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CRÉDITOS

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2021
DRENAGEM EM OBRAS RODOVIÁRIAS

PALAVRAS DO PROFESSOR

Prezados Residentes,

Neste momento estamos iniciando a disciplina de drenagem em obras


rodoviárias do Curso de Especialização em Projetos e Obras Públicas. No
percurso da mesma, terão ciência das consequências da água em obras
rodo/ferroviárias, das obras de drenagem tanto superficial, como profunda
(conceitos, fatores que influenciam no projeto de dimensionamento, e
dimensionamento propriamente dito), saberão como delimitar as bacias e
calcular a vazão de projeto tendo em conta o período de retorno. Poderão
identificar os diferentes tipos de geossintéticos utilizados na construção civil, e
suas características. Saberão como selecionar apropriadamente o material
utilizado para o filtro e conhecerão os efeitos do aumento da poropressão no
solo.
Com o intuito de organizar adequadamente os temas, esta disciplina foi
dividida em 6 unidades, onde as Unidades 1 e 2 servem para enquadrar e
atualizar os conhecimentos na área, conhecimento que será fundamental no
momento da abordagem feita nas quatro últimas unidades.
Sem mais palavras dou a vocês as boas-vindas a esta disciplina, espero que o
seu conteúdo seja enriquecedor e do seu agrado.
Bons estudos!
Prof. Dr. Yader Alfonso Guerrero Pérez
EMENTA E OBJETIVOS

EMENTA

Introdução e noções básicas referentes aos diferentes sistemas de drenagem


utilizados na área rodoviária. Bases sobre hidrologia. Bacias de contribuição.
Drenagem superficial. Drenagem profunda. Geossintéticos, filtros e tensões no
solo.

OBJETIVO GERAL

O objetivo desta disciplina visa atualizar os profissionais que atuam na área nas
normas, metodologias, técnicas de dimensionamento de redes de drenagens,
assim como na identificação e avaliação de defeitos que acarreta a deficiência
na condução apropriada da água.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Contextualizar adequadamente a situação Brasileira, no cenário nacional


e internacional;
• Apresentar os fundamentos teóricos necessários para um adequado
entendimento da disciplina;
• Determinar os dados a serem usados com o intuito de gerar as curvas
IDF;
• Caracterizar a bacia hidrográfica de contribuição;
• Dimensionar apropriadamente dispositivos de drenagem superficial e
subterrânea;
• Entender e aplicar os critérios de seleção de materiais usados para filtros;
• Conhecer e identificar os geossintéticos assim como as funções
recomendadas para os mesmos;
• Entender os princípios da dissipação das pressões neutras.

2
SUMÁRIO

1 UNIDADE 01 - INTRODUÇÃO ............................................................................................. 6


1.1 MODAIS DE TRANSPORTE ......................................................................................... 7
1.2 SETOR RODOVIÁRIO .................................................................................................... 7
1.3 A ÁGUA NOS ACIDENTES RODOVIÁRIOS .............................................................. 7
1.4 CRITÉRIOS DE QUALIDADE DE SECÇÕES DE RODOVIAS................................ 9
1.5 A ESTIMATIVA DA LÂMINA DE ÁGUA ..................................................................... 10
1.6 RELAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS DE SEGMENTO DE RODOVIA E
AQUAPLANAGEM ............................................................................................................... 10
1.7 DEZ RAZÕES QUE CONTRIBUEM PARA A POUCA DURABILIDADE DO
PAVIMENTO DAS RODOVIAS .......................................................................................... 11
1.8 SETOR FERROVIÁRIO ................................................................................................ 12
1.9 CUSTO BRASIL ............................................................................................................. 12
1.10 A ÁGUA NOS PAVIMENTOS .................................................................................... 12
1.11 EFEITO DAS ÁGUAS ................................................................................................. 15
1.12 PAPEL DA DRENAGEM ............................................................................................ 15
1.13.1 Classificação ............................................................................................................. 15
2 UNIDADE 02 - BASES SOBRE HIDROLOGIA............................................................... 17
2.1 CICLO HIDROLÓGICO ................................................................................................ 18
2.2 PRECIPITAÇÕES .......................................................................................................... 19
2.3 MEDIDA DAS PRECIPITAÇÕES ................................................................................ 19
2.4 INTENSIDADE DAS PRECIPITAÇÕES .................................................................... 20
2.5 ISOIETAS........................................................................................................................ 21
2.6 FREQUÊNCIA DOS TOTAIS PRECIPITADOS ........................................................ 21
2.7 PROCESSAMENTO DE DADOS................................................................................ 23
2.7.1 O método do Otto Pfafstetter ................................................................................ 24
2.7.2 Método das isozonas ............................................................................................. 25
2.8 PERÍODO DE RETORNO ............................................................................................ 26
2.9 PERÍODO DE RETORNO RECOMENDADO POR ÓRGÃOS RODOVIÁRIOS . 28
2.10 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO ................................................................................ 30
3 UNIDADE 03 - BACIAS DE CONTRIBUIÇÃO ................................................................ 31
3.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS BACIAS DE CONTRIBUIÇÃO ..................... 32
3.2 TEMPO DE CONCENTRAÇÃO (TC) ......................................................................... 34
3.3 COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL ................................................ 41
3.3.1 Para áreas menores a 4km2 (método racional) ................................................ 42
3.3.2 Áreas entre 4 e 10 km2 (método racional com coeficiente de retardo) ......... 43

3
3.3.3 Áreas maiores a 10km2 (Método do Hidrograma Triangular Sintético) ......... 43
3.4 DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES ............................................................................... 45
3.4.1 Método racional ...................................................................................................... 45
3.4.2 Método racional com coeficiente de retardo para áreas entre 4 e 10km² ......... 46
3.4.3 Hidrograma triangular sintético (“U.S.A. Soil Consevation Service”- Área
>10km²) .............................................................................................................................. 46
3.5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO...................................................................................... 47
4 UNIDADE 04 - DRENAGEM SUPERFICIAL ................................................................... 50
4.1 VALETAS DE PROTEÇÃO .......................................................................................... 52
4.1.1 Dimensionamento hidráulico ................................................................................ 55
4.2 MURETA PROTEÇÃO EM CORTE EM ROCHA ..................................................... 57
4.3 SARJETAS ..................................................................................................................... 57
4.4 SARJETAS DE CORTE ................................................................................................ 58
4.5 SARJETAS DE ATERRO ............................................................................................. 62
4.6 SARJETAS DE CANTEIRO CENTRAL ..................................................................... 63
4.7 SAÍDAS DA ÁGUA ........................................................................................................ 63
4.8 DESCIDAS DA ÁGUA................................................................................................... 65
4.8.1 Dimensionamento hidráulico para descidas de água do tipo rápido .............. 66
4.9 DESCIDAS D’AGUA EM CORTE ............................................................................... 67
4.10 DISSIPADORES DE ENERGIA ................................................................................ 67
4.11 CAIXAS COLETORAS................................................................................................ 69
4.12 SARJETAS DE BANQUETA...................................................................................... 69
4.13 BACIAS DE ACUMULAÇÃO ..................................................................................... 70
4.14 SARJETA E MEIO FIO DE ATERRO ....................................................................... 71
4.16 DESCIDA D’ÁGUA EM TALUDE .............................................................................. 72
4.17 SAÍDAS D’AGUA ......................................................................................................... 72
4.18 BUEIROS ...................................................................................................................... 73
4.18.1 Bueiros de greide ................................................................................................. 74
4.18.2 Bueiros de grota ................................................................................................... 75
4.18.3 Classificação dos bueiros ................................................................................... 76
4.18.4 Nomenclatura dos bueiros .................................................................................. 78
4.19 DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO....................................................................... 80
4.21 CONSTRUÇÃO DE BUEIROS .................................................................................. 86
4.21.1 Método destrutivo ................................................................................................. 86
4.21.2 Métodos não destrutivos ......................................................................................... 86
4.22 EXEMPLOS DE DIMENSIONAMENTO................................................................... 91

4
5 UNIDADE 05 - DRENAGEM PROFUNDA ....................................................................... 93
5.1 PRINCIPAIS INDICADORES DA NECESSIDADE DE DRENAGEM PROFUNDA
................................................................................................................................................. 93
5.2 CLASSIFICAÇÃO DOS DRENOS .............................................................................. 93
5.2.1 Dreno profundo longitudinal .................................................................................. 94
5.2.2 Dreno espinha de peixe ......................................................................................... 97
5.2.3 Drenos sub-horizontais .......................................................................................... 98
5.2.4 Colchão drenante ................................................................................................... 99
5.2.5 Dreno sub-superficial do pavimento .................................................................. 100
5.3 EXERCÍCIOS DE DIMENSIONAMENTO ............................................................ 101
6 UNIDADE 06 - GEOSSINTÊTICOS, FILTROS E TENSÕES EFETIVAS ................. 104
6.1 GEOSSINTÉTICOS..................................................................................................... 104
6.1.3 Propriedades dos geotêxteis em sistemas de drenagem e filtração ................ 116
6.2 FILTROS DE PROTEÇÃO ......................................................................................... 122
6.3 TENSÕES NO SOLO .................................................................................................. 124
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 129

5
1 UNIDADE 01 - INTRODUÇÃO

A água é o composto mais importante para garantir a vida na Terra. Mas


nas estradas, a presença de água significa principalmente problemas. Uma das
principais causas de danos às estradas e problemas com a manutenção das
redes rodoviárias é o excesso de água que preenche os poros dos materiais
rodoviários na estrada e nos solos do subleito. Dessa forma é possível afirmar
que os problemas não é realmente a existência de água, senão, a forma como é
tratada.
A vida útil de qualquer tipo de obra se encontra fortemente ligada à forma
como é realizado controle das águas circundantes. Dessa forma, em projetos de
infraestrutura, os quais, geralmente são de grande porte e elevada importância
é imprescindível a realização de obras que façam o controle apropriado das
águas. Especificamente em obras lineares como rodovias ou ferrovias, a vida útil
das mesmas está atrelada as obras de drenagem projetadas tendo em conta as
especificidades próprias da obra, do formato do terreno e das características
região onde serão executados os serviços.
A través da utilização de obras de drenagem apropriadas, as águas
presentes em lugares indesejados podem ser conduzidas para setores
apropriados, ou mesmo, pode se impedir que a água atinja partes da obra mais
suscetíveis à sua presença. Desta forma, um sistema de drenagem é um
conjunto de dispositivos projetados com o intuito de garantir que a água não vai
afetar a estabilidade da obra, nem durante a construção, nem durante a sua vida
útil. Isto se aplica também a obras rodo/ferroviárias, onde o intuito das obras de
drenagem é manter controladas as águas ou mesmo afastar as mesmas da
superestrutura (rodoviária ou ferroviária).
Para garantir um adequado estudo da drenagem esta apostila subdivide
a sua abordagem em 6 capítulos ou unidades:
• Introdutório
• Bases sobre hidrologia
• Bacias de contribuição
• Drenagem superficial
• Drenagem profunda
• Geossintéticos, critérios de filtro e dissipação das pressões neutras

6
Os três primeiros capítulos fazem uma fundamentação geral sobre o tema
com o intuito de permitir ao leitor entender os procedimentos a serem abordados
nos capítulos finais, nos quais é feita uma revisão detalhada sobre o tema.
Este material trata da compilação de informações obtidas através de
diversas fontes (principalmente do professor Marcos Jabôr) com o intuito de
facilitar ao leitor o entendimento sobre o tema. É importante que os materiais
fornecidos, tanto a apostila quanto os vídeos sejam analisados de forma
conjunta. Sem mais, fico a disposição caso surjam dúvidas durante os estudos
da disciplina.

1.1 MODAIS DE TRANSPORTE

Os modais de transporte correspondem às formas usadas para fazer o


transporte de produtos e de passageiros.
Os modais de transporte usados no Brasil são:
• Transporte rodoviário.
• Transporte aquaviário.
• Transporte ferroviário.
• Transporte aéreo.
• Transporte dutoviário.

1.2 SETOR RODOVIÁRIO

Uma rodovia pode ser considerada como o espaço destinado ao passo de


pessoas ou veículos q vão de um lugar a outro. De acordo com definições no
Anexo I do Código de Trânsito do Brasil, são vias rurais de rodagem
pavimentadas, o que corresponde a uma via de transporte interurbano de alta
velocidade, que podem ou não proibir o seu uso por parte de pedestres e
ciclistas, sendo de fácil identificação por sua denominação.

1.3 A ÁGUA NOS ACIDENTES RODOVIÁRIOS

A presença de água na pista é um dos causantes dos acidentes nas


rodovias, dado que esta pode afetar a condução do motorista, a visibilidade e
até a estrutura da via, seja esta a infraestrutura ou a superestrutura.
Quando existe água na superfície de rolamento pode se produzir o
fenómeno da “Aquaplanagem” ou “hidroplanagem” é o “movimento de veículo
sobre uma fina camada de água, quando um, ou mais pneus perdem o contato

7
direto com a superfície do pavimento, ou seja, o pneu tem contato apenas com
a água”. Se, ocorre aquaplanagem o veículo não responde aos freios nem ao
volante, então, se comporta de maneira similar a um barco. Este tipo de
deslocamento é provocado por ação da combinação de: existência de lâmina de
água sobre o pavimento, qualidade da condução do veículo, velocidade,
profundidade dos sulcos da bandagem dos pneus, e pressão de pneus.
Os sulcos de pneus são os elementos que fazem o contato do veículo com
o pavimento da via. Sulco é caracterizado pelo seu desenho e sua profundidade.
O sulco é quem confere ao pneu a capacidade de atrito com o pavimento para
movimentar o veículo, e, contribui para a estabilidade e a capacidade de
frenagem. Dentre as funções do sulco está expulsar água para as laterais para
manter o contato entre o veículo e o pavimento para evitar a aquaplanagem.
Para um veículo em boas condições de manutenção, experiências em pistas de
teste indicam que a aquaplanagem pode ocorrer quando a altura da lâmina de
água for maior que 1,6mm. Para segurança do movimento de veículos, um pneu
novo tem profundidade de sulcos estimada em 8mm, e oferece a maior
segurança disponível contra a ocorrência de aquaplanagem. Segundo o
CONTRAN, Resolução 540/2015, um pneu está desgastado quando a
profundidade de sulcos é menor que 1,6mm (figura 1.1).
Dentre outros fatores, a segurança de trânsito de veículos, depende da
relação entre o estado da rodovia e a qualidade do contato entre pneu e
pavimento. De um lado a rugosidade do pavimento, que fornece o atrito para que
o giro das rodas desloque o veículo, e, de outro, a superfície dos pneus que
solicita tais forças para movimentar esta viatura. A aquaplanagem ocorre a partir
do momento em que os sulcos dos pneus não mais conseguem expulsar água
entre o pneu e o pavimento para as laterais. A tabela 1.1 sintetiza as variáveis
que interferem na ocorrência de aquaplanagem ações sobre o controle de
veículo em movimento.

8
Figura 1.1 - Hipóteses sobre relações entre pneus e lâmina de água no movimento de veículos

Tabela 1.1 Características da aquaplanagem

A viscoplanagem consiste na perda de aderência provocada por uma


pequena lâmina de água, geralmente menor a 0,10mm, entre o pneu e o
pavimento. A maioria dos acidentes por derrapagem com água sobre o
pavimento não acontecem por causa da hidroplanagem, acontecem quando o
pavimento se encontra apenas úmido, dessa forma, por viscoplanagem.
A formação da viscoplanagem se deve a:
• Presença de um filme de água que não consegue ser expulso da
superfície por causa do curto período de contato entre o pneu e pavimento e;
• Aspiração de um filme de água para o pico das asperezas, seguido
por uma derrapagem do pneu sobre a superfície do pavimento.

1.4 CRITÉRIOS DE QUALIDADE DE SECÇÕES DE RODOVIAS

No Brasil, os critérios que orientam a qualidade de secções de rodovias e


de seus equipamentos são principalmente fixados pelo Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e seus antecessores, O Departamento

9
Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e Instituto de Pesquisas Rodoviárias
(IPR).

1.5 A ESTIMATIVA DA LÂMINA DE ÁGUA

Drenagem superficial é a condução e o controle de água que escoe sobre


uma superfície. As funções de elementos para drenagem superficial são
interceptar, captar e conduzir as águas de chuva que se precipitam sobre um
corpo de via. No Brasil, a escolha, construção ou fabricação de elementos para
drenagem superficial são orientados e normalizados por manuais emitidos pelos
órgãos de fiscalização e controle de rodovias, particularmente o “Manual de
drenagem de rodovias, publicação DNIT, 2006”. Para estimativas da altura de
lâmina de água, projeto ou identificação de itens de controle do movimento de
água por superfícies, a característica da chuva usada é sua “intensidade”, ou
seja, a expressão do volume de água precipitado sobre uma unidade de área,
em um determinado tempo. Fixada uma intensidade de chuva torna-se possível
estimar as características do movimento de água pela rodovia.
Para escolha e fixação de medidas sobre elementos para drenagem
estudam-se dados históricos das chuvas em locais próximos aos projetos, aí
utilizam-se métodos da estatística e da hidráulica para verificar alturas de
lâminas de água e características do escoamento do líquido pelas vias. O
processo é simplificado fixando-se a probabilidade de ocorrência de chuva
máxima no regime de precipitações do local em estudo. Para um sistema de
drenagem superficial eficiente, além dos pavimentos e suas declividades.

1.6 RELAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS DE SEGMENTO DE


RODOVIA E AQUAPLANAGEM

Características dos segmentos de rodovia que influenciam na ocorrência


da aquaplanagem são apresentados a seguir:
A) Usar as técnicas expostas no Manual de Drenagem do DNIT para estimar
intensidade de chuvas intensas, e classificar o escoamento e coleta de água nos
canais da via e suas relações com a superfície de rolamento. E, verificar se a
altura de lâmina de água na própria superfície de rolamento seria menor que 1,6
milímetros, pavimento simplesmente molhado, indicando a eficiência, e a não
interferência entre a coleta e escoamento de água com a segurança de
circulação de veículos, ou as condições físicas para ocorrer aquaplanagem;
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B) Verificar se a rodovia oferece uma superfície de pavimento, a superfície de
rolamento para os veículos, que garanta a rugosidade para fornecer o atrito que
permita a tração e a frenagem para controle de veículos. Frisando que a
convivência entre a segurança e o controle do veículo passa por assegurar forma
de superfície de rolamento que conduza a água de chuva coerente com a
profundidade de sulcos de pneus igual ou maior que 1,6mm;
C) Analisar placas e faixas de sinalização do segmento e sua conformidade com
o Manual de Sinalização do DNIT, verificar se foram confeccionadas com
materiais e processos adequados, e se estão instaladas corretamente. Isto
posto, há que se atestar que a sinalização existente orienta motoristas a conduzir
veículos em condições adequadas de segurança. Aí se incluem a restrição sobre
a velocidade máxima e as advertências sobre condução de veículos.

1.7 DEZ RAZÕES QUE CONTRIBUEM PARA A POUCA DURABILIDADE


DO PAVIMENTO DAS RODOVIAS

1. Destinação insuficiente de recursos para obras de construção


2. Problemas de manutenção preventiva dos pavimentos
3. Ausência de uma política de gerenciamento dos pavimentos e de
planejamento de manutenção. O sistema de Gerência de Pavimentos carece de
dados atualizados e confiáveis
4. Gastos excessivos com correções decorrentes da má execução de
obras (até 24% do valor da obra), além de falhas técnicas na execução e
ausência de controle de qualidade de matérias primas.
5. Deficiências na contratação de serviços de manutenção. Quase
30% das rodovias federais não estão cobertas por contratos de manutenção.
6. Uso de métodos e técnicas obsoletos na construção de rodovias.
Adotado na década de 1960. O método de dimensionamento usado no Brasil
apresenta uma defasagem de 40 anos em média, em relação a outros países.
Um dos fatores que mais impactam o comportamento dos materiais do
pavimento é o clima, principalmente as variações de temperatura e umidade. O
método usado no Brasil não considera diferenças climáticas.
7. Deficiências no controle e na fiscalização de obras de construção
de rodovias. Até 2013, o DNIT não tinha parâmetros técnicos para o recebimento
das obras concluídas.

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8. Falta de fiscalização e controle de pesagem nas rodovias. Número
insuficiente de postos de pesagem; falta de investimento na conscientização dos
usuários sobre os impactos do sobrepeso.
9. Ausência de políticas públicas consistentes e de longo prazo para
o setor rodoviário. A falta de planejamento e a escassez de recursos impedem o
desenvolvimento do setor, que é responsável por mais de 60%¨do transporte de
cargas e por mais do 90% do transporte de passageiros no país.
10. Setor rodoviário sobrecarregado por falta de uma política
multimodal integrada que garanta o equilíbrio da matriz de transporte no Brasil
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT)
revelou que a má condição das pistas é uma das principais causas de acidentes.
A falta de infraestrutura, além de fazer vítimas, gera um rombo na
economia. Em um ano, nas estradas federais, por exemplo, quase R$ 16 bilhões
foram perdidos.

1.8 SETOR FERROVIÁRIO

Uma ferrovia é um sistema de transporte que se fundamenta em veículos


que circulam sobre trilhos dispostos sobre uma estrutura devidamente adequada
para tal finalidade.

1.9 CUSTO BRASIL

O Custo Brasil é um termo genérico, usado para descrever o conjunto de


dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o
investimento no e do Brasil, dificultando o desenvolvimento nacional,
aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a
evasão de divisas

1.10 A ÁGUA NOS PAVIMENTOS

A umidade excessiva no subleito e nas camadas da estrutura do


pavimento pode ser proveniente de diversas fontes, a saber: infiltração,
percolação, capilaridade e movimentos em forma de vapor de água. A água no
pavimento pode ser decorrente de infiltrações superficiais devido às juntas,
trincas, bordos dos acostamentos e outros tipos de defeitos na superfície que
podem facilitar o ingresso da água no interior de sua estrutura. A água pode subir

12
por percolação do nível freático elevado ou entrar lateralmente pelos bordos do
pavimento e valetas dos acostamentos, como mostrado na figura 1.2.

