: representação de um bueiro esconso ................................................... 136
Figura 81: Linha de energia específica .................................................................... 139
Figura 82: variação da energia específica ............................................................... 140
Figura 83: Relação entre Ec e hc............................................................................... 141
Figura 84: Seções circulares e relações y/D. ........................................................... 142
Figura 85: Pontilhão execuitado em madeira ........................................................ 146
Figura 86: Ponte de concreto armado sobre rio de pequeno porte..................... 147
Figura 87: Seção transversal típica de um Rio ....................................................... 148
Figura 88: Gráfico h=f(AR 2/3) e h=g(v) .................................................................... 149
Figura 89: Representação de uma enchente. .......................................................... 154
Figura 90: Presença do Rio em meio a área urbana. (Blumenau - SC). .............. 154
Figura 91: Áreas alagadas pela expanção do Rio em meio urbano (Blumenau -
SC). ............................................................................................................................... 154
Figura 92: Rua alagada por inindação brusca. ...................................................... 155
Figura 93: Presença de um Rio de pequenas dimensões em meio urbano. ...... 156
Figura 94: Inundaação brusca. ................................................................................. 156
Figura 95: Depósito de resíduos de construção civil - RCC......................................... 157
Figura 96: Depósito irregular de areia com lançamento de................................. 157
Figura 97: Degradação dos dispositivos de drenagem ........................................ 158
Figura 98: Ilustração de uma bacia de retenção. Frescoule, França. .................. 161

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Figura 99: Presença de esgoto cloacal na rede pluvial. ........................................ 161


Figura 100: Modelo de amortecimento sob as ruas. ............................................. 165
Figura 101: Modelo de amortecimento sob praças (Canal Auxliar ao Rio
Criciúma). ................................................................................................................... 165
Figura 102: Área propícia à construção de amortecimento. ................................ 166
Figura 103: Área propícia à construção de amortecimento. ................................ 166
Figura 104: Bacias de amortecimento em APP. ..................................................... 167
Figura 105: Sistema de construção de represas. .................................................... 167
Figura 106: Canaleta de drenagem para vias urbanas. ........................................ 168
Figura 107: Canaleta de drenagem para rodovias e vias expressas. .................. 168
Figura 108: Retenção de água pela modificação topográfica do terreno. .......... 170
Figura 109: Determinaçãp das áreas de contribuição urbanas............................ 171
Figura 110: Tipos de boca-de-lobo. ......................................................................... 174
Figura 111: Boca-de-lobo simples. ........................................................................... 174
Figura 112: Dimensões da grelha. ........................................................................... 175
Figura 113: Boca-de-lobo com grelha. ..................................................................... 175
Figura 114: Boca-de-lobo combinada. ..................................................................... 175
Figura 115: Boco-de-lobo múltipla. ......................................................................... 176
Figura 116: Disposição das caixas coletoras visndo maoir conforto ao usuário.
...................................................................................................................................... 177
Figura 117: Distribuição em projeto das caixas coletoras. ................................... 178
Figura 118: Caixa coletora de guia com depressão ............................................... 179
Figura 119: Caixa coletora com grelha e sem depressão ...................................... 182
Figura 120: Esquema de uma boca de lobo com grelha ....................................... 183
Figura 121: Gráfico das vazões: Projeto, Sarjeta e Boca-de-lobo. ........................ 187
Figura 122: Espaçamento das bocas-de-lobo em função da sarjeta. ................... 187
Figura 123: Espaçamento de bocas-de-lobo em função de sua capacidade de
descarga....................................................................................................................... 188
Figura 124: Demonstração do cálculo do espaçamento ....................................... 189
Figura 125: Ilustração corte vertical de um poço de visita convencional. ......... 190
Figura 126: Corte vertical de um poço de visita de queda. ................................. 191
Figura 127: Poço de visiat com queda alinhados pela geratriz superior. .......... 191
Figura 128: Caixa de ligação ou passagem............................................................. 193
Figura 129: Linha de carga e energia em tubulações. ........................................... 194
Figura 130: Tubos em PEAD - Criciúma-SC: TEMA. ........................................... 195
Figura 131: Seções circulares e relações y/D. ......................................................... 201

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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Parâmetros para equação de chuvas intensas - estado da Paraíba .... 25
Quadro 2: Coeficiente de escoamento superficial (runoff) – “C” ......................... 29
Quadro 3: Coeficiente C. ............................................................................................. 31
Quadro 4: Planilha de cálculo de C. .......................................................................... 31
Quadro 5: Valores de cn para uso e ocupação do solo na condição ii (antecedentes
de umidade do solo) .................................................................................................... 33
Quadro 6: Períodos de Retorno (T) recomendados para diferentes ocupações . 36
Quadro 7: Coeficiente de ajuste para o método Racional ...................................... 37
Quadro 8: Coeficiente de escoamento em superfícies (Cv). .................................. 38
Quadro 9: Velocidade média - Método Cinemático SCS – E.U.A ........................ 40
Quadro 10: Coeficiente Ck - equação de Kerby ...................................................... 42
Quadro 11: Coeficiente de ajuste do método racional............................................ 56
Quadro 12: Valores de m e T para a relação y/D................................................... 144
Quadro 13: Faixas de inundações para classificação de ruas. ............................. 169
Quadro 14: Coeficiente de rugosidade. .................................................................. 172
Quadro 15: fatores de redução. ................................................................................ 186
Quadro 16: Valores de m para a relação y/D. ........................................................ 203

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Velocidades admissíveis por tipo de revestimento ............................... 67


Tabela 2: Classificação para determinar a necessidade para filtros ou.............. 118
Tabela 3: Fatores de redução para escoamento nas sarjetas ................................ 173
Tabela 4: Valores de declividades para projetos de Ruas e Avenidas ............... 173
Tabela 5: Valores de m. ............................................................................................. 184
Tabela 6: Dimensões mínimas para PV´ s. ............................................................. 192

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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil é comum a ocorrência de inundações urbanas. São os conhecidos


alagamentos nas áreas centrais, definidos como inundações bruscas. Eles são
causados pela ocupação antrópica, que não considera a morfologia das bacias
hidrográficas.

Porém não é apenas as áreas urbanas que são acometidas por inundações
seja brusca ou mesmo aquelas orieundas das elevações normais de rios. É neste
contexto que podemos analisar áreas urbanas e não urbanas que de alguma
forma sofrem com inundações tendo como foco nossa infraestrutura de
transportes, formada por vias urbanas, rodovias e ferreovias.

Para controlar esse tipo de evento é necessário conhecimento específico e


ao mesmo tempo interdisciplinar, os quais não costuma-se conseguir durante a
formação acadêmica de graduação. Todos os envolvidos em projetos, execuções,
manutenções e até usuários, precisam ter consciênica de que em cada elemento
de drenagem implantado estamos impondo ao local limites e condicionantes em
função de um período de retorno que é estatístico.

É preciso evitar prejuízos materiais, danos ao meio ambiente e perda de


vidas. A aquisição de conhecimentos acerca sistemas de drenagem de uma forma
geral é imprescindível não somente para obter o controle das águas pluviais, mas
também para apoiar a preservação dos recursos naturais e garantir a qualidade
de vida nas cidades.
São inúmeros os agentes intervenientes e entre estes encontra-se uma série
de variáveis em constante mudança. São dados importantes para
dimensionamentos de trabalhos de engenharia; eventos tais como a precipitação,
escoamento superficial, tempo de concentração, taxa de infiltração, período de
retorno entre outros.
Esses dados tipicamente hidrológicos precisam ser monitorados
constantemente em função das alterações impostas ao meio ambiente pelas ações
antrópicas. Para Tucci (2005), em diferentes áreas técnicas, o homem dimensiona
o seu sistema, especificando todos os seus condicionantes sobre o qual tem total
controle, tais como a estrutura de um edifício ou um circuito elétrico.

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Diferente da citação de Tucci, um sistema como a bacia hidrográfica, não


é dimensionado, mas é resultado de processos naturais, os quais devem ser
levados em consideração nos dimensionamentos dos planos diretores ou de
manejos de bacias. Sendo base para o desenvolvimento sustentável da expansão
de toda infraestrutura, o planos diretores e de manejo de bacias deve conter em
suas diretrizes formulações que garantam o seu objetivo principal, que é fazer
com que a propriedade cumpra sua função social, de forma a garantir o acesso a
terra urbanizada e regularizada, reconhecer a todos os cidadãos o direito à
moradia e aos serviços de infraestruturas.
De acordo com o inciso IV do Artigo 2 da Lei n. 10.257 (Estatuto da Cidade)
uma das diretrizes é o planejamento do desenvolvimento das cidades, da
distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e
do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções
do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.

É neste sentido que abordaremos o tema DRENAGEM, voltada aos


sistemas de transportes, seja urbano, rodovias e ferrovias.

Em qualquer obra de engenharia civil, o sistema de drenagem é o elemento


responsável pela vida útil do empreendimento.

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CAPÍTULO 2

REVISÃO DE TOPOGRAFIA,
HIDROLOGIA E HIDRÁULICA

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

2 REVISÃO DE TOPOGRAFIA,
HIDROLOGIA E HIDRÁULICA

Revisar tem por objetivo alinhar e relembrar conceitos e fórmulas aplicadas à


dimensionamentos de elementos de engenharia, neste caso, questões
relacionadas à implantação ou monitoramento de um sistema de drenagem para
vias.

2.1 TOPOGRAFIA
A topografia está inserida dentro de qualquer atividade de um

engenheiro, pois é estudo básico necessário para construção de estradas, redes de

energia elétrica, redes de esgotos, redes de água, pontes, loteamentos,

implantação de qualquer edificação, seja residencial, industrial ou comercial, na

implantação de qualquer estrutura de uma cidade, mineração, e mais uma

infinidade de atividades até mesmo de outras engenharias.

Ao se projetar qualquer obra da engenharia, arquitetura ou agronomia, é

necessário primeiramente o levantamento topográfico da área onde será

materializado o projeto, devendo este ser realizado com absoluta precisão na

definição dos detalhes e características do terreno. Com o projeto definido,

procede-se a implantação através da locação por métodos e equipamentos

topográficos precisos e adequados.

Para qualquer sistema de drenagem e controle de inundações é

fundamental além do domínio da planimetria, também da altimetria, a final, o

escoamento depende da declividade. É da altimetria que geramos ou

controlamos as velocidades e capacidades de descargas determinadas por seções

transversais. Traçados muito plano geram assoreamento dos elementos de

drenagem assim como os de inclinações elevadas podem provocar erosões e

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desgastes destes elementos. assim sendo passa-se a descrever alguns conceitos e

iformações importantes de topografia:

2.1.1 Planimetria
A planimetria é aplicada à sistemas de drenagem por levanatemento
topográfico, que é um conjunto de operações para elaboração de mapas
cadastrais, traçados das ruas e áreas de contribuição das águas pluviais, (Figura
1). Este tipo de levantamento serve para: estudo de viabilidade, identificação e
posicionamento de acidentes naturais e artificiais, além dos imóveis contidos na
área de intervenção a qual será impactada pelo sistema de drenagem a propor ou
mesmo exitente.

Figura 1: Mapa cadastral - modelo

O levantamento planimérico deve ser realizado com absoluta precisão


inserido dentro do sistema de referência SIRGAS2000 assim como no sistema de
coordenadas planas UTM adotados legalmente no Brasil. Este procedimento
permitirá manter-se uma linguagem universal proporcionando a integração
entre diversos dados geográficos espaciais (geoespaciais) do território com o
sistema de posicionamento global.
Para aumentar-se a precisão dos levantamentos planimétricos e a
confiabilidade dos dados para o auxílio a tomada de decisão nos projetos e na
proposição de soluções é importante o uso de ortofotos, altamente recomendada
em séries históricas (Figura 2A e B). Por meio destes estudos podemos avaliar a
presença de antigas nascentes, de cursos d´água ou outro evento não mais visívil
pelas transformações urbanas.

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Figura 2A: Ortofoto de 1956

Figura 2B: ortofoto de 2010

a) Traçado: Parte da plaimetria, um traçado pode ser definido com

uma poligonal aberta onde são definidos os comprimentos de cada trecho,

sendo estes divididos em estacas e as mudanças de direção marcadas por

ângulos de deflexões, em estradas também denominado de ângulo de

curvatura. Os pontos que indicam as mudanças de direação são chamados

de Pontos de Intersecção - PI.


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b) Estaqueamento: Estaqueamento é a divisão de um traçado em

segmentos iguais e equidistantes. Comumente são subdivisões de 20m e

20m, no entanto dependendo do projeto ou obra, pode-se apresentar

novas subdivisões maiores ou menores Por exemplo:

Um projeto de desassoreamento de rio pode-se elevar as subdivisões para

100m ou até mesmo 500m, dependendo de alguns fatores como relevo ou

mesmo as condições físicas do rio. Assim como, para um traçado de

drenagem de qualquer natureza, proceder subdivisões em menores

espaços, como 10m, 5m e até mesmo de 1m em 1m. A figura 3 apresentam

uma representação de um traçado com estaqueamento.

Figura 3: Traçado com indicaçãos das estacas e sistema de drenagem.

2.1.2 Altimetria
A altimetria ou o levantamento topográfico altimétrico, compreende um
conjunto de operações necessárias para determinação da posição de pontos que
além de projetados em um plano horizontal de referência (figura 4), serão
também representados em relação ao um plano vertical de referência. Nesta
operação determina-se a terceira componente das coordenadas, acrescentando-
se às coordenadas N(Y) e E(X) a componente altimétrica Z, cujo plano de
referência é o nível médio dos mares.
Com a determinação destas três coordenadas podemos dfinir o Modelo
Tridimensional do terreno, no qual com o uso de software adequado,
determinamos o Modelo Digital do Terreno - MDT, de grande valia e facilidade
na elaboração dos projetos de drenagens. O plano vertical de referência também
é dfinido pelo SIRGAS 2000, tendo como pondo base o Marégrafo de Imbituba,
localizado no porto da cidade, sendo considerado o nível ZERO.

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É aplicado em projeto de drenagem com perfil longitudinal e seções


transversais, onde são posicionados os elementos projetados com indicação de
profundidades, cotas e declividades (Figur 4).

Figura 4: Representação de um perfil com elementos de drenagem.

a) Altitudes: Altitudes são distâncias verticais medidas a partir do

plano de referância oficial o Datum SIRGAS 2000, o nível médio do

mar, tendo como ponto base o marégrafo de Imbituba - SC. Pode

ser positiva quando estiver acima do nível médio do mar e negativa

quando estiver abaixo (figura 5).

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Figura 5: Representação de altitude.

b) Cotas: Cotas são distâncias verticais medidas a partir de um

referencial arbitrário definido no local onde se encontra a área

levantada topograficamente (figura 6).

Plano arbitrário de referência


Figura 6: Representação de cotas a partir de um plano arbitrário de referência.

c) Declividade: A declividade entre dois pontos em um traçado nada

mais é do que a relação entre diferença de nível com o comprimento

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do trecho. Assim podemos caracterizar a declividade de um trecho

limitado por dois pontos, um a montante e outro a jusante pela

equação:
( )
= , onde:

I - Declividade (m/m);

AM - Altitude de Montante (m);

AJ - Altitude de Jusante (m);

L - Comprimento do trecho (m).

d) Distância entre dois pontos por coordenadas: Calcular a distância

entre dois pontos de coordenadas conhecidas é aplicar a equação

de Pitágoras tendo como a distância a hipotenusa e a diferença

entre as coordenadas os catetos, da seguite forma:

= √∆ +∆ , onde:
D - Distância (m);

∆N - Diferença entre as coordenadas N (m);

∆E - Diferença entre as coordenadas E (m).

2.2 HIDROLOGIA

2.2.1 Conceito de hidrologia


Como conceito ou definição, trata-se da ciência que estuda a água do
Planeta Terra, consequentemente, as ocorrências, circulação e distribuição,
analisando e estudando física e quimicamente quanto às propriedades bem como
a inter-relações.

2.2.2 Ciclo hidrológico


No Planeta Terra nota-se a presença de água no estado líquido, sólidos e
gasoso, na atmosfera, na superfície, no solo, no subsolo, nos rios, lagos oceano e

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mares, também nas calotas polares, todos, seja em qualquer lugar, posição ou
época, em constante movimento, o qual chamamos ou denominamos
tecnicamente de “Ciclo Hidrológico” (figura 7).
Pelo Ciclo Hidrológico notamos as mudanças de estado ou posição em relação
ao Planeta Terra, seguindo:
- Precipitação;
- Escoamento superficial ou deflúvio;
- Escoamento (subterrâneo);
- Evaporação.

Figura 7: Representação do ciclo hidrológico

Do ciclo hidrológico, a maior preocupação para um sistema de drenagem


urbana é o escoamento superficial, este deve ser controlado e captado no sistema
a ser dimensionado e implantado. Sendo assim, quanto maior a taxa de
escoamento superficial, maior será nosso sistema de drenagem urbana.
O ciclo hidrológico é um sistema fechado, a nível mundial, no qual toda a
água que precipita retorna para o ciclo, mas não podemos considerar fechado a
nível local.

2.2.3 Precipitação
Em termos meteorológicos, corresponde à quantidade de água resultante
da condensação do vapor de água na atmosfera, que se precipita de forma líquida
dando origem a chuva, ou de forma sólida originando neste caso neve ou granizo

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que se deposita na superfice terrestre. Intervém no ciclo hidrológico onde exerce


um papel chave e indispensável.

A precipitação entra nos dimensionamentos de qualquer sistema de


drenagem com e equação de chuva intensa referente à estação meteorológica
mais próxima do local de estudos. Equação genérica:

K ×T m
i=
(t + b )n
Onde:
K, m, b e n são coeficientes ou parâmetros locais (quadro 1) para ajuste da
equação, determinados para cada cidade ou região. T é o período de retorno e t
o tempo de duração.
As enxurradas estão atreladas entre outros fatores, ao tempo de
concentração e ao escoamento superficial, e esses dependem da topografia,
vegetação e ocupação da bacia hidrográfica.
Quadro 1: Parâmetros para equação de chuvas intensas para o estado da Paraíba

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2.2.4 Escoamento superficial ou deflúvio


É a parte do ciclo hidrológico caracterizado pelas águas que escoam
superficialmente, ou seja, aquelas que não infiltram. São oriundas das
precipitações, sendo maiores ou menores dependendo da taxa de
impermeabilização do solo urbano por edificações e pavimentações. É a parcela
mais importante das fases do ciclo hidrológico, no tocante à drenagem e
inundações além de erosões e contribuição de sedimentos em qualquer sistema
de drenagem, seja natural ou artificial.
As práticas correntes de estimativa do escoamento superficial com
objetivo de dimensionamento de obras hidráulicas têm sido feitos baseados em
dados da vazão, ou com base nos dados de precipitação, ou ainda utilizando o
método Racional para pequenas bacias, geralmente consideradas com áreas
inferiores a 1km².

O Método racional é dado pela fórmula:


C .I . A
Q=
360
Sendo:
Q = Vazão máxima do escoamento superficial, em m³/s;
C = coeficiente de escoamento;
I = intensidade da chuva, em mm/h;
A = área de contribuição da bacia, em ha.

Ou

Q = 0 , 278 × C × I × A
Q = Vazão máxima do escoamento superficial, em m³/s;
C = coeficiente de escoamento;
I = intensidade da chuva, em mm/h;
A = área de contribuição da bacia, em Km².

2.2.5 Fatores que influenciam o escoamento


superficial
Os principais fatores que exercem influência no escoamento superficial
são de natureza climática (relacionados à precipitação), fisiográficos

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(determinados pelo relevo da bacia) e decorrentes da ação antrópica (uso do solo


e obras hidráulicas realizadas no rio e no seu entorno).
a) Fatores climáticos
Os fatores de natureza climática que influenciam o escoamento superficial
resultam das características de intensidade e duração da precipitação.
Complementarmente, o escoamento superficial é influenciado pelas condições de
umidade conferida ao solo decorrente de uma precipitação anterior. Em relação
a essas características, pode-se afirmar:
- quanto maior a intensidade da precipitação, mais rápido o solo atingirá a sua
capacidade de infiltração, situação em que o excesso da precipitação poderá,
então, escoar superficialmente;
- a duração da precipitação tem influência direta no escoamento superficial:
haverá tanto mais oportunidade de ocorrer escoamento superficial quanto maior
for a duração da chuva;
- a precipitação que ocorre quando o solo já está úmido, devido a uma chuva
anterior, terá maior chance de produzir escoamento superficial.

b) Fatores fisiográficos
Os fatores fisiográficos mais importantes a influenciar o escoamento
superficial são a área e a forma da bacia hidrográfica, a capacidade de infiltração
e a permeabilidade do solo, além da topografia da bacia. A influência da área da
bacia hidrográfica é óbvia, pois esta corresponde à superfície coletora da água de
chuva: quanto maior a sua área, maior a quantidade de água que a bacia pode
captar. Além disso, a área constitui-se em elemento básico para o estudo das
demais características físicas.
A respeito da influência da forma da bacia hidrográfica sobre o
escoamento superficial gerado por uma dada chuva, pode-se dizer que as bacias
compactas tendem a concentrar o escoamento no canal principal que a drena,
aumentando os riscos de inundação.
Para uma dada chuva, quanto maior a capacidade de infiltração do solo,
menor o escoamento superficial resultante. A permeabilidade do solo influi
diretamente na capacidade de infiltração, isto é, quanto mais permeável for o
solo, maior será a velocidade do escoamento da água subterrânea e, em
consequência, maior a quantidade de água que ele poderá absorver pela

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superfície por unidade de tempo. Assim, ao aumento da permeabilidade do solo


corresponde uma diminuição do volume do escoamento superficial.
O efeito da topografia sobre o escoamento superficial se faz sentir através
da declividade da bacia, do traçado e da declividade dos cursos d’água que
drenam a bacia, bem como da presença de depressões acumuladoras na
superfície do solo. Bacias íngremes produzem escoamento superficial mais
rápido e mais volumoso, por ser menor a chance de infiltração. Já a presença das
depressões acumuladoras de água retarda o escoamento superficial, que passa a
ocorrer somente após terem sido excedidas estas capacidades retentoras. Vem daí
a concepção das bacias de retardo.
O traçado e a declividade dos cursos d’água definem a maior ou menor
velocidade com que a água de chuva, escoando superficialmente, atinge as calhas
naturais e deixa a bacia.

c) Obras hidráulicas construídas na bacia


Uma barragem, por exemplo, acumulando a água em seu reservatório por
ocasião de uma chuva intensa, reduz as vazões máximas do escoamento
superficial e retarda a sua propagação para jusante. A presença da barragem
propicia, ainda, a regularização das vazões: as águas reservadas nos períodos
chuvosos podem permitir a manutenção de uma vazão aproximadamente
constante a sua jusante, sobretudo nos períodos de estiagem. Já a retificação de
um rio tem efeito inverso ao do retardamento produzido pela barragem: em um
curso d’água retificado tem-se aumentada a velocidade do escoamento
superficial. Ainda, a derivação de água da bacia ou para a bacia (transposição), o
uso da água para irrigação e abastecimento e a drenagem do terreno podem se
constituir em importantes fatores a considerar.

2.2.6 Coeficiente de escoamento superficial


O coeficiente de escoamento superficial, ou coeficiente de deflúvio, ou
ainda coeficiente de runoff, C, é definido pela razão do volume de água escoado
superficialmente por ocasião de uma chuva, Vesc, pelo volume total da água
precipitada, Vt:
Vesc
C=
Vt

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Este coeficiente pode se referir a uma chuva isolada, ou


corresponder a um intervalo de tempo no qual várias chuvas ocorreram.
É um conceito sempre presente em estudos voltados para a previsão da
vazão de enchente produzida por uma chuva intensa. Na prática,
conhecido o coeficiente de runoff para uma determinada chuva intensa de
dada duração, pode-se determinar o escoamento superficial de outra
precipitação intensa de magnitude diferente da primeira, mas de mesma
duração. O quadro 2 apresenta uma série de coeficientes para cada tipo de
ocupação do solo.

Quadro 2: Coeficiente de escoamento superficial (runoff) – “C”


Coeficiente
Tipologia da área de drenagem de
escoamento
superficial
Áreas Comerciais 0,70 – 0,95
Áreas centrais 0,70 – 0,95
Áreas de bairros 0,50 – 0,70
Áreas Residenciais
Residenciais isoladas 0,35 – 0,50
Unidades múltiplas, separadas 0,40 – 0,60
Unidades múltiplas, conjugadas 0,60 – 0,75
Áreas com lotes de 2.000 m2 ou maiores 0,30 – 0,45
Áreas suburbanas 0,25 – 0,40
Áreas com prédios de apartamentos 0,50 – 0,70
Áreas Industriais
Área com ocupação esparsa 0,50 – 0,80
Área com ocupação densa 0,60 – 0,90
Superfícies
Asfalto 0,70 – 0,95
Concreto 0,80 – 0,95
Blocket 0,70 – 0,89
paralelepípedo 0,58 - 0,81
telhado 0,75 – 0,95
Solo compactado 0,59 - 0,79
Áreas sem melhoramentos ou naturais

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Solo arenoso, declividade baixa < 2 % 0,05 – 0,10


Solo arenoso, declividade média entre 2% e 7% 0,10 – 0,15
Solo arenoso, declividade alta > 7 % 0,15 – 0,20
Solo argiloso, declividade baixa < 2 % 0,15 – 0,20
Solo argiloso, declividade média entre 2% e 7% 0,20 – 0,25
Solo argiloso, declividade alta > 7 % 0,25 – 0,30
Grama, em solo arenoso, declividade baixa < 0,05 - 0,10
2%
Grama, em solo arenoso, declividademédia.
entre 2% e 7% 0,10 - 0,15
Grama, em solo arenoso, declividade alta > 7% 0,15 - 0,20
Grama, em solo argiloso, declividade baixa < 0,13 - 0,17
2%
Grama, em solo argiloso, declividade média
2% < S < 7% 0,18 - 0,22
Grama, em solo argiloso, declividade alta > 7% 0,25 - 0,35
Florestas com declividade <5% 0,25 – 0,30
Florestas com declividade média entre 5% e 0,30 -0,35
10%
Florestas com declividade >10% 0,45 – 0,50
Capoeira ou pasto com declividade <5% 0,25 – 0,30
Capoeira ou pasto com declividade entre 5% e 0,30 – 0,36
10%
Capoeira ou pasto com declividade > 10% 0,35 – 0,42

O coeficiente de escoamento superficial C, deverá ser o resultado da média


em função das características de cada área e seu respectivo coeficiente tabelado.
Com a bacia transformada, as taxas de escoamento superficial também se
transformam proporcionalmente aos diferentes tipos de uso do solo. Neste
sentido, para representar este coeficiente, determina-se a média ponderada
proporcionalmente a cada área tomando como parâmetro os coeficientes do
quadro 3 e determinados pela equação a seguir, e no quadro 4 um exemplo de
planilha para determinação de C mínimo, médio e máximo:

C=
∑A 1−N
× C 1− N
At
Onde:

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A1-9 – Áreas de 1 a N;
C1-9 – Coeficientes de escoamento superficial de 1 a N;
At – Área total ou somatória das áreas 1 até N.
Quadro 3: Coeficiente C.
Natureza da superfície Valor de C
Telhados perfeitos sem fuga 0,70 a 0,95
Superfícies asfaltadas em bom estado. 0,85 a 0,90
Pavimentos de paralelepípedos, ladrilhos
ou blocos de madeira com juntas bem 0,75 a 0,85
tomadas.
Para as superfícies anteriores sem juntas
0,50 a 0,70
tomadas.
Pavimentação de blocos inferiores sem
0,40 a 0,50
juntas tomadas.
Estacas macadamizadas. 0,25 a 0,60
Estradas de passeios de pedregulhos. 0,15 a 0,30
Superfícies não revestidas, pátios de
0,10 a 0,30
estradas de ferro e terrenos descampados.
Parques, jardins, gramados e campinas,
dependendo da declividade do solo e da 0,01 a 0,20
natureza do subsolo.
Fonte: VILLELA & MATTOS, 1975.

