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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

TRANSIENTE HIDRÁULICO EM SISTEMA ELEVATÓRIO DE ÁGUA


BRUTA: ABORDAGEM PARA SITUAÇÃO REAL

ISABELLA CRISTINA MORESCHI

Cuiabá – MT
Maio/2018
ISABELLA CRISTINA MORESCHI

TRANSIENTE HIDRÁULICO EM SISTEMA ELEVATÓRIO DE ÁGUA BRUTA:


ABORDAGEM PARA SITUAÇÃO REAL

Área de Concentração: Recursos Hídricos, Manejo e Conservação.


Linha de Pesquisa: Hidráulica e Saneamento.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Recursos Hídricos da Universidade
Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de
mestre em Recursos Hídricos.

Orientador: Welitom Ttatom Pereira da Silva

Cuiabá – MT
Maio/2018
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, sempre, agradeço a Deus por se fazer presente em todos os meus
passos, por aceitar meus erros e ser o guia dos meus acertos. Sua presença e força me
fortaleceram nesta caminhada e me fortaleceram quando não acreditava em meu potencial.
A minha família a quem devo toda minha educação e solidez dos meus princípios, se
sou o que sou e cheguei onde estou é pela dedicação dos meus pais e aprendizado com meus
irmãos.
Ao meu noivo, pelo zelo, companheirismo, carinho e amor que sempre transbordam nos
cuidados comigo.
Ao meu orientador por acreditar em mim e me fazer acreditar que sou capaz, pelas
horas em que se absteve da companhia de sua família para me auxiliar na pesquisa, me
apoiando o quanto foi possível.
Aos meus colegas de estudos e professores do Programa de Pós-Graduação em
Recursos Hídricos pela troca de aprendizados.
Ao aluno de engenharia elétrica Werleson da Silva Nery pela dedicação e disposição em
ajudar na elaboração dos medidores de pressão e suporte sobre funcionamento da Soft Starter.
Aos funcionários da SAAE – Chapada dos Guimarães (Empresa de Saneamento de
Chapada dos Guimarães) pelo auxílio na obtenção do conhecimento necessário ao
desenvolvimento do trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
peloauxílio financeiro que permitiu a realização da pesquisa vinculada ao Processo CNPq.
RESUMO

Os sistemas de abastecimento de água devem fornecer serviços confiáveis ao consumidor


satisfazendo as demandas de água, evitando desperdícios econômicos e ambientais. Um dos
grandes desafios no gerenciamento, por parte dos gestores de água, refere-se aos custos de
implementação e operacionais e nos sistemas elevatórios (SEs), bem como a confiabilidade
do desempenho hidráulico do sistema, fortemente associados a variação na pressão decorrente
de falha da bomba podendo gerar sérios danos ao sistema. Neste aspecto, destaca-se a
importância do transiente hidráulico na análise de variação de pressão decorrentes de falhas
na bomba, podendo causar danos estruturais e afetar negativamente a qualidade da água.
Sendo assim, o estudo teve como objetivo auxiliar no processo de seleção da melhor
alternativa para atenuação de variação de pressão em sistema elevatório de água bruta. Para
alcançar o objetivo, os procedimentos metodológicos a serem adotados foram: (1)
compreensão do transiente hidráulico; (2) modelo de simulação hidráulica (MSH) para falha
da bomba por queda de energia; (3) calibração do MSH para a área de estudo; (4) avaliação
da calibração do MSH; (5) identificação de alternativas para controle de transiente; e, (6)
seleção da melhor alternativa de dispositivo de proteção. O método utilizado para auxilio da
tomada de decisão na escolha da melhor alternativa foi satisfatório, selecionando a alternativa
3 como melhor opção (custo de implementação R$ 322,00; custo com manutenção R$
5499,00; e, desempenho hidráulico de -122,73 mca). Porém, a calibração não obteve
resultados satisfatórios (valores superiores que 10% para MAPE e 2 mca para RMSE),
demonstrando que o MSH precisa ser aprimorado para representação da situação real. Isto
demonstra a importância e necessidade de estudos do transiente hidráulico em situações reais,
de forma que o pesquisador se familiarize com situações inesperadas e informações
imprecisas, tornando-se parte do conhecimento para desenvolvimento de novas possibilidades
de solução e atuação nas pesquisas futuras.

Palavras-chave: modelo de simulação hidráulica; tomada de decisão; calibração.


ABSTRACT

Water supply systems must provide reliable services to the consumer by meeting the demands
of water, avoiding economic and environmental waste. One of the major management
challenges for water managers is implementation and operational costs and in the elevation
systems (SEs), as well as the reliability of the hydraulic performance of the system, strongly
associated with the variation in pressure due to failure causing serious damage to the system.
In this aspect, the importance of the hydraulic transient in the analysis of pressure variation
due to pump failures is highlighted, being able to cause structural damages and negatively
affect the quality of the water. Therefore, the objective of this study was to aid in the selection
process of the best alternative for pressure variation attenuation in the raw water lifting
system. To reach the objective, the methodological procedures to be adopted were: (1)
understanding of the hydraulic transient; (2) hydraulic simulation model (MSH) for pump
failure due to power failure; (3) calibration of the MSH for the study area; (4) assessment of
the MSH calibration; (5) identification of alternatives for transient control; and, (6) selection
of the best alternative protection device. The method used to help decision-making in
choosing the best alternative was satisfactory, selecting alternative 3 as the best option
(implementation cost R $ 322.00, maintenance cost R $ 5499,00, and hydraulic performance
of -122 , 73 cc). However, the calibration did not obtain satisfactory results (values higher
than 10% for MAPE and 2 mca for RMSE), demonstrating that the MSH needs to be
improved to represent the real situation. This demonstrates the importance and necessity of
hydraulic transient studies in real situations, so that the researcher becomes familiar with
unexpected situations and imprecise information, becoming part of the knowledge to develop
new possibilities for solution and action in future research.

Keywords: hydraulic simulation model; decision making; calibration.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 18

2.1. Objetivo geral .................................................................................................................... 18

2.2. Objetivos específicos ......................................................................................................... 18

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 19

3.1. Sistema de abastecimento de água .................................................................................... 19

3.1.1. Estação elevatória............................................................................................................ 20

3.1.2. Adutora............................................................................................................................ 21

3.2. Transiente hidráulico ......................................................................................................... 22

3.2.1. Equação básica ................................................................................................................ 23

3.2.2. Equações diferenciais básicas ......................................................................................... 28

3.2.3. Método das características e de diferenças finitas .......................................................... 32

3.2.4. Principais condições de contorno .................................................................................... 36

3.3. Otimização......................................................................................................................... 41

3.3.1. Análise mono objetivo .................................................................................................... 42

3.3.2. Análise multicriterial ....................................................................................................... 43

3.3.3. Algoritmo de otimização PSO ........................................................................................ 48

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 50

4.1. Transiente hidráulico no abastecimento de água ............................................................... 50

4.2. Análise de decisão em sistema de abastecimento de água ................................................ 56

4.3. Seleção de projeto na engenharia ...................................................................................... 61

5. ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................... 65

6. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 70

6.1. Compreensão do transiente hidráulico .............................................................................. 71

6.1.1. Módulo experimental ...................................................................................................... 71


6.1.2. Algoritmo de simulação de transiente hidráulico ........................................................... 73

6.2. Modelo de simulação hidráulica para falha da bomba por queda de energia .................... 73

6.3. Calibração do MSH para a área de estudo......................................................................... 73

6.3.1. Coleta de dados em campo.............................................................................................. 74

6.3.2. Modelo de simulação hidráulica para calibração ............................................................ 76

6.3.3. Calibração do MSH ......................................................................................................... 76

6.4. Avaliação da calibração do MSH ...................................................................................... 77

6.5. Identificação de alternativas para controle de transiente ................................................... 78

6.6. Seleção de alternativa ótima de dispositivo de proteção ................................................... 79

7. RESULTADOS E DISSCUSSÕES ..................................................................................... 81

7.1. Compreensão do transiente hidráulico .............................................................................. 81

7.1.1. Teste para análise preliminar de calibração no módulo experimental ............................ 82

7.2. Modelo de simulação hidráulica para falha da bomba por queda de energia .................... 82

7.3. Calibração do MSH para a área de estudo......................................................................... 83

7.3.1. Coleta de dados em campo.............................................................................................. 83

7.3.2. Modelo de simulação hidráulica para calibração ............................................................ 84

7.3.3. Calibração do MSH ......................................................................................................... 84

7.4. Avaliação da calibração do MSH ...................................................................................... 87

7.5. Identificação de alternativas para controle de transiente ................................................... 88

7.5.1. Descrição das alternativas ............................................................................................... 89

7.5.1.1. Alternativa 1 ............................................................................................................... 91

7.5.1.2. Alternativa 2 ............................................................................................................... 92

7.5.1.3. Alternativa 3 ............................................................................................................... 93

7.6. Seleção da alternativa ótima de dispositivo de controle .................................................... 94

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 98

9. RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 100

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 101


ANEXO A – ALGORITMO DE SIMULAÇÃO DE TRANSIENTE HIDRÁULICO ......... 111

APÊNDICE A – MEDIDORES DE PRESSÃO .................................................................... 112

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO ....................................................................................... 116

APÊNDICE C – RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS .............................................................. 117

APÊNDICE D – ALGORITMO BÁSICO PARA RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS ....... 120

APÊNDICE E – CALIBRAÇÃO DO TRANSIENTE HIDRÁULICO EM BANCADA


EXPERIMENTAL ................................................................................................................. 122
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Escala fundamental de números ............................................................................. 45


Tabela 2 – Faixa de variação aceitável para cada método de ajuste......................................... 78
Tabela 3 – Resumo dos métodos de proteção contra transiente hidráulico .............................. 78
Tabela 4 – Critérios para tomada de decisão ............................................................................ 80
Tabela 5 – Resultados da porcentagem de erro da calibração manual ..................................... 85
Tabela 6 – Coeficientes de iteração .......................................................................................... 85
Tabela 7 – Conjunto de variáveis encontradas e sua respectiva função objetivo ..................... 85
Tabela 8 – Resultados da porcentagem de erro da calibração automática ............................... 87
Tabela 9 – Identificação de métodos de controle de transiente para o caso de estudo ............. 89
Tabela 10 – Alternativas definidas para controle de transiente ................................................ 89
Tabela 11 – Custos com implantação (CR1) ............................................................................ 94
Tabela 12 – Custos com manutenção (CR2) ............................................................................ 95
Tabela 13 – Desempenho hidráulico de cada alternativa (CR3) .............................................. 95
Tabela 14 – Resumo dos critérios para cada alternativa .......................................................... 95
Tabela 15 – Peso segundo atores do processo decisório .......................................................... 96
Tabela 16 – Matriz de decisão .................................................................................................. 96
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Principais componentes da estação elevatória ........................................................ 20


Figura 2 – Queda da linha de energia após falha da bomba ..................................................... 22
Figura 3 – Volume de controle típico ....................................................................................... 24
Figura 4 – Condições iniciais do sistema de tubulação ............................................................ 24
Figura 5 – Massa de controle no momento de fechamento ...................................................... 25
Figura 6 – Diagrama do corpo livre em uma seção do fluido .................................................. 29
Figura 7 – Solução gráfica para as equações C+ e C- ............................................................... 34
Figura 8 – Solução gráfica para os nós interiores ..................................................................... 36
Figura 9 – Esquema típico do algoritmo PSO .......................................................................... 49
Figura 10 – Localização do sistema elevatório de água bruta do córrego Monjolinho ............ 65
Figura 11 – Representação esquemática dos componentes do SE ........................................... 66
Figura 12 – Esquema do sistema em estudo ............................................................................. 67
Figura 13 – Componentes do sistema elevatório ...................................................................... 68
Figura 14 – Danos decorrentes da queda de energia em bombas ............................................. 69
Figura 15 – Danos decorrentes da queda de energia nas paredes da casa de bombas .............. 69
Figura 16 – Etapas do procedimento metodológico ................................................................. 70
Figura 17 – Registro fotográfico de componentes do módulo experimental ........................... 72
Figura 18 – Módulo experimental e componentes ................................................................... 72
Figura 19 – Representação da posição dos pontos de medição de pressão .............................. 74
Figura 20 – Instalação do medidor de pressão P1 .................................................................... 75
Figura 21 – Instalação do medidor de pressão P2 .................................................................... 75
Figura 22 – Sistema utilizado para aplicação dos exercícios 1 e 2........................................... 81
Figura 23 – Fluxograma simplificado com os passos principais do MSH ............................... 82
Figura 24 – Valores de pressão observados versus estimados (calibração manual) ................ 84
Figura 25 – Valores observados versus estimados a partir da calibração automática (teste 1) 86
Figura 26 – Valores observados versus estimados a partir da calibração automática (teste 2) 86
Figura 27 – Valores observados versus estimados a partir da calibração automática (teste 3) 86
Figura 28 – Queda da linha de energia após falha da bomba ................................................... 90
Figura 29 – Representações dos envoltórios de pressão após falha da bomba......................... 90
Figura 30 – Configuração da alternativa 1 ............................................................................... 91
Figura 31 – Envoltório de pressão da alternativa 1 .................................................................. 91
Figura 32 – Configuração da alternativa 2 ............................................................................... 92
Figura 33 – Envoltório de pressão da alternativa 2 .................................................................. 92
Figura 34 – Configuração da alternativa 3 ............................................................................... 93
Figura 35 – Envoltório de pressão da alternativa 3 .................................................................. 93
Figura 36 – Tomada de decisão pelos métodos TOPSIS, CP e AHP ....................................... 96
Figura 37 – Transiente hidráulico com a celeridade a3 .......................................................... 123
Figura E38 – Ondas de pressão de dados estimados versus observados ................................ 124
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHP Analytic Hierarchy Process


CMB Conjutno Motor-Bomba
CP Compromise Programming
DESA Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
DH Desempenho Hidráulico
EE Estação Elevatória
ETA Estação de tratamento de água
Hb Carga hidráulica de bombeamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IF Inversor de Frequência
LABHID Laboratório de Hidráulica
MAPE Erro Médio Percentual Absoluto
MSH Modelo de Simulação Hidráulica
N Número de seções da tubulação
NS Número de nós na tubulação
PSO Particle Swarm Optimization
Qb Vazão bombeada
QCA Vazão na calha Parshall
Qi Vazão conhecida no nó i
QPi Vazão desconhecida no nó i
Rnc Reservatório de nível constante
Rre Reservatório de recirculação
SAA Sistema de Abastecimento de Água
SAAE Sistema Autônomo de Água e Esgoto
SE Sistema Elevatório
SS Soft Starter
tFMB Tempo de inoperância do conjunto motor-bomba
TH Transiente Hidráulico
TOPSIS Technique for Order Performance by Similarity to Ideal Solution
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
VC Volume de Controle
Vg Válvula globo
VR1 Válvula de retenção após a bomba
VR2 Válvula de retenção na linha de adução
1. INTRODUÇÃO

A gestão urbana de água vem se destacando em pesquisas em decorrência as demandas


cada vez maiores de água e a complexidade do sistema e das variáveis envolvidas. Questões
como conflitos, escassez, desperdício e degradação dos recursos hídricos fortalecem ainda
mais a necessidade de mudanças dos processos convencionais, onde a mudança deve ser
voltada para uma análise que aborda, integradamente, os diferentes aspectos do ciclo de água
urbana com o uso sustentável dos recursos hídricos (BAHRI, 2012).
Para Jacovkis et al. (1989), para se obter um planejamento ideal de uso múltiplo dos
recursos hídricos, deve-se considerar restrições ambientais, técnicas, econômicas, financeiras,
sociais e políticas para a utilização dos recursos hídricos de forma racional e integrada.
Neste cenário, os sistemas de abastecimento de água são uma das importantes
infraestruturas na gestão de água urbana, por serem as principais transportadoras e
fornecedoras de água para a população. Logo, por serem sistemas complexos envolvendo
questões sociais, ambientais, políticas, econômicas e estruturais, devem fornecer serviços
confiáveis ao consumidor satisfazendo as demandas de água, evitando desperdícios
econômicos e ambientais (SOLTANJALILI; HADDAD; MARIÑO, 2013).
Um dos sistemas vitais do abastecimento de água é o transporte de água bruta,
principalmente em locais onde a captação encontra-se muito longe da unidade de tratamento
de água e/ou com diferença de cotas consideráveis, necessitando-se de sistema elevatório
(SE). Um dos grandes desafios no gerenciamento, por parte dos gestores de água, refere-se
aos custos de implementação e operacionais e nos SEs, bem como a confiabilidade do
desempenho hidráulico do sistema, fortemente associados a variação na pressão decorrente de
falha da bomba podendo gerar sérios danos ao sistema.
Neste aspecto, destaca-se a importância do transiente hidráulico (TH) na análise de
variação de pressão, o qual permite entender o comportamento do sistema frente a eventos
como queda de energia, acionamento/desligamento de bomba, acessórios, operação de
válvulas, quebras principais, vazamentos e outros eventos que gerem surtos devido a
variações rápidas e significativas na pressão do sistema (RAMOS; TAMMINEN; COVAS,
2009).
É fato que, além de todos os danos estruturais ocasionados pelos transientes hidráulicos,
podem afetar negativamente a qualidade da água por meio da intrusão de agentes patógenos
no sistema de distribuição de água (KIRMEYER et al. 2001; WOOD et al., 2005). Também,

16
os vazamentos proporcionam grandes perdas de água gerando custos de energia, perdas de
receitas e de recursos naturais. Sua minimização poderá resultar em economia com energia
elétrica, maior volume de água disponível, maior eficiência operacional, atualizações de
instalações de tratamento diferido, recuperação de receita perdida e pressão reduzida sobre os
recursos hídricos, levando à sustentabilidade a longo prazo da água (RESS; ROBERSON,
2016).
Modelos de simulação capazes de prever o fluxo e variações de pressão são cada vez
mais importantes para identificar riscos, formular e avaliar medidas de proteção, bem como
implementar planos operacionais aprimorados e atualizações de segurança. Essas medidas
elevam o poder de atuação das empresas de abastecimento de água na proteção contra
modificações bruscas, com consequente fortalecimento da integridade do sistema, respeito as
questões ambientais e fornecimento de água confiável para a sociedade (WOOD et al, 2005).
Além disso, a implementação de técnicas de otimização nos sistemas de abastecimento
de água, desde seu projeto e construção como para manutenção do sistema proporciona
decisões tecnológicas e gerenciais em vários estágios para um menor esforço e maior
benefício (RAO, 2009).
Neste contexto, este estudo pretende auxiliar, a partir da compreensão do TH em SEs, a
tomada de decisão na escolha de uma alternativa adequada para atenuação de problemas
decorrentes da variação de pressão, visando o máximo desempenho hidráulico em conjunto
com redução de custos de gerenciamento.

17
2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Auxiliar no processo de seleção da melhor alternativa para atenuação de variação de


pressão em sistema elevatório de água bruta, visando proporcionar o mínimo custo de
implantação e operação e máximo desempenho hidráulico deste sistema.