Figura 1.2 – Origem da água nos pavimentos

Efeitos de capilaridade e movimentos de vapor de água também são


responsáveis pelo acúmulo de umidade abaixo da estrutura do pavimento. A
movimentação do vapor de água está associada às variações de temperatura e
de outras condições climáticas. A variação positiva ou excesso no teor de
umidade no interior da estrutura do pavimento decorrente da ação do conjunto
ou de uma fonte isolada de infiltração recebe o nome de água livre.
Essa água, com movimentação irrestrita na estrutura, é uma das
principais causas da deterioração precoce dos pavimentos, e sua análise de
percolação pode ser simplificadamente regida pelas leis da hidráulica, aplicadas
a escoamento em meios porosos.
Com o objetivo de medir a habilidade da água de se infiltrar no pavimento,
constatou-se que os pavimentos de concreto têm permeabilidade da ordem de
12,7 mm/h, correspondente à infiltração pelas juntas e outras áreas de
contribuição, enquanto a permeabilidade do pavimento flexível registrada,
considerando as trincas e outras descontinuidades, foi de 5,1 mm/h.
Constatou-se, ainda, que a permeabilidade e porosidade de cada camada do
pavimento, incluindo base, sub-base e subleito, influenciam as características de
saída e acúmulo de água no interior de sua estrutura.
As origens da água livre no pavimento são apresentadas detalhadamente
a seguir:
• Infiltração

13
As precipitações pluviométricas são a maior fonte de águas que penetram
a estrutura dos pavimentos, podendo ocasionar infiltrações tanto pela superfície
como pelas bordas na junção pista-acostamento.
A água presente no interior da estrutura do pavimento tem influência no
comportamento e desempenho dos materiais de cada camada do pavimento.
Com o passar do tempo, o excesso de água tem influência negativa sobre a
serventia, embora os danos causados pela infiltração de água no pavimento não
apareçam instantaneamente.
O processo de deterioração da estrutura e da redução da vida útil do
pavimento é gradual e pode passar despercebido durante muito tempo. As
principais evidências da presença de água no pavimento poderão ser resíduos
secos, apresentando-se como manchas nas imediações de trincas, juntas de
construção e nos bordos da pista, além do desnivelamento das juntas e trincas
no caso de pavimentos rígidos. Em algumas situações, pode-se verificar até a
presença de vegetação.
A prevenção da infiltração é um aspecto muito relevante em regiões de
clima temperado, onde pode haver o congelamento das águas livres no interior
do pavimento em função da exposição a baixas temperaturas.
• Infiltração através da superfície do pavimento
Em pavimentos de concreto, a maior parcela de infiltração ocorre através
das juntas longitudinais e transversais e trincas presentes nas placas de concreto
de cimento Portland (CCP) ao longo do tempo. Quando o acostamento dos
pavimentos de concreto é composto por revestimento asfáltico, a junta pista-
acostamento é outro ponto significativo de infiltração, caso não seja devidamente
tratado.
Nas estradas, a água pode ter origem em diversas direções, mas
independentemente desta, é de vital importância o seu controle, isto, com o
intuito de garantir que a estrutura possa ter a vida útil projetada. De forma geral,
a água nas estradas pode ter as seguintes origens:
• Precipitação que cai diretamente sobre a zona da estrada e
terrenos limítrofes
• Níveis freáticos intersectados pelos taludes de escavação
• Níveis freáticos na zona do pavimento
• Linhas de água intersectadas pela obra
14
1.11 EFEITO DAS ÁGUAS

São as águas superficiais e as profundas que afetam e prejudicam as


obras em andamento e as rodovias concluídas. A ação da água pode se
manifestar através de acidentes do tipo:
• Escorregamento e erosão de taludes
• Rompimento de aterros
• Entupimento de bueiros
• Queda de pontes
• Diminuição da estrutura do pavimento
• Variação de volume de solos mais expansivos
• Destruição do pavimento pela pressão hidráulica
• Oxidação e envelhecimento prematuro dos asfaltos

1.12 PAPEL DA DRENAGEM

O sistema de drenagem é o conjunto de dispositivos que tem como


objetivos, garantir a integridade do corpo estradal e do seu entorno (Meio
Ambiente), bem como a segurança dos usuários da via.
Dentre o conjunto de funções da drenagem temos:
• Evitar o acesso da água caída nos terrenos limítrofes
• Retirar rapidamente a água caída sobre a faixa de rodagem
• Reduzir a ação negativa da água emergente dos taludes, captando
e/ou controlando o seu escoamento
• Evitar o acesso da água à fundação do pavimento
• Restabelecer as linhas de água naturais interrompidas

1.13.1 Classificação

Portanto, para evitar problemas desta natureza, os sistemas de drenagem


podem ser classificados em:
• Drenagem Superficial: é o conjunto de medidas que são tomadas
no sentido de afastar as águas que escoam sobre a superfície da rodovia ou nas
proximidades da mesma.
• Drenagem Profunda: é o conjunto de dispositivos subterrâneos
executados com a finalidade de evitar que as águas profundas atinjam o
pavimento ou a superfície da estrada.

15
Na drenagem superficial se podem encontrar diversos dispositivos, entre
eles: valeta de proteção de corte, valeta de proteção de aterro, sarjeta de corte,
sarjeta e meio-fio de aterro, sarjeta de canteiro central e de banquetas,
transposição de segmentos de sarjetas, saída e descida d’água em talude,
dissipador de energia, bueiro de greide /grota, caixa coletora e bacia de captação
e vala de derivação
Entre os dispositivos que podem ser usados como drenagem profunda se
encontra: drenos profundos, drenos em espinha de peixe, camadas drenantes,
drenos horizontais profundos, valetões laterais, drenos verticais de areia e
drenos transversais.

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2 UNIDADE 02 - BASES SOBRE HIDROLOGIA

Hidrologia (do grego ὕδωρ, "hýdōr" "água" e λόγος, "lógos" "estudo") é


uma área das ciências da terra que estuda a água, a sua ocorrência, distribuição,
circulação e propriedades físicas, químicas e mecânicas nos oceanos, atmosfera
e superfície terrestre. Isto inclui as precipitações, o escoamento superficial, a
umidade do solo, a evapotranspiração e o equilíbrio das massas glaciares.
Os traçados dos elementos hidrográficos são caraterizados pela
adaptação ou inadaptação às estruturas litológicas e tectónicas. A estrutura
geológica atua no domínio das redes hidrográficas determinando sua estrutura
e evolução.
Dessa forma, a hidrologia serve como suporte a diversos tipos de projetos,
que vão desde estudos ambientais, até planejamento urbano e obras de
infraestrutura.
Os modelos hidrológicos são usados como ferramentas que visam auxiliar
na representação da interação entre a precipitação e o escoamento superficial.
Dados extremamente relevantes nos projetos de obras de drenagem. E os
modelos hidrodinâmicos usam as leis de conservação de massa e energia para
descrever o escoamento dos fluidos visando o entendimento, monitoramento ou
previsão do comportamento de uma bacia hidrográfica.
A hidrologia é, como pode ser deduzido, de vital importância para a
durabilidade de qualquer tipo de obra. Por tanto, é imprescindível para o
profissional o aprofundamento nos conhecimentos nesta área, para garantir o
melhor aproveitamento tanto das informações quanto das obras a serem
executadas.
A hidrologia não é uma ciência inteiramente pura; ela tem muitas
aplicações práticas. Para enfatizar a importância prática, o termo "hidrologia
aplicada" tem sido comumente utilizado. Como numerosas aplicações dos
conhecimentos em hidrologia ocorrem também no campo das engenharias
hidráulica, sanitária, agrícola, de recursos hídricos e de outros ramos da
engenharia, o termo "engenharia hidrológica" tem sido também empregado.
Algumas áreas em que a hidrologia foi subdividida são as seguintes:
• Hidrometeorologia - é a parte da ciência que trata da água na
atmosfera;

17
• Limnologia - refere-se ao estudo dos lagos e reservatórios;
• Potamologia ou fluviologia - trata do estudo dos rios;
• Glaciologia ou criologia - é a área da ciência relacionada com a
neve e o gelo na natureza;
• Hidrogeologia - é o campo científico que trata das águas
subterrâneas.
• Hidrografia é a ciência que descreve as características físicas e as
condições da água na superfície da Terra, principalmente as massas de água
para navegação.

2.1 CICLO HIDROLÓGICO

O ciclo hidrológico trata sobre o movimento continuo da água nos seus


diferentes estados. Esse movimento é estimulado por forças como a gravidade
e pela energia do sol. O qual, acarreta a evaporação das águas presentes na
superfície terrestre, seja nos oceanos ou nos continentes. Posteriormente são
formadas nuvens que quando carregadas ocasionam as precipitações na forma
de chuva, granizo, orvalho e/ou neve.
A água que cai sobre os continentes pode; Infiltrar e percolar no solo ou
nas rochas, podendo gerar aquíferos e surgir novamente na superfície em forma
de nascentes, fontes de água, etc.; Escoar sobre a superfície, isto se dá a partir
do momento em que a precipitação é superior à capacidade de absorção do solo;
Evaporar novamente, se somando a agua evaporada dos solos, rios e lagos; Ser
absorvida pelas plantas, que a sua vez, fazem a liberação a través do processo
de transpiração; Congelar, quando as temperaturas são favoráveis a essa
condição, se apresentando em cumes de montanhas, geleiras, etc.; De forma
geral, neste caso, a presença da água pode se dar de forma, superficial,
subterrânea e atmosférica.
Desta maneira pode-se concluir então que existe um ciclo completo de
evaporação, condensação, precipitação e escoamento, o que constitui o
denominado ciclo hidrológico. O ciclo hidrológico pode ser encontrado a
atmosfera ou na terra, em ambas situações se apresenta um armazenamento
temporário de água, transporte e mudança de estado.

18
O ciclo hidrológico pode ser considerado como composto de duas fases,
uma atmosférica e outra terrestre. Cada uma dessas fases inclui: a)
armazenamento temporário de água; b) transporte; c) mudança de estado.
Com finalidade didática visando as aplicações à Engenharia Hidráulica,
apresenta-se o ciclo hidrológico em quatro etapas:
• Precipitações atmosféricas: chuva, granizo, neve, orvalho.
• Escoamentos Subterrâneos: infiltração, águas subterrâneas.
• Escoamentos Superficiais: córregos, rio e lagos.
• Evaporação: na superfície das águas e no solo transpiração.

Figura 2.1 – Ciclo hidrológico

2.2 PRECIPITAÇÕES

Água proveniente da condensação do vapor da água da atmosfera,


depositada na superfície terrestre sob a forma de chuva, granizo, geada, neve
ou orvalho. Estas representam o elo de ligação entre a água da atmosfera e a
água do solo
Tipos de precipitações: convectivas, orográficas (relevo) e ciclónicas (Frontais)

2.3 MEDIDA DAS PRECIPITAÇÕES

A forma mais comum de precipitação, a chuva, é provavelmente a mais


fácil de medir. Entretanto, dispositivos sofisticados são usados para medir
pequenas quantidades de chuva mais precisamente, assim como para reduzir
perdas por evaporação. O pluviômetro padrão (Figura 2.2) tem um diâmetro em
torno de 20 cm no topo. Quando a água é recolhida, um funil a conduz a uma
pequena abertura num tubo de medida cilíndrico que tem área de seção reta de

19
somente um décimo da área do coletor. Consequentemente, a espessura da
chuva precipitada é aumentada 10 vezes, o que permite medidas com precisão
de até 0,025 cm, enquanto a abertura estreita minimiza a evaporação. Quando
a quantidade de chuva é menor que 0,025 cm, é considerada um traço de
precipitação.

Figura 2.2 - Pluviometro padrão

A exposição correta do pluviômetro é crítica. Para assegurar medidas


representativas, deve haver proteção contra ventos fortes, mas também
distância de obstáculos que impeçam chuva oblíqua de cair no pluviômetro. Em
geral os obstáculos deveriam estar a uma distância do pluviômetro igual a quatro
vezes a sua altura.
Além do pluviômetro padrão, há vários tipos de pluviografos, que não
apenas registram a quantidade de chuva, mas também seu instante de
ocorrência e intensidade (quantidade por unidade de tempo).
Um deles é constituído por dois compartimentos, cada qual com
capacidade de 0,025 cm de chuva, situados na base de um funil de 25 cm.
Quando um dos compartimentos está cheio, ele entorna e se esvazia. Durante
este intervalo o outro compartimento toma seu lugar na base do funil. Cada vez
que um compartimento entorna, um circuito elétrico é fechado e a quantidade de
precipitação é automaticamente registrada num gráfico.

2.4 INTENSIDADE DAS PRECIPITAÇÕES

Intensidade de precipitação é a quantidade de chuva (mm) por unidade


de tempo (horas). É um fator importante porque está diretamente relacionado
com o dimensionamento de calhas e condutos, ou as diferentes obras de
drenagem.

20
Essa intensidade pode ser medida utilizando um pluviógrafo, calculada
através de equações IDF (curva intensidade-duração-frequência) ou adotada de
acordo com a localidade do projeto conforme NBR 10844:1989.
A intensidade de chuvas pode ser classificada tendo em conta a precipitação:
• Fraca <5mm/h
• Moderada 5mm/h - 25mm/h
• Forte 25mm/h – 50mm/h
• Muito forte >50mm/h

2.5 ISOIETAS

São linhas que indicam valores de igual precipitação, medida em


milímetros. Assim como em um mapa topográfico as curvas de nível representam
regiões de mesma cota ou altitude, as isoietas são curvas que delimitam uma
área com igual precipitação.
Figura 2.3 – Isoietas

2.6 FREQUÊNCIA DOS TOTAIS PRECIPITADOS

Para a realização de uma obra de drenagem deve ser realizada uma


análise estatística dos dados históricos obtidos dos diferentes pontos de coleta.
De forma geral, o dimensionamento tem em conta os valores extremos que
podem se apresentar num determinado período de tempo, mas, cabe a
possibilidade que dentro dos dados obtidos, esse valor extremo no se encontre
presente, por tanto, é necessária a exploração dos dados aplicando conceitos
estatísticos.

21
Os dados utilizados passam por um processo de análise com o intuito de
conhecer as probabilidades teóricas de ocorrência de eventos com uma
determinada magnitude.
Na fase de projeto, deve-se analisar detalhadamente os valores máximos a
serem trabalhados, isto, dada a relevância tendo em conta a viabilidade técnica
e económica que possa representar dito projeto. Os dados podem ser
considerados; na sua totalidade (série total); superiores a determinado valor
(série parcial); ou também utilizar o valor máximo de cada ano (série anual). Os
dados são organizados em ordem decrescente e a cada um se atribui o seu
número de ordem m (com m variando entre 1 e n número de anos de
observação).
A frequência é a razão entre o número de ocorrências e o número de
observações. Ao analisar a frequência pode se determinar o número de vezes
em que o evento observado supera ou é menor que determinado valor de
referência. Se a amostra de dados é representativa da população pode se
estabelecer uma relação entre as frequências amostrais e as probabilidades. A
frequência pode ser tratada como uma estimativa da probabilidade.
Para a determinação da frequência com que foi igualado ou superado um
evento de ordem m pode ser determinada através do método da Califórnia:
𝐹=𝑚/𝑛
ou através do método de Kimbal:
𝐹=𝑚/(𝑛+1)
Onde:
F Frequência com que um evento pode acontecer
m Número de vezes em q o evento atinge os requisitos
n Número de dados de observação
Assumindo a frequência como referência para estimativa de probabilidade
teórica (P) e definindo o período de retorno ou de recorrência como o intervalo
médio de anos em que um determinado evento pode ser superado.
Quando se trabalham com períodos de recorrência bem menores que o número
de anos de observação o valor encontrado segundo as equações apresentadas,
pode dar uma boa ideia do valor real de P, no entanto, com observações menos
frequentes de ser feito um ajuste para possibilitar uma determinação mais
apropriada da probabilidade.

22
Estatisticamente, a probabilidade das precipitações é inversamente
proporcional à sua magnitude, quer dizer, entre maior seja uma precipitação
menor será a probabilidade de a mesma acontecer. Com o intuito de ter em conta
a variação da intensidade com a frequência é necessário fixar a cada vez a
duração que deve ser considerada.
Tr=1/F → F=P → Tr=1/P
Onde:
Tr Período de recorrência ou de retorno
F Frequência com que um evento pode acontecer
P Probabilidade com que um evento pode acontecer

2.7 PROCESSAMENTO DE DADOS

A precipitação (P=mm) e a intensidade de chuva ou pluviométrica


(I=mm/h) podem ser obtidos através do processamento de dados
pluviográficos/pluviométricos, relacionando o tempo de recorrência adotados e o
cálculo de tempo de concentração das bacias.
A partir da obtenção dos dados de chuva (pluviográficos/pluviométricos),
pode-se obter através de seu processamento a precipitação (P = mm) e a
intensidade pluviométrica (I = mm/h) relacionada com o tempo de recorrência
adotado no projeto e o cálculo do tempo de concentração das bacias.
Os objetivos do processamento dos dados de chuva são:
• Obter a intensidade pluviométrica/precipitação, relacionadas com o
tempo de recorrência (Tr) adotado no projeto e o tempo de concentração das
bacias (Tc);
• Apresentar resumos das Médias dos Dias de Chuvas Mensais;
• Apresentar os histogramas dos totais Pluviométricos Mensais
(Médias do Histórico) e do Número de Dias Mensais;
• Apresentar as curvas de: Intensidade x Duração x Freqüência.
Os métodos mais usuais para a determinação da precipitação e da
intensidade pluviométrica são:
• O método do Otto Pfafstetter
• O método das Isozonas

23
2.7.1 O método do Otto Pfafstetter

Este método que apresenta como base a compilação e análise dos


registros pluviográficos de 98 postos de serviço de Meteorologia do Ministerio de
Agricultura, contido na obra do Engenheiro Otto Pfafstetter - “Chuvas Intensas
no Brasil”, Ministério da Viação e Obras Públicas-DNOS, 1957.
A equação encontrada que caracteriza o regime pluvial é:
𝑃=𝐾[𝑎𝑡+𝑏 𝑙𝑜𝑔.(1+𝑐𝑡)]
Onde:
P Precipitação máxima em mm;
t tempo de duração de precipitação em horas (igual ao tempo de
concentração calculado para a bacia em estudo – Tc);
K Fator de probabilidade, em função do período de recorrência, da duração
e da precipitação e da localidade;
a,b,c Constantes específicas de cada posto pluviográfico
𝛽
𝑎+ 0,25
𝐾=𝑇 𝑇

Onde:
K Fator de probabilidade, em função do período de recorrência, da duração
e da precipitação e da localidade;
T Tempo de recorrência em anos
α Valor que depende da precipitação e igual para todos os postos (Quadro
1)
β Valor que depende da duração da precipitação (igual ao tempo de
concentração calculado para a bacia em estudo Tc) e específico para
cada posto.

Tabela 2.1 - Valores de α


Duração 5min 15min 30min 1h 2h 4h 8h 14h 24h 48h 3d 4d 6d
α 0,108 0,122 0,138 0,156 0,166 0,174 0,176 0,174 0,17 0,166 0,16 0,156 0,152

24
Tabela 2.2 – Relação dos postos Pluviográficos dos estados de Pará, Santa Catarina e Paraná
Estudados por Otto Pfastetter

VALORES DE β

UF Local a b c 5min 15min 30min >1h


PA Alto Tapajós 0,4 35 20 0,08 0,04 0,04 0,04
Belém 0,4 31 20 -0,04 0 0 0,04
Soure 0,7 46 10 0 0 0,04 0,08
Taperinha 0,3 32 20 0,08 0,08 0,04 0,04
PR Curitiba 0,2 25 20 0,16 0,16 0,16 0,08
Jacarezinho 0,3 25 20 -0,08 0,08 0,12 0,08
Paranaguá 0,3 42 10 0,04 0,12 0,12 0,16
Ponta Grossa 0,3 20 20 -0,08 0,08 0,08 0,04
SC Blumenau 0,2 24 20 -0,08 0,08 0,08 0,08
Florianópolis 0,3 33 10 -0,04 0,12 0,2 0,2
São Francisco
do sul 0,3 37 10 0 0,08 0,08 0,16

2.7.2 Método das isozonas

O método das isozonas é uma alternativa para chuvas intensas de curta


duração onde não há postos pluviográficos nas proximidades. O método se
fundamenta na tendência das semirretas que correlacionavam a altura da chuva
versus a duração as interceptares ao serem prolongadas. Cada região que
apresentava esta característica seria classificada como Isozona. Esta
observação foi encontrada para as chuvas de 1 hora e 24 horas plotadas no
papel de probabilidades de Hershfiel e Wilson. Este método se encontra
detalhado no livro “Práticas Hidrológicas”, 1974 do Engenheiro José Jaime
Taborga Torrico.
No livro, foram identificadas 8 isozonas no Brasil:
A - Zona de maior precipitação anual do brasil, com coeficientes de intensidade
baixos
B e C - Zonas de influência marítima, com coeficientes de intensidade suaves
D - Zona de transição, entre continente e marítima, caracterizada como zona de
influência do rio Amazonas

25
E e F - Zonas continental e noroeste, com coeficientes de intensidade altos;
G e H - Zonas de caatinga nordestina, com coeficientes de intensidade muito
altos
Procedimentos para o desenvolvimento do método das isozonas:
• A partir do estudo estatístico, calcula-se para a estação em estudo,
a chuva de um dia, no
• tempo de recorrência previsto,
• Converte-se esta chuva de um dia, em chuva de 24 horas,
multiplicando-se esta, pelo coeficiente 1.10, que é a relação 24 horas/1dia,
• Determina-se no mapa das Isozonas do livro “Práticas
Hidrológicas”, a isozona correspondente à regiãodo projeto;
• Através do mapa das Isozonas do livro do Eng. Taborga Torrico
identifica-se a isozona representativa para o local do estudo;
• Após ter-se determinado a isozona, fixam-se para a mesma as
porcentagens correspondentes a 6 minutos e 1 hora,
• Após a determinação das alturas de precipitação para duração de
24 horas, 1 hora e 6 minutos, para cada tempo de recorrência considerado,
marcaram-se estes valores no papel de probabilidade de Hersifieid e Wion, e
ligando-se os pontos marcados, obtiveram-se as alturas de precipitação para
qualquer duração entre 6 minutos e 24 horas.
A partir daí processam-se os cálculos para a obtenção das intensidades
pluviométricas para os diversos tempos de recorrência para serem utilizados no
projeto em estudo.
Não deverão ser utilizado posto pluviométrico com número de
observações/série histórica, após análise de inconsistência dos dados, seja
inferior a 15anos.