Quadro 4: Planilha de cálculo de C.


Área
Tipo de uso e Valores de (%)
ocupação do solo Áreas Correspondente C X
Tipo de uso e
ocupação do solo Valor de C Utilizado Cmax
A1 - Pavimentação Superfícies asfaltadas
asfáltica em bom estado 0,85 a 0,90 0,9
Pavimentos de
A2 - Pavimentação paralelepípedos,
com blocos ladrilhos ou blocos 0,50 a 0,70 0,7

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A3 - Pavimentação Estradas
com saibro macadamizadas. 0,25 a 0,60 0,6
A4 - Pavimentação
de passeios Superfícies asfaltadas
públicos em bom estado 0,85 a 0,90 0,9
A5 - Pavimentação Superfícies asfaltadas
de lotes em bom estado 0,85 a 0,90 0,9
Telhados perfeitos sem
A6 - Edificações fuga 0,70 a 0,95 0,95
Superfícies não
revestidas, pátios de
A7 - Solo exposto estradas. 0,10 a 0,30 0,3
A8 - Solo com Parques, jardins,
vegetação gramados e campinas, 0,01 a 0,20 0,2
A9 - Rios e
alagados Sem correspondência 1 1
TOTAIS

Coeficiente CN.
Utilizando a mesma metodologia para a determinação do coeficiente de
escoamento superficial C, determina-se os valores referentes aosgrupos
hidrológicos dos solos visando às análises das vazões pelo Método do Soil
Conservation Service – SCS, tomando como parâmetro os coeficientes no quadro
5 e determinados pela equação a seguir:

CN =
∑A 1− N
× CN1− N
At
Onde:
A1-9 – Áreas de 1 a N;
CN1-9 – Parâmetros das áreas de 1 a N;
At – Área total ou somatória das áreas 1 até N.

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Quadro 5: Valores de cn para uso e ocupação do solo na condição ii (antecedentes de umidade do solo)
Uso/Cobertura do Solo Tipos de solo
A B C D
Zonas cultivadas
Sem conservação do solo 72 81 88 91
Com conservação do solo 62 71 78 81
Pastagens ou terrenos baldios
Em más condições 68 79 86 89
Em boas condições 39 61 74 80
Bosques ou zonas florestais
Má cobertura 45 66 77 83
Boa cobertura 25 55 70 77
Espaços abertos, relvados, parques, campos de golfe,
cemitérios
(em boas condições)
Com relva em mais de 75% da área 39 61 74 80
Com relva em 50% a 75% da área 49 69 79 84
Áreas comerciais e de escritórios 89 92 94 95
Distritos industriais 81 88 91 93
Áreas residenciais
Tamanho do lote ............% impermeável
Até 500m².............................65% 77 85 90 92
500 a 1000m²........................38% 61 75 83 87
1000 a 1300m²......................30% 57 72 81 86
1300 a 2000m²......................25% 54 70 80 85
2000 a 4000m²......................20% 51 68 79 84
Estacionamentos pavimentados, viadutos, telhados, etc. 98 98 98 98
Ruas e estradas
Asfaltadas, com drenagem de águas pluviais 98 98 98 98
Pavimentadas com paralelepípedos 76 85 89 91
De terra 72 82 87 89
Ver fonte DEP/DOP, 2005

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O solo e o grupo hidrológico.


O parâmetro CN depende da correlação de dois fatores importantes com
influência direta sobre a capacidade dos solos de absorção das águas de
escoamento superficial. O primeiro fator está ligado ao uso e ocupação do solo e
o segundo está relacionado às características geológicas deste mesmo solo. Sendo
assim, quanto mais argiloso for o solo menor é a capacidade de infiltração.
Contrariamente os solos arenosos com com ausência de argila ou com pequena
parcela destas, possuem maior capacidade de absorção das águas superficiais,
reduzindo as contribuições superficiais nos sistemas de drenagem.
Para a determinação das características e tipo de solo de modo a
correlacionar com o grupo hidrológico, podemos utilizar boletins de sondagens
realizados por empresas de Fundações e Sondagens.

2.2.7 Período de retorno (T)


É o período de tempo médio que um determinado evento hidrológico é
igualado ou superado pelo menos uma vez. O evento de maior importância
relacionado ao dimensionamento de um sistema de drenagem urbana é uma
chuva de elevada intensidade e baixa duração
Não há normas para a definição do período de retorno, o projetista deve
ter levar em consideração os custos das obras, prejuízos relacionados ao projeto
em curso e também bom senso, este pode-se adquirir com a experiência, mas não
somente com a elaboração de projetos, mas também pelo monitoramento do
desempenho destes projetos.
O período de retorno está relacionado com o risco assumido de ocorrer
uma precipitação maior que a utilizada no dimensionamento da obra. Segundo
Back (2002), a precipitação mais intensa é a menos freqüente. Quanto
maior for a chuva de projeto, maior o custo da obra e, conseqüentemente, menor
o risco. Entretanto, há certo ponto em que os custos de seguridade do
projetoultrapassam os benefícios de redução de danos possíveis.
Por isso, a escolha de determinado período de retorno é uma questão de
otimização entre os fatores econômicos e de segurança da obra (Kessler e Raad,
1978). Portanto a definição da chuva de projeto deve considerar a natureza das
obras a projetar e os riscos envolvidos quanto a segurança da população e as
perdas materiais.
Para obras de canalização de cursos de água de pequenas bacias
dedrenagem, para controle de inundação, o período de retorno adotado varia
entre 5 e 50 anos. Sendo os danos restritos somente á agricultura com perda na
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redução da produção agrícola, como nos projetos de irrigação e drenagem adota-


se, em média,um período de retorno de 5 a 10 anos. O DNIT (2005) recomenda
para dimensionamento de bueiros em rodovias o período de retorno entre 10 e
50 anos.
No Quadro 6 são apresentados alguns valores de período de retorno
recomendados para diferentes tipos de obras hidráulicas que podem ser
considerados como orientação.

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Quadro 6: Períodos de Retorno (T) recomendados para diferentes ocupações


T- Período de Retorno
Tipo de obra Tipo de ocupação da área
(anos)
Residencial 2
Comercial 5
Área com edifícios de serviço
5
Micro drenagem público
Aeroportos 2a5
Áreas comerciais e artéria de
5 a 10
tráfego
Áreas comerciais e residenciais 50 a 100
Macrodrenagem
Área de importância específica 500
Rural 5
Pequenos canais sem endicamento
Urbano 10
Rural 10
Grandes canais sem endicamento
Urbano 25
Rural 10
Pequenos canais com endicamento
Urbano 50
Rural 50
Grandes canaiscom endicamento
Urbano 100
Pequenos canais para drenagem urbana 5 a 10
Pontes em rodovias importantes 50 a 100
Pontes em rodovias comuns 25
Bueiros em rodovias importantes 25
Bueiros em rodovias comuns 5 a 10
Bocas de lobo 1a2
Vertedor de barragens importantes 10.000

A definição do período de retorno presume que se assume um risco de


ocorrer, em um ano qualquer, um fenômeno maior que a chuva de projeto
adotada. Esse risco pode ser calculado como:

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N
 1
J = 1 − 1 − 
 T
J = índice de risco, variando entre 0 e 1 (0 e 100 %);
T = período de retorno (anos);
N = número de anos considerado.

Em função destes ajustes a vazão de descarga ou de projeto calculada pelo


Método Racional deve também ser corrigida para a ocorrência das
tormentas infrequentes, multiplicando-se por um coeficiente Cf, que é
tabelado em função do período de retorno (Quadro 7).

Dessa forma a vazão máxima é dada por:


Q = 0,278 C I A ⋅ Cf

Quadro 7: Coeficiente de ajuste para o método Racional


Período deretorno Cf
2 a 10 1,00
25 1,10
50 1,20

2.2.8 Tempo de concetração (tc)


É o tempo necessário para a água precipitada no ponto mais distante da
bacia deslocar-se até a seção principal de escoamento. Esse tempo é definido
também como o tempo entre o fim da precipitação e o ponto de inflexão do
hidrograma, ou ainda como o tempo relativo a uma seção transversal do curso
d’água contado a partir do início da precipitação, necessário para que toda a bacia
hidrográfica correspondente passe a contribuir com a vazão na seção
considerada. Os fatores que influenciam no tempo de concentração de uma dada
bacia são:

- Forma da bacia;
- Declividade média da bacia;
- Tipo de cobertura vegetal;
- Comprimento e declividade do curso principal e de seus afluentes;
- Distância horizontal entre o ponto mais afastado da bacia e sua saída;

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- Condições do solo em que a bacia se encontra no início da chuva.

O tempo de concentração pode ser calculado por formulas tais como:

a) Método Cinemático
O método cinemático consiste em dividir a bacia hidrográfica em trechos
homogêneos e calcular a velocidade do escoamento em cada um deles. O tempo
de concentração será dado pelo somatório dos tempos de percurso por todos os
trechos que compõe o caminho percorrido ao longo do talvegue principal:
1 L
tc =   x∑
 60  v
Onde:
tc= tempo de concentração, em minutos;
L= comprimento de cada trecho, em metros;
v= velocidade de escoamento no trecho, em m/s.
sendo a velocidade definida por:
v = Cv * Si
Onde:
V= velocidade de escoamento no trecho, em m/s;
Si= declividade média do trecho, em porcentagem;
Cv= coeficiente de escoamento em superfícies e em calhas, apresentado no
quadro 8.
Quadro 8: Coeficiente de escoamento em superfícies (Cv).
(CV) Ocupação do solo Cv
Florestas densas 0,075
Campos naturais pouco 0,135
cultivados
Gramas ou pastos ralos 0,210
Solos quase nus 0,300
Canais gramados 0,450
Escoamento em lâmina sobre 0,600
pavimentos ou em sarjetas e
calhas rasas

(FONTE: TUCCI, 1995)

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b) Fórmula de Kirpich ou Califórnia Culverts Pratice (E.U.A.)


É uma fórmula empírica muito usada, desenvolvida em 1940, com dados
de sete pequenas bacias rurais do Tenessee, com declividades de 3% a 10% e áreas
de, no máximo 0,50 km2. (FRANCO, 2004).

tc = 57 ×
(L )
3 0 , 385

H
Onde:
tc = tempo de concentração, em minutos;
L = comprimento do talvegue, em km;
H = declividade do talvegue, em m/m.
Retrata o escoamento em superfícies e canais, representados pelas
variáveis L e H. Quando L >10km a fórmula tende a subestimar o valor de tc.
Também no caso de bacias urbanas deve ser usada com cautela, pois superestima
o valor de tc. Há a recomendação (CHOW et al., 1988), em reduzir o tempo de
concentração em 40% no caso de bacias urbanas, quando se utiliza a Fórmula de
Kirpich. (FRANCO, 2004).

c) Fórmula de Kirpich modificada por DER/SP.


Segundo o DER/SP apud Franco (2004), para áreas de drenagem superiores a 1
km2, o tempo de concentração poderá ser calculado pela fórmula de KIRPICH
modificada, expressa por:

tc = 85,2 ×
(L )
3 0 , 385

d) Fórmula de Vem Te Chow.


Utilizada para bacias hidrológicas grandes superior a 1Km².
0 , 64
tc = 52,64 ×  L 

 S
Onde:
L – Comprimento do rio principal (km);
s – Declividade média da bacia (m /km).

e) Fórmula do Soil Conservation Service – SCS (E.U.A.)


Foi deduzida para bacias rurais com áreas de drenagem de até 8 km²,
apresentada em 1975 (CHOW et al. 1988) apud Franco (2004), representa o
escoamento em superfícies:

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0,7
 1000  
tc = 342 × L
0 ,8
×   − 9 × S −0,5
 CN  
Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do talvegue, em km;
S = declividade do talvegue, em m/m;
CN = número da curva, pelo método do SCS.

f) Método Cinemático do Soil Conservation Service – SCS (E.U.A.)


Apresentado em 1975 estabelece o tempo de concentração como a
somatória dos tempos de trânsito dos diversos trechos que compõem o talvegue
(FRANCO, 2004):
 1000  L
tc =   x∑
 60  V
Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do talvegue, em km;
V = velocidade de escoamento, em m/s.

A velocidade de escoamento é apresentada no quadro 9 para escoamento


em superfície e canais mal definido em função da superfície e da declividade
longitudinal.

Quadro 9: Velocidade média - Método Cinemático SCS – E.U.A


Descrição do escoamento Declividade em %
0a3 4a7 8 a 11 > 12
Em superfície de:
Florestas 0 a 0,5 0,5 a 0,8 0,8 a 1,0 > 1,0
Pastos 0 a 0,8 0,8 a 1,1 1,1 a 1,3 > 1,3
Áreas cultivadas 0 a 0,9 0,9 a 1,4 1,4 a 1,7 > 1,7
Pavimentos 0 a 2,6 2,6 a 4,0 4,0 a 5,2 > 5,2
Em canais
Mal definidos 0 a 0,6 0,6 a 1,2 1,2 a 2,1
Bem definidos Usar fómula de Manning

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g) Fórmula de Bransby-Willians
tc =14,6× L× A−0,1 × S −0,2
Onde:
tc = tempo de concentração em minutos;
L = comprimento do talvegue em Km;
A = área da bacia em Km²;
S = declividade média do talvegue em m/km
Ventura
A
tc = 7,63
I

Onde: A= Área da bacia hidrográfica (km2)


Tc = Tempo de concentração (minutos)
I = Declividade da bacia em m/Km

O uso de uma ou outra equação depende de alguns fatores que cada um deve
buscar dentro de seus conhecimentos e principalmente depois de fazer alguns
experimentos e comparações entre as várias equações.
Nestes experimentos deve-se variar a área de contribuição, comprimento
do talvegue, declividade média da bacia e sem esquecer-se das condições de uso
e ocupação do solo. A seguir nas figuras 8, 9 e 10 apresenta planilhas formatadas
para testar algumas equações, estas também se encontram no CD anexo a esta
apostila.

O tempo de concentração (tc) será determinado a partir da soma de


tempos distintos:

tc = tp + te

onde:
tp = tempo de percurso – tempo de escoamento dentro da galeria ou canal,
calculado por:

tp = L / (60 * Vo) – em minutos


L = comprimento do trecho em metros
Vo = velocidade média do escoamento (m/s)

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te = tempo de entrada – tempo gasto pelas chuvas caídas nos pontos mais
distantes da bacia para atingirem o primeiro ralo ou seção considerada;

O tempo de entrada (te) pode também ser subdividido em parcelas:

te = t1+ t2

onde:
t1 = tempo de escoamento superficial no talvegue – tempo de escoamento
das águas pelo talvegue até alcançar o primeiro ralo ou seção considerada,
calculado pela equação de Kirpich ou outra;
t2 = tempo de percurso sobre o terreno natural – tempo de escoamento das
águas sobre o terreno natural, fora dos sulcos, até alcançar o ponto
considerado do talvegue, calculado pela equação de Kerby;

h) Kerby
A equação de Kerby é adotada para calcular a parcela t2, relativa ao
percurso no terreno natural até alcançar o talvegue:

t2 = 1,44 [ L2 Ck (1/(S2)0,5)] 0,47

onde:
t2= tempo de percurso sobre o terreno natural, em min;
L2= Comprimento do percurso considerado, em km;
Ck = Coeficiente determinado pelo quadro 10;
S2 =Declividade média do terreno;

Quadro 10: Coeficiente Ck - equação de Kerby

Coeficiente
Tipo de superfície
Ck

Lisa e impermeável 0,02

Terreno endurecido e desnudo 0,10

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Pasto ralo, terreno cultivado em fileiras e


superfície desnuda, moderadamente 0,20
áspera.
Pasto ou vegetação arbustiva 0,40

Mata de árvores decíduas 0,60

Mata de árvores decíduas tendo o solo


recoberto por espessa camada de detritos 0,80
vegetais

Figura 8: Experimento com área até 1Km²

Figura 9: Experimento com área até 10000m².

Figura 10: Experimento com área até 5000m².

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A transformação das bacias hidrográficas apresenta grande impacto sobre


o tempo de concentração, considerando a impermeabilização que reduz
consideravelmente este tempo.

2.2.9 Bacia hidrográfica


Bacia hidrográfica (figura 11) é o conjunto de terras drenadas por um rio
principal e seus tributários. A bacia hidrográfica é considerada como uma
unidade de relevo que contribui para um único coletor de águaspluviais. Em
termos ambientais, é a unidade ecossistêmica e morfológica que melhor reflete
os impactos das interferências antrópicas, seja na ocupação de terras com
atividades agrícolas ou na urbanização.
A formação da bacia hidrográfica dá-se através dos desníveis dos terrenos
que direcionam os cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais
baixas, é essa uma tendência que a água tem em seguir uma determinada
orientação dada pelo relevo e pelo efeito da gravidade.
Segundo Villela e Mattos (1975), a Bacia Hidrográfica é uma área definida
topograficamente, drenada por um curso d’água ou um sistema conectado de
cursos d’água tal que toda vazão efluente seja descarregada através de uma
simples saída.

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Figura 11: Representação de uma bacia hidrográfica

2.3 HIDRÁULICA

2.3.1 Cálculo da Vazão – Fórmula de Manning


A fórmula mais utilizada para calcular vazão em canais é dada por:
2 1
1
Q = ⋅ AR 3 .I 2
n
Onde:
Q = Descarga (m³/s).
n = coeficiente de rugosidade
A= área (m²)
R= raio hidráulico, A/P
P= Perímetro molhado (m)
I= Declividade do leito do canal

a) Condutos livres

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Os condutos livres estão sujeitos à pressão atmosférica, pelo menos em um


ponto da sua seção do escoamento. Também são denominados canais e
normalmente apresentam uma superfície livre de água, em contato com a
atmosfera. O movimento não depende como nos condutos sob pressão, da
pressão existente, mas da inclinação do fundo do canal e da superfície de água.
Como exemplos podemos citar:
a) Calhas de águas pluviais;
b) Coletores de esgoto;
c) Canais naturais (rios, riachos, córregos, etc.);
d) Canais artificiais (irrigação, drenagem superficial, sarjetas, canaletas,
adutoras);
e) Drenagem Profunda (pluvial em tubos de concreto).
Os cursos d’água naturais constituem o melhor exemplo de condutos
livres. Além dos rios e canais, funcionam como condutos livres os coletores de
esgotos, as galerias de águas pluviais, as calhas, caneletas, etc.
São considerados canais todos os condutos que conduzem águas com uma
superfície livre, com seção aberta ou fechada:
a) Seção trapezoidal (figura 12);
b) Seção retangular (figura 13);
c) Seção circular (figura 14);
d) Seção semicircular (figura 15).

Figura 12: Canal de seção trapezoidal.

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Figura 13: Canal de seção retangular.

Figura 14: Canal de seção circular.

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Figura 15: Canal de seção semicircular.

2.3.2 Elementos geométricos de uma seção


transversal
a) Profundidade (h): Distância entre o ponto mais baixo da seção do canal e
a superfície da água;
b) Declividades do talude (z): possui uma relação onde para cada 1 na
vertical há z na horizontal;
c) Larguras (bases), B, b;
d) Área molhada (Am): Seção transversal perpendicular à direção do
escoamento ocupado pela água.
e) Perímetro molhado (Pm): Comprimento da linha de contorno da área
molhada, exceto a superfície livre.
f) Raio hidráulico (Rh): É a relação entra a área molhada e o perímetro
molhado.

2.4 EQUAÇÃO DE CHUVA INTENSAS E ESTAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS

Segundo Back (2002), o termo precipitação engloba todas as formas de


água proveniente da atmosfera que atinge a superfície terrestre, incluindo neve,
granizo, chuva, orvalho, neblina entre outras formas.
BACK, 2002 a partir de observações de pluviógrafos com durações de 5,
10, 15, 25, 30, 45, 60, 75, 90 e 120 minutos descreveu a equação de chuvas intensas
para o Estado de Santa Catarina como sendo:

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K ×T m
i=
(t + b )n
Onde:
i - intensidade máxima média (mm*h-1);
T - período de retorno(anos)
t - tempo de duração da chuva (min)
K, m, n e b - coeficientes locais ajustados pelo método dos mínimos quadrados,
coeficientes são encontrados estatisticamente por região e por estação
meteorológica.

2.4.1 Duração da chuva de projeto.


Quando se considera o tempo de duração da chuva menor que o tempo de
concentração da bacia, ocorrerá uma vazão de pico menor que a máxima porque
não haverá participação de toda a área de drenagem da bacia hidrográfica no
escoamento, propiciando uma vazão de pico menor.
Se for adotado o tempo de duração maior que o tempo de concentração da
bacia, também não se obterá vazão de pico máxima, uma vez que a duração da
chuva será consideravelmente alta, reduzindo sua intensidade.
Neste caso, haveria a formação de um patamar no hidrograma unitário.
Sendo assim, é recomendável que para o cálculo da chuva de projeto, seja
considerado o tempo de duração igual ao tempo de concentração da chuva. Na
Figura 16, pode-se observar graficamente esta situação.

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Figura 16: Comportamento do hidrograma unitário de acordo com a duração da precipitação


considerada.

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CAPÍTULO 3

DRENAGEM SUPERFICIAL:
DISPOSITIVOS DE DRENAGEM

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3 DRENAGEM SUPERFICIAL:
DISPOSITIVOS DE DRENAGEM

A drenagem superficial deve ser projetada sistematicamente integrando


diversos dispositivos, isso dará maior garantia na estabilidade e durabilidade de
todo o empreendimento, assim como na preservação do meio ambiente,
principalmente na rede hidrográfica local.

Os dispositivos estão assim elencados:


a) Valetas de proteção de corte e de aterro;
b) Muretas de proteção de corte em rocha;
c) Sarjeta de corte e de aterro;
d) Sarjeta de canteiro central e de banqueta;
e) Descida d`água em talude de corte e aterro;
f) Saídas d`água;
g) Dissipador de energia;
h) Corta-rio.

3.1 VALETA DE PROTEÇÃO DE CORTE E DE ATERRO

3.1.1 Valetas de Proteção de Corte


Na figura 17, são apresentados dispositivos de drenagem posicionados na
crista dos taludes de corte também denominada em algumas literaturas de
"Valeta de Coroamento" por ser posicionada na parte superior desses taludes.
Têm por finalidade interceptar as águas de montante das encostas e áreas
adjacentes para evitar a saturação do solo e a consequente ruptura do talude. De
forma geral devem ser projetadas e construídas de modo a ficarem paralelas às
cristas dos cortes a uma distância de 3,0m ou superior da crista do corte (linha de
off-sets).

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Figura 17: Valeta de proteção de corte

3.1.2 Valetas de proteção de aterro


Na figura 18, são apresentados dispositivos que interceptam as águas que
escoam nas partes superiores dos aterros, tendo como finalidade impedir que as
águas das precipitações atinjam o pé do talude de aterro, evitando a erosão do
solo, além de conter o águas provenientes das sarjetas e valetas de proteção de
corte, conduzindo-as para dispositivos de transposição de talvegues,
descarregando-as com segurança na hidrografia natural do local.
O material resultante da escavação deve ser colocado entre a valeta e a
crista do corte e apiloado manualmente.

Figura 18: Valeta de aterro

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As valetas de proteção de aterro deverão projetadas e executadas


aproximadamente paralelas à linha do pé do talude de aterro, variando a
distância entre 2,0 e 3,0 metros.
O material resultante da escavação deve ser colocado entre a valeta e o pé
do talude de aterro, apiloado manualmente com o objetivo de suavizar a
interseção das superfícies do talude e do terreno natural.

Os dois dispositivos também tem por objetivo a proteção do corpo


estradal, evitando que descargas de água dos taludes sobre o corpo da estrada.
Estes dispositivos de drenagem são projetados para evitar erosões e
desestabilização dos taludes, podendo ser revestida por grama, pedra arrumada,
pedra argamassada, concreto, solo-cimento ou até mesmo o solo compactado,
dependendo da velocidade das águas.

As valetas de proteção de cortes interceptam as águas que escoam à


montante do talude de corte, evitando que elas saturem o solo e desencadeiem a
ruptura do talude, o que geraria danos à rodovia ou até acidentes. O Manual de
Drenagem de Rodovias (2006) relata que as valetas devem ser construídas
paralelas às cristas dos cortes, a uma distância entre 2,0 a 3,0 metros. O material
resultante da escavação deve ser colocado entre a valeta e a crista do corte e
apiloado manualmente.
As valetas de proteção de cortes e de aterros podem ser projetadas nas
seções trapezoidais, retangulares ou triangulares. As triangulares não são
recomendadas para grandes vazões, pois cria um plano preferencial de
escoamento da água (favorecem a erosão do solo), as retangulares são adotadas
no caso de cortes em rocha, por facilidade de execução e as trapezoidais têm
maior eficiência hidráulica.
O revestimento da valeta depende da velocidade do escoamento e do tipo
do solo natural. É sempre aconselhável revestir as valetas, principalmente em
terrenos permeáveis, que possam facilitar a infiltração da água e causar
instabilidade nos taludes. Os revestimentos podem ser de concreto, alvenaria de
tijolo ou pedra, pedra arrumada ou vegetação.