2.2. Objetivos específicos

• Compreender as variáveis envolvidas no fenômeno de transiente hidráulico em sistemas


elevatórios;
• Calibrar o modelo de simulação hidráulica no sistema elevatório de estudo;
• Identificar alternativas dentre as alternativas convencionais de controle de transiente; e,
• Selecionar, por meio da análise multicriterial, a melhor alternativa de controle de
transiente.

18
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para embasamento teórico e da metodologia a ser aplicada nesta pesquisa, foi realizada
uma fundamentação teórica abordando os principais conceitos e termos técnicos das temáticas
centrais: sistema de abastecimento de água; transiente hidráulico; e, técnicas de otimização.

3.1. Sistema de abastecimento de água

O sistema de abastecimento de água (SAA) é uma estrutura complexa considerando sua


combinação de componentes, abrangendo reservatórios, bombas, tubos, acessórios, válvulas,
entre outros itens (VAN ZYL, 2014). Segundo Tsutiya (2006), os componentes constituintes
do abastecimento são:
• Manancial – corpo hídrico com volume suficiente para atender o fornecimento de água,
podendo ser superficial ou subterrâneo é o corpo de água superficial ou subterrâneo, de
onde é retirada a água para abastecimento;
• Captação – estrutura construída junto ao manancial com o propósito de extração de água
por meio de um conjunto de estruturas e dispositivos;
• Estação elevatória – conjunto de obras e equipamentos crucial, devido a diferença de cotas,
para o recalque da água para o próximo ponto;
• Adutora – canalização com a finalidade transportar a água entre as unidades que precedem
a rede de distribuição;
• Estações de tratamento de água – são destinadas ao tratamento da água bruta, visando
atender aos padrões de potabilidade de consumo humano;
• Reservatório – componente que reserva água tratada e que regulariza o volume de
consumo e a manutenção da pressão mínima exigida pela rede de distribuição de água; e
• Rede de distribuição – composto por tubos e acessórios e tem como objetivo transportar a
água tratada para os usuários de forma contínua, conforme planejamento de distribuição.
O SAA deve ser projetado para fornecer água ao consumidor final com qualidade, ou
seja, dentro dos padrões de consumo, e com volume e pressão suficientes para atender a
demanda (YSUSI,1999). Deste modo, é fundamental que opere como planejado, mantendo,
assim, sua integridade física para que haja uma barreira física entre a água e o ambiente
externo. Essa integridade deve ser capaz de lidar com tensões internas e externa, para que não
haja falha nos componentes do sistema (VAN ZYL, 2014).

19
Levando em consideração o objetivo do presente estudo, destaca-se, na próxima seção,
as componentes estação elevatória e adutora.

3.1.1. Estação elevatória

A situação mais vantajosa para um SAA seria se o escoamento, entre suas unidades,
fosse inteiramente por gravidade devido a questões como a facilidade de operação,
manutenção e segurança, bem como economia com energia e outros custos. Porém,
comumente, as regiões a serem atendidas pelo fornecimento de água e as unidades do sistema
se encontram distantes entre si e/ou com diferenças relevantes de cotas, fazendo-se necessária
a utilização de estações elevatórias (COELHO, 2006).
Estas estações, compostas por bombas, tubulações e acessórios que pressurizam a água,
são cruciais para vencer desníveis topográficos e perdas de carga ao longo das tubulações.
(GOMES, 2009).
A Figura 1 apresenta o esquema de uma estação elevatória (EE) e seus principais
componentes.

Figura 1 – Principais componentes da estação elevatória

1 5
Legenda:
1 – Poço de sucção
3 2 – Tubulação de sucção
2
3 – Bomba
4 – Motor
5 – Tubulação de recalque
Fonte: Adaptado de Tsutiya (2006)

As EE possuem alto custo de construção, operação e manutenção. Sendo assim, para se


considerar a instalação de uma EE, deve-se contemplar os seguintes fatores: recursos
financeiros; disponibilidade e custo de mão de obra qualificada para operação e manutenção

20
dos componentes; ruídos e odores oriundos dos processos de bombeamento; e, topografia,
escavações, elevações e capacidade dos SAA (JONES; PARKS; SANKS, 1998).
Para se evitar ou minimizar erros decorrentes do projeto de EE, deve-se adotar um
planejamento que aborde sobre: conhecer o sistema em si, de modo a ter domínio do
funcionamento das estações e dos componentes do sistema; revisão e conhecimento dos erros
comuns para que possam ser evitados; inspeção do projeto nos seus estágios, bem como
durante construção e funcionamento; coordenação adequada de força tarefa e contratação de
mão de obra qualificada; e bom senso e discernimento nas execuções (SANKS, 1998).
Ademais, os custos de estações elevatórias devem ser avaliados em todo momento que
se fizer necessário, considerando todos os custos envolvidos ao longo de sua vida útil, como
aquisição de equipamentos, operação, manutenção, energia elétrica, ambientais, entre outros
(TSUTIYA, 2006).
No SAA, especificamente em estações elevatórias, os custos operacionais superam
significantemente o preço da compra dos equipamentos, devendo se criar condições
favoráveis para o menor custo possível. Um déficit de eficiência de 0,5% pode gerar custos
adicionais de operação de milhares de reais (LEIBUNDGUT; KOYAMA, 2007). Portanto, a
minimização de custos operacionais, com estações elevatórias, tem um impacto econômico e
energético significativo no SAA, envolvendo um grande número de variáveis e restrições
(BAGIROV et al., 2012).

3.1.2. Adutora

As adutoras são tubulações encarregadas pelo transporte de água entre unidades do


SAA que precedem a rede de distribuição, interligando a captação à ETA e, subsequente,
desta aos reservatórios. Dependendo da natureza da água, a adutora pode ter duas
denominações: (1) adutora de água bruta, quando antecedem a ETA; e, (2) adutora de água
tratada, quando interliga da ETA para os reservatórios. Quando não se pode transportar a água
por gravidade, por não haver um desnível suficiente para conduzir a vazão necessária, faz-se
necessário o recalque desta água (COELHO; BAPTISTA, 2006).

21
3.2. Transiente hidráulico

O transiente hidráulico (TH) ou golpe de aríete é o fenômeno que ocorre, dentro de um


conduto forçado, quando há uma instabilidade no fluxo do líquido ocasionada por uma onda
ou mudança de pressão propagada através da tubulação (AZEVEDO NETTO, 1998). Isso
pode causar falhas e condições intoleráveis de pressão (capacidade de tubulações e
componentes) ao sistema (THORLEY, 1991).
São vários os eventos precursores dessa oscilação na pressão da tubulação, podendo-se
citar: alterações inadequadas da disponibilidade de ar na tubulação; ruptura da tubulação;
operação do sistema ineficiente; o acionamento ou desligamento da bomba; falha da bomba;
mudança na manobra ou abertura ou fechamento de válvulas; operação de válvulas de
retenção, válvulas de liberação de ar, válvulas de redução de pressão, válvulas de alívio de
pressão; entre outros (TULLIS, 1989).
Existem várias formas de controlar os transientes em um sistema hidráulico, as quais
são escolhidas de forma estratégica, de acordo com aumento ou diminuição da pressão
decorrente do evento percursor (MARTIN, 1999). Um dos transientes mais severos
experimentados por um sistema decorre da falha da bomba após queda de energia, onde o
sistema possui uma alta elevação estática e a linha de energia tem sua inclinação aumentada
logo após o bombeamento, conforme Figura 2.

Figura 2 – Queda da linha de energia após falha da bomba

Reservatório

Envoltório de pressão mínima

Bomba com válvula


de retenção
Fonte: Adaptado de Thorley (1991)

Isso gera uma queda brusca da pressão a jusante da bomba, que se propaga a jusante da
velocidade da onda (LAROCK; JEPPSON; WATTERS, 2000). Logo, o controle do transiente

22
nessas situações envolve o projeto e a instalação de um ou mais dispositivos de proteção
contra mudanças bruscas (MARTIN, 1999).
Para um melhor entendimento do assunto aborda-se, nos tópicos desta seção, as
questões em torno do TH, sua base, escopo e estrutura de cálculo, bem como as variáveis
envolvidas e condições de contorno adotadas, conforme os estudos de Parmakian (1963),
Wylie e Streeter (1978), Chaudhry (1979), Tullis (1989), Thorley (1991), e Larock, Jeppson e
Watters (2000). Para maiores explanações relativas ao assunto, consultar as obras dos autores
anteriormente citados.

3.2.1. Equação básica

O entendimento do comportamento das ondas de pressão no sistema hidráulico, aplica-


se as leis do momento linear e da continuidade, para fluxo instável, em um volume de
controle (VC) de uma seção do tubo. O atrito e pequenas perda são desconsiderados (WYLIE;
STREETER, 1978). Pelas questões envolvendo o fluxo de massa nos processos no TH é
conveniente fixar um VC.
Um VC é uma região arbitrária no espaço e sua escolha adotada para a melhor análise
do fenômeno de estudo e por esta razão (CENGEL; CIMBALA, 2010)., de acordo com a
Figura 4, o VC é delimitado na região anterior a válvula. Considera-se como limite de
controle fixo a parede da tubulação do tubo e móvel as laterais do VC.
Tanto a massa quanto a energia podem atravessar o limite de um VC e, portanto, deve-
se acompanhar a quantidade de massa líquida, durante um intervalo de tempo, que entra e sai
do VC. A massa que entra para o VC menos a taxa na qual a massa sai do VC é igual a taxa
líquida de mudança de massa dentro do VC (CENGEL; CIMBALA, 2010).
A medida que a massa se move para dentro ou para fora de um VC ela “carrega” o
momento linear consigo. Esse momento linear representa todas as forças que atuam sobre a
massa líquida (MUNSON et al., 2009). Resumidamente, a análise que pode ser realizada no
fluído, adotando o VC (delimitado pela linha pontilhada) na tubulação, é apresentada de
forma esquemática na Figura 3.

23
Figura 3 – Volume de controle típico

Fluido que Fluido que


entra Volume de controle sai

Fonte: elaboração própria

Sabendo-se dessas definições, considera-se o caso clássico de estudo, conforme Figura


4. Neste sistema, nas condições iniciais, a massa de água flui em uma velocidade V0 com
pressão a montante da válvula P0. O impedimento instantâneo do fluxo devido ao fechamento
parcial da válvula, no tempo igual a 0, proporciona mudança na velocidade para V0 + ΔV,
bem como na pressão da válvula, que passa a ser P0 + ΔP. Isto cria uma onda de pressão de
magnitude ΔH, que percorre o tubo à velocidade de onda a (CHAUDHRY, 1979).

Figura 4 – Condições iniciais do sistema de tubulação

Escoamento permanente inicial


Linha do gradiente hidráulico Frente do movimento da onda

ΔH

Reservatório Volume de controle


Válvula
V0

Fonte: Adaptado de Chaudhry (1979)

Com o aumento da pressão há o surgimento de uma frente de onda de pressão que se


propaga a montante em uma velocidade a, que permanece constante enquanto não haja
mudança na propriedade do fluido e da tubulação. Essa frente chega ao reservatório no tempo
L/a, após o fechamento da válvula. O aumento da pressão comprime o líquido e expande o
tubo (LAROCK; JEPPSON; WATTERS, 2000).
Para um entendimento básico do que ocorre, analisa-se apenas o VC, conforme pode ser
observado na Figura 5.

24
Figura 5 – Massa de controle no momento de fechamento

V0 + a V0 + ΔV +
a
F1 F2

(1) (2)
Fonte: Adaptado de Larock; Jeppson; Watters (2000)

A soma das forças que atuam no líquido é igual pressão antes do fechamento (ponto 1)
que atua na área do tubo menos a pressão após o fechamento (ponto 2) que atua na área do
tubo expandida, ou seja, P0.A – (P0 + ΔP).(A+ΔA). Considerando apenas a variação da
velocidade que passa pelo VC tem-se a Equação (1).

P0 . A − ( P0 + P).( A + A) = A. .(V0 + a).V (1)

Na qual P0 é a pressão inicial, mca; A é a área transversal do tubo, m²; ΔP é o incremento na


pressão; ΔA é o incremento na área; V0 é a velocidade inicial, m.s–1; ΔV é o incremento na
velocidade do fluxo, m.s–1; a é a velocidade da onda desconhecida, m.s–1; e ρ é a massa
específica, kg.m–3.
Desprezando-se a variação da área e sabendo que a variação da pressão é igual a γΔH,
tem-se a Equação (2).

− HA = (V0 + a).A. .V (2)

Podendo ser escrita conforme a Equação (3).

aV  V0 
H = − .1 +  (3)
g  a

Sabendo que a velocidade da onda é muito maior que a velocidade no tubo, pode-se
retirar o termo V0/a da Equação (3), resultando no cálculo da carga de pressão devido a
variação da velocidade, de Joukowsky, expressa pela Equação (4).

25
aV
H = − para a  V (4)
g

Está é a equação básica do TH e sempre se mantém, na ausência de reflexões. Até o


determinado momento, a magnitude da velocidade da onda não pode ser determinada
(WYLIE; STREETER, 1978). A magnitude da onda depende de características da tubulação,
como elasticidade, diâmetro, espessura da parede do tubo, bem como densidade, módulo de
compressibilidade do líquido e da presença de ar ou gás livres (TULLIS, 1989).
Com o aumento da pressão há o surgimento de uma frente de onda de pressão que se
propaga a montante em uma velocidade a, que permanece constante enquanto não ocoraa
mudança na propriedade do fluido e da tubulação. Esta frente chega ao reservatório no tempo
L/a (L é o comprimento da tubulação), após o fechamento da válvula. O aumento da pressão
comprime o líquido e expande o tubo (LAROCK; JEPPSON; WATTERS, 2000).
De acordo com Tullis (1989), nesse momento, a massa total de água que entra no tubo,
ρ.A.V0.L/a, é resultado da composição da massa armazenada devido ao aumento do diâmetro
do tubo, ρ.LΔ.A, e da massa de água armazenada devido ao aumento da densidade, L.A.Δρ,
conforme apresentado na Equação (5).

 . A.V0 .L
=  .L.A + L. A. (5)
a

Do fechamento instantâneo, tem-se que V0 = – ΔV, com isso, observa-se na Equação (4)
a igualdade: V0 = – ΔV = ΔH.g/a. Assim, levando em consideração tal igualdade e dividindo
a Equação (5) pelo termo ρ.A.L, chega-se na Equação (6).

g .H A 
= + (6)
a² A 

Isolando a² da Equação (6) encontra-se a Equação (7).

g.H
a² = (7)
A A +  

26
O conceito de pressão hidrostática, ΔP = ρ.g.ΔH, ou seja, g.ΔH = ΔP/ρ, pode ser
substituído na Equação (7), originando a Equação (8).

P 
a² = (8)
A A +  

Aplicando a definição de módulo de compressibilidade K, sendo K = ΔP/Δρ/ρ, e


multiplicando a parte do numerador e denominador da Equação (8) por K/Δρ, obtém-se a
Equação (9).

K 
a² = (9)
1 + K . A A.P

Também é preciso relacionar a expansão do tubo às suas propriedades de tensão σ,


conforme a Equação (10) e deformação ξ, conforme Equação (11), considerando um tubo de
seção longa, parede fina de espessura e sujeita a um acréscimo de pressão ΔP. A tensão e
deformação são associadas pelo módulo de elasticidade E, onde E = σ/ξ (TULLIS, 1989).

d .P
 = (10)
2e

dP
= (11)
2eE

De acordo com Tullis (1989), a deformação e a tensão devem ser relacionadas com
ΔA/(AΔP), sendo a mudança da ΔA somente em função da deformação circunferencial. ΔA é
dada pela multiplicação da circunferência do tubo com o aumento no raio, conforme Equação
(12).

d .P d  .d ² P.d A.P.d


A = D =  = (12)
2.e.E 2 4 e.E e.E

Aplicando a Equação (12) na Equação (9) e tirando a da raiz quadrada, se produz a


Equação (13).

27
K 
a= (13)
1 + K .d E.e

Segundo Wylie e Streeter (1978), para se obter a equação final da velocidade da onda,
ainda, é impreterível considerar as condições de suporte do tubo, representadas por três casos:
(a) tubo ancorado apenas na extremidade a montante; (b) tubo ancorado contra qualquer
movimento axial; e (c) tubo ancorado com juntas de dilatação (WYLIE; STREETER, 1978).
Essa consideração da condição, C, resulta na Equação (14)

K 
a= (14)
1+ C. K .d E.e

Na qual: d é o diâmetro interno, m; e é a espessura interna do tubo, m; E é o módulo de


elasticidade, N.m–2; K é o módulo de compressibilidade, N.m–2; C é o efeito de restrição do
tubo (adimensional); e ρ é a densidade da massa, kg.m–3.

3.2.2. Equações diferenciais básicas

Neste tópico, apresenta-se o desenvolvimento das equações diferenciais de movimento e


continuidade, pois, segundo Wylie e Streeter (1978), são mais simples que as equações de
momento e continuidade no desenvolvimento de equações algébricas de diferenças finitas
para resolver problemas de transiente hidráulico.

3.2.2.1. Equação do movimento

O escoamento instável é regido pela equação de movimento, sendo que esta respresenta
a soma de todas as forças que atuam sobre uma massa de fluido em uma dada direção, sendo
igual ao produto da massa e a aceleração na direção da força. Na Figura 6 é exposto um
diagrama de corpo livre o qual mostra as forças de pressão atuando nas duas extremidades
(P.A; e, P.A + Δx.A.(dP/dx)), forças de atrito ou cisalhamento na superfície externa
(τ.π.Δx.D) e gravidade (ρ.g.A.Δx) atuando em um segmento cilíndrico de fluido (TULLIS,
1989).

28
Figura 6 – Diagrama do corpo livre em uma seção do fluido

P.A τ.π.Δx.D
D
θ

Δx P.A + Δx.A.(dP/dx)

ρ.g.A.Δx
Fonte: Adaptado de Tullis (1989)

A equação de movimento aplicada na direção do movimento do fluido x é dada pela


Equação (15), na qual sua simplificação e divisão por Δx resulta na Equação (16).

P DV
PA − ( P + .x).A − Dx + gAxsen = Ax. (15)
x Dt

P DV
. A − D + gAsen = A. (16)
x Dt

Assume-se que a tensão de cisalhamento da parede, para escoamento instável, é igual ao


valor do regime permanente na mesma velocidade. Também, adota-se a perda de atrito como
uma perda de carga do fluido ao percorrer o comprimento da tubulação. Essa relação é
desenvolvida aplicando-se a equação de movimento ao diagrama de corpo livre, representado
na Figura 6, adotando regime permanente e caso simplificado de θ = 0, resultando na Equação
(17). Aplicando-se a Equação de Darc-Weisbach tem-se a Equação (18) (TULLIS, 1989).