2.8 PERÍODO DE RETORNO

Definimos de período de retorno ou de Recorrência como o intervalo


médio de tempo (geralmente em anos) em que pode ocorrer ou ser superado um
dado evento, ou seja, é o inverso da probabilidade de um evento ser igualado ou
ultrapassado: TR = 1/p.
Então, pode se dizer que a escolha de um período de retorno implica no
fato de assumir um risco calculado

26
A definição do Tempo de Recorrência segue padrões éticos que devem
variar com o tipo de obra hidráulica, sua vida útil, facilidade de reparação de
defeitos futuros e, principalmente, com risco de perdas de vida ou perdas
financeiras decorrentes de um sinistro. Convém ter sempre em mente que a
escolha de um valor para TR implica em assumir um Risco que se deseja correr
no caso de um sinistro durante sua vida útil. Essa relação entre TR e Risco nem
sempre é bem entendida e surpreende um olhar incauto.
Sempre que uma estrutura hidráulica é dimensionada se considera uma
vazão de projeto limite, para qual a estrutura irá falhar caso essa vazão seja
superada. Em outras palavras, há que se quantificar a vazão de projeto para que
ela garanta que estará sempre associada a um Tempo de Recorrência ou a um
Risco Permissível.
Quanto maior for o período de retorno, maiores serão os valores das
vazões de pico encontrada e consequentemente, mais segura e cara será a obra.
Para um extravasor de barragem, por exemplo, adotam-se períodos de retorno
de 1.000 a 10.000 anos, posto que, acidentes neste tipo de obra, além de
ocasionarem prejuízos incalculáveis, geralmente acarretam elevado número de
vítimas.

Tabela 2.3 - Período de retorno recomendado para diversos sistemas

Para o dimensionamento hidráulico das obras de arte especiais pontes,


que são estruturas localizadas que dificilmente permitem melhorias posteriores
e que podem constituir um ponto de estrangulamento, é mais conveniente a
adoção de um período de retorno maior, 50 e 100 anos.
A probabilidade de ocorrência de um evento hidrológico de uma
observação é o inverso do período de retorno.
1
𝐹=𝑃 → 𝑃=
𝑇𝑟

27
Como cada evento hidrológico é considerado independente, a
probabilidade de não ocorrer para “n” anos é:
1 𝑛
𝑃 = (1 − )
𝑇𝑟
A probabilidade complementar de exceder uma vez em “n” anos será

Então o valor de P é considerado um risco hidrológico de falha, usando a


letra R ao invés da letra P.

Conforme, a probabilidade de ocorrência de um evento que ponha em


risco a obra e todo o sistema fluvial a jusante de uma barragem ao longo de um
período de “n” anos de utilização das instalações ou vida útil, é definida como
Risco “R” é expressa por:
1 𝑛
R= 1 − (1 − 𝑇𝑟)

Sendo:
TR= período de retorno (anos);
n= número de anos de utilização das instalações ou vida útil;
R= risco (entre zero e 1).
O emprego de um período de retorno maior, qualquer que seja o seu valor,
significa que o engenheiro quer adotar um risco calculado. Todavia, há uma
possibilidade de que aquele período de retorno da chuva será excedido ao
menos uma vez em N anos. A probabilidade de uma chuva que tem um período
de retorno ocorrendo uma vez em N anos é dada pela equação.
2.9 PERÍODO DE RETORNO RECOMENDADO POR ÓRGÃOS
RODOVIÁRIOS
DNIT
• Drenagem superficial - 5 anos a 10 anos
• Drenagem profunda - 1 ano
• Drenagem grota, Bueiros tubulares - 10 anos (como canal) e 25
anos (como orifício)
• Drenagem grota, Bueiros Celulares (Galerias) - 25 anos (como
canal) e 50 anos (como orifício)

28
• Pontilhão - 50 anos
• Ponte - 100 anos

GOINFRA - GO
• Bueiros de grota e drenagem superficial - 5 anos
• Bueiros em bacias até 1 km² - 10 anos (como orifício - 25 anos)
• Bueiros em bacias entre 1 km² e 5 km² - 25 anos (como orifício - 50
anos)
• Bueiros ou galerias em que 5 km² < A < 10 km² - 50 anos
• Pontes até 100 m - 50 anos
• Pontes maiores que 100 m - 100 anos
DER - MG
Rodovias Normais:
• Drenagem superficial -10 anos
• Drenagem profunda -1 ano
• Drenagem grota, Bueiros tubulares - 25 anos (como orifício);
• Drenagem grota, Bueiros celulares - 25 anos (como canal) e 50
anos (como orifício);
• Pontes - 50 e 100 anos.
Rodovias com baixo volume de tráfego:
• Drenagem superficial - 10 anos
• Drenagem profunda - 1 ano
• Drenagem grota, Bueiros tubulares - 15 anos (como orifício)
• Drenagem grota, Bueiros celulares - 25 anos (como orifício)
• Pontes - 50 anos
Proposta para rodovias municipais: Volume médio diário (VMD) < 300
• Drenagem superficial - 5 anos
• Drenagem profunda - 1 ano
• Drenagem grota:
o Bacias com área até 50 Ha - 5 anos como orifício
o Bacias com área de 50 Ha até 400 Ha - 10 anos como orifício
o Bacias maiores que 400 Ha - 15 anos como orifício, sendo Hw/D
para os bueiros

29
o tubulares < = 2 e para os bueiros celulares o Hw/D < = 1,2
Proposta para ferrovias
• Drenagem superficial - 10 anos
• Drenagem profunda - 1 ano
• Drenagem grota:
• Bueiros tubulares - 50 anos
• Bueiros celulares - 100 anos
• Pontes - 200 anos

2.10 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

• De uma série histórica de 20 anos de dados pluviométricos uma


determinada precipitação ocorreu quatro vezes. Qual a sua frequência (F) e o
tempo de recorrência (Tr)?
Método Califórnia: F=m/n=4/20=0,2=20%, então, Tr=1/0,2= 5 anos
Método Kimbal: F=m/(n+1)=4/21=0,1905=19%, então, Tr=1/,19=5,25anos
Segundo os métodos de califórnia e de kimbal, o evento que estamos em análise
tem a probabilidade de ser igualada ou superada de 20% ou 19% e seu tempo
de recorrência é de 05 anos e de 5,25 anos.
• Com uma probabilidade de não ocorrência q = 0,8. Qual é a
probabilidade de que um evento ocorra pelo menos uma vez em 3 anos?
P=1-(1-1/Tr)^n=1-(1-1/5)^3=1-0,8^3=0,488

30
3 UNIDADE 03 - BACIAS DE CONTRIBUIÇÃO

A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de


precipitação da chuva que converge os escoamentos para um único ponto de
saída. Este ponto de saída é denominado exutório.
Uma bacia hidrográfica é composta por um conjunto de superfícies
vertentes constituídas pela superfície do solo e de uma rede de drenagem
formada pelos cursos da água que confluem até chegar a um leito único no ponto
de saída. Na figura podemos visualizar uma delimitação de bacia hidrográfica a
partir de carta do exército e de modelo digital de elevação.

Figura 3.1 - Bacias de contribuição

Para a delimitação manual das bacias hidrográficas iremos seguir as etapas


indicadas por Sperling (2007, p. 60-63), de acordo com a figura apresentada na
sequência.
• Inicialmente, devemos definir o ponto inicial (exutório) a partir do
qual será feita a delimitação da bacia. O exutório está situado na parte mais baixa
do trecho do curso d’água principal.
• Reforçar a marcação do curso d’água principal e dos tributários (os
quais cruzam as curvas de nível, das mais altas para as mais baixas para
definição dos fundos de vale)
• A delimitação da bacia hidrográfica inicia a partir do exutório,
conectando os pontos mais elevados, tendo por base as curvas de nível. O limite
da bacia circunda o curso d’água e as nascentes de seus tributários.

31
• Nos topos dos morros deve-se verificar se a chuva que cair do lado
de dentro do limite realmente escoará sobre o terreno rumo às partes baixas
cruzando perpendicularmente as curvas de nível em direção ao curso da água
em estudo. Se a inclinação do terreno estiver voltada para direção oposta as
drenagens é porque pertence a outra bacia. Notamos que dentro da bacia poderá
haver locais com cotas mais altas do que as cotas dos pontos que definem o
divisor de águas da bacia.
• Para facilitar a definição dos limites devemos diferenciar os
talvegues dos divisores de águas. Os talvegues são depressões (vales),
representados graficamente onde as curvas de nível apresentam a curvatura
contrária ao sentido da inclinação do terreno, indicando que nestes locais ocorre
concentração de escoamento. Os divisores de água são representados pelo
inverso de um talvegue, no qual as curvas de nível apresentam curvatura voltada
para o sentido da inclinação do terreno, sobre a qual as águas escoam no sentido
ortogonal às curvas em direção aos talvegues.
• A delimitação da bacia deve retornar ao ponto inicial definido como
exutório.

Figura 3.2 - exemplo de determinação da bacia de contribuição

3.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS BACIAS DE CONTRIBUIÇÃO

Do ponto de vista hidrológico, o escoamento de um curso de água ou


deflúvio, pode ser considerado como um produto do ciclo hidrológico,
influenciado por dois grupos de fatores, a saber:
• Fatores climáticos: incluem os efeitos da chuva e da
evapotranspiração, os quais apresentam variações ao longo do ano, de acordo
com a climatologia local;
• Fatores fisiográficos; relativos às características da bacia
contribuinte e do leito dos cursos de água.

32
O estudo dos fatores climáticos é necessário para a obtenção das bases
pluviométricas do projeto, em função das quais se determinam as vazões de
projeto. E, entre os fatores fisiográficos, o estudo das características do curso de
água considera mais as propriedades hidráulicas dos condutos que promovem
o deflúvio dos caudais.
As características físicas da bacia são: área, comprimento do talvegue e
declividade do talvegue, que são obtidos através da elaboração do Mapa de
Bacias.
• Área da bacia: fundamental para definir o potencial de geração de
escoamento da bacia hidrográfica, uma vez que o seu valor multiplicado pela
lâmina da chuva precipitada define o volume de água recebido pela bacia. É
obtida através da projeção vertical da linha do divisor de águas sobre o plano
horizontal A área da bacia é expressa em hectares (ha) ou quilômetros
quadrados (km2 ) e pode ser obtida por planimetria de mapas ou por cálculos a
partir de mapas digitalizados, utilizando ferramentas computacionais de SIG
(Sistemas de Informações Geográficas)
• Comprimento do rio principal (L): é determinado a partir do perfil
longitudinal do curso d’água medindo-se o comprimento do trecho entre a
nascente mais distante e o ponto de interesse ou exutório
• Perfil longitudinal: os perfis longitudinais são obtidos em mapas
planialtimétricos e representam a variação de cotas ao longo do comprimento do
rio principal
• Declividades: a declividade é muito importante para a modelagem
do escoamento, uma vez que a velocidade de fluxo depende desta variável.
Pode ser determinada por vários métodos. Em geral consiste na razão entre a
diferença das altitudes dos pontos extremos de um curso d´água e o
comprimento desse curso d ´água, pode ser expressa em % ou m/m (PAIVA e
PAIVA, 2001). A diferença entre a elevação máxima e a elevação mínima resulta
na amplitude altimétrica da bacia. Esta é a maneira mais simples de se calcular
a declividade, entretanto, para rios que percorrem relevos muitos diferenciados
é necessário fazer algumas correções.
Uma bacia hidrográfica constitui-se no conjunto de terras delimitadas
pelos divisores de água e drenadas por um rio principal, seus afluentes e

33
subafluentes. A bacia hidrográfica é considerada a unidade territorial de
planejamento e gerenciamento das águas.
Das análises das bacias podem ser retirados dados como:
• Determinação da área de contribuição
• Comprimento do rio principal
• Perfil longitudinal
• Declividade

3.2 TEMPO DE CONCENTRAÇÃO (TC)

É o tempo necessário para que toda a área da bacia contribua para o


escoamento superficial na secção de saída. Ou seja, o tempo de concentração
é o tempo que leva para que a água que choveu no ponto da bacia hidrográfica
mais distante da foz possa chegar lá.
Para saber calcular o Tc é preciso entender que ele pode ser considerado
como a soma de duas parcelas:
• Tempo de equilíbrio – é o tempo necessário para a estabilização
da produção de escoamento superficial e o fluxo sobre superfícies (overland
flow)
• Tempo de viagem – é o tempo que o escoamento leva para se
deslocar na calha fluvial (desde o ponto em que o escoamento passa a ocorrer
em canais bem definidos até o exutório)
Também é preciso entender que várias características da bacia
hidrográfica influenciam o Tc de uma desta bacia, tais como:
• Forma da bacia;
• Declividade média da bacia;
• Comprimento e declividade do curso principal e afluentes;
• Tipo de cobertura vegetal;
• Distância em planta entre o ponto mais afastado bacia e o exutório;
• Condições do solo em que a bacia se encontra no início da chuva.
Diversas formulações empíricas podem ser empregadas para estimar o
tempo de concentração. Na tabela 3.1 são citadas estas equações empíricas:

34
Tabela 3.1 - Formulações para a determinação do tempo de concentração

onde:
L – Comprimento do rio principal da bacia (km ou m, dependendo da formula);
H – Desnível entre o ponto mais elevado da bacia e o exutório (m).
A – área de drenagem da bacia (km2);
S – Declividade média da bacia (m/m).
v – velocidade média do rio principal da bacia no estirão (m/s).
p – percentagem da bacia com cobertura vegetal (entre 0 e 1);
CN – Número da curva SCS
Runoff – Coeficiente de escoamento superficial
O valor do Tc pode variar muito de acordo com a fórmula utilizada,
portanto, é preciso ter muito critério e conhecer bem os limites de aplicabilidade
de cada metodologia. Abaixo uma tabela resumo das características das
formulas citadas extraída do livro elaborado pelo Engenheiro Plínio Tomaz:
Para bacias de médio e grande porte, o tc tende a se aproximar do tempo de
viagem, e, nessas condições, a maioria dos autores recomenda este valor seja
estimado através do uso da fórmula de Manning.
No caso de um rio onde existam trechos com características distintas
(declividade, material de fundo, etc) pode-se calcular os tempos de viagem para
cada um dos trechos.
Dado que existem várias fórmulas indicadas para a determinação dos tempos
de concentração das bacias hidrográficas. No Manual de Projeto de Engenharia-

35
capitulo III- Hidrologia DNER recomenda-se que o projetista deverá escolher a
fórmula do tempo de concentração tendo em vista:
• A mais compatível com a forma da bacia;
• A mais adaptável à região do interesse da rodovia;
• A que contenha o maior número de elementos físicos: declividade
de talvegue, natureza do solo, recobrimento vegetal, etc.;
• A distinção entre áreas rurais e urbanas.
Tempo de concentração utilizado no método racional em bacias com área
menor a 4km2. O tempo de concentração é calculado pela expressão do R.
Peltier / J.L. Bonnenfant
Tc=T1+T2
Onde:
T1 = Tempo de escoamento em minutos, tabelados em função da cobertura
vegetal e declividade do talvegue. (Tabela 3.2)
𝑇2 = 1⁄𝛽 𝑥𝑇2,
2
1⁄ = Coeficiente de correção da cobertura vegetal
𝛽2
T’2 pode ser obtido com o uso da tabela 3 (tabela representativa), a qual
correlaciona a declividade e a formada bacia com o intuito de encontrar o valor
de T’2.
𝐿
𝛼=
√𝐴
Onde:
α = coeficiente de forma da bacia
L = comprimento do talvegue em hm (hectômetro).
A = área da bacia em ha (hectare).
O coeficiente de forma da bacia indica se a bacia é mais alongada ou
arredondada:
• A bacia cujo coeficiente de forma α é inferior a 1,5 possuiu a forma
arredondada;
• A bacia com o coeficiente de forma α entre 1,5 e 3,0 está numa
faixa intermediária, não é considerada nem arredondada nem de forma
alongada;

36
• A bacia cujo coeficiente de forma α é superior a 3,0 possuiu a forma
muito alongada.

Tabela 3.2 Tempos de acumulação e coeficiente de correção da cobertura vegetal

Tabela 3.3a - Determinação do T’2 para uma declividade de 2,5%

37
Tabela 3.3b - Determinação do T’2 para uma declividade de 5%

Tabela 3.3c - Determinação do T’2 para uma declividade de 10%

38
Tabela 3.3d - Determinação do T’2 para uma declividade de 15%

Tabela 3.3e - Determinação do T’2 para uma declividade de 20%

39
Tabela 3.3f - Determinação do T’2 para uma declividade de 25%

Tempo de concentração pelo método de Kirpich. Indicado para os


métodos:
• Racional com coeficiente de deflúvio dos Eng. Baptista e Ferrari
(A≤4km2)
• Racional com coeficiente de retardo (4km2<A ≤10km2)
• Hidrograma triangular sintético (A>10km2)
0,77
0,294. 𝐿
𝑇𝑐 = ( )
√𝑖
Onde:
Tc = Tempo de concentração em h
L = Extensão do talvegue principal em km
I = Declividade efetiva do talvegue em %
2

𝐿
𝑖=[ ]
𝐿1 𝐿2 𝐿3 𝐿𝑛
+ + …..+
√𝑖1 √𝑖2 √𝑖3 √𝑖𝑛
Onde:
L = Extensão do talvegue principal em km
Ln = Comprimento parcial do talvegue em km

40
In = Declicidades parciais em m/m
Tempo de concentração pela fórmula do DNOS
10 𝐴0,3 𝑥𝐿0,2
𝑇𝐶 = 𝑥
𝐾 𝐼 0,4
Onde:
Tc = Tempo de concentração em minutos
A = Área da bacia em Há.
L = Comprimento do curso da agua em m
I = Declividade efetiva do talvegue em %
K = Variável dependente das características da bacia
• Terreno arenoso-argiloso, coberto de vegetação intensa, elevada
absorção K=2,0
• Terreno comum, coberto de vegetação, absorção apreciável
K=3,0
• Terreno argiloso, coberto de vegetação, absorção média
K=4,0
• Terreno argiloso, coberto de vegetação média, pouca absorção
k=4,5
• Terreno com rocha, escassa vegetação, baixa absorção
K=5,0
• Terreno rochoso, vegetação rala, reduzida absorção
K=5,5

3.3 COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Também conhecido como coeficiente runoff, ou coeficiente de deflúvio é


definido como a razão entre o volume de água escoado superficialmente e o
volume de água precipitado. Este coeficiente pode ser relativo a uma chuva
isolada ou relativo a um intervalo de tempo onde várias chuvas ocorreram.
É a relação entre o volume de água escoado superficialmente e o volume
precipitado.
A água de chuva precipitada sobre a superfície de uma bacia hidrográfica
tem uma parcela considerável de seu volume retida através das depressões do
terreno (mais ou menos dependendo da geomorfologia), da vegetação, da
interceptação para uso na agricultura, consumo humano e infiltração no solo que

41
formam e alimentam os lençóis freáticos. O percentual do volume restante que
escoa até o local da área em estudo é chamado de coeficiente de deflúvio.
Quando adotamos para uma determinada bacia um coeficiente de deflúvio
c=0,30, isto implica em dizer que, do escoamento/chuva que estamos
considerando em nosso cálculo de vazão, somente 30% do seu volume estará
chegando no ponto de transposição, ou local da obra a ser projetada.
A tabela de coeficiente de deflúvio a ser utilizada deverá ser compatível com o
método de cálculo de vazão e da área da bacia.

3.3.1 Para áreas menores a 4km2 (método racional)

Coeficientes de deflúvio pelos métodos de R. Peltier / J.L. Bonnenfant


tabela 3.4, Eng. Baptista Gariglio e José Paulo Ferrari tabela 3.5.

Tabela 3.4 - R. Peltier / J.L. Bonnenfant

Tabela 3.5 - Eng. Baptista Gariglio e José Paulo Ferrari

42
3.3.2 Áreas entre 4 e 10 km2 (método racional com coeficiente de
retardo)

Tabela 3.6 - Coeficiente de retardo

3.3.3 Áreas maiores a 10km2 (Método do Hidrograma Triangular


Sintético)

Coeficiente “U.S.A. Soil Consevation Service“,


Definição do Solo Hidrológico
(cálculo da vazão pelo Método do Hidrograma Triangular Sintético)
Determinação do tipo do Solo Hidrológico : Tipo A, B , C ou D (tabela 3.7).
O número de deflúvio CN é determinado após a definição do tipo de solo, sua
utilização e as condições de superfície, a tabela 3.8.