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3.1.3 Geomegtria e elementos de projeto


a) Geometria:
Podem ser de seção transversal trapezoidal, retangular ou triangular, moldadas
“in loco” de forma manual e/ou mecânica.
Quando executadas em material que não seja grama, recomenda-se o
enleivamento nas laterais após o apiloamento para evitar danos e retrabalho.

b) Elementos de projeto:
i) Seção trapezoidal: B - base maior (largura da valeta); b - base menor (fundo);
h - altura da lâmina de água (profundidade), f - folga; z - declividade dos lados
(1:z); I - declividade longitudinal.
ii) Seção retangular: B - base (fundo, largura da valeta); h - altura da lâmina de
água (profundidade), f - folga; I - declividade longitudinal.
iii) Seção triangular: B - abertura (largura da valeta); f - folga; z - declividade dos
lados (1:z); I - declividade longitudinal.

3.1.4 Dimensionamento hidráulico


Para o dimensionamento hidráulico, ou seja, determinação da área da
seção transversal mínima (ASmin) e todos seus elementos geométricos que
apresente capacidade de descarregar (Qc) vazão das áreas contribuíntes utiliza-
se a equação de Manning e o método racional para determinação da vazão de
projeto (Qp), haja vista que as contribuições são de áreas consideradas pequemas,
sendo este modelo hidrológico adequado.

Equação de Manning
2 1
1
Q = ⋅ AR 3 .I 2
n
Onde:
Q = Descarga (m³/s);
n = coeficiente de rugosidade;
A= área (m²);
R= raio hidráulico, A/P;
P= Perímetro molhado (m);
I= Declividade longitudinal do fundo da valeta (topografia).

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Método Racional:
Q = 0,278 C I A ⋅ Cf
Q = Vazão máxima do escoamento superficial, em m³/s;
C = coeficiente de escoamento;
I = intensidade da chuva, em mm/h;
A = área de contribuição da bacia, em Km²
Cf = coeficiente de ajuste (quadrto 11).

Quadro 11: Coeficiente de ajuste do método racional


Período deretorno Cf
2 a 10 1,00
25 1,10
50 1,20

3.2 MURETA DE PROTEÇÃO DE CORTE EM ROCHA

Nos cortes em rocha, geralmente a inclinação dos taludes são mais


acentuadas chegando praticamenta a verticalidade. Neste caso e em enconstas de
solo rochoso, deve-se projetar e executar uma Mureta de Proteção a ser executada
em concreto (tipo meio fio).
Esta estrutura tem por finalidade inteceptar as águas de precipitação das
encostas a montante, conduzí-las para um ponto de descarga seguro e adequado,
evitando também uma possível sobrecarga nas sarjetas de bordo de pista (figura
19). Deve ser posicionada de forma paralela à crista do corte (off-set) a uma
distância mínima de 50cm.

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Figura 19: Mureta de proteção de corte em rocha

3.3 SARJETA DE CORTE E DE ATERRO

3.3.1 Sarjetas de corte


Tem como objetivo captar as águas pluviais precipitadas sobre os taludes
de corte e a plataforma da rodovia e transportá-las longitudinalmente até a
transição entre o corte e o aterro descarregando na hidrografia local (terreno
natural), em uma caixa coletora de um bueiro de greide.
As sarjetas de corte podem ter seção triangular, que tem como principal
importância a redução de riscos de acidente, trapezoidal, para grandes vazões, e
retangular, para terrenos rochosos, devido a facilidade na execução.

As sarjetas podem ser revestidas em concreto, alvenaria de tijolo, alvenaria


de pedra argamassada, pedra arrumada revestida, pedra arrumada ou simples
revestimento vegetal, que tem alto custo de conservação.
Principais funções:
Impedeir erosão do bordo do pavimento e do pé do corte;
Aumentar o comprimento crítico;
Impedir a travessia de água na pista (em rodovias as sarjetas devem ficar
abaixo do nível da pista).

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Dentre as geometrias, a de seção triangular além de ter boa capacidade de


descarga também é bem recomendada por segurança (figura 20).

Figura 20: Sarjeta de corte triangular

As sarjetas de seção triagular precisam seguir algumas


recomendações:
a) A distância da borda junto ao acostamento até a linha do fundo da
sarjeta (L1), deve limitar-se entre 1,0 a 2,0 metros, de acordo com a
seção de vazão necessária.
b) Mantendo as declividades transversais estabelecidas, o aumento de
L1 fornecerá um acréscimo de L2, H e LT, aumentando a capacidade
de descarga da sarjeta.
c) Se L1 = 2,00m e a seção da transversal ainda for insuficiente para a
demanda, deverá ser adotada seção tipo trapezoidal ou retangular, de
modo a atender a vazão demandada .

As sarjetas de seção trapezoidal devem ser adotadas quando a triangular


apresentar-se de dimensões que não atendam as recomendações acima para
atender a demanda de vazão (figura 21).

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Figura 21: Sarjeta de corte de seção trapezoidal

As sarjetas de seção trapezoidal também devem seguir algumas


recomendações, principalmente visando a segurança:
a) Deverá ser dotada de uma barreira tipo meio-fio tendo como objetivo
a proteção de veículos que tendam a cair dentro da mesma.
b) O meio fio barreira deverá ter aberturas calculadas, em espaçamento
conveniente de modo a permitir a entrada d'água proveniente da pista.
Estas aberturas pode-se calcular como um vertedouro, tipo caixa
coletora de meio-fio com a equação:
Q = 1,71*L*H3/2, onde:
Q – vazão em m³/s;
L – largura da entrada (m);
H – altura da entrada (m).

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c) Para melhor segurança também pode-se projetar a sarjeta com tampa


em placas (capa) de forma descontinua de modo a permitir a entrada
d'água entre duas placas consecutivas. (figura 22).

Figura 22: Sarjeta trapezoidal com taampa (capa)

Ainda se a seção triangular não atender à vazão para a descarga de projeto,


ou em caso de cortes em rocha pela facilidade de execução, pode-se optar pela
sarjeta retangular.
Usa-se nesse caso também o meio fio de proteção com a mesma finalidade
especificada para a sarjeta trapezoidal (figura 23).

Figura 23: Sarjeta retangular

As sarjetas de seção retangular podem apresentar uma vantagem sobre as


demais em caso de descargas de grandes vazões, pois pode-se variar
profundidade ao longo do percurso, variando a declividade aumentando a
capacidade de descarga.

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3.3.2
Dimensionamento hidráulico da sarjeta de
corte
Para o dimensionamento dos elementos geométricos utilizamos o Método
Racional para a vazão de projeto e a equação de Manning para seção transversal
e velocidade.
As dimensões das seção transversal são determinadas comparando-se a
vazão de projeto - Qp (Método Racional) com a capacidade de descarga – Q,,
onde Q deverá ser maior que Qp (Q>=Qp).

3.3.2.1 Método racional


∗ ∗
=
36 ∗ 10!
Onde:
Cm – coeficiente de escoamento superficial médio calculado pela média
ponderada determinado por:

"1 ∗ 1 + "2 ∗ 2
=
"$
Onde:
L1 – Largura da plataforma da rodovia contribuinte para a sarjeta (m);
L2 – Largura da projeção horizontal do talude de corte contribuinte para a
sarjeta (m).
C1 = coeficiente de escoamento superficial da plataforma da rodovia;
C2 = coeficiente de escoamento superficial do talude de corte;
Lt – comprimento total (L1+L2)

3.3.2.2 Intensidade de chuva


i – Intensidade de chuva (cm/h): como a área de contribuição é muito
pequena, utiliza-se tempo de entrada de 5 minutos como sendo o tempo de
concentração. Este valor varia entre 5 e 20 minutos. Para o período de retorno
(tempo de recorrência) podemos utilzar 10 anos.

3.3.2.3 Área de contribuição


Ac - área de contribuição por metro linear de sarjeta, a qual é formada por
um retângulo equivalente onde um dos lados é o comprimento a
determinar e o outro a largura do implúvio, composto da seção da

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plataforma contribuinte e da projeção horizontal equivalente do talude de


corte (figura 24).

Figura 24: Área de contribuição para a sarjeta de corte

Ac = (L1 + L2) * Lc, onde;


Ac – Área de contribuição para a sarjeta (m²/m);
L1 – Largura da plataforma da rodovia contribuinte para a sarjeta (m);
L2 – Largura da projeção horizontal do talude de corte contribuinte para a
sarjeta (m);
Lc – comprimento crítico (m).

3.3.2.4 Cálculo dos elementos geométricos


O cálculo dos elementos geométricos da seção transversal é realizdao pela
equação de manning:

(
%
Q= ∗ ' ∗) */
&

onde :
As = área da seção transversal (m²) ;
RH = raio hidráulico, (m);
I = declividade da sarjeta, (m/m);
n = coeficiente de rugosidade, (adimensional);
Q = vazão máxima admissível, (m3/s)

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3.3.2.5 Comprimento crítico


Após a determinação da seção transversal mínima da sarjeta e seus
elementos geométricos é necessário encontrar o seu comprimento crítico
(Lc) para as diversas declividades do greide correspondente aos cortes
existentes. Comprimento crítico, é o comprimento máximo de utilização
da sarjeta, para que não haja transbordamento da água para a pista,
visando a segurança dos veículos ou para o talude onde poderá provovar
erosões e consequente deslizamento.
Sabemos que no mínimo Qp = Q e que a área de contribuição pode ser
calculada por: Ac = L * Lc, então se igualarmos as equações teremos:
Qp = Q

∗ ∗ "$ ∗ " , 2
1/2
= ∗ '3 ∗
36 ∗ 10! -
(
, ∗ ' ) ∗ */
" = 36 ∗ 10! ∗
∗ ∗ "$ ∗ -

Desenvolvendo a equação sabendo que somente a variável Lc não é


conhecida e I assume valores diferentes em trechos diferentes, teremos os
valores de Lc e função de I: Lc = f(I).
Com esta fução pode-se elabora a curva que permite determinar o
comprimento crítico Lc em função de sua declividade longitudianal e a
curva Lc = f(I), fica como a representada na figura 25.

Figura 25: Curva Lc=f(I)

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Se em um determinado trecho houver grande variação dos valores


do implúvio, não é recomendada a adoção de uma altura média de corte,
e sim seus valores individuais, podendo-se estabelecer um sistema que dê
diretamente os comprimentos críticos baseados em eixos coordenados,
tendo nas abscissas as larguras do implúvio e nas ordenadas os
comprimentos críticos.
Dessa forma, determina-se uma curva para cada
declividade, passando o gráfico a constituir-se de uma família de curvas,
assumindo a forma da figura 26.

Figura 26: Comprimento crítico pa várias declividades

Além de determinar o posicionamento de saídas d'água, o cálculo


do comprimento crítico está também condicionado à velocidade limite de
erosão do material utilizado no revestimento da sarjeta, cujos valores estão
indicados na tabela 1.

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3.3.3 Sarjetas de Aterro


São semelhantes às sarjetas de corte. Localizadas nas bordas dos
acostamentos, impedem a erosão do talude de aterro e borda do acostamento,
captando as águas precipitadas sobre o pavimento e conduzindo-as até as
descidas de água ou algum outro local seguro.

A localização da sarjeta de aterro deve seguir nas seguintes orientações:


a) Situar em trechos onde a velocidade das águas provenientes
da pista provoque erosão na borda da plataforma;
b) Situar em trechos onde, em conjunto com a terraplenagem,
for mais econômica a utilização da sarjeta, aumentando com isso a
altura necessária para o primeiro escalonamento de aterro;
c) Prever interseções, para coletar e conduzir as águas
provenientes dos ramos, ilhas, etc.

A seção transversal pode ser triangular, trapezoidal ou retangular,


sempre analisando a viabilidade e segurança, conforme discutido nos
itens anteriores. A figura 27 apresenta uma ilustarção de uma sarjeta
com meio fio simples e acostamento e a figura 28 com meio-fio e sarjeta
conjugados.

Um tipo de sarjeta de aterro muito utilizada atualmente, é quando se


cria uma espécie de seção triangular entre o desnível do pavimento e o
meio fio, formando o meio-fio-sarjeta.

Figura 27: Sarjeta de aterro com meio-fio simples e acostamento

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Figura 28: Sarjeta de aterro com meio-fio e sarjeta conjugados

Tanto para sarjetas de corte ou de aterro, os materiais mais indicados para


a construção do dispositivo são:
– concreto de cimento;
– concreto betuminoso;
– solo betume;
– solo cimento;
– solo.

3.3.4 Dimensionamento hidráulico da sarjeta de


aterro

Pode-se dividir o dimensionamento hidráulico da sarjeta de aterro em dois


subitens:
a) Além dos fatores econômicos, a necessidade da utilização da sarjeta em
aterro está condicionada fundamentalmente pela velocidade de erosão na
borda da plataforma, isto é, de acordo com os limites de erosão do material
de que é construído o aterro, conforme tabela 1.
O cálculo da velocidade do escoamento na borda da plataforma
determinará a necessidade ou não da utilização da sarjeta.

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Tabela 1: Velocidades admissíveis por tipo de revestimento

b) Optando pela utilização do dispositivo, no entanto, o dimensionamento


hidráulico consistirá basicamente no cálculo da máxima extensão
admissível da sarjeta, comprimento crítico, de modo que não haja
transbordamento, ou que a faixa de alagamento admissível no
acostamento não ultrapasse os valores pré-fixados.
Entende-se por comprimento crítico da sarjeta a distância máxima acima
da qual sua vazão admissível é inferior à descarga de projeto, exigindo,
portanto, uma descida d´água.

Os elementos básicos para o dimensionamento da sarjeta de aterro são


determinados de forma análoga à sarjeta de corte, com a diferença apenas na área
de inflúvio (contribuição), a qual é considerada apenas a plataforma da pista.
Para segmento em tangente a largura do inflúvio será de meia pista enquanto
que para segmento em curso será de pista inteira.

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3.3.4.1 Cálculo da velocidade de escoamento na borda da plataforma


Para a determinação da velocidade de escoamento na borda da
plataforma, alguns cálculos preliminares precisam ser feitos, tendo em vista que
o escoamento se dará na direção da reta de maior declive, função da declividade
longitudinal do greide e da declividade transversal da plataforma.
A figura 29 apresenta esquematicamente a determinação do comprimento
da reta de maior declividade.

Figura 29: Reta de maior declividade

onde:
I = declividade longitudinal da rodovia;
Z = declividade transversal da plataforma da rodovia;
L = largura do implúvio;
BE = D = comprimento da reta de maior declive;
CA = t = curva de nível;
ID = declividade da reta de maior declive.
a) Cálculo do comprimento da reta de maior declividade (D)
"
= ∗ ( + . )/,1
.
Onde:
D – Comprimento da reta de maior declividade (m);
L – Largura do implúvio (m);
I – Declividade longitudinal da rodovia (m/m);

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Z – Declividade transversal da pista (plataforma da rodovia) - (m/m).

b) Cálculo da declividade da reta de maior declive (ID)


2 =( + . )/,1
Onde:
I – Declividade longitudinal da rodovia (m/m);
Z – Declividade transversal da pista (plataforma da rodovia) - (m/m).

c) Cálculo da descarga no bordo da plataforma


A Figura 30 apresenta esquematicamente um segmento de rodovia e uma
seção tranaversal para apresentar alguns de seus elemetos geométricos
utilizados no cálculo ds descarga e velocidade no bordo da plataforma.

Figura 30: Segmento de rodovia e seção transversal

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A descarba no bordo é dada pela equação:


∗ ∗ " ∗ ( + . )/,1
3=
. ∗ 36 ∗ 10!

Onde:
Qb – descarga no bordo (m³/s/m);
C – coeficiente de escoamento superficial;
i – intensidade de chuva (cm/h);
L – largura do implúvio (m);
I – declividade longitudinal da rodovia (m/m);
Z – declividade transversal da rodovia (m/m);

d) Cálculo da velocidade de escoamento na borda da plataforma


5/*/
∗ 6 5/1 ∗ /1
∗ /1 ∗ " /1 ∗ ( + . )*/1
4=
166,92 ∗ . /1
Onde:

K - coeficiente de rugosidade de Strickler, tomado igual ao inverso do


*
coeficiente de rugosidade de Manning (6 = )
&

Caso seja necessário o projeto do dispositivo, o dimensionamento


hidráulico tem que calcular a vazão de contribuição pelo método racional, a
capacidade de descarga pela equação de Manning e verificar-se o comprimento
crítico, da mesma forma que calaculado para as outras sarjetas.

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3.4 SARJETA DE CANTEIRO CENTRAL E DE BANQUETA

3.4.1 Sarjeta de canteiro central


Para rodovias de pista dupla, há sempre a presença de uma separação entre
estas, podendo ser um canteiro central côncavo onde recebe as águas
precipitadas nas duas pistas mais a área do canteiro, sendo necessário drenar
superficialmente. Para este caso devemos utilizar um dispositivo de drenagem
denominado de valeta de canteiro central (Figuras 31 e 32).
Esta valeta tem como objetivo captar as águas provenientes das pistas e do
próprio canteiro central e conduzi-las longitudinalmente até serem captadas por
caixas coletoras de bueiros de greide.

Figura 31: Representação de uma valeta de canteiro central

Figura 32: Imagem de trecho com valeta de canteiro central

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A geometria da seção transversal pode ser usadas semi-circular,


trapezoidal, retangular ou triangular, dependendo da necessidade e capacidade
de descarga. O revestimento deve levar em consideração velocidade limite de
erosão do material empregado, de acordo com o coeficiente de rugosidade (n) do
material.
Dá-se preferência para as seções triangulares fazendo-se com que a
inclinação das faces tenham as mesmas declividades dos taludes do canteiro
central.
O dimensionamento hidráulico segue a mesma metodologia das sarjetas de
corte, com o método racional para determinação da vazão de projeto (Qp), a
equação de Manning para a capacidade de descarga (Q) e a determinação do
comprimento crítico.

3.4.2 Sarjeta de banqueta


São plataformas em forma de de degraus construídas longitudinalmente
nos taludes de grande altura (figura 33) com o objetivo de minimizar o
efeito das águas de precipitação ou deslizamentos de terra. Devem ter
largura mínima de 3m, declividade transversal contra a parede do talude
e longitudinal de acordo com o perfil mais conveniente para o escoamento.
Quando não definido em projeto deverão ser construídas paralelamente a
cada 10m na extensão do talude.
Podem ser revestidas com concreto simples, asfáltico ou grama. O
dimensinamento segue o mesmo das sarjetas de canteiro central (método
racional e Manning).

Figura 33: Sarjeta de banqueta

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3.5 DESCIDA D`ÁGUA EM TALUDE DE CORTE E ATERRO

As descidas d'água são utilizadas para receber e conduzir as águas captadas


por outros dispositivos de drenagem, pelos taludes de corte e aterro.
Para os trechos de cortes, as descidas d'água têm como objetivo principal
conduzir as águas das valetas quando atingem seu comprimento crítico, ou de
pequenos talvegues, desaguando numa caixa coletora ou na sarjeta de corte.
No aterro, as descidas d'água conduzem as águas provenientes das
sarjetas de aterro quando é atingido seu comprimento crítico, e, nos pontos
baixos, através das saídas d'água, desaguando no terreno natural.

As descidas d'água também atendem, no caso de cortes e aterros, às


valetas de banquetas quando é atingido seu comprimento crítico e em pontos
baixos.
Devem ser localizadas nos taludes dos cortes e aterros seguindo as suas
declividades e também na interseção do talude de aterro com o terreno natural
nos pontos de passagem de corte-aterro. Podem ser do tipo rápida ou em
degraus.

3.5.1 Tipo Rápida: Geometria e elementos de projeto


As descidas d'água podem ser do tipo rápido (figura 34) ou em degraus.
A escolha entre um e outro tipo será função da velocidade limite do escoamento
para que não provoque erosão, das características geotécnicas dos taludes, do
terreno natural, da necessidade da quebra de energia do fluxo d'água e dos
dispositivos de amortecimento na saida.
A escolha entre o tipo rápida ou em degraus deverá ser baseada em
questões técnicas e econômicas, cabvendo ao engenheiroprojetista a decisão.

As descidas d'agua podem ter s seguintes geometria de seção transversal:


a) retangular, em calha tipo rápido ou em degraus;
b) semicircular ou meia cana, de concreto ou metálica;
c) em tubos de concreto ou metálicos.
As construções em estrutura modular deve ser evitada, pois geralmente as
velocidades são altas e pode descalçar os módulos.

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Figura 34: Descida d´água

3.5.1.1 Dimensionamento hidráulico


Dimensionar hidráulicamente uma descida d`água consiste em
determinar seus elementos geométricos da seção transversal que apresente
capacidade de descarga para conduzir as águas a um ponto seguro evitando
erosões.
Há dois métodos para o dimensionamento, pela fórmula empírica,
baseada em experiências de laboratório, e através da teoria hidráulica do
movimento uniformemente variado.
A escolha do método depende da precisão que se queira dar aos cálculos,
sendo que o segundo método é mais preciso, no entando, pelo método empírico
os resultados são satisfatórios por ser uma estrutura de pequeno porte.

a) Dimensionamento pela fórmula empírica do tipo rápido


O dimensionamento pode ser feito através da expressão empírica seguinte,
fixando-se o valor da largura (B) e determinando-se o valor da altura (H).

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= 2,07 ∗ 9 /,: ∗ '*,;

Onde:
Q – Vazão (capacidade de descarga) – m³/s;
B – Largura da seção transversal – m;
H – Alatura da seção transversal – m.

b) Velocidade no pé da descida d`àgua no tipo rápida


A figura 34 apresenta esquematicamente em corte, uma descida d´água
com a velocidade de entrada Va e de saída Vb. O cálculo e equação final,
são baseados na equação de Bernoulli.

Figura 35: Representação esquemática da descida d´água

43 = (2 ∗ < ∗ ')/,1
Ondde:
Vb – velocidade na base da saída d´água – m/s;
g = aceleraação da gravidade – m/s²;
H – diferença de nível entre a crista e o pé da descida d´água – m.

Esta equação é uma simplificação da equação de Bernoulli:


=>( =@ (
. + + = .9 + 9 + , onde PA e PB estão sob a pressão amosférica,
∗? ∗?
sendo considerados iguais, e desconsiderando a velocida Va por ser igual a da
sarjeta que sofre grande queda ao entrar no dispositivo.

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O objetivo da determinação da velocidade no pé da descida d'água é o


dimensionamento da bacia de amortecimento e/ou dissipadores de energia,
função evidentemente da velocidade limite de erosão do material de que será
construída a descida. A velocidade teórica calculada acima conduz a valores
acima dos valores reais, sendo assim com maior segurança para determinar os
dissipadores de energia.

c) Material para execução do tipo rápido


As descidas d´água poderá ser executada em concreto armado simples ou
armado, com algumas recomendações:
i – Concreto simples: aterros novos com altura menor que 3,0m e em aterro
implantado, consolidado com o solo coesivo;
ii – Concreto armado: aterros novos comaltura superior a 3,0m e em
aterros implantados onde o solo não é coesivo;
iii – Aterro com altura entre 3,0m e 10,0m deverá ser do tipo rápido;
iv - Aterro com altura superior a 10,0 a descida d`água deverá ser em
degraus;

3.5.2 Em degraus: Geometria e elementos de projeto


(escadarias)

As descidas d´água em degraus (figura 36 e 37) aplinacam-se às


seguintes condições:
a) Condução através do talude de corte das águas provenientes de
valetas de proteção de cortes ou de sarjetas de banquetas;
b) Condução através do talude de aterros das águas provenientes de
meio-fios, de sarjeta de aterros ou de bocas de jusante de bueiros
elevados.

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Figura 36: Descida d´água em degraus - Vista superior

Figura 37: Descida d´água em degraus

Os degraus são dissipadores de energia e podem ser construídos em


concreto, gabiões ou pedra assentada com cimento e areia (figura 38) e possuem
uma altura de aproximadamente 1,50m.
O degrau vertical não é uma escada hidráulica. Não confundir o
dimensionamento de uma escada hidráulica como veremos adiante com o
dimensionamento de um degrau vertical que possui somente um degrau.

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Figura 38: Esquema de degraus

3.5.2.1 Dimensionamento
Os degraus podem ser calculados usando o número de queda (drop
number) Dn e são válidos pára regime sub-crítico e supercritico. Conforme o livro
de Drenagem Urbana, 1980 e Kathsuria, 2005 temos:

-=
< ∗ 05

"A = / ∗ 4,3 ∗ -/, C

D* = / ∗ 0,54 ∗ -/,! 1

D = / ∗ 1,66 ∗ -/, C

DF = / ∗ -/,

" = 6,9 ∗ (D* G D )

Sendo:
Dn= drop number (adimensional);
ho= altura do espelho do degrau (m);
g= aceleração da gravidade =9,81m/s2;
q= descarga unitária por unidade de comprimento da crista da soleira (m3/s x m);
y1= profundidade ao pé da lâmina vertente ou no início do ressalto hidráulico
(m);
y2= profundidade da água a jusante do ressalto (m);
yp= profundidade a jusante e junto ao pé do degrau (m);
Ld= comprimento de queda (distância desde o espelho do degrau até a posição
da profundidade y1 (m);

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L= comprimento até a profundidade y2 (m).

De modo geral a altura do degrau é no máximo de 1,50m. As


profundidades y1 e y2 são denominadas de profundidades conjugadas.
Foi verificado experimentalmente que os pontos A, B e C (figura 38) estão
alinhados numa linha reta conforme Chow, 1985.

H=
9
Sendo:
q= descarga unitaria por unidade de comprimento (m3/s/m);
Q= vazão de entrada (m3/s);
B= largura do degrau (m).

Velocidade em y1:
H
41 =
D*

O número de Froude onde temos a altura y1 é:


41
I1 =
(< ∗ D* )/,1

Observar que nos calculos do degrau vertical é sempre considerado que o


numero de Froude seja menor que 1, isto é, temos que estar no regime subcritico.

Altura crítica
A altura crítica da água no canal que chega para a escada hidráulica é dada
pela equação:
K(
DJ = (?∗L( )*/5, ou
H */5
DJ = ( )
<

Sendo:
dc= altura crítica do canal no início da escada hidráulica (m)
Q= vazão total (m3/s)
B= largura da escada hidráulica (m)
g= aceleração da gravidade = 9,81m/s2

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Dissipação de energia
Conforme Kathsuria, 2005 cita os estudos de Rajaratnam,. 1995 que propos
a seguinte equação para dissipação de energia em degrau vertical.
1 DJ
= 0,896 ∗ ( ) /,C;;
/

3.6 SAÍDAS D`ÁGUA


As saídas d'água também podem ser chamadas de entradas d'água, são
dispositivos projetados criteriozamente para conduzir as águas coletadas pelas
sarjetas de aterro e lança-las nas descidas d'agua.
Assim, são utilizadas para fazer a transição entre as sarjetas de
aterro e as descidas d'água. Localizam-se na borda da plataforma, junto aos
acostamentos ou em alargamentos próprios para sua execução, nos pontos onde
a sarjeta atinge seu comprimento crítico, em pontos baixos das curvas verticais
côncavas, junto às pontes, pontilhões e viadutos. Também podem ser utilizadas
na transição de corte para aterro.