( P1 − P2 ).A = Dx =  .( H1 − H 2 ).A (17)

fLV ² fxV V
H1 − H 2 = = (18)
2 gD 2 gD

Na qual f é o fator de atrito, admensional. Assume-se um sinal de valor absoluto para a


velocidade para que a força atrito esteja sempre oposta à direção do fluxo. Substituindo a

29
Equação (18) na Equação (17) e reorganizando o termo de tensão de cisalhamento na Equação
(16), obtem-se a Equação (19).

fV V A
D = (19)
2D

Ainda, dividindo a Equação (16) por ρA, substituindo isto na Equação (19) e
expandindo a derivada total de V, chega-se na Equação (20). Esta pode ser simplificada
usando a carga piezométrica (restrito aos líquidos) e pode ser reduzida na Equação (21).

P fV V V dx V
+ − gsen + . + =0 (20)
x 2D x dt t

H fV V VV V
g. + + + =0 (21)
x 2D x t

Esta é a equação representativa do movimento no estudo de transiente hidráulico.

3.2.2.2. Equação da continuidade

Conforme descrito no tópico 3.2.1, o volume de controle pode aumentar na área da


seção transversal e no comprimento devido ao aumento da pressão. De acordo com Tullis
(1989), nesta situação, desprezando o alongamento do tubo, tem-se que a equação da
continuidade é representada Equação (22).

 (AV )  (Adx )
dx = (22)
x t

Expandindo a Equação (22), reorganizando os termos e dividindo por ρ.A.dx resulta-se


na Equação (23).

1  A A  1     V
. +V.  + . +V. + =0 (23)
A  t x    t x  x

30
Observa-se que os dois primeiros termos entre parênteses são derivadas totais de A e ρ
em relação ao tempo, podendo a Equação (23) ser reduzida para a Equação (24).

1 dA 1 d V
. + . + =0 (24)
A dt  dt x

A expressão dA/dt pode ser substituída pelas propriedades estruturais do tubo, assim
como realizou-se no tópico 3.2.1 para o desenvolvimento da equação da velocidade da onda.
Desta forma, representando-se a Equação (12) em forma de diferencial e reorganizando as
variáveis, tem-se que o primeiro termo da Equação (24) pode ser representado conforme
dedução apresentada na Equação (25).

gD dH
. (25)
eE dt

Usando a definição do módulo de compressibilidade tem-se que o segundo termo da


Equação (24) é dado pela dedução da Equação (31).

g dH
. (26)
K dt

Aplicando-se as deduções das Equações (25) e (26) na Equação (24), resulta-se na


Equação (27).

dH  1 + KD eE  1 V
.  + . =0
dt 
(27)
K   g x

Das definições de velocidade da onda, a Equação (27) pode ser reduzida para a Equação
(28).

dH a ² V
+ . =0 (28)
dt g x

Está é a forma conveniente da equação da continuidade, sendo V (velocidade) e H


(carga) variáveis dependentes e x (comprimento) e t (tempo) variáveis independentes.

31
3.2.3. Método das características e de diferenças finitas

Segundo Tullis (1989), as equações tidas como fundamentais para o cálculo do


transiente em condutos são a equação do movimento, expressa pela Equação (21) e a equação
da continuidade, expressa pela Equação (28). Para Wylie e Streeter (1978), estas equações são
mais simples que as equações de momento e continuidade no desenvolvimento de equações
algébricas de diferenças finitas para resolver problemas de transiente hidráulico.
A continuidade e o movimento formam um par de equações parciais hiperbólicas quase-
lineares, ou seja, são equações que envolvem funções desconhecidas com várias variáveis
independentes e dependentes, sendo que o conjunto de todos os pontos estão no mesmo plano
e a diferença da distância entre dois pontos fixos é constante. (WYLIE; STREETER, 1978).
No caso, consideram-se a velocidade e a carga como variáveis dependentes de suas derivadas
e o tempo e distância consideradas variáveis independentes de suas derivadas.
A partir da substituição dessas equações diferenciais parciais em equações diferenciais
ordinárias, aplicando-se o método das características, pode-se determinar a pressão e vazão do
fluido no conduto em qualquer instante (LAROCK; JEPPSON; WATTERS, 2000). Faz-se
essa transformação para simplificar a resolução de problemas, pois a equação diferencial
ordinária possui derivadas com uma variável enquanto a equação diferencial parcial possui
derivadas várias variáveis (SODRÉ, 2003).
Para aplicação do método das características, em um primeiro momento, as equações do
movimento e continuidade são desenvolvidas e, expandindo dH/dt na Equação (28), resulta-se
na Equação (29) (TULLIS, 1989).

H H a ² V
V + + =0 (29)
x t g x

As Equações (21) e (29) podem ser simplificadas comparando as magnitudes relativas


dos vários termos e eliminando os de menor importância, como mostram as Equações (30) e
(31).

V H V
e g V (30)
t x x

H V H
e a²  V (31)
t x x

32
Adotando as equações em forma de diferenças finitas e admitindo condições de
sentença, resulta-se nas Equações (32) e (33).

H V fV V
g + + =0 (32)
x t 2D

H a ² V
+ =0 (33)
t g x

Com a multiplicação da Equação (33) por uma constante desconhecida λ, e juntando-a à


Equação (32), obtém-se a Equação (34).

 g H H   a ² V V  fV V
 + + + + =0
t   g x t 
(34)
  x 2D

Considerando que a Equação (34) é uma combinação linear de duas equações


independentes, sejam quais forem os valores reais adotados para λ, serão obtidas duas
equações igualmente independentes, onde os valores são escolhidos para transformar as
equações em derivadas totais. Da definição de uma derivada total, tem-se a Equação (35)
(TULLIS, 1989).

dH H dx H dV V dx V
= + e = + (35)
dt x dt t dt x dt t

Tendo em conhecimento as igualdades da Equação (35) e comparando-as com a


Equação (34), pode-se obter os valores de λ, conforme Equação (36).

dx g a 2 g dx
= = ou  =  então = a (36)
dt  g a dt

Com isso, a Equação (34) transforma-se em duas equações diferenciais totais


independentes, ou melhor, resulta-se em uma função com variáveis relacionadas a um único
parâmetro, chamadas de equações da compatibilidade C+ e C–, Equações (37) e (38),
respectivamente.

33
g dH dV fV V dx
+ + = 0 para = +a (37)
a dt dt 2D dt

g dH dV fV V dx
+ + = 0 para = −a (38)
a dt dt 2D dt

Aplica-se o método das diferenças finitas nas Equações (37) e (38) para que as
derivadas parciais possam ser manipuladas numericamente. O método das diferenças finitas
pode ser considerado adequado por ser um método de aproximação, por expressões
algébricas, dos termos do modelo matemático para cada nó (TULLIS, 1989).
Os cálculos são realizados para cada intervalo de tempo Δt sendo os nós igualmente
espaçados por uma distância Δx e a velocidade da onda considerada constante, portanto, o
intervalo de tempo que a onda de pressão percorre entre dois nós é o mesmo (TULLIS, 1989).
As pressões e vazões desconhecidas nos nós no tempo Δt + t são denominadas como
HPi e QPi e as conhecidas, no tempo anterior, denominadas como Hi e Qi. Para o cálculo da
vazão, altera-se os termos de velocidade nas Equações (37) e (38) para vazão (Q), em m³.s–1,
adicionando-se a área do tubo, A, em m². A Figura 7 mostra a representação gráfica da
aplicação da solução das Equações (37) e (38).

Figura 7 – Solução gráfica para as equações C+ e C-

2DT
Desconhecidas
Tempo (s)

HPN e QPN
DT
Conhecidas Conhecidas
HN-i e QN-i C+ C- HN+i e QN+i
0
1 N–i N N+i NS
Nós
Fonte: Adaptado de Tullis (1989)

Fazendo-se os devidos ajustes nas Equações (37) e (38) a equação pode ser escrita para
integralização. Da Equação (37) e integrando do nó (i – 1) para o nó (i) gera-se a Equação
(39) (WYLIE; STREETER, 1978).

34
HPi QP x
a i f

H i −1
dH + 
gAQi −1
dQ +
2 gDA² 0
Q Q dx = 0 (39)

A variação de Q com x, no terceiro termo, é desconhecida então aplica-se uma


aproximação de primeira ordem em que Q = Qi – 1. Admitindo essa aproximação, realiza-se a
integração da Equação (39) e um tratamento similar para a Equação (38), resultam-se as
Equações (40) e (41).

C + : HPi − H i −1 + B QPi − Qi −1 + RQi −1 Qi −1 = 0 (40)

C − : HPi − H i +1 − B QPi − Qi +1 − RQi +1 Qi +1 = 0 (41)

Sendo B um coeficiente relativo ao transiente e R o coeficiente de atrito, representadas


pelas Equações (42) e (43).

a
B= (42)
g. A

f .x
R=
(2.g.D.A² ) (43)

Com as constantes B e R e sendo Hi – 1, Hi + 1, Qi – 1 e Qi + 1 conhecidos, as Equações (40)


e (41) podem ser simplificadas como mostram as Equações (44), (45), (46) e (47).

C + : HPi = CP − BQPi (44)

C − : HPi = CM + BQPi (45)

CP = H i −1 + BQi −1 − RQi −1 Qi −1 = 0 (46)

CM = H i +1 − BQi +1 + RQi +1 Qi +1 = 0 (47)

Da relação entre as Equações (44) e (45) chega-se a Equação (48), na qual QPi pode ser
obtido substituindo HPi na Equação (44) ou (45).

35
HPi = 0,5.(CP + CM ) (48)

Com as Equações (44) e (48), pode-se determinar as condições em todos os pontos


interiores, no final do intervalo de tempo, como mostra a Figura 8.

Figura 8 – Solução gráfica para os nós interiores

2DT
Equação de contorno necessária
Tempo (s)

Solução das variáveis desconhecidas HPs e QPs


DT

0
1 N–i N N+i NS
Nós
Fonte: Adaptado de Tullis (1989)

Também, é possível observar a necessidade da aplicação de equações que representem


as condições de contorno do sistema. Com as condições de contorno e dos pontos interiores,
faz-se o cálculo do TH, passo a passo, até o tempo requerido (CHAUDHRY, 1979).

3.2.4. Principais condições de contorno

Na sequência são apresentadas, de forma breve, as principais condições de contorno no


estudo de transientes hidráulicos. Maiores detalhes e condições de contorno adicionais podem
encontradas nos trabalhos de Wylie e Streeter (1978), Chaudhry (1979), Tullis (1989),
Thorley (1991), e Larock, Jeppson e Watters (2000).

3.2.4.1. Reservatório a montante

Em um reservatório, no tempo inicial, como condição de contorno limitante a montante,


pode-se adotar a linha piezométrica como constante durante um transiente de curta duração.
Logo, A carga do reservatório HR1 será a altura do reservatório acima do ponto de referência
(WYLIE; STREETER, 1978). Logo, o reservatório é considerado como o nó 1 e no tempo
inicial há apenas a atuação do reservatório nos outros nós.

36
Segundo Chaudhry (1979), contudo, se as perdas de entrada e a carga de velocidades
forem consideráveis, estas podem ser calculadas aplicando a Equação (43). Considerando as
perdas e reduzindo a Equação (44), a carga de pressão inicial Hi em cada nó i pode ser
calculada pela Equação (49). A vazão inicial QIi nos nós é encontrada a partir da Equação
(50).

H i = HR1 − R.(i − 1).Qi2 (49)

QI i = HR1 − HR2 / C1 + C 2 (50)

Na qual: HR2 é a altura piezométrica do final do sistema; C1 = f.L/2.g.D.A² ; e C2 = 1/2.g.A².


Nos outros intervalos de tempo, a vazão QR1, no nó 1, pode ser obtida com a Equação (45) e
(47).

3.2.4.2. Bomba centrífuga

A bomba centrífuga, quando definida uma rotação constante de bombeamento e


funcionamento normal, pode ser analisada através de sua curva característica. Os pares de
altura manométrica (m) e vazão (m³.h–1) podem ser extraídos da curva da bomba,
disponibilizada pelo fabricante, e resultar em uma equação que representa a curva
característica da bomba, conforme Equação (51).

HP1 = H 0 − C1.QP − C 2.QP 2 (51)

Na qual: HP1 é a altura manométrica da bomba, m; H0, C1 e C2 são constantes adimensionais


geradas por uma equação, de acordo com a curva de tendência; e, QP1 é a vazão bombeada,
m³.s–1.
Segundo Tullis (1989), no caso da bomba está localizada a montante do sistema, os
valores de HP1 e QP1 podem ser encontrados através da aplicação da Equação (51) com a
Equação (45), sendo a solução a Equação (52).

(
QP1 = 0,5. − C 4 + C 4 2 − 4C 5 ) (52)

Sendo que C4 = (C1+B)/C2 e C5 = (CM – HR1)/C2.


37
3.2.4.3. Falha da bomba

A falha da bomba, em um sistema de bombeamento, provoca uma rápida desaceleração


dos motores e uma redução rápida na velocidade de rotação da bomba. A medida que essa
velocidade vai reduzindo, também se reduz o fluxo de água na linha de recalque resultando, a
partir da rápida variação na massa de água, no TH. A velocidade de rotação da bomba é
reduzida até a água não poder ser mais bombeada contra a carga existente (PARMAKIAN,
1963).
Assim, para a representação da parada da bomba, existem duas equações para reger a
condição de fronteira dinâmica da bomba: (1) uma equação diferencial que estabelece a
relação entre a cinemática do movimento e momento de rotação das massas girantes; e (2)
uma equação que relaciona rotação, altura manométrica e vazão, representando a curva
característica da bomba (PIMENTEL, 2010; COSTA, 2011; LOPES, 2016).
Após algumas considerações para os valores dos momentos resistente e do motor,
obtém-se uma equação diferencial das massas girantes, a qual integra-se para o passo de
tempo Δt, aplica-se o método de diferenças finitas e desconsidera-se processos iterativos,
resultando, assim, na Equação (53) ( PIMENTEL, 2010; COSTA, 2011; LOPES, 2016).

900 Q1 H 1
Nr = − . .t (53)
 ² I N

Na qual: γ é o peso especifico da água, kgf.m– 2; I é o momento de inércia polar, kg.m²; Nr é a


rotação da bomba para o tempo t – Δt, rpm; N é a rotação da bomba para o tempo t, rpm; Q1 é
a vazão no tempo anterior, m³.s; H1 é altura manométrica no tempo anterior, mca; e η é o
rendimento.
Na sequência, calcula-se a velocidade de rotação de acordo com a desaceleração da
bomba, gerando-se, a cada Δt, uma nova curva característica da bomba. Estas curvas são
possíveis devido a adoção da relação de semelhança. Segundo Porto (2006), os coeficientes
adimensionais de pontos homólogos são iguais, permitindo relacionar variáveis. Ou seja, a
cada nova velocidade de rotação, tem-se novos pares de vazão e altura manométrica.

38
3.2.4.4. Válvula na extremidade da tubulação

Segundo Tullis (1989), para este tipo de situação, a condição de contorno é baseada na
perda de carga que ocorre através da válvula, conforme Equação (54).

K l .QPNS . QPNS
HPNS = HR2 + (54)
2.g. Av2

Na qual: HPNS é a carga de pressão na válvula, m; HR2 é a carga piezométrica no reservatório


a jusante da válvula, m; Kl é o coeficiente, adimensional, que representa as perdas de carga na
válvula de acordo com o fechamento; QPNS a vazão na válvula, m³.s–1; e, Av a área da
válvula, m².
Substituindo a expressão Kl/2.g.Av² por C3 a Equação (54) pode ser escrita conforme
Equação (55).

HPNS = HR2 + C3.QPNS


2
(55)

Resolvendo a Equação (55) com a Equação (44) resulta-se nas Equações

HR2 + C3.QPNS
2
= CP − QPNS (56)
Ou
2
QPNS + CC 3.QPNS + CC 4 = 0 (57)

Adotando-se que CC3 = B/C3 e CC4 = (HR2 – CP)/C3, resolvendo a equação de


segundo grau representada pela Equação (57), em função de QPNS, tem-se uma raiz real
exposta na Equação (58). Com a vazão conhecida, pode-se calcular a carga de pressão na
válvula conforme a equação C+ (Equação (44)), resultando na Equação (59).

− CC 3  CC 32 − 4CC 4
QPNS = (58)
2

HPNS = CP − B.QPNS (59)

39
3.2.4.5. Válvula de retenção

A válvula de retenção é um dispositivo que deve responder rapidamente a possíveis


mudanças nas condições de fluxo de um sistema para segurança do mesmo (THORLEY,
1991). Porém, a redução brusca do fluxo reverso, por ser instantânea no caso de válvulas sem
amortecimentos, gera ondas de pressão na tubulação. Essas ondas de pressão podem originar
sobrepressões intoleráveis pela tubulação a jusante e/ou insatisfatórias na tubulação a
montante (KRUISBRINK, 1996). Isto posto, a válvula de retenção produz a mesma
problemática causada pelo fechamento súbito de válvula (LAROCK; JEPPSON; WATTERS,
2000).
A válvula de retenção foi modelada para o fechamento quando a pressão, a montante da
válvula, for menor que a pressão mínima necessária para abrir as portinholas, conforme
especificação do manual do fabricante. A condição de pressão pode ser observada conforme
Equação (60), adaptada de Wylie e Streeter (1978).

F 3 = CP + CM + HP(1) se F3 < pressão mínima de abertura → fechar a válvula (60)

Considera-se que, após o fechamento, a válvula de retenção só voltará a abrir com


pressão a montante superior a a pressão necessária para abrir as portinholas da válvula de
retenção. Também, antes da válvula fechar, já está ocorrendo o transitório hidráulico na massa
líquida.

3.2.4.6. Orifício na extremidade a jusante da tubulação

Para se calcular a pressão e vazão no orifício, utiliza-se a mesma metodologia de


cálculo de uma válvula na extremidade do tubo. Porém, por ser uma descarga livre, considera-
se o coeficiente de perda de carga na válvula (Kl) como constante e a altura piezométrica
como a cota ZNS (TULLIS, 1989). Assim sendo, o cálculo da carga de pressão é dado pela
Equação (61).

QPNS . QPNS
HPNS = Z NS + (61)
2.g. Ao2

40
Na qual: HPNS é a carga de pressão no orifício em m; ZNS é a cota no orifício em m; QPNS a
vazão no orifício em m³.s–1; e, Ao a área do orifício em m². Considera-se, também, a área do
orifício constante e C3. A partir dessas novas adoções e ajustes, aplica-se as Equações (58) e
(59).

3.2.4.7. Coluna de separação

A coluna de separação é um fenomeno que pode ocorrer na tubulação pela redução da


pressão, ocasionando a falha do sistema por colapso devido a pressão menor do que a
atmosférica. A redução na pressão faz com que um pulso de onda negativo seja transmitido
pelo tubo, reduzindo assim sua velocidade; o fluido a jusante continua em sua velocidade
constante até que a onda chegue. Quando a pressão de vapor é atingida, uma cavidade de
vapor se forma no tubo e uma nova condição de contorno deve ser adicionada (WYLIE;
STREETER, 1978).
Para o cálculo da coluna de separação em um ponto interno, adota-se que, se a soma da
carga de pressão, no instante t, com a pressão barométrica (Hb) for menor que a carga de
pressão de vapor (Hva), adota-se a condição de contorno de coluna de separação. Para tal,
aplicam-se, para todos os nós, as Equações (63) a (66).