Tabela 3.7 - Definição do tipo de solo

43
Tabela 3.8 - Determinação do Número de Deflúvio – CN em função do tipo do solo e as
condições da superfície

Dada a complexidade da utilização das tabelas anteriores, Método Soil


Conservation Service, para a definição do CN e seus custos e tempo de estudo
elevados, é sugerido adotar, principalmente como ponto de partida (pré-
dimensionamento), a tabela 3.9:

Tabela 3.9 - Valores de CN1 (Jabôr)

• i Declividade do talvegue (%)


• A Área da bacia em km2
44
Tabela 3.10 - Valores de CN2 e CN3 em função das características da bacia

3.4 DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES

A escolha da metodologia a ser utilizada deve ser feita de forma criteriosa,


isto com o intuito de que a vazão encontrada através da metodologia estabeleça
resultados consistentes com a realidade específica de cada caso.

3.4.1 Método racional

3.4.1.1 Áreas de até 4km2

Usando o método de Peltier-Bonnefant para a determinação do tempo de


concentração.
A escolha do método para a determinação do cálculo das vazões máximas
é o ponto neurálgico para o desenvolvimento adequado dos estudos hidrológicos
nos projetos rodo/ferroviários
Essa determinação obedece a formulações empíricas e o chamado
método racional, e também os denominados hidrogramas unitários para bacias
de maior porte:
Q=0,0028.C.I.A
Onde:
Q m3/s
A Há
I mm/h
C Coeficiente de deflúvio do Peltier – Bonnefant (tabela 3.4)

45
3.4.1.2 Áreas de até 4km²

Usando o método de Kirpich para a determinação do tempo de


concentração.
Área 4<A<= 10km2
Q=0,0028.C.I.A
Onde
C Coeficiente de deflúvio do Batista Gariglio – José Paulo Ferrari (tabela 3.5)
3.4.2 Método racional com coeficiente de retardo para áreas entre 4 e
10km²
Área 4<A<= 10km2
Q=0,28.C.I.A. Ø
Onde
Q m3/s
A km2
I mm/h
C Coeficiente de deflúvio do Burikli – Ziegler
Ø Coeficiente de retardo
1
∅=
(100𝐴)1⁄𝑛
Onde:
A Área em km2
n Coeficiente em função da declividade
• n=4, pequenas declividades (<0,5%) (Burkli Ziegler)
• n=5 médias declividades, (0,5%-1%) (MC Math)
• n=6 grandes declivid ades (>1%) (BRIX)

3.4.3 Hidrograma triangular sintético (“U.S.A. Soil Consevation Service”- Área


>10km²)

𝐾. 𝐴. 𝑞𝑚
𝑄𝑝 =
𝑇𝑝
Onde
Q Vazão de pico m3/s
A área da drenagem km2
Tp Tempo de pico do hidrograma

46
K constante empírica 0,20836
qm Precipitação efetiva acumulada
𝐷
𝑇𝑝 = + 0,6𝑇𝑐
2
D Duração do excesso de chuva de curta duração medido para as Bacias
grandes e pequenas
𝐷 = 2√𝑇𝑐
Tc Tempo de concentração de Kirpich (item 3.2)
𝐷 2√𝑇𝑐
𝑇𝑝 = + 0,6𝑇𝑐 = + 0,6𝑇𝑐 = √𝑇𝑐 + 0,6𝑇𝑐
2 2
A descarga de pico da Bacia é dada por
0,20836 ∗ 𝐴 ∗ 𝑞𝑚
𝑄𝑝 =
0,6𝑇𝑐 + √𝑇𝑐
Onde
Qp Vazão de descarga
Tc Tempo de concentração de Kirpich
A Área da bacia de contribuição em km2
qm Precipitação efetiva acumulada
O valor de qn segunda a equação do “U.S.A. Soil Consevation Service”:
(𝑃 − 5,08𝑥𝑆)2 1000
𝑞𝑛 = 𝑂𝑛𝑑𝑒 𝑆= − 10
𝑃 + 20,32𝑥𝑆 𝐶𝑁
Onde
P Altura acumulada de precipitação, a contar do início da chuva, em mm,
em função do tempo de concentração da bacia;
CN curva correspondente ao complexo solo/vegetação.
qm Precipitação Efetiva (acumulada).
Precipitação efetiva é o volume de água que efetivamente se transforma
em escoamento superficial. Ela é obtida com a retirada, na Precipitação Total,
dos percentuais referentes as seguintes perdas de volume: retenção de parte do
escoamento na vegetação, infiltração no solo e depressões na superfície do
terreno.

3.5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

Para áreas inferiores a 4km²


Determinar a vazão de uma bacia com as seguintes características:

47
Região Montanhosa
Área da bacia 24Ha
Comprimento do talvegue 0,86km
Declividade 3%
TR 25 anos – I=131mm/h
Coeficiente de forma α = 0,17 então a bacia possui uma forma arredondada
Utilizando a tabela 3.4 temos o coeficiente de run-off 0,3
Determinação do tempo de concentração: Tc=T1+T2
T1 A partir da tabela 3.2 temos q é igual a 15
1/β2 a partira da tabela 3,2 temos que é igual a 1,33
T’2 a partir da tabela 3.3 é igual 12 minutos
T2=1,33x12=15,96
Tc=T1+T2=15+16=31minutos
Q=0,0028CIA=0,0028x0,3x131x24=2,64m3/s
• Método Racional c/ Coeficiente de Deflúvio dos Engenheiros Baptista
Gariglio e José Paulo Ferrari e Tempo de Concentração de Kirpich
Determinar a vazão de uma bacia com as seguintes características:
Região Montanhosa
Área da bacia 24Ha
Comprimento do talvegue 0,86km
Declividade 3%
TR 25 anos – I=131mm/h
Coeficiente de deflúvio (tabela 3.5) 0,35
Tempo de concentração =(0,294x0,86/3^,5)^0,77=0,1999h=12min
Vazão = 0,00278CIA=0,00278x0,35x131x24=3,05m³/s
Para áreas entre 4 e 10km²
área = 12 km²
comp. talvegue L= 10,3 km
declividade efetiva = 3%
região montanhosa
Tr = 25 anos – 131mm/h
Coeficiente de deflúvio Tabela 3.6, 0,42
n =6 em função da declividade
ø=1/(100*12)^(1/6)=0,306

48
Tc=(0,294x1,3/3^0,5)^0,77=1,54h=92min
Q=0,28.C.I.A. Ø=0,28x0,42x131x12x0,306=56,56m³/s

49
4 UNIDADE 04 - DRENAGEM SUPERFICIAL

O projeto de drenagem superficial tem como objetivo o dimensionamento


dos dispositivos para que tenham capacidade de coletar e conduzir as águas
que precipitam sobre a rodovia e suas adjacências, para um local de deságue
seguro, garantindo a integridade do corpo estradal e o fluxo contínuo dos
veículos com segurança.
O cuidado principal que se deve ter num projeto de drenagem superficial
é o seu local de deságue. É muito importante o projetista identificar com
segurança os locais onde poderá ocorrer erosão no deságue dos dispositivos de
drenagem superficial, e uma referência a ser consultada para a tomada de
decisão é a tabela abaixo, fonte Manual de Drenagem de Rodovias DNIT - 2007,
sobre a velocidade máxima admissível para os diversos tipos de solo.

Tabela 4.1 - Velocidade máxima admissível para diversos tipos de solo

Da tabela anterior mostrada, outro fator importante a ser considerado é a


verificação de campo, pois de acordo com a bibliografia existente sobre
velocidades máximas de erosão de solos, haveria necessidade de dispositivos
de proteção (dissipadores de energia) praticamente em todos os deságues,
entretanto o comportamento de campo não confirma totalmente os valores
estabelecidos, o que vem a comprovar a importância da observação de campo.
O projetista deverá visitar trechos pavimentados próximo ao local do projeto para
observar e analisar os locais que estão se comportando bem, sem erosão

50
mesmo não tendo dissipador, para que possa aplicar o mesmo critério, mesma
concepção no projeto em elaboração.
A necessidade ou não da proteção no local de deságue está diretamente
ligada às condições do solo e principalmente sua geomorfologia.
O projeto de drenagem superficial está ligado diretamente aos custos de
manutenção, ou seja, quanto mais perfeito for o projeto de drenagem, menores
serão os serviços de manutenção. Nos Projetos de Drenagem de Rodovias
procura-se sempre utilizar os projetos tipo constantes do Caderno de
Dispositivos de Drenagem do DNIT ou dos Departamentos de Estradas de
Rodagem Estaduais - DERs.
Caso o dispositivo de drenagem projetado não faça parte do “Caderno de
Dispositivos de Drenagem Padrão” do órgão contratante, deverá ser
apresentado no projeto de drenagem o seu desenho (projeto e detalhamento)
com os quantitativos de materiais e serviços.
Dispositivos corriqueiramente utilizados nas estradas são apresentados na figura
4.2.

Figura 4.2 - Dispositivos de drenagem superficial

Note-se que na figura, referente às sarjetas banqueta de aterro,


denominação que também pode ser utilizada no corte (sarjetas banqueta de
corte), estas também podem ser denominadas como sarjetas de proteção de
corte e de aterro, isso vai depender da bibliografia consultada.

51
4.1 VALETAS DE PROTEÇÃO

É o conjunto de medidas que são tomadas no sentido de afastar as águas


que escoam sobre a superfície da rodovia ou nas proximidades da mesma
(Figura 4.3).

Figura 4.3 - Valetas de proteção de corte (a) e valetas de proteção de aterro (b)

Estas podem ser tanto de corte como de aterro e tem como objetivos,
impedir que as águas procedentes das encostas de montante atinjam a rodovia,
de forma que não haja uma sobrecarga de volume d'água na sarjeta (risco de
aquaplanagem) e reduzir os riscos de erosões/desestabilização do talude de
corte, garantindo assim sua estabilidade.
Valeta de Proteção de Aterro: Tem como objetivo proteger o pé da saia
de aterro, para que não ocorra erosão provocada pelas águas procedentes das
encostas.
As valetas de proteção de corte têm como finalidade impedir que as águas
procedentes das encostas de montante atinjam a rodovia, evitando uma
sobrecarga de volume d’água na sarjeta (risco de aquaplanagem) e reduzir os
riscos de erosões/desestabilização do talude de corte garantindo sua
estabilidade.
Também denominada de Valeta de Coroamento, consiste em dispositivo
destinado a interceptar e conduzir as águas precipitadas sobre as áreas
adjacentes e que escoam a montante dos cortes, visando impedir que estas
atinjam o corpo estradal.
Podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra argamassada,
concreto, solo-cimento ou o próprio solo compactado. Normalmente são
construídas paralelamente as cristas dos cortes a uma distância mínima de 3,0m
da linha de off-sets, com seção transversal trapezoidal ou triangular, moldadas
“in loco” de forma manual e/ou mecânica.

52
Nos cadernos de projetos tipo de dispositivos de drenagem existentes no
Brasil, exceto o do DERMG é recomendado que o material escavado da valeta
de proteção de corte seja depositado no lado de jusante e que seja apiloado
Figura 4.4, porém este é um serviço que quase sempre não é realizado e que
traz como consequências uma maior manutenção no serviço de limpeza das
sarjetas de corte, pois como o material escavado não é apiloado, é apenas
depositado solto sem nenhum tipo de adensamento, nas primeiras chuvas ele é
carreado para as sarjetas de corte aumentando os serviços de manutenção.

Figura 4.4 - Seção tipo de valeta de proteção de corte junto com material apiloado

Recomenda-se que sua localização seja a uma distância mínima de 3.00


m da linha de off-set, que o material removido na escavação seja apiloado e
depositado à jusante da valeta, formado com a mesma o coroamento de seu lado
inferior.
Recomenda-se também a não fazer cantos com ângulos superiores a 45º,
no caso de não ser possível deve-se colocar uma curva. As águas coletadas
pelas valetas serão conduzidas para o bueiro mais próximo, ou para a linha
d'água mais próxima. Nos casos em que for projetada valeta revestida de
concreto e o seu deságue ocorrer em solo natural, e este for propenso à erosão,
deverá ser projetado dissipador de energia na sua saída/local de deságue.
Na escolha do tipo de seção (figura 4.5) deve-se observar que as seções
triangulares criam plano preferencial de escoamento d’água, por isso são pouco
recomendadas para grandes vazões. Por motivo de facilidade de execução, a
seção a adotar nos cortes em rocha deverá ser retangular. As valetas com forma
trapezoidal são mais recomendáveis por apresentarem maior eficiência
hidráulica. As valetas de proteção de cortes podem ser trapezoidais,
retangulares ou triangulares.

53
Figura 4.5 - Seções transversais de valetas (triangular e trapezoidal)

Os revestimentos da valeta de corte deverão ser escolhidos de acordo


com a velocidade do escoamento e conforme a natureza do material do solo.
Em princípio, convém sempre revestir as valetas, sendo isso obrigatório
quando elas forem abertas em terreno permeável, para evitar que a infiltração
provoque instabilidade no talude do corte. Atenção especial deve ser dado ao
revestimento da valeta triangular, pois, pela própria forma da seção, há uma
tendência mais acentuada à erosão e infiltração. Os tipos de revestimentos mais
recomendados são: concreto, alvenaria de tijolo ou pedra, pedra arrumada,
vegetação.
O revestimento deverá ser feito nos locais onde não houver dúvida da
necessidade da proteção. Como por exemplo: valetas em solos arenosos, solos
siltosos e solos com predominância arenosa ou siltosa.
Sem revestimento, a valeta é implantada sobre um solo coesivo, com
predominância argilosa. O com revestimento em concreto, esta é implantada em
solos não coesivos, siltosos, arenosos ou a combinação entre eles. Se
recomenda q o revestimento tenha espessura de 7 cm e resistência a
compressão de 11mpa a 28 dias O revestimento com grama não é recomendado
dada a sua curta vida útil se limitando aos primeiros serviços de manutenção
dessa forma se define o tipo de revestimento utilizado em função do tipo de solo
encontrado.
A visita de campo é de vital importância para o projetista junto com as
informações do projeto, locais, tipo de valeta. Nesta visita e feita a confirmação
do tipo de solo podendo fazer a identificação do tipo de dispositivo e a sua
correspondente localização. Junto com as seções transversais é possível
identificar a sua possível utilização
A partir dos boletins de sondagens pode se identificar o tipo de solo e
definir o tipo de revestimento a ser usado.

54
Nos projetos de Drenagem procura-se sempre utilizar os projetos tipo
constantes do Caderno de Dispositivos de Drenagem do DNIT ou dos DERs,
quando existir. Nestes casos quase sempre não há a necessidade de se calcular
o comprimento crítico, tendo em vista que na definição de suas dimensões, estas
foram consideradas para funcionar com certa folga para que houvesse tempo
para a execução dos serviços de manutenção.
Perfil longitudinal da valeta sinuoso com vários pontos baixos, obrigando
para q exista escoamento continuo grandes profundidades da valeta. Nesses
casos é necessário atualização de dispositivos de saída de água da valeta de
proteção de corte para a plataforma, este dispositivo é conhecido como descida
da água (o qual algumas vezes funciona em conjunto com um dissipador de
energia).

4.1.1 Dimensionamento hidráulico

Para proceder ao dimensionamento hidráulico das valetas, há


necessidade de estimar a descarga de contribuição, utilizando-se o método
racional, onde a área de drenagem é limitada pela própria valeta e pela linha do
divisor de águas da vertente a montante.
𝐶𝑥𝑖𝑥𝐴
𝑄=
3,6𝑥106
Onde:
Q Vazão de contribuição m3/s
C Coeficiente de deflúvio (de acordo com o tipo de solo – cobertura e
declividade do terreno
i Intensidade de precipitação em mm/h para a chuva de projeto (conforme
o estudo hidrológico.
A Área de contribuição (delimitada pela própria valeta e pela linha do divisor
de águas da vertente a montante) em m²
1 2 1
𝑉= 𝑥𝑅 3 𝑥𝑖 2 (𝑓ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑛𝑛𝑖𝑛𝑔)
𝑛
𝑄 = 𝐴𝑥𝑉 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
Onde:
V velocidade de escoamento, em m/s;
I declividade longitudinal da valeta, em m/m;
n coeficiente de rugosidade de Manning, adimensional, função do tipo de

55
revestimento adotado;
R raio hidráulico, em m;
A área molhada, em m²;
P perímetro molhado;
Q vazão admissível ou capacidade de escoamento na valeta, em m³/s;
Para a determinação do raio hidráulico é necessário ter em conta a área
molhada e o perímetro molhado. Dessa forma, o raio hidráulico se encontra
apresentado na figura 4.6.

Figura 4.6 - Representação de área molhada e perímetro molhado para seções transversais
circulares e retangulares

Fixada a vazão de contribuição (logicamente, a vazão calculada para o


dispositivo deve ser menor q a vazão de contribuição), passa-se ao
dimensionamento hidráulico propriamente dito através da fórmula de Manning e
da equação da continuidade.
Para o projeto da valeta, a sequência de cálculo a ser seguida se apresenta
da seguinte forma:
• Fixa-se o tipo de seção a ser adotada, geralmente a largura em
caso de valetas retangulares, a largura e a inclinação das paredes laterais nas
trapezoidais ou a inclinação das paredes laterais em caso de seção triangular,
deixando a altura h a determinar;
• Determina-se a declividade da valeta;
• Fixa-se a velocidade máxima admissível (v), tendo em vista o tipo
de revestimento escolhido e consequentemente o valor do coeficiente de
rugosidade n
• Através de tentativas, dá-se valores para a altura (h), recalculando-
se os respectivos elementos hidráulicos da seção, tais como: perímetro molhado,

56
raio hidráulico e área molhada, e aplicando a fórmula de Manning e a equação
de continuidade, determina-se a velocidade e a descarga admissível da valeta;
• Comparação entre a descarga afluente e a vazão admissível
orientará a necessidade ou não do aumento da altura h;
• Comparação entre a velocidade de escoamento e a velocidade
admissível orientará a necessidade ou não de alterar o revestimento previsto;
• Verifica-se o regime do fluxo através do cálculo da altura crítica

4.2 MURETA PROTEÇÃO EM CORTE EM ROCHA

Nos cortes em rocha ou encostas com solo rochoso, deverá ser


implantado a Mureta de Proteção (meio fio) com a finalidade de interceptar as
águas da encosta e conduzir até o local adequado impedindo que estas venham
a sobrecarregar as sarjetas de bordo de pista.

Figura 4.7 - Mureta de proteção de corte em rocha

4.3 SARJETAS

Assim como em alguns dos dispositivos anteriores, este pode ser


encontrado tanto para corte como para aterro.

Figura 4.8 - Sarjeta

57
4.4 SARJETAS DE CORTE

Dispositivos de drenagem construídos lateralmente as pistas de


rolamento, destinados a captar e conduzir longitudinalmente as águas
precipitadas sobre a pista e áreas laterais. Podem ser revestidas de grama,
pedra arrumada, pedra argamassada, concreto ou solo-cimento. Normalmente
são construídas junto aos acostamentos, Seção transversal triangular,
semicircular ou trapezoidal.
As principais funções da sarjeta de corte revestida em concreto são:
• Impedir a erosão do bordo do pavimento e do pé do corte;
• Aumentar o comprimento crítico (extensão do comprimento de
desague);
• Impedir a travessia de água na pista, impedindo que ocorra o efeito
de aquaplanagem em pontos localizados da rodovia.
As sarjetas de corte podem ter diversos tipos de seção, sendo mais
comum à de forma triangular (figura 4.9), a sarjeta deverá ter do lado da
plataforma a declividade máxima de 25%. Segundo estudos realizados nos
Estados Unidos, a declividade acima de 25% gera uma condição de insegurança
para os veículos.

Figura 4.9 - Seção transversal sarjetas

A sarjeta de concreto em corte tem seu comprimento L limitado sendo


definido pela seção transversal tipo indicada para cada projeto.
A Sarjeta Trapezoidal é adotada quando a sarjeta triangular de máximas
dimensões permitidas for insuficiente para atender às condições impostas pela
descarga de projeto e ao comprimento crítico.
Existem dois tipos de sarjeta trapezoidal com barreira e com capa (figura
4.10)
• com capa: Pode-se projetar a sarjeta capeada descontinuamente
do modo que permita a entrada d'água pela abertura existente entre as duas
placas. As placas são de concreto armado.

58
• com barreira: A barreira constituída com meio fio tem a finalidade
de servir como balizador orientando os veículos para afastarem daquele ponto.
Por outro lado, possui aberturas calculadas, em espaçamento conveniente, de
modo a permitir a entrada d’água.

Figura 4.10 - Tipos de sarjeta trapezoidal

Esta solução deverá ser utilizada somente quando se esgotarem todas as


outras soluções possíveis e mais seguras, pois com o tempo os meio-fios são
quebrados pelos veículos eliminando a proteção visual que ele exercia. Mesmo
com os meio-fios, durante a noite e com chuva, não oferecem segurança, pois
não são visíveis.
Para o dimensionamento de uma sarjeta de corte é usada a equação do
método racional para o cálculo da vazão de contribuição.
Dessa forma a sarjeta dimensionada deverá possuir uma área com
capacidade maior ou igual a da vazão calculada para a contribuição. O cálculo
da vazão da sarjeta é feito usando a equação de continuidade associada à
formula de Manning.
1 2 1
𝑉= 𝑥𝑅 3 𝑥𝐼 2 (𝑓ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑛𝑛𝑖𝑛𝑔)
𝑛
𝑄 = 𝐴𝑥𝑉 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
Q’=SxV
Onde:
V velocidade de escoamento, em m/s;
I declividade longitudinal da valeta, em m/m;
n coeficiente de rugosidade de Manning, adimensional, função do tipo de
revestimento adotado;
R raio hidráulico, em m;
A área molhada, em m2;

59
P perímetro molhado;
Q Vazão de contribuição
Q’ vazão admissível ou capacidade de escoamento na valeta, em m3/s;
A bacia de contribuição para uma sarjeta é um paralelepípedo de altura
igual a precipitação pluvial (P) cuja largura (l) é a largura do implúvio e o
comprimento (L) é o comprimento crítico a ser determinado.