3.6.1 Geometria e elementos de projeto


A seção transversal das saídas d`água devem ter capacidade de descarga
para captar rapidamente as águas que escoam pela borda da plataforma
conduzindo-as às descidas d'água.
Elementos de projeto como o rebaixamento gradativo da seção, conforme
apresenta-se nas Figuras 39 e 40, é um excelente artifício, muito eficiente de
captação.

3.6.2 Localização
Considerando sua localização, as saídas d'água devem ser projetadas
obedecendo aos seguintes critérios:

a) Greide em rampa
Neste caso, o fluxo d'água se realiza num único sentido, como
esquematicamente é apresentado na figura 39.

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b) Curva vertical côncava (ponto baixo)


Neste caso o fluxo d'água se dá nos dois sentidos, convergindo para um
ponto baixo, como esquematicamente é mostrado na figura 40.

Figura 39: Saída d`água de greide em rampa

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Figura 40: Saída D`água de curva vertical côncava

3.6.3 Dimensionamento hidráulico


Dimensionar hidraulicamente uma saída d'água é determinar a largura da
entrada de forma a conduzir, sem turbulências, toda a água proveniente das
sarjetas até as respectivas descidas d'água.

O valor de L indicado mas figuras 35 e 36, largura da saída, ou seja,


correspondente à abertura da sarjeta, é dado pela fórmula:

"=
6 ∗ N ∗ (< ∗ N)/,1

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Onde:
L = comprimento da abertura na sarjeta ou largura da saída d'água, de modo a
interceptar todo o seu fluxo (m);
Q = descarga afluente pela sarjeta (m3/s);
g = aceleração da gravidade (m/s2);
Y = altura do fluxo na sarjeta (m);
K = coeficiente, função da declividade, tomado igual a 0,20 para declividades da
sarjetaentre 2% e 5% (adimensional).

A determinação dos demais elementos constituintes da saída d'água pode


ser feita como se segue, conhecidas "a priori" a largura B e a altura H da descida
d'água:
– O espaçamento entre o alinhamento da sarjeta e o início da descida, X, deve
ser igual a 2,5 vezes a largura da descida d'água, B (figuras 34 e 35);
– O raio da curva da concordância entre a saída d'água e a descida d'água deve
ser igual a altura H da descida;
- O valor mínimo recomendado para a largura da saída d'água é de 7 vezes a
largura B da descida d'água.

3.7 DISSIPADOR DE ENERGIA

São dispositivos destinados a dissipar energia do fluxo d´água, reduzindo


consequentemente sua velocidade, de modo que não ocorra erosão seja no
dispositivo de drenagem ou mesmo no deságue para o terreno natural.
Os dissipadores de energia recebem as contribuições das saídas d`água,
descidas d`água, valetas de proteção e bueiros.

Os dissipadores de energia classificam-se em dois grupos:


– Dissipadores localizados ou bacias de amortecimento
– Dissipadores contínuos

3.7.1
Dissipadores localizados ou bacias de
amortecimento
São dispositivos de drenagem destinados, a dissipação de energia
reduzindo consequentemente a velocidade da água quando esta passa de um

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dispositivo de drenagem superficial qualquer para o terreno natural, de modo a


evitar a erosão.

A localização desses dispositivos são geralmente instalados nos seguintes locais:


– No pé das descidas d´água nos aterros;
– Na boca de jusante dos bueiros;
– Na saída das sarjetas de corte,nos pontos de passagem de corte-aterro.

3.7.1.1 Geometria e elementos de projeto


O projeto das bacias de amortecimento deve seguir os projetos tipos do DNIT.
Quanto à construção, devem ser seguidas as especificações de serviço DNIT
022/2006 .

3.7.1.2 Dimensionamento hidráulico


O dimensionamento hidráulico será função da velocidade de escoamento d`água
a montante e da altura do fluxo afluente.

Segundo experiências elaboradas pelo Bureau of Reclamation – USA, o ressalto


hidráulico que ocorre na bacia de amortecimento é função da variação do numero
de Froude. E a determinação deste ressalto hidráulico permitirá o
dimensionamento do dispositivo (figura 41).

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Figura 41: Representação do comprtamento hidráulico segundo Froude

Avalia-se da seguinte forma:


a) Para o número de Froude até 1,7, não há necessidade de preocupações,
pois haverá apenas pequena turbulência na superfície da água;
b) Para o número de Froude entre 1,7 e 2,5 e entre 4,5 e 9,0 o efeito
amortecedor para o ressalto que se forma pode ser feito através de uma
bacia de amortecimento horizontal lisa de concreto, calculada através de
experiências do BPR.

Calcula-se o Número de Froude (F) pela equação:


41
I1 =
(< ∗ N1)/,1

Onde:
F1 = Número de Froude;
V1 = velocidade do fluxo afluente à bacia, em m/s ;

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Y1 = altura do fluxo afluente à bacia, em m;


g = aceleração da gravidade, em m/s2.

Precisamos também calcular a altura do fluxo na saída da bacia de


amortecimento, após do ressalto, que é calculada pela equação:
N1
N2 = O P ∗ ((1 + 8 ∗ I1 )/,1 ) G 1
2

onde :
Y2 = Altura do fluxo na saída, em m;
Y1 = altura do fluxo afluente à bacia, em m;
F1 = Número de Froude

A longitude do ressalto, e, por conseguinte o comprimento da bacia de


amortecimento, pode ser determinada pelo gráfico da figura 42, baseado em
experiências de laboratório do BPR.

Figura 42: Gráfico para determinar o comprimento da bacia de amortecimento (ressalto hidráulico)

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Precisamos determinar a altura da parede da bacia de amortecimento


podendo ser determinada pela equação:

Y2 - altura do fluxo na saída ajustado (m) com as seguintes equações por faixa do
número de Froud:

a) Para número de Froud entre 1,7 e 5,5


I1
N´2 = R1,1 G S ∗ N2
120

'3 = N´2 + .
Onde:
Hb – Altura da parede (m);
N´2
.=
3
L – ábaco da figura 38

b) Para número de Froud entre 5,5 e 11


N´2 = 0,85 ∗ N2

'3 = N´2 + .
Onde:
Hb – Altura da parede (m);
N´2
.=
3
L – ábaco da figura 38

c) Para número de Froud entre 11 e 17


I1
N´2 = R100 G S ∗ N2
800
'3 = N´2 + .
Onde:
Hb – Altura da parede (m);

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N´2
.=
3
!,1∗T
"= , comprimento total (m);
U*∗/,5V

= 0,07 ∗ N2, altura da soleira (m).

Estes elementos geométricos da bacia de amortecimento estão representados na


figura 43.

Figura 43: Ilustração de um dissipador de energia

3.7.2 Dissipadores contínuos


O dissipador contínuo tem por finalidade a dissipação de energia, com a
consequente redução da velocidade da água continuamente ao longo de seu
percurso, de modo a evitar erosões e comprometer a estabilidade do corpo da
estrada.
São dispositivos situados nas descidas d´água, em forma de degraus , e ao
longo do aterro, de forma que a água precipitada sobre a plataforma seja
conduzida pelo talude, de forma contínua, sem criar preferências e, portanto, não
o afetando a estabilidade do talude (figura 44).

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Figura 44: Dissipador contínuo ao longo do aterro

a) Elementos de projeto
O dissipador contínuo utilizado ao longo do aterro deve ser construído
com uma camada de concreto de aproximadamente 0,50m de largura com
espessura de 0,10 m, de acabamento áspero obtido com o assentamento em
disposição irregular de pedras de dimensões aproximadas de 7,5cm (figura 44).
Para o projeto do dissipador contínuo tipo degraus , devem ser seguidos
os projetos tipos do DNIT.
Quanto à construção devem ser seguidas as Especificações de serviço
DNIT 022/2004

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3.8 Escalonamento de taludes


O escalonamento de taludes tem como objetivo evitar que as águas
precipitadas sobre a plataforma e sobre os taludes, atinjam, através do
escoamento superficial, uma velocidade acima dos limites de erosão dos
materiais que os compõe.
As banquetas neste caso são providas de dispositivos de captação das
águas, sarjetas de banqueta, que conduzirão as águas ao deságue seguro.

a) Elementos de projeto
Os elementos de projeto necessários ao cálculo do escalonamento são: a
intensidade de precipitação, a largura da plataforma, o parâmetro definidor da
declividade do talude, os coeficientes de escoamento do talude e da plataforma,
o coeficiente de rugosidade de Strickler, a declividade transversal e longitudinal
da plataforma e a velocidade admissível de erosão do talude, de acordo com a
tabela 1.

b) Dimensionamento hidráulico
Para o dimensionamento da altura máxima entre banquetas, deve-se
observar dois casos:

i) Se a rodovia não é provida de sarjeta de aterro, há a necessidade de considerar


nos cálculos a contribuição da plataforma, para o primeiro escalonamento de
aterro.

ii) Se houver sarjeta de aterro, os procedimentos para os cálculos do primeiro


escalonamento de aterro são semelhantes ao cálculo para os demais
escalonamentos em aterro e em corte.

b1) Cálculo do primeiro escalonamento de aterro


Para o primeiro escalonamento, contribuem as águas que se precipitam
sobre a plataforma e sobre o talude de aterro.

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O dimensionamento consiste em calcular a altura máxima entre a borda


do acostamento e a primeira banqueta, de modo que a velocidade de escoamento
seja inferior à de erosão do talude.

Para efeito do desenvolvimento dos cálculos podemos considerar os


equemas apresentados nas figuras 45 e 46.

Figura 45: bacia de contribuição da plataforma

Figura 46: Parâmetros para escalonamento do talude

Onde:
L = largura da plataforma que contribui para o escoamento no talude;
b = projeção horizontal do talude;
a = parâmetro definidor da declividade do talude;

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H = altura máxima do primeiro escalonamento;


q = descarga da plataforma no ponto P, m3/s;
qp= descarga do talude no ponto B, m3/s;
Q = descarga total no ponto B, m3/s;
i = intensidade de precipitação, mm/min;
I = declividade longitudinal da rodovia, m/m;
Z = declividade transversal da plataforma, m/m (média pista + acostamento) ;
C1 = coeficiente de escoamento da plataforma;
C2 = coeficiente de escoamento do talude;
A = área de contribuição, m2;
K = coeficiente de rugosidade de Strickler, igual ao inverso do coeficiente de
Manning;
Id = declividade da reta de maior aclive;
D = projeção horizontal da reta de maior aclive.

b2) Cálculo da descarga na crista do talude (em P, figura46)


Pela equação:
1∗ ∗"∗√ ∗.
H =
. ∗ 6 ∗ 10!

b3) Cálculo da descarga no pé do talude (em B, figura46)

2∗ ∗'∗W
H3 =
6 ∗ 10!

b4) Cálculo da descarga total (em B, figura46)


9 = H + H3

b5) Cálculo da altura do 1° escalonamento (figura46)

4W ,1 ∗ 6 ∗ 10! 1∗"∗√ +.
'1 = G
2∗ ∗W /, 1 ∗6 *,1 2∗W∗.

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b6) Cálculo dos demais escalonamentos em aterro e corte

Para a determinação da altura máxima de aterro ou corte, sem necessidade


de escalonamento, de modo que a velocidade da água precipitada chegue a seu
pé com valor abaixo do limite de erosão, pode-se considerar o esquema da figura
47.

Figura 47: Altura máxima para escalonamento de aterro

Cálculo da descarga em C
2∗ ∗'∗W
H =
6 ∗ 10!

Cálculo do valor de Hn, que será máximo quando a velocidade V for a admissível
(Va):
4W ,1 ∗ 6 ∗ 10!
'- =
2 ∗ ∗ W/, 1 ∗ 6 *,1

Esta equação é a anterior sem o segundo membro, isso é, sem a parcela


correspondente à vazão proveniente da plataforma da rodovia.

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3.9 CORTA-RIO

Os corta-rios (figura 48) são canais de desvio abertos com escoamento livre
com a finalidade de:
a) Evitar que um curso d'água existente interfira com a diretriz da rodovia,
obrigando a construção de sucessivas obras de transposição de talvegues;
b) Afastar as águas que ao serpentear em torno da diretriz da estrada,
coloquem em risco a estabilidade dos aterros;
c) Melhorar a diretriz da rodovia.

Figura 48: Respresentação de um corta-rio

3.9.1 Elementos de projeto


O projeto de corta-rio deverá constar de:
a) levantamento topográfico da área;
b) projeto horizontal, constando de plantas amarradas ao projeto da rodovia
e em escala conveniente;
c) projeto vertical, constando do perfil longitudinal com a mesma referência
altimétrica do projeto da rodovia;
d) seções transversais típicas com indicação dos taludes laterais de acordo
com a natureza do solo e detalhando, quando for o caso, o revestimento
adotado;
e) memória de cálculo.

No projeto do corta-rio deverá sempre haver um comparativo econômico


entre a construção deste, e a construção das obras necessárias para substituí-lo.

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O dimensionamento da seção transversal deve ser feito utilizando a


equação e Manning, verificando a velocidade admissível para o material de
revestimento de suas paredes bem como o regime de escoamento pelo número
de Froude - F.
- Equação de Manning:
(
= ∗ ') ∗ */
- Vazão
&

(
*
4= ∗ ' ∗ ) */
- Velocidade
&

- Número de Froude:
4
I=
X< ∗
Onde:
Y
= , com T – Lagura da superfície livre do canal e A – àrea da seção transversal
do canal

Se:
F > 1,00: Movimento supercrítico.
F = 1,00: Movimento crítico.
F < 1,00: Movimento subcrítico

Devemos deixar uma folga (f) para a altura, como forma de aumentar a
segurança, assim podemos calcular:
Z = 0,2 ∗

Onde h é a altura calaculada para o canal e f é a folga, medida da borda superior


do canal até a superfície na água, que é na parte superior de h.

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CAPÍTULO 4
DRENAGEM DE PAVIMENTO

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4 DRENAGEM DE PAVIMENTO
4.1 DRENAGEM DE PAVIMENTO

Este tipo de drenagem tem por objetivo proteger o pavimento das águas de
infiltrações diretas das precipitações e também de lençóis freáticos.
Essas águas, que atravessam os revestimentos numa taxa variando de 33 a
50 % nos pavimentos com revestimentos asfálticos e de 50 a 67 % nos pavimentos
de concreto hidráulico, podem causar danos à estrutura do pavimento, inclusive
base e sub-base, se não forem adotadas dispositivo especial para drená-las.
Essas infiltrações podem ocorrer para a situação de chuvas de duração de 1
(uma) hora e tempo de recorrência de 1 (um) ano, obtendo-se coeficientes de
infiltrações inferiores, à medida que se consiga melhorar as condições de vedação
da superfície dos pavimentos.

Algumas definições para elementos de um sistema de drenagem de


pavimento:

a) Camada drenante - é uma camada de material granular, com


granulometria apropriada colocada logo abaixo do revestimento, seja ele
asfáltico ou de concreto hidráulico, com a finalidade de drenar as águas
infiltradas para fora da pista de rolamento.

b) Drenos rasos longitudinais - são drenos que recebem as águas drenadas


pela camada drenante, aliviadas pelos drenos laterais e transversais que

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recebem as águas por ele transportadas, quando atingida sua capacidade


de vazão, conduzindo-as para fora da faixa estradal.

c) Drenos laterais de base - são drenos que tem a função de recolher as águas
que se infiltram na camada de base, sendo usualmente utilizados nas
situações em que o material da base dos acostamentos apresenta baixa
permeabilidade, encaminhando-as para fora da plataforma.

d) Drenos transversais - são os drenos posicionados transversalmente à pista


de rolamento em toda a largura da plataforma, sendo, usualmente,
indicada sua localização nos pontos baixos das curvas côncavas, ou em
outros locais onde se necessitar drenar as bases permeáveis.

4.1.1 Drenagem de pavimento para as águas de


infiltrações diretas das precipitações

4.1.1.1 Camada drenante


As bases drenantes, localizam-se entre o revestimento e a base e se
estendem até os drenos rasos longitudinais ou as bordas livres.
As figuras 49 e 50 mostram a posição em que são colocadas, em relação
aos demais elementos do pavimento, sendo que a segunda é utilizada nos casos
em que é possível conectar com os drenos profundos, caso existentes.

Figura 49: Representação de camada drenante

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Figura 50: Camada drenante conectada ao dreno profundo

4.1.1.2 Elementos do projeto


Suas espessuras variam de acordo com as condições pluviométricas das
regiões onde se situam e são fixadas pelas necessidades hidráulicas de drenagem
das rodovias. Os materiais usados nas bases drenantes são agregados de rocha
sadia, britados ou não.

As faixas usadas, de graduação aberta, exigem um afastamento


relativamente pequeno entre os tamanhos máximos e mínimos, por exemplo:

A experiência tem recomendado algumas curvas para agregados de


graduação que estão apresentadas no ábaco da figura 51.

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Figura 51: Ábaco para determinação da curva granulométric a

A condutividade hidráulica dessas faixas é avaliada pelos respectivos


coeficientes de condutividade hidráulica que variam de k = 42cm/s para a faixa
dos agregados de maior tamanho a k = 2,1cm/s para a faixa dos de menores
dimensões, valores amplamente satisfatórios.

Entre as camadas drenantes (bases e sub-bases) e entre as camadas


drenantes e o subleito deve-se ter o cuidado, se as granulometrias não forem
adequadas, de intercalar materiais que se constituam em filtro-separador para
evitar sua mistura e comprometimento da capacidade drenante (figuras 52a e 52b
).

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Figura 52: Filtro separador

Entre os drenos rasos longitudinais, drenos laterais de base e drenos


transversais, que envolvam contatos com seu material de enchimento e materiais
de granulometrias diferentes, ex: solo do sub-leito, deve-se ter o mesmo cuidado
em se dispor de elementos filtros-separadores para evitar mistura, intrusão de
finos e comprometimento da capacidade drenante (Figura 52c e 52d ).
Para os elementos filtros-separadores pode-se utilizar materiais
granulares adequados ou materiais sintéticos (geotêxteis).

4.1.1.3 Dimensionamento hidráulico


O dimensionamento da base drenante, assim como todos os drenos não
providos de condutos, baseia-se na Lei de Darcy, relativa ao escoamento dos
líquidos nos meios porosos:
= 6 ∗ ∗ ['
onde:
Q = vazão (m3/s);
K = Coeficiente de condutividade hidráulica (m/s);
A = área de escoamento, normal à direção do fluxo (m2);
GH = gradiente hidráulico (m/m).

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Deve-se considerar também:


a) O volume d'água que se infiltra no revestimento do pavimento;
b) O tempo máximo que as águas infiltradas podem permanecer nas
camadas do pavimento e suas interfaces sem danificar sua estrutura.

Os valores que têm sido empregados são os seguintes:


a) taxas de infiltração para a camada de revestimento:
- revestimento de concreto betuminoso: 0,33 a 0,50;
- revestimento de concreto hidráulico: 0,50 a 0,67.

b) chuva de projeto:
- tempo de recorrência - 1 ano;
- tempo de duração - 1 hora;
- tempo máximo de permanência das águas nas camadas do pavimento - 1 hora.

Os problemas que aparecem no projeto das bases drenantes podem


exigir dois tipos de soluções:
a) fixado o tipo de material drenante pela sua granulometria e respectivo
coeficiente de condutividade hidráulica, calcular a espessura da base
drenante para a descarga considerada.
b) fixada a espessura da camada drenante, determinar um material com
granulometria que garanta um coeficiente de condutividade capaz de
permitir a vazão considerada.

A camada deve ter uma espessura real com 2cm a mais que a calculada, para
maior segurança do escoamento necessário e um valor mínimo para permitir sua
perfeita execução.

Determinação da quantidade de água a escoar


Adotando uma taxa de infiltração C, referida no item anterior;
considerando de 1,00 m a largura da faixa de penetração na distância D, (figura
53) e a intensidade i da chuva em centímetros por hora (cm/h), tem-se, pelo
método racional:
∗ ∗ ∗ 24
=
100
Sendo Q a quantidade d'água a escoar na faixa de 1,0m de largura.

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Determinação do gradiente hidráulico


Face aos valores a considerar, verifica-se que o dimensionamento da base
drenante vai depender do gradiente hidráulico, GH.

Figura 53: Elementos para dimensionamento da camada drenante

Da figura 53 tem-se:

I = declividade longitudinal da rodovia no segmento considerado (rampa);


Z = declividade transversal da rodovia no segmento considerado
(superelevação);
L = largura da faixa considerada sujeita à infiltração;
D = projeção horizontal da reta de maior declive;
X = projeção horizontal da reta de maior declive (sobre um plano vertical
passando pelo
dreno longitudinal);
A = ponto localizado no nível inferior da camada drenante;
B e C = pontos localizados no nível do fluxo da camada drenante sobre o dreno
longitudinal;
h = diferença de nível entre os pontos considerados.

Para efeito de cálculo são feitas as seguintes hipóteses:


a) A água infiltrada no pavimento percola por suas camadas segundo a reta
de maior declive;

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b) A área de infiltração unitária é constituída de uma faixa de 1,0 m de


largura e comprimento igual a D;
c) Os valores I e Z são os das declividades do segmento representativo do
trecho sob projeto.

O valor do gradiente hidráulico GH do trecho pode ser calculado por:


\( ])
[' = , ou
2

[' = X +.

Determinação da espessura “e” da camada drenante conhecida sua


permeabilidade hidráulica.
24 ∗ ∗ ∗
^=
100 ∗ 6 ∗ ['

Determinação da permeabilidade hidráulica da camada drenante de espessura


pré-fixada.
24 ∗ ∗ ∗
6=
100 ∗ ^ ∗ ['

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CAPÍTULO 6
DRENAGEM SUBTERRÂNEA OU
PROFUNDA

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

5 DRENAGEM SUBTERRÂNA OU
PROFUNDA

Sabemos do conceito do ciclo hidrológico que do volume das águas


precipitadas, parte escoa superficialmente e parte infiltra no solo. O percentual
de cada parcela depende da capacidade maior ou menor de absorção por tipo e
características físicas do solo, além de influenciadas da topografia e clima.
Ainda, além destes dois aspectos, para drenagem e proteção de estradas e
rodovias, precisamos considerar um terceiro aspecto, que é chamado de "franja
capilar", resultante da ascensão (variação) do lençól freático às leis da
capilaridade.
A franja capilar é a camada de material poroso que contém poros
preenchidos por água subterrânea que ascende a partir do lençol freático por
capilaridade.

A influência produzida pela "franja capilar" deve ser eliminada, ou


reduzida, procedendo-se o rebaixamentos do lençól freático a fim de mantê-lo a
profundidades entre 1,50 a 2,00m do subleito das rodovias.

Neste capítulo, apresenta-se as soluções de drenagem subterrânea ou profunda


com os seguintes dispositivos:
a) Drenos profundos;
b) Drenos espinha de peixe;
c) Colchão drenante;

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d) Drenos horizontais profundos;


e) Valetões laterais;
f) Drenos verticais de areia.

A solução dos projetos de drenagem subterrânea exige :


a) conhecimento da topografia da área;
b) observações geológicas e pedológicas necessárias, com obtenção de
amostras dos solos por meio de sondagens a trado, percussão, rotativa e
em certos casos, por abertura de poços a pá e picareta;
c) conhecimento da pluviometria da região, por intermédio dos recursos que
oferece a hidrologia.

5.1 DRENO PROFUNDO

Os drenos profundos são dispositivos de drenagem utilizados para interceptar o


fluxo da água subterrânea rebaixando do lençol freático impedindo-o de atingir
o subleito.
Procura-se instalar preferencialmente entre 1,50 e 2,00m de profundidade, nos
trechos em corte, nos terrenos planos que apresentem lençol freático próximo do
subleito, bem como nas áreas eventualmente saturadas próximas ao pé dos
taludes.

5.1.1 Materiais utilizados


Deve ser empregados de acordo com suas funções:
a) filtrantes: areia, agregados britados, geotextil, etc.
b) drenantes: britas, cascalho grosso lavado, etc.
c) condutores: tubos de concreto (porosos ou perfurados), cerâmicos
(perfurados), de fibro-cimento, de materiais plásticos (corrugados,
flexíveis perfurados, ranhurados) e metálicos.

5.1.2 Localização
Os drenos profundos devem ser instalados nos locais onde haja
necessidade de interceptar e rebaixar o lençol freático, geralmente nas
proximidades dos acostamentos.

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Nos trechos em corte, recomenda-se que sejam instalados, no mínimo, a


1,50m do pé dos taludes, para evitar futuros problemas de instabilidade.
Podem, também, ser instalados sob os aterros, quando ocorrer a
possibilidade de aparecimento de água livre, bem como quando forem
encontradas camadas permeáveis sobrepostas a outras impermeáveis, mesmo
sem a presença de água na ocasião da pesquisa do lençol freático.

5.1.3 Elementos de projeto


Os drenos profundos são constituídos por vala, materiais drenante e
filtrante, podendo apresentar tubos-dreno, juntas, caixas de inspeção e estruturas
de deságue.
No caso de drenos com tubos podem ser utilizados envoltórios drenantes
ou filtrantes constituídos de materiais naturais ou sintéticos.
a) Valas
As valas devem ter no fundo a largura mínima de 50cm e de boca a largura
do fundo mais 10cm, e sua altura depende da profundidade do lençol freático
podendo chegar a 1,50m, ou no máximo 2,00m.

Para o enchimento da vala, o materia pode ser filtrante ou drenante.


A função do material filtrante é a de permitir o escoamento da água sem
carrear finos e consequentemente evitar a colmatação do dreno. Poderão ser
utilizados materiais naturais com granulometria apropriada ou geotexteis (os
mais usados).

A função do material drenante é a de captar e ao mesmo tempo conduzir


as águas a serem drenadas, devendo apresentar uma granulometria adequada à
vazão escoada.