HPi = Z i − H b + H va (62)

QPi =
(CP − HPi )
(63)
B

QPDi =
(HP − CM i )
(64)
B

VOLi = VOLi + 0,5.dt.(QPDi + QDi − QPi − Qi ) (65)

3.3. Otimização

A otimização refere-se a um problema matemático que serve para descobrir os valores


máximos e/ou mínimos de uma determina função de várias variáveis, de acordo com a região
delimitada no espaço multidimensional. Também, consiste na tomada de decisão através da
representação matemática de uma situação real (MARTÍNEZ; SANTOS, 1998).
41
Na sequência, abordam-se nas seções, os seguintes temas: análise mono objetivo,
análise multicriterial e o algoritmo de otimização PSO.

3.3.1. Análise mono objetivo

A cada dia, a otimização se torna mais indispensável para melhorar o desempenho de


aplicativos e processos, fazendo-se necessária em quase todos os campos de atuação. Sendo
assim, um problema típico possui uma função objetivo, restrições que podem ser de igualdade
e/ou de desigualdade e limites superiores ou inferiores para as variáveis de decisão (ZHANG;
RANGAIAH, 2012), podendo ser indicado conforme Equação (66) (RAO, 2009).

 x1 
x 
 
X =  2  que minimiza f (X)

 x n  (66)
sujeita a:
gj (X) ≤ 0, j = 1, 2, ..., m
lj (X) = 0 j = 1, 2, ..., p

Na qual: X é um vetor n-dimensional chamado vetor de design; xj são as variáveis de decisão;


f (X) é a função objetivo; gj (X) é uma restrição de desigualdade; e lj (X) uma restrição de
igualdade.
A solução é válida apenas se satisfizer todas as restrições e considerada ótima se, além
de satisfazer as restrições, encontrar o melhor valor, mínimo ou máximo, da função objetivo
(TAHA, 2007).
A função objetivo é a função que expressa as variáveis de decisão, constituindo-se
como o critério em relação ao qual o problema é otimizado e sua escolha é referente a
natureza do problema. Caso haja mais de um critério a ser satisfeito conjuntamente, o
problema envolve múltiplas funções objetivas e é denominado como um problema de
programação multiobjetivo (RAO, 2009).
Na otimização, as variáveis de decisão ou de projeto são as incógnitas desconhecidas e
que precisam ser determinadas para se tomar uma decisão. Essa determinação é realizada
controlando sua variação, influenciando, assim, a resolução do problema. (DYKSTRA, 1984).

42
Portanto, resumidamente, um modelo matemático representativo de um problema real
possui expressões matemáticas que descrevem a natureza do problema. Para tal, as decisões
quantificáveis são representadas por n variáveis de decisão com suas relações e limitações
expressas por restrições e tendo seu objetivo formulado como uma função objetivo
(MARINS, 2011).
Informações complementares podem ser obtidas nos trabalhos de Dykstra (1984), Taha
(2007), Rao (2009) e Marins (2011).

3.3.2. Análise multicriterial

A tomada de decisão é um processo que envolve um critério ou vários critérios para a


escolha da melhor alternativa entre um conjunto de alternativas. Para isso, é necessária a
avaliação desses critérios e de alternativas baseadas em cada critério podendo, assim,
classificar as alternativas em um ranking de importância para solucionar o problema. Neste
contexto, a aplicação das técnicas de otimização na tomada de decisão provocou uma grande
expansão intelectual na ajuda decisória e sua eficácia na resolução dos problemas
(BHUSHAN; RAI, 2004). Covello (1987) aborda que a análise de decisão multicriterial
consiste basicamente em oito etapas:
• Identificação de alternativas de decisão e estruturação do problema de decisão – consiste
em identificar todas as alternativas de decisão relevantes ou a criação de novas alternativas
de decisão;
• Definição de objetivos de decisão – são os critérios ou atributos em que a decisão será
tomada, podendo incluir quaisquer consequências da decisão;
• Definição de medidas de desempenho para quantificação dos objetivos de decisão – refere-
se à determinação de métodos e unidades;
• Identificando variáveis incertas críticas – são as incógnitas cujas as variações produzem a
maior mudança de consequências;
• Avaliação de probabilidades – quantificação da incerteza sobre cada variável crítica por
meio de probabilidades;
• Especificação dos julgamentos de valor, preferências e compensações – auxílio aos
tomadores de decisão a fazerem julgamentos de valor subjetivos sobre a utilidade relativa
de todas as consequências relevantes;
• Avaliação de ações ou políticas alternativas – integração dos vários componentes da
análise para avaliar cada alternativa de decisão; e
43
• Realização de análises de sensibilidade e valor de análises de informações – modificação
sistemática dos valores das variáveis críticas incertas.
O método de otimização multicritério embasa o processo decisório, recomendando
ações ou o curso das ações aos tomadores de decisão, sendo uma ferramenta para apoiar e
conduzir os decisores na avaliação e escolha da melhor alternativa, possuindo uma decisão
objetiva e útil (GOMES; GOMES, 2012).
Dentre as várias técnicas utilizadas para resolver problemas através da abordagem
multicriterial, em função de sua comum utilização na área de hidráulica e saneamento, expõe-
se aqui os métodos AHP (Analytic Hierarchy Process), TOPSIS (Technique for Order
Performance by Similarity to Ideal Solution) e CP (Compromise Programming), os quais são
resumidamente apresentados.
Maiores informações acerca destes e outros métodos de análise multicriterial podem ser
encontrados nos trabalhos de Dykstra (1984), Saaty (1987), Chen e Hwang (1992), Romero e
Rehman (2003), Taha (2007), Saaty (2008), Rao (2009), Marins (2011), Tzeng e Huang
(2011) e Gomes e Gomes (2012).

3.3.2.1. Método AHP

O Método de Análise Hierárquica (AHP – Analytic Hierarchy Process) baseia-se no


domínio físico e social para avaliar as alternativas para tomada de decisão na solução para um
problema. Como abrange as esferas matemáticas e psicológicas, o AHP estabelece medidas
para critérios tanto tangíveis como intangíveis, objetivando a única melhor alternativa
(SAATY, 1987).
Saaty (2008) propõe 4 passos para tomar uma decisão organizadamente gerando
prioridades, os quais são explicados como:
• Passo 1 – definição do problema e determinação do que se deseja entender;
• Passo 2 – estruturação por análise hierárquica na qual o topo consiste do objetivo de
decisão, os níveis intermediários são compostos por critérios para avaliação das
alternativas e no nível mais baixo encontra-se um conjunto de alternativas a serem
definidas. Essa etapa reflete o funcionamento do raciocínio humano.
• Passo 3 – construção de uma matriz de comparação paritária, na qual os pares de
elementos são formados por um elemento do nível inferior com um do nível superior. Com
isso, cada elemento do nível superior é comparado com os elementos do nível

44
imediatamente abaixo a ele, sendo estes analisados de acordo com a intensidade de
importância entre eles.
• Passo 4 – a partir dos resultados das comparações da matriz, obtêm-se prioridades que
devem ser utilizadas para avaliar através de peso as prioridades do nível imediatamente
abaixo. Após a realização desse procedimento para cada elemento, adiciona-se, em cada
elemento do nível abaixo, valores ponderados para alcançar sua prioridade global. Esse
processo de pesagem e adição de valores se repete até conseguir as prioridades finais das
alternativas do nível mais baixo.
As comparações são realizadas por meio de uma escala de números, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Escala fundamental de números


Intensidade de
Definição Explicação
importância
1 Mesma importância As duas atividades contribuem
igualmente para o objetivo.
3 Importância moderada A experiência e o julgamento
favorecem levemente uma atividade
em relação à outra.
5 Grande importância A experiência e o julgamento
favorecem fortemente uma atividade
em relação à outra.
7 Importância muito grande Uma atividade é muito fortemente
favorecida em relação à outra, sendo
sua dominação de importância
demonstrada na prática.
9 Importância absoluta A evidência favorece uma atividade
em relação à outra com o mais alto
grau de certeza.
2, 4, 6 e 8 Valores intermediários Quando se procura uma condição de
compromisso entre duas definições.
Racionais Razões surgidas da escala Se a consistência tiver de ser forçada.
Fonte: Adaptado de Wind e Saaty (1980)

3.3.2.2. Método TOPSIS

Segundo Chen e Hwang (1992), o Método para Avaliar o Desempenho das Alternativas
por meio da Similaridade com a Solução Ideal (TOPSIS – Technique for Order Performance
by Similarity to Ideal Solution), tem como princípio básico que a melhor escolha é aquela que

45
mais se aproxima da solução ideal positiva e está mais distante da solução ideal negativa. A
seguir é exposto um passo a passo, segundo Chen e Hwang (1992), como forma metodológica
de resolução do método.
• Passo 1 – cálculo da matriz de decisão normalizada para transformação em uma matriz
adimensional, sendo o valor rij calculado como mostra a Equação (67).

xij
rij = , i = 1,2,..., m; j = 1,2,..., n.
m (67)
 xij2
i =1

Para i = 1, 2, ..., m; e j = 1, 2, ..., n.

• Passo 2 – cálculo da matriz de decisão normalizada ponderada, onde o valor normalizado


ponderado é dado pela Equação (68).

vij = w j rij , i = 1,2,..., m; j = 1,2,..., n. (68)

Sendo wj é o peso do atributo j e o somatório dos pesos é igual a 1.

• Passo 3 – estabelecimento das soluções ideais positivas (A+) e negativas (A-) conforme
Equações (69) e (70).

  ( ) 
A + = V1* ,......, V j* ,........Vn* = max j Vij | j = 1,..., n | i = 1,..., m (69)

  ( )
A − = V1− ,......, V j− ,........Vn− = min j Vij | j = 1,..., n | i = 1,..., m  (70)

• Passo 4 – Cálculo da separação entre cada alternativa, a qual pode ser medida pela
distância euclidiana. A separação das soluções ideais é dada pela Equação (71) e das
soluções ideais negativas é encontrada conforme Equação (72).
n
si+ = + 2
 (vij − v j ) (71)
j =1

n
si− = − 2
 (vij − v j ) (72)
j =1

46
• Passo 5 – cálculo da proximidade relativa de Ai com a solução A+ é definida pela Equação
(73).
si−
ci+ = (73)
( si+ + si− )

• Passo 6 – selecionar as melhores alternativas com maior valor de ci+, ou seja, mais próximo
do ideal, e classificar em ordem de preferência.

3.3.2.3. Método CP

A Programação por Compromissos (CP – Compromise Programming). é um


complemento natural e lógico à análise multiobjetivo que procura obter uma solução
(subconjunto ótimo de Pareto). Assume-se que quaisquer que sejam as preferências do
decisor, se o seu comportamento for racional, a sua escolha pertencerá ao subconjunto ótimo
de Pareto. A ideia básica do CP é identificar uma solução ideal como referência para o
decisor, considerando que este procura uma solução o mais próximo possível do ponto ideal
sendo,possivelmente, a única suposição feita pelo CP sobre as preferências humanas
(ROMERO;REHMAN, 2003).
A explicação deste tópico foi realizada a partir do preconizado por Romero e Rehman
(2003).
Dado o conflito inerente de múltiplos objetivos, a solução ideal é inviável, logo, é
necessário procurar soluções de compromisso. Para isso, é calculado as distâncias entre cada
solução e o ponto ideal.
Deve-se normalizar unidades de medidas que se diferem (por exemplo, vazão e peso) e,
também, é necessaria a escalarização ou normalização dos grraus de proximidade quando os
valores absolutos para os níveis de realização dos diversos objetivos forem diferentes. Estes
procedimentos são realizados para evitar discrepancia de resultados e soluções tendenciosas
em direção àqueles objetivos que podem alcançar valores maiores.
Os graus de proximidade normalizados variam entre 0 e 1, ou seja, medem a
porcentagem de realização de um objetivo em relação ao seu valor ideal, sendo que 0
representa o alcance da solução ideial e 1 a solução anti-ideal.

47
De acordo com a determinação, por parte do decisor, do parâmetro p e dos pesos, a
melhor solução de compromisso pode ser modificada e pode-se gerar diferentes soluções de
comprometimento.

3.3.3. Algoritmo de otimização PSO

Influenciados por estudos que analisavam a busca coordenada de alimentos pelas aves,
que permite que um bando pouse em um determinando local onde se encontra comida,
Kennedy e Eberhart, em 1995, desenvolveram o método de ótimização de enxames de
párticulas (PSO – Particle Swarm Optimization) (MERKLE; MIDDENDORF, 2005).
O PSO é um método de busca paralela multiagente que possui um enxame de partículas,
que são entidades conceptuais, as quais voam através do espaço de busca multidimensional.
Em qualquer instante particular, cada partícula tem uma posição e uma velocidade (DAS;
ABRAHAM; KONAR, 2008).
As partículas começam em locais aleatórios e procuram o mínimo ou o máximo de uma
determinada função pelo espaço de busca. Os movimentos de uma partícula dependem apenas
da sua velocidade e dos locais em que as boas soluções já foram encontradas pela própria
peça ou outras partículas (vizinhas) no enxame (MERKLE; MIDDENDORF, 2005). A
relação de vizinhança NV é definida no enxame. NV determina para quaisquer duas partículas
Pi e Pj se eles são vizinhos ou não. Assim, para qualquer partícula P, um bairro pode ser
designado como NV (P), contendo todos os vizinhos daquela partícula (DAS; ABRAHAM;
KONAR, 2008).
Em um algoritmo PSO típico, cada partícula P acompanha as coordenadas no espaço de
busca associadas à melhor solução encontrada até agora. O valor correspondente da função
objetivo (valor de aptidão) também é armazenado. Outro "melhor" valor que é rastreado por
cada partícula é o melhor valor obtido até agora, p(t), por qualquer partícula em seu bairro
topológico (MERKLE; MIDDENDORF, 2005). Ou seja, ou seja, a melhor experiência
pessoal e a melhor p(t) de toda P ∈ NV (P): g(t), ou seja, a melhor posição encontrada até
agora no bairro da partícula (DAS; ABRAHAM; KONAR, 2008).
Quando uma partícula leva toda a população como seus vizinhos, o melhor valor é um
melhor global. Em cada iteração do algoritmo PSO, a velocidade de cada partícula é alterada
para os melhores locais individuais e globais. (MERKLE; MIDDENDORF, 2005). A Figura 9
representa o esquema típico de um algoritmo PSO.

48
Figura 9 – Esquema típico do algoritmo PSO
Inicialize a localização e a velocidade de cada partícula
Repita
Para cada partícula
Avaliar a função objetivo f na localização das partículas
Fim Para
Para cada partícula
Atualizar a melhor posição individual
Fim Para
Atualizar a posição global ótima
Para cada partícula
Atualizar a velocidade
Calcular a nova localização da partícula
Fim Para
Até que o critério de parada seja cumprido
Fonte: Adaptado de Merkle e Middendorf (2005)

O PSO possui os seguintes parâmetros básicos: (1) tamanho de enxame ou tamanho de


população referente ao número de partículas no enxame; (2) número de iterações para obter
um bom resultado; (3) componentes de velocidade inércia (o impulso que evita alterar a
direção das partículas e polarizar na direção atual), cognitivo (tendência dos indivíduos de
retornas as posições que mais os satisfaziam) e social (mede o desempenho das partículas em
relação a um grupo de partículas ou vizinhos); e, (4) coeficientes de aceleração c1 (confiança
de uma partícula em si mesma) e c2 (confiança de uma partícula em seus vizinhos)
(TALUKDER, 2011).

49
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica formulada nesta seção expõe pesquisas já realizadas que destacam a
importância do estudo, bem como resultados e avanços nos temas: transiente hidráulico no
abastecimento de água; avaliação de qualidade de calibração em sistema de abastecimento de
água; análise de decisão em sistema de abastecimento de água; e, seleção de projetos na
engenharia.

4.1. Transiente hidráulico no abastecimento de água

Os primeiros passos de análise do TH datam do século XVII com Isaac Newton e seus
estudos sobre a celeridade da onda e a elasticidade no meio. As primeiras soluções
matemáticas da equação da onda foram propostas por D’Alembert, Bernoulli e Euler, sendo
que este, em 1759, relacionou a equação da onda com as questões de circulação do sangue,
resultando na equação da propagação de ondas elásticas. Já Fourier, em 1800, generalizou e
estendeu a equação da onda para duas dimensões. Em 1898, Joukowsky fez grandes avanços
nos estudos desenvolvendo as equações fundamentais do fenômeno, além de estudos feitos
sobre tanque de pressão, chaminé de equilíbrio, válvulas e efeitos do tempo de fechamento de
válvula. Cinco anos depois, em 1903, foram elaboradas as equações de Allievi, as quais
representam a relação ideal de pressão com um coeficiente constante de descarga e o
fechamento lento da válvula (GÓMEZ, 2015).
A partir desses avanços na elaboração das equações de estudo do transiente, começou
uma maior produção cientifica de estudos sobre o as variações de pressão e o comportamento
do fenômeno foram elaborados (por exemplo: Montgomery; Ward, 1947; Chang, 1956;
Parmakian, 1963; Davies, 1964; Oldenburger; Goodson, 1964; Behnke; Bianchi, 1965) e
também da relação do fenômeno com as bombas (por exemplo, Alves, 1956; Donsky, 1961;
Helgestad; Foster e Bannister, 1974). No momento, são inúmeros os estudos produzidos sobre
TH.
Ramos, Tamminen e Covas (2009) induziram o TH, por meio do fechamento controlado
de válvula, na partida repentina das bombas e nos vazamentos. O desempenho da onda de
pressão foi comparado em duas redes de acordo com o material de fabricação da tubulação,
uma de ferro fundido e a outra de polietileno. A análise de sensibilidade realizada permitiu as
seguintes observações: quando as bombas são desligadas, as pressões mínimas são muito
maiores na rede de polietileno, indicando que o desempenho da variação de pressão é melhor

50
nesse tipo de material; aumentando o consumo na rede de ferro fundido, durante o transiente,
a pressão é reduzida; a operação controlada da válvula influi no bom desempenho de variação
de pressão, sendo melhor na rede de polietileno; o aumento de consumo induzido pelo
vazamento resulta em menor desempenho da pressão mínima e maior desempenho da pressão
máxima em ambos os materiais. Os autores, ainda, acrescentam que essa análise pode servir
como base de orientação para o gerenciamento operacional.
Wan e Huang (2011) desenvolveram um modelo de modificação das curvas
características da bomba com base em dados experimentais de curva de desempenho. Os
dados foram aplicados no método das características, permitindo o estudo do TH no momento
de falha e arranque da bomba. O método mostrou-se conveniente para aplicações em todos os
tipos de processo transitório da bomba.
Wan e Huang (2013), também, analisaram, em outro estudo, a eficiência de um vaso de
pressão na proteção de bombas centrífugas. Neste estudo, foi instalado um recipiente de
pressão com propósito de evitar vácuo e sobrepressão no sistema. Foi simulado a variação de
pressão e do volume de gás no vaso de pressão, onde a amplitude e frequência das ondas de
pressão foram obtidas, analisando-se as pressões extremas. Ao instalar o vaso de pressão no
sistema, a amplitude e frequência das ondas de pressão foram nitidamente reduzidas, mesmo
considerando uma situação crítica, o que tornou ainda mais confiável a utilização do vaso de
pressão, além de mais barato e menor do que o tanque de pressão. Também, foi elaborado um
modelo de projeto ótimo para determinar a massa segura de gás nitrogênio e o volume seguro
e econômico do vaso de pressão que pode proteger o sistema de distribuição.
Delgado, Martins e Covas (2014) desenvolveram uma ferramenta computacional com
base na teoria clássica do golpe de aríete e resolveram o problema pelo método das
características. A ferramenta teve como objetivo auxiliar no estudo sobre as principais
incertezas associadas à modelagem hidráulica de transientes para estações elevatórias com e
sem proteção contra eventos extremos. Foi inserida condições de contorno relativas a bomba e
a equação de atrito desenvolvida por Vikovsky. Além disso, testes laboratoriais foram
realizados com e sem tanque de pressão (vaso hidropneumático) conectado ao sistema, afim
de estudo relativo da geração do TH a partir de falha da bomba. Foi constatado, em alguns
testes, que quando o vaso hidropneumático estava conectado no sistema, ocorreram ondas de
pressão de maior intensidade quando comparados aos sistemas sem proteção. Isso reforça a
importância de modelos hidráulicos sólidos e confiáveis, de acordo com as características do
sistema.

