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E CONCRETOS
EAD
DIRIGENTES FICHA TÉCNICA
| PRESIDÊNCIA | AUTORA
Prof. Dr. Clèmerson Merlin Clève Profa. Me. Talita Soares de Andrade
| PROJETO GRÁFICO
| DIRETORIA ACADÊMICA EAD Esp. Janaína de Sá Lorusso
Profa. Me. Daniela Ferreira Correa Esp. Cinthia Durigan
| ORGANIZAÇÃO
NEAD (Núcleo de Educação a Distância) -
UniBrasil
| IMAGENS
Shutterstock
EAD
EDIÇÃO: JULHO/2021
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS.......................................................................................97
UNIDADE
01
ROCHAS E AGREGA-
DOS UTILIZADOS NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 01
racterísticas, obtenções, materiais constituintes, dosagens, controle tecnológico e manifestações
patológicas que podem vir a surgir ao longo de suas vidas úteis, sempre com enfoque nos aspectos
que os diferenciam, como suas propriedades e utilizações. Para que dessa forma, você, futuro pro-
fissional, poderá fazer a escolha correta da utilização desses materiais em obras de construção civil.
Desta forma, iniciaremos nossos estudos conhecendo um pouco sobre as rochas que são utili-
zadas como materiais de construção. Através delas, encontramos as matérias-primas responsáveis
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Direcionando esse conteúdo diretamente para as rochas, como parte da construção civil, pode-
mos destacar duas finalidades:
» Local de instalações de obras: as rochas podem ser utilizadas como fundações de obras, como
material de base para túneis, galerias, barragens, pavimentação entre outros.
UNIDADE 01
» Material de construção: podem dar origem a britas, areia, componentes de misturas cerâmi-
cas, pedras para revestimento ou ornamentais, matérias-primas da cal e do cimento, são origi-
nários de rochas estudadas pela geologia.
Segundo Bauer (2008), cada rocha tem suas características próprias que influenciam no seu
comportamento, propriedades e aplicações. Um determinado material é conhecido e identificado
por suas propriedades e por seu comportamento perante agentes exteriores. Bauer (2008) define
Como o foco desta disciplina é a aplicação das rochas de forma correta na construção civil, não
vamos nos aprofundar na análise completa de todas essas propriedades, porém, é interessante
conhecer alguns dos principais minerais que compõem as rochas que exemplificaremos e que po-
dem ser utilizadas na construção civil.
Segundo Bauer (2008), tem-se algumas classificações quanto ao tipo das rochas, veremos a seguir.
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composta por um ou mais minerais, dispostos segundo as condições de temperatura e pressão
existentes durante sua formação. Quanto à origem, as rochas se classificam em ígneas ou magmá-
ticas, sedimentares e metamórficas. Dentro desses grupos, de forma geral, a textura e a compo-
sição mineral são os critérios para a identificação dos diferentes tipos de rochas (BAUER, 2008).
UNIDADE 01
1.1.1 ROCHAS ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS
Segundo Bauer (2008), esses tipos de rochas são formadas a partir da consolidação do magma
em profundidade (rocha ígnea plutônica) ou em superfície (rocha ígnea vulcânica). Quando o mag-
ma resfria lentamente, usualmente em grandes profundidades, ocorre a cristalização de minerais
formando as rochas plutônicas cuja granulometria varia de fina (milimétrica) à grossa (até 3 cm).
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» Ardósia: É uma rocha de granulação extremamente fina com boa clivagem, normalmente utili-
zada na construção civil como revestimento;
» Mármore: O calcário metamórfico é amplamente utilizado como rocha ornamental;
» Quartzito: é derivada do metamorfismo do arenito, formada quase exclusivamente de quartzo,
UNIDADE 01
é considerada fonte de agregados de alta qualidade.
Segundo Bauer (2008), por metamorfismo as rochas naturais sofrem as seguintes alterações:
• Os calcários transformam-se em mármores;
• Os arenitos em quartzitos;
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SAIBA MAIS
Geologia é a ciência que estuda a origem, os processos de formação, a estrutura e a composição
da crosta terrestre. Existe uma parte da geologia que estuda os processos de formação das ro-
UNIDADE 01
chas, que em sua maioria, são resultado das forças da natureza que podem ser provenientes da
dinâmica interna ou externa da Terra.
2. AGREGADOS
2.1 DEFINIÇÕES
Ainda segundo Bauer (2008), têm-se algumas definições de materiais, que são considerados agregados:
» Areia: é um agregado miúdo que pode ser originário de fontes naturais como leitos de rios,
bancos e cavas ou de processos artificiais como a britagem de rochas. Quando é proveniente
de fontes naturais, a extração do material, na maioria dos casos, é feita por meio de dragas
e processos de escavação e bombeamento. Independente da forma de extração, o material
passa por processos de lavagem e classificação antes de ser comercializado. Se as areias forem
de origem artificial, normalmente são provenientes de britagem de rochas. Como material de
construção, a areias podem ser utilizadas para a confecção de argamassas, concretos em geral,
pavimentos rodoviários, base de paralelepípedos, confecção de filtros para tratamento de água
e efluentes, entre outras aplicações da engenharia civil;
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» Pedra brita: é um agregado originado da britagem ou diminuição de tamanho de uma rocha
maior, que pode ser do tipo basalto, granito, gnaisse, entre outras. O processo de britagem dá
origem a diferentes granulometrias que são utilizadas nas mais diversas aplicações. De acordo
com a dimensão que a pedra adquire após a britagem, recebe nomes diferentes. Bauer (2008)
apresenta a definição dos principais produtos do processo de britagem:
UNIDADE 01
• Brita: material obtido a partir de rochas compactas que se encontram em jazidas, e passam
pelo processo industrial de fragmentação da rocha maciça;
• Rachão: agregado constituído do material que passa em um equipamento chamado britador pri-
mário e é retido na peneira de 76 mm. É a fração acima de 76 mm da bica-corrida primária. O ra-
chão também é conhecido como “pedra de mão” e geralmente tem dimensões entre 76 e 250 mm;
SAIBA MAIS
A escória de alto-forno possui uma massa específica semelhante ao dos cimentos devido em
especial a sua composição química e mineralógica. Além disso, apresenta-se como um material
inerte, podendo ser utilizado dessa forma, como material suplementar ao agregado natural para
a produção de concretos e argamassas.
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2.2 CLASSIFICAÇÃO
UNIDADE 01
» Naturais: são areias originárias do leito dos rios (chamadas de areia lavada) ou areias explora-
das em outros locais (chamadas de areias de barranco ou de mina);
» Artificiais: são os agregados obtidos por processos industriais, tais como: argila expandida, ver-
miculita, pó de alumínio, entre outros.
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2.3 FABRICAÇÃO
Como exemplo de obtenção de agregados temos o processo de fabricação da brita, começa-se
com a extração dos blocos das rochas, que são fragmentos de rochas retirados das jazidas, com
dimensões acima de 1 m. A figura 4 mostra um local de extração de calcário como exemplo.
UNIDADE 01
FIGURA 4 – PEDREIRA DE CALCÁRIO
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Petrucci (1982) apresenta uma classificação que se aproxima dos tamanhos comerciais dos
agregados, conforme tabela 2 na sequência.
UNIDADE 01
NÚMERO
MINÍMO MÁXIMO
0 4,8 9,5
1 9,5 9,5
2 9,5 25,0
3 25,0 50,0
4 50,0 76,0
A figura 5 demonstra um esquema do processo de britagem, com a obtenção dos produtos finais.
VÍDEO
Segue uma indicação de vídeo como aprofundamento de conteúdos quanto ao processo de fa-
bricação de britas.
Disponível em: https://bit.ly/3wshZm0. Acesso em 01/03/21.
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2.4 PROPRIEDADES FÍSICAS DOS AGREGADOS
Conhecer as características e as propriedades dos agregados é de grande importância para defi-
nir seus usos mais adequados e o que se podem fazer deles. Nos subtópicos a seguir são apresen-
tadas as principais propriedades físicas dos agregados, dos quais grande parte também é avaliada
UNIDADE 01
por meio de ensaios previstos em normas técnicas.
2.4.1 GRANULOMETRIA
O ensaio de granulometria de um agregado (NBR NM 248:2003) tem como finalidade deter-
minar o percentual de grãos retidos e acumulados nas peneiras padronizadas pela ABNT e definir
Bauer (2008) define tais classificações para os agregados graúdos, na tabela 3 a seguir:
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TABELA 3 – CLASSIFICAÇÕES DOS AGREGADOS GRAÚDOS
UNIDADE 01
(pré-moldados), chapiscos e brita graduada para base de pistas.
Pode ser utilizada na confecção de massa asfáltica e concretos em geral:
Brita 1 9,5 mm a 19 mm lajes pré-moldadas, estruturas de ferragem densa, artefatos de concreto
(pré-moldados), chapiscos e brita graduada para base de pistas.
Brita 2 19 mm a 25 mm Pode ser aplicado na confecção de concretos em geral, drenagem e argamassas.
Pode ser utilizada no reforço de subleitos para pistas de tráfego pesado e
Brita 3 25 mm a 38 mm
lastros de ferrovias.
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SÉRIE NORMAL SÉRIE INTERMEDIÁRIA
ABNT 0,30 mm -
ABNT 0,15 mm -
UNIDADE 01
2.4.2 DIMENSÃO MÁXIMA CARACTERÍSTICA
Segundo a NBR 7217:1987, a dimensão máxima característica ou diâmetro máximo do agrega-
do correspondente à abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou
intermediária, na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imedia-
tamente inferior a 5% em massa.
DIMENSÃO MÁXIMA CARACTERÍSTICA DO AGREGADO (MM) MASSA MÍNIMA DE AMOSTRA PARA O ENSAIO (KG)
Menor que 4,8 0,5
6,3 3,0
Entre 9,5 e 25 5,0
Entre 32 e 38 10,0
50 20,0
Entre 64 e 76 30,0
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2.4.4 MASSA UNITÁRIA OU MASSA ESPECÍFICA APARENTE (δ)
Segundo a NBR 12127:1991, a massa unitária ou massa específica aparente é determinada da
mesma forma e utilizada para as mesmas finalidades que a massa unitária do agregado miúdo,
sendo uma relação entre a massa (M) e o volume aparente (Vap) do agregado (volume aparente =
volume dos grãos + volume dos vazios). Segue a equação:
UNIDADE 01
M
δ=
Vap
Equação 1
M
γ=
V
Equação 2
Essa determinação é feita por meio do Frasco de Chapman, que contém inicialmente 200 cm³
de água, uma amostra de 500 g de areia seca é colocada nesse frasco. O volume de areia se mistu-
ra ao de água, fazendo o nível da mesma subir no frasco. A diferença entre o nível final e inicial da
água dentro do frasco corresponde ao volume real da areia. Então, divide-se a massa de 500 g pelo
volume determinado, dessa forma tem-se a massa específica real da areia. A massa específica é
uma medida indireta da compacidade do grão do material, pois quanto menor a massa específica
mais leve é o material ou mais vazios ele possui. No caso de agregados, esses vazios não devem ser
confundidos com os vazios entre os grãos (volume aparente), mas sim os vazios do próprio grão do
agregado, que também interferem na porosidade do mesmo.