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Há casos em que, com o uso de tubos, pode-se utilizar apenas o material


drenante, com a finalidade de aumentar o raio hidráulico na interface solo-
envelope, direcionando o fluxo da água do solo para o tubo, com a função de
captação ou de envoltório, pois, à medida que se aumenta o raio hidráulico do
dreno, reduz-se a possibilidade de arraste de finos do solo, reduzindo a
colmatação.

b) Tubos
Devem ser constituídos por tubos de concreto, de cerâmica, de plástico
rígido ou flexível corrugado, e metálicos.
Os diâmetros dos tubos comerciais variam de 10 a 15cm. Na medida da
necessidade, poderão ser perfurados, no canteiro de obras, tubos de diâmetros
maiores.
Os tubos de concreto podem conter furos com diâmetros variando de 6 a
10mm, sendo que nos tubos de materiais plásticos flexíveis corrugados são
utilizadas ranhuras de 0,6 a 10mm.
Os tubos deverão ser instalados com os furos voltados para cima, em casos
especiais de terrenos altamente porosos ou rochas com fendas amplas.
A posição dos furos, voltados para cima, exige que se encha a base da vala
do dreno com material impermeável até a altura dos furos iniciais e na outra
condição deve-se colocar filtro como material de proteção no fundo da vaIa.
No caso de tubos plásticos corrugados flexíveis, por disporem de orifícios
em todo o perímetro, não há necessidade de direcionar as aberturas de entrada

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

d'água. A figura 54 apresenta esquematicamente a instalação de drenos


profundos.

Figura 54: Representação de drenos profundos

Dimensionamento
No dimensionamento dos drenos profundos, há dois modelos a
considerar: drenos com tubos (rígidos ou flexíveis) e drenos cegos.

a) Drenos com tubos

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Os drenos são constituídos por uma vala onde são instalados os tubos e o
material de enchimento, ou envoltório, podendo ser selados ou não. Quando
selados contém uma camada de material impermeável.

Cálculo do diâmetro dos tubos


As duas condições de uso para os drenos longitudinais, são o
rebaixamento do lençol freático e a interceptação do fluxo d'água das infiltrações,
que se formaram através da superfície dos terrenos e se dirigem para a
plataforma da rodovia.
Em ambos os casos há necessidade de ser determinada a descarga de
projeto.

a1) Dreno para rebaixamento do lençol freático, figura 55

Figura 55: Ilustração do rebaixamento do lençol freático

Considerando-se a contribuição de um lado do dreno e a extensão de um metro,


pela lei de Darcy, tem-se:
Q= K* A* GH
onde:
Q = descarga no meio poroso;
K = coeficiente de permeabilidade;
A = área da seção normal à direção do fluxo;
H = altura máxima do lençol;
X = distância entre o tubo e o ponto de altura máxima do lençol;
GH = gradiente hidráulico.

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a1) Dreno profundo para interceptação

Para o dreno profundo com função interceptante deve-se ter o cuidado de


considerar a precipitação na área a drenar, função da distância compreendida
entre o dreno e os limites desta área.
Conhecendo o cálculo da descarga utiliza-se a fómula de Darcy
modificada por metro de dreno. Havendo contribuição dos dois lados do tubo o
valor de Q deve ser duplicado para cada metro do dreno.
6
= ∗'
2∗_
-se o valor de Q é recomendável para o cálculo do diâmetro do tubo
perfurado ou poroso o diâmetro deve ser pela fórmula de Scobey:
Velocidade:
4 = 0,269 ∗ ∗ /,; 1
∗ /,1

Vazão:
= 0,2113 ∗ ∗ /,; 1
∗ /,1

onde:
V = velocidade do escoamento (m/s);
Q = vazão (m³/s);
D = diâmetro (m);
I = declividade do dreno (m/m);
C = coeficiente que depende da rugosidade das paredes internas do tubo. Para os
tubos de concreto liso, bem acabados, assim como os de cerâmica, adota-se C=
132.

Também é usada a fórmula de Hazen - Willians.


Velocidade:
4 = 0,355 ∗ ∗ /,;5
∗ /,1!

Vazão:
= 0,2785 ∗ ∗ /,;5 ∗ /,1!
C = 120 para os tubos de concreto bem acabados e os de cerâmica.

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Pode-se também utilizar a fórmula de Manning.


\
A relação , altura de Lamina de água (h) e diâmetro deve se de 0,5, ou seja, o
2
diâmetro calculado deve ser multiplicado por 2.

a2) Drenos cegos


Tem sua utilização nos casos em que o volume d'água a drenar é pequeno
e a extensão do dreno é reduzida, face à sua baixa capacidade drenante.
O cálculo da seção de vazão é feito com a fórmula de Darcy já apresentada
anteriormente.
As granulometrias dos materiais, drenantes e filtrantes, são obtidas pelo
processo de Terzaghi, já exposto, ou pelas determinações do Bureau of
Reclamation e Soil Conservation Servie.
Para este dispositivo deve-se determinar o comprimento crítico pela
equação:
onde:

" =
H

Lc = comprimento crítico (m);


Q = vazão admissível do dreno (m3/s) ;
q = a contribuição que o dreno recebe, por metro linear (m3/s/m) .

É necessário determinar o espaçamento entre drenos longitudinais, definindo o


número de linhas necessárias para se conseguir a drenagem da área (figura 56).

Figura 56: Precipitação sobre a plataforma

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Este dimensionamento é conseguido com a igualdade de vazão da água


infiltrada com a capacidade drenante dos tubos a serem usados.
No cálculo, são utilizados os símbolos abaixo:
E = espaçamento das linhas dos drenos (m);
h = altura do lençol freático acima da linha dos drenos, após sua construção (m);
K = condutividade hidráulica do solo (m/s);
q = contribuição da infiltração por m2 de área sujeita à precipitação (m3/s/m2);
I = gradiente hidráulico (m/m).

Para enchimento da vala é recomendada a utilização de materiais inertes:


pedra britada, cascalho ou areia lavada, com granulometria própria e adequada.
Para evitar a colmatação e atender as condições de vazão, poderá haver a
necessidade de execução de drenos descontínuos.

Para e escolha da granulometrias dos materiais drenantes e filtrantes, e


outras considerações, utiliza-se o processo de Terzaghi , pelas determinações do
Bureau of Reclamation e Soil Conservation Service, e no caso de geotêxteis pelo
método do Comité Francês de Geotexteis e Geomembranas.

Das recomendações de Terzaghi tem-se as seguintes condições:


a) Condição de permeabilidade
A*1%a b1cde%
f
(Máximo de 5% passando na peneiro n°. 200)

b) Condição de não entupimento do material filtrante

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c) Condição de não entupimento do tudo

d) Condição de uniformidade

Onde:

Material filtrante com materiais naturais


Para escolha do filtro no caso de materiais naturais determina-se, face às
características dos solos dos cortes em estudo, curvas granulométricas que
limitem faixas, nas jazidas encontradas, satisfazendo às exigências do processo
de Terzaghi para projetos de filtros de drenos.

a) Da condição de não entupimento do material filtrante

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Inicialmente adotam-se os menores diâmetros correspondentes às


porcentagens de 15, 50 e 85% (porcentagens passando) dos solos a drenar e com
esses valores calculam-se os valores máximos que deverão ter os diâmetros das
porcentagens de 15 e 50% do material filtrante, segundo Terzaghi (figura 53
pontos A e B).
b) Da condição de permeabilidade
Adota-se em seguida o maior diâmetro da porcentagem de 15%
(passando) dos solos a drenar e com ele calcula-se o valor mínimo do diâmetro
da quantidade de 15% do material filtrante. (figura 57 ponto C).

Por esses três pontos obrem-se duas curvas granulométricas. A primeira


passando pelos pontos A e B e a segunda a partir do ponto C, com direção mais
ou menos paralela à reta A’B’, determinando uma área dentro da qual se
posicionarão todas as curvas.
Quando a jazida não atende às exigências, tenta-se a mistura com dois
materiais de granulometria diversas.

Figura 57: Determinação gráfica de material filtrante e drenante

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5.1.4 Outros critérios: Evelopamento


Define-se envelope como todo material colocado entre o tubo de um dreno
e o solo, com a finalidade de proporcionar uma redução do gradiente hidráulico
nas proximidades do tubo com a conseqüente redução da velocidade do fluxo
nos poros do solo.
Essa redução de velocidade faz com que o carreamento de partículas para
o interior do tubo seja pequeno ou praticamente nulo.
O envelope deve ter a função de permitir, pela sua permeabilidade, o
movimento da água do solo para o dreno. Um envelope convenientemente
selecionado impede que haja a liberação de partículas do solo e o conseqüente
carreamento delas para o tubo.

a) Materiais de envelope
Para o enveloppamento dreno pode ser utilizado cascalho, brita ou areia
grossa lavada, livre de matéria orgânica, argila ou outro material que possa
alterar sua condutividade hidráulica com o tempo.
O envelope também pode se constituir diretamente de material sintético
(geotêxtil) ou orgânico natural (fibra de coco, palha, etc).
A seleção do tipo de envelope depende de vários fatores, tais como,
disponibilidade de material apropriado, condições climáticas e tipos de solos,
indicado na tabela 2, nas recomendações de uso de envelope ou filtro do Soil
Conservation Service:

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Tabela 2: Classificação para determinar a necessidade para filtros ou

5.2 DRENO ESPINHA DE PEIXE

São drenos destinados à drenagem de grandes áreas, pavimentadas ou não,


normalmente usados em série, em sentido oblíquo em relação ao eixo
longitudinal da rodovia ou área a drenar.
Geralmente são de pequena profundidade e, por este motivo, sem tubos,
embora possam eventualmente ser usados com tubos.
Podem ser exigidos em cortes, quando os drenos longitudinais forem
insuficientes para a drenagem da área.
Podem ser projetados em terrenos que receberão aterros e nos quais o
lençol freático estiver próximo da superfície.

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Podem também ser necessários nos aterros quando o solo natural for
impermeável.
Conforme as condições existentes podem desaguar livremente ou em
drenos longitudinais (figura 58).

Figura 58: Drenos em espinha de peixe

5.2.1 Elementos de projeto


Tratando-se de drenos a serem construídos à pequena profundidade, é
conveniente que sejam adotados drenos do tipo cego ou com tubo dreno. Os
materiais usados precisam atender às exigências dos materiais drenantes e
filtrantes.
Para o projeto há necessidade de ser calculada a descarga, de acordo com
os métodos descritos para os tubos de dreno descritos anteriormente, ou seja,
pela fórmula de Darcy..

5.3 COLCHÃO DRENANTE

5.3.1 OBJETIVO E CARACTERÍSTICAS


O objetivo das camadas drenantes (figura 59) é drenar as águas, situadas
a pequena profundidade do corpo estradal, em que o volume não possa ser
drenado pelos dreno "espinha de peixe".

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São usadas:
a) nos cortes em rocha;
b) nos cortes em que o lençol freático estiver próximo do greide da
terraplenagem;
c) na base dos aterros onde houver água livre próximo ao terreno natural;
d) nos aterros constituídos sobre terrenos impermeáveis.
A remoção das águas coletadas pelos colchões drenantes deverá ser feita
por drenos longitudinais.

5.3.2 DIMENSIONAMENTO
Para o dimensionamento do colchão drenante, como se trata, ainda, de
meio poroso, há necessidade das seguintes determinações:
a) Volume de água a escoar pela camada numa faixa de 1,0 metro de largura
e comprimento, na direção do fluxo, até o limite da bacia de contribuição
(Q);
b) Gradiente hidráulico do fluxo que poderá ser substituído pela declividade
da camada.

Além dessas determinações há necessidade de pesquisa no campo para


obtenção do material drenante e filtrante, cujas granulometrias deverão
obedecer, conforme o caso, aos critérios de Terzaghi, do Bureau of Reclamation e
Soil Conservation Service e do Comitê Francês de Geotêxteis e Geomembranas
ou literatura técnica especializada.
Os coeficientes de permeabilidade das camadas deverão atender às
necessidades da vazão.
De posse destes elementos, o cálculo da espessura da camada não será
difícil e vai depender do emprego da lei de Darcy:
=6∗ ∗

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Figura 59: Colchão drenante: Fonte: Construtora Terraço

5.4 DRENO SUB HORIZONTAL

Os drenos sub-horizontais são aplicados para a prevenção e correção de


escorregamentos nos quais a causa determinante da instabilidade é a elevação do
lençol freático ou do nível piezométrico de lençóis confinados. No caso de
escorregamentos de grandes proporções, geralmente trata-se da única solução
econômica a se recorrer.

São constituídos por tubos providos de ranhuras ou orifícios na sua parte


superior, introduzidos em perfurações executadas na parede do talude, com
inclinação próxima à horizontal. A figura 60 representa a ilustração de um dreno
típico subhorizaontal e seus elementos e a figura 61 uma imagem de um dreno
instalado.

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Figura 60: Ilustração de um dreno típico subhorizontal

Figura 61: Dreno subhorizontal instalado

Também podemos ter estes tubos com controle de saída da água, figura 62
e na figura 63 apresenta-se a execução de um dreno subhorizontal.

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Figura 62: Dreno subhorizontal com controle de saída

Figura 63: Execução de um derno subsuperficial

Estes tubos drenam a água do lençol ou lençóis, aliviam a pressão nos


poros. Considera -se mais importante que o alívio da pressão a mudança da
direção do fluxo d'água, orientando-se assim a percolação para uma direção que
contribui para o aumento da estabilidade.

5.4.1 Elementos de projeto


Anteriormente ao projeto é necessário alguns estudos preliminares,
iniciando pela caracterização geotécnica do maciço, por meio de sondagens, do
material do talude.

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Podemos classificar e três casos:


a) rochas ou solos heterogêneos com relação à permeabilidade: a drenagem
tem o objetivo de interceptar o maior número possível de veios
permeáveis ou bolsões permeáveis.
b) materiais essencialmente homogêneos com relação à permeabilidade:
No caso de rochas ou solos homogêneos quanto à permeabilidade, podem-
se utilizar ábacos existentes para uma primeira estimativa do número,
comprimento e espaçamento dos drenos, de modo a atingir-se a redução
desejada das poro-pressões.
c) escorregamentos relativamente "impermeáveis" cobrindo formações mais
permeáveis e saturadas, com nível piezométrico elevado: neste caso o
comprimento dos drenos deve ser tal que a camada saturada de alta
permeabilidade seja interceptada ao longo de um trecho perfurado do
tubo com comprimento razoável.

5.4.2 Dimensionamento
O dimensionamento leva em consideração o escoamento livre no interior
dos tubos. As figuras 64 e 65 reproduzem os ábacos para verificação e
dimensionamento.

A condição inicial da pressão dos poros em talude (antes da colocação dos


drenos) é caracterizada pela relação Hu/H, figura 63 e 64. Nas faixas de Hu/H
entre 0,5 e 0,64 a melhora da estabilidade do talude expressa por ΔF/Fo (onde ΔF
é o acréscimo do fator de segurança existente, Fo) é muito pouco influenciada
pelas condições de pressões dos poros.
Os ábacos proporcionam resultados aceitáveis para a faixa de Hu/H = 0,5
a 0,7. Em taludes com relação superior a este os resultados ficam subestimados,
e para relações menores os ábacos superestimam a influência dos drenos.
A altura do talude H é definida como a altura entre o pé e a crista. Em
alguns casos a área instável ou de instabilidade potencial poderá ser localizada
ocupando apenas uma parcela da altura total.
Em tais casos, a altura equivalente do talude a ser utilizada como entrada
nos ábacos pode ser a distância vertical entre a base até a parte superior da área
instável ou potencialmente instável, como mostra a figura 63.

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ROTEIRO
Para estabilizar trechos com extensões maiores que 4H, em planta , deve
usar-se os ábacos para estabilização geral, partes (a) apresentada nas figuras 63 e
64, adotando-se o incremento de segurança desejado, ΔF/Fo. Com este valor
busca-se a curva e, comprimento do dreno para a largura unitária do talude, de
menor valor. Da interseção obtêm-se os valores ótimos de S/H e L/H, onde S é o
espaçamento em planta dos drenos e L o seu comprimento.
Na Fig. 64 (a), para o caso do valor desejado na melhoria do fator de
segurança ΔF/Fo = 0,25, obtem-se, interpolando nas curvas e , o valor mínimo
requerido para e (no caso, 0,7), e os valores ótimos de S/H e L/H são 2,5 e 3,6,
respectivamente.
Se, por alguma outra razão, for mais vantajoso usar drenos mais curtos, o
mesmo aumento de segurança obtém-se para L/H = 2 e S/H = 2,9, para um mesmo
comprimento total de drenos.
Pode-se ainda, no mesmo gráfico, verificar que para drenos com relação
L/H = 1 e S/H = 0,8 tem-se o mesmo acréscimo de segurança, porém com um
comprimento unitário total de drenos, e, igual a 1,1. Neste caso, portanto, estarão
sendo gastos mais drenos para obter um mesmo aumento de segurança.
No entanto, as condições reais podem conduzir a esta última escolha,
desde que a geologia do local não atenda às hipóteses de homogeneidade e de
isotropia admitidas nos ábacos. Assim, os ábacos de Kenney devem ser usados
com a devida cautela.

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Figura 64: Noveiller (1981)

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Figura 65: Noveiller (1981)

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5.5 BUEIRO DE GREIDE

Os bueiros de greide são dispositivos destinados a conduzir para locais de


deságue seguro as águas captadas pelas caixas coletoras, com características
diferentes quando de aterro (figura 66) e de corte (figura 67) .

Figura 66: Bueiro de greide em aterro

Figura 67: Bueiro de greide de corte

5.5.1 Localização
a) Nas extremidades dos comprimentos críticos das sarjetas;
b) Nos pés das descidas d'água dos cortes, recebendo as águas das valetas de
proteção de corte e/ou valetas de banquetas, captadas através de caixas coletoras;
c) Nos pontos de passagem de corte-aterro, evitando-se que as águas
provenientes das sarjetas de corte deságuem no terreno natural com
possibilidade de erodi-lo;
d) Nas rodovias de pista dupla, conduzindo ao deságue as águas coletadas
dos dispositivos de drenagem do canteiro central.

Os bueiros de greide podem ser implantados transversal ou


longitudinalmente ao eixo da rodovia, com alturas de recobrimento atendendo à
resistência de compressão estabelecida para as diversas classes de tubo pela NBR-
9794 da ABNT.

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5.5.2 Geometria e elementos de projeto


Os elementos constituintes de um bueiro de greide são:

a) Caixas coletoras (figura 68): poderão ser construídas de um lado da pista,


dos dois lados da pista e ainda no canteiro central. As caixas coletoras que
atendem aos bueiros de greide, por estarem posicionadas próximo às
pistas, são geralmente dotadas de tampa em forma de grelha.

Figura 68: Caixa coletora para desague em bueiro de greide

b) Corpo (figura 69): é constituído em geral de tubos de concreto armado ou


metálicos, obedecendo às mesmas considerações formuladas para os
bueiros de transposição de talvegues.

Figura 69: Corpo de buiro

c) Boca (figura 70): A boca será construída à jusante, ao nível do terreno ou


no talude de aterro, sendo neste caso necessário construir uma descida
d'água geralmente dotada de bacia de amortecimento.

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Figura 70: Boca de bueiro com dissipador de energia

Para a execução de bueiros de concreto devem ser seguidas as Especificações


de Serviço DNIT 023/2004.

5.5.3 Dimensionamento hidráulico


Para o dimensionamento hidráulico dos bueiros de greide devem ser
obedecidas as seguintes recomendações:
a) A descarga de projeto deverá ser obtida pela soma das descargas das obras
de drenagem superficial afluentes às caixas coletoras ou pelo levantamento da
bacia de contribuição ao bueiro de greide, aplicando-se o método de cálculo de
descarga mais conveniente, fixando-se o tempo de recorrência, função do
vulto econômico da obra;
b) O bueiro de greide deve ser, sempre que possível, dimensionado sem
carga hidráulica a montante, embora em ocasiões especiais possa ser
dimensionado com carga hidráulica a montante, observando-se sempre,
com muito rigor, a cota máxima do nível d'água a montante, função da
altura da caixa coletora e policiando-se sempre a velocidade do fluxo a
jusante;
c) Tendo em vista maior facilidade de limpeza, o diâmetro mínimo a adotar
para o bueiro de greide é de 0,80m.

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CAPÍTULO 6
DRENAGEM PARA TRANSPOSIÇÃO DE
TALVEGUES

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6 DRENAGEM PARA TRANSPOSIÇÃO DE


TALVEGUES

6.1 INTRODUÇÃO

A drenagem de uma rodovia deve eliminar a água que, sob qualquer forma,
atinge o corpo estradal, captando-a e conduzindo-a para locais em que menos
afete a segurança e durabilidade da via.

As águas que escoam por um talvegue, originam-se de uma bacia ou sub


bacia hidrográfica as quais devem passar sob as rodovias sem comprometer a
estrutura do corpo da estrada.
Para transpor estes atlvegues proporcionando segurança estrutural para as
rodovias adotamos elementos de drenagem que podem ser bueiros, pontilhões
ou ponte, dependendo da ordem de grandeza do talvgeue.

Em termos hidráulicos os bueiros podem ser dimensionados como canais,


vertedouros ou orifícios. A escolha do regime a adotar depende da possibilidade
da obra poder ou não trabalhar com carga hidráulica a montante, que poderia
proporcionar o transbordamento do curso d’água causando danos aos aterros e
pavimentos e inundação a montante do bueiro.
Para bueiros com carga a montante o escoamento é considerado como canal
em movimento uniforme, à seção plena, sem pressão interna.

6.2 BUEIRO

Os bueiros são obras dispositivos de drenagem com o objetivo de permitir


a passagem livre das águas que acorrem as estradas, sendo compostos de bocas
e corpo (figura 71).
Corpo é a parte situada sob os cortes e aterros. As bocas constituem os
dispositivos de admissão e lançamento, a montante e a jusante, e são compostas
de soleira, muro de testa e alas.

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Figura 71: Bueiro, com corpo e bocas (alas)

6.2.1 Classificação
Os bueiros podem ser classificados em quatro classes: quanto à forma da
seção; quanto ao número de linhas; quanto aos materiais com os quais são
construídos e quanto à esconsidade.

a) Quanto à forma da seção


I) São tubulares, quando a seção for circular (figura 72);
II) celulares, quando a seção transversal for retangular ou quadrada
(figura 73);
III) especial, elipses ou ovóides, quando tiver seções diferentes das
citadas anteriormente, como é o caso dos arcos, por exemplo (figura
74).

Para o caso dos bueiros metálicos corrugados, existe uma gama maior de
formas e dimensões, entre elas: a circular, a lenticular, a elíptica e os arcos
semicirculares ou com raios variáveis (ovóides), figura 75.

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Figura 72: Bueiro tubular

Figura 73: Bueiro celular

Figura 74: Bueiro especial em forma de arco (elipse)

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Figura 75: Bueiro metálico corrugado

b) Quanto ao número de linhas


São simples, quando só houver uma linha de tubos, de células etc; duplos
e triplos, quando houver 2 ou 3 linhas de tubos, células etc. Não são
recomendáveis números maiores de linhas por provocar alagamento em uma
faixa muito ampla. As figura 76 e 77 apresentam bueiros duplos tubular e celular
respectivamente.

Figura 76: Bueiro tubular duplo Figura 77: Bueiro celular duplo

c) Quanto ao material
Os materiais atualmente usados para a construção de bueiros no DNIT são
de diversos tipos: concreto simples, concreto armado, chapa metálica corrugada
ou polietileno de alta densidade, PEAD, além do PRFV – plástico reforçado de
fibra de vidro. Na figura 78 apresenta-se um bueiro com PEAD e na figura 79
tudos em PRFV.
Nas bocas, alas e caixas coletoras usa-se alvenaria de pedra argamassada,
com recobrimento de argamassa de cimento e areia, ou blocos de concreto de
cimento, além de concreto pré-moldado.

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Figura 78: Bueiro com PEAD

Figura 79: Tubos em PRFV para bueiros

d) Quanto à esconsidade
A esconsidade é definida pelo ângulo formado entre o eixo longitudinal
do bueiro e a normal ao eixo longitudinal da rodovia. Assim os bueiros podem
ser:
- normais: quando o eixo do bueiro coincidir com a normal ao eixo da rodovia.
- esconsos (figura 80): quando o eixo longitudinal do bueiro fizer um ângulo
diferente de zero com a normal ao eixo da rodovia.

Figura 80: representação de um bueiro esconso

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6.2.2 Localização
a) sob os aterros – em geral deve-se lançar o eixo do bueiro o mais próximo
possível da linha do talvegue; não sendo possível, deve-se procurar uma
locação esconsa que afaste o eixo o mínimo possível da normal ao eixo da
rodovia, tomando-se precauções quanto aos deslocamentos dos canais nas
entrada e saída d'água do bueiro;
b) nas bocas dos cortes - quando o volume de água dos dispositivos de
drenagem for tal que possa erodir o terreno natural nesses locais;
c) nos cortes – quando for interceptada uma ravina e caso a capacidade de
escoamento das sarjetas seja superada.

6.2.3 Dimensionamento e elementos do projeto

O projeto terá que ser precedido de um levantamento topográfico adequado,


com curvas de nível, de metro em metro, para permitir seu detalhamento, de
preferência com o eixo já localizado e levantado topograficamente.

Algumas recomendações:
a) a declividade de seu corpo deve variar entre 0,4 e 5%. Quando essa
declividade for elevada, o bueiro deve ser projetado em degraus e deverá
dispor do berço com dentes para fixação ao terreno;
b) quando a velocidade do escoamento na boca de jusante for superior à
recomendada para a natureza do terreno natural existente, devem ser
previstas bacias de amortecimento;
c) estudos geotécnicos para avaliação da capacidade de suporte do terreno
natural, principalmente nos casos de aterros altos e nos locais de
presumível presença de solos compressíveis.

Para o dimensionamento hidráulico dos bueiros admite-se que eles possam


funcionar como canais, vertedouros ou como orifícios.

6.2.3.1 Como canais


Como canais, o dimensionamento será feito baseado em duas hipóteses:
a) Considerando o funcionamento do bueiro no regime supercrítico,
limitando-se sua capacidade admissível á vazão correspondente ao

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regime crítico, com energia específica igual ao seu diâmetro ou altura, o


que exige a proteção à montante e a jusante aos riscos de erosão.
b) Considerando o funcionamento do bueiro no regime subcrítico. Nesse
caso a capacidade máxima considerada para o projeto está definida pela
vazão correspondente a uma energia específica igual à altura da obra,
estabelecendo assim a condição do bueiro funcionar com a entrada não
submersa. Este método não leva em conta as condições externas ao corpo
do bueiro, sendo adequado apenas se a altura d'água a jusante ficar abaixo
da altura crítica correspondente à descarga.

6.2.3.2 Como vertedores


Como vertedores, considera-se a obra como orifício, em que a altura
d'água sobre a borda superior é nula.