51
Araújo e Chaudhry (2004) e Vasconcelos, Costa e Araújo (2015) aplicaram o método
do transiente inverso em suas pesquisas, utilizando técnicas de otimização para alcançar
ajustes mais preciso ente valores observados e estimados de pressão e vazão. Araújo e
Chaudhry (2004), tinham como objetivo identificar a técnica mais eficiente para estimar o
fator de atrito na tubulação de distribuição de água. Para isso, compararam o método de
transiente inverso, com otimização por algoritmo genético, com a fórmula de Swanne. A
partir dos resultados, os autores concluíram que, devido a variação do fator de atrito durante o
evento do TH, é mais conveniente determinar o fator de atrito pela rugosidade absoluta. Já
Vasconcelos, Costa e Araújo (2015) apontaram o método do transiente inverso utilizando-se
de algoritmos genéticos com um procedimento promissor de avaliação de deterioração da
tubulação.
Chen et al. (2015), apresentaram um modelo computacional de controle do tempo ideal
de fechamento de válvula afim da atenuação do golpe de aríete na tubulação. Para isso, foi
aplicado o método das linhas para discretizar as equações diferenciais parciais na vazão para
obter um conjunto de equações parciais ordinárias. Em seguida, foi aplicado o método de
parametrização de controle para se obter os parâmetros ótimos usando algoritmos de
otimização numérica. Os resultados do estudo comprovam que a abordagem proposta é
altamente eficaz para atenuação do golpe de aríete, reduzindo significantemente a variação de
pressão.
Chalghoum et al. (2016), estudaram o transiente gerado pela variação linear da
velocidade de rotação de uma bomba centrífuga, nos momentos iniciais após seu
acionamento. O estudo foi realizado em uma instalação de teste hidráulico com um medidor
digital de pressão na sucção e outro no recalque. Os dados coletados foram comparados com
dados computacionais estimados por um modelo número fundamentado no método das
características. Foram analisadas as influências das propriedades geométricas dos rotores,
posições de abertura da válvula e o efeito do tempo de início de funcionamento na evolução
do transiente. Os resultados demonstram que os fatores com maior relação de evolução do
transiente são o tempo de início de funcionamento e a posição de abertura da válvula. Além
disso, constatou-se que a curva característica da bomba, no estado estacionário, é muito
influenciada pelo raio e a altura da lâmina do rotor. Também, comprovou a validade da
eficiência do método das características para esse tipo de situação.
Izquierdo et al. (2016), propuseram uma modelagem computacional, por meio de uma
plataforma de solução híbrida, constituída pela implementação de agentes múltiplos e
equações que representam o comportamento do TH. A solução apresenta a vantagem de

52
permitir a parametrização do algoritmo de cálculo, permitindo um melhor uso dos recursos
computacionais. A plataforma resultante do estudo demonstrou ser uma ferramenta eficiente e
versátil no gerenciamento do abastecimento de água. Ainda, destacaram-se a importância de
se considerar o TH no manejo de água urbana, já que favorecem danos as tubulações
(fissuras, trincas, outros) que, por sua vez, levam a perdas e intrusão de contaminante na água.
O tema sobre perdas tem ganhado cada vez mais atenção e enfoque em estudos devido
as pressões ambientais, sociais e políticas por questões de escassez de água, custos, aumento
da demanda e desperdício (DIGHADE; KADU; PANDE, 2014). Sua redução é um grande
desafio em SAA, no qual, o gerenciamento de pressão é uma ferramenta que pode agir
antecipadamente evitando ou resolvendo esse tipo de problema (MUTIKANGA et al., 2011).
Os padrões de pressão são a base para operação ótima (segura, confiável, alto desempenho) de
um SAA. Também, fornecem apoio a estudos envolvendo uso de energia, perdas, qualidade
da água (relacionada a intrusão de contaminantes em eventos transitórios), quebras de tubos,
considerações econômicas, segurança e saúde pública (GHORBANIAN; KARNEY; GUO,
2016).
Em relação a contaminação da água, decorrentes do TH, nos SAA, inúmeros estudos
apontam que os vazamentos na tubulação fornecem entrada para contaminantes na água a ser
distribuída. A intrusão de contaminantes no sistema está relacionada com a duração e a
magnitude da pressão negativa do evento (KIRMEYER et al. 2001; BOYD et al, 2004;
MANSOUR-REZAEI, NASER e MALEKPOUR, 2013; JONES et al, 2014; FOX et al, 2014;
FONTANAZZA, 2015).
Kirmeyer et al. (2001), demonstraram a capacidade de se estimar o volume de líquido
que entra no sistema de distribuição por meio de vazamento reverso em condições de variação
de pressão. O cálculo do volume de vazamento ou intrusão foi calculado para cada nó, em
função das condições de pressão. Adotou-se um elemento de vazamento/intrusão no modelo
em nós suscetíveis a condições de baixa pressão, sendo o elemento considerado com um
orifício de duas vias.
LeChevallier et al. (2003) e Gullick et al. (2004) relatam que os eventos de pressão
negativa caracterizados no estudo foram originados pelo desligamento da bomba. Karim,
Abbaszadegan e Lechevallier (2003) encontraram microrganismos indicadores e vírus
entéricos nas amostras de solo e da água adjacentes às tubulações de distribuição. Assim, se
destaca a necessidade de determinação das variações de pressão e da projeção de material
residual desinfetante efetivo ao longo do sistema de distribuição.

53
Lee et al. (2012) abordaram a questão dos transientes, destacando a importância do
estudo do fenômeno de cavitação na intrusão de contaminantes. Para fins de estudos, foi
projetado e construído um sistema de encanamento experimental representando as pressões
tipicamente encontradas, em situações reais, no sistema típico de SAA. Este sistema de água
experimental foi utilizado para: (1) examinar o desempenho da onda de baixa pressão com
propósito de prever o potencial de intrusão de contaminantes de o solo ou a água circundante;
(2) medir variações de pressão em vários locais dentro dos sistemas menores e localizados; e
(3) avaliar qualquer cavitação produzida pelos transientes hidráulicos. O estudo resultou,
principalmente, nas seguintes constatações: (1) A queda de pressão mensurada (– 68,9 Kpa)
seria suficiente para causar uma intrusão de contaminantes microbianos e químicos na linha
de serviço; (2) as seções verticais, com pontas secas, tiveram maiores variações de pressão
quando os transientes foram disparados do interior da casa; e, (3) a cavitação foi observada
devido à baixa pressão induzida pelo transiente hidráulico. Logo, concluiu-se a importância
de preservar a integridade física e hidráulica na rede de água, a fim de evitar qualquer
possível risco para a saúde humana envolvido com a intrusão de contaminantes decorrentes de
eventos de baixa pressão.
Segundo Boulos et al. (2005), a redução de pressão pode causar problemas de cavitação.
Este fenômeno ocorre quando a pressão local é reduzida para o valor da pressão de vapor
(temperatura ambiente). Sendo assim, o gás dentro da água é gradualmente liberado e a água
começa a vaporizar. Quando a pressão se recupera, a água entra na cavidade, causada pelos
gases, e colide com qualquer coisa que confina a cavidade, resultando em um aumento na
carga de pressão.
O colapso da bolha de cavitação é um processo violento que gera ondas de choque de
grande amplitude e microjatos de grande amplitude. Quando este colapso ocorre perto de uma
superfície sólida, esses distúrbios intensos geram tensões superficiais altamente localizadas e
transitórias. O problema mais frequente na engenharia, causado pela cavitação, relaciona-se
ao dano material que as bolhas de cavitação podem causar quando colapsam na proximidade
de uma superfície sólida. O problema é de grande complexidade, visto que envolve
fenômenos complicados de fluxo instável combinados com a reação do material particular do
qual a superfície sólida é feita (BRENNEN, 2011).
Quando a cavitação ocorre de forma inesperada no sistema, observa-se uma diminuição
acentuada do desempenho. Em muitos casos, os sistemas hidráulicos sofrem danos como, por
exemplo, deformação de tubos vávlulas e outros componentes, comprometendo a
confiabilidade do sistema. Neste contexo, Hadj-Taieb e Hadj-Taieb (2009), elaboraram um

54
modelo de fluxo de cavitação borbulhante vaporoso para simular o fluxo transitório com
fenômeno de cavitação. O foco foi, principalmente, estudar a interação do fluido com a
estrutura, analisando a influência da deformação da parede do tubo sobre a evolução desse
fenômeno utilizando diferentes valores de módulo de elasticidade. Uma relação entre pressão
e seção de tubo foi introduzida no modelo proposto de acordo com o tipo de tubo (quase
rígido ou deformável). Para verificar a validade dos resultados calculados, foi feita
comparação com as de exemplo experimental. Como principais resultados obtidos têm-se que:
(1) o modelo reproduziu satisfatóriamente a evolução das ondas de pressão em comparação
com a experiência e forneceu a posição e o tempo da ocorrência da zona de cavitação; (2) a
evolução do fenomeno está intimamente ligada ao módulo de elasticidade, sendo que o
aumento da elasticidade da parede do tubo influencia o fenômeno da cavitação de vapor
durante eventos transitórios, atenuando as flutuações da pressão e reduzindo a zona de
cavitação; e (3) a espessura da parede do tubo tem o mesmo grau de influencia do que a
elasticidade.
Soares, Martins e Covas (2015), utilizaram os modelos DVCM (Discrete Vapor Cavity
Model) e DGCM (Discrete Gas Cavity Model) para descrever o fluxo de cavitação transitória
em tubo de cobre pressurizado. Esse modelos assumem que as cavidades de ar discretas são
formadas em seções fixas da tubulação e consideram uma velocidade de onda constante nos
tubos entre essas cavidades. Para calibrar e verificar a eficiência dos modelos, foram
coletados dados de pressão em condições turbulentas durante transeinte hidráulico resultante
do fechamento de válvula. Também foram consideradas perdas variavéis por atrito. Os
resultados numéricos obtidos demonstraram que: (1) o modelo DGCM é mais eficaz que o
modelo DVCM; (2) a consideração da variação do atrito foi fundamental para descrever as
pressões transitórias observadas para os fluxos de cavitação; e, (3) necessidade de mais
trabalhos referente a análise da cavitação em sistemas pressurizados para efetivo
funcionamento e segurança do sistema.
Visando a crescente demanda por sistemas hidráulico e pneumáticos confiáveis,
duraveis e economicamente viávies, Kwok et al. (2016) fizeram uma extensa revisão sobre
superficies resistentes a erosão por cavitação (EC), caracterizada pela fadiga e ruputura da
região da superficie devida a repetição microjatos ou ondas de choque que conferem pressão
intensa à superfícia sólida. Essa problemática foi abordada por meio do aumento das
propriedades da superfície dos materiais de base (ligas ferrosas e não ferrosas) com várias
técnicas de modificação da superfície a laser. Foi analisado o desempenho da EC de uma
variedade de camadas/revestimentos modificados com superfície a laser e os mecanismos do

55
aprimoramento da resistência à EC. As técnicas de modificação da superfície a laser se
mostraram promissoras e, em relação a resistência a EC, os autores recomendaram que: (1) a
alta rigidez e dureza geralmente são benéficas, mas uma superfície dura e quebradiça é
prejudicial; (2). uma microestrutura refinada e homogênea é vantajosa; (3) a estrutura com
alta transformabilidade de fase ou baixa energia de falha de empilhamento é um fator
favorável; e, (4) a resistência à corrosão deve ser cuidadosamente considerada tendo em vista
o possível efeito sinérgico. Para mitigar a EC, indicam: aprimoramento do projeto para
minimizar as grandes diferenças de pressão hidrodinâmica, mudança das condições
ambientais e seleção de material mais resistente ou aplicação de camada protetora contra EC.

4.2. Análise de decisão em sistema de abastecimento de água

Em meados dos anos 60, começaram os primeiros estudos voltados para a aplicação das
ferramentas para auxílio na tomada de decisão em SAA. Nos anos 80, ocorreu um evento
relevante na promoção da otimização de sistemas reais de distribuição de água, a “Batalha dos
modelos de rede” (“Battle of the network models”). Esse foi o nome dado a uma série de
sessões realizadas na Conferência de Computadores em Recursos Hídricos, realizada em
Buffalo – Estados Unidos, onde foi realizada uma competição de otimização de SAA. Apesar
de, na época, o sistema que foi otimizado não tivesse todas as características reais e a
necessidade de complementos (como cálculos manuais, exigência de maior conhecimento e
julgamento de engenharia), a competição resultou em várias observações importantes. Dessas
observações pode-se citar: o dimensionamento e posicionamento do reservatório afeta
significantemente a solução ideal; o dimensionamento da distribuição de água deve estar
relacionado com a eficiência da bomba; e, a ineficiência do ponto de operação da bomba gera
gastos elevados (WALSKI, 1987).
No presente, diversos são os estudos sobre a temática de custos operacionais, de
manutenção e gastos de energia em SAA e nas unidades de estação elevatória (EE). Pedrosa
Filho (2006) destaca que, em relação a custos energéticos, muitas captações de água
encontram-se a longas distâncias das unidades de tratamento e reservação, necessitando de EE
que precisam ter o funcionamento otimizado. Cita, ainda, que a falta de informações (coletas
de dados e monitoramento do desempenho do sistema); equipamentos super ou
subdimensionados ou, ainda, ultrapassados, envelhecimento das tubulações, desperdício de
água, complexidade do sistema, gerenciamento e manutenção inadequados, e falta de
planejamento operacional levam a elevados índices de consumo de energia.

56
Segundo Scholten et al. (2007) a aplicação da modelagem no gerenciamento de água
avançou gradualmente para abordagens mais multidisciplinares para solução de problemas,
transformando, cada vez mais, os modelos como requisito para estudos de gerenciamento de
água. O apoio decisório proveniente de modelos, demanda a experiência em vários domínios
abrangendo a multidisciplinaridade.
Jung, Muleta e Boulos (2009), utilizaram a tomada de decisão por algoritmos
evolucionários para atingir dois objetivos: minimizar custos, a partir da seleção dos diâmetros
dos tubos como variáveis de decisão, e maximizar a confiabilidade hidráulica. Salientaram
que, ao contrário da maioria dos modelos de otimização, o estudo pressupôs que as cargas de
demanda variam ao longo da vida útil de projeto do sistema. Como resultados, o estudo
mostrou que o dimensionamento adequado dos diâmetros da tubulação é crucialmente
importante para prevenir os golpes e diminuição de custos. Ainda, considera que é preciso
uma abordagem mais abrangente, adotando também as propriedades transitórias,
características do sistema e dispositivos de proteção contra os golpes.
Wei, Zhihong e Huiwen (2009), usaram o algoritmo PSO (Particle Swarm
Optimization) para determinar o esquema de funcionamento ótimo da rede, aplicando,
também, o método de mínimos quadrados para estabelecer o modelo macroscópico de análise
hidráulica. O modelo teve como função objetivo maximizar a qualidade da água do cliente e
minimizar o consumo de eletricidade da EE. Assim, concluíram que a operação ótima, em
relação a operação por experiência dos operadores, além de proporcionar menor consumo de
energia, distribui água com qualidade ao consumidor e resolve problemas de instabilidade de
pressão no sistema.
Fattahi e Fayyaz (2010) apresentam um modelo de programação por compromissos
(CP) para tomada de decisão de forma integrada da água urbana da cidade de Hamedan, Irã,
com o objetivo de otimizar o consumo de água, minimizando os custos de distribuição de
água, minimizando vazamento de água e maximizando o nível de satisfação social. Foram
consideradas as variáveis efeitos da chuva, escoamento, evaporação e infiltração da água,
devido ao clima árido da região, bem como aumento da demanda de água e diminuição das
precipitações ao longo dos anos. O modelo se provou eficiente e aplicável para outras regiões,
resultando que a água subterrânea pode ser salva para o futuro e a água superficial pode ser
salva apenas por um curto período antes que que sejam inclusos custos. O custo de aquisição
das águas superficiais é maior do que o das águas subterrâneas, porém sua qualidade é melhor
do que a das águas subterrâneas. Por estas razões, quase todos os tomadores de decisão na
distribuição e fornecimento de água urbana prefiriram usar a água superficial.