A largura de implúvio (l) é a projeção horizontal da largura de contribuição:


L1 = faixa da plataforma da rodovia que contribui para a sarjeta. Será a largura
da semiplataforma nos trechos em tangente e toda a plataforma contribuinte para
a sarjeta na borda interna das curvas. Será nulo ou se restringirá à largura do
assentamento contíguo para a sarjeta na borda externa das curvas;
L2=Largura de proteção horizontal equivalente a 2/3 da maior altura do talude
de corte
C1 = coeficiente de escoamento superficial da plataforma da rodovia;
C2 = coeficiente de escoamento superficial do talude de corte.
Havendo escalonamento de taludes, a largura máxima, a ser considerada
no cálculo do implúvio é referente à projeção horizontal do primeiro
escalonamento, já que os demais terão as águas conduzidas por meio de
dispositivos próprios para fora do corte.
A valeta de corte é implantada a uma distância de 3,0 m da crista do corte,
portanto esta largura deverá ser considerada no cálculo da vazão da bacia de
contribuição e será designada por L, determinação do comprimento crítico pelo
Método de Equivalência de Vazões.
Determinação da descarga de contribuição das precipitações pluviais
𝐶𝑥𝑖𝑥𝐿𝑥𝑙
A=Lxl 𝑄=
3,6𝑥106

60
Onde:
Q Vazão de contribuição m3/s
C Coeficiente de deflúvio (de acordo com o tipo de solo – cobertura e
declividade do terreno. Sarjetas de corte 0,7 e sarjetas de aterro 0,9
i Intensidade de precipitação em mm/h para a chuva de projeto (conforme
o estudo hidrológico.
A Área de contribuição em m2
L Comprimento crítico
l Largura do implúvio
2⁄ 1
𝑅 3 𝑥𝐼 ⁄2
Q’=SxV 𝑉=
𝑛

Onde:
V Velocidade de escoamento (m/s)
R Raio hidráulico (m)
I Declividade da sarjeta
n Coeficiente de rugosidade
S Seção da vazão em m2

Determinação da largura de implúvio: l=l1+l2+l3+l4


l1 Contribuição da pista de rolamento
l2 contribuição do acostamento
l3 contribuição do talude de corte (2/3 da altura máxima do corte)
l4 contribuição da área compreendida entre a crista do corte e a valeta de
proteção
2⁄ 1
𝑐𝑥𝑖𝑥𝐿𝑥𝑙 𝑅 3 𝑥𝐼 ⁄2 3,6𝑥106 𝑥𝑆𝑥𝑅 2/3 𝑥𝐼1/2
= 𝑆𝑥 →𝐿=
3,6𝑥106 𝑛 𝑛𝑥𝑐𝑥𝑖𝑥𝑙

Não é recomendada a utilização de sarjeta de corte com comprimento


superior a 250,0m, mesmo que o cálculo do comprimento critico permita.
Comprimentos muito longos aumentam a probabilidade de ocorrer alguma
obstrução, que pode ser uma lata ou garrafa de refrigerante, sacolas de plástico,
pedra e outros, que trará como consequências a inundação da pista colocando
em risco a vida dos usuários da via em vista do risco de perder o controle do
veículo devido à aquaplanagem. O revestimento em concreto do dispositivo

61
deverá ter 7,0cm de espessura e resistência a compressão a 28 dias, Fck>
11,0Mpa.

4.5 SARJETAS DE ATERRO

Tem como objetivo captar as águas precipitadas sobre a plataforma de


modo a impedir que provoquem erosões na borda do acostamento e ou no talude
do aterro conduzindo-as ao local de deságue seguro.
É dimensionada de forma análoga a de corte, porém a contribuição a ser
considerada nos cálculos será somente da pista.
O cálculo do comprimento procede da mesma forma que na sarjeta de
corte, mudando o coeficiente de rugosidade (n) e a largura de implúvio que neste
caso temos somente a contribuição de meia pista (segmento de tangente) ou
pista inteira (segmento em curva).
Recomenda-se a utilização de sarjeta de aterro com a forma triangular,
porém respeitando a declividade máxima do espelho de 25% (segurança).
2⁄ 1
𝑐𝑥𝑖𝑥𝐿𝑥𝑙 𝑅 3 𝑥𝐼 ⁄2 3,6𝑥106 𝑥𝑆𝑥𝑅 2/3 𝑥𝐼1/2
= 𝑆𝑥 →𝐿=
3,6𝑥106 𝑛 𝑛𝑥𝑐𝑥𝑖𝑥𝑙
Onde:
Q Vazão de contribuição m3/s
C Coeficiente de deflúvio (de acordo com o tipo de solo – cobertura e
declividade do terreno. Sarjetas de corte 0,7 e sarjetas de aterro 0,9
i Intensidade de precipitação em mm/h para a chuva de projeto (conforme
o estudo hidrológico.
A Área de contribuição em m²
L Comprimento crítico
l Largura do implúvio
V Velocidade de escoamento (m/s)
R Raio hidráulico (m)
I Declividade da sarjeta
n Coeficiente de rugosidade
S Seção da vazão em m²
Largura de implúvio para sarjeta de aterro é considerado somente a semi
pista quando o segmento estiver em tangente e toda a largura da pista em locais
de curva.

62
Não é recomendada a utilização de sarjeta de aterro com comprimento
superior a 150,0m, mesmo que o cálculo do comprimento crítico permita.
Comprimentos muito longos aumentam a probabilidade de ocorrer alguma
obstrução, conforme já relatado anteriormente na sarjeta de corte, porém neste
caso além dos riscos aos usuários já citados, poderá também ocorrer erosões
nos taludes de aterro. O revestimento em concreto do dispositivo deverá ter
7,0cm de espessura e resistência a compressão a 28 dias, fck > 11,0 Mpa.

4.6 SARJETAS DE CANTEIRO CENTRAL

Dispositivos destinados a captar e conduzir longitudinalmente, entre as


pistas opostas de uma rodovia de pista dupla. As de banquetas são sarjetas
implantadas em taludes de corte ou aterro cuja altura requeira o
banqueteamento. Podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra
argamassada, concreto ou solo-cimento. Normalmente são construídas com
seção transversal triangular ou trapezoidal, moldadas “in loco” de forma manual
e/ou mecânica.

Figura 4.11 – Sarjetas de canteiro central

4.7 SAÍDAS DA ÁGUA

As saídas d’água são dispositivos em concreto simples, moldado “in loco”,


destinados a receber as águas da plataforma coletadas pelas sarjetas e meio-
fios, nos extremos de comprimentos críticos, conduzindo-as às descidas d’água
em taludes de aterros, sem quebrar a continuidade do fluxo d’água (figura 4.12).

63
Figura 4.12 – Saída da água

Serão posicionadas nos pontos de passagem de corte para aterro e ao


final das sarjetas de corte, conduzindo as águas superficiais para fora do corpo
estradal. Para o deságue das sarjetas que não atinjam valor superior a 80% de
sua capacidade máxima, desde que as condições topográficas permitam, a
própria sarjeta poderá ser utilizada para fazer a função deste dispositivo.
Em todos os tipos de saída d'água, o terreno de fundação deverá ser
regularizado e apiloado manualmente. O concreto deverá ser constituído de
cimento Portland, água e agregados, com resistência Fck > 15,0 Mpa.
O DER-MG tem em seu Caderno de Projetos Tipo de Drenagem um
dispositivo padrão, conforme Desenho. O revestimento em concreto do
dispositivo deverá ter 10,0cm de espessura e resistência a compressão a 28
dias, Fck > 15,0 Mpa.
O DNIT não possuiu um dispositivo padrão para a saída d'água de corte,
utiliza a própria sarjeta que poderá sofrer uma deflexão (máximo 45º), para que
possa ser direcionada até o local adequado.
As saídas d'água de aterro, também denominadas entradas d'água são
dispositivos que tem como objetivo coletar as águas das sarjetas de aterro,
conduzindo-as para as descidas d'água.
São dois os tipos de saídas d'água de aterro Figura 4.13:
• Saída d'água simples: é utilizada quando é atingido o comprimento
crítico da sarjeta, também em locais de mudança de superelevação de tangente
para curva.
• Saída d'água dupla: nos pontos baixos das curvas verticais
côncavas.

64
Figura 4.13 – Dispositivos de saída da água dupla

O revestimento em concreto do dispositivo deverá ter 10,0cm de


espessura e resistência a compressão a 28 dias, Fck > 15,0 MPa.

4.8 DESCIDAS DA ÁGUA

São dispositivos que tem como objetivo, conduzirem as águas


provenientes das sarjetas de aterro quando é atingido seu comprimento crítico e
nos pontos baixos das curvas verticais côncavas, desaguando em terreno
natural (figura 4.14). São dois os tipos de dispositivos de descida d'água: Rápido
e em degraus.
Figura 4.14 - Descidas da água tipo

65
O revestimento em concreto do dispositivo deverá ter 15,0cm de
espessura e resistência a compressão a 28 dias, Fck > 15,0 MPa.
No final de uma descida d'água de aterro, quando a topografia for plana e
existir vegetação fechada ou do tipo grama, não haverá necessidade de
implantar dissipador de energia, independentemente do tipo solo.
Cálculo da velocidade no pé da descida. O objetivo da determinação da
velocidade no pé da descida d'água é o dimensionamento da bacia de
amortecimento e da necessidade ou não de dissipadores de energia.
Teoricamente a importância de se calcular a velocidade no pé da descida
se dá no sentido de podermos definir a necessidade ou não de bacia de
amortecimento e/ou dissipador. Na prática esta velocidade calculada, de pouco
vale. A observação de campo com a verificação do comportamento do solo no
local é muito importante para a definição de se utilizar o dissipador ou não.

4.8.1 Dimensionamento hidráulico para descidas de água do tipo rápido

O dimensionamento pode ser feito através da expressão empírica seguinte,


fixando-se o valor da largura (L) e determinando-se o valor da altura (H).
Cálculo da velocidade no pé da descida. O objetivo da determinação da
velocidade no pé da descida d'água é o dimensionamento da bacia de
amortecimento e da necessidade ou não de dissipadores de energia.
Teoricamente a importância de se calcular a velocidade no pé da descida se dá
no sentido de podermos definir a necessidade ou não de bacia de amortecimento
e/ou dissipador. Na prática esta velocidade calculada, de pouco vale. A
observação de campo com a verificação do comportamento do solo no local é
muito importante para a definição de se utilizar o dissipador ou não.
𝑄 = 2,07𝑥𝐿0,9 𝑥𝐻1,6
Onde:
Q Descarga de projeto m3/s
L Largura da descida d’agua m
H Altura das paredes laterais
𝑉 = √2𝑥𝑔𝑥ℎ
Onde:
V Velocidade no pé da descida
g aceleração da gravidade (9,8m/s)

66
h Altura do aterro m
A descida d'água em degraus, poderá ser em concreto simples ou em
concreto armado, dependendo do tipo de solo e das condições para sua
implantação.
O revestimento em concreto do dispositivo deverá ter 15,0cm de
espessura e resistência a compressão a 28 dias, Fck > 15,0 MPa.

4.9 DESCIDAS D’AGUA EM CORTE

É o dispositivo que tem a finalidade de conduzir as águas proveniente da


valeta de proteção de corte, promovendo o seu deságue nas caixas coletoras
dos bueiros de greide, de onde serão conduzidas para fora do corpo estradal.
A descida d'água em corte poderá ser em concreto simples ou em
concreto armado, dependendo do tipo de solo e das condições para sua
implantação.
No final de uma descida d'água de aterro, quando a topografia for plana e
existir vegetação do tipo grama, não haverá necessidade de implantar dissipador
de energia.
Os locais de descida d'água em corte, serão definidos através de:
• Uso das seções transversais, com a identificação dos pontos
baixos das valetas ou pontos obrigatórios de descidas d'água. A forma mais
simples de obter esta informação será através da elaboração de um gráfico
(diagrama linear) utilizando as cotas de off-set da crista do corte contidas nas
notas de serviço de terraplenagem;
• Visita a campo onde deverá ser confirmada a análise de escritório.
A descida d'água em corte poderá ser em concreto simples ou em
concreto armado, dependendo do tipo de solo e das condições para sua
implantação.
No final de uma descida d'água de aterro, quando a topografia for plana e
existir vegetação do tipo grama, não haverá necessidade de implantar dissipador
de energia.

4.10 DISSIPADORES DE ENERGIA

São dispositivos destinados a dissipar a energia do fluxo d'água,


reduzindo consequentemente sua velocidade de modo que não haja risco de

67
erosão no final das saídas d'água, descidas d'água, valetas de proteção e
bueiros (figura 4.15).

Figura 4.15 - Dissipadores de energia

O dissipador deverá ser posicionado sempre no local de deságue


adequado. Na execução do dissipador, o terreno de fundação deverá ser
regularizado e apiloado manualmente. O dissipador é próprio para cada
dispositivo.
O concreto deverá ter resistência Fck>15,0 Mpa e a pedra de mão deverá
ter um diâmetro maior ou igual a 25,0cm.
Para a definição correta dos locais onde serão necessário os dissipadores
é fundamental que se faça uma viagem ao trecho em que se está trabalhando,
e inspecionar outros trechos pavimentados próximo ao do projeto, que tenham o
mesmo tipo de solo e o mesmo tipo de relevo, para poder avaliar o
comportamento do solo nos locais de deságue dos seguintes dispositivos:

68
sarjetas, saídas e descidas d'água, valeta de proteção, jusante de bueiros de
greide e jusante de bueiros de grota, etc.

4.11 CAIXAS COLETORAS

Coletar as águas oriundas das sarjetas de corte, das descidas d’água dos
cortes e talvegues, conduzindo-as para fora do corpo estradal através dos
bueiros de greide ou de grota. A altura máxima recomendável é de 2,5 m, mas
pode chegar até 3 (por causa dos serviços de manutenção).
Tendo em conta a segurança tanto de veículos como de pedestres, a
caixa coletora se posiciona para dentro do corte o mais afastado possível da
borda do pavimento, mas mesmo assim é recomendado a utilização de uma
tampa ou grelha.

Figura 4.16 - Caixa coletora com desague do dreno profundo

4.12 SARJETAS DE BANQUETA

As sarjetas de banqueta são dispositivos que tem como objetivo captar e


conduzir as águas superficiais provenientes das precipitações sobre os taludes
e na plataforma das banquetas conduzindo longitudinalmente a um local de
deságue seguro Figura 4.17.

69
Figura 4.17 - Sarjeta de banqueta

As sarjetas de banqueta de corte e aterro deverão ser executadas em


concreto e a sua forma deverá estar de acordo com as seguintes orientações:
• Sarjeta triangular:
• comprimento menor que 80,0m - SCC 70/30 (projeto tipo DER-MG)
• comprimento entre 80,0m e 200,0m - SCC 90/30 (projeto tipo DER-
MG)
• Sarjeta trapezoidal com 0,50m de base e 0,75m de abertura
superior e altura variando de 0,30m a 0,50m, VP 03 (projeto tipo DER-MG), para
comprimento maior que 200,00m
A sarjeta de banqueta de corte deverá sempre que possível ser conduzida
para a valeta de proteção de corte. O revestimento será em concreto com 7,0cm
de espessura e resistência a compressão a 28 dias, Fck >11,0 Mpa.
O revestimento usado deve ser em concreto com 7cm de espessura e a
resistência a 28 dias >11

4.13 BACIAS DE ACUMULAÇÃO

As bacias de acumulação consistem na escavação do solo das áreas


marginais às estradas para permitir a captação e o armazenamento da água
escoada e, consequentemente, permitir a posterior infiltração ou a utilização da
mesma para diversas finalidades, entre elas podem ser listadas: realimentação
do Lençol Freático, controle de Erosão, bebedouro para Gado

70
Figura 4.18 - Bacias de acumulação

4.14 SARJETA E MEIO FIO DE ATERRO

Dispositivos destinados a conduzir longitudinalmente as águas


precipitadas sobre a pista de rolamento para os bueiros de greide ou saídas
d’água (figura 4.19).

Figura 4.19 - Sarjeta e meio fio de aterro

71
Podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra argamassada,
concreto ou solo-cimento, normalmente construídas em seção transversal
triangular ou trapezoidal, moldadas “in loco” de forma manual e/ou mecânica Em
aterros com altura superior a 3m, em interseções e no bordo interno de curvas
horizontais.

4.15 TRANSPOSIÇÃO DE SEGMENTOS DE SARJETAS

Dispositivos destinados a dar acesso a propriedades ou vias laterais


(secundárias) a rodovia, distinguem-se dois tipos básicos: tubos de concreto,
tipo de encaixe macho e fêmea, envolvidos por berço e cobertura de concreto
simples; laje de grelha de concreto armado, pré-moldada (figura 4.20).

Figura 4.20 - Transposição de segmentos

4.16 DESCIDA D’ÁGUA EM TALUDE

As descidas d’água são dispositivos destinados a conduzir através dos


taludes as águas de talvegues interceptados pela rodovia.
Normalmente são complementadas por dissipadores de energia.
As descidas d’água podem ser rápidas (lisas) ou em degraus. Ambas as
descidas são moldadas “in loco”, em concreto simples ou armado, pedra
argamassada ou em calha metálica corrugada, com seção transversal retangular
ou trapezoidal.

4.17 SAÍDAS D’AGUA

As saídas d’água são dispositivos em concreto simples, moldado “in loco”,


destinados a receber as águas da plataforma coletadas pelas sarjetas e meio-

72
fios, nos extremos de comprimentos críticos, conduzindo-as às descidas d’água
em taludes de aterros, sem quebrar a continuidade do fluxo d’água (figura 4.21).

Figura 4.21 - Dispositivos de saída da água

4.18 BUEIROS

São elementos responsáveis pela passagem das águas longitudinais e


perpendiculares ao leito carroçável à rodovia, esses são compostos por corpo e
boca. O corpo está localizado sob os cortes e aterros, já as bocas são
responsáveis pela captação das águas lançadas à montante e à jusante (DNIT,
2006) (figura 4.22)

73
Figura 4.22 – Bueiros

Os bueiros podem ser considerados (DER/PR, 2005):


• Bueiros de Greide: Transposição de águas recebidas das sarjetas
e valetas
• Bueiros de Grota: Transposição de águas recebidas de bacias e
talvegues

4.18.1 Bueiros de greide

São dispositivos que tem como função, captar as águas coletadas por
dispositivos de drenagem superficial como sarjetas, valetas, descida d'água e
outros, de forma a permitir a sua transposição de um lado para outro da rodovia.
Consiste numa linha de tubos de concreto, normalmente armado, com
diâmetro de 0,80m, apoiado num berço de concreto magro, quase a superfície
da plataforma de terraplenagem, com objetivo de propiciar adequadas
condições de deságue das águas coletadas por dispositivos de drenagem
superficial cuja vazão admissível tenha sido atingida ou drenar pontos baixos.
Posicionamento dos bueiros de greide (figura 4.23):
• Nas extremidades dos comprimentos críticos dos dispositivos de
drenagem ou quando, em seção de corte pleno, for possível o lançamento de
água coletada (com desague seguro) por "janela-de-corte".
• Nos cortes em seção plena, quando não for possível o aumento da
capacidade da sarjeta ou a utilização de abertura de janela no corte a jusante,
projeta-se um bueiro de greide longitudinalmente à pista até o ponto de
passagem de corte para aterro.
• Nos pés das descidas d'água dos cortes (pontos baixos de valeta
de proteção de corte), recebendo as águas das valetas de proteção de corte e/ou
valetas de banquetas, captadas por caixas coletoras.

74
• Nos pontos de passagem de corte-aterro, evitando que as águas
provenientes das sarjetas de corte deságuem no terreno natural com
possibilidade de erosão.
• Nas rodovias de pista dupla, conduzindo ao desague as águas
coletadas pelas caixas coletoras do canteiro central

Figura 4.23 - Demonstrativo do posicionamento dos bueiros

As alturas mínimas de aterro/de recobrimento deverão ser de acordo com


o tipo de material:
• Tubos de concreto – devem ser de acordo com a classe do tubo
segundo a ABNT- NBR- 8890;
• Tubos PEAD (polietileno de alta densidade), Rib Loc (Tubos
Estruturados de PVC (O Policloreto de Vinila) Rib Loc é uma tecnologia de
fabricação de tubulações plásticas de grandes diâmetros pelo processo de
enrolamento helicoidal de um perfil de PVC.) e tubos Metálicos, devem ser de
acordo com as recomendações dos fabricantes.

4.18.2 Bueiros de grota

São dispositivos/bueiros que são assentados nos locais onde o traçado


da rodovia intercepta o fluxo d'água, preferencialmente no fundo do talvegue e
tem como função permitir a transposição da água da montante à jusante do
bueiro. As listagens dos bueiros no projeto de drenagem são as notas de serviço
que irão fornecer os dados necessários para sua implementação.
Para bueiros tubulares se recomenda uma declividade de assentamento
entre 1,5% e 2% Para bueiros celulares entre 0,5% e 1% Inclinações abaixo das

75
recomendadas propiciam o assoreamento nos bueiros e acima das
recomendadas podem apresentar um processo erosivo mais rápido e maior a
jusante. Dessa forma, não atendendo as recomendações os serviços de
manutenção deverão ser mais frequentes.
Para o dimensionamento dos bueiros funcionando como orifício deverão
ser usados os nomogramas elaborados pelo US Bureau of Publics
Roadsnsposição do fluxo d'água de um lado para outro da rodovia/ferrovia.

4.18.3 Classificação dos bueiros

Os bueiros podem ser classificados tendo em conta vários aspectos:


• Quanto aos materiais de construção
o alvenaria de pedra
o concreto simples
▪ Encaches macho e fêmea
▪ Encaches ponta e bolsa
o concreto armado
o chapas metálicas
o PVC
o PEAD
• Quanto a forma da seção transversal
o circulares
o elípticos
o quadrados
o retangulares
o ovoides
• Quanto a rigidez, segundo o grau de deformação
o Rígidos
o Flexíveis
• Quanto a esconsidade
o Normais
o Esconsos
• Quanto a localização:
o Corte
o Aterro

76
o Mista
Um bueiro funciona como canal quando as extremidades de montante e
jusante não se encontram submersas, como vertedouro quando a altura da água
sobre a borda superior nula e como orifício quando trabalha com carga
hidráulica, isto é, com a entrada submersa.
Para o dimensionamento hidráulico dos bueiros podem se admitir que eles
possam funcionar como canais, vertedouros ou como orifícios.
• Orifício: quando a vazão afluente supera a capacidade do bueiro
ocorrendo a elevação do nível somente montante (Circular nº 5 do “Bureau of
Public Roads)
• Canal: quando as extremidades de montante e jusante não se
encontram submersas.
• Vertedouros: dimensionar pela fórmula de Francis, considerando a
altura d'água sobre a borda superior nula
Com carga hidráulica a montante: Funciona como orifício. É necessário
verificar a altura máxima da carga hidráulica em relação ao aterro (NBR
8890/2003). Sem carga hidráulica a montante: montante: funciona como canal.
Verificar a declividade crítica para definir o regime de escoamento.

Figura 4.24 - Funcionamento dos bueiros

77
Toda a técnica de drenagem na construção rodoviária se apoia na
hidrodinâmica que é a ciência que trata da mecânica dos fluidos, ou seja, trata
do movimento dos fluidos.
É importante para o processo de dimensionamento, que o projetista
conheça a vazão da bacia de contribuição afluente ao ponto necessário de
transposição de talvegue. O cálculo dessa vazão é realizado por meio do Método
Racional. Tal método apresenta o cálculo da vazão afluente em função do
coeficiente de escoamento superficial, da intensidade de chuva e da área da
bacia de contribuição.
Controle de entrada: Controle de entrada significa que a capacidade de
descarga do bueiro é controlada na sua entrada pela profundidade da água
represada a montante (HW), pela geometria da boca de entrada e pela seção
transversal do conduto.
Controle de saída: O escoamento de bueiros com controle de saída pode
ocorrer com o conduto total ou parcialmente cheio, em parte ou em todo o seu
comprimento.

4.18.4 Nomenclatura dos bueiros

Os bueiros são representados nas notas de serviço da seguinte


forma:
Bueiros tubulares de concreto:
• BSTC ‐ bueiro simples tubular de concreto;
• BDTC ‐ bueiro duplo tubular de concreto;
• BTTC ‐ bueiro triplo tubular de concreto;
Bueiros tubulares metálicos corrugados (ARMCO):
• BSTM ‐ bueiro simples tubular metálico;

78
• BDTM ‐ bueiro duplo tubular metálico;
• BTTM ‐ bueiro triplo tubular metálico
Bueiros tubulares de PVC RIB LOC
• BST.PVCH ‐ bueiro simples tubular PVC helicoidal;
• BDT.PVCH ‐ bueiro duplo tubular PVC helicoidal;
• BTT.PVCH ‐ bueiro triplo tubular PVC helicoidal;
Bueiros tubulares PEAD:
• BST.PEAD ‐ bueiro simples tubular de polietileno de alta densidade;
• BDTM ‐ bueiro duplo tubular de polietileno de alta densidade;
• BTTM ‐ bueiro triplo tubular de polietileno de alta densidade
Os bueiros celulares (galerias):
• BSCC ‐ bueiro simples celular de concreto;
• BDCC ‐ bueiro duplo celular de concreto;
• BTCC ‐ bueiro triplo celular de concreto

Figura 4.25 - Bueiros de concreto tubular e celular

Figura 4.26 - Elementos constituintes dos bueiros

79
Figura 4.27 - Componentes de uma boca

4.19 DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO

Após a coleta de dados e das análises feitas em sala devem ser feitas
visitas in loco. Determinação das especificidades próprias da região e do
empreendimento.
No campo:
• Características especificas da obra
• Verificação de dados de projeto
• Fatores que apresentem influência direta na vazão do projeto
• Tipo de cobertura
• Ocorrências previas
• Intervenções antrópicas (qqr tipo de obra q possa ter alguma
influencia direta ou indireta)
• Para obras já existentes
• Grau de conservação
• Necessidade de manutenção
• Carga hidráulica encntrada
• Máximas de cheia
(IS 11/98 Instruções de serviço para projeto de drenagem e obras de arte
correntes)

80
A capacidade hidráulica dos bueiros é calculada pela equação da
continuidade associada à fórmula de Manning:
2⁄ 1
𝐴𝑥𝑅 3 𝑥𝐼 ⁄2
𝑄 = 𝐴𝑥𝑉 =
𝑛
Onde:
Q Vazão máxima admissível (m3/s)
A Área molhada da sarjeta (m2)
V Velocidade de escoamento (m/s)
R Raio hidráulico (m)
I Declividade da sarjeta
n Coeficiente de rugosidade

Tabela 4.2 - Coeficiente de rugosidade da equação de Manning (n)

Regimes de escoamento em canais:


• Regime crítico: ocorre o mínimo de energia;
• Regime supercrítico (rápido): (rápido): definido por ter uma
declividade superior à do regime crítico;
• Regime subcrítico: definido por uma declividade inferior à do
regime crítico.
De conhecimento da vazão afluente ao bueiro, é necessário que o mesmo
tenha capacidade de dar fluxo a esse fluido em movimento. Dessa forma, o
bueiro deve ser dimensionado para tal finalidade. O cálculo da vazão em cada
linha do bueiro é realizado em função da área molhada e do raio hidráulico da
seção e também do coeficiente de manning (depende do material constituinte
das paredes do bueiro) e de sua inclinação.
A Figura 4.6 ilustra a seção de um bueiro indicando que o Raio Hidráulico
é calculado em função da Área Molhada e do Perímetro Molhado.

81
Para o dimensionamento dos bueiros funcionando como orifício, deverão
ser utilizados nomogramas elaborados pelo “U.S. Bureau of Public Roads”
(figuras 4.28-4.30)

Figura 4.28 - Análise dos bueiros para dimensionamento

HW a altura da lâmina d’àgua na


boca montante do bueiro
D o seu diâmetro.

Para o dimensionamento de bueiros tubulares de concreto e bueiros


metálicos corrugados (ARMCO) com diâmetro até 1,20m a serem implantados
(novos), admite-se, no máximo, a relação HW/D=2
Para bueiros celulares e metálicos com diâmetro superior a 1,2 se admite
no máximo hw/d= 1,2
No dimensionamento de bueiros com controle de entrada pode ter um NA
acima da boca na montante se a altura do aterro permita, e exista uma boa
proteção no talude.
Para o estudo de aproveitamento de bueiros existentes pode se admitir
hw/d>2 para tubulares e HW/D>1,2 para celulares/galerias sempre que a lamina
da agua admissível esteja no máximo 50cm abaixo da cota do subleito.
Verificação na montante q não tenham problemas.
Exemplos da sua utilização podem ser encontrados nos vídeos.

82
Figura 4.28 - Carga Hidráulica Permissível a Montante (Tubos de Concreto - Controle de
Entrada)

83
Figura 4.29 - Carga Hidráulica Permissível a Montante (Bueiros Celulares de Concreto -
Controle de Entrada)

84
Figura 4.30 Carga Hidráulica Permissível a Montante (Bueiros Corrugados Metálicos - Controle
de Entrada)

85
4.21 CONSTRUÇÃO DE BUEIROS

4.21.1 Método destrutivo

Execução de bueiro com abertura de aterro pelo método convencional.

Figura 4.31 - Método destrutivo de construção de bueiros

4.21.2 Métodos não destrutivos

Os métodos não destrutivos não precisam da interrupção do tráfego para


sua implementação, sendo uma das grandes vantagens destas metodologias.
Entre os métodos não destrutivas se destacam:
• Túnel Liner
• Túnel Bala
• Pipe Jacking
• Sonda Dirigida
• NATM

4.21.2.1 Túnel liner

O tunnel liner é uma técnica para a abertura de túneis estruturados com


segmentos de aço corrugado. É indicado para a realização de obras
subterrâneas em diferentes tipos de solo, especialmente em áreas urbanas e ou
de difícil acesso. Nos últimos anos, várias aplicações foram desenvolvidas para
essa tecnologia: redes de esgotos, passagens de veículos e pedestres,
passagens de cabos de telefonia e energia, além de aplicações em obras
metroviárias e na mineração são alguns exemplos. Mas é especialmente em
obras de drenagem de águas pluviais que o sistema vem sendo utilizado. A

86
Engemape tem em seus cases diversas obras nas mais variadas aplicações por
todo o Brasil.

Figura 4.32 - Túnel liner

São estruturas de chapas de aço corrugadas unidas por parafusos


formando seções geométricas de forma circular, lenticular, elítica etc.
O Túnel Liner pode ser composto em aço carbono ou galvanizado. A
Túnel Liner está disponível em uma grande variedade de formas e tamanhos, de
um tamanho tão pequeno quanto 1,3 m de diâmetro até um máximo de 8 m de
diâmetro.

4.21.2.2 Túnel bala

São estruturas em concreto onde para sua construção são usadas peças
premoldadas em concreto de alto desempenho (F´c>=50MPa)

Figura 4.33 - Túnel bala

Desenvolvido pela Completa Engenharia, o Túnel Bala é um processo


não-destrutivo para a execução de obras subterrâneas com a utilização de peças
pré-moldadas em concreto de alto desempenho (CAD). O produto abrange

87
várias utilidades, por exemplo, pode ser usado como interceptor de esgoto
sanitário, bueiro para águas pluviais, passagem de pedestres, passagem de
animais, camisa de adutoras de água, rede de gás e de telecomunicações. O
concreto de alto desempenho garante ao produto maior capacidade estrutural,
durabilidade e resistência à corrosão e abrasão, o que, se tratando de obras de
saneamento, pode comprometer a utilização de túneis similares constituídos de
materiais metálicos.
O produto dispõe de várias seções que visam atender as mais diversas
necessidades de projeto, seja por capacidade hidráulica ou funcionalidade. As
seções variam de 0,80m x 1,40m, até 2,65m x 3,00m. Devido à flexibilidade
aplicada nas peças, o produto pode ser montado em curvas e sofrer desníveis.
Por se tratar de um método não-destrutivo, a implantação do Túnel Bala é feita
sem interrupção do tráfego, sob, por exemplo, ferrovias, rodovias, pistas de
pouso.

4.21.2.3 Perfuração dirigida

É um método construtivo, que permite ao responsável pela instalação de


redes de infraestruturas, optar pela execução sem a abertura de valas, avaliando
vantagens e desvantagens, quanto à intervenção no sistema de tráfego local,
espaço de trabalho, tempo e custos. As técnicas de perfuração guiada e
perfuração direcional (HDD) são usadas para instalação por método não
destrutivo de novas redes, dutos e cabos. O traçado da perfuração pode ser reto
ou ligeiramente curvo e a direção pode ser ajustada durante a execução do
serviço para contornar obstáculos, passar sob rodovias, rios ou ferrovias. A
perfuração pode ser executada entre poços pré-escavados de entrada e saída
ou a partir da superfície, fazendo-se a entrada da perfuratriz no solo em ângulo
suave. A instalação da tubulação final ou duto e, normalmente, uma operação
em duas etapas. Inicialmente, faz-se um furo piloto ao longo do percurso
planejado, que depois é alargado no sentido inverso para acomodar a tubulação
final. Durante esta segunda etapa, de alargamento, a tubulação final ou duto é
presa ao alargador através de uma conexão articulada, e é puxada para o furo
alargado à medida que a coluna de perfuração é removida.

88
Figura 4.34 - Perfuração dirigida

4.21.2.4 Pipe jacking

O tubo de cravação (ou pipe jacking) é o tubo cuja instalação é realizada


através do método não destrutivo (MND). Neste método são executados dois
poços de visita (um para emboque e outro para desemboque), capazes de
comportar a entrada do "Shield" (maquinário utilizado para execução do túnel) e
o "macaco hidráulico" (maquinário utilizado para empurrar os tubos, um posterior
ao outro).
Adotado com frequência em grandes centros urbanos em quase todo o
mundo, esse método passou a ter importância decisiva na execução das obras.
Consiste na execução túneis através da "cravação" de tubos de concreto de alta
resistência, destinados a vários tipos de redes de infraestrutura como: esgoto
sanitário e redes de telecomunicação, através de galerias técnicas, entre outros.
O pipe jacking permite a execução de obras em áreas urbanas
densamente ocupadas, sem que ruas sejam interditadas ou edificações
desapropriadas. Sua principal utilização se dá em lugares onde a paralisação do
trânsito local é impossibilitada.
Figura 4.35 - Pipe jacking

89
Por conta dos diferentes tipos e versatilidade dos equipamentos, é
possível executar a obra em terrenos arenosos, argilosos, com pedregulhos, na
presença ou não de água, podendo inclusive transpor múltiplos obstáculos
situados em superfície.
Os tubos de concreto destinados a esse tipo de instalação são
regulamentados pela Norma Brasileira ABNT NBR 15319 – Tubos de concreto
de seção circular, para cravação – Requisitos e Métodos de Ensaio e possuem
processo de fabricação diferenciado, visto que são produtos submetidos a
esforços diferentes dos tubos de concreto ordinários. O método da cravação de
tubos exige com que os tubos, além de serem dimensionados para suportar
esforços ao logo de seu diâmetro, tenham seu dimensionamento previsto
também para suportar esforços de compressão axial.

4.21.2.5 NATM

O método NATM é utilizado com sucesso na construção de túneis e


estações subterrâneas de grandes dimensões, isto através do descarregamento
do maciço em etapas;
Com as escavações constantes na execução de túneis, o ambiente
geralmente sai prejudicado. Ainda mais em locais urbanos, as obras deixam um
impacto negativo no espaço, que se vê enfraquecido ecologicamente.
Além do quesito sustentável, abrir grandes valas no centro urbano
acarreta em consequências para a população, uma vez que a locomoção é
dificultada.
Logo, esse tipo de método traz resultados negativos para a construção,
pois é um prejuízo tanto econômico quanto social. Fazer grandes escavações
requer maior número de equipamentos, mão de obra e até mesmo tempo.
Contudo, com o local sendo arriscado e movimentado, o atraso da obra pode se
tornar realidade, aumentando ainda mais o custo da construção!
Por isso, investir em métodos não destrutivos é uma saída eficaz e viável.
Nesse caso, essas técnicas utilizam de obras no subterrâneo, sem atrapalhar o
dia a dia dos indivíduos e mantendo uma maior economia. Dentre tantos
exemplos que se destacam, o método túnel natm é popular pela praticidade e
versatilidade.

90
O Novo Método Austríaco de Túneis (NATM), ou método túnel natm, é
uma técnica de construção de túnel que se diferencia das demais pela eficiência.
Ela é feita a partir de uma escavação parcial do maciço da rocha, na qual
uma estrutura de suporte, feita de concreto, é instalada. É como uma armadura
para estruturar o túnel!
O método túnel natm é eficaz também por ser economicamente favorável!
Entretanto, para fazê-lo é necessário de equipamentos e equipe qualificadas. Se
você ainda se pergunta qual empresa especialista deve confiar, a Mateus Lincoln
é o local ideal e com credibilidade no segmento!

Figura 4.36 - NATM

4.22 EXEMPLOS DE DIMENSIONAMENTO

Estes vídeos se encontram resolvidos nos vídeos adjuntos a este material.


• Dimensionar uma sarjeta de corte com os seguintes dados de entrada:
▪ Comprimento do corte de 140m
▪ Declividade longitudinal de 1%
▪ Largura disponível para a implantação da sarjeta 0,9m
▪ O segmento de corte é em tangente com uma semi-plataforma
5m
▪ Acostamento de 1m
▪ Maior altura de corte de 8m
▪ Revestimento em concreto acabado com desempenadeira
n=0,013
▪ Intensidade de precipitação de 145,3m/h
• Dimensionar uma sarjeta de corte com os seguintes dados de entrada
▪ Comprimento do corte de 140m
91
▪ Declividade longitudinal de 1,5%
▪ Largura disponível para a implantação da sarjeta 0,9m
▪ O segmento de corte é em tangente com uma semi plataforma
incluindo pista e acostamento de 5,5m
▪ Maior altura de corte de 6m
▪ Revestimento em concreto acabado com desempenadeira
n=0,015
▪ Intensidade de precipitação de 129,84m/h
• Dimensionar um bueiro (tubular, celular e metálico) para os seguintes
condicionamentos:
▪ Método racional A<=10km2
▪ Vazão calculada para TR50 23,83m3/s
▪ Aterro com altura total de 4,5m
▪ Tubos de concreto com encaixe macho e fêmea
▪ HW/D=2

92
5 UNIDADE 05 - DRENAGEM PROFUNDA

A drenagem profunda visa manter o lençol freático entre 1,5m a 2,0m


abaixo do subleito da rodovia. Então a função é retirar águas do interior do
pavimento e evitar que o mesmo se danifique.
O projeto de drenagem profunda tem como objetivo o dimensionamento
dos dispositivos e a especificação dos materiais mais adequados, para promover
a interceptação e/ou remoção, coleta e condução das águas provenientes do
lençol freático e da infiltração superficial nas camadas do pavimento, de modo a
garantir a vida útil estimada para o pavimento.
A visita técnica ao campo é de fundamental importância para a garantia
de um bom projeto.

5.1 PRINCIPAIS INDICADORES DA NECESSIDADE DE DRENAGEM


PROFUNDA

Os principais indicadores da necessidade de drenagem profunda são:


• Afundamentos em trilhas de roda (trecho pavimentado)
• Existência de vegetação característica de regiões úmidas, ex:
samambaia;
• Informações junto aos usuários da via de atoleiros no período
chuvoso;
• Altura dos cortes;
• A extensão e conformação da encosta de montante;
• Cursos d'água próximos ao trecho em estudo.

5.2 CLASSIFICAÇÃO DOS DRENOS

• Quanto ao local: corte em solo ou rocha


• Preenchimento da cava: sem tubo (cego) e com tubo
• Permeabilidade da camada superior: selado ou abertos
• Granulometria: contínuo (somente um material de enchimento)
descontínuo (material drenante e filtrante)
Os drenos profundos que são comumente utilizados em rodovias se
destacam:
• Dreno profundo longitudinal;

93
• Dreno espinha de peixe;
• Dreno sub-horizontal;
• Colchão drenante;
• Dreno subsuperficial de pavimento;
• Dreno de talvegue.

5.2.1 Dreno profundo longitudinal

A drenagem profunda visa manter o lençol freático entre 1,5m a 2,0m


abaixo do leito estradal com o intuito de evitar que o mesmo se danifique. É
usado para interceptar ou rebaixar o lençol freático, dessa forma a água
interceptada deverá ser conduzia para um local adequado. Devem ser instalados
nos trechos de corte, nos terrenos planos que apresentem lençol freático próximo
do subleito e Também nas áreas eventualmente saturadas próximas aos pés dos
taludes. A sua localização pode ser apresentada conforme a figura 5.1.

Figura 5.1 - Localização tipo dos drenos profundos longitudinais e transversais em curvas

A indicação de drenos longitudinais profundos é feita após análise


conjunta dos resultados de sondagens e ensaios, verificações da umidade
natural do solo x umidade ótima do subleito, informação das alturas do Nível de
Água e observação de campo. Em projetos de restauração além das análises
usuais deve se fazer uma análise conjunta com as medições da viga benkelman
e o análise da superfície do pavimento.
Na figura 5.2 se encontra algumas configurações usadas para filtros
longitudinais profundos para cortes em solo

94
Figura 5.2 – Configurações usadas para filtros longitudinais para cortes em solo

Na figura 53 se encontra algumas configurações usadas para filtros


longitudinais profundos para cortes em rocha

Figura 5.3 - Configurações usadas para filtros longitudinais para cortes em rocha

95
5.2.1.1 Recomendações para projeto em obras de implantação e
pavimentação

Nos procedimentos de sondagem a determinação da umidade natural do


solo e comparar com a umidade ótima (durante os períodos chuvosos, mas não
com chuva).
Caso seja feito no período seco, consulta com usuários do trecho ou
moradores da região e verificar indicadores de presença de lençol freático
Se é encontrada água nos procedimentos de sondagem, realizar 4
medições para verificação (no momento da sondagem, após 24h, 48h e 72h)
Após a sondagem, é necessário determinar a granulometria do solo,
(sedimentação) para determinar a granulometria ideal do dreno.
O dreno profundo sem selo é indicado quando a etapa construtiva do
pavimento é realizada imediatamente após a execução do dreno profundo (evita
contaminação)
A vala do dreno quando o solo for de predominância siltosa ou arenosa e
o material de enchimento for de brita, deverá ser envolvido com manta geotêxtil
não tecida, (filtro)
Em caso de material argiloso, não haverá necessidade da utilização de
manta geotêxtil não tecida para trabalhar como pré-filtro, dado a que se trata de
solo coesivo onde não haverá perda e carreamento de finos no escoamento do
fluxo do lençol freático.
O material do selo será constituído de solo predominantemente argiloso.
Nos projetos de restauração/reabilitação, além das recomendações
contidas no item anterior, devemos incorporar a análise conjunta dos resultados
das medições da deflexão do pavimento nos locais de corte e o inventário da
superfície do pavimento, NORMA DNIT 007/2003 – PRO.

5.2.1.2 Granulometria do material filtrante

A granulometria dos materiais filtrantes, e outras considerações, são


obtidas pelo processo de TERZAGHI, pelas determinações de BUREAU OF
RECLAMATION E SOIL CONSERVATION SERVICE, e no caso de geotêxteis
pelo método do COMITÊ FRANCES DE GEOTEXTEIS e geomembranas. Este
tema será mais explanado no Item 6.2 (figura 5.4).

96
Figura 5.4 - Critério de Terzagui para a determinação do material usado como filtro

85%

Solo a ser

% Passante
protegido
Material
‘ filtro
do

15%
D15 (solo) D85 (solo) Diâmetro dos grãos
D15máx. (filtro) =
D15mín. (filtro) = 4 a 5X D85 solo
4 a 5X D15 solo

5.2.2 Dreno espinha de peixe

São drenos destinados à drenagem de grandes áreas, pavimentadas ou


não. São usados em série, em sentido oblíquo em relação ao eixo longitudinal
da rodovia, ou área a drenar.
Geralmente são de pequena profundidade e, por este motivo, sem tubos,
embora possam eventualmente ser usados com tubos. Podem ser exigidos em
cortes quando os drenos longitudinais forem insuficientes para a drenagem da
área. Podem também ser projetados em terrenos que receberão aterros e nos
quais o lençol freático estiver próximo da superfície.
A distância entre as valas e o angulo de inclinação é função da declividade
do greide. Conforme as condições existentes podem desaguar livremente ou em
drenos longitudinais, conforme se vê na figura 5.5.

Figura 5.5 - Dreno espinha de peixe

97
5.2.3 Drenos sub-horizontais

Os drenos sub-horizontais são aplicados para a prevenção e correção de


escorregamentos nos quais a causa determinante da instabilidade é a elevação
do lençol freático ou do nível piezométrico de lençóis confinados.
No caso de escorregamentos de grandes proporções, geralmente trata-
se da única solução econômica a se recorrer.
Drenos instalados nos taludes de cortes ou aterros que visam
proporcionar o escoamento das águas retidas nos maciços de forma a aliviar o
empuxo, capaz de comprometer a estabilidade dos taludes (Figura 5.6). Estes
drenos geralmente são instalados no sentido ortogonal ao eixo.

Figura 5.6 - Drenos sub-horizontais

Os drenos sub-horizontais são aplicados para a prevenção e correção de


escorregamentos nos quais a causa determinante da instabilidade é a elevação
do lençol freático ou do nível piezométrico de lençóis confinados.
Os DHPs são executados perfurando-se quase horizontalmente (com um
ângulo aproximado de 5º de elevação com a horizontal) o talude a se estabilizar.
O processo para a execução do dreno sub-horizontal profundo é
semelhante ao de poços para rebaixamento de lençol freático. A diferença é que,
no caso do DHP, a condição é ser instalado horizontalmente. A técnica deve
seguir os seguintes passos:
• Preparação e montagem do DHP;
• Perfuração do maciço;
• Instalação de tubos de PVC;
• Ligação do DHP até a rede de drenagem existente e
tamponamento da boca do furo com selo de argila ou argamassa;
• Manutenção e limpeza periódica do DHP.

98
Deve se ter em conta que as características da drenagem são
dependentes das condições encontradas no campo (número de drenos,
espaçamento entre eles, comprimento do dispositivo, etc). Para sua utilização se
recomenda que estes sejam implantados na fase de terraplenagem.

5.2.4 Colchão drenante

O colchão drenante tem como objetivo drenar as águas existentes


situadas à pequena profundidade do corpo estradal, quando forem de volume tal
que não possam ser drenadas pelos drenos “espinha de peixe” (figura 5.7).

Figura 5.7 - Colchão drenante

Colchão drenante de corte em rocha tem a função de ser uma camada


bloqueadora, para proteção do pavimento das águas provenientes do lençol
freático que possa vir a surgir ao longo do tempo com escoamento direcionado
de baixo para cima.
Sua utilização em aterros sobre solos encharcados/saturado/mole terá as
seguintes funções:
• Auxiliar na estabilização do corpo do aterro;
• Ser uma camada bloqueadora em solos com propensão a
ascensão capilar, de forma a impedir que as águas possam chegar às camadas
superiores do aterro, causando danos ao pavimento com a redução de sua vida
útil.
A utilização dos colchões drenantes se dá:
• Nos cortes em rocha;
• Nos cortes em que o lençol freático estiver próximo ao terreno
natural;
• Nos aterros sobre terrenos impermeáveis.

99
A remoção das águas coletadas pelos colchões drenantes deverá ser feita
por drenos longitudinais. Será necessário também um dreno coletor transversal
que será implantado no término do colchão drenante para interceptar, coletar e
retirar as águas que escoam no sentido longitudinal.
Dimensionamento hidráulico
No procedimento do dimensionamento hidráulico considerar:
• O volume d'água que se infiltra no revestimento do pavimento
(porcentagem - C );
o Revestimento de concreto betuminoso: 0,33 a 0,50
o Revestimento de concreto de cimento: 0,50 a 0,67
• O tempo máximo que as águas infiltradas podem permanecer nas
camadas do pavimento e suas interfaces sem danificar sua estrutura.
o Tempo máximo de permanência das águas nas camadas do
pavimento - 1 hora

5.2.5 Dreno sub-superficial do pavimento

São dispositivos que tem como função receber as águas drenadas pela
camada do pavimento de maior permeabilidade conduzindo-as até o local de
deságue (figura 5.8).

Figura 5.8 - Dreno sub-superficial do pavimento

A indicação de dreno subsuperficial/dreno de pavimento é feita após


análise da permeabilidade das camadas do pavimento: revestimento, base, sub-
base e subleito.
Também para os projetos de restauração, devemos incorporar a análise
conjunta dos resultados das medições com Viga Benkelman e inventário da
superfície do pavimento - PRO-08 / DNER.
Quando o VMD-Volume Médio Diário de Tráfego de uma rodovia for maior
ou igual a 3.000(três mil) veículos e a solução de pavimento prever revestimento

100
com massa asfáltica, haverá necessidade do ensaio de permeabilidade das
camadas do pavimento.
São dois os tipos de Drenos sub-superficial de pavimento:
• Drenos laterais de base: são drenos longitudinais, devendo ser
posicionados no bordo do pavimento para dentro da sarjeta, abaixo da face
superior da camada de maior permeabilidade. Para diminuir o efeito do tráfego,
principalmente dos veículos pesados, que poderão provocar o afundamento no
local da vala do dreno pela impossibilidade de se obter uma compactação do
material de enchimento compatível com as camadas do pavimento, é
conveniente executar o dreno no bordo da pista para dentro da sarjeta.
• Drenos transversais São drenos que tem como função interceptar,
captar e conduzir as águas que, atravessam as camadas do pavimento e escoam
no sentido longitudinal.
A localização dos drenos sub-superficias dos pavimentos em curva pode
ser observada na figura 5.9.

Figura 5.9 - Localização dos drenos sub-superficiais dos pavimentos em curva.

5.3 EXERCÍCIOS DE DIMENSIONAMENTO

• Calcular um dreno cego com 1,0m de largura por 0,80 m de altura


da seção transversal, sendo a descarga necessária de 700m3/dia de 25m de
dreno. A declividade I= 0,01m/m. Qual deve ser o material usado (tabela 5.1)?

101
Tabela 5.1 - Valores de permeabilidade para diferentes materiais

𝑄
𝐾=
𝑖𝑥𝐴
Onde;
Q = vazão (m3/s/m)
A = área (m2)
i = gradiente hidráulico (m/m)
K = Coeficiente de permeabilidade
𝑚3
𝑄 28 /𝑚 3500𝑚
𝐾= = 𝑑 = = 4,05𝑐𝑚/𝑠
𝑖𝑥𝐴 0,01𝑥(1𝑥0,8)𝑚2 𝑑

Material selecionado: Brita 0


• Calcular a espessura da camada drenante de um dreno cego de
um pavimento com taxa de infiltração C=0,4, comprimento D=18m, declividade
I=1,5%, K= 3000mm/h e i=46,3mm/h

𝐶𝑥𝑖𝑥𝐷𝑥24
𝑒=
1000𝐾𝐼

Onde:
Q Vazão por m
i Intensidade da chuva mm/h
D Distância em m
C Constante adimensional
e Espessura da camada drenante
𝐶𝑥𝑖𝑥𝐷𝑖24 0,4𝑥46,3𝑥18𝑥24
𝑒= = = 0,1778𝑚 = 1778𝑐𝑚
1000𝐾𝐼 1000𝑥3000𝑥0,015
102
• Calcular o espaçamento entre as tubulações de linha de dreno para
rebaixar um lençol freático com altura h=2,70m, condutividade hidráulica do solo
K= 62mm/h, C=0,55 e i=46,3mm/h.
𝐶𝑥𝑖𝑥𝐴
q= 1

𝐾
𝑒 = 2ℎ √
𝑞

Onde:
K condutividade hid. do solo (m/s)
i Intensidade da chuva mm/h
C Adimensional
e Espessura da camada drentante
q contribuição da infiltração em 1 m2 de área sujeita à precipitação por metro
linear de dreno (m3/s/m)
k=62mm/h=(62/1000)/3600=1,722E-5
i=46,3mm/h=(46,3/1000)/3600=1,286E-5 m/s
q= (C x I x A)/ 1 m = 0,55 x 1,28E-5 x 1m2/1m=7,074E-6m3/s/m
E= 2 x h ( K /q )^0,5
E= 2 x 2,70x(1,722E-5 /7,07E-6)^0,5 = 8,433m

103
6 UNIDADE 06 - GEOSSINTÊTICOS, FILTROS E TENSÕES EFETIVAS

Neste capítulo são abordadas informações básicas referentes aos


geossintéticos, aos critérios utilizados para a seleção de materiais que serão
utilizados como filtro tendo em conta o material adjacente e as tensões efetivas.
Obviamente, dado o tema principal, será abordado com referência à água e aos
sistemas de drenagem.

6.1 GEOSSINTÉTICOS

Os geossintéticos podem ser definidos como sendo um produto planar,


oriundo de materiais poliméricos, usados em combinação com solos, rochas e
outros materiais relacionados como parte integrante de projetos. O termo
‘geossintético’ surgiu da necessidade de se agrupar um conjunto de produtos
industrializados, sintéticos e naturais, utilizados na resolução de problemas no
ramo da geotecnia. Estes materiais são muito utilizados em obras de engenharia
civil, (Obras de drenagem, estabilização de taludes etc). São materiais duráveis
e eficientes.
O plástico é a principal matéria prima dos geossintéticos. Os plásticos são
materiais orgânicos poliméricos sintéticos. De um modo geral podemos dizer que
são compostos por um polímero e aditivos. Os aditivos são adicionados ao
polímero com as funções de pigmento, estabilizante, plastificante e retardador
da combustão, dentre outras.
Os polímeros mais comuns, utilizados na fabricação dos plásticos são:
• Polietileno (PE);
• Polietileno de alta densidade (PEAD);
• Poliester (PES);
• Polipropileno (PP);
• Policloreto de Vinila (PVC);
• Álcool de polivinila (PVA);
• Poliamida (Nylon) (PA);
• Poliestireno (PS); e
• Politereftalato de etila (PET).
Estes materiais em aplicações de engenharia geotécnica poderão servir
para mais de uma função. Quando atua como filtro ou dreno, é importante que o

104
geotêxtil possua também resistência suficiente à ruptura para manter a
separação do solo com o material granular envolvido e facilitar o trabalho de
instalação do sistema no solo. Entre as funções mais destacadas destes
materiais se encontram:
• Drenagem
• Barreira
• Separação do solo
• Filtração
• Reforço
• Contenção de fluidos e gases
• Controle de Processos Erosivos
Os geossintéticos podem ser classificados genericamente em categorias
dependendo do processo de fabricação. A International Geosynthetics Society
(IGS, 2000) divulga as denominações usuais e breves descrições dos
geossintéticos que estão apresentadas a seguir:
• Geotêxtil:
o Geotêxtil tecido:
o Geotêxtil não tecido:
• Geogrelha:
• Georrede:
• Geomembrana:
• Geocomposto:
• Geocomposto argiloso (GCL):
• Geotubo:
• Geocélula:
• Geoexpandido
• Geospaçadores:

Geotêxtil

É uma manta contínua de fibras ou filamentos, tecido ou não tecido,


tricotado ou costurado. A manta é flexível e permeável. Cujas propriedades
mecânicas e hidráulicas permitem aplicações de separação, proteção, filtração,
drenagem, reforço e controle de erosões (figura 6.1.1).

105
• Geotêxtil tecido: é fabricado pelo entrelaçamento de fios, fibras ou
outros elementos, geralmente em ângulos retos. (fibras entrelazadas maior
resistência a tração) vendido em rolos e com diversas finalidades, entre elas:
o Reforço em solos
o Execução de muros de contenção
o Recapeamento de pavimentos
o Reforço do subleito de ferrovias
• Geotêxtil não tecido: é composto por fibras ou filamentos
orientados ou distribuídos aleatoriamente, ligados por processo mecânico,
químico ou térmico ou pela combinação destes. Com os mais diversos usos,
entre eles:
o Aplicação como camada separadora e confinante
o Melhorar tb a capacidade de suporte dos subleitos

Figura 6.1.1 - Geotextil tecido (a) e não tecido (b)

Geogrelha (GG):
É um material geossintético com forma de grelha. A principal aplicação
das geogrelhas é em reforço de solos. Cujas aberturas permitem a interação do
meio em que estão confinadas, é constituído por elementos resistentes a tração.
Esta geogrelha pode ser uniaxial, quando apresenta maior resistência em uma
direção ou biaxial, quando a resistência se apresenta em duas direções (figura
6.1.3).

Georrede:
É um material com aparência semelhante à das grelhas formados por
duas séries de membros extrudados paralelos, que se interceptam em ângulo
constante. Possui alta porosidade ao longo do plano, sendo usada para conduzir

106
elevadas vazões de fluidos ou gases. Este produto apresenta uma estrutura em
forma de grelha com a função predominante na drenagem Figura 3.1.3.

Figura 6.1.2 - Geogrelha uniaxial (a) ou biaxial (b)

Figura 6.1.3 – Geogrelha

Geomembrana:
É uma manta contínua e flexível constituída de um ou mais materiais
sintéticos. Possui baixíssima permeabilidade e é usada como barreira para
fluidos, gases ou vapores (figura 6.1.4)

107
Figura 6.1.4 – Geomembrana

Geocomposto:
É o geossintético formado pela associação de dois ou mais tipos de
geossintéticos como, por exemplo: geotêxtil-georrede; geotêxtil-geogrelha;
georrede-geomembrana ou geocomposto argiloso. Os geocompostos são
geralmente concebidos para uma função específica.
O geocomposto para drenagem usualmente possui um geotêxtil que atua
como elemento de filtro e de uma georrede ou um geoespaçador que atua como
elemento drenante (figura 6.1.5).

Figura 6.1.5 - Geocompostos usados para drenagem

Entre este grupo se encontra o Geocomposto argiloso para barreira


impermeabilizante (figura 6.1.6). O geocomposto fabricado com uma camada de
bentonita geralmente incorporada entre geotêxteis de topo e base ou ligada a
uma geomembrana ou a uma única manta de geotêxtil. Os geotêxteis que
compõem os GCLs geralmente são costurados ou agulhados através do núcleo
argiloso para aumentar a resistência interna do produto ao cisalhamento.
Quando hidratados, eles atuam efetivamente como barreira para líquido ou gás
e são comumente usados em aterros sanitários em conjunto com
geomembranas.

108
Figura 6.1.6 - Geocomposto argiloso

Geocomposto para reforço, GCR: é uma estrutura formada pela associação de


geossintéticos não similares desenvolvidos para a função de reforço.

Figura 6.1.7 - Geocomposto para reforço

Geotubo:
É um tubo polimérico, perfurado ou não, usado para drenagem de líquidos ou
gases, como no caso da coleta de chorume e gases em aplicações de aterros
sanitários. Em alguns casos, o tubo perfurado é envolvido por um filtro geotêxtil
(Figura 6.1.7).
Figura 6.1.7 - Geotubo

109
Geocélula:
É um arranjo tridimensional relativamente espesso, constituído por tiras
poliméricas. As tiras são soldadas para formar células interconectadas que são
preenchidas com solo e, às vezes, concreto.

Figura 6.1.8 - Geocélula

Geoexpandido:
são blocos ou placas produzidos por meio da expansão de espuma de
poliestireno para formar uma estrutura de baixa densidade. O geoexpandido é
usado para isolamento térmico, como um material leve em substituição a aterros
de solo ou como uma camada vertical compressível para reduzir pressões de
solo sobre muros rígidos (figura 6.1.9).

Figura 6.1.9 - Geoexpandido

Geospaçadores:
são materiais com estrutura tridimensional com grande quantidade de vazios,
para utilização em drenagem (Figura 6.1.10).

110
Figura 6.1.10 - Geospaçadores

Geobarra,GBA:
Produto em forma de barra com função predominante de reforço (Figura 6.1.11)
Figura 6.1.11 – Geobarra

Geomanta:
Produto com estrutura tridimensional permeável, usado para o controle de
erosão superficial do solo, também conhecido como biomanta, quando o produto
é biodegradável. (figura 6.1.12)

Figura 6.1.12 - Geomanta

6.1.2 Geossintéticos em diferentes funções


Os geossintéticos podem ser utilizados em muitas áreas da engenharia, e na
seguinte tabela se observa o tipo de geossintético e a sua utilização na
engenharia, tabela 6.1.1.

111
Tabela 6.1.1 - Tipos de geossintéticos e os seus principais usos na área de engenharia

Características Relevantes que devem possuir os geossintéticos:


• Resistência à Tração
• Rigidez à Tração
• Permeabilidade
• Resistência a Danos Mecânicos
• Durabilidade
• Susceptibilidade à Fluência
Dentre as propriedades que os geossintéticos devem possuir se
destacam:
• Ser capaz de resistir a esforços de puncionamento
• Ser capaz de resistir a esforços de tração localizada.
• Ser capaz de resistir e não propagar rasgos.
• Ser capaz de absorver esforços de compressão, por diminuição de
volume.
• Ser capaz de aumentar o atrito de interface entre os materiais que o
envolvem
• Ser permeável, permitindo o livre fluxo de fluidos.

6.1.2.1 Na drenagem

Quando conduz a água coletada do maciço de solo para um outro local


ou estrutura apropriada para a saída/coleta de água (Figura 6.1.13).

112
Figura 6.1.13 - Geossintéticos na drenagem

6.1.2.2 Como barreira

Nesse caso, a camada de geossintético tem a função de barrar ou


minimizar a passagem de fluidos ou gases (figura 6.1.14). Tal aplicação é de
particular importância em obras de proteção ambiental e em obras hidráulicas.
Geossintéticos podem também funcionar como barreiras de sedimentos em
obras de controle de erosões ou para retardar a movimentação de dunas.
Contenção de fluidos e gases: o geossintético atua como uma barreira
relativamente impermeável quando visa prover uma camada protetora contra
danos ou contaminação de materiais ou geossintéticos subjacentes. Por
exemplo, geomembranas, geocompostos, geocompostos argilosos (GCL) e
geotêxteis revestidos são empregados como barreiras para impedir o
escoamento de líquidos e gases. Além disso, podem ser utilizados na capa
asfáltica de pavimentos, no envelopamento de solos expansivos e na contenção
de resíduos.
Figura 6.1.14 - Geossintéticos com função de barreira

113
6.1.2.3 Filtração

Nesse caso, o geossintético desempenha papel similar a um filtro de areia,


permitindo a livre passagem de água através do solo enquanto retém as
partículas sólidas. Por exemplo, geotêxteis são empregados para evitar a
migração do solo para dentro do agregado drenante ou de tubulações, enquanto
mantém o fluxo do sistema (figura 6.1.15)

Figura 6.1.15 - Exemplos de uso de geossintéticos como filtro

6.1.2.4 Separação do solo

Quando colocados entre dois materiais granulometricamente diferentes,


impedindo a mistura de ambos. Por exemplo, geotêxteis são usados para evitar
que os materiais da base penetrem no solo mole de camadas subjacentes, assim
mantendo a espessura da camada de projeto e a integridade da estrada. O
geossintético também auxilia na prevenção da entrada de finos para o interior da
camada granular permeável das estradas (figura 6.1.15).

114
Figura 6.1.15 – Exemplo da utilização dos geossintéticos na separação de solos

6.1.2.5 Reforço

O geossintético atua como elemento de reforço inserido no solo ou em


associação com o solo para a melhoria das propriedades de resistência e de
deformação do solo natural. Por exemplo, geotêxteis são usados na massa de
solo de forma a possibilitar paredes de solo reforçado verticais ou
aproximadamente verticais. O emprego do reforço possibilita a construção de
aterros sobre fundações em solos extremamente moles, bem como de muros
íngremes impossíveis de serem viabilizados em solos não reforçados (figura
6.1.16).

Figura 6.1.16 - Utilização dos geossintéticos como reforço

6.1.2.6 Controle de Processos Erosivos

O geossintético trabalha para reduzir os efeitos da erosão do solo


causados pelo impacto da chuva e pelo escoamento superficial da água. Por
exemplo, mantas ou colchões de geossintéticos são dispostos ao longo do
talude. Barreiras de geotêxtil são também usadas na retenção de sedimentos
carreados durante o escoamento superficial. Algumas barreiras de controle de
processos erosivos são fabricadas com materiais biodegradáveis Figura 6.1.17.

115
Figura 6.1.17 - Uso dos geossintéticos no controle de processos erosivos

6.1.3 Propriedades dos geotêxteis em sistemas de drenagem e filtração

Os geotêxteis podem ter a função de filtração e/ou de drenagem. Quando


instalado entre um solo e o meio drenante, o geotêxtil tem a função de filtro.
Neste caso, este elemento deve permitir a livre passagem da água e ao mesmo
tempo reter as partículas de solo, o que é necessário para manter a sua
estabilidade. Na função de drenagem, o geotêxtil deve possibilitar a livre
passagem de fluidos através da sua espessura, no plano da manta.
Para que um filtro de geotêxtil possa reter satisfatoriamente os grãos de um solo,
algumas condições são requeridas:
• o solo deve estar em contato íntimo com o filtro de geotêxtil, não
havendo espaço aberto entre o solo e o geotêxtil onde as partículas possam se
mover ou acumular;
• o solo deve ter uma distribuição de tamanho de partículas contínua
e estar no estado denso, o que assegura uma união máxima entre as partículas
de solo.
• as aberturas do filtro de geotêxtil devem ser apropriadas.

Figura 6.1.18 - Aplicações de geotêxteis em obras de filtração e drenagem: (a) drenagem


subsuperficial, (b) adensamento de solo mole, (c) barragem de terra

116
Para a utilização de geotêxteis em obras geotécnicas, é fundamental a
sua caracterização para o reconhecimento dos seus aspectos físicos e posterior
definição da sua função apropriada. Sabe-se que as propriedades mais
relevantes para a aplicação de geotêxteis como dreno e/ou filtros são:
• Massa por unidade de área,
• Espessura,
• Porosidade,
• Rigidez e
• Arranjo estrutural dos filamentos.
A massa por unidade de área ou gramatura (MA). É um dos parâmetros
mais utilizados para identificação dos geotêxteis não tecidos e sua determinação
encontra-se normatizada pela norma brasileira NBR 12568
A espessura (tGT) é definida como a distância, expressa em milímetros,
entre duas superfícies rígidas paralelas que comprimem a amostra de geotêxtil
em dois níveis de carga pré-estabelecidos, que são: i) sobrecarga de 2 kPa –
espessura nominal; e ii) sobrecarga acima de 2 kPa – que representa tensões
mais próximas às condições de campo
A porosidade (nGT), geralmente expressa em porcentagem, é definida
como a relação entre o volume de vazios e o volume total da amostra. É uma
característica importante dos geotêxteis não tecidos, podendo ser relacionada
com a espessura e a gramatura
A rigidez, ou flexibilidade, geralmente expressa em kN/m, do geotêxtil está
relacionada à sua flexão sob seu peso próprio e indica a facilidade do mesmo
em se acomodar bem à superfície de trabalho
O arranjo estrutural dos filamentos influencia o tamanho de canais de fluxo
dentro do filtro e, consequentemente, o fluxo através do geotêxtil. Kenney et al.
(1984) definem o tamanho de constrição (Dc) como sendo o diâmetro da maior
esfera que passará através de uma abertura específica que, para o caso de
partículas esféricas,
A finalidade de um filtro em uma estrutura geotécnica é a de permitir a
passagem de fluidos, retendo a massa de solo de forma que o conjunto seja
estável. Quando o geotêxtil desempenha função de filtro, o escoamento de água
é normal ao plano da manta.

117
Em todas as aplicações dos geotêxteis em obra de engenharia, tais como,
estruturas hidráulicas, drenagem de rodovias ou drenagem de barragens, o
geotêxtil deve satisfazer os requisitos de permeabilidade e retenção do solo.
Estas propriedades, se adequadas, vão garantir a vida útil do sistema dreno-
filtrante (Van Zanten, 1986).
Um filtro deve ser suficientemente permeável para permitir a passagem
da água livremente.
Quando o geotêxtil trabalha como elemento de filtro é necessário
conhecer a sua permissividade. A permissividade é definida como a razão entre
a permeabilidade normal ao plano do geotêxtil e sua espessura
Quando há interesse na consideração de drenagem através do geotêxtil
é necessário conhecer a sua transmissividade. Transmissividade, caso o
geossintético seja também responsável pela condução do fluido ao longo de seu
plano para outra região, deve possuir valor de transmissividade suficiente para
que tal transmissão se de forma desimpedida e sem trabalhar sob pressão.

6.1.3.1 Propriedades mecânicas

Segundo Tatto (2010), as propriedades mecânicas são importantes em


diversas aplicações de geotêxteis, sendo que as mais relevantes são a
compressibilidade e resistência à tração. A compressibilidade é a medida do
decréscimo da espessura com a variação da tensão vertical, sendo muito
importante para os geotêxteis não tecidos, pois tem influência direta nas suas
propriedades hidráulicas. A resistência à tração de um geotêxtil é expressa em
termos de carga máxima de tração suportada pelo geotêxtil por unidade de
comprimento carregado. A rigidez à tração do geotêxtil é a relação entre uma
dada carga de tração aplicada e a respectiva deformação

6.1.3.2 Critérios de filtro

De uma forma geral, o mecanismo de funcionamento de um bom filtro


consiste em permitir o fluxo de água, simultaneamente à retenção das partículas
do solo base. Os critérios de filtro disponíveis, basicamente comparam
dimensões típicas de grãos do solo a serem retidos com a abertura de filtração
do geotêxtil. É importante ressaltar que a prática corrente negligencia os efeitos
da tensão normal atuante sobre a manta e da impregnação dos poros do

118
geotêxtil por partículas de solo, características que influenciam na capacidade
de retenção do filtro geotêxtil.
Mesmo assim, é possível encontrar um filtro que atenda a ambos os
critérios. Akagi (1994), analisando os critérios de filtros, apresenta quatro
critérios para o desempenho de filtros com geotêxteis:
• Retenção,
• Permeabilidade,
• Anti-colmatação e
• Durabilidade.
Este tema será abordado mais a profundidade no item 6.2 Critérios de
filtro.

6.1.3.3 Critério de retenção

Retenção do solo não significa prevenir totalmente a migração das


partículas de solo e, portanto, que as maiores aberturas do filtro sejam
necessariamente menores do que as menores partículas do solo.
A capacidade de retenção é uma característica do filtro em impedir que
as partículas o atravessem em decorrência da ação das forças de percolação.
No entanto, é aceitável a migração de uma pequena percentagem de partículas
através do solo a ser drenado e do filtro, assim como a retenção de algumas
partículas no interior do geotêxtil (John, 1987).
O critério de retenção é apresentado como uma relação entre o diâmetro
característico da partícula de solo e o tamanho de abertura de filtração do
geotêxtil.
Condições para que um filtro possa reter apropriadamente um solo:
• o solo deve possuir uma distribuição uniforme das partículas, ou
seja, o solo deve ser bem graduado, e se encontrar no estado denso, para que
se assegure uma perfeita interação entre as partículas;
• as aberturas do filtro de geotêxtil devem ser devidamente
selecionadas;
• o solo deve estar em contato íntimo com o filtro de geotêxtil, não
havendo espaço aberto entre o solo e o geotêxtil para onde as partículas possam
se mover ou acumular.

119
Quando as condições acima são satisfeitas e houver um fluxo d’água,
algumas poucas partículas, que não se encontram consolidadas na matriz do
solo, se movem em direção ao filtro geotêxtil e mesmo que não passem através
dele não poderão causar nenhum dano ao mesmo. Porém, se as condições
acima não forem satisfeitas, as partículas de solo que se deslocam devido ao
fluxo d’água, se não passarem através do geotêxtil, podem interagir com ele de
três formas diferentes:
• Cegamento (blinding),
• Bloqueamento (blocking) ou
• Colmatação fisica (clogging).
O cegamento, onde somente uma pequena parcela dos solos bloqueia
internamente os vazios do geotêxtil, enquanto as aberturas superficiais da manta
são fechadas por camada de partículas,
Bloqueamento geotêxtil pode perder consideravelmente a sua
permeabilidade devido ao fechamento dos vazios superficiais por partículas de
solo retidas.

6.1.3.4 Critérios de permeabilidade

Conceitualmente, o critério de permeabilidade baseia-se no fato de que o


geotêxtil deve proporcionar uma adequada capacidade de fluxo e também deve
ter uma permeabilidade suficientemente alta para prevenir algum excesso de
poropressão após sua instalação e funcionamento (Matheus, 1997).
A maioria das mantas, devido à sua porosidade e pequena espessura,
introduz pequena perda de carga hidráulica no sistema. Portanto, todos os
critérios de permeabilidade propostos são baseados no princípio de que a manta
deve ser suficiente permeável de modo a evitar o desenvolvimento de pressão
d'água e providenciar capacidade de fluxo adequada.

6.1.3.5 Critérios de colmatação

A colmatação física do filtro ocorre quando as partículas de solo se


acumulam sobre o filtro, ocasionando cegamento, ou ficam aprisionadas no seu
interior em grande quantidade, comprometendo totalmente o desempenho do
filtro, como se pode visualizar na Figura 2.20. O critério anti-colmatação exige
que a maioria das aberturas seja larga o suficiente para deixar passar as

120
partículas pequenas através do filtro de modo a que ele não colmate (Gardoni,
1995) (figura 6.1.19).

Figura 6.1.19 - Condição de colmatação física dos geotêxteis

6.1.3.6 Critério de durabilidade

O critério de durabilidade exige que o filtro seja resistente e durável para


sobreviver ao processo de instalação e às condições operacionais durante a vida
útil da obra (Akagi, 1994).
Os critérios usuais para filtros geotêxteis não consideram a influência da
tensão de compressão e nem a colmatação parcial dos filtros antes do início da
sua vida útil devido ao espalhamento e compactação do solo sobre a manta. As
atuais aplicações de geossintéticos em obras geotécnicas e de meio ambiente
requerem que o produto seja, em geral, usado em situações severas, tornando-
se necessária uma revisão geral dos critérios (Gardoni, 2000).

6.1.3.7 Colmatação biológica

Filtros de geotêxtil podem colmatar pelo crescimento orgânico ou


deposição de partículas inorgânicas por microrganismos (Gardoni, 1995). As
causas microbiológicas da colmatação são aquelas resultantes da colonização
microbiana no filtro.
As diversas formas sob as quais microrganismos podem provocar a
colmatação são apresentadas a seguir (Baveye et al.,1998 apud Remígio, 2006).
No acúmulo de células microbianas e seus produtos celulares as células
microbianas podem ocupar os espaços vazios por meio da formação de biofilmes
e formando agregados de células.

121
6.2 FILTROS DE PROTEÇÃO

Drenagem é a remoção natural ou artificial da água superficial ou sub-


superficial de uma determinada área. Sistemas drenantes que incorporam filtros
geotêxteis são capazes impedir a passagem de partículas finas de solo, além de
evitar a colmatação de filtros e drenos.
Entende-se por filtro algo que seleciona o que passa por ele, deixando
passar apenas o que não é filtrado, deixa passar a água mas faz a retenção de
algumas partículas.
Os filtros são empregados em obras hidráulicas de terra onde se deseja
reduzir o gradiente hidráulico com o uso de um material que ofereça menor perda
de carga (mais permeável).
O controle na passagem das partículas no filtro é necessário para reduzir
as forças de percolação responsáveis pelo arraste de partículas e capazes de
gerar processos de erosão interna (“piping’), porém deve se ter especial cuidado
de não comprometer a capacidade drenante do dispositivo.
Erosão interna — as forças de percolação superam a força de ligação
entre as partículas, deslocando os grãos através do maciço de solo. O fenômeno
é progressivo iniciando com o carregamento de finos e chegando a formação de
canais internos de grande diâmetro.
Materiais grosseiros (areias grossas e pedregulhos) determinam menor
perda de carga, entretanto tem vazios muito abertos que não oferecem barreira
física a erosão interna > devem ser seguidos critérios de seleção granulométrica
dos materiais.
Dessa forma para que os filtros trabalhem de forma apropriada dentro da
estrutura, precisam satisfazer os requisitos de permeabilidade e retenção do
solo. Estas propriedades, se adequadas, vão garantir a vida útil do sistema. Um
filtro deve ser suficientemente permeável para permitir a passagem da água
livremente, mas também impedir a passagem dos finos. Dessa forma devem ser
atendidos os requisitos de permissividade e transmissividade. Então, deve-se
encontrar um tamanho de grão apropriado para cada tipo de solo que se deseja
proteger.
No processo de dimensionamento dos filtros tem que ser considerados
dois critérios principalmente, então o filtro deve ser:

122
• Deve ser suficientemente fino para evitar a passagem das
partículas do solo adjacente pelos seus vazios e;
• Deve ser suficientemente grosso de modo a reduzir a perda de
carga.
Para isto, Terzaghi propôs critérios para projetos de filtro ainda hoje muito
aceitos:
• D15 (filtro) < 4 a 5 x D85 (solo) — para evitar a erosão interna;
• D15 (filtro) > 4 a 5 x D15 (solo) — para garantir menor perda de
carga.
Outra recomendação devido ao U.S. Corps of Engineers para garantir
redução de perda de carga:
• D50 (filtro) > 25 x D50, (solo)
Dessa forma, o critério de seleção de material para filtro segundo terzaghi
se encontra representado na figura 6.2.1.

Figura 6.2.1 - Critério de Terzagui para a determinação do material usado como filtro

85%

Solo a ser
% Passante

protegido
Material
‘ filtro
do
15%

D15 (solo) D85 (solo) Diâmetro dos grãos


D15máx. (filtro) =
D15mín. (filtro) = 4 a 5X D85 solo
4 a 5X D15 solo

A curva azul representa a curva granulométrica do material que está em


contato direto com o filtro e a área vermelha apresenta a região onde a curva
granulométrica do material a ser usado como filtro deve se encontrar, e dessa
forma são determinadas as características do material que vai ser usado como
filtro.

123
6.3 TENSÕES NO SOLO

Nos solos, ocorrem tensões devidas ao peso próprio e às cargas


aplicadas. Quando a superfície do terreno é horizontal, pode-se assumir que
a tensão atuante num plano horizontal em uma certa profundidade seja normal
ao plano.
As pressões neutras ou também chamadas de poropressão indicam a
pressão da água nos poros então a sua magnitude corresponde a pressão da
água que preenche os espaços vazios entre as partículas sólidas; em outras
palavras, a pressão q a agua aplica nas estruturas sólidas do solo, a qual é
fundamental no entendimento do comportamento dos solos, principalmente
quando são verificadas as tensões atuantes , porque a tensão efetiva ou que
realmente é suportada pelo solo depende diretamente da poropressão. Então a
tensão efetiva é a tensão total atuante menos a poropressão.
A poroporessão ou pressão neutra (µ) foi definida a partir do princípio das
tensões efetivas. Este princípio das tensões efetivas foi proposto por Terzaghi
em 1923, a partir de dados experimentais para explicar o comportamento de um
solo saturado quando submetido a um carregamento (Figura 6.3.1).

Figura 6.3.1 - Analogia mecânica do processo de adensamento proposto por Terzagui (1923)

V é uma válvula que P é a carga axial Válvula é aberta. Em qualquer momento


controla a facilidade e transmitida pelo A água escapa as forças exercidas pela
a dificuldade da água pistão. Aplica-se lentamente, o mola e pela água no
sair. Representa o uma carga P com a pistão desce, a pistão serão iguais. O
coeficiente de válvula fechada. mola comprime e processo continua até a
permeabilidade do Tem-se a água sob diminui a pressão carga ser suportada pela
solo. M é a mola, pressão. P/A devido da água e mola, sendo a pressão
a aplicação da da água devida somente

124
função análoga a carga P é suportada aumenta a tensão ao peso próprio. A mola
estrutura do solo; pela água. A força na mola resiste a carga. Não se
suportada pela transmite pressão a
mola é ainda nula; água. Nível de equilíbrio
da água

A partir da campanha experimental foi proposto:


σ = σ’ + µ
Onde:
σ tensão total em um plano dentro da massa de solo,
µ é a pressão da água nos poros,
σ’ é a tensão efetiva no plano.
A tensão total em um plano dentro da massa de solo e é a força por
unidade de área transmitida na direção normal através do plano, imaginando que
o solo seja um material sólido (fase única); tensão do solo seco mais a pressão
da água. A pressão da água nos poros, também chamada de poropressão ou
pressão neutra é a pressão da água que preenche os espaços vazios entre as
partículas sólidas. E tensão efetiva no plano, representando a tensão transmitida
apenas através do esqueleto do solo.
Para Terzaghi no solo, que é composto por três fases físicas (sólidos,
líquidos e gases), as tensões normais (ocasionadas, por exemplo, pela
construção de uma edificação) são transmitidas parte ao esqueleto sólido e parte
à água. Isso foi observado utilizando-se a analogia mecânica de Terzaghi.
Este princípio encontrado por Terzagui baseia a lei fundamental que rege o
fenômeno do adensamento das camadas de solo. Poderíamos dizer que se trata
de uma das equações mais importantes da Mecânica dos Solos.
Dessa forma, os valores das tensões correspondentes são determinados
através das características do material e da profundidade em análise. Isto é,
tendo em conta o seu peso específico e a altura. Para o caso da água, a equação
utilizada é:
µ = γw x hw
Onde:
γw Peso específico da água (10 kN/m3);
hw Altura de coluna de água.

125
Caso o material a ser analisado seja um solo, só seria necessário a
utilização do peso específico do solo.
De uma forma geral, de acordo com a analogia mecânica de Terzaghi, o
carregamento imposto ao solo (solo saturado), devido a construção de obras, é
transmitido da seguinte forma:
• Inicialmente (imediatamente após a construção da obra) a carga é
transmitida à água que preenche os vazios do solo, gerando um acréscimo da
pressão neutra (Δµ);
• Com a saída da água do subsolo ocorre a dissipação do excesso
de pressão neutra e a carga passa a ser suportada pelas partículas sólidas do
solo. Com a saída da água, a camada de solo apresenta uma diminuição do seu
volume e ocorre o recalque por adensamento.
O recalque por adensamento pode ser rápido ou demorado, dependendo
da granulometria do solo presente no subsolo. Se for uma argila o recalque
ocorre de forma mais lenta, visto a sua baixa permeabilidade, o que dificulta a
saída da água do solo e, consequentemente, dificulta a ocorrência do recalque.
Para a determinação da poropressão em obras de engenharia civil, tais
como maciços de terra, taludes e fundações é utilizado um piezómetro (figura
6.2). O sistema é constituído de um tubo de PVC cuja extremidade inferior se
situa um elemento poroso (bulbo ou célula piezométrica), através do qual a água
penetra formando uma coluna d’água no interior do tubo equivalente a pressão
intersticial atuante na região onde se situa o bulbo poroso.
A pressão é quantificada a partir da medida da coluna d’água dentro do
tubo guia, a qual é feita com um sensor de nível d’água portátil ou por um
piezômetro de corda vibrante.

Figura 6.3.2 - Piezometro

126
Exemplos de aplicação:
Determinar µ:
Adotar hw igual a 5m e γw igual a 10 kN/m3. Pelo SPT, por exemplo, é
determinado em campo o nível da água. O hw a corresponde a altura da coluna
d´água, que vai da superfície do terreno até o ponto de interesse.
µ = γw x hw
µ = 10 x 5
µ = 50 kN/m2
Determinar as tensões efetivas e a variação da pressão neutra da
seguinte configuração de solo para o ponto D:

Figura 6.3.3 - Estrutura de solo

Tabela 6.3.1 - Determinação das Tensão total


Camada Profundidade σ (KN/m2)
1 2,80 17 x 2,80 = 47,60 47,60
2 7,00 19 x 4,20 = 79,80 127,40
3 9,50 21 x 2,50 = 52,50 179,90

Tabela 6.3.2 - Determinação da pressão de poros e da tensão efetiva


µ (KN/m2) σ’ (KN/m2)
9,50 x 10,00 95,00 84,90
9,00 x 10,00 90,00 89,90
8,50 x 10,00 85,00 94,90
8,00 x 10,00 80,00 99,90
7,50 x 10,00 75,00 104,90
7,00 x 10,00 70,00 109,90
6,50 x 10,00 65,00 114,90
6,00 x 10,00 60,00 119,90
5,50 x 10,00 55,00 124,90
5,00 x 10,00 50,00 129,90
4,50 x 10,00 45,00 134,90
4,00 x 10,00 40,00 139,90
3,50 x 10,00 35,00 144,90
3,00 x 10,00 30,00 149,90
2,50 x 10,00 25,00 154,90
2,00 x 10,00 20,00 159,90
1,50 x 10,00 15,00 164,90
1,00 x 10,00 10,00 169,90
0,50 x 10,00 5,00 174,90
0,00 x 10,00 0,00 179,90

127
Gráfico 6.3.4 - Gráfico da evolução das tensões com a variação da profundidade

100 200
90 180
80 160
70 140

σ’ (KN/m2)
60 120
µ (KN/m2)

50 100
µ (KN/m2)
40 80
σ’ (KN/m2)
30 60
20 40
10 20
0 0
0 2 4 6 8 10
H (m)

128
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NOTAS SOBRE O AUTOR

Possui formação como Engenheiro Civil na Universidade Francisco de Paula


Santander (Colômbia) no ano de 2001. É Mestre em Engenharia Civil na área de
concentração de Infra-Estrutura e Gerência Viária pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Doutor na área de pavimentação na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) focado no tema de asfaltos mornos. Possui
experiência profissional em áreas como topografia, construção civil, desenho e
projetos de redes hidráulicas e sanitárias e tem especialidade na área de
pavimentação.

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