6.2.3.3 Como orifícios


Dimensionar como orifícios utiliza-se a Equação de Torricelli e a equação
da continuidade, considerando a opção do bueiro trabalhar com carga hidráulica,
isto é, com a entrada submersa. Este método é limitado pois não leva em conta as
condições externas ao corpo do bueiro, a rugosidade das paredes, o
comprimento, e a declividade do mesmo.
Tendo em vista as limitações dos métodos já citados, para um projeto final
mais preciso, podem-se utilizar os estudos do "Bureau of Public Roads", Circular
nº 05. Este método pode ser usado de uma forma geral, para qualquer tipo de
funcionamento anteriormente citados, e leva em consideração os fatores externos
e internos do conduto, sendo baseado em que o escoamento de um bueiro é
controlado pela capacidade hidráulica de uma determinada seção de controle do
fluxo.

a) Bueiros trabalhando como canais


Considerações gerais sobre a hidrodinâmica
Toda a técnica de drenagem na construção rodoviária se apóia na
hidrodinâmica, uma vez que seu objetivo é o de afastar, por meio de condutos
livres, toda água prejudicial ao corpo estradal.
Fundamentalmente o dimensionamento dos bueiros é feito usando a
equação de Bernoulli(1700-1782) e a equação da continuidade.

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g =(
.+ + = $^ – Bernoulli
h ?

= ∗ 4 , Equação da continuidade.

b) O regime crítico

b.1) As fórmulas que o definem


Define-se a energia específica de um líquido como sendo a energia total
por unidade de peso em relação ao fundo do canal. Deste modo, ela será a soma
das energias cinética e de pressão, correspondendo, esta última, a profundidade
do líquido; como melhor será entendido pela observação da figura 81.

Figura 81: Linha de energia específica

De forma geral, energia específica é dada pela equação:


4
= +
2<

O fluxo crítico é aquele que se realiza com um mínimo de energia.

Ao se traçar uma figura com estes elementos referidos a dois eixos


cartesianos, a variação da energia consumida no escoamento, de acordo com a
equação de energia específica E, verificase que a energia diminui com a redução
de h, passando por um mínimo, seguida de elevação, embora o valor de h
continue a decrescer (figura 82).

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

Figura 82: variação da energia específica

O ponto de energia mínima define a altura h do regime crítico. Os


elementos altura crítica (hc), vazão crítica (Qc) e velocidade crítica (Vc), são dadas
respectivamente pelas seguintes equações:

J
= YJ , onde Ac é área crítica molhada e Tc é a superfícia crítica livre do canal;

= ∗ 4 , onde 4 = X< ∗ que também determina o número de Froude,


sem igual a 1,0 para o regime crítico.

Substituindo em E, a equação da energia específica fica:


3∗
=
2

O gráfico da figura 83 apresenta a relação entre energia específica Ec e a altura


crítuca hc.

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

Figura 83: Relação entre Ec e hc

A equação de Manning que é utilizada em todo mundo, também tem


apresentado bons resultados, a qual considera o fluxo uniforme.

(
= ∗ ' ∗ ) */
, vazão;
&

(
*
4= ∗ ' ∗ ) */
, velocidade;
&

= ( ∗&(
= , declividade.
ij k/)

-Da fórmula de manning


D = 1,511 * (n * Q * I-1/2)3/8(mm) - para altura de lâmina de 0,90D
D = 1,548 *(n * Q * I-1/2)3/8 (mm) - para seção plena.

Nesses casos os valores de 1,511 e 1,548 são os fatores hidráulicos para seção 90%
cheia e 100% cheia, respectivamente.

No entanto, a fórmula de Manning é resultado das relações


trigonométricas da seção circular apenas baseadas na relação entre a altura da
lâmina de água (y) e o diâmetro (D), figura 84.

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Figura 84: Seções circulares e relações y/D.

- Principais relações trigonométricas da seção circular com ângulo Ø em


radianos.
∗s
Ø = 2 ∗ arc. cos(1 G )
t
u Jv%Ø
= 0,5 ∗ (1 G )
2

w Ø xyzØ
=
2( V

i\ Ø xyzØ
=
2 !Ø

w Ø xyzØ
= Ø
u( !∗(* Jv%( )

i\ (Ø xyzØ)
= Ø
u ∗(* Jv%( )

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A partir da equação de Mannig:

= ∗ /5
∗ */
-

Tem-se a equação, obtém-se um fator hidráulico (m) correspondente à


relação y/D, resultando no quadro 10:
∗-
$ = V/5 */

Assim da fórmula de Manning podemos apresentar da seguinte forma e


genérica:

= $ ∗ (- ∗ ∗ */
)5/V
Onde:
t - fator hidráulico no quadro 12 (adimensional);
n- coeficiente de rugosidade (adimensional;
Q - vazão (m³/s);
I - declividade em m/m.

Com esta equação basta aplicar o "m" referente à relação y/D. No quadro
10 estão destacados os valores de "m" utilizados nas equações acima para 90%
(Y/D=0,9) de ocupação da seção e 100% (seção plena com y/D=1).

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Quadro 12: Valores de m e T para a relação y/D.


y/D m T y/D m T y/D m T y/D m T y/D m T
0,01 0,000 31,622777 0,21 0,030 3,719954 0,41 0,109 2,295964 0,61 0,215 1,780586 0,81 0,308 1,554658
0,02 0,000 24,384494 0,22 0,033 3,589752 0,42 0,115 2,251758 0,62 0,220 1,764377 0,82 0,312 1,548091
0,03 0,001 17,293633 0,23 0,036 3,471237 0,43 0,120 2,216740 0,63 0,225 1,748697 0,83 0,315 1,541991
0,04 0,001 13,872638 0,24 0,039 3,362706 0,44 0,125 2,182982 0,64 0,231 1,733798 0,84 0,318 1,536340
0,05 0,002 11,454227 0,25 0,043 3,262793 0,45 0,130 2,150414 0,65 0,236 1,719353 0,85 0,321 1,531122
0,06 0,002 9,921823 0,26 0,046 3,170386 0,46 0,135 2,119559 0,66 0,241 1,705341 0,86 0,324 1,526322
0,07 0,003 8,724476 0,27 0,050 3,082239 0,47 0,140 2,089708 0,67 0,246 1,691996 0,87 0,326 1,521926
0,08 0,004 7,856083 0,28 0,053 3,000351 0,48 0,145 2,061344 0,68 0,251 1,679277 0,88 0,329 1,518096
0,09 0,005 7,186191 0,29 0,057 2,925913 0,49 0,151 2,034341 0,69 0,256 1,666902 0,89 0,331 1,514644
0,10 0,007 6,609331 0,30 0,061 2,854311 0,50 0,156 2,008109 0,70 0,261 1,655092 0,90 0,332 1,511733
0,11 0,008 6,143132 0,31 0,065 2,787132 0,51 0,161 1,983075 0,71 0,266 1,643584 0,91 0,334 1,509521
0,12 0,010 5,732627 0,32 0,069 2,723929 0,52 0,167 1,958708 0,72 0,271 1,632816 0,92 0,335 1,507827
0,13 0,011 5,371500 0,33 0,073 2,664318 0,53 0,172 1,935826 0,73 0,275 1,622303 0,93 0,335 1,506814
0,14 0,013 5,081867 0,34 0,078 2,607966 0,54 0,177 1,913490 0,74 0,280 1,612465 0,94 0,335 1,506645
0,15 0,015 4,818187 0,35 0,082 2,555751 0,55 0,183 1,892459 0,75 0,284 1,602843 0,95 0,335 1,507151
0,16 0,017 4,578600 0,36 0,086 2,504998 0,56 0,188 1,871878 0,76 0,289 1,593842 0,96 0,334 1,508842
0,17 0,020 4,369221 0,37 0,091 2,457755 0,57 0,193 1,852094 0,77 0,293 1,585024 0,97 0,332 1,511904
0,18 0,022 4,183998 0,38 0,096 2,411728 0,58 0,199 1,833056 0,78 0,297 1,576780 0,98 0,329 1,516712
0,19 0,025 4,012355 0,39 0,100 2,368711 0,59 0,204 1,815050 0,79 0,301 1,569083 0,99 0,325 1,524734
0,20 0,027 3,858682 0,40 0,105 2,328381 0,60 0,209 1,797355 0,80 0,305 1,561713 1,00 0,312 1,548463

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Verificação quanto ao regime de escoamento e energia específica

K (
a) Altura crítica para bueiro circular: = 0,483 ∗ ( )) + 0,083 ∗
2

K(
={
)
b) Altura crítica para bueiros retangulares:
?∗@(
5∗\J
c) Energia específica: =

Regime de escoamento:
a) Crítico a altura normal será igual a altura crítica (h=hc);
b) Sub crítico ou lento a altura normal s erá maior que a altura crítica (h>hc);
c) Super crítico quando a altura normal for menor que a altura crítica (h<hc).

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6.3 PONTILHÕES PONTES

6.4 Pontilhões
Os pontilhões são obras usadas para a transposição de talvegues nos casos
em que, por imposição da descarga de projeto ou do greide projetado, não
possam ser construídos bueiros.

6.4.1 Elementos de projeto


Os elementos necessários ao projeto dos pontilhões (figura 85) são os
mesmos das pontes com exceção do tempo de recorrência (período de retorno)
que, no caso dos pontilhões, se considera em geral inferior ao das pontes.
Esse valor está relacionado ao menor risco ocorrer chuva que possa causar
a destruição da obra ou interrupção do tráfego.

Figura 85: Pontilhão execuitado em madeira

6.5 Pontes
São obras-de-arte destinadas a vencer os talvegues formados pelos cursos
d'água, cuja transposição não pode ser feita por bueiros e pontilhões (figura 86).
Por sua maior importância e pelas suas extensões estas obras exigem
estruturas mais complexas do que as usadas nos pontilhões e, por esta razão, no
seu dimensionamento os procedimentos de cálculo deverão ser mais rigorosas.

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Figura 86: Ponte de concreto armado sobre rio de pequeno porte

6.5.1 Elementos de projeto

6.5.1.1 Tempo de recorrência


O tempo de recorrência a adotar na determinação da descarga de projeto
deve ser compatível com o porte da obra e sua vida útil, com a importância da
rodovia e com o risco ocorrer sua interrupção ou destruição da obra, de vidas
humanas e de propriedades adjacentes.
A determinação do tempo de recorrência (período de retorno) deve seguir
a forma como apresentado no capitulo 1, considerando também o risco de
ocorrência.

6.5.1.2 Dimensionamento hidráulico


Inicialmente devem ser obtidos os seguintes elementos:

a) Descarga do projeto, obtida pelos estudos hidrológicos, levando em conta


o tempo de recorrência adotado e os métodos de cálculo recomendados
para o caso, de preferência os estatísticos, sempre que possível (modelo
hidrológico);
b) Declividade do leito do rio, ou do seu gradiente, determinada entre dois
pontos distantes no mínimo de 200m, sendo um a montante e outro a
jusante do eixo da rodovia, do qual devem distar 100m cada um;
c) Levantamento de seções normais ao curso do rio no local de sua travessia
pelo eixo da rodovia a montante e jusante;

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d) Fixação do coeficiente de Manning (n) a adotar para o curso d`água após


inspeção local e definição do matarial a adotar.

6.5.1.3 Método de determinação da cota de máxima cheia e vão da obra.

Para cada altura h do nível d´água, corresponde uma área molhada (A),
figura 87, um perímetro molhado (P) e, em conseqüência, raio hidráulico (R) e
velocidade (V), que, são relacionados através da fórmula de Manning:

ij (/) ∗| d/(
4=
&

Figura 87: Seção transversal típica de um Rio

Aplicando a equação de Manning para a velocidade em cada nível, teremos:

ij*(/) ∗| d/(
4= , para o nível N1,
&

ij (/) ∗| d/(
4= , para o nível N2 e assim sucessivamente até nível N, para
&
quaquer nível da ponte aplica-se a mesma equação, com I e n constantes e
podemos escrever a partir de Manning a seguinte equação:
(
K∗&
∗ ') = d , com a vazão também considerada constante na seção
|(
transversal em análise.

Variando-se, então, os valores de h entre os praticamente aconselháveis,


traçam-se duas curvas referidas a dois eixos cartesianos (Figura 88),

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construiremos um gráfico com duas funções: uma em fução da área e raio


hidráulico e outra em função da velocidade.

Figura 88: Gráfico h=f(AR 2/3) e h=g(v)

Com o valor do Qmáx, fornecido pelos estudos hidrológicos, obtém-se o


valor da expressão:
Kwá~∗&
, que é igual, em valor, a ∗ ' á• /5
| d/(
A partir deste vai se obter, no eixo das ordenadas, o valor de hmáx e na
curva de V o valor da velocidade para a seção de cheia máxima prevista.
Para obter o valor de hmáx diretamente na equação de Manning, basta
substituir A e RH por L e h, como segue:
á• = " ∗
"∗
' á• = ( ) /5
2∗ +"

á• ∗ - "∗
€"∗ ∗( ) /5
*/ 2∗ ∗"
Onde:
Amáx – Área da seção transversal máxima (m²);
RHmáx – Raio Hidráulico Máximo (m);
L – Vão livre da ponte (m);
h – Altura máxima do nível da água (m);
n – coeficente de rugosidade de Manning (admensional);
Qmáx – Vazão máxima definida no estudo hidrológico (m³/s);
I – Declividade longitudinal (m/m).

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Entre estas vairáveis, precisa-se definir h e todas as outra já são


conhecidas. Atribui-se valores para h até obter-se a igualdade dos dois membros
da equação ou que o segundo seja ligeiramente maior,

Considerações complementares
a) Vão livre

No caso dos rios espraiados, isto é, aqueles que não apresentam caixas
definidas, a seção de vazão deve ser fixada, considerando-se:
- a imposição do greide da rodovia;
- o inconveniente da erosão dos aterros próximos à ponte, quando do
abaixamento rápido das águas;
- a pressão provável das águas sobre os aterros da rodovia.

Nesses casos recomenda-se, se possível, a construção de bueiros de alívio


calculados como orifício, no caso de aterros altos, e como vertedores no caso de
aterros de baixa altura, adotando-se os procedimentos antes apresentados.

b) Influência de remansos e marés


Deve ser verificado se o rio para o qual se cogita a construção da ponte
deságua em outro curso d´água ou barragem. Nesse caso necessita-se de estudo
de remanso acrescentando-se ao nível de máxima cheia do rio, no qual a ponte
está sendo projetada,
a elevação do nível d'água devido ao remanso.
Igual precaução deve ser tomada em relação à elevação das marés, no estudo das
pontes em rios próximos ao litoral, pois poderá coincidir uma máxima cheia do
rio com a
maré no nível máximo.
c) Verificação do vão
Apôs a concepção estrutural, deve ser confirmada a seção de vazão
considerando-se a
largura e forma dos pilares, a fim de que se verifique a ocorrência de alguma
variação

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apreciável na seção de vazão com comprometimento inclusive da velocidade da


água.
d) Verificação da velocidade
Tendo em vista o comprimento das pontes, às vezes há necessidade de
verificação das
velocidades na "caixa do rio" dentro da pesquisa da probabilidade de ocorrência
de
erosão do terreno nas margens e no fundo do rio.
A constatação da probabilidade de erosão nas margens do rio exigirá obras de
proteção e
a probabilidade de erosão no fundo do rio levará à estimativa da cota final da
erosão,
definindo assim o limite das fundações da ponte.
e) Apresentação
Além do projeto estrutural, as pontes são apresentadas no Projeto Geométrico,
em planta
e perfil, com as seguintes características:
– estacas iniciais;
– vão livre;
– cota de máxima cheia;

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CAPÍTULO 7
DRENAGEM URBANA

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7 DRENAGEM URBANA

7.1 ENCHENTES X INUNDAÇÃO BRUSCA

É primordial estabelecer-se a diferença entre um evento de enchnete e um


de inundação brucas. Não somente a aplicação correta dos recursos depende
destas definições assim como as soluções de projeto, as quais estão intimamente
relacionadas.
Tais quesitos estão ligados também a diferença entre conhecimento e
domínio. Ter conhecimento não cumpre exatamente outra condição importante
na engenharia que é o domínio destes conhecimentos. Dominar está relacionado
a condição de cada profissional em saber apontar soluções de forma
multidisciplinar adequando cada situação e cada local.

7.1.1 Enchente ou inundação fluvial


Alagamento de uma área provocada pela elavação gradual do nível do
RIO em período de chuva de BAIXA intensidade mas de LONGA duração. O
solo satura gradualmente e aos poucos o nível do Rio se eleva ocupando as
planícies de inundação, área naturalmente ocupada em épocas de cheias. Se estas
áreas estiverem ocupadas por atividades humanas, ou urbanizadas, serão
tomadas pelas águas e não há o que se previnir para evitar tal evento. Neste caso
não são as águas dos Rios que invadem as áreas urbanizadas, mas a urbanização
que invade as planícies de inundação.

A figura 89 iliustra a definição de enchente, mostrando a elevação gradual


do rio inundando seus leitos de cheias naturalmente.

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Figura 89: Representação de uma enchente.

Os resultados de uma enchente com elevação gradual do Rio é mostrado


nas figuras 90 e 91, indicando a ocupação do território pelas águas. Observa-se a
presença do rio de dimensões importantes e com capacidade para alagar grandes
extensões.

Figura 90: Presença do Rio em meio a área urbana. (Blumenau - SC).

Figura 91: Áreas alagadas pela expanção do Rio em meio urbano (Blumenau - SC).

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As figuras 90 e 91 demosntram sem grandes necessidades de


investigações, apenas por observar a dimensão do Rio e suas planícies que suas
margens possuem grandes possibilidades de serem alagadas quando expostas à
períodos de chuvas longos mesmo que de baixa intensidade.

7.1.2 Inundação brusca


Alagamento de áreas urbanas provocada pela elavação BRUSCA das
águas nas ruas em período de chuva de ALTA intensidade mas de BAIXA
duração. Para a ocorrência de inundações bruscas, não precisa necssariamente da
presença der um Rio na área urbana. O que provoca as inubdações bruscas é a
existência de um sistema de drenagem implantado artificialmente (caso da
drenagem urbana) sub dimensionado ou mau excutado, fatores que determinam
estrangulamento de córregos e rios em pontos específicos tais como pontes e
bueiros (figuira 92).

Figura 92: Rua alagada por inindação brusca.

A figura 93 apresenta a presença de uma Rio de dimensões


insignificantes e totalmente canalizado em meio a área densamente
urbanizada. A figura 94 apresenta a mesma área já totalmente alagado
atingida por uma inundação brusca provocada por uma chuva de
altíssima intensidade e baixa duração.

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

Figura 93: Presença de um Rio de pequenas dimensões em meio urbano.

Figura 94: Inundaação brusca.

A conjugação de relevos acentuados com áreas planas nos centros urbanos


aliados a obstrução ou confinamento da drenagem principal da bacia
hidrográfica pode apresentar-se como cenário adequado para ocorrência de
inundações bruscas.
A alta intensidade de chuvas cada vez mais frequente em qualquer
parte do país, não é a única preocupação. Outros fatores contribuem muito para
a ocorrência de inundações bruscas, praticamente todos relacionados com o
comportamento humano dentro das áreas urbanizadas. São a impermeabilização
do solo, as erosões, a disposição de lixos nas sarjetas, a falta de manutenção do
sistema de drenagem, seja de responsabilidade do usuário ou do poder público.
A forma de urbanização proporciona impactos em uma bacia, sendo as
inundações uma das mais problemáticas, podendo causar perdas materiais e até
vidas humanas.

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

Devemos encontrar soluções que permitam a manutenção da vazão de


pico em níveis relacionados a uma bacia pré-urbanizada. São medidas que
permita controlar as vazões de pico como se a bacia não estivesse com a ocupação
do solo avançada. É um controle para a preservação do ciclo hidrológico com as
características de um território ainda não urbanizado.
O comportamento da população ou do usuário do sistema de drenagem
tem influenciado fortemente para o aumento do escoamento superficial. São
questões relacionadas à impermeabilização do solo, com a expansão urbana,
ocupação de áreas de encostas, depósito e acumulo de lixos em sarjetas, e caixas
coletoras (figuras 95, 96 e 97).

Figura 95: Depósito de resíduos de construção civil - RCC

Figura 96: Depósito irregular de areia com lançamento de


sedimentos no sistema de drenagem

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

Figura 97: Degradação dos dispositivos de drenagem

Segundo Choudury et al (2004), as inundações podem ser classificadas em


fluvial, brusca e costeira. A inundação fluivial ocorre quando o fluxo de água
ultrapassa as margens de um rio. A inundação brusca ocorre com eventos de
chuvas intensas e concentradas com rápida elevação do nível da água. A
inundação costeira ocorre com a elevação do nível do mar.

Para Marecelino et al (2004)


"as inundações bruscas destacam-se dos demais fenômenos
em virtude de seu potancial destrutivo e da elevada
frequencia de ocorrências. São popularmente conhecidas
como enxuradas, sendo gradualmente desencadeadas por
chuvas convectivas intensas e concentradas, que ocorrem
em curto espaço de tempo”.

7.2 O SISTEMA URBANO DE DRENAGEM. IMPACTOS E MEDIDAS DE


CONTROLE.

7.2.1 Macro e Microdrenagem.


Paral elaboração de novos projetos e gestão de drenagem urbana é
necessário diferenciar Macro Drenagem e Micro Drenagem, sendo o
entendimento importante para a definição do projeto a propor.

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

7.2.2 Macrodrenagem.
A macrodrenagem pode ser entendida como o sistema de drenagem de
uma bacia hidrográfica na qual os ecoamentos ocorrem em fundos de vale, bem
definidos mesmo que não corresponda a um curso d´água perene. Os canais de
escoamento fazem parte de do sistema hidrográfico de uma bacia, contendo rios
perenes, intermitentes e efêmeros, assim definidos:
a) Perenes: são rios que contêm água todo o tempo, durante o ano inteiro.
Eles são alimentados por escoamento superficial e subsuperficial. Este
último proporciona a alimentação contínua, fazendo com que o nível do
lençol subterrâneo nunca fique abaixo do nível do canal. A maioria dos
rios do mundo é perene.
b) Intermitentes (temporários): rios por onde escorre água por ocasião da
estação chuvosa, porém, no período de estiagem, esses rios desaparecem,
mas os canais por onde escoam permanecem. Os rios intermitentes,
também chamados de temporários, são alimentados por escoamento
superficial e subsuperficial. Eles desaparecem temporariamente no
período de seca porque o lençol freático se torna mais baixo do que o nível
do canal, cessando sua alimentação.
c) Efêmeros: os rios efêmeros se formam somente por ocasião das chuvas ou
logo após sua ocorrência. São alimentados exclusivamente pela água de
escoamento superficial, pois estão acima do nível do lençol freático (água
subterrânea).

No que diz respeito às relações da drenagem com as águas de


subsuperfície os rios podem ser:
a) Efluentes: rios que recebem contribuição de água do subsolo e aumentam
sua vazão em direção à jusante. São característicos de regiões úmidas.
b) Influentes: rios que perdem água para o subsolo (infiltração), além da
perda por evaporação. Eles diminuem sua vazão em direção à jusante e
podem secar antes de atingir o mar. São típicos de climas áridos.

7.2.3 Micro Drenagem.


A microdrenagem pode ser definida como aquelas determinadas pela
ocupação e uso do solo. Não ocorre naturalmente, é artificial, por esta razão
necessita de dimensioanmentos baseados em conhecimentos científicos. O
escoamento se dá pelas ruas que são as receptoras das áreas de contribuições. São
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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

definidas pelo sistema de drenagem urbana, composta pelas ruas, sarjetas, caixas
coletoras, caixas de ligação e poços de visita. Todos dimensionados e construídos
artificialmente.
A principal função do sistema de Microdrenagem é coletar e conduzir a
água pluvial apenas de redes primárias de drenagem, como a drenagem das ruas
urbanas e conduzirem até o sistema de Macrodrenagem. Possui importante papel
na retirada de águas pluviais de pavimentos e vias públicas, evitar alagamentos,
oferecer segurança aos pedestres e motorístas e evitar danos.

7.3 POTENCIALIDADE E FRAGILIDADES ENCONTRADAS EM UMA


BACIA HIDROGRÁFICA

Atualmente os modelos de drenagem urbana tem deixado a desajar


quanto a sua eficiência e tem culminado com inundações urbanas bruscas com
muita frequencia. Algumas soluções tem-se procurado para remediar o
problema, no entanto, sabemos que é uma solução de alto custo, a qual poderia
estar contemplada no projeto de drenagem.

Uma alternativa ao reforço, em pleno tecido urbano, dos coletores


existentes pode estar na criação, a jusante dos novos loteamentos (figura 98), de
reservatórios ou bacias de acumulação de águas pluviais, permitindo descarregar
vazões que ultrapassem a capacidade de descarga da rede existente. Uma bacia
de retenção é uma estrutura que tem por objetivo a regularização dos caudais
pluviais afluentes, permitindo a restituição à jusante de caudais compatíveis com
um limite previamente fixado ou imposto pela capacidade de vazão de uma rede
ou curso de água existente.

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Figura 98: Ilustração de uma bacia de retenção. Frescoule, França.

O problema para a maioria dos municípios brasileiros quanto ao


posicionamento deste tipo de bacia é justamente ficar a jusante das áreas
urbanizadas, haja vista que na maioria dos casos as redes pluviais são utilzadas
para coleta e transportes de esgoto (figura 99). Por ficar a jusante, e a rede de
drenagem receber despejos domésticos, este local também será um grande
depósito de esgoto cloacal, gerando um imenso universo de vetores de doenças.

Figura 99: Presença de esgoto cloacal na rede pluvial.

Algumas alternativas podemos procurar e sempre motivada pela


eficiência bem como por custos mais baixos. As alternativas de tamques de
jusatnte são eficientes, mas apresentam problemas, devemos então estudar a
bacia hidrográfica e avaliar suas pontecialidades.

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

Área da bacia de contribuição é a parcela que terá suas águas pluviais


direcionadas para a estrutura (neste caso, o reservatório). No caso de
reservatórios de detenção, a área da bacia de contribuição deve ser maior do que
2 ha (20.000 m²). Em áreas menores que 2 ha, as medidas de controle do
escoamento já são classificadas como de controle na fonte.