57
Para estudos de perdas de água no SAA, Mutikanga, Sharma e Vairavamoorthy (2011)
apresentaram uma matriz de decisão para planejamento estratégico da gestão de perda de
água, com aplicação do método PROMETHEE II, afim de priorização de opções de redução
de perda de água. A metodologia foi aplicada no SAA da cidade de Kampala, Uganda, que
abrange cerca de 350 km² com uma população estimada de 1,5 milhões e 73% de cobertura de
água com abastecimento irregular, com queixas de falta de água e pressões baixas. A
definição do problema considerou os seguintes requisitos: (1) opções da estratégia com
abordagem de perdas reais e aparentes; (2) custo da implementação do conjunto de estratégias
não deve exceder 3,6 milhões de euros.ano–1; (3) redução da perda de água de, pelo menos, 12
milhões de m³.ano–1; e (4) período de implementação não deve exceder 10 anos. Os atores
envolvidos no processo decisório foram divididos em três grupos de decisores os gestores do
sistema, usuários de água e ambientalistas. As metas e objetivos do estudo foram relacionados
com fornecimento de água segura e confiável aos clientes com preço justo e ambientalmente
amigável. Foram considerados as seguintes funções objetivos: maximizar as receitas;
minimizar custos; maximizar a redução de consumo; maximizar a qualidade da água;
maximizar a confiabilidade; e, maximizar a acessibilidade a água. O método apresentado
mostrou-se uma ferramenta valiosa, com resultados que revelaram que as opções mais
preferidas são as que melhoram a segurança da oferta de água, a saúde pública e as medidas
de conservação da água. Além disso, os resultados demonstram que a opção mais barata não
é, necessariamente, a melhor quando múltiplos critérios são considerados de forma explícita.
Segundo Al-Ani e Habibi (2012) o planejamento na escolha e implementação de
bombas permite economia de custos com energia e manutenção, além de eficiência na
distribuição de água e o controle de sistemas complexos de distribuição. Visando essas
questões, foi aplicado, no estudo, o método de otimização PSO para minimizar custos de
energia elétrica e manutenção na operação de EE, conciliando com as condições adequadas de
pressão e desempenho hidráulico. O estudo indicou um bom desempenho na redução do custo
operacional, além de propor um método, relativamente, de fácil manipulação.
Al-Ani e Habibi (2014) também fizeram, outro estudo, de otimização da eficiência
energética na operação de EE, mas aplicando o algoritmo heurístico de evolução diferencial.
Este, foi aplicado em um distrito rural localizado na região de Saskatoon City, no Canadá.
Para alcançar o objetivo do estudo, foi otimizado o agendamento do funcionamento de
bombas e a capacidade útil do reservatório, devendo funcionar de forma a satisfazer a
demanda de água e restrições de custo operacional. Os resultados experimentas mostram que

58
a otimização levou a economias significativas no custo operacional global, melhorias na
confiabilidade e segurança do sistema, podendo ser aplicada em outros SAAs.
Sousa e Soares (2014) fizeram um estudo aplicando um algoritmo evolucionário
multiobjetivo em conciliação com o software EPANET 2. O estudo objetivou diminuir perdas
de água e custos de energia. As funções objetivo consideraram a minimização de perdas por
vazamentos de água, redução do custo de energia elétrica do volume bombeado e
maximização da confiabilidade do sistema. Os resultados da otimização foram considerados
eficientes sendo atendidos os objetivos propostos.
Moosavian e Jaefarzadeh (2014), concluíram, no estudo realizado, que o método
metaheurístico de algoritmo de evolução complexa é um método de otimização que supera
outros métodos em termo de precisão, podendo lidar com vários problemas de redes de
tubulação. Esse modelo aplica regras Se – Então para lidar com a demanda de pressão e
simulação de vazamento, não precisando de um vetor de solução inicial.
Tang, Zheng e Zhang (2014), estudaram a eficiência energética ponderando o
gerenciamento de carga da demanda, focando nas questões de desempenho, operação,
tecnologia e tipo de equipamento da EE. Para modelar o problema foi considerada a
coordenação do estado da operação das bombas e do tempo de funcionamento. Os resultados
apontaram que as técnicas de otimização têm a capacidade de alcançar a eficiência energética
e da carga de demanda, sendo as economias geradas, principalmente, ao mudar o status de
operação das bombas no tempo.
Yang, Zhang e Li (2015), utilizaram o algoritmo PSO combinado com algoritmo
genético para otimizar, operacionalmente, o SAA com alimentação de água de múltiplas
fontes e em tempo real. Foi proposta uma codificação cromossômica dual generalizada,
binária de números reais e de números inteiros, de forma combinada para a otimização
simultânea. O modelo matemático teve como função objetivo o atendimento ao consumo e o
investimento de energia operacional e como variáveis de decisão a inicialização e a parada
das bombas, as vazões de consumo e conexões e diâmetros da tubulação. O método foi
eficiente e atendeu os objetivos iniciais.
Behzadian e Kapelan (2015), propuseram a tomada de decisão no fornecimento de água
como um metabolismo, analisando o sistema de abastecimento de forma holística, ou seja,
considerando não só apenas o abastecimento de água, mas como também a água potável,
águas pluviais, águas residuais e reciclagem da água. A metodologia foi baseada em duas
abordagens: (1) planejamento considerando apenas o sistema de abastecimento de água; e, (2)
planejamento para o sistema de fornecimento de água incluindo água potável água, águas

59
pluviais, águas residuais e reciclagem de água. O modelo WaterMet2 foi usado para simular
processos do tipo metabólico e calcular indicadores quantitativos de desempenho. A análise
foi analisada sobre o problema do planejamento de nível estratégico em escala real,
aplicando-se onze estratégias de intervenção para simular as duas abordagens anteriormente
citadas. O desempenho resultante foi avaliado usando os múltiplos critérios do tipo
convencional e de sustentabilidade e foram classificadas estratégias de intervenção opcionais
usando o método de programação por compromisso (CP), concluindo que, a tomada de
decisão considerando o sistema como um todo obtém resultados efetivos a longo prazo.
Zyoud et al. (2016), devido as condições precárias, altas perdas de água e a
intermitência do SAA na maior parte da Palestina, aplicaram uma metodologia multicritério
para tomada de decisão em uma situação real de perda de água no SAA do município de
Nablus. A metodologia baseou-se na integração de dois métodos, Fuzzy AHP e Fuzzy
TOPSIS, tendo o potencial de transformar dados qualitativos em medidas quantitativas
equivalentes, resultando em um consenso sobre as preferências e preocupações de vários
grupos de partes interessadas. No estudo, inicialmente, foi realizada a definição da estrutura
do problema afim de identificar as dimensões do problema, os critérios de avaliação, as
opções e suas interações. Em um segundo momento, foram solicitados dos decisores
avaliações da matriz de decisão (critérios e de avaliação e atribuição da importância dos
diferentes critérios). Como resultado do estudo, foi obtida uma análise bem-sucedida em lidar
com as questões complexas envolvidas na gestão de perdas de água, mesmo com dados
limitados e/ou inexistentes. Podendo, então, ser aplicada como ferramenta para melhor
compreensão e avaliação de estratégias de gerenciamento, bem como incentiva e efetiva
decisões tomadas em grupo.
Soler et al (2016), aplicam programação linear inteira e uma solução heurística para
redução de custos com energia elétrica de bombas hidráulicas. Isso, foi realizado para o
planejamento do volume de água em reservatórios. O problema, basicamente, consistiu em
decidir o acionamento/desligamento das bombas hidráulicas que abastecem os reservatórios e
a transferência de água entre eles, respeitando seus níveis mínimos e máximos e a demanda de
água. A função objetivo adotada equivale ao custo total de energia elétrica necessária para o
funcionamento dessas bombas, dada pelo somatório do custo (fixo) de acionamento das
bombas com o custo (variável) de manter essas bombas ligadas. O método provou ser capaz
de produzir boas soluções, necessitando de pouco tempo para produção de dados, o que
viabiliza sua aplicação prática.

60
Shirzad (2017), levando em conta os altos custos computacionais dos modelos meta-
heurísticos, impraticáveis em escala real, aplicou o algoritmo de otimização ACO (Ant
Colony Optimization) para o dimensionamento de menor custo de um sistema de distribuição
de água. Nesse método de otimização as “formigas” selecionam os diâmetros dos tubos e o
número de avaliações objetivas da função é pequeno, o que torna possível sua aplicação em
grandes sistemas reais.

4.3. Seleção de projeto na engenharia

No planejamento de projetos, a etapa de elaboração de projeto é decisiva para o sucesso


do alcance da situação objetivo de projeto. Para a viabilização da elaboração de projetos
eficientes é preciso: (1) planejamento estratégico com uma estratégia clara de viabilidade de
modelo de gestão; (2) os engenheiros projetistas e de execução de obra devem estar em
comum acordo sobre as diretrizes estratégicas da organização e as metas do projeto; e, (3)
elaborar projetos de acordo com a realidade e limitações orçamentárias, estruturais, políticas,
ambientais e sociais, concebendo, assim, resultados das operações, ações e situação objetivo
de acordo com os recursos e capacidades existentes (DE TONI, 2003).
Priemus (2010), abordou as principais dificuldades nos estágios iniciais dos processos
de tomada de decisão em megaprojetos e o impacto da descontinuidade política e do potencial
da dinâmica do mercado. Os megaprojetos, tratados no estudo, abrangeram diferentes tipos de
infraestrutura, incluindo estradas, ferrovias, diques, aeroportos, pontes, transporte de energia,
comunicação, água potável, esgoto e resíduos. As armadilhas identificadas na tomada de
decisões foram: ausência de análise de problemas; falta de alternativas de projeto;
ambiguidades sobre o escopo; ausência de programa de requisitos funcionais; arquitetura de
processos defeituosa; e, disseminação de informações imprecisas. Essas armadilhas podem ser
fatais, estando ligadas à falta de continuidade política, de consistência e de dinâmica de
mercado. Muitos dos aumentos nos custos dos megaprojetos são o resultado de mudanças na
visão dos órgãos políticos ou da necessidade de cumprir compromissos políticos. Isto resulta
na mudança do escopo do projeto ao longo do caminho para torná-lo mais adequado ao
planejamento espacial e proteger o meio ambiente. Este estudo, ainda, destaca que é
impossível proteger, completamente, um projeto contra o impacto dessas mudanças. Porém, a
identificação, determinação e cálculo dos riscos em diferentes estágios do projeto permite
alocar preços para cada risco, determinar como cada risco pode ser alocado e descobrir se é
viável e aconselhável pagar companhias de seguros para cobrir os riscos. Logo, torna-se

61
importante o fortalecimento da base de conhecimento do projeto, estimulo dos processos de
aprendizagem, adoção de análise de risco seguida da alocação ótima de riscos, entre os
decisores públicos e privados e organização do monitoramento contínuo por administradores.
Laniado et al. (2013) implementaram um modelo metodológico para avaliar e comparar
os resultados dos projetos ambientais implementados pelas administrações locais com fundos
públicos com o propósito de otimizar uso de recursos. O modelo utilizado foi desenvolvido
adaptado e testado para diferentes projetos nos campos da mobilidade sustentável, energia e
saneamento básico. As dimensões e critérios de avaliação do modelo foram: grau de
consistência/coerência com o contexto programático e ambiental; eficácia do projeto em
atingir seus objetivos diretos e, consequentemente, comparar com valores de referência e/ou
contribuir para melhorar o estado ambiental; impactos, ou seja, efeitos adicionais do projeto
diferentes dos objetivos diretos; relação entre os gastos com recursos do projeto e os
resultados; e eficiência. O modelo pode ajudar desde o início da tomada de decisão,
auxiliando a administração pública e selecionando o tipo de projeto que deve ser financiado.
Também oferece locais apropriados para implementação dos projetos, bem como
fornecimento de conjunto de critérios para seleção de concorrentes para prestação de serviços
e de desempenho de projeto.
Para o gerenciamento sustentável de projetos de tratamento de águas residuárias, Mirabi
et al. (2014), fizeram um estudo de caso na cidade de Niasar, no Irã, tendo como diferencial
de estudo a consideração da incerteza, de valor de compensação e das diferentes atitudes de
risco dos decisores. Foram aplicados seis métodos de tomada de decisão multiatributo:
Ponderação Aditiva Simplificada; Programação de Compromisso; TOPSIS; Média Ponderada
Ordenada; Média Ponderada Induzida; e, Média Pondera Híbrida. Foram utilizados nove
atributos para avaliação de alternativas: (1) economia; (2) simplicidade de exploração; (3)
Simplicidade de implementação; (4) consumo de energia; (5) tempo de implementação; (6)
efeitos ambientais; (7) aceitação pública; (8) instalações domésticas para construção; e, (9)
flexibilidade. Os resultados demonstram que os métodos são adequados para o gerenciamento
de água residuárias urbanas e a seleção do melhor método tem um impacto significativo na
classificação final de um conjunto de alternativas, pois produzem resultados diferentes.
Portanto, para uma decisão ambiental mais confiável e eficiente, recomenda-se a estrutura
desenvolvida pelos métodos Média Ponderada Ordenada, Média Ponderada Induzida e Média
Pondera Híbrida.
Mattiussi, Rosano e Simeoni (2014) propuseram um sistema de apoio à decisão (SAD)
de fornecimento de energia como o objetivo de auxiliar o decisor na identificação e escolha

62
do melhor projeto para fornecimento de energia de forma sustentável. O SAD consistiu na
aplicação de análise de decisão multiobjetivo e multiatributos em conjunto com a avaliação de
impacto das saídas de emissão. Este foi aplicado na área ecoindustrial de Kwinana, na
Austrália. A metodologia baseou-se em três etapas: (1) avaliação de inventário e impactos das
emissões totais da área; (2) desenvolvimento de modelo matemático que inclui objetivos
econômicos e ambientais em uma análise de otimização, avaliando-se quatro cenários
diferentes envolvendo combinações de projetos combinados de aquecimento e energia e dois
tipos de projetos fotovoltaicos; e, (3) aplicação do método hierárquico analítico (AHP) para
seleção da melhor alternativa. A aplicação da metodologia, além de considerar a eficiência
energética, também, considerou os impactos ambientais, auxiliando na tomada de decisão e
no processo de planejamento de projetos, de plantas energéticas, que são mais ecoeficientes e
sustentáveis.
Ioannou, Angus e Brennan (2017) fizeram uma extensa revisão da literatura sobre os
métodos quantitativos e semi-quantitativos aplicados na análise de decisão dos riscos e
incertezas, acerca do planejamento, e viabilidade de sistemas de energia renovável. Foi
identificado qual método seria mais adequado para analisar cada tipo de incerteza com a
intenção de formular um guia para pesquisadores e possíveis vias de pesquisas futuras. Como
conclusão, os autores mencionam que nenhuma abordagem, de modelagem, pode combinar
todos os elementos do problema. Em métodos quantitativos, os riscos são medidos,
principalmente, por meio da distribuição de variância ou densidade de probabilidade de
parâmetros técnicos e econômicos. Já nos métodos semi-quantitativos, como análise de
cenários e análise de decisão multicritérios, também podem abordar parâmetros não-
estatísticos.
Com o objetivo de auxiliar os tomadores de decisão na identificação das relações entre
riscos específicos e as variáveis de decisão de investimento em projetos internacionais de
engenharia, Liu et al. (2017), propuseram um modelo de avaliação de risco quantitativo
melhorado. Os passos adotados pelo modelo foram: (1) identificação, por parte dos gerentes
de risco, de eventos de risco e separação desses eventos em uma matriz de probabilidade de
risco; e, (2) avaliação, quantitativa, da influência dos eventos de riscos nas variáveis de
decisão do valor presente líquido e taxa interna de retorno. Também foi aplicado um teste de
estresse para avaliar o impacto negativo de riscos extremos. Para validar sua eficiência e
utilidade, o modelo foi aplicado a um projeto petroquímico internacional no Brasil. Como
resultado, o modelo se mostrou uma ferramenta eficiente, podendo auxiliar, investidores e
gestores de risco, a avaliar a influência da probabilidade de ocorrência de determinado risco e

63
impacto de eventos de risco nas variáveis de decisão. Também, foi possível quantificar a
perda decorrente em condições de eventos adversos extremos e fornecer suporte de dados
práticos para decisões de investimentos relativas a projetos.
Em um estudo relacionado com o processo decisório no monitoramento e controle de
projetos, García et al. (2017), investigaram as tendências e desafios por meio de métodos de
inteligência artificial, bem como análise de escolas e ferramentas tecnológicas para
gerenciamento de projetos. Os resultados salientam a necessidade de construção de
ferramentas e modelos de tecnologia de informação para o controle de projetos. Segundo os
autores, estas ferramentas e modelos devem integrar o aprendizado de máquina e tratamento
de imprecisão, usando indicadores de desempenho. Acrescentam que as técnicas de
inteligência artificial aumentam a capacidade de adaptação das organizações, perante a
evolução de estilos de gerenciamento, e gera bons resultados mesmo diante da complexidade
de controle de projetos.

64
5. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo trata-se de um sistema elevatório (SE) usado para a captação de água
bruta do córrego Monjolinho e está localizado nas coordenas geográficas 15º27’0,7’’ latitude
Sul e 55º44’0,4’’ longitude (Figura 10).

Figura 10 – Localização do sistema elevatório de água bruta do córrego Monjolinho

Fonte: Elaboração própria

O SE pertence ao sistema de abastecimento de água (SAA) da cidade de Chapada dos


Guimarães/MT. O município localiza-se, aproximadamente, a 65,0 km de Cuiabá, capital do
Estado de Mato Grosso, possuindo temperaturas mais amenas (médias anuais entre 21,4 a
23,0 ºC) que a capital estando a 811 metros acima do nível do mar, com área de unidade
territorial de 6.619,316 km² e sua base econômica é voltada para as atividades de turismo
ecológico, agropecuária e extrativismo (DUARTE et al., 2016; LIMA; FILHO; MOURA,
2017)
Dados recentes estimam que Chapada dos Guimarães/MT possui 18.906 habitantes, na
qual 62% da população encontra-se na região urbana, ou seja, em torno de 11.722 habitantes
(IBGE, 2017). O SAA atende apenas 90% da população urbana, considerando um acréscimo

65
de 40% de população flutuante (LIMA; FILHO; MOURA, 2017), totalizando 15.239
habitantes atendidos pelo sistema.
Os serviços públicos de água e esgoto são administrados pelo Sistema Autônomo de
Água e Esgoto (SAAE), sendo uma autarquia. Na Figura 11 estão, de forma ilustrativa,
representados esquematicamente os componentes do SE.

Figura 11 – Representação esquemática dos componentes do SE

1 – Córrego Manjolinho; 1ª – água represada; 2 – barragem de nível; 3 – estação elevatória; 4 –


adutora de água bruta; 5 – estação de tratamento de água

Fonte: Elaboração própria

Segundo informações disponibilizadas pelo SAAE, o sistema de bombeamento


necessita recalcar 250 m³.h-1 de água coletada em uma diferença de cota de 82,0 m, sendo
composto por um conjunto motor-bomba (CMB). A bomba é uma bomba centrífuga KSB
Meganorm, modelo 125-080-250, rotor de 269,0 mm e rotação de 3500,0 rpm; vazão máxima
de 500,00 m³.h-1, altura manométrica máxima de 155,0 mH2O e rendimento de 79,6%. Um
motor elétrico trifásico da WEG modelo W22 IR2, frequência de 60 Hz, momento de inércia
de 0,8991 kg.m-2, potência de 125 cv e rotação nominal de 3575 rpm, é unido a bomba
formando o CMB.
Ao motor está acoplado uma Soft Starter da Siemens, Sirus 3RW40, 3RW40756BB44,
com programação de desligamento em 1 segundo e acionamento em 6 segundos.
A tubulação de sucção possui DN250 com 2,8 m de comprimento real e comprimento
equivalente (válvula de pé com crivo, curva e redução) de 69,5 m. Já a tubulação de recalque,
possui DN200 com comprimento real de 1500 m. O material da tubulação e acessórios, tanto
da sucção como para o recalque, é ferro fundido. O traçado da adutora com cotas e

66
comprimentos foi obtido a partir de medições em campo com o auxílio do colaborador da
SAAE (manutentor), utilizando trena e GPS Garmin Oregon 750t.
No início da tubulação de recalque (adutora) encontra-se uma válvula de retenção
(VR1) de portinhola dupla DN 200 PN10, usada para proteger o conjunto motor-bomba
bloqueando o fluxo na direção contrária. Também, há uma válvula de retenção (VR2) de
mesma especificação no meio da adutora.
Destaca-se, ainda, que a água transportada pela adutora de água bruta chega em uma
calha Parshall (CPA) para determinação de vazão e mistura rápida de coagulante (sulfato de
alumínio). O tratamento realizado na estação de tratamento de água (ETA) é do tipo
convencional, ou seja, composta pelos processos de coagulação, floculação (chicanas),
decantação e filtração.
Na Figura 12 está apresenta outra representação esquemática do sistema em estudo,
agora na vertical dando importância ao perfil topográfico da adutora.

Figura 12 – Esquema do sistema em estudo

Fonte: Elaboração própria

Na Figura 13 estão apresentados registros fotográficos dos componentes do SE de


estudo, sendo que pode-se observar registros fotográficos: (a) vista frontal da casa de bombas;
(b) poço de sucção; (c) Córrego Manjolinho; (d) barragem de nível e água represada; (e)
conjunto motor-bomba; (f) Soft Starter; (g) chegada da água bruta captada na ETA; e, (h)
calha Parshall.

67
Figura 13 – Componentes do sistema elevatório

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

(g) (h)

Fonte: Acervo próprio

68
Conforme relatado pelos colaboradores da SAAE (operadores e manutentores), os
problemas no SE ocorrem quando há interrupção do fornecimento de energia pela rede
elétrica.
Quando ocorre a queda de energia a bomba para de funcionar abruptamente, o que
provoca o retorno do fluxo por uma distância de mais de 1,5 km e com diferença de cota de
82,0 m. Isto propicia a formação de ondas de pressão com grande amplitude entre valores
tanto negativos quanto positivos, as quais geram sérios problemas estruturais e consequentes
riscos de contaminação e de perda de água, bem como ruptura de tubulações e danos as
instalações, equipamentos e pessoas.
As Figuras 14 e 15 mostram alguns registros fotográficos das consequências desse
fenômeno no sistema elevatório de estudo. Na Figura 14 observa-se partes de bombas
danificadas devido à sucessivos eventos de queda de energia

Figura 14 – Danos decorrentes da queda de energia em bombas


$

Fonte: Acervo próprio

Na Figura 15 são apresentadas algumas perfurações nas paredes internas da casa de


bombas. Estas, também, são resultados de problema de queda de energia, que produziram
esforços elevados nas conexões de recalque resultando em desprendimento de juntas (flanges,
parafusos, arruelas e porcas) e sua projeção contra as paredes internas da casa de bombas.

Figura 15 – Danos decorrentes da queda de energia nas paredes da casa de bombas

Fonte: Acervo próprio

69
6. MATERIAL E MÉTODOS

Para atingir os propósitos desejados neste estudo, a sistematização dos procedimentos


metodológicos foi dividida em cinco etapas: (1) compreensão do transiente hidráulico; (2)
modelo de simulação hidráulica (MSH) para falha da bomba por queda de energia; (3)
calibração do MSH para a área de estudo; (4) avaliação da calibração do MSH; (5)
identificação de alternativas para controle de transiente; e, (6) seleção da melhor alternativa
de dispositivo de proteção. A Figura 16 apresenta um fluxograma com a ordem de execução
das etapas propostas e, na sequência, apresenta-se a descrição destas etapas.

Figura 16 – Etapas do procedimento metodológico


Início

Compreensão do transiente
hidráulico (TH)

Revisão da literatura

Módulo experimental

Modelo de simulação hidráulica


para falha de bomba por queda
de energia

Calibração do MSH
para a área de estudo

Coleta de dado em campo

Modelo de simulação hidráulica (MSH)

Calibração do MSH

S Avaliação da N
calibração do MSH

Identificação de alternativas
de controle de transiente

Seleção da melhor alternativa


de dispositivo de proteção

Fim

Fonte: Elaboração própria

70
6.1. Compreensão do transiente hidráulico

Para a compreensão do transiente hidráulico (TH), foi realizada uma extensa revisão de
bibliografia para a obtenção de fundamentação teórica acerca do assunto. A partir disso,
também foram realizadas atividades de resolução de exercícios, familiarização com os
processos e variáveis envolvidos no fenômeno, por meio de análise preliminar de calibração
de um módulo experimental, e familiarização com algoritmo para TH.

6.1.1. Módulo experimental

O módulo experimental, utilizado no estudo, pertence ao Laboratório de Hidráulica


(LABHID), do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA), da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT) e é composto por:
• Reservatório com nível constante (Rnc) a montante do fluxo e reservatório de recirculação
(Rre) a jusante, ambos de polietileno com capacidade de 500,0 L;
• Conjunto motor-bomba (CMB) Schneider, modelo BC-92 S/T 1B, rotor de 127,0 mm e
rotação de 3500,0 RPM; potência 2,0 cv; vazão máxima de 22,8 m³.h–1; altura
manométrica máxima 29,0 mca; e, rendimento do CMB 60,9%;
• Inversor de frequência (IF) da WEG, série CFW-10, modelo CFW100073S2024PSZ, com
a versão do software 2.05 e apresentando as seguintes características técnicas: corrente
nominal de saída 7,3 A; tensão de alimentação 220,0 V; e, potência máxima aplicável 2,0
cv;
• Tubulações de material PVC classe 15 (pressão máxima de trabalho de 75,0 mca com 65,0
m de extensão, no qual, são dispostos 7 pontos de tomada de pressão (P1, P2, P3, ..., P7);
• Cada tomada de pressão possui dispositivo de medição de pressões (DMP) negativas e
positivas por meio de sensor da Freescale, série MPX5700, modelo DP, com faixa de
leitura 0,0 até 70,0 mca, tensão de saída de 0,2 até 4,7 V e frequência de medição de 100,0
Hz desenvolvidos em plataforma Arduino. O dispositivo de medição de pressão foi
desenvolvido com a colaboração de pesquisadores do Departamento de Engenharia
Elétrica (DENE) da UFMT;
• Válvula do tipo globo (Vg) de material PVC classe 15 (pressão máxima de trabalho de
75,0 mca); e

71
• Posteriormente, para reprodução da área de estudo, foi instalada uma válvula de retenção
(Vr) de portinhola dupla, como dispositivo de proteção da bomba.
Na Figura 17 estão apresentados registros fotográficos de alguns componentes do
módulo experimental.

Figura 17 – Registro fotográfico de componentes do módulo experimental

(MB) (Vr)
(Rnc)

(DMP)

(IF)

(Vg)

(Rre)

Fonte: Acervo próprio

Já na Figura 18 está contemplado, de forma ilustrativa, o desenho esquemático do


módulo experimental e seus principais componentes.

Figura 18 – Módulo experimental e componentes

Fonte: Elaboração própria

Apesar do módulo experimental não ter sido elaborado reproduzindo as condições e


realidade da área de estudo, foi uma ferramenta fundamental para o processo de aprendizado,

72
visto que possibilitou a observação do fenômeno e o desempenho do modelo com dados reais,
mesmo que em escala laboratorial.

6.1.2. Algoritmo de simulação de transiente hidráulico

Afim de familiarização com algoritmo de simulação de TH, adotou-se como algoritmo


base o algoritmo apresentado por Tullis (1989), que pode ser visualizado no Anexo A. Este
algoritmo foi adaptado ao caso do módulo experimental.
Também, o algoritmo de Tullis (1989), disponível na linguagem FORTRAN, foi
implementado em ambiente MS Excel (linguagem VBA) com finalidade de facilitar sua
utilização para outros, possíveis, usuários e/ou pesquisadores. Resumidamente, o algoritmo
adaptado é constituído por seis partes: (1) dados de entrada; (2) cálculo das condições iniciais;
(3) resolução dos pontos interiores; (4) resolução da condição de contorno da bomba a
montante; (5) resolução das condições de contorno da válvula; e, (6) reinicialização de dados.

6.2. Modelo de simulação hidráulica para falha da bomba por queda de energia

Nesta etapa, foi considerado como Modelo de Simulação Hidráulica (MSH) o algoritmo
apresentado por Tullis (1989), algoritmo base, adaptado a área de estudo. Assim, foram
aplicadas adaptações para representatividade das características do sistema em estudo. Para
isso, a condição de contorno válvula no final da tubulação foi adaptada para um orifício no
final da tubulação, além de terem sido adicionadas as condições de contorno de falha da
bomba, válvula de retenção e o modelo clássico de coluna de separação para cálculo de
cavitação. Estas novas condições de contorno foram implementadas de acordo com o
apresentado por Wylie e Streeter (1978), Tullis (1989) e Larock, Jeppson e Watters (2000).

6.3. Calibração do MSH para a área de estudo

Dentre os modelos de simulação hidráulica, a realização de calibração para modelos de


transiente hidráulico é a mais importante do que os outros tipos, em virtude da sensibilidade
desse tipo de modelo, no qual pequenas mudanças no modelo podem produzir mudanças
drásticas nos resultados do modelo transiente. Outrossim, a calibração permite a simulação
mais próxima possível do sistema real, fornecendo suporte para projeção adequada de

73
dispositivos de proteção contra surtos, diminuição com gastos de capital, aumento de
confiabilidade e aumento da proteção da saúde pública e segurança (YANG, 2016).
Portanto, a calibração foi realizada e suas etapas foram: (1) coleta de dados em campo;
(2) modelo de simulação hidráulica para calibração; e, (3) calibração do MSH.

6.3.1. Coleta de dados em campo

Com o propósito de calibração do MSH para a área de estudo, a partir de dados de


pressão observados em campo, efetuou-se a instrumentação da mesma. Foram escolhidos dois
pontos, um ponto de medição logo após a válvula de retenção (sentido do fluxo) e outro ponto
na chegada da água bruta na ETA, conforme ilustrado na Figura 19.

Figura 19 – Representação da posição dos pontos de medição de pressão

Fonte: Elaboração própria

Os medidores de pressão utilizados para instrumentação da área de estudo foram


desenvolvidos no LABHID/DESA/UFMT, em parceria com pesquisadores do DENE/UFMT.
A descrição dos medidores de pressão encontra-se no Apêndice A.
Para a instalação do medidor de pressão P1 foi necessário o apoio dos colaboradores da
SAAE sendo utilizado um colar de tomada de água e um registro do tipo globo PVC DN 20
mm, como pode ser observado na Figura 20. A instalação do medidor de pressão P2, na qual
se utilizou conexões de PVC para engate do medidor de pressão em um tubo sobressaliente,
está exposta na Figura 21. A Figura A1, do Apêndice A, expõe os medidores devidamente
instalados.

74
Figura 20 – Instalação do medidor de pressão P1

Fonte: Acervo próprio

Figura 21 – Instalação do medidor de pressão P2

Fonte: Acervo próprio

Os dois medidores tiveram seu relógio sincronizado, fazendo com que tivessem o
mesmo horário de registro. Após a instalação dos equipamentos em seus devidos lugares,
foram realizadas as coletadas de dados. Antes de se coletar os dados de pressão em diferentes
casos, o valor de vazão de 247,5 m³.h-1 foi obtido na Calha Parshall.
Inicialmente, desejou-se simular e coletar dados da flutuação da pressão devido a falha
da bomba por queda de energia elétrica, porém, a operação não foi possível devido as
consequências que poderiam decorrer dessa ação. Logo, o desligamento da bomba foi
realizado em condições normais de energia, ou seja, com a utilização de Soft Starter.
Para a coleta de dados de pressão, foram realizados 5 testes, cada teste com duração de
15 minutos, da seguinte maneira: (1) coleta de dados em regime permanente durante 5
75
minutos; (2) desligamento da bomba por Soft Starter e registro de dados por 5 minutos; e, (3)
reinicialização da operação da bomba e registro de dados por 5 minutos (nova situação de
regime permanente).

6.3.2. Modelo de simulação hidráulica para calibração

Como referido anteriormente, não foi realizado o desligamento da bomba simulando


uma queda de energia. Sendo assim, para a calibração do MSH, foi necessário adaptar o
algoritmo e simular o desligamento da bomba por meio de uma rampa de desaceleração
mediante utilização de Soft Starter. Para tal, foi criada uma condição de contorno extraída de
uma curva que relaciona rotação e tempo, criada por meio de dados produzidos por Software
de simulação e especificação para Soft Starter da Siemens. Informações adicionais sobre este
software podem ser obtidas no endereço eletrônico:
https://w3.siemens.com.br/automation/br/pt/dispositivos-baixa-tensao/partidas-suaves-baixa-
tensao/win-softstarter/pages/win-softstarter.aspx.

6.3.3. Calibração do MSH

De posse do algoritmo adaptado ao SE de estudo e, também, de dados obtidos após


realização de ensaios de campo foi realizado, inicialmente, uma calibração manual de
parâmetro de entrada (por exemplo, fator de atrito, inércia, fechamento da válvula de
retenção, rotação, entre outros).
Após isto, foi utilizado o algoritmo de otimização PSO, em conformidade com os
trabalhos de Wei, Zhihong e Huiwen (2009), Al-Ani e Habibi (2012) e Yang, Zhang e Li
(2015), para calibração automática das variáveis consideradas importantes para calibração. O
método PSO foi aplicado devido à sua simplicidade de implementação, bem como a
capacidade de convergir rapidamente para uma boa solução, usando operadores matemáticos
primitivos (MERKLE; MIDDENDORF, 2005; DAS; ABRAHAM; KONAR, 2008;
TALUKDER, 2011).
A calibração automática ajustou os parâmetros de entrada via modelagem inversa,
usando indicadores de ajuste como raiz do erro quadrático médio (RAMSE), erro médio
percentual absoluto (MAPE) e gráfico de observados versus estimados, escolhidos segundo
Walski et al. (2006), Willmott e Matsuura (2006), Tabesh, Jamasb e Moeini (2011) e Celeste
e Chaves (2014). Os dados observados e estimados foram comparados buscando-se a menor

76
diferença dos valores de pressão no mesmo passo de tempo, ou seja, por meio da minimização
função objetivo, expressa pela Equação (74).

 P1O − P1E P2O − P2 E 


  
mín. fo =  .0,5
P1O P2O
+ (74)
 NS NS 
 
 

Na qual: fo é função objetivo a ser minimizada; P1O é a pressão observada no ponto 1, m; P1E
é a pressão estimada no ponto 1, m; P2O é a pressão observada no ponto 1, m; P2E é a pressão
estimada no ponto 1, m; e, NS é o número de nós.
Foram realizados 3 testes com diferentes conjuntos de valores de coeficientes do
algoritmo de otimização PSO (coeficiente de inércia (w), fator de individualidade (c1) e fator
de sociabilidade (c2)), com a finalidade de buscar o melhor desempenho do algoritmo PSO.
Também, foram adotados 2000 iterações e 30 partículas por iteração devido ao tempo de
processamento do algoritmo (cerca de 5 segundos por partículas).
O algoritmo calibrou as seguintes variáveis: rotação no final da rampa de desaceleração
(Nf); a inércia total dos conjuntos girantes (I); o fator de atrito (f); rendimento (η); coeficiente
de perda de carga na válvula de retenção da adutora (Kvr) e, coeficiente de perda de carga no
orifício no final da tubulação (Ko). Estas variáveis foram calibradas uma vez que se notou
incertezas dos valores que os cálculos e tabelas padronizadas resultam, bem como a
observação resultante da calibração manual.

6.4. Avaliação da calibração do MSH

Nesta etapa os indicadores de ajuste (RMSE, MAPE, e análise visual) foram utilizados
com inferência de adequação do modelo ao SE estudado. No caso, foi considerado adequado
o MSH que apresentasse melhores valores de ajuste de erro, considerando a faixa de variação
limitante, conforme Tabela 2.
Em um primeiro momento, foi utilizado o valor das variáveis resultantes da calibração
para alimentar o MSH por falha da bomba. Apesar da utilização da Soft Starter, os valores de
inércia, fator de atrito, rendimento, e perdas na válvula de retenção e no orifício foram
considerados como os mesmos nos dois casos.

77
Tabela 2 – Faixa de variação aceitável para cada método de ajuste
Método de Faixa de variação Referência
ajuste de erro
RMSE ± 0,5 m (85% de todas as medições) Kozelji, Steinman e Banovec,
± 0,75 m (95% de todas as medições) 2006; Apaydin, 2013; Rocha,
± 2,0 m (100% de todas as medições) 2013; Abe, 2014; Salvino,
Carvalho e Gomes, 2015.
Variação média de ± 1,5 m com
diferença máxima de 5,0 m. Walski, 1983.

MAPE até 10% – satisfatório Ormsbee e Lingireddy, 1997;


até 5% – altamente desejável Lingireddy e Ormsbee, 2002.
Fonte: Elaboração própria

6.5. Identificação de alternativas para controle de transiente

Em um sistema de distribuição de água, destacando-se o sistema elevatório, o ideal é


que o sistema opere de forma que haja menor amplitude de variação de pressão. Todavia, em
muitos casos, isto não ocorre, necessitando da aplicação de dispositivos de controle de
transiente.
Como a escolha do dispositivo adequado varia de caso para caso, dependendo das
características físicas e hidráulicas do sistema em estudo, bem como a viabilidade econômica
do dispositivo, é pertinente a identificação de várias alternativas para uma escolha eficaz.
Para identificação de alternativas de controle de transiente fez-se uso da Tabela 3,
apresentada por Stephenson (1989), na qual retrata-se métodos de proteção contra transiente
hidráulico, em ordem crescente de custos, e respectivas análises de viabilidade.

Tabela 3 – Resumo dos métodos de proteção contra transiente hidráulico


Método de proteção Viabilidade de Observações
aplicação
I .N ²
Controle da inércia  0,01 Apenas aproximado.
. A.L.H 02
Bypass + a.V0 Certa quantidade de água também
 1
Válvula de retenção g.H o2 pode ser retirada da bomba.
Normalmente é utilizada em
Válvula de retenção na a.V0 conjunto com outro método de
1
linha g .H o2 proteção; formação de coluna de
separação.
Fonte: Adaptado de Stephenson (1989)

78
Tabela 3 – Resumo dos métodos de proteção contra transiente hidráulico (continuação)
Método de proteção Viabilidade de Observações
aplicação
Deve estar perto da linha
Chaminé de equilíbrio
h pouco significativo piezométrica para a altura do
(tubo vertical)
tanque ser funcional.
a.V0 O perfil da tubulação deve ser
Válvula de alívio 2
 1 ; 2.L  5 convexo; e, provável formação de
g.H o c coluna de separação.
a.V0 O perfil da tubulação deve ser
Tanque unidimensional 1
g.h côncavo.
a.V0 O perfil da tubulação deve ser,
Tanque hidropneumático 1
<
g .H o2 preferencialmente, convexo.
Fonte: Adaptado de Stephenson (1989)

6.6. Seleção de alternativa ótima de dispositivo de proteção

Após a identificação de possíveis alternativas de controle do transiente, foram definidas


suas condições de contorno e estas adicionadas, uma por vez, MSH calibrado, podendo-se
então observar o comportamento da pressão resultante da aplicação do dispositivo.
Para analisar e selecionar a melhor alternativa dentre as escolhidas, foi aplicada a
análise multicriterial, uma vez que se assumiu como verdadeiro o pressuposto de que a
seleção da melhor alternativa deve se fundamentar na análise de critérios distintos
(implantação, manutenção e hidráulico). Assim, são propostos para o processo decisório a
utilização de 3 critérios a saber:
• Custo com implantação (CR1), diz respeito aos custos decorrentes da instalação dos
dispositivos de controle do TH. Este critério está relacionado ao objetivo de minimização
de custo com implantação.
• Custo com manutenção (CR2), refere-se a despesas com atividades realizadas para
conservação das instalações, reparação de danos nas tubulações e acessórios, bem como
falhas e reposição de equipamentos, entre outros possíveis custos relacionados. Este
critério está relacionado ao objetivo de minimização de custos com manutenção.
• Desempenho hidráulico (CR3), para um dado sistema hidráulico e um conjunto de
demandas especificadas em nós, o melhor dispositivo de proteção contra TH é aquele que
resulta na maximização da pressão mínima e/ou minimização da pressão máxima. Este
critério está relacionado ao objetivo de maximização do desempenho hidráulico.
Na Tabela 4 estão apresentados critérios, formas de obtenção e referências.

79
Tabela 4 – Critérios para tomada de decisão
Critério Obtenção Referência
CR1 Estipulado a partir da cotação de preço com fabricantes e da Jung e Karney
mão de obra especializada. (2006).

CR2 Dado pelo somatório dos custos de manutenções preventivas e Gomes (2009).
corretivas.
DH = −|Hmáxij − Hminij |
CR3 Na qual: DH é o desempenho hidráulico, em m; Hmáxij é a Tsutiya (2006).
máxima pressão ocorrida durante o TH, em m; e, Hminij é a
mínima pressão ocorrida durante o TH, em m.
Fonte: Elaboração própria

Como atores envolvidos no processo decisório, foram considerados representantes da


administração da empresa de saneamento (SAAE), a população, manutentores e técnicos da
área de abastecimento de água. Sendo escolhidos os atores, foram aplicados questionários
(Apêndice B) como forma de obter os pesos para cada critério de acordo com o conhecimento
do ator envolvido.
Os critérios e pesos foram analisados segundo três métodos de análise multicriterial
(AHP, TOPSIS e CP). O método AHP foi selecionado por ser um método flexível, que
considerado variáveis tangíveis e intangíveis, auxiliando na tomada de decisão que envolvem
questões socioambientais (SAATY, 1987; ZHANG, 2009; MATTIUSSI; ROSANO;
SIMEONI, 2014). O método TOPSIS foi escolhido por ser um método de classificação
simples na concepção e aplicação, maximizando os critérios de benefícios e minimizando os
critérios de custo (CHEN; HWANG, 1992; BEHZADIAN et al., 2012). O método CP
apresenta uma boa aceitação entre as pesquisas para encontrar soluções ótimas de modelos
desenvolvidos para tratar de problemas de abastecimento de água urbana, alocação de água, e
gestão integrada de recursos hídricos (ROOZBAHANI; SCHREIDER; ABBASI, 2015).

80
7. RESULTADOS E DISSCUSSÕES

As resoluções das etapas metodológicas de pesquisa podem ser observadas nesta seção,
seguindo a ordem dos tópicos da metodologia.

7.1. Compreensão do transiente hidráulico

Como primeiro resultado desta etapa relata-se que o primeiro contato com o tema foi a
revisão de literatura, onde foram selecionados os seguintes autores para embasamento teórico:
Parmakian (1963), Chaudhry (1979), Thorley (1991) e, principalmente, Wylie e Streeter
(1978), Tullis (1989) e Larock, Jeppson e Watters (2000).
Como outro resultado desta etapa menciona-se que dois exercícios, em um sistema
simples (exposto na Figura 22), foram realizados. Estes exercícios foram propostos por Tullis
(1989), sendo que um deles desconsidera o atrito e o outro considera o atrito. Informações
como enunciado do exercício, dados de entrada e sua resolução estão apresentados no
Apêndice C.

Figura 22 – Sistema utilizado para aplicação dos exercícios 1 e 2

ΔH

HR1

Válvula

Nós
Fonte: Adaptado de Tullis (1989)

Para a resolução de exercícios e posterior calibração, a linguagem computacional


FORTRAN apresentada pelo algoritmo do Anexo A foi implementada para linguagem VBA,
com sua estrutura de cálculo representada pelo algoritmo exposto no Apêndice D.

81
7.1.1. Teste para análise preliminar de calibração no módulo experimental

A calibração foi realizada para o fechamento lento de uma válvula do tipo globo no
final da canalização. Os valores estimados foram contrapostos com os valores coletados pelos
medidores de pressão instalados no módulo experimental. A partir disso, pode-se estabelecer
uma correspondência entre o que realmente acontece no sistema e a capacidade do algoritmo
em simular as variáveis hidráulicas. A calibração foi feita de forma manual, não se utilizando
da modelagem inversa.
Foi aplicado a mesma estrutura do algoritmo apresentado no Apêndice D. Os
parâmetros adotados, a análise realizada e os resultados deste experimento podem ser
observados no apêndice E.

7.2. Modelo de simulação hidráulica para falha da bomba por queda de energia

A partir das configurações necessárias, de forma simplificada, podem ser observados os


principais passos e respectivos conectivos lógicos. na Figura 23.

Figura 23 – Fluxograma simplificado com os passos principais do MSH

Procedimento
Pressão no nó + normal de cálculo
N
Dados de entrada pressão barométrica
S
pressão de vapor
Cavitação
Cálculos iniciais Pontos interiores
(2 a N)
Aberta
N
Condições iniciais: Nó 16 CP – CM < 0,25
S
regime permanente Fechada
(t = 0)
Vazão e Pressão variam
Regime transitório N de acordo com a rotação
Ponto 1 (CMB) CP – CM + H < 0,25
(t > 0) S
H = CM; Q = 0

Orifício no final da
tubulação (NS)

Fonte: elaboração própria

82
Para adaptar o MSH as características do sistema em estudo, considerando a falha da
bomba por queda de energia elétrica, foram adicionadas as condições de contorno: (1) falha
da bomba (WYLIE; STREETER, 1978; TULLIS, 1989; LAROCK, JEPPSON E WATTERS,
2000/; TSUTIYA, 2006).; (2) válvula de retenção após a bomba (WYLIE; STREETER,
1978); (3) válvula de retenção em linha na adutora (WYLIE; STREETER, 1978; TULLIS,
1989); (4) orifício no final da tubulação (WYLIE; STREETER, 1978; TULLIS, 1989); (5)
cavitação (TULLIS, 1989); e, também (6) ponto intermediário de tomada de pressão,
referindo-se ao medidor de pressão P2 instalado na chegada da ETA (adaptação do método
das características).

7.3. Calibração do MSH para a área de estudo

Os resultados referentes a calibração estão sequenciados neste tópico em conformidade


com a estrutura metodológica, ou seja: (1) coleta de dados em campo; (2) modelo de
simulação hidráulica (MSH); e, (3) Calibração do MSH.

7.3.1. Coleta de dados em campo

Na coleta e levantamento de dados em campo, bem como ao longo de todo o


desenvolvimento da pesquisa, foram encontradas dificuldades em relação a representação de
uma situação real, dentre elas: (1) indisponibilidade da dados; (2) dependência de terceiros
para execução de determinadas tarefas; (3) problemas técnicos e operacionais; (4) dificuldade
na fidelidade em representar o tempo de fechamento das válvulas de retenção; (5) alteração da
curva característica da bomba devido a tempo de uso e danos; (6) inexistência de planta com
cotas e traçado da adutora; (7) peças e acessórios desconsideradas por desconhecimento da
existência; e, (8) impedimento de realização de testes para desenvolvimento da curva da
bomba.
Em relação aos medidores de pressão, estes se mostraram eficazes, possuindo uma
coleta de alta precisão de dados de pressão (a cada 2 milissegundos). Ademais, são
equipamentos elaborados com componentes de custo baixo, tornando-o muito mais barato que
os equipamentos comerciais (cerca de 10 vezes mais baratos). A única ressalva é a
necessidade de mão de obra com conhecimento em Arduino e programação para elaboração
do equipamento.

83
7.3.2. Modelo de simulação hidráulica para calibração

Para o caso da calibração da área de estudo, foi acrescido ao modelo de simulação


hidráulica a condição de contorno da Soft Starter (SS) funcionando no primeiro segundo
parada do conjunto motor-bomba (CMB), resultando na Equação (75).

Nr = 1,505196.t 3 − 2,219590.t 2 − 516,818001.t + 3397,642454 (75)

Esta equação foi aplicada para gerar a rampa de desaceleração do CMB, no tempo 0 a 1
segundo, tendo em vista a programação da SS para desligamento em 1 segundo, com rotação
inicial de 3400 rpm.
Aqui, observa-se um problema operacional da SS, de modo que a programação com
tempo de 1 segundo não é eficiente para proteção de choques mecânicos no motor do CMB.

7.3.3. Calibração do MSH

Previamente a calibração automática, foi realizada a calibração manual das variáveis,


resultando-se nos seguintes valores: rotação no final da rampa de desaceleração de 2400;
inércia de 0,20 kg.m-2; fator de atrito de 0,03; rendimento de 75,00 %; coeficiente de perda de
carga na válvula de retenção de 7,00; e, coeficiente de perda de carga no orifício de 0,15.
Na Figura 24 apresenta-se o gráfico comparativo entre os dados de pressão estimados
em campo e estimado pelo modelo de simulação hidráulica após a calibração manual e na
Tabela 5 encontram-se os resultados do MAPE e RMSE para calibração manual.

Figura 24 – Valores de pressão observados versus estimados (calibração manual)

P (mH2O) P1 P (mH2O) P2
150 50
140 Observados
130 Estimados
120 40
110
100
90 30
80
70
60 20
50
40
30 10
20
10
0 t (s) 0 t (s)
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
Fonte: elaboração própria

84
Tabela 5 – Resultados da porcentagem de erro da calibração manual
MAPE RMSE
P1 P2 P1 P2
26,31% 45,86% 18,83 4,31
Fonte: elaboração própria

O resultado do MAPE e do RMSE para os dois pontos (P1 e P2) foi insatisfatório, de
acordo com o preconizado no tópico 6.4.
Para a calibração automática, os coeficientes de inércia (w), fator de individualidade
(c1) e fator de sociabilidade (c2) aplicados para cada teste, são apresentados na Tabela 6

Tabela 6 – Coeficientes de iteração


Iterações n° partículas Inércia Individualidade Sociabilidade
Teste 1 2000,00 30,00 0,90 1,50 1,50
Teste 2 2000,00 30,00 0,90 0,50 0,50
Teste 3 2000,00 30,00 0,60 1,50 1,50
Fonte: elaboração própria

Os valores encontrados das variáveis para cada teste e de sua respectiva função objetivo
(fo) podem ser apreciados na Tabela 7. Foram admitidas as seguintes faixas de variação dos
valores das variáveis: rotação (2300 – 2500 rpm); fator de atrito (0,02 – 0,045); inércia (0,1 –
0,3 kg.m-2); rendimento (60 – 80%); coeficiente da válvula de retenção (1,5 – 7); e,
coeficiente do orifício (0,1 – 1).

Tabela 7 – Conjunto de variáveis encontradas e sua respectiva função objetivo


fo Rotação Atrito Inércia Rendimento K válvula K orifício
Teste 1 0,3459 2500 0,0350 0,3000 0,6968 6,5000 0,8672
Teste 2 0,3430 2300 0,0400 0,1371 0,8500 2,8306 0,8216
Teste 3 0,3402 2500 0,0297 0,3000 0,7024 3,9142 0,3119
Fonte: elaboração própria

A Figura 25 apresenta o comparativo de dados de pressão observados e estimados no


ponto 1 e 2 para o teste 1, a para o teste 2 e a representação do teste 3 na Figura 27.

85
Figura 25 – Valores observados versus estimados a partir da calibração automática
(teste 1)
P (mH2O)
P (mH2O) P1 P2
150 50
140
130
120 40
110
100
90 30
80
70
60 20
50
40
30 10
20
10
0 0 t (s)
0 5 10 15 20 25 30t (s) 0 5 10 15 20 25 30
Fonte: elaboração própria

Figura 26 – Valores observados versus estimados a partir da calibração automática


(teste 2)

P (mH2O) P1 P (mH2O) P2
150 50
140
130
120 40
110
100
90 30
80
70
60 20
50
40
30 10
20
10
0 t (s) 0 t (s)
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30

Fonte: elaboração própria

Figura 27 – Valores observados versus estimados a partir da calibração automática


(teste 3)

P (mH2O) P1 P (mH2O) P2
150 50
140
130
120 40
110
100
90 30
80
70
60 20
50
40
30 10
20
10
0 t (s) 0 t (s)
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30

Fonte: elaboração própria

86
Os resultados do MAPE e RMSE para a calibração automática são retratados na Tabela
8.

Tabela 8 – Resultados da porcentagem de erro da calibração automática


MAPE RMSE
Teste
P1 P2 P1 P2
Teste 1 26,01% 43,18% 16,89 3,87
Teste 2 28,47% 40,12% 20,07 3,78
Teste 3 29,96% 38,08% 19,27 3,64
Fonte: elaboração própria

O resultado encontrando pela calibração automática apresenta melhoria em relação a


calibração manual, resultado esperado, uma vez que a calibração automática comumente
supera a calibração manual. Contudo, os valores das variáveis encontrados em cada testes,
possuem diferenças importantes, conforme Tabela 7.
A partir da análise dos resultados, Figuras 27, 28 e 29, nota-se que os valores
encontrados pela calibração automática priorizam o que acontece após o fechamento da
válvula de retenção na saída do CMB. Também esperado, já que se têm um número muito
maior de observações após o fechamento da VR1. Isso pode ter sido ocasionado por limitação
da função objetivo utilizada para calibração. Então, recomenda-se a realização de testes com
outras funções objetivo.
Em concordância com os apontamentos apresentados e considerando o objetivo do
trabalho (atenuação de picos de pressão), optou-se pela utilização das variáveis encontradas
pela calibração manual.

7.4. Avaliação da calibração do MSH

Conforme indicadores de ajustes adotados (MAPE ≤ 10%; RMSE ≤ 2 mca),


apresentados no tópico 6.3, encontrou-se a inadequação na calibração manual e automática do
MSH.
Comparando-se os resultados de MAPE e RMSE da calibração automática com a
manual, constata-se a melhoria dos índices para o ponto 2. Porém, esta melhoria ainda se
encontra em uma faixa insatisfatória de variação.
Esta inadequação da calibração, tanto manual como automática, as faixas de variação
para o MAPE e RMSE pode ser justificada com base na explanação dos seguintes fatores:

87
• Retardo do fechamento da válvula após a bomba (VR1) por parte do modelo de simulação,
sendo o tempo fechamento observado de 4 segundos e o estimado de 5 segundos. Isto pode
ter sido ocasionado pela vazão informada ser maior do que a vazão bombeada e
deslocamento da curva da bomba (divergência entre curva do catálogo e real, bem como
consequência de operação e manutenção inadequada);
• Maior erro percentual se encontra no ponto 2, podendo-se pressupor incongruência nas
informações repassadas pelos responsáveis do sistema de abastecimento, de modo que a
condição de contorno adotada (orifício na extremidade da tubulação) não se adequa as
características reais;
• Possíveis fontes de captação de água bruta operantes não informadas e áreas de vazamento
no período de realização do teste;
• Perfil topográfico obtido através do GPS e traçado da adutora por orientação do
manutentor, por inexistência da planta do sistema elevatório, influenciando nos cálculos de
cavitação e pontos
Estes fatores demonstram algumas adversidades decorrentes do estudo em situação real,
no qual ocorrem situações imprevisíveis e fora do controle do pesquisador. Logo, o estudo
teve continuidade com os valores de variáveis obtidos na calibração manual para seleção do
dispositivo de controle de TH.

7.5. Identificação de alternativas para controle de transiente

Foram considerados para identificação de alternativa para controle de TH, celeridade,


de 1241,5 m.s –1 (K = 2,14.109 N.m – 2; ρ = 999,1 kg.m –3; E = 1,65.1011 N.m – 2; e = 0,0064 m;
e, C = (1 – 0,28²)), velocidade do regime permanente, de 2,0 m.s–1 e altura manométrica do
regime permanente de 127,5 m. A partir destas informações foi possível realizar a análise de
verificação de viabilidade de aplicação e consideração das observações e custos.
Conforme Tabela 9, respeitando as condicionantes, apenas a válvula de retenção e o
tanque unidimensional foram consideradas aplicáveis como alternativa para controle de
transiente. Porém, não foi aplicado o tanque unidimensional devido a quantidade de unidades
necessárias, operação e, principalmente, o custo desta alternativa.

88
Tabela 9 – Identificação de métodos de controle de transiente para o caso de estudo
Método Valores obtidos Condição Aplicação
Controle da inércia 0,003 > 0,010 Inadequado para aplicação
Bypass +
1,985 >> 1,000 Inadequado para aplicação
Válvula de retenção
Válvula de retenção na
1,985 > 1,000 Adequado para aplicação
linha *Ressalva: coluna de separação
Chaminé de equilíbrio h pouco Inadequado para aplicação
39,000
(tubo vertical) significativo *Custo elevado
1,985 << 1,000
Válvula de alívio Inadequado para estudo
2,416 > 5,000
Tanque unidimensional 253 > h Possível aplicação
Tanque hidropneumático 1,985 < 1,000 Inadequado para estudo
Fonte: elaboração própria

Sendo assim, as alternativas foram baseadas na utilização das válvulas de retenção com
diferentes configurações. A partir da identificação dos métodos e estudo de locação das
mesmas, foram definidas 5 alternativas para posterior tomada de decisão, sendo estas
relacionadas na Tabela 10.

Tabela 10 – Alternativas definidas para controle de transiente


Alternativa Configuração
Alternativa 1 (A1) Adição de válvula de retenção ao sistema.
Relocação da válvula de retenção existente e adição de mais uma
Alternativa 2 (A2)
válvula de retenção.
Alternativa 3 (A3) Relocação da válvula de retenção existente.
Fonte: elaboração própria

7.5.1. Descrição das alternativas

Para a escolha dos pontos de aplicação dos dispositivos de controle deve-se ponderar a
situação que se deseja o controle do TH, ou seja, após falha da bomba por queda de energia
elétrica. Logo, duas considerações devem ser feitas para estudo das alternativas, em relação a
situação de controle: a queda da linha de energia, conforme Figura 28, e as linhas de energia e
envoltórios de pