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GEOTÉCNICA E FUNDAÇÕES

AULA 07 – FUNDAÇÕES
PROFUNDAS -CAPACIDADE DE
CARGA

Profa: Paloma Medeiros


INTRODUÇÃO

• Entendimento da capacidade de carga de estacas em termos


geotécnicos;
• Consideremos uma estaca qualquer, de comprimento L, instalada no solo;
• Na sua cabeça, vamos aplicar uma
força vertical P, de compressão,
progressivamente aumentada;
• Adesão ou atrito lateral;
• Resistência de ponta.
INTRODUÇÃO

• Capacidade de carga – Máxima resistência que o sistema pode


oferecer ou do valor de ruptura do sistema, em termos geotécnicos;
• CUIDADO!!
• Não há relação com
despedaçar ou quebrar a
fundação. O que ocorre é o
recalque incessante da estaca.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

• Estaca pré-moldada de concreto;


• Perfis metálicos (tipos I, H, etc) e trilhos;
• Estacas Franki Valores usuais de V em função do diâmetro do tubo
Franki

Diâmetro do tubo (cm) Volume da base (m³)

φ35 0,18
Φ40 0,27
Φ45 0,36
Φ52 0,45
φ60 0,60
INTRODUÇÃO

• Parcela de atrito

• Seja U = perímetro do fuste (πD ou 4D)


INTRODUÇÃO

• R é, portanto, uma resistência máxima disponível, e toda vez


que se aplica uma carga P, inferior a R, temos uma
mobilização parcial da capacidadede carga, restando uma
espécie de reserva de resistência.
INTRODUÇÃO

• Pode haver casos em que predomina a parcela de atrito


lateral – Estaca de atrito ou estaca flutuante;
• Resistência lateral desprezível – Estaca de ponta;
• A capacidade de carga de estacas pode variar com o tempo
e com o teor de umidade (solos colapsíveis)
FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em argilas;
• Estacas em areias.
FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em argilas;
• No caso de solo argiloso, rL representa a tensão de adesão do solo ao
fuste da estaca, em termos de valor local, para um segmento qualquer
da estaca, e pode ser calculada em função da própria coesão não
drenada (c’) da argila situada ao redor desse segmento:

• α = fator de adesão entre solo e estaca.


FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em argilas;

• α = fator de adesão entre solo


e estaca.
FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em argilas;

• Na prática, geralmente o terreno se apresenta estratificado com valores


distintos de coesão.
FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em argilas;
• A resistência de ponta (rP) pode ser considerada como a capacidade de
carga de uma fundação direta de mesma base, que, em solos argilosos,
pode ser calculada pela equação de Skempton (1951):

• q – sobrecarga (tensão vertical efetiva na cota de apoio da base da


estaca);
• Nc – fator de capacidade de carga que pode ser considerado igual a 9 para
fundações profundas
FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em areias;
• σh = tensão horizontal no segmento da estaca;
• tg δ – coeficiente de atrito estaca solo;
• δ – ângulo de atrito entre o solo e a estaca

Entretanto...
• O atrito lateral local não cresce indefinidamente com a profundidade.
Atingindo um valor crítico na profundidade de 10 ou 20 vezes o diâmetro
da estaca.
FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em areias;
• O K depende de:
• O tipo de estaca;
• O grau de perturbação que a sua execução provoca no maciço de solo

Estaca K δ
Areia fofa Areia compacta
Metálica 0,5 1,0 20º
Pré-moldada de 1,0 2,0 ¾φ
concreto
Madeira 1,5 4,0 2/3 φ
FÓRMULAS TEÓRICAS

• Estacas em areias;
• A resistência de ponta na iminência de ruptura (rP) pode ser interpretada
como a capacidade de carga de uma fundação direta de mesma base, a
qual, em areias puras, é dada pela equação:
MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS

• Fórmulas téoricas geralmente não são confiáveis;


• Método Aoki-Velloso (1975);
• Método Décourt-Quaresma (1978);
• Método Teixeira (1996).
MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS

• Método Aoki-Velloso (1975);

F1 e F2 são fatores de correção que levam em conta o efeito escala, ou


seja, a diferença de comportamento entre a estaca (protótipo) e o cone
do CPT (modelo), além da influência do método executivo.
MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS

• Método Aoki-Velloso (1975);


MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS

• Método Aoki-Velloso (1975);


MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS

• Considerando estacas pré-moldadas de concreto centrifugado,


com diâmetro de 0,33 m, carga de catágolo de 750 kN e
comprimento de 12 m, cravadas em local cuja sondagem com
NSPT é representada na figura a seguir com a ponta à cota -13
m. Fazer a previsão da capacidade de carga dessa fundação
utilizando o método de Aoki-Velloso.
EXERCÍCIO 01
• Considerando estacas pré-moldadas de
concreto centrifugado, com diâmetro de 0,33
m, carga de catágolo de 750 kN e
comprimento de 12 m, cravadas em local cuja
sondagem com NSPT é representada na
figura ao lado com a ponta à cota -13 m.
Fazer a previsão da capacidade de carga
dessa fundação utilizando o método de Aoki-
Velloso.
Método Décourt-Quaresma (1978)
• As parcelas de resistência (RL e RP) da capacidade de carga (R)
de um elemento de fundação por estaca são expressas por:

• Estimativa da tensão de adesão ou de atrito lateral (rL) é feita


com o valor médio do índice de resistência à penetração do SPT
ao longo do fuste. Os limites são NL ≥ 3 e NL ≤ 15.
Método Décourt-Quaresma (1982)
• Décourt (1982) transforma os valores tabelados na expressão:

• E estende o o limite superior de NL = 15 para NL = 50 para


estacas de deslocamento e estacas escavadas com bentonita,
mantendo NL ≤ 15 para estacas Strauss e tubulões a céu
aberto.
Método Décourt-Quaresma (1982)
• A capacidade de carga junto à ponta ou base da estaca (rP) é
estimada pela equação:

• NP = valor médio do NSPT na ponta ou base da estaca.

Tipo de Solo C (kPa)


Argila 120
Silte Argiloso 200
Silte Arenoso 250
Areia 400
Método Décourt-Quaresma (1996)
• Décourt (1996) introduz fatores α e ß, respectivamente nas
parcelas de resistência de ponta e lateral, resultando a
capacidade de carga em:
Método Décourt-Quaresma (1996)
EXERCÍCIO 02
• Considerando estacas pré-moldadas de
concreto centrifugado, com diâmetro de 0,33
m, carga de catágolo de 750 kN e
comprimento de 12 m, cravadas em local cuja
sondagem com NSPT é representada na
figura ao lado com a ponta à cota -13 m.
Fazer a previsão da capacidade de carga
dessa fundação utilizando o método de
Décourt- Quaresma.
Método Teixeira (1996)
• Teixeira (1996) propõe uma espécie de equação unificada
para a capacidade de carga, em função de dois parâmetros, α
e ß:

• NP - Valor médio do índice de resistência à penetração medido no


intervalo de 4 diâmetros acima da ponta da estaca e 1 diâmetro abaixo;
• NL – valor médio do índice de resistência à penetração ao longo do fuste
da estaca.
Método Teixeira (1996)
Método Teixeira (1996)
• ATENÇÃO !!
• O método não se aplica ao
caso de estacas pré-
moldadas de concreto
flutuantes em espessas
camadas de argilas moles
sensíveis, com NSPT
normalmente inferior a 3.
EXERCÍCIO 03
• Considerando estacas pré-moldadas de
concreto centrifugado, com diâmetro de 0,33
m, carga de catágolo de 750 kN e
comprimento de 12 m, cravadas em local cuja
sondagem com NSPT é representada na
figura ao lado com a ponta à cota -13 m.
Fazer a previsão da capacidade de carga
dessa fundação utilizando o método de
Teixeira (1996).
Efeito de Grupo
• Elemento isolado de fundação por estaca;
• A maioria das fundações por estacas, porém, emprega grupos,
geralmente de 2 a 9 estacas;
Efeito de Grupo
• De acordo com a forma de execução daquele elemento de
fundação, e do tipo de terreno, o efeito de grupo pode ser
benéfico ou o contrário;
• Elementos de fundação executados muito próximos – o solo não
participa do atrito lateral das estacas internas:
a) Soma das capacidades individuais;
b) Elemento único, com uma base igual à área do grupo e uma
superfície lateral igual à superfície externa do grupo.
Efeito de Grupo
• A capacidade de carga do grupo pode ser diferente da soma
dos valores de capacidade de carga dos elementos isolados
que o compõem.

Rg – capacidade de carga do grupo de estacas;


Ri – capacidade de carga do elemento isolado de fundação.
Efeito de Grupo
• Depende:
1. Da forma e tamanho do grupo;
2. Espaçamento entre estacas;
3. Tipo de solo;
4. Tipo de estaca;
Na resistência do grupo de estacas também há a
contribuição do prório bloco de coroamento das estacas
Outros tipos de carregamento
• Estacas tracionadas – “O atrito lateral a tração é cerca de
70% do atrito lateral a compressão. A resistência de ponta
é nula.” Velloso (1981);
• Cargas horizontais – estacas inclinadas (desde que o ângulo
que a força resultante faz com a vertical seja inferior a 5º)
Atrito Negativo
• A camada adensável, em vez de contribuir com o atrito
lateral resistente (positivo) passa a gerar acréscimo de
solicitação vertical na estaca, de cima para baixo.
Efeito Tschebotarioff
• Povocado por sobrecargas unilaterais na superfície, caso
típico dos aterros de acesso de pontes, de galpões
industriais e de armazéns graneleiros;
Carga Admissível

• Utilizamos o valor médio de capacidade de carga (Rméd) introduzindo o


conceito de carga admissível (Pa):
Carga de Catálogo
Metodologias de projeto

• Todo projeto de fundações por estacas culmina com a previsão da cota


de parada das estacas e a fixação d carga admissível;
• Metodologias desenvolvidas por Aoki e Cintra (2000)
Metodologias de projeto
Metodologia 1
• Tipo de estaca escolhido; Correspondente
carga de
• Diâmetro ou seção transversal do fuste catálogo
• Adotamos a carga admissível como sendo a própria carga de catálogo
e, multiplicando pelo fator de segurança, obtemos o valor necessário da
capacidade de carga;
• Em seguida, por tentativas, e utilizando um dos métodos semiempíricos,
procuramos o comprimento da estaca (L) compatível com essa
capacidade de carga:
Metodologia 2

• Uma limitação do equipamento pode impor um comprimento máximo


(Lmáx) exequível para a estaca;
• A posição do nível d’água pode caracterizar uma profundidade
máxima, dependendo do tipo de estaca;
• Adotamos o comprimento da estaca como sendo esse valor máximo;
• Calculamos a capacidade de carga por um dos métodos semiempíricos
e, aplicando o fator de segurança, chegamos à carga admissível:
Metodologia 3
• Para cada tipo de estaca há uma faixa de valores NSPT que provocam a
parada da estaca, por causa da ineficiência do equipamento a partir
desses valores;
• Na sondagem contemplamos os valores de NSPT que estão dentro desse
limites (Nlim), os quais indicam as prováveis cotas de parada da estaca
ou os seus prováveis comprimentos;
• Para cada um desses comprimentos, calculamos a capacidade de carga
e a carga admissível:
Exercício 04

• Para os mesmos dados do exercício 03, determinar a carga admmissível


do estaqueamento:
a) Considerando que 12 m é o máximo comprimento disponível dessa
estaca, e que, por opção didática, não haverá emenda de estaca;
b) Considerando a possibilidade de emendar as estacas.
Exercício 04
Exercício 04

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