A seguir são listados e discutidos as potencialidade e fragilidades para


implantação de uma bacia de retardo.

a) Nível do lençol freático: O nível do lençol freático influencia no


desempenho dos dispositivos de infiltração. O nível máximo do lençol
freático deve ser de até 1 m abaixo do fundo do dispositivo. No caso de
nível do lençol freático estiver alto (acima de 1 m do fundo), a implantação
de reservatórios de detenção com fundo permeável deve ser evitada,
contudo a implantação de reservatórios com fundo impermeável é viável.
Neste caso deve-se prover sistemas de drenagem de fundo para evitar
pressão ascendente e danificar o fundo do dispositivo.
b) Risco de contaminação de aquífero: Se o aquífero em questão for muito
sensível à poluição, não se recomenda a utilização de medidas que
promovam a infiltração, pois geralmente, as águas pluviais carregam
esgoto e poluentes de origem difusa. Os reservatórios de detenção só
poderão ser utilizados nesta situação se forem construídos com fundo
impermeabilizado.

c) Declividade do terreno: Altas declividades restringem a implantação de


reservatórios de detenção na medida em que diminuem o volume de
armazenamento e podem aumentar os custos. Ausência de local de
destino para a descarga do volume regularizado de água: Esta condição
ocorre quando não existe uma rede de drenagem ou um curso d’água nas
proximidades em que se possa efetuar a descarga dos volumes
armazenados, limitando, portanto, o uso de medidas de detenção.

d) Disponibilidade de área: Medidas que necessitam de espaços amplos,


como os reservatórios de detenção, podem ter sua implantação restrita
pela disponibilidade de área.

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e) Presença de instalações subterrâneas: Instalações subterrâneas como rede


de água, esgoto, luz, telefone, etc. podem causar interferências e
impossibilitar a construção de algumas medidas.

f) Restrição de urbanização: Áreas com alta densidade populacional ou vias


com tráfego intenso podem ser restritivas na implantação de algumas
medidas tais como os reservatórios de detenção.

g) Afluência poluída: Em algumas áreas de contribuição, ocorrem afluências


com altas concentrações de poluentes (esgotos e carga difusa). Nesta
situação, recomenda-se a implantação de reservatórios que armazenem as
águas de primeira chuva e as encaminhem para uma estação de
tratamento. Os reservatórios de primeira chuva são estruturas que
possuem a função de reter a primeira parcela do escoamento superficial,
caracterizada por transportar a maior quantidade de poluentes do evento
de chuva, e enviar o volume armazenado para estações de tratamento,
reduzindo desta forma o impacto sobre o corpo hídrico receptor.

h) Afluência com alta taxa de sedimentos e lixo: Se não for possível


controlar a fonte de poluição, deve-se considerar a manutenção como
rotina ou a implantação de estruturas de retenção a montante. Assim,
pode-se projetar uma estrutura para a contenção dos sedimentos e
resíduos sólidos.

i) Risco sanitário por falha de operação: Medidas de porte maior, como os


reservatórios de detenção, geralmente requerem o funcionamento de
equipamentos como bombas e comportas. Em casos de falhas em sua
operação podem ocorrer riscos sanitários como a geração de odores e
disseminação de vetores de doenças (dengue e leptospirose, etc.). Para
evitar tais falhas é essencial que se faça manutenção periódica.

j) Risco sedimentológico por falha de operação: O risco sedimentólogico


trata-se da possibilidade de assoreamento do reservatório por acúmulo de
sedimentos como areia e argila. E, assim como no risco sanitário, o uso de
reservatórios de detenção não é recomendado caso não existam meios de
manter uma manutenção contínua dos equipamentos.

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k) Esforços e tráfego intensos: Os reservatórios de detenção devem ser


projetados para receber esforços e tráfego de veículos pesados para evitar
danificações estruturais Flexibilidade de desenho: Os reservatórios de
detenção são medidas que podem ser desenhadas e projetadas de maneira
que se adequem ao local de instalação.

7.4 AVALIAÇÃO MODELOS DE SOLUÇÃO PARA REDUZIR O VOLUME


DE ÁGUA EXCEDENTE DENTRO DE UMA BACIA OU SUB-BACIA.

a) Dispositivos de retardo nos lotes.


Os dispositivos de dentro da unidade habitacional devem ser executados
por seus proprietários e as dimensões devem atender ao mínimo estipulado pela
taxa de infiltração específica. Os telhados e as lajes de cobertura devem ser
utilizados para captação das águas pluviais para alimentar os dispositivos.
Estes dispositivos podem ser executados em concreto, blocos de concreto
ou mesmo caixas em plásticos. Seu dimensionamento pode ser feito pela equação
do método racional já estudada, considerando o coeficiente C=1, e a área de
contribuição a área do telhado somando-se a outras áreas impermeabilizadas,
como as pavimentações.
O dispositivo pode servir para o aproveitamento da água acumulada ou
mesmo ser provido de aberturas que permita a esvaziamento gradual para o solo.
Como exemplo fictício, podemos aplicar a um lote de 360m² com taxa de
ocupação de 80%, em um local com intensidade de chuva de 150 mm/h, o volume
e dimensões de um reservatório seria assim calculado:

5;/∗/,V
i ∗ A 150 ∗ */.///
= = = 0,012m³/s
360 360

Se considerarmos a duração da chuva torrencial de 15 minutos


poderíamos acumular 10,8m³, um dispositivo com dimensões de (2x3x1,8)m.

b) Dispositivos de retardo em áreas públicas e APP´s.


São dispositivos de responsabilidade da gestão pública municipal quando
em área públicas, mas também podem acontecer em áreas reservadas para

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Preservação Permanente. Neste caso o poder público poderá ter participação,


podendo ser executados em duas modalidades:
- sob praças, ruas, parques e jardins (figura 100 e 101), onde para estes casos o
dispositivo também serve para escoamento das águas pluviais em grandes
volumes.

Figura 100: Modelo de amortecimento sob as ruas.

Figura 101: Modelo de amortecimento sob praças (Canal Auxliar ao Rio Criciúma).

Em áreas de proteção permanente como nas vertentes dos morros, em


grandes depressões e declividades, como ilustram as figuras 102 e 103, além de
outras em área planas como mostra a figura 104. Na figura 105, apresenta-se um

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sistema de contenção com represamento do canal e controle de descarga na parte


inferior da barragem.

Figura 102: Área propícia à construção de amortecimento.

Figura 103: Área propícia à construção de amortecimento.

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Figura 104: Bacias de amortecimento em APP.

Figura 105: Sistema de construção de represas.

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7.5 O SISTEMA DE DRENAGEM URBANA

7.5.1 Sarjetas
São canais, em geral de seção transversal triangular, situados nas laterais
das ruas, entre o leito viário e os passeios para pedestres, destinados a coletar as
águas de escoamento superficial e transportá-las até as caixas coletoras.
São limitadas verticalmente pela guia do passeio, têm seu leito em
concreto ou no mesmo material de revestimento da pista de rolamento. Em vias
públicas sem pavimentação é freqüente a utilização de paralelepípedos na
confecção do leito das sarjetas, sendo neste caso, conhecidas como linhas d'água.

De acordo co m o tipo de via, o sistema de drenagem deve ser adequado


ao uso e função de cada uma, assim tem-se a canaleta formada pela declvividade
transversal da rua urna com o meio fio (figura 106) e a canaleta utilizada para
vias expressas e rodovias, sejam elas municipais, estatduais ou federaiais (figura
107).

Figura 106: Canaleta de drenagem para vias urbanas.

Figura 107: Canaleta de drenagem para rodovias e vias expressas.

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7.5.2 Capacidade de escoamento da via pública –


sarjeta
Uma sarjeta pode transportar determinada vazão limitada sobre alguns
aspectos de segurança, dirigibilidade dos veículos e conforto dos transeuntes.
O sistema de galeria (no caso da primeira boca de lobo) deverá iniciar-se
no ponto onde é atingido o limite de capacidade de escoamento da rua.
Cada rua, de acordo com sua classificação possui uma faixa onde se pode
admitir alguma parcela de inundação máxima, sem transtorno aos usuários e sem
colocá-los em risco, o quadro 13, apresenta um resumo.

Quadro 13: Faixas de inundações para classificação de ruas.


Classificação da rua Inundação máxima admissível
Rua secundária Até a crista da rua sem transbordar a guia
Rua Principal Deve preservar pelo menos uma faixa livre
para o trânsito, em torno de 1/3 na faixa
central.
Avenida Deve preservar pelo menos uma faixa livre
para cada direção.
Via expressa Nenhuma inundação é permitida em
qualquer faixa de trânsito. Neste caso o
sistema de coleta e transporte das águas
pluviais não pode ocorrer por sarjetas, a
exemplo das outras ruas. Para garantir que a
pista não seja alagada, a calha deve ficar em
cota abaixo da pista.

7.6 DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO

Diferentemente das áreas de contribuição das bacias hidrográficas onde


todas as vertentes direcionam as águas para o rio principal obedecendo a
declividade natural do terreno, as contribuições são determinadas pelas divisões
das quadras, dos lotes e eixo das ruas.
Neste formato as curvas de níveis da área projetada nem sempre indica a
direção de escoamento das águas, haja vista que a materialização das divisões
dos lotes por muros impedem a o escoamento natural, proporcionando retenções
nos lotes (figura 108).

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Figura 108: Retenção de água pela modificação topográfica do terreno.

As áreas de contribuição urbanas são bem diferentes daquelas que forma


uma bacia ou sub bacia hidrográfica, por esta razão não devemos chamá-las de
bacias, pois seus limites não são identificados pela linha de cumeada como nas
bacias hidrográficas.
Isto se dá porque a ocupação urbana altera completamente as
caracerísticas de uma bacia hidrográfica. Para tanto, basta lembrar que uma bacia
hidrográfica é definida pelo seu rio principal, o qual é responsável pelo
escoamento das águas de precipitações e também dos rios perenes.
A área urbanizada é dividida em lotes com demarcação por muros e
dentro deste espaço, ocorre um alto grau de impermeabilização pelas construções
e pavimentações. Na bacia hidrográfica o escoamento das águas para o rio
principal ocorre pela declividade natural, enquanto que nas áreas de
contribuições urbanas, as águas são coletadas nos telhados das edificações e
pavimentações, dentro do lote delimitado por muros (figura 55) conduzindo-as
vias canalizações até o sistema de drenagem constituído pelas ruas, sarjetas,
caixas coletoras, poços de visita, galerias e canais.
Nas bacias naturais as águas de precipitação são distribuídas
uniformemente, enquanto que nas áreas de contribuições urbanas, são
armazenadas e concentradas em um único ponto, gerando desta forma gragalos
de vazões com aumento de possibilidade de inundações. Nota-se na figura 53
que as curvas de níveis não poderão ser seguidas no padrão de drenagem
natural, o assentamento urbano fará com que o escoamento superficial ocorra,
agora, pelas as ruas, transformando estas numa nova configuração hidrográfica,

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uma hidrografia artificial. A grande diferença está no dimensionamento,


enquanto a natural foi esculpida pela natureza ao longo de anos, a artificial tem
que ser estimada em tempo muito curto e com conhecimentos específicos. Estes
dois fatores tem levado a muitos equivocos e problemas de dimensionamento,
com cosequências desastrosas para o meio ambiente assim como para as pessoas
com perdas materiais e até mesmo de vidas.
A coleta das águas pluviais pelas ruas acabam também se juntando
aquelas já naturalmente existente, acumulando num mesmo ponto, onde deverá
ser feito a descarga no ponto de desague. Neste ponto há a acumulação das
vazões das águas das precipitações e também de nascentes e sub solo, podendo
gerar inundações a montante deste ponto.

Desta forma a distribuição das águas se faz artificialmente, conduzindo


sistematicamente obedecendo a estrutura fundiária proposta para o local (figura
109).

Figura 109: Determinaçãp das áreas de contribuição urbanas.

As áreas de contribuição serão coletadas e anotadas na planilha 2, para cálculo


das galerias.

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7.7 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA URBANO DE DRENAGEM

7.7.1
Sarjeta: Cálculo da capacidade teórica de
descarga
a) Fórmula de Manning modificada por Izzard
.
= 0,375 ∗ ∗ */ ∗ N V/5
-
Onde:
Q – Descarga (m3/s);
Z – Inverso da declividade transversal (1/Z);
I – Declividade longitudinal (m/m);
Y – Profundidade junto à linha de fundo (m);
n – Coeficiente de Manning (n=0,016 na maioria dos casos) - Adimensional.

b) Fórmula de Manning

= ∗ /5
∗ */
-
Onde:
Q – Descarga (m3/s);
A = área molhada da seção transversal (m²);
n = Coeficiente de Manning (n=0,016 na maioria dos casos) - Adimensional
(quadro 14).
Rh = raio hidráulico (m);
I = declividade longitudinal (m/m).
No quadro 14 sãoapresentados alguns coeficientes de escoamento superficiais
mais utilizados.

Quadro 14: Coeficiente de rugosidade.


Superfície “n”
- sarjeta em concreto com bom de acabamento 0,012
- revestimento de asfalto
(A) textura lisa 0,013
(b) textura áspera 0,016
- revestimento em argamassa de cimento
a) acabamento com espalhadeira 0,014
b) acabamento manual alisado 0,016
c) acabamento manual áspero 0,020
-revestimento com paralelepípedos argamassados 0,020
-sarjetas com pequenas declividades longitudinais (até 2%) sujeitas a assoreamento 0,002
a

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0,005
Além da recomendação de que as entradas de veículos devam ficar para
dentro da guia, uma série de recomendações práticas devem ser observadas na
definição dos perfis longitudinais e transversais das pistas de rolamento, para
escoamento superficial e a sua condução e captação sejam facilitadas. A tabela 3
expõe uma série de valores limites e usuais, ou fatores de redução que devem ser
observados quando da elaboração de projetos de vias públicas.

Tabela 3: Fatores de redução para escoamento nas sarjetas


Fatores de redução de escoamento das sarjetas (DAEE/CETESB, 1980)
Declividade da sarjeta - % Fator de redução
0,4 0,50
1a3 0,50
5,0 0,50
6,0 0,40
8,0 0,27
10,0 0,20

Para atender alguns requisitos mínimos, a tabela 4 apresenta sugestões de


alguns valores para desenvolvimento de projetos com objetivo de criar condições
favoráveis ao bom desempenho do sistema de drenagem projetado.

Tabela 4: Valores de declividades para projetos de Ruas e Avenidas

Máximo Mínimo
Dados característicos Usual

declividade longitudinal do pavimento - - 0,4%


declividade transversal do pavimento 2% 2,5% 1,0%
declividade transversal da sarjeta 5% 10% 2,0%
coeficiente de Manning 0,016 0,025 0,012
altura da guia 0,15m 0,2m 0,1m
altura da água na guia - 0,13m -
velocidade de escoamento na sarjeta - 3,0m/s 0,75m/s
largura da sarjeta -
a) sem estacionamento 0,6m - -
b) com estacionamento 0,9m - -

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7.7.2 Caixas coletoras ou bocas-de-lobo


Boca-de-lobo ou caixa coletora (figura 110) é um dispositivo especial que
tem por finalidade captar as águas pluviais que escoam pelas sarjetas, para em
seguida conduzi-las às galerias ou tubulações subterrâneas e devem ser
localizadas nos dois lados da rua.

Figura 110: Tipos de boca-de-lobo.

Basicamente podem ser classificadas em quatro tipos:


a) Boca de lobo simples: é a caixa destinada a coletar águas superficiais com
uma única entrada e posicionada na guia, com a abertura na vertical
(figura 111).

Figura 111: Boca-de-lobo simples.

b) Boca de lobo com grelha: (figuras 112 e 113) é o dispositivo destinado a


coletar as águas superficiais posicionada na sarjeta e abertura na
horizontal. A grelha possui a função de proteção e segurança de pedestre,
ciclistas e veículos.

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Figura 112: Dimensões da grelha.

Figura 113: Boca-de-lobo com grelha.

c) Boca de lobo combinada: (figura 114) é um dispositivo para coletar águas


superficiais das ruas, combinando de guia e de sarjeta com grelha.

Figura 114: Boca-de-lobo combinada.

d) Boca de lobo múltipla: (figura 115) são caixas coletoras posicionadas e


dimensionadas em conjunto e em sequência com a finalidade de aumentar
a capacidade de captação das águas superficiais.

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Figura 115: Boco-de-lobo múltipla.

Além destes tipos podem ainda ser classificadas quanto à localização:


a) Boca de lobo situada em pontos intermediários das sarjetas: localizam-se
em trechos contínuos e de declividade constantes das sarjetas. A entrada
das águas pluviais se dá através de apenas uma das extremidades da boca
de lobo.
b) Boca de lobo situada em pontos baixos das sarjetas: Localizam-se em
pontos baixos das sarjetas, decorrentes da mudança de declividade a rua,
ou junto da curvatura das vias, no cruzamento de duas ruas. A entrada
das águas pluviais ocorre pelas duas extremidades da boca de lobo.
Devem ser localizadas de maneira a conduzirem adequadamente
as vazões superficiais para as galerias.
Nos pontos mais baixos do sistema viário deverão ser
necessariamente colocadas bocas-de-lobo com visitas a fim de se evitar a
criação de zonas mortas com alagamentos e água parada.

7.7.2.1 Recomendações gerais para a escolha das bocas de lobo

a) Pontos intermediários das sarjetas: os espaçamentos devem ser


projetados de modo que 90 a 95% da vazão pela sarjeta
sejaminterceptadas, deixando a parcela restante para a boca de lobo de
jusante, contando que a vazão excedente não seja muito alta. Para ruas
com declividades suaves, de até 5%, recomenda-se a utilização de boca de
lobo simples, com ou sem depressão, dependendo da vazão a ser captada.
O uso de outros tipos depende de considerações a respeito dos seguintes
fatores:
• Vazão de projeto;
• Possibilidade de obstruções, e;
• Interferências com o tráfego de veículos.

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b) Pontos baixos das sarjetas: Nesse caso a boca de lobo deverá ser projetada
cuidadosamente com o uso de preferência dos tipos simples ou
combinadas, sendo conveniente prever uma segurança adicional, em face
a possibilidade de obstrução das bocas de lobo de montante.

7.7.2.2 Dimensionamento das bocas de lobo.


As caixas coletoras devem ser posicionadas de modo a oferecer o maior
conforto e segurança aos usuários, seja eles pedestres, ciclistas ou motoristas. A
figura 116 apresenta um exemplo esquemático de onde deve-se colocar as caixas
coletoras em cruzamentos, que são pontos críticos em ruas urbanas. E a figura
117 a distribuição na rua em projeto.

Figura 116: Disposição das caixas coletoras visndo maoir conforto ao usuário.

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Figura 117: Distribuição em projeto das caixas coletoras.

As bocas-de-lobo são dimensionadas de acordo com cada tipo, vistos a seguir:

a) Boca-de-lobo de Guia sem grelha e sem depressão para pontos


baixos: A capacidade hidráulica das bocas de lobo de guia pode ser
considerada como um vertedor de parede espessa, cuja expressão
é:
Q = 1,71 * L * H3/2- em m3/s
L – comprimento da abertura em metro;
H – altura da água (m) – altura do meio fio.

b) Boca-de-lobo de Guia sem grelha e com depressão para pontos


intermediários e cruzamento: São caixas coletoras situadas sob
passeios e com cobertura na guia, dotadas de depressão como
mostrado a Figura 118. De posse da vazão de projeto a ser captada
e da lâmina de água junto à guia, procura-se uma vazão, por metro
linear, para uma depressão adequada, de modo que o comprimento
da abertura não seja inferior a 0,60 m e nem superior a 1,50 m.
A introdução de uma depressão calculada e executada
adequadamente aumenta significativamente a capacidade de
engolimento de uma boca-de-lobo quando comparada esta sem

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depressão. Isso pode levar a maiores espaçamentos além de


melhorar a captação das águas das sarjetas. O método de cálculo é
o chamado Método de Hsiung-Li.

Figura 118: Caixa coletora de guia com depressão

MÉTODO HSIUNG-LI
Para bocas coletoras padrões com dimensões em função da
depressão "a", conforme mostrado na Figura 40, a equação é:
= " ∗ (6 + ) ∗ (D 5 ∗ <)/,1+
Onde:
K = 0,23 se z = 12 e K = 0,20 se z = 24 e 48;
C é determinado pela expressão:
0,45
=
1,12
Sendo "M" definido como:
"∗I
„=
W ∗ tan ‡
Sendotg ‡:
Š
tg ‡ = Œ
‹•Žz •v• + W
Onde W é a largura do rebaixamento.
Para definição de F a equação é:

I = (2 ∗ O G 1P)/,1
D
O valor de "E" é calculado pela equação:

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4‘
= + D‘ + W
2∗<
e "y" em função de E e Qo

c) Boca-de-lobo de Sarjeta sem grelha e sem depressão para pontos


intermediários e cruzamentos: Para as bocas de lobo de sarjeta
pode ser utilizada a mesma expressão, substituindo-se L pelo
perímetro (P) da área livre do orifício.
Para bocas de lobo mista (sarjeta e guia combinadas) a capacidade
hidráulica é a soma das vazões calculadas para a guia e para a sarjeta.
Q = 1,71 * P * H3/2- em m3/s
No entanto, caixas coletoras neste formato são inconvenientes pela
abertura totalmente exposta, pois este tipo de caixa, a entrada é no nível do
pavimento, ao contrário das de guia, que ficam com a abertura na vertical.
Neste caso, deve-se utilizar grelhas, quando os cálculos são diferenciados
em consequência das barras que compõe a grelha.

d) Boca-de-lobo de Sarjeta Intermediária e de Cruzamentos com


grelha e sem depressão:
EQUAÇÃO DE CHIN: Para as bocas de lobo de sarjeta (figura 119)
pode ser utilizada a mesma expressão, substituindo-se L pelo
perímetroConforme Chin, 2000 as grelhas funcionam como um
vertedor de soleira livre, para profundidade de lâmina até 12 cm.
As grelhas apresentam o grande inconveniente de entupirem e as
pesquisas demonstraram que as melhores grelhas são aquelas que
possuem as lâminas de ferro paralelas, o que é pior para quem anda
de bicicleta.

A vazão é calculada pela Equação:


= 1,66 ∗ ∗ D *,1
Onde:
Q - vazão de engolimento da grelha (m3 /s);
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P -perímetro da boca de lobo (m);


y -altura de água na sarjeta sobre a grelha (m)

Quando a grelha é adjacente a uma boca de lobo simples, para a contagem


do perímetro é descontado o lado que está junto à boca de lobo.

Quando a lâmina de água for maior que 0,42m então teremos:


= 2,91 ∗ ∗ D */

Onde:
Q -vazão (m3 /s);
A -área da grade excluídas as áreas ocupadas pelas barras (m2);
y - altura de água na sarjeta sobre a grelha (m).
O DNIT, 2006 aconselha que na faixa entre 12cm e 42cm a escolha de y deve ser
adotada pelo projetista dependendo da sua experiência. O comprimento mínimo
L (m) da grelha paralela a direção do fluxo da água para permitir que a água caia
pela abertura é determinado pela equação da ASCE, 1992.
" = 0,91 ∗ 4 ∗ ($ + D)/,1
Sendo: L= comprimento mínimo da grelha paralelo ao fluxo (m)
V= velocidade média da água na sarjeta (m/s)
t= espessura da grelha de ferro (m)
y= altura da água sobre a grelha (m)

EQUAÇÃO DE WEN-HSIUNG-LI
Estudos realizados pelo Prof. Wen-Hsiung-Li, na Universidade Johns
Hopkins, Baltimore, E.U.A., indicaram para o cálculo das dimensões de ralo
grelhado a equação:
d
’∗ ( ) Š‘ G Š */
" = 0,326 ∗ ( )k ∗ ( ‘*/ ∗ ( ))
- ’
onde, (Figura 50)
L - comprimento total da grade, em m;
z - inverso da declividade transversal;
I - declividade longitudinal, em m/m;
n - coeficiente de rugosidade de Manning;

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Qo - vazão de projeto, em m³/s;


wo - largura do espelho d'água na sarjeta, em m;
w - largura horizontal da grade, em m.

Calculada a extensão pode-se agora verificar que tipo de gradeamento


pode ou deve ser utilizado. Para isto empregam-se as seguintes
equações:
a) Lo = 4.vo.(yo/g)1/2, para barras longitudinais e
b) Lo' = 2.Lo, para barras transversais,
onde,
Lo - comprimento necessário para captar toda a vazão inicialmente sobre a grade
longitudinal;
Lo' - idem para grade transversal;
vo - velocidade média de aproximação da água na sarjeta;
g - aceleração de gravidade.

Figura 119: Caixa coletora com grelha e sem depressão

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7.7.2.3 Método tradicional


Pelos critérios adotados bem como as variáveis envolvidas
correlacionando inclusive o espaçamento e posição da grelha, este método tem
apresentado melhores resultados. Ao observarmos a figura 120, notaremos que o
método estuda as correlações da largura da sarjeta com a largura da grelha, das
águas que passam pelas talas da grelha, etc.

Figura 120: Esquema de uma boca de lobo com grelha

A importância da profundidade y’:


Se considerarmos que a parcela d’água na sarjeta ao longo da largura W
da grelha irá escoar longitudinalmente para seu interior, então a parcela restante,
com lâmina de largura (T – W) e profundidade y’ escoará lateralmente em
direção à grelha como se fosse uma boca-de-lobo simples.

Para que toda essa água seja esgotada longitudinalmente e lateralmente, a


grelha deverá possuir um comprimento mínimo L’, calculado a partir da
fórmula empírica seguinte:

"´ = 1,2 ∗ 4‘ ∗ $<‡ ∗ ( )/,1
<

Š
D´ = D0 G
$<‡

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Se for adotado um valor de L menor que L’ haverá um excesso de água q2


que não será esgotado pela grelha, sendo calculado como:
H2 = 0,25 ∗ ("´ G ") ∗ </,1 ∗ D´*,1

Por outro lado, o comprimento da grelha deverá ser maior ou igual a L0


para que todo o escoamento longitudinal na sarjeta dentro da faixa W da
grelha seja esgotado. Se L for menor que L0, as águas pluviais não
esgotadas ultrapassam as grelhas. O valor de L0 é calculado por:
D
"‘ = ∗ 4‘ ∗ ( )/,1
<

O fator m é uma constante que depende da configuração da grelha e os


seus valores são tabelados em função do tipo de boca-de-lobo (Tabela 5).
Tabela 5: Valores de m.
ESPAÇO LIVRE ENTRE BARRAS 3 A 4 cm
Valores de m
Boca-de-lobo Grelhas com barras longitudinais 4
simples Grelhas com barras transversais 8
Boca-de-lobo Grelhas com barras longitudinais 3,3
combinada Grelhas com barras transversais 6,6

Em condições normais, as grelhas devem ser dimensionadas tal que


L ≥ L0.
Se, por algum motivo, L < L0, a vazão que ultrapassa a grelha pode ser
calculada como:
"
H3 = ‘ ∗ (1 G )
"‘

Assim sendo, a vazão total que ultrapassa a grelha é calculada por:


H = H2 + H3

Finalmente, a vazão esgotada pela grelha será:


= ‘GH

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Símbolos empregados na formulação matemática:

7.7.2.4 Eficiência das bocas-de-lobo


Na prática, a capacidade de escoamento das bocas de lobo é menor que a
calculada, em razão de diversos fatores, entre os quais enumera-se:
a) Obstrução por detritos carregados pelas águas;
b) Irregularidades nos pavimentos das ruas junto às sarjetas e bocas de lobo;
c) Hipótese de cálculo que nem sempre corresponde a realidade.

Assim sendo, para garantir maior segurança adota-seos valores do quadro


15 como fatores de redução, o qual deverá ser multiplicado pela vazão
encontrada para a caixa coletora.

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Quadro 15: fatores de redução.


Fatores de redução para bocas de lobo (DAEE/CETESB, 1980)
Localização na % permitida sobre o
Tipo de boca de lobo
sarjeta valor teórico
Ponto baixo De guia 80
Com grelha 50
Combinada 65
Ponto
De guia 80
intermediário
Grelha longitudinal 60
Grelha transversal ou longitudinal com
60
barras transversais
110% dos valores
Combinada indicados p/grelhas
correspondentes

7.7.2.5 Posicionamento das Bocas-de-Lobo


- A melhor localização das bocas-de-lobo é em pontos um pouco à montante das
esquinas;
- Não se recomenda colocar bocas-de-lobo nas esquinas para que os pedestres
não corram o risco de ter que passar por pontos onde a descarga superficial é
máxima, formando nestes locais pequenas áreas alagadas na rua.

7.7.2.6 Espaçamento de caixas coletoras.


O cálculo do espaçamento entre caixas coletoras pode ser feito
correlacionando-se as seguintes vazões:
a) Capacidade teórica de descarga da sarjeta - Qst;
b) Capacidade de engolimento da boca-de-lobo - Qbl;
c) Vazão de projeto - Qp = C*i*A
Analisando o gráfico da figura 121, das vazões de projeto, da capacidade
da sarjeta e da capacidade da boca-de-lobo, obesrva-se que:
a) o ponto de intersecção entrea as vazões indica a posição de uma boca-de-lobo;

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a) a vazão de projeto aumenta linearmente de acordo com o aumento do


comprimento do trecho L, atingindo seu valor máximo no final do trecho;
b) a capacidade de descarga da sarjeta é constante, menor que a de projeto e maior
que a da boca-de-lobo;
c) a capacidade da boca-de-lobo também é constante, porém menor que as outras
duas.

Figura 121: Gráfico das vazões: Projeto, Sarjeta e Boca-de-lobo.

Observando o gráfico da figura 122, observa-se que se posicionarmos as


bocas-de-lobo em função da capacidade da descarga da sarjeta teríamos o
espaçamento "e1".

Figura 122: Espaçamento das bocas-de-lobo em função da sarjeta.

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Agora, observando o gráfico da figura 123, observa-se que se


posicionarmos as bocas-de-lobo em função da capacidade da descarga da própria
boca-de-lobo teríamos o espaçamento "e".

Figura 123: Espaçamento de bocas-de-lobo em função de sua capacidade de descarga.

Não há erro algum em calcularmos os espaçamentos em função de uma


ou de outra. O problema é que a sarjeta apresenta garnde capacidade de
descarga, fator que gera grandes dimensões de bocas-de-lobo para engolimenhto
de toda água carregada pela sarjeta, fugindo completamente dos padrões.
Desta forma, devemos por coerência calcular o espaçamento
fundamentados na capacidade das bocas-de-lobo padrão, geralmente de 0,7m a
1,00m de soleira para entrada da água.

Observamos então a figura 124, a qual forma três triângulos semelhantes, pois
possuem como hipotenusa a vazão de projeto Qp aumentando linearmente.

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Figura 124: Demonstração do cálculo do espaçamento

Por semelhança de triângulos, podemos calcular os espaçamentos "e" e


"e1", no entanto a demonstração apresenta o cálculo do espaçamento "e" em
função da capacidade de descarga de uma boca-de-lobo - Qbl.
3“
=
^ "
" ∗ 3“
^=

7.7.3 Poços de visitas


São dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de
galerias para permitirem mudanças de direção, mudança de dcelividade,
mudança de diâmetro, inspeção e limpeza da canalização. Os espaçamentos
devem ser o máximo possível para atender critérios econômicos (figura 125).

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Figura 125: Ilustração corte vertical de um poço de visita convencional.

Um poço de visita convencional possui dois compartimentos distintos que


são a chaminé e o balão, construídos de tal forma a permitir fácil entrada e saída
do operador e espaço suficiente para este operador executar as manobras
necessárias ao desempenho das funções para as que a câmara foi projetada.
O balão ou câmara de trabalho é o compartimento principal da estrutura,
de secção circular, quadrada ou retangular, onde se realizam todas as manobras
internas, manuais ou mecânicas, por ocasião dos serviços de manutenção de cada
trecho. Nele se encontram construídas em seu piso, as calhas de concordância
entre as secções de entrada dos trechos a montante e de saída.
A chaminé, pescoço ou tubo de descida, consiste no conduto de ligação
entre o balão e a superfície, ou seja, o exterior. Convencionalmente inicia-se num
furo excêntrico feito na laje de cobertura do balão e termina na superfície do
terreno fechado por um tampão de ferro fundido.
O movimento de entrada e saída dos operadores é feito através de uma
escada de ligas metálicas inoxidáveis, tipo marinheiro afixada degrau em degrau,
na parede do poço ou, opcionalmente, através de escadas móveis para poços de
pequenas profundidades.
As calhas do fundo do poço são dispostas de modo a guiar as correntes líquidas
desde as entradas no poço até o início do trecho de jusante do coletor principal
que atravessa o poço, e de tal maneira a assegurar um mínimo de

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turbilhonamento e retenção do material em suspensão, devendo suas arestas


superiores ser niveladas com a geratriz superior do trecho de saída.
No caso de trechos de coletores chegarem ao PV acima do nível do fundo
são necessários cuidados especiais na sua confecção a fim de que haja
operacionalidade do poço sem constrangimento do operário encarregado de
trabalhar no interior do balão. Para desníveis abaixo de 0,50m não se fazem
obrigatórias medidas de precaução, considerando-se a quantidade mínima de
respingos e a inexistência de erosão, provocados pela queda do líquido sobre a
calha coletora. Para desníveis a partir de 0,50m serão obrigatoriamente instalados
os chamados "poços de queda" (Figura 126).

Figura 126: Corte vertical de um poço de visita de queda.

Quando o poço de visita com quada estiver entre dois diâmetros diferentes
e no mesmo alinhamento, estes devem ser alinhados pelas suas geratrizes
superiores (figura 127).

Figura 127: Poço de visiat com queda alinhados pela geratriz superior.

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A localização pode ser nos pontos de deflexão (mudança de direção),


cruzamentos de ruas, conexão com vários coletores, mudança de cota e de
diâmetro.
Se o poço de visita for para atender a uma diferença de cota (nível) de mais
de 70 cm, é denominado de Queda - PV-Queda.
O espaçamento máximo recomendado para os poços de visita é:
a) para diâmetro entre 30 cm e 40 cm - espaçamento máximo de 120m;
b) para diâmetro entre 50 cm e 90 cm - espaçamento máximo de 150m;
c) para diâmetro 1,00m ou mais - espaçamento máximo de 180m.

A fim de permitir o movimento vertical de um operador, a chaminé, bem


como o tampão, terão um diâmetro mínimo útil de 0,60m. O balão, sempre que
possível, uma altura útil mínima de 2,0 metros, para que o operador maneje com
liberdade de movimentos, os equipamentos de limpeza e desobstrução no
interior do mesmo.
A chaminé, não deverá ter altura superior a 1,0 m, por recomendações
funcionais, operacionais e, até, psicológicas para o operador.

A Tabela 6. mostra as dimensões mínimas recomendáveis para chaminé e balão


em função da profundidade e do diâmetro "D" da tubulação de jusante, ou seja,
a que sai do poço de visita.

Tabela 6: Dimensões mínimas para PV´ s.


Profundidade h do PV e Altura hc da chaminé Diâmetro Db do balão
diâmetro D de saída (m) (m) (m)
h<=1,5 e qualquer D hc=0,30 Db=D
1,5<h<2,5 e D<=0,60 hc=0,30 Db=1,20
1,5<h<2,5 e D>0,60 hc=0,30 Db=D+1,20
h>2,5 e D<=0,60 0,30<hc<1,00 Db=1,20
h>2,5 e D>0,60 0,30<hc<1,00 Db=D+1,20

7.7.4 Caixas de ligação ou passagem


São utilizadas para junção de bocas-de-lobo intermediárias ou de modo a
evitar a chegada em um mesmo PV de mais de quatro tubulações (por exemplo).
Possui função similar a de um PV, diferenciando-se apenas por não terem
entradas para visita (figura 128).

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Figura 128: Caixa de ligação ou passagem.

7.7.5 Galerias.

7.7.5.1 Generalidades
São os condutos subterrâneosprojetados para coletar e conduzir as
descargas resultantes da chuva inicial de projeto, para um ponto de lançamento
dentro de um sistema geral de macro drenagem.
Diferente de outras áreas da engenharia, não existe norma da ABNT sobre
galerias de águas pluviais urbanas, assim como para todos os outros
componentes do sistema de drenagem.
Em 1986 foi lançado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica
(DAEE) e Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), o livro
Drenagem Urbana- manual de projeto, elaborado pela equipe técnica do DAEE.
Este livro tornou-se o padrão brasileiro de drenagem sendo usado até hoje.
No Brasil as galerias de águas pluviais são calculadas como condutos
livres com os tubos trabalhando a seção plena ou em proporções variadas tais
como 2/3D, 0,80D, 0,83D ou 0,90D. Para um melhor aproveitamento das galerias,
é comum utilizar-se 0,90D, assim garante-se o escoamento livre sem deixar em
demasiado as tubulações ociosas.
Existem regiões como o County Clark nos Estados Unidos, que usam a
água pluvial como rede pressurizada até o máximo de 1,5m acima da geratriz
superior da tubulação. Para a pressurização é necessário que as juntas sejam
estanques ao vazamento ou que pelos menos suporte até 1,5m de pressão, além
dos cuidados projeto no tocante às cotas das caixas coletoras e poços de visita, de
modo a evitar o transbordamento. Assim são usadas juntas elásticas ou juntas
especiais. Nestas redes é comum se calcular os dois gradientes, o hidráulico e de

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energia de modo que o gradiente de energia não saia do perfil da vala de


escavação.
No Brasil, com o dimensionamento como escoamento livre, torna-se mais
fácil os métodos de cálculos, sem necessidade de controle do gradiente hidráulico
e de energia (figura 129). Isto ocorre principalmente pelo material comumente
utilizado para os tubos, concreto com juntas sem vedação, ou com vedação em
argamassa. Este tipo de junta não resiste a pressões.

Figura 129: Linha de carga e energia em tubulações.

7.7.5.2 Tubos de PEAD


Atualmente está sendo difundido o uso de tubos de PEAD - Polietileno de
Alta Densidade (figura 130), este tipo de material apresenta algumas vantagens
sobre os tradicionais de concreto, tais como:
a) Peças com 6m de comprimento e muito leves;
b) Coeficiente de rugosidade n = 0,009, enquanto que o concreto varia de
0,014 a 0,018;
c) Rapidez na execução, sem necessidade de berço de concreto para
diâmetros maiores;
d) Conexão das juntas (PBA-Ponta, Bolsa e Anel) com anel de borracha, mais
estanqueidade;
e) Custo equivalente considerando todas as etapas.
Como desvantagem pode-se citar o número de diâmetro disponível, que
são:

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a) DN 375mm (DI 382mm);


b) DN 450 mm (DI 460 mm);
c) DN 600 mm (DI 614 mm);
d) DN 750 mm (DI 774 mm);
e) DN 900 mm (DI 900 mm);
f) DN 1050 mm (DI 1060 mm);
g) DN 1200 mm (DI 1204 mm);
h) DN 1500 mm (DI 1500 mm).

DN - Diâmetro Nominal: nome de identificação do diâmetro da tubulação;


DI - Diâmetro Interno: medida de referência da tubulação.

Figura 130: Tubos em PEAD - Criciúma-SC: TEMA.

Descrição do fabricante: tubos corrugados de polietileno de alta


densidade de dupla parede, parte interna lisa, para aplicações de drenagem.
Sistema de conexão mecânica, tipo bolsa-ponta integrada com vedação
elastomérica.

7.7.5.3 Diretrizes gerais


Inicialmente o projetista deve obter todas as informações relativas à área
em estudo, que possam apresentar interesse para o desenvolvimento do projeto.
A topografia de precisão é de fundamental importância para o sucesso não
somente do projeto, mas tabém para a eficiência do sistema. Os dados básicos
são:

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a) Planta da área a ser drenada em escala 1:500 ou 1:1000, com curvas de nível
de 0,50m ou 1,00m;
b) Mapa geral da bacia de drenagem em escala de 1:5000 ou 1:10000;
c) Planta da área a ser drenada com indicação das ruas existentes e
projetadas, intersecção com obras de utilidade pública e tipos de ocupação
existentes e previstas para as áreas anda não urbanizadas;
d) Seções transversais típicas das ruas e avenidas;
e) Perfis longitudinais das ruas e avenidas das áreas;
f) Informações geotécnicas sob o lençol freático.
g) Localização e elevação (cota) do ponto final do lançamento do sistema de
galerias;
h) Curvas de intensidade de duração e freqüência da chuva da região.

7.7.5.4 Dimensionamento hidráulico das galerias

a) Hipótese de Cálculo: Princípios Técnicos para Eaboração de Projetos de


Microdrenagem
Admite-se um escoamento em conduto livre e em regime permanente e
uniforme. Isto quer dizer admitir-se que de cada trecho de galeria não haverá
variação de velocidades de escoamento e de lâmina de água no tempo, enquanto
este trecho funcionar com a vazão de projeto.
Seu cálculo obedecerá, pois, as fórmulas clássicas
Q = A.V, clássica equação da continuidade e que é conhecida como teorema de
Bernouilli (Daniel Bernouilli, cientista suíço criador da Física Matemática, 1700-
1782) para fluidos reais, onde

P = pressão, Kgf/m²
γ = peso específico, Kgf/m
V = velocidade do escoamento, m/s
g = aceleração da gravidade, m/s²
Z = altura sobre o plano de referência, m

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hf= perda de energia entre as seções em estudo, devido à turbulência, atritos, etc,
denominada de perda de carga, m
α = fator de correção de energia cinética devido às variações de velocidade na
seção, igual a 2,0 no fluxo laminar e 1,01 a 1,10 no hidráulico ou turbulento,
embora nesta situação, na prática, sempre se tome igual a 1,00.
A Figura 75 ilustra os elementos componentes da equação.

b) Dimensões
O diâmetro mínimo recomendado para galerias pluviais é de 400 mm no
sentido longitudinal e 300 mm nas transversais, ou seja, nas ligações das bocas-
de-lobo com as galerias.
As dimensões das galerias são sempre crescentes para jusante não sendo
permitida a redução da seção no trecho seguinte mesmo que, por um acréscimo
da declividade natural do terreno, o diâmetro até então indicado passe a
funcionar superdimensionado.

c) Velocidades
Para que não haja sedimentação natural do material sólido em suspensão
na água, principalmente areia, no interior das canalizações, a velocidade de
escoamento mínima é de 0,75 m/s para que as condições de autolimpeza sejam
assim preservadas.
Por outro lado, grandes velocidades acarretariam danos às galerias, tanto
pelo grande valor de energia cinética como poder abrasivo do material sólido em
suspensão. O valor limite de velocidade máxima é função do material de
revestimento das paredes internas dos condutos. Em geral, velocidades de
escoamento superiores a 5,0 m/s carecem de informações técnicas adicionais,
justificando sua adoção pelo projetista.
A declividade mínima deve ficar em torno de 2% a 3% para evitar
ssoreamentos e como a declividade é fixada neste valor não possui riscos de
desgastaes e erosões.

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Fórmula de Manning para obter a velocidade:


0,397 ∗ /5 ∗ */
4=
-
Onde:
V - velocidade média (m/s);
D - Diâmetro interno da tubulação (m);
I - Declividade (m/m);
n - coeficiente de rugosidade do concreto - entre 0,014 a 0,016.

d) Declividade
A declividade de cada trecho é estabelecida a partir da inclinação média
do terreno ao longo do trecho, do diâmetro equivalente e dos limites de
velocidade. Na prática os valores empregados variam normalmente de 0,3% a
4,0%, pois para declividades fora deste intervalo é possível a ocorrência de
velocidades incompatíveis com os limites recomendados.
Terrenos com declividades superiores a 10% normalmente requerem dos
projetistas soluções específicas para a situação. Em terrenos planos são
freqüentes problemas de lançamento final de efluentes.
Hidraulicamente tem-se que quanto maior a declividade das galerias
maior será a velocidade de escoamento e quanto maior as dimensões transversais
dos condutos, menor será a declividade necessária.

e) Recobrimento da Canalização
Dependendo da função da estrutura da canalização adota-se como
recobrimento mínimo 1,0 m e como limite máximo 4,0 m. Valores fora do
intervalo citado, normalmente requerem tubos ou estruturas reforçadas e
análises especiais que justifiquem a opção do projetista.

Critério 1: Profundidades mínimas na geratriz inferior tabelada.


a) Tubo D = 30 cm - 1,20m;
b) Tubo D = 40 cm - 1,50m;
c) Tubo D = 50 cm - 1,60m;
d) Tubo D = 60 cm - 1,70m;
e) Tubo D = 80 cm - 1,90m;
f) Tubo D = 100 cm - 2,10m;
g) Tubo D = 120 cm - 2,30m;

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Critério 2: Pode-se também determinar profundidade mínima (h) admissível


para a geratriz inferior interna do tubo é definida da seguinte maneira:

φ
h =φ + + 0,40
2
onde:
h = profundidade mínima admissível (m);
∅ = diâmetro da tubulação (m).

f) Velocidade média, tempo de entrada e tempo de percurso para as


sarjetas

Velocidademédia:Estabelecida a capacidade de descarga da sarjeta,


calcula-se o tempo de percurso do escoamento, a partir de sua velocidade média,
pela equação:
1 /,1
4‘ = 0,958 ∗ ∗( )5/! ∗ ,$ /, 1
. /, 1 -
Onde:
Vo -velocidade média (m/s);
Z - inverso da declividade transversal (m/m);
I - declividade longitudinal )m/m);
n - coeficiente de rugosidade de Manning;
Qst - vazão da sarjeta - capacidade teórica da sarjeta (m³/s).
Ou pela clássica equação de Manning:
1
4‘ = ∗ /5
∗ /,1
-
Onde:
Vo -velocidade média (m/s);
I - declividade longitudinal )m/m);
n - coeficiente de rugosidade de Manning;
Rht - raio hidráulico (m).

g) Tempo de entrada: tempo gasto pelas chuvas caídas nos pontos mais
distantes, a montante da bacia, para atingirem a seção considerada no
projeto. Em projetos de micro drenagem, quando a área a montante for
urbanizada ou estiver em processo de urbanização, o tempo de

Prof. Dr. Tadeu de Souza Oliveira 199


Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

concentração não necessita ser calculado, este pode ser igual ao tempo de
entrada. O tempo de entrada varia entre 5 minutos, no mínimo, e 20
minutos no máximo.
Até a primeira seção de drenagem tc=te.
A partir da primeira seção considerada, o tempo de concentração vai
aumentado conforme o tempo gasto para as águas coletadas nesta seção,
percorrerem a sarjeta. Desta forma o tempo de concetração - tc passa a ser somado
com o tempo de percurso, em cada trecho, sucessivamente.
Na segunda seção de drenagem:
$ = $^ + $
onde:
tp = tempo de percurso calculado por:
"
$ =
60 ∗ 4‘
te = tempo de entrada – tempo gasto pelas chuvas caídas nos pontos mais
distantes da bacia para atingirem o primeiro ralo ou seção considerada;
Vo - velocidade média de percuso.
E assim sucessivamente.

h) Intensidade de chuva (i)


A quantidade de águas pluviais a ser prevista, depende das condições
hidrológicas locais, em particular da escolha da chuva crítica e do
coeficiente de escoamento superficial.

A intensidade de chuva a ser utilizada para os dimensionamentos é calculada


pela equação
K *T a
i=
(t + b )c
onde:
i - intensidade máxima média (mm*h-1);
T - período de retorno (anos)
t - tempo de duração da chuva (min)
K, a, b e c - coeficientes locais ajustados pelo método dos mínimos quadrados,
coeficientes são encontrados na tabela 6 referente ao estado de Mato Grosso do
Sul.

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

i) Vazão (m³/s)
A vazão é dada pelo método racional:
∗ ∗
=
360
Onde:
Q - vazão (m³/s);
i - intensidade da precipitação (mm/h);
A - área da bacia (ha).

j) Cálculo das galerias


- Fórmula de manning
D = 1,511 * (n * Q * I-1/2)3/8(mm) - para altura de lâmina de 0,90D
D = 1,548 *(n * Q * I-1/2)3/8 (mm) - para seção plena.
No entanto, a fórmula de Manning é resultado das relações
trigonométricas da seção circular apenas baseadas na relação entre a altura da
lâmina de água (y) e o diâmetro (D), figura 131.

Figura 131: Seções circulares e relações y/D.

- Principais relações trigonométricas da seção circular com ânguloØ em radianos.


∗s
Ø = 2 ∗ arc. cos(1 G t
)
u Jv%Ø
= 0,5 ∗ (1 G )
2

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Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

w Ø xyzØ
=
2( V
i\ Ø xyzØ
2
= !Ø

w Ø xyzØ
=
u( !∗(* Jv% )
Ø
(

i\ (Ø xyzØ)
=
u ∗(* Jv% )
Ø
(

A partir da equação de Mannig:

= ∗ /5
∗ */
-

Tem-se a equação, obtém-se um fator hidráulico (m) correspondente à


relação y/D, resultando na tabela 18:
K∗&
= , tabelado no quadro 16
2”/) ∗| d/(

E com o valor de m calacula-se t pela equação:


*
$ = ( )5/V , tabelado no quadro 16.
w

Valores intermediários de “m” e “t” não encontrados na tabela poderão


ser encontrados por interpolação.
Assim da fórmula de Manning podemos apresentar da seguinte forma e
genérica:
= $ ∗ (- ∗ ∗ */
)5/V
Onde:
t - fator hidráulico na tabela 16 em função de m (adimensional);
n- coeficiente de rugosidade (adimensional;
Q - vazão (m³/s);
I - declividade em m/m.

Com esta equação basta aplicar o "t" referente à relação y/D. No quadro 16
estão destacados os valores de "m" utilizados nas equações acima para 90%
(Y/D=0,9) de ocupação da seção e 100% (seção plena com y/D=1).

Prof. Dr. Tadeu de Souza Oliveira 202


Drenagem aplicada à infraestrutura de transporte - IPOG

Quadro 16: Valores de m para a relação y/D.


y/D m T y/D m T y/D m T y/D m T y/D m T
0,01 0,000 31,622777 0,21 0,030 3,719954 0,41 0,109 2,295964 0,61 0,215 1,780586 0,81 0,308 1,554658
0,02 0,000 24,384494 0,22 0,033 3,589752 0,42 0,115 2,251758 0,62 0,220 1,764377 0,82 0,312 1,548091
0,03 0,001 17,293633 0,23 0,036 3,471237 0,43 0,120 2,216740 0,63 0,225 1,748697 0,83 0,315 1,541991
0,04 0,001 13,872638 0,24 0,039 3,362706 0,44 0,125 2,182982 0,64 0,231 1,733798 0,84 0,318 1,536340
0,05 0,002 11,454227 0,25 0,043 3,262793 0,45 0,130 2,150414 0,65 0,236 1,719353 0,85 0,321 1,531122
0,06 0,002 9,921823 0,26 0,046 3,170386 0,46 0,135 2,119559 0,66 0,241 1,705341 0,86 0,324 1,526322
0,07 0,003 8,724476 0,27 0,050 3,082239 0,47 0,140 2,089708 0,67 0,246 1,691996 0,87 0,326 1,521926
0,08 0,004 7,856083 0,28 0,053 3,000351 0,48 0,145 2,061344 0,68 0,251 1,679277 0,88 0,329 1,518096
0,09 0,005 7,186191 0,29 0,057 2,925913 0,49 0,151 2,034341 0,69 0,256 1,666902 0,89 0,331 1,514644
0,10 0,007 6,609331 0,30 0,061 2,854311 0,50 0,156 2,008109 0,70 0,261 1,655092 0,90 0,332 1,511733
0,11 0,008 6,143132 0,31 0,065 2,787132 0,51 0,161 1,983075 0,71 0,266 1,643584 0,91 0,334 1,509521
0,12 0,010 5,732627 0,32 0,069 2,723929 0,52 0,167 1,958708 0,72 0,271 1,632816 0,92 0,335 1,507827
0,13 0,011 5,371500 0,33 0,073 2,664318 0,53 0,172 1,935826 0,73 0,275 1,622303 0,93 0,335 1,506814
0,14 0,013 5,081867 0,34 0,078 2,607966 0,54 0,177 1,913490 0,74 0,280 1,612465 0,94 0,335 1,506645
0,15 0,015 4,818187 0,35 0,082 2,555751 0,55 0,183 1,892459 0,75 0,284 1,602843 0,95 0,335 1,507151
0,16 0,017 4,578600 0,36 0,086 2,504998 0,56 0,188 1,871878 0,76 0,289 1,593842 0,96 0,334 1,508842
0,17 0,020 4,369221 0,37 0,091 2,457755 0,57 0,193 1,852094 0,77 0,293 1,585024 0,97 0,332 1,511904
0,18 0,022 4,183998 0,38 0,096 2,411728 0,58 0,199 1,833056 0,78 0,297 1,576780 0,98 0,329 1,516712
0,19 0,025 4,012355 0,39 0,100 2,368711 0,59 0,204 1,815050 0,79 0,301 1,569083 0,99 0,325 1,524734
0,20 0,027 3,858682 0,40 0,105 2,328381 0,60 0,209 1,797355 0,80 0,305 1,561713 1,00 0,312 1,548463

Prof. Dr. Tadeu de Souza Oliveira


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k) Traçado das galerias


Preliminarmente, o traçado das galerias deve ser
desnvolvidosimultaneamente com o projeto das vias públicas e parques, para
evitar imnposições ao sistema de drenagem que geralmente conduzem a soluções
mais onerosas.
Deve haver homogeneidade na distribuição das galerias para que o
sistema possa proporcionar condições adequadas de drenagema todas às áreas
da bacia.
Para aplicar todos os conhecimentos expostos aqui acerca de drenagem
urbama, passa-se a seguir para um exercício prático, um projeto de uma área a
ser urbanizada.

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