No agregado graúdo, a massa específica real é determinada pelo método descrito na NBR
9937:1988. Essa determinação é feita por meio da pesagem hidrostática de um cesto com agrega-
do. É realizada uma pesagem da amostra de agregado fora da água e, após, o agregado é pesado
submerso na água. Dentro da água, o peso da amostra é menor em função da força de empuxo,
que é igual ao peso do volume de água deslocado. O volume de água deslocado é o volume das
pedras submersas. Dessa forma, determinamos o volume real do agregado. A massa específica por
meio deste ensaio é determinada pela seguinte relação:
Equação 3
19
Onde:
Pa = Peso saturado (superfície seca);
Pa’ = Peso saturado e mergulhado na água (peso imerso).
UNIDADE 01
Da mesma forma que nos agregados miúdos, a massa específica e massa unitária podem ser
expressas em g/cm³, kg/dm³ ou t/m³.
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Existem limitações quanto ao formato dos grãos, como no caso de agregados para pavimentos
rodoviários, que podem ter no máximo 10% de grãos irregulares, enquanto que o agregado para
lastro ferroviário deve ter no mínimo 90% de seus grãos com formato cuboide. O tipo de rocha
também influencia o formato do grão. O granito produz grãos de melhor forma que o basalto, que
produz grande quantidade de grãos lamelares.
UNIDADE 01
REFLITA
Você já se perguntou qual é o melhor formato de grãos dos agregados para a produção de
concretos e argamassas?
Normalmente, os agregados naturais têm grãos cuboides, de superfície arredondada e lisa contra
δ
Cv = 1 -
γ
Equação 4
21
• Partículas com baixa resistência;
• A presença de matéria orgânica (húmus), que interferem na pega e endurecimento do ci-
mento, diminuindo a resistência inicial;
• Impurezas constituídas por sais minerais, que interferem principalmente na pega e na re-
UNIDADE 01
sistência do concreto e também dão origem a reações prejudiciais com o cimento ou com
armaduras do concreto armado;
• Ex.: chumbo, zinco, sulfatos, cloretos.
De acordo com a NBR 7211:2019, as quantidades de substâncias nocivas não devem ultrapassar
os seguintes limites máximos em porcentagem de peso de material:
Segundo Bauer (2008), a percentagem dos torrões de argila é determinada pela diferença de
peso de uma amostra de agregado antes e depois de se tirar os torrões presentes na amostra. Já
o material pulverulento é composto por partículas minerais com dimensão inferior a 0,075 mm,
incluindo os materiais solúveis em água presentes nos agregados. A porcentagem desse material
é determinada pela diferença de peso entre a amostra dele com o material pulverulento e após o
mesmo ser retirado por processo de lavagem.
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Se a areia estiver úmida e não se determinar essa umidade, a água incorporada à areia vai alte-
rar a proporção entre água e cimento do concreto, o que causa danos à resistência do mesmo. Se
a umidade for conhecida, pode-se corrigir a quantidade de água a ser adicionada ao concreto, pois
dessa forma terá o conhecimento a respeito da quantidade de água que está incorporada à areia.
Existe mais de um método para determinação da umidade. O mais utilizado é a secagem em estu-
UNIDADE 01
fa, cuja amostra é pesada antes de ser colocada na estufa a 100°C. Este peso corresponde ao peso
úmido (Ph). Após permanecer no mínimo 24 h dentro da estufa, a amostra é pesada novamente e
tem-se o peso do material seco (Ps). Com essas informações pode-se calcular o teor de umidade
pela seguinte equação:
Ph - Ps
h= · 100
Equação 5
A secagem do material também pode ser realizada na presença de fogo, chama-se método da
frigideira. Pesando o material antes e depois da secagem se tem o peso úmido e seco respecti-
vamente. Esta prática é menos precisa que a secagem em estufa e é utilizada principalmente em
obras, em virtude da ausência de estufas e pela possibilidade de avaliar umidade em um intervalo
de tempo menor. Além disso, existem aparelhos especiais para a medição da umidade, sendo o
Speedy Test um dos mais conhecidos e utilizados. Ao se misturar o agregado miúdo úmido com
um reagente, o aparelho mede a pressão gerada e com base em tabelas de calibração fornece a
umidade do agregado. Segundo a NBR 7211:2019, sobre o teor de umidade, podemos considerar
o agregado nos seguintes estados:
• Seco em estufa: onde toda a umidade, externa e interna, é eliminada por um aquecimento
a 100ºC;
• Seco ao ar: não apresenta umidade superficial, tendo umidade interna sem saturação;
• Saturado, superfície seca: a superfície não apresenta água livre aparentemente, mas os va-
zios permeáveis das partículas de agregados estão cheios dela;
• Saturado: apresenta água livre na superfície, é visível.
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(
I =
100 + h
100 )( )
·
δ0
δh
- 1 · 100
Equação 6
UNIDADE 01
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANOTAÇÕES
24
UNIDADE
02
AGLOMERANTES
E ARGAMASSAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 02
aglomerantes, que são materiais ligantes, que têm por objetivo promover a união entre os grãos
dos agregados. Geralmente são materiais em forma de pó, também chamados de pulverulentos
que, misturados com a água, formam uma pasta capaz de endurecer por simples secagem ou de-
vido à ocorrência de reações químicas. Entre os materiais aglomerantes existentes, estudaremos
sobre o cimento, a cal e o gesso, suas origens, tipos e suas utilizações na construção civil.
Ainda, nesta Unidade, estudaremos também sobre as argamassas, que são pastas compostas
1. AGLOMERANTES
Os aglomerantes são empregados na construção civil para aglomerar ou unir outros materiais
entre si. Geralmente são materiais em forma de pó, também chamados assim de pulverulentos
que, misturados com a água, formam uma pasta capaz de endurecer por simples secagem ou de-
vido à ocorrência de reações químicas. Segundo Bauer (2008), existem alguns termos para definir
a mistura de um aglomerante com materiais específicos. Entre os mais conhecidos podemos citar:
» Pasta = se dá pela união de um Aglomerante + Água;
» Argamassa = se dá pela união de um Aglomerante + Agregado Miúdo + Água;
» Concreto = se dá pela união de um Aglomerante + Agregado Miúdo + Agregado Graúdo + Água
+ Aditivos (Opcional).
De acordo com Petrucci (1982), os aglomerantes podem ser classificados de acordo com sua
composição e mecanismo de endurecimento. A figura 1 apresenta de forma sucinta a classificação
desses aglomerantes:
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FIGURA 1 – AGLOMERANTES
AGLOMERANTES
Inertes Ativos
UNIDADE 02
Aéreos Simples
Hidráulicos Compostos
Com adições
27
de produção relativamente mais baixo e com propriedades específicas. Como exemplo, temos o
cimento pozolânico, que é uma mistura do cimento Portland com uma adição chamada pozolana.
UNIDADE 02
A seguir serão apresentados alguns representantes desta categoria dos aglomerantes: gesso,
cal e o cimento.
1.2.1 GESSO
De acordo com Oliveira (2008), o gesso quando é misturado com água torna-se plástico e enri-
jece rapidamente, retornando a sua composição original. Essa combinação se dá com a produção
de uma fina malha de cristais de sulfato hidratado, promovendo a coesão do conjunto. Normal-
mente, o gesso possui tempo de pega entre 15 e 20 minutos. De acordo com Petrucci (1982), a
quantidade de água necessária para o amassamento do gesso é de 50 a 70%. O amassamento é
feito com excesso de água para evitar uma pega muito rápida, tornando a pasta passível de manu-
seio por um tempo suficiente à aplicação.
O gesso, como material de construção, é um pó branco, de elevada finura, comercializado prin-
cipalmente em sacos de 50 kg, com o nome de gesso, estuque ou gesso-molde. Algumas empresas
fornecem embalagens de 1 kg, 20 kg e 40 kg. Possui boa aderência a blocos, pedra e ferro, mas
é desaconselhável seu uso em superfícies metálicas pelo risco de corrosão. Apresenta excelentes
propriedades de isolamento térmico, acústico e impermeabilidade do ar. É utilizado principalmen-
te como material de acabamento em interiores, para obtenção de superfícies lisas, podendo subs-
tituir muitas vezes a massa corrida e a massa fina.
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1.2.2 CAL
Segundo Petrucci (1982), a cal é obtida a partir da calcinação de rocha calcária, composta prin-
cipalmente por óxidos de cálcio e pequenas quantidades de impurezas como óxidos de magnésio,
sílica, óxidos de ferro e óxidos de alumínio. O processo de fabricação consiste resumidamente na
extração da rocha e calcinação. O produto de tal queima é chamado de cal viva ou virgem. A obten-
UNIDADE 02
ção da cal virgem pode ser expressa pela seguinte equação química, conforme figura 3.
De acordo com Oliveira (2008), a cal viva ou virgem normalmente apresenta-se em forma de
grãos de grande tamanho e estrutura porosa ou em pó. Já a cal hidratada é encontrada em forma
de flocos ou em pó. Ambas apresentam a coloração branca. A cal hidratada difere da virgem por
seu processo de hidratação ser feito em usina. A cal viva é moída e pulverizada e o material moído
é misturado com uma quantidade exata de água. Após esse processo, a cal hidratada é separada
da não hidratada e de impurezas, por processos diversos. Tem-se como vantagens da cal hidrata-
da; a maior facilidade de manuseio, de transporte e armazenamento, além de maior segurança,
principalmente quanto a queimaduras, esse produto pode ser muito perigoso, se em contato com
a pele, olhos ou vias aéreas, e então o produto encontra-se pronto para ser usado.
Oliveira (2008) lista como desvantagens deste material o menor rendimento, a menor capacida-
de de sustentação da areia e o fato de as misturas, onde é empregada, resultarem em argamassas
menos trabalháveis. A cal hidratada pode ser encontrada em diversas embalagens a venda: 8 kg,
20 kg, 25 kg ou 40 kg.
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Normalmente estão disponíveis no mercado:
» CH – I: Cal hidratada especial (tipo I);
» CH – II: Cal hidratada comum (tipo II);
» CH – III: Cal hidratada com carbonatos (tipo III).
UNIDADE 02
Tal nomenclatura diferenciada é consequência das diferentes propriedades químicas e físicas
de cada produto. As cales do tipo CHI e CHII são as mais empregadas na construção civil por possu-
írem maior capacidade de retenção de água e de areia, tornando-as mais econômicas.
Petrucci (1982) classifica as cales em dois tipos, de acordo com o rendimento:
A utilização de cal nas argamassas pode aumentar a retenção de água, e melhora a aderência
entre os elementos da construção, pois a argamassa cede água gradativamente para os elementos
onde é empregada. Outra contribuição da cal nas argamassas é a redução do fenômeno de retra-
ção, que é a diminuição de volume capaz de gerar o aparecimento de fissuras.
1.2.3 CIMENTO
Segundo Bauer (2008), cimento é definido como um material ligante pulverulento de cor acin-
zentada, resultante da queima do calcário, argila e adição de gesso. O cimento comum é chamado
Portland, havendo diferentes tipos no mercado.
O cimento não deve ser estocado por muito tempo, pois pode iniciar a pega na embalagem pela
umidade do ar, perdendo gradativamente o seu poder cimentante. O prazo máximo de estocagem
varia conforme a região do país em qual está sendo armazenado.
SAIBA MAIS
A pega é um fenômeno físico-químico através da qual a pasta de cimento se solidifica. Terminada
a pega o processo de endurecimento continua ainda durante longo período de tempo, aumentan-
do gradativamente a sua dureza e resistência. A pega sofre influência de diversos fatores, sendo
retardada pelas baixas temperaturas, pelos sulfatos e cloretos de cálcio. É acelerada pelas altas
temperaturas e pelos silicatos e carbonatos.
30
a) Matérias-primas para a produção do cimento:
O Cimento Portland necessita, principalmente, do calcário; argila e gesso para sua fabricação.
Segue as principais características de cada material:
• Calcário: importante matéria-prima para o cimento, pois mais de 85% da matéria-prima da
UNIDADE 02
fabricação do cimento vem deste minério. O calcário é uma rocha sedimentar que contem
minerais com quantidade acima de 30% de carbonato de cálcio (CaCO3) e que se apresenta
na natureza com impurezas, tais como óxidos de magnésio (MgO) que é um grande vilão
para o cimento, seu teor é limitado pelas normas internacionais e nacionais;
• Argila: é utilizada na fabricação do cimento é constituída de um silicato de alumínio hidrata-
do, geralmente contendo ferro e outros minerais, em menores percentuais. A argila propicia
SAIBA MAIS
O cimento de pega normal inicia a pega entre 0,5 e 1 hora após o contato com a água, onde se
recomenda misturar pequenas quantidades de cada vez, de modo a essas serem consumidas
dentro daquele espaço de tempo.
1. Preparo e dosagem da Mistura Crua: o calcário é extraído de jazidas. Tem dureza elevada,
sendo necessário a utilização de explosivos seguido de britagem, com o intuito de o ma-
terial ficar reduzido ao tamanho de partículas de diâmetro máximo da ordem de 1 cm. Já
31
as argilas contendo silicatos, alumina e óxido de ferro, normalmente, apresentam-se em
condições de serem misturadas diretamente com o calcário. Posteriormente o calcário e as
argilas, em proporções predeterminadas, são enviadas ao moinho de cru, onde se processa
o início da mistura íntima das matérias-primas e, ao mesmo tempo, a sua pulverização, de
modo a reduzir o diâmetro das partículas a 0,050 mm, em média. Esse processo de moagem
UNIDADE 02
pode variar, seja via úmida ou seca, é feita com ou sem presença de água e posteriormente
a determinação da porcentagem de cada matéria-prima na mistura crua depende da com-
posição química das matérias-primas e da composição que se deseja para o tipo cimento
Portland que será fabricado.
2. Homogeneização: a matéria-prima é então devidamente dosada e reduzida a pó muito fino.
No processo de fabricação por via úmida, a matéria-prima é moída com água e sai dos moi-
32
a mistura já na referida temperatura. Dessa forma no forno, como resultado do tratamento
sofrido, a matéria-prima transforma-se em clínquer. O material apresenta-se na forma de
bolas de diâmetro máximo variável entre 1 cm a 3 cm. O clínquer sai do forno e passa ao
equipamento esfriador, que pode ser de vários tipos. Sua finalidade é reduzir a temperatura,
mais ou menos rapidamente, pela passagem de uma corrente de ar frio, a seguir depois do
UNIDADE 02
esfriamento, o material é transportado e estocado em depósitos.
5. Adições Finais e Moagem: após o preparo do clínquer Portland este é conduzido à moagem
final, recebendo, antes, uma quantidade de gesso, limitada pela norma, para o controle de
pega. O clínquer Portland e seus aditivos passam ao moinho para a moagem final, onde se
assegura a este produto a finura conveniente, de acordo com as normas.
6. Ensacamento: e finalmente o cimento Portland resultante da moagem do clínquer, com os
VÍDEO
Para saber como é feito o cimento, assista ao vídeo em: https://bit.ly/3xy4ZN1. Acesso em 17
mar. 2021.
c) Tipos de cimentos:
No quadro a seguir é possível comparar os tipos de Cimento Portland existentes, segundo a NBR
11578:1991, de acordo com suas características e vantagens que proporcionam ao concreto e à
argamassa, o que facilita muito na hora da escolha do cimento a ser escolhido.
33
Na figura 5, constam os tipos de cimentos Portland e suas adições:
UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | ARGAMASSAS E CONCRETOS
Fonte: ABNT NBRs 11578, 5735, 5736, 5733, 5737 e 13116.
Na tabela 2 , apresentam-se os tipos de cimento, suas propriedades, assim como possíveis apli-
cações na construção civil:
34
2. ARGAMASSAS
São importantes materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento,
UNIDADE 02
obtidos a partir da mistura intima e homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo
(areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. Os aglomerantes mais emprega-
dos para sua confecção são: a cal, o cimento Portland (comum e branco) e o gesso.
As argamassas diferem-se de outros materiais por apresentarem características plásticas, e ade-
sivas e se tornam rígidas e resistentes após certo período de tempo. Estas características determi-
nam seus principais empregos na construção civil.
2.1 UTILIZAÇÃO
As argamassas são empregadas para assentamento de tijolos, blocos, azulejos, etc. Servem ain-
da para revestimento das paredes e tetos, e nos reparos de peças de concreto. A escolha de um
determinado tipo de argamassa está ligada às exigências de cada obra em específico. De um modo
geral, as argamassas devem satisfazer as seguintes condições, dependendo de sua finalidade e
suas propriedades:
• Resistência mecânica;
• Compacidade;
• Impermeabilidade;
• Constância de volume;
• Aderência;
• Durabilidade.
Para a obtenção de uma argamassa durável e que apresente boa qualidade, é necessário que
todos os grãos dos agregados sejam completamente envolvidos pela pasta como também a ela
estejam perfeitamente aderidos; além disso, os vazios entre os grãos do agregado devem ser intei-
ramente preenchidos e envoltos pela pasta.
Segundo Carasek (2007), as argamassas podem ser classificadas segundo à sua função, confor-
me apresentado na tabela 3 a seguir:
35
TABELA 3 – FUNÇÕES E TIPOS DE ARGAMASSAS
FUNÇÃO TIPOS
Argamassa de assentamento (elevação)
Construção de alvenarias
Argamassa de fixação/encunhamento
UNIDADE 02
Argamassa de chapisco
Argamassa de emboço
Revestimento de paredes e tetos Argamassa de reboco
Argamassa de camada única
Argamassa decorativa monocamada
Argamassa de contrapiso
Revestimento de pisos
Argamassa de alta resistência para pisos
36
2.2.3 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A DOSAGEM
As argamassas podem ser classificadas quanto ao volume do aglomerante empregado na sua
composição em:
» Pobres ou magras: Quando o volume de aglomerante é insuficiente para preencher os vazios
UNIDADE 02
do agregado;
» Cheias: Quando os vazios do agregado são preenchidos exatamente pela pasta;
» Ricas ou gordas: Quando houver excesso de pasta.
1) colocar a areia, formando uma camada de 15 cm de altura; 2) colocar o cimento e/ou a cal;
3) mexer até formar uma mistura uniforme, deixando um buraco no meio; 4) adicionar água aos poucos,
evitando seu escoamento para fora da mistura.
Fonte: Adaptada de Meyer (2013, p. 3)
37
Tem-se uma alternativa mais prática, consiste nas argamassas industrializadas em sacos, com-
postas de agregados com granulometria controlada, cimento Portland e aditivos especiais que me-
lhoram suas propriedades finais, seja no estado fresco, ou no estado endurecido. São fabricadas
em complexos industriais, nos quais os agregados miúdos, os aglomerantes e os aditivos em pó
são misturados a seco e ensacados em embalagens plásticas ou de papel Kraft. No momento da
UNIDADE 02
utilização, são preparadas apenas com a água.
Segundo a ABCP (2002), as argamassas cimentícias apresentam curtos períodos para sua apli-
cação, mesmo quando aditivadas, fazem pega rapidamente. Dessa forma, deve-se prever a quan-
tidade necessária de argamassa a receber na obra durante a jornada de trabalho prevista. No caso
de argamassas apenas de cal, essa previsão não é tão relevante, pois esta pode permanecer em
condições de aplicação por alguns dias.
38
Segundo Fiorito (2009), a limpeza eficaz da superfície, antes de receber a argamassa, compre-
ende outro fator que influencia muito na capacidade de aderência ao substrato, podendo com-
prometer a extensão de aderência se houver existência de partículas soltas ou de grãos de areia,
poeira, fungos, concentração de sais na superfície (como as eflorescências), camadas superficiais
de desmoldantes ou graxas, capazes de funcionar como barreiras físicas para a ancoragem do re-
UNIDADE 02
vestimento na base.
TRAÇOS DE REFERÊNCIA
ARGAMASSA CIMENTO:CAL
CIMENTO:AREIA CAL HIDRATADA:AREIA
HIDRATADA:AREIA
Rica Vpasta > Vvazios 1:2 1:1,5 1:3:7
Cheia Vpasta = Vvazios 1:2,5 1:2 1:3:8
Pobre Vpasta < Vvazios 1:3 1:2,5 1:3:9
» Resistência mecânica: as argamassas com cal na sua composição são pouco resistentes quanto
à compressão, aos vinte e oito dias varia de 0,2 a 0,6 MPa, podendo-se tomar um valor médio
de 0,4 MPa.
» Retração: as argamassas de cal apresentam redução de volume, o qual será maior se as porcen-
tagens de água e cal forem mais altas. A ocorrência de fissuras nas argamassas de cal recém-u-
tilizadas é devido à secagem muito rápida do material pela ação do sol e do vento. As fissuras
surgirão também quando a retração da argamassa endurecida for impedida por algum fator.
» Estabilidade de volume: os defeitos que podem ocorrer no reboco são devido à ação do intem-
perismo ou devido à falta de estabilidade de volume.
» Resistência ao intemperismo: as argamassas de cal aérea têm baixa resistência à água, por isso
nos revestimentos externos deve-se empregar argamassas de cal hidráulica ou de cimento.
» Resistência à ação do fogo: as argamassas de cal resistem a elevadas temperaturas, servindo
como proteção dos elementos construtivos de madeira, aço, concreto, etc.
39
» Durabilidade: é uma propriedade complexa, que depende de procedimentos adequados des-
de o projeto até o seu uso final. Na etapa de projeto, devem ser especificados os materiais de
maneira a compatibilizar o revestimento com as condições a que estará exposto durante a sua
vida útil. A etapa de execução representa um fator muito importante, devendo obedecer às
melhores técnicas, mão de obra adequada e efetuar o controle de produção. E, por fim, deve-se
UNIDADE 02
ter em mente um programa de manutenção periódico.
40
FIGURA 10 – DESCOLAMENTO POR EMPOLAMENTO DA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO
SOB EFEITO DA UMIDADE SOBRE O REBOCO
UNIDADE 02
Fonte: Cincotto et al. (1995, p. 552).
41
Na figura 11 tem-se exemplos de fissuras em edificações:
UNIDADE 02
a) horizontais, por expansão da argamassa de assentamento; b) mapeadas, provocadas pelo ataque por sulfatos.
Fonte: Thomaz (1989, p. 2).
e) Umidade: as manchas de umidade, incluindo ainda mofos e bolores, estão relacionadas aos
2.6 NORMAS
Na sequência (Tabela 5), estão relacionadas as principais normas brasileiras, aplicáveis à produ-
ção de revestimentos de argamassas.
NORMA TÍTULO
NBR 7200:1998 Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Procedimento.
NBR 7215:1996 Cimento Portland: Determinação da resistência à compressão.
NBR 8490:1984 Argamassas endurecidas para alvenaria estrutural: retração por secagem: Método de ensaio.
Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Preparo da mistura e
NBR 13276:2016
determinação do índice de consistência.
Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da re-
NBR 13277:2005
tenção de água: Método de ensaio.
Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da den-
NBR 13278:2005
sidade de massa e do teor de ar incorporado: Método de ensaio.
Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da re-
NBR 13279:2005
sistência à compressão: Método de ensaio.
Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da den-
NBR 13280:2005
sidade de massa aparente no estado endurecido: Método de ensaio.
NBR 13281:2001 Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Requisitos.
42
NORMA TÍTULO
Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Determinação da resistên-
NBR 13528:2010
cia de aderência à tração.
NBR 13529:2013 Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Terminologia.
NBR 13530:1995 Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Classificação.
UNIDADE 02
NBR 13749:2013 Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Especificação.
Argamassa de assentamento e revestimento de paredes e tetos: Caracterização reológica
NBR 15839:2010
pelo método squeeze-flow.
Quanto aos ensaios normatizados pela ABNT, pode-se relacionar os descritos a seguir: A retra-
ção das argamassas é determinada pelo método estabelecido pela NBR 8490:1984, efetuado em
corpos-de-prova prismáticos de (25 × 25 × 285) mm, em que se mede a retração livre da argamas-
sa (ABNT, 1984).
A NBR 13276:2016 descreve o método para a determinação do índice de consistência da arga-
massa a ser utilizada na realização de ensaios necessários à caracterização do material (ABENT, 2016).
A NBR 13277:2005 avalia a propriedade de retenção de água das argamassas pelo método esta-
belecido, que consiste na medida da massa de água retida pela argamassa após a sucção realizada
por meio de uma bomba de vácuo à baixa tensão, em um funil de filtragem (ABNET, 2005a).
A NBR 13278:2005 estabelece critérios para a determinação da massa específica das argamas-
sas no estado fresco pelo método que representa a relação entre a massa e o volume do material,
normalmente expressa em g/cm³ (ABNT, 2005b).
A NBR 13279:2005 estabelece o método para determinar a resistência à tração na flexão e a
resistência à compressão de argamassas para assentamento e revestimento de paredes e tetos, no
estado endurecido (ABNT, 2005c).
A NBR 13280:2005 estabelece o método para determinação da densidade de massa aparen-
te de argamassas para assentamento e revestimento de paredes e tetos, no estado endurecido
(ABNT, 2005d). Nesse ensaio o volume (v) do corpo-de-prova, em centímetros cúbicos, é calculado
a partir da largura (l), da altura (h) e do comprimento (c) com a equação:
43
V=l∙h∙c
Equação 01
UNIDADE 02
Enquanto a densidade de massa, utiliza-se a equação:
Equação 02
SAIBA MAIS
Existe uma definição de argamassas de revestimentos de paredes e tetos:
• Chapisco: trata-se de um procedimento de preparação da base (substrato). Seu objetivo é me-
lhorar as condições de aderência da primeira camada do revestimento ao substrato.
• Emboço: É a cama responsável pela regularização da superfície da alvenaria, devendo apresentar a es-
pessura entre 15 e 25 mm, sendo aplicada sobre a base previamente preparada com ou sem chapisco.
• Reboco: É a camada de acabamento dos revestimentos argamassados, sendo aplicado sobre o
emboço, com superfície para construir uma película contínua e íntegra com no máximo 5,0 mm
de espessura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Você conheceu nesta Unidade, incialmente, sobre os aglomerantes, suas classificações e exem-
plos, entre eles; o gesso, cal e cimento. O cimento é o principal representante dessa classe, desta
44
forma foi abordado também sobre as matérias-primas que fazem parte da composição deste ma-
terial, assim como a fabricação do cimento Portland e os tipos existentes.
Ainda, nesta Unidade, foi apresentada a argamassa como material de construção, sendo um
dos mais importantes materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento,
obtidos a partir da mistura intima e homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo
UNIDADE 02
(areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. Foi possível compreender sobre
a importância desse material, assim como seus processos de confecção, tipos existentes, materiais
empregados e utilização.
Desta forma, agora é a sua vez de testar seus conhecimentos sobre esses temas através do es-
tudo prático de aprendizagem da Unidade.
ANOTAÇÕES
45
UNIDADE
03
CONCRETO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 03
do concreto, que é formado basicamente pela mistura de materiais como aglomerante (cimento),
agregados miúdos (areias), agregados graúdos (britas), água e em alguns casos podem ter em sua
composição aditivos químicos e minerais.
Com o avanço da tecnologia em concreto, tal material pode ser feito com vários tipos diferen-
tes de cimento, além de utilizar outros tipos de aglomerantes, aditivos, fibras e polímeros, podem
ser utilizados para criar diferentes características ao material. Uma das razões do uso do concreto
1. CONCRETO
O concreto é formado basicamente pela mistura proporcional de cimento, agregados miúdos,
agregados graúdos, água e em alguns casos podem ter em sua composição aditivos e adições. Se-
gundo Neville e Brooks (2013), o concreto pode ser confeccionado com vários tipos diferentes de
cimento, além de utilizar outros tipos de aglomerantes, aditivos, fibras e polímeros, utilizados para
proporcionar características e particulares ao concreto.
De acordo com Mehta e Monteiro (2008), o concreto é o segundo material de construção mais
utilizado no mundo, perdendo apenas para a água, devido a três motivos, dentre eles tem-se a
sua consistência plástica no estado fresco, possibilitando assumir várias formas diferentes, além
de ter uma boa resistência em relação à ação da água e seu baixo custo para fabricação, pois seus
principais materiais são relativamente baratos e encontrados com facilidade. Ainda, segundo os
autores, uma das primeiras aplicações do uso desse material de construção se deu em aquedutos
e muros para contenção de água construídos pelos romanos.
47
Tutikian et al. (2011) expõem que para produzir concretos de alto desempenho, devem-se esco-
lher cimentos com poucas adições. Segundo os autores, é recomendado o uso dos cimentos CPI e
CPV-ARI, porém cimentos com partículas muito finas, ou seja, com superfícies específicas maiores,
reagem rapidamente e demandam de uma maior quantidade de água, como é o caso do CPV-ARI.
A hidratação dos compostos do cimento influência diretamente na resistência do concreto, e
UNIDADE 03
como o CPV-ARI possui maiores proporções de C3S ele demanda de uma maior quantidade de água
para esta hidratação, por isso se faz necessário à utilização de aditivos químicos capazes de reduzir
a quantidade de água exigida na mistura.
Para Tutikian et al. (2011), os aditivos químicos têm a função de melhorar à consistência do
concreto e suas propriedades mecânicas, sem a necessidade de adicionar mais água. Para um con-
creto de elevada resistência o aditivo mais recomendado é o superplastificante.
TIPO APLICAÇÃO
Rolado Barragens, pavimentação rodoviária (base e sub-base) e urbana (pisos, contrapisos)
De uso corrente em qualquer obra. Obras de difícil acesso. Necessidade de ven-
Bombeável
cer alturas elevadas ou longas distâncias
Resfriado Peças de elevado volume como bases ou blocos de fundações
Estruturas de concreto aparente, pisos (pátios, quadras e calçadas), guarda-cor-
Colorido
po de pontes, etc.
Reparo ou reforço estrutural, revestimento de túneis, monumentos, contenção
Projetável
de taludes, canais e galerias
Alta Resistência Inicial Estruturas convencionais ou protendidas, pré-fabricados (estruturas, tubos, etc.)
Peças delgadas, elevada taxa de armadura, concretagens de difícil acesso para
Fluido
a vibração
48
TIPO APLICAÇÃO
Como lastro, contrapeso, barreira à radiação (câmaras de raios-X ou gama, pa-
Pesado
redes de reatores atômicos) e lajes de subpressão
Elementos de vedação (paredes, painéis, rebaixos de lajes, isolamento termoa-
Leve (600 a 1200 kg/m3)
cústico e nivelamento de pisos)
UNIDADE 03
Leve estrutural Peças estruturais, enchimento de pisos e lajes, painéis pré-fabricados
Pavimentos Rígidos Pavimentos rodoviários e urbanos, pisos industriais e pátios de estocagem
Alto desempenho (CAD) Elevada resistência (mecânica, física e química), pré-fabricados e peças protendidas
Convencional (a partir de
Uso na construção civil
20 MPa)
Submerso Plataforma marítimas
Com fibras e aço, plásti-
SAIBA MAIS
Existe ainda um tipo de concreto chamado CPR (concreto de pós reativos), que tem como caracte-
rísticas; a baixa porosidade e mínimos defeitos microestruturais, de forma que este concreto pode
apresentar elevadas resistências mecânicas e maior durabilidade. A composição do CPR, assim
como a escolha do tipo de cura, são de suma importância para que as características desejadas
para o material sejam alcançadas.
1.1.1 CIMENTO
Em 1824, Joseph Aspdin, um construtor inglês, descobriu e patenteou o cimento Portland, um
dos mais consumidos pela indústria da construção civil, que possibilitou uma revolução nos méto-
dos construtivos e impulsionou o desenvolvimento das sociedades. Está elevada utilização deve-se
ao fato da obtenção relativamente fácil de matérias-primas e de processos produtivos locais, bem
como pelo fato do cimento ter uma aplicação versátil, adaptando-se facilmente às condições exis-
tentes (ROSSIGNOLO, 2009).
A principal matéria-prima do cimento Portland é o clínquer, o qual é obtido pelo processo de
queima em forno giratório a 1450°C de um composto combinado de calcário e argila, após sair
49
do forno, é bruscamente resfriado e finamente moído, transformando-o em pó, após a moagem,
é feita a adição de determinadas frações de outras matérias-primas como gesso, escórias de al-
to-forno, materiais pozolânicos e carbonáticos, que possibilitam a fabricação de vários tipos de
cimento (ABCP, 2002).
Em sua estrutura básica, o cimento Portland, tem a cal livre (CaO), a sílica (SiO2), a alumina
UNIDADE 03
(Al2O3) e o oxido de ferro (Fe2O3), esta composição é a mesma, variando apenas, para cada tipo de
cimento, a proporção dos componentes (FUSCO, 2008).
Segundo Neville e Brooks (2013), provavelmente foram os romanos os primeiros a utilizarem
o cimento hidráulico na produção do concreto, sendo o cimento hidráulico caracterizado como o
material que endurece com a ação da água. De acordo com Mehta e Monteiro (2008), devido ao
fato do cimento Portland não necessitar de materiais pozolânicos para reagir e desenvolver a resis-
1.1.4 ADITIVO
De acordo com a NBR 11768, os aditivos são produtos que são adicionados ao concreto em pe-
quenas quantidades, de forma a alterar algumas de suas propriedades, visando a otimização das
50
mesmas em algumas condições (ABNT, 2019). Segundo Tutikian et al. (2011), os aditivos superplas-
tificantes, por exemplo, são utilizados para aumentar as propriedades mecânicas e a durabilidade
da mistura do concreto, reduzindo o consumo de cimento utilizado, de forma a manter sua consis-
tência ideal. Seu objetivo principal é melhorar as condições de trabalhabilidade do concreto sem
adição de muita água. De acordo com Tutikian et al. (2011), é de extrema importância que haja
UNIDADE 03
compatibilidade entre o aditivo e a composição do cimento, levando em consideração que cada
aditivo possui um ponto de saturação de acordo com o tipo de cimento. A utilização aditivos em
dosagens maiores que a compatível com o ponto de saturação correspondente do cimento, pode
causar segregação da mistura, exsudação e retardo do tempo de pega.
51
É suspensão fluida reativa, cuja consistência é, sobretudo modificada pela atuação do cimento,
as características reológicas dos concretos em função do tempo (trabalhabilidade) determinam a
eficiência de sua aplicação, afetando assim o desempenho final das peças moldadas. Desperdício
de materiais, baixa produtividade operacional e falhas de dosagem ou de moldagem são exemplos
de problemas tradicionalmente reportados em concretos, cujas causas primárias decorrem da ina-
UNIDADE 03
dequação dos mesmos ainda no estado fluido em relação às demandas de aplicação. Por sua vez,
a necessidade de adequação da consistência dos concretos, usualmente obtida aumentando-se o
consumo de água e de cimento, tem provocado desajustes secundários, como fissuração, retração
diferenciada, permeabilidade elevada, alteração no módulo de elasticidade, entre outros.
52
TABELA 2 – RELAÇÃO ENTRE TRABALHABILIDADE E GRANDEZA DE ABATIMENTO
UNIDADE 03
Baixa 15 a 30
Média 15 a 75
Alta 80 a 155
Muito alta 160 ao desmoronamento
53
UNIDADE 03
VÍDEO
b) Coesão:
É a medida da facilidade de adensamento e de acabamento, a qual é geralmente avaliada por
facilidade de desempenar e julgamento visual da resistência à segregação (MEHTA, MONTEIRO,
2008). Essa propriedade está muito ligada à trabalhabilidade. A falta de coesão da mistura pode
acarretar na desagregação do concreto no estado fresco, alterando sua composição física e sua
homogeneidade. Concreto coeso é aquele que se apresenta homogêneo e sem separação de ma-
teriais da mistura em todas as fases de sua utilização, quer seja na produção, no transporte, no
lançamento, ou mesmo no seu adensamento durante a concretagem da estrutura. Muitas vezes é
necessário fazer várias misturas experimentais com diferentes proporções entre agregados graú-
dos e miúdos para se encontrar uma mistura com a coesão adequada, pois essa propriedade de-
pende muito da proporção de partículas finas na mistura.
Não existem ensaios normalizados para se medir a coesão de uma mistura. Porém, testes práticos
como o de se bater com a haste do ensaio de abatimento, lateralmente, no concreto, podem indicar,
empiricamente, a coesão do material. A Figura 2 ilustra, respectivamente, um concreto coeso e não co-
eso, identificados no momento da realização do ensaio de abatimento do tronco de cone (Slump test).
54
1.2.2 SEGREGAÇÃO
A segregação é definida como sendo a separação dos componentes do concreto fresco, de tal
forma que a sua distribuição não é mais uniforme (MEHTA, MONTEIRO, 2008). Normalmente ocor-
re em concretos pobres e secos, os grãos maiores do agregado tendem a se separar dos demais
durante as operações de lançamento com energia demasiada ou vibração excessiva. Não existem
UNIDADE 03
ensaios para a determinação da medida da segregação, a observação visual e a inspeção por tes-
temunhos extraídos do concreto endurecido são, geralmente, adequados para determinar se a
segregação é um problema em uma dada situação (MEHTA, MONTEIRO, 2008).
1.2.3 EXSUDAÇÃO
55
1.3.1 RESISTÊNCIA MECÂNICA
Trata-se de uma propriedade mecânica de muito interesse quando se trata de concretos. Para
Fusco (2008), não existe apenas uma forma para estabelecer a resistência dos materiais, pois os
materiais sofrem diversos tipos de solicitações. Em concretos, não se pode determinar a resistên-
cia em apenas uma amostra, em um ensaio ou uma solicitação.
UNIDADE 03
Para Mehta e Monteiro (2008), a deformação sempre acontecerá por cargas aplicadas, e será
expressa com uma deformação específica, que se tem pela alteração do comprimento; onde a
carga será expressa em tensão. E sempre irá depender de como as tensões agem sobre o material,
essas que podem ser avaliadas com testes de compressão.
Segundo Philippsen e Shimosaka (2014), a resistência à compressão é a propriedade mais impor-
56
1.3.2 COMPACIDADE
É a relação entre o volume total ocupado pelos grãos e o volume total do agregado. É o índice
utilizado para determinar o grau de compactação de um material granular, não coesivo, como por
exemplo as areias. Através da equação 1 tem-se:
UNIDADE 03
Vg
C=
Va
Equação 1
Onde:
Vg – é o volume ocupado pelos grãos
1.3.3 ELASTICIDADE
Inicialmente o comportamento elástico do concreto pode ser classificado segundo os vários ti-
pos de comportamentos elásticos dos materiais de construção. A definição de elasticidade pura, é
que a deformação aparece e desaparece imediatamente durante a aplicação e remoção da tensão.
A curva tensão-deformação da Figura 3, ilustra dois tipos de elasticidade pura: (a) é linear e
elástica e (b) é não linear e elástica. O aço se comporta quase como o caso (a), enquanto alguns
plásticos e a madeira obedecem ao caso (b). Materiais frágeis como o vidro e a maior parte das
rochas são descritos como linear e não elástico como o caso (c), por existirem curvas lineares
separadas para os ramos de carregamento e descarregamento do diagrama tensão-deformação
e pela existência de uma deformação permanente após a remoção completa da carga. A quarta
categoria, o caso (d), pode ser descrita como o comportamento não linear e não elástico, existindo
uma deformação permanente após a remoção da carga. Esse comportamento é típico do concreto
na compressão ou tração, carregado com tensões moderadas ou elevadas, mas não é muito signi-
ficativo em tensões muito baixas.
57
FIGURA 3 – TIPOS DE RESPOSTA TENSÃO-DEFORMAÇÃO
UNIDADE 03
UNIBRASIL EAD | ARGAMASSAS E CONCRETOS
Fonte: Neville e Brooks (2013).
Tal inclinação da relação entre tensão e deformação dá o módulo de elasticidade. A não lineari-
dade no concreto em tensões normais é resultante principalmente da fluência; consequentemen-
te, a demarcação entre deformação elástica e fluência é difícil.
1.3.4 RETRAÇÃO
O concreto está sujeito tanto a condições de secagem ambiental como a carregamentos cons-
tantes, as quais refletem em variações dimensionais, que estão ligadas a remoção da água absor-
vida na pasta de cimento. Este fenômeno pode ocorrer imediatamente no ato da concretagem
(MEHTA; MONTEIRO, 2008).
O fenômeno de retração pode ser dividido em duas categorias: a retração do concreto fresco e
a retração do concreto endurecido. A retração do concreto é a redução de volume pela perda de
umidade de um elemento de concreto seja no estado fresco ou no estado endurecido. Esta perda
de umidade ou evaporação fará com que o concreto se enfraqueça. Isso pode causar a fissuras, de-
formação interna e externa de flexão. No concreto armado, essas mudanças volumétricas da pasta
são restringidas pela presença do agregado e da própria armadura, pela forma da peça estrutural
e pela existência de outros elementos ligados a ela.
Existem inúmeros tipos de retração do concreto, incluindo retração plástica, retração por seca-
gem, retração autógena e por carbonatação. Dentre os muitos, os fatores que mais afetam a retra-
ção do concreto é a condição de secagem e a umidade na atmosfera. De maneira geral, pode-se di-
zer que o concreto retrai em dois momentos distintos: primeiramente no estado plástico e depois
no estado endurecido. Quando o concreto ainda se encontra na fase plástica, a secagem rápida do
concreto fresco provoca retração quando a taxa de perda de água da superfície, por evaporação,
excede a taxa disponível de água de exsudação (METHA; MONTEIRO, 2008).
58
No estado endurecido, o concreto perde água para o ambiente. A água perdida não está presa
à estrutura dos produtos hidratados por ligações físico-químicas fortes e, portanto, sua retirada do
concreto não causa retração significativa. No entanto, quando a maior parte desta água livre é per-
dida, prosseguindo a secagem, observa-se que uma perda adicional de água passa a resultar em
retração considerável, que por sua vez causa fissuras e o empenamento das bordas. Esta retração
UNIDADE 03
é denominada de retração por secagem (BALTHAR, 2004).
A retração térmica, durante o processo de endurecimento do concreto, libera calor que aumen-
ta o volume para depois diminuir durante o processo de resfriamento. É também conhecida como
“retração exotérmica”, pois a transmissão de calor do interior de um objeto para o ambiente se dá
por meio de uma reação química .
1 dq ∆h
=k
A dt L
Equação 2
Onde:
dq
é a velocidade do fluxo de água;
dt
A é a área da seção transversal da amostra;
Δh é a diferença de altura na coluna hidráulica através da amostra e L é a espessura da amostra;
O coeficiente K é expresso em m/s.
59
Os fatores que afetam a porosidade, a absorção e a permeabilidade são os seguintes:
• Materiais constituintes (água, quantidade e impureza);
• Cimento (composição e finura);
• Agregados (graúdo e miúdo em termos de quantidade, tipo de dimensão máxima granulo-
UNIDADE 03
metria e impurezas);
• Aditivos (quimicamente ativos e inertes);
• Métodos de preparação (mistura, lançamento, adensamento e acabamento);
• Condições posteriores (idade, cura, condições de ensaios).
60
Como exemplo, tem-se o uso excessivo de cimento para compensar a deficiência da mistura,
podendo resultar em concentrações inconvenientes de cimento em alguns locais.
A estanqueidade das fôrmas é um ponto a ser cuidadosamente verificado; no caso de materiais
absorventes, quando devem ser tomados os cuidados necessários de molhagem prévia, a fim de
evitar a absorção excessiva da água do concreto. As dimensões também devem ser verificadas,
UNIDADE 03
para que sejam evitadas deficiências que possam comprometer a resistência de peças estruturais,
ou excessos, que resultariam em desperdícios.
Deve-se evitar que o empenamento nas madeiras utilizadas nas fôrmas devido à umidade, pos-
sa provocar uma abertura, principalmente em cantos externos de peças, o que poderia resultar
em lasqueamento nesses pontos.
61
1.5.1 CURA ÚMIDA
A cura úmida é a mais tradicional e a mais fácil de ser encontrada nas obras por todo o Brasil.
Trata-se de um conjunto de medidas, para manter a superfície do concreto com água, evitando a
evaporação antecipada, conservando assim a umidade necessária para a hidratação do cimento,
sendo ela a responsável por ocorrer a pega e endurecimento do concreto (PHILIPPSEN; SHIMO-
UNIDADE 03
SAKA, 2014).
Existem métodos para evitar a evaporação da água de forma prematura, mantendo assim a hi-
dratação do cimento, e evitando a ausência desta água que pode causar em uma maior retração e
perda de resistência. A cura úmida, que tem como objetivo manter o concreto com sua superfície
inteira úmida, podendo ser por meio de aplicação direta de água sobre a estrutura ou por aspersão
ou mantendo o concreto totalmente imerso em algum tanque, mantendo assim mínimo de água
62
Segundo a NBR 9062:2017, a cura térmica é um processo que pode ser utilizado o vapor de
água, que possui uma limitação de temperatura em 70°C, e que se passar desta, pode causar
danos nas peças ocasionados pela perda de água quando a temperatura se eleva muito. Fazendo
uma elevação máxima de temperatura de 20°C por hora; atingindo no máximo o limite estabeleci-
do de 70ºC; e seu resfriamento deve respeitar o decréscimo de 30°C por hora (ABNT, 2017).
UNIDADE 03
Ainda de acordo com a NBR 9062:2017, o tratamento térmico deve ser controlado conforme os
critérios exigidos, conforme as seguintes fases:
• Respeitar o tempo de espera entre o término da concretagem ou moldagem e o começo da
aplicação do calor;
• Controle rigoroso da velocidade da elevação da temperatura;
Essas condições estabelecidas pela norma devem ser seguidas e executadas por meio de en-
saios experimentais, onde se leva em consideração outros fatores, dentre eles: os tipos de aglo-
merantes, aditivos utilizados, agregados e fator água/cimento, mas principalmente os testes finais
como o de resistência mecânica que deve ser atingida pelo concreto para ser possível a desmol-
dagem, transporte, montagem e do uso, serão significativos nesse processo (PHILIPPSEN; SHIMO-
SAKA, 2014).
63
(1927), Simão Priszkulnik (1977) e Carlos Tango (1986); com o método de dosagem INT (Instituto
Nacional de Tecnologia), no Rio de Janeiro, proposto por Fernando Luiz Lobo Carneiro (1937); com
o método de dosagem ITERS (Instituto Tecnológico do Estado do Rio Grande do Sul), proposto por
Eládio Petrucci (1985); com o método da ABCP, proposto, inicialmente, por Ary Torres e Carlos
Rosman (1956), que atualmente adota uma adaptação do método americano do ACI, entre outros,
UNIDADE 03
também são métodos de dosagem conhecidos e utilizados no Brasil.
Um estudo de dosagem eficaz deve ser realizado visando obter a mistura ideal e mais econômi-
ca, numa determinada região e com os materiais disponíveis, para atender uma série de requisitos.
Essa série será maior ou menor, segundo a complexidade do trabalho a ser realizado e segundo o
grau de esclarecimento técnico e prático do usuário do concreto que demandou o estudo.
Já é uma realidade nesse cenário, concretos de alta resistência (CAR ou HSC - High Strength
Etapas do método:
1. Fixar a relação água/cimento (utilizando-se, para isso, o gráfico de resistência normal - requer o
conhecimento do tipo de cimento utilizado e a resistência de dosagem requerida);
2. Determinar o consumo aproximado de água do concreto (Ca) (necessita da dimensão máxima
característica do agregado graúdo e da consistência desejada);
3. Determinar o consumo de cimento (Cc) (dado pela equação 3) - o consumo de cimento é a re-
lação entre o consumo de água e a relação água/cimento;
64
4. Determinar o consumo de agregados: consumo de agregado graúdo (Cb) (dado pela equação
4). Depende do conhecimento da dimensão máxima característica do agregado graúdo e do
módulo de finura do agregado miúdo. O consumo, é produto entre o volume compactado (Vc),
a massa unitária do agregado e a proporção do mesmo. Consumo de agregado miúdo (Cm)
(dado pela equação 6), obtém-se o volume de agregado (Vm) por meio de fórmula, a quantida-
UNIDADE 03
de em massa é obtida por meio do produto entre o volume encontrado e a massa específica do
agregado miúdo;
5. Obtém-se o traço dividindo-se todas as massas obtidas pela massa de cimento, conforme equação 5.
Seguem as equações utilizadas:
Ca
Equação 3
Cb = Vc . δb
Equação 4
(
Vm = 1 -
CC
γc
+
Cb
γb
+
Ca
γa
)
Equação 5
Cm = γc . Vm
Equação 6
65
SAIBA MAIS
O empacotamento e partículas consiste em preencher os espaços vazios entre partículas de maior
tamanho por partículas de menor tamanho. O espaço entre estas é, então, preenchido por par-
UNIDADE 03
tículas ainda menores e assim sucessivamente (CASTRO et al., 2011). Os principais fatores que
influenciam o empacotamento de partículas são a distribuição granulométrica das partículas, a
forma ou morfologia dos grãos e o método de compactação utilizado (DE LARRARD, 1990).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANOTAÇÕES
66
ANEXO
UNIDADE 03
1. EXEMPLO PRÁTICO DOSAGEM – MÉTODO
ABCP
67
fcj28 = fck + 1,65 * sd
fcj28 = 30 + 1,65 * 5,5 → 39,075 MPa
Equação 1
UNIDADE 03
Onde:
Fcj: Resistência à compressão aos j dias;
Fck: resistência característica do concreto à compressão;
Sd: Desvio padrão.
68
matemática, usa-se uma estimativa inicial de consumo por m³ de concreto de acordo com seu
abatimento e a dimensão do agregado graúdo.
Os valores são tabelados para realização dos cálculos utilizou-se o valor de Ca= 195 l/m³, devido
o diâmetro máximo do agregado, correlacionando aos diâmetros dos agregados escolhidos, Dmax
agregado graúdo 19,0 mm com slump de 40 a 60 mm.
UNIDADE 03
TABELA 1 – CONSUMO DE ÁGUA = CA
Onde:
Cc: Consumo de cimento;
Ca: Consumo de água;
a/c: Consumo água/cimento.
69
Dados obtidos em função do diâmetro máximo, valores são tabelados conforme tabela:
UNIDADE 03
AREIA 9,5MM 19MM 25MM 32MM 38MM
1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845
2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825
2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805
2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785
2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765
Para uma mistura de dois ou mais agregados graúdos, Rodrigues (1998) recomenda o uso de
certa proporção entre os agregados graúdos para minimizar o volume vazio. Isso pode ser alcança-
do quando o agregado é compactado em certa proporção para obter a unidade de massa máxima
sob a condição de compactação do agregado. A Tabela 3 mostra a relação entre o volume mínimo
permitido de cascalho.
O consumo de agregado graúdo por metro cúbico de concreto é estimado, foi utilizado uma
proporção de agregado B1” = 70% B0” = 30%.
Cb = Vb * Mu
Cb = 0,730 * 1,406 → 1.027 kg/m3 de agregado graúdo
Cbrita1 = 1.027 * 60% → 616 kg/m3 de agregado graúdo (brita 1”)
Cbrita0 = 1.027 * 40% → 410,8 kg/m3 de agregado graúdo (brita 0)
Equação 3
70
Onde:
Cb: Consumo de agregado graúdo por metro cubico de concreto (kg/m³);
Vb: Volume compactado seco do agregado graúdo por m³ de concreto;
M.U: Massa unitária compactada do agregado graúdo por m³ de concreto (kg/m³).
UNIDADE 03
d) Determinação do volume de agregado Miúdo:
Quando o consumo de cimento, água e agregado graúdo for determinado, o consumo de agre-
gado fino (Ca) pode ser estimado imediatamente. Isso se deve ao fato de que, em princípio, o
volume do concreto é constituído pela soma dos volumes absolutos dos materiais que constituem
o concreto.
[
Vm = 1 -
424
3.100
+
1.027
2.626
+
195
1.000
]
Vm = 1 - [ 0,136 + 0,391 + 0,195 ]
Vm = 1000 - 0,722
Vm = 0,278 m3
Equação 4
Onde:
Vm: Volume de agregado;
Cc: Consumo de cimento;
Cb: Consumo de agregado graúdo;
Ca: Consumo de água;
Careia = Vm * γareia
Careia = 0,278 * 2.635
Careia = 730,02 kg/m3
Equação 5
Onde:
Careia: Consumo areia;
Vm: Volume de agregado;
71
f) Apresentando o traço:
A representação da trajetória relacionada à unidade de cimento é fornecida
Cimento: Areia: Brita 1”: Brita 0: A/c
UNIDADE 03
Cc Cm Cb1 Cb0 Ca
: : : :
Cc Cc Cc Cc Cc
424 730,02 616 410,8 195
: : : :
424 424 424 424 424
1 : 1,721 : 1,453 : 0,968 : 0,46
Ou em massa:
424 kg ; 730,02 kg; 616 kg; 410,8 kg; 195 l.
72
UNIDADE
04
CONCRETOS ESPECIAIS
E A DURABILIDADE
DE ESTRUTURAS EM
CONCRETO ARMADO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
» Conhecer a composição e as principais características de concretos especiais;
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 04
nológico do concreto, que é uma mistura formada por água, cimento, agregado graúdo (brita) e
agregado miúdo (areia), cujo estado fresco possui consistência plástica e o estado endurecido é
caracterizado por uma resistência à compressão axial elevada.
Sua durabilidade é alta, pois a sua resistência mecânica tende a se elevar com o passar do
tempo quando exposto a intempéries (HELENE, 2009). Para aumentar a durabilidade do concreto
e consequentemente maior vida útil e verificar a sua aceitação, devem ser utilizados métodos de
74
A resistência característica do concreto à compressão axial é atingida aos 28 dias, o controle de
lançamento do material é importante, registrando-se o local onde o caminhão betoneira descarre-
gou, pois caso não seja atingida à resistência desejada nesse período, o processo pode ser refeito,
garantindo as condições de projeto.
Essa resistência, juntamente com a durabilidade do material, são os requisitos mais relevantes
UNIDADE 04
no concreto em seu estado endurecido, onde a cura deve ser executada de forma a objetivar es-
sas qualidades, ou seja, quanto maior for o controle, maior será o desempenho do produto final
(NEVILLE, 1997).
Para uma eficaz dosagem em central é imprescindível que sejam analisados com atenção os
procedimentos de armazenagem dos materiais a serem utilizados no concreto, a forma de trans-
porte até o local de uso, uma boa execução do controle de qualidade do produto final, a dosagem
na mistura de cada um dos materiais e, também, que seja efetuada uma análise dos resultados
dos ensaios realizados (HELENE, TERZIAN, 1993). Sobretudo, a aceitação do concreto a ser utiliza-
do tem grande relevância em todo esse processo, a procedência desse material deve estar bem
especificada, assim como a data de recebimento e a data de fabricação do mesmo.
A central de concreto possui inteira responsabilidade no concreto entregue na obra, com re-
lação ao preparo do mesmo e a documentação referente ao cumprimento das normas da ABNT,
que deve ser entregue ao proprietário do empreendimento ou responsável técnico e, também,
75
arquivada no escritório da empresa de concretagem para futuras conferências, sendo assim man-
tida por tempo determinado em legislação vigente. A aceitação ou rejeição do concreto em obra
será baseada nas verificações e ensaios efetuados pela contratante com o objetivo de comprovar
as características do concreto e o atendimento as exigências constantes no pedido do comprador.
O concreto poderá ser recusado se não atender, pelo menos, uma dessas especificações. A con-
UNIDADE 04
creteira também deverá possibilitar à contratante a inspeção da central, para efeito de controle
da dosagem do concreto, dos equipamentos de dosagem, mistura, transporte e estocagem do
material (ABNT, 1984).
Com relação aos componentes do concreto, algumas considerações devem ser feitas e analisa-
das com relação ao tipo de cimento empregado no concreto, conforme Helene e Terzian (1993):
• Resistência à compressão aos 3, 7, 28 e 91 dias, pois é possível conhecer o comportamento
76
1.1.1 ENSAIOS EM CENTRAIS DE CONCRETO
Petrucci (1998) define trabalhabilidade como sendo a propriedade do concreto fresco, que
identifica sua maior ou menor aptidão para ser empregado com determinada finalidade, sem per-
da de sua homogeneidade. Em centrais de concreto, é verificado esse grau de trabalhabilidade do
material, segundo o autor todos os processos de medida dessa grandeza baseiam-se em uma das
UNIDADE 04
seguintes proposições:
• Medida pela deformação causada a uma massa de concreto fresco, pela aplicação de uma
força predeterminada;
• Medida pelo esforço necessário a ocasionar, em uma massa de concreto fresco, uma defor-
mação preestabelecida.
77
• Amostragem de concreto fresco (NBR NM 33:1994);
• Determinação da consistência através da agulha de Proctor (NBR 14278:1999);
• Determinação da massa especifica, do rendimento e do teor de ar pelo método gravimétrico
(NBR 9833:2008);
UNIDADE 04
• Determinação da penetração de água sob pressão (NBR 10787:2011);
• Determinação da resistividade elétrica volumétrica (NBR 9204:1985);
• Determinação do índice de reflexão em placas (NBR 13354:1995);
• Determinação do índice de reflexão por medição direta (NBR 13317:1995);
• Determinação do tempo de pega por meio da resistência à penetração (NBR NM 9:2002);
2. CONCRETOS ESPECIAIS
Existe uma infinidade de concretos considerados especiais, obtidos a partir da adição de adi-
tivos na mistura e/ou pela substituição dos materiais tradicionais, a fim de proporcionar a estes
concretos, propriedades diferenciadas.
Com o passar do tempo, para atender as determinadas exigências, foi preciso aprimorar o con-
creto convencional adicionando outros elementos à mistura, como adições minerais, aditivos quí-
micos, fibras e técnicas diferenciadas para execução.
Os concretos convencionais possuem algumas deficiências como, retração plástica, baixa duc-
tilidade, pode apresentar baixa permeabilidade quando exposto a umidade entre outras. Por isso,
os concretos especiais foram desenvolvidos para superar as deficiências do concreto convencional.
São exemplos de concretos especiais o CAR (concreto de alta resistência), o CAD (concreto de alto
desempenho), CUAD (concreto de ultra-alto desempenho), CPR (concreto de pós reativos), CAA
(concreto autoadensável).
78
2.1 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD)
Os concretos de alto desempenho geralmente possuem maior densidade devido à redução na
quantidade de água de mistura, possibilitada pelo uso de aditivos superplastificantes. Além disso,
componentes finos e ultrafinos, como as adições minerais, são adicionados às misturas para garantir
UNIDADE 04
uma melhor compactação e preenchimento dos vazios existentes entre os grãos (SARI, PRAT, 1999).
A especificação deste tipo de concreto, em relação aos concretos convencionais, está relacio-
nada ao seu desempenho mecânico e durabilidade, assim como à possibilidade de reduzir o peso
próprio das estruturas em função da diminuição das seções, principalmente em elementos traba-
lhando a compressão (TORALLES-CARBONARI, 2003). Nesta classe de concretos, observa-se que
a obtenção de maiores resistências mecânicas, e de maior durabilidade, tem como base fatores
79
Através da resistência mecânica buscava-se obter estruturas densas e resistentes à penetração
dos mais diversos agentes agressivos. Mas a resistência elevada somente não conseguia atender a
todas as necessidades e começaram a surgir manifestações patológicas prematuras nas estruturas
em especial devido à corrosão das armaduras. A execução desse material pode ser feita a partir de
cimentos variados e dos agregados que estiverem disponíveis. É necessário dispensar uma aten-
UNIDADE 04
ção especial aos agregados graúdos para não haver comprometimento da resistência almejada.
Incluem-se ainda na sua composição os aditivos superplastificantes ou redutores de água, cinza
volante e sílica ativa além de produção com rigoroso controle de qualidade.
80
concretos convencionais, sem que nesta análise sejam considerados também os volumes necessá-
rios para a produção da estrutura (CHRIST, 2011).
O fato de o concreto de pós reativos ter uma microestrutura densa, com um sistema de poros
descontínuos, colabora para o aumento da durabilidade das estruturas por meio de uma elevada
resistência ao ataque de agentes externos. Como exemplo deste fato, pode-se citar que o CPR
UNIDADE 04
apresenta comportamento de maior durabilidade quando exposto a ciclos de gelo e degelo, em
comparação ao concreto convencional. Além disso, a taxa de carbonatação e resistência à abrasão
deste concreto são também superiores às do concreto convencional e até mesmo às de alguns
concretos de alto desempenho (VANDERLEI, 2004).
A apropriada especificação do CAA para cobrir esses requisitos, com base no sistema de classi-
ficação da norma e é caracterizada por quatro parâmetros chave de ensaio: fluidez e capacidade
de preenchimento com medição através do ensaio de espalhamento SF (Slump Flow); viscosidade
através dos ensaios de viscosidade VS (Tempo t500) ou VF (Funil V); capacidade de passagem atra-
vés dos ensaios de capacidade de passagem PL (Caixa L) ou PJ (Anel J); resistência à segregação
através do ensaio de estabilidade SR (Segregation Resistance).
O período de manutenção da consistência requerida dependerá dos tempos de transporte e
de colocação, assim como da temperatura do concreto. Esse período deverá ser determinado e
especificado, devendo o CAA manter as propriedades do estado fresco durante esse período. A NP
EN 206-9:2010 recomenda que o CAA seja lançado numa única descarga contínua, evitando inter-
rupções nessas operações devido a atrasos na entrega do produto. Para o espalhamento, seu valor
está relacionado com a fluidez e a capacidade de preenchimento em condições não confinadas e
será normalmente especificado. O ensaio não é adequado quando a máxima dimensão do agre-
gado excede 40 mm. Em estruturas complexas, com o espaço inferior a 60 mm, recomendam-se
ensaios à escala real.
81
O valor da estabilidade descreve a resistência à segregação e é fundamental para a homogenei-
dade e a qualidade do CAA no local. Importante saber que o CAA pode segregar, tanto dinamica-
mente durante o lançamento nas formas, quanto estaticamente após a colocação, porém, antes
do endurecimento. A segregação estática será mais prejudicial em elementos altos, mas mesmo
em lajes pouco espessas pode conduzir a defeitos superficiais tais como a fissuração ou uma su-
UNIDADE 04
perfície enfraquecida.
Em geral, CAA é concreto feito com os mesmos materiais do concreto convencional (CC), onde
se adiciona aditivos químicos do tipo modificadores de viscosidade. Quando bem dosado e ade-
quadamente lançado, o CAA pode proporcionar benefícios econômicos e tecnológicos. Especifica-
mente pode promover as seguintes vantagens: redução de mão de obra e equipamentos; possibi-
lidade de obtenção das propriedades mecânicas desejadas independentemente da qualidade da
82
maior facilidade no nivelamento das lajes, assegurando-se as condições de trabalhabilidade. As-
sim, espera-se melhoria nos aspectos de durabilidade por conta da eliminação de nichos e falhas
de concretagens, garantindo-se excelente acabamento em concreto aparente, bem como viabiliza-
ção de elementos estruturais com formas de geometria complexa e componentes esbeltos.
As características do CAA são obtidas a partir do uso de aditivos superplastificante à base de
UNIDADE 04
policarboxilatos que permite a obtenção de uma fluidez elevada, mesmo com relações água/ci-
mento muito baixas. Outro aspecto importante a ser observado é o tempo disponível para traba-
lhabilidade do CAA fresco, desde a mistura na central de fabricação até a conclusão da operação
de lançamento nas formas e adensamento, com maior atenção nas regiões de clima mais quente,
onde esse tempo disponível será, possivelmente, menor. No estado endurecido, para a resistência
à compressão, verifica-se que a característica do CAA apresentar elevada fluidez associada à su-
VÍDEO
Assista ao vídeo, no link a seguir, que aborda uma importante discussão sobre concretos para
execução de paredes de concreto: superfluidos x autoadensável.
Disponível em: https://bit.ly/3wBaOrH. Acesso em 13 abr. 2021.
83
muito fina, pó de quartzo moído, cimento Portland, sílica ativa e 2% de fibras. É muito comum a
adição de fibras para atender aos requisitos uma vez que esse reforço promove elevadíssima re-
sistência à compressão de 160 a 200 MPa além das outras propriedades do CUAD. Esse material,
então, é tão resistente e durável quanto uma rocha, mas molda-se facilmente em qualquer forma
e dimensão (TUTIKIAN et al., 2011).
UNIDADE 04
Tuitikian et al. (2011) enfatizam que dentre os CUAD o mais estudado e utilizado é o concreto pós
reativos (CPR ou Reactive Powder Concrete – RPC). Segundo os autores os primeiros concretos de
ultra-alto desempenho foram os densificados com pequenas partículas e o concreto livre de macro
defeitos, entre 1972 e 1973 foi patenteado inclusive um concreto novo com resistência à compres-
são de até 2000 MPa. Ao longo dos anos novas tecnologias foram desenvolvidas nessa área, mas as
características marcantes nesses materiais são: i) Emprego de partículas finas; ii) Consumo elevado
84
gerais: i) Aumento das propriedades mecânicas; ii) Propriedades que beneficiam o processo de
construção; e iii) Aumento das propriedades que proporcionam maior durabilidade. Em relação ao
custo, vale salientar que o custo do CAD em estágio inicial é maior que do concreto convencional.
Mas isso se contrapõe à redução dos custos da construção que a resistência inicial elevada propor-
ciona. Além disso, a melhoria das propriedades mecânicas promove a redução da dimensão dos
UNIDADE 04
elementos estruturais e o aumento da durabilidade aumenta a vida útil da estrutura (SILVA, 1995).
Para Silva (1995), o uso do concreto de alto desempenho é “uma tendência irreversível” desta-
cando seu uso na execução de pilares de edifícios pela redução nas áreas de seções transversais.
O desgaste superficial também se torna menos significativo devido à resistência à abrasão e as
estruturas sofrem menos com a ação das intempéries como mudanças de temperatura, poluição
do ar e água da chuva.
85
Conforme a NBR 6118:2014, durabilidade é a capacidade de a estrutura suportar as intempé-
ries previstas e definidas em conjunto com o responsável pelo projeto estrutural e o contratante
no início dos trabalhos de elaboração do projeto (ABNT, 2014). As estruturas de concreto devem
ser projetadas e construídas de acordo com as condições ambientais previstas na época do projeto
e quando utilizadas conforme recomendado em projeto, para que conservem sua segurança, esta-
UNIDADE 04
bilidade e aptidão em serviço durante o prazo correspondente à sua vida útil.
Segundo Mehta e Monteiro (2014), a durabilidade do concreto é definida como sua capacidade
de resistir à ação de intempéries, ataque químico, abrasão, ou qualquer outro processo de deterio-
ração. Quando o concreto for usado para o que foi projetado, o mesmo irá durar e preservará sua
forma, qualidade e capacidade. De acordo com Ribeiro (2014), a vida útil de uma estrutura depen-
de do comportamento de elementos estruturais e não estruturais, como juntas, drenos, aparelhos
86
As manifestações patológicas estão relacionadas as fases ou etapas da vida da estrutura em que
ela surgiu e sua incidência está diretamente relacionada ao controle de qualidade empregado em
cada etapa, quanto mais precoce for o defeito, maior será a dificuldade de reparação. os defeitos
oriundos dos projetos, podem estar ligados a má qualidade ou uso de materiais incompatíveis dos
mesmos. Outro erro comum é o detalhamento insuficiente no projeto (CREMONINI, 1988). Quando
UNIDADE 04
os defeitos são originados na execução, a principal causa é a mão de obra desqualificada, seja por
falta de conhecimento técnico ou por falta de controle dos serviços executados. (CREMONINI, 1988).
Os materiais e insumos de construção também são responsáveis por uma porcentagem con-
siderável das causas das patologias. Para prevenir esses defeitos, é necessário que haja um bom
controle de qualidade, uma compatibilidade entre os mesmos e que estes materiais atendam a
todas as especificações impostas pelo projetista (MAYR, 2000).
87
A NBR 6118:2014, demonstra as ocorrências de corrosão por falta de cobrimento em pilares,
tem como característica minimizar e diminuir as patologias futuras de uma edificação, trazendo
assim para a estrutura uma durabilidade e vida útil maior e mesmo sendo exigido isso de cada
profissional, tanto o projetista ou o executor ainda tem muitos problemas de corrosão nas cons-
truções por diversos fatores como projeto mal feitos, mal executados, falta de cuidados na sua
UNIDADE 04
manutenção por parte do proprietário após estarem morando no local (TAKEUTI, 1999).
De acordo com a Norma NBR 6118:2014, as tabelas 1 e 2 a seguir apresenta as correspondên-
cias entre classe de agressividade e qualidade do concreto e a correspondência entre a classe de
agressividade ambiental e o comprimento nominal.
88
4.3 CORROSÃO DAS ARMADURAS E DESGASTE DO CONCRETO
Uma das principais manifestações patológicas apresentadas nas estruturas de concreto armado
é a corrosão das armaduras, que pode originar também uma possível redução na seção transversal
da armadura, reduzindo a capacidade do elemento estrutural.
UNIDADE 04
Souza e Ripper (1998) definem corrosão como a deterioração do cobrimento da armadura.
Outros autores defendem que a corrosão é um processo eletroquímico, que tem seu efeito au-
mentado com a introdução de fatores agressivos, tanto internamente quanto externamente, que
são adicionados ao concreto.
A corrosão eletroquímica é fundamentada na ocorrência de um desequilíbrio elétrico entre me-
tais divergentes ou entre determinadas partes de um mesmo metal, originando a chamada pilha/
89
FIGURA 2 – FRENTE DE CARBONATAÇÃO
UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | ARGAMASSAS E CONCRETOS
Fonte: Rodrigues (1998, p. 32).
Esta consiste na separação de fatias ou placas (físicas), por consequência com a perda do mo-
nolitismo e da junção entre o concreto e seus agregados ligantes. As peças atingidas têm perda lo-
calizada ou geral de sua capacidade de resistência (SOUZA; RIPPER, 1988). O concreto está sempre
sujeito ao ataque de elementos químicos agressivos, sendo ele de boa ou má qualidade. Mas nor-
malmente, o concreto mais atacado é o de má qualidade, permeável, segregado (VITÓRIO, 2003).
90
4.5 INFILTRAÇÃO
Infiltração é o processo onde a água ou outros líquidos atravessam as estruturas, elas aconte-
cem quando a estrutura não recebeu impermeabilização e, além dos problemas visíveis tais como
goteira, mofo, manchas de bolor, podem causar sérios danos como a corrosão das armaduras e
UNIDADE 04
outros problemas que afetam a estrutura da edificação.
A umidade nas edificações é um dos problemas mais frequentes e mais difíceis de ser tratado
dentro do ramo da engenharia civil. Não somente devido à complexidade dos fenômenos envol-
vidos, como também aos problemas relacionados às falhas construtivas, principalmente de im-
permeabilização. A tabela 3, na sequência, indica as origens das umidades ou infiltrações e seus
principais locais de ocorrência:
ORIGENS PRESENTE NA
Confecção do concreto;
Umidade proveniente da execução da construção. Confecção de argamassas;
Execução de pinturas.
Cobertura (telhados);
Umidade oriunda das chuvas. Paredes;
Lajes de terraços.
Umidade trazida por capilaridade (umidade ascensional). Terra, através do lençol freático.
Paredes;
Telhados;
Umidade resultante de vazamento de redes de água e esgotos.
Pisos;
Terraços.
Paredes, forros e pisos;
Umidade de condensação. Peças com pouca ventilação;
Banheiros, cozinha e garagens.
Muitas vezes esse problema vem associado a outros, o que dificulta ainda mais o seu trata-
mento. De acordo com Verçoza (1991), a forma de manifestação deste problema e a natureza da
umidade podem ser descritas das seguintes formas:
• Umidade de chuva: tipo de umidade que passa das áreas externas para internas por meio de
pequenas trincas devido, principalmente, a ação da chuva;
• Umidade de construção: originada no trabalho de construção, encontrasse dentro dos materiais
porosos como concreto, argamassa, pintura e tijolos. Este tipo de umidade desaparece com cer-
ca de seis meses. É o tempo necessário para a alvenaria e o ambiente entrarem em equilíbrio;
• Umidade de condensação: devido a uma grande umidade do ar combinada com uma super-
fície fria causando assim a condensação;
91
FIGURA 4 – UMIDADE POR CONDENSAÇÃO
UNIDADE 04
• Umidade de capilaridade: proveniente da absorção por capilaridade da água existente no
solo pelas fundações das paredes e pavimentos até as fachadas e pisos;
A presença de qualquer tipo de umidade, descritas acima, pode causar várias manifestações
patológicas nas estruturas.
92
FIGURA 7 – UMIDADE ACIDENTAL – ROMPIMENTO DE TUBULAÇÃO
UNIDADE 04
Para exemplificar as manifestações citadas anteriormente, segue a figura 8.
93
contração plástica do concreto, assentamento do concreto/perda de aderência das barras da ar-
madura, movimentação de fôrmas e escoramentos, retração do concreto, deficiências de execu-
ção, reações expansivas, corrosão das armaduras, recalques diferenciais, variação de temperatura,
ações aplicadas.
As fissuras encontradas em estruturas de concreto são geradas quando estes apresentam uma
UNIDADE 04
solicitação maior do que a sua resistência. Sendo originadas por 3 possíveis falhas: erro decorrente
de projeto, erro durante a execução e alteração no uso da edificação ou existência de algum esfor-
ço imprevisível sobre a mesma (SOUZA; RIPPER, 1998).
Tomando como base que o aço é o responsável por resistir aos esforços de tração atuantes
na estrutura de concreto armado, a carência de armaduras provoca a atenuação da resistência à
tração e flexão da mesma, aumentando assim as possibilidades de colapso na estrutura (SOUZA;
CLASSE DE AGRESSIVI-
TIPO DE CONCRETO EXIGÊNCIAS RELATIVAS COMBINAÇÃO DE AÇÃO
DADE AMBIENTAL (CAA) E
ESTRUTURAL À FISSURAÇÃO DE SERVIÇO A UTILIZAR
TIPO DE PROTEÇÃO
Concreto simples CAA I e CAA IV Não há -
CAA I ESL-W Wk < 0,4 mm
Concreto armado CAA II e CAA III ESL-W Wk < 0,3 mm Combinação frequente
CAA IV ESL-W Wk < 0,2 mm
Pré-tração com CAA I
Concreto protendi-
do nível 1 (proten- ou ESL-W Wk < 0,2 mm Combinação frequente
são parcial)
Pós-tração com CAA I e II
Pré-tração com CAA II Verificar as duas condições abaixo
Concreto protendi- ELS-F Combinação frequente
ou
do nível 2 (proten-
são limitada) Pós-tração com CAA III Combinação quase
ELS-Da
e IV permanente
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SAIBA MAIS
Os primeiros registros de um concreto com resistência à compressão próxima de 200 MPa aconte-
ceram em meados dos anos 1970, patenteado pela H. H. Bache (AÏTCIN, 2000). O princípio desse
UNIDADE 04
material é o uso de partículas muito finas como pó de quartzo, sílica ativa e aditivos superplastifi-
cantes, empenhando-se para obter a diminuição da relação água/aglomerante utilizada.
REFLITA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade, você aprofundou seus estudos sobre concreto, mais especificamente sobre o
seu controle tecnológico, foram abordados os tipos de ensaios que são normalmente feitos in loco
e em centrais de concreto. Posteriormente foi dado ênfase à categoria dos concretos especiais,
tais como; CAD, CAR, CPR, CAA, então foram apresentadas as principais propriedades desses con-
cretos, assim como particularidades e aplicações.
Ainda nesta Unidade, foi abordado o tema de durabilidade em estruturas de concreto armado
e as principais manifestações patológicas incidentes nessas estruturas. Desta forma geral, com as 4
Unidades que compõem a disciplina de Argamassas e Concretos, espera-se, que você como futuro
profissional da área de construção civil tenha compreendido sobre a importância desses materiais,
para que se possa fazer seu uso correto em diversas obras.
Agora é a sua vez de testar seus conhecimentos sobre esse tema através do estudo prático de
aprendizagem da Unidade.
Bons Estudos!
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ANOTAÇÕES
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UNIBRASIL EAD | ARGAMASSAS E CONCRETOS UNIDADE 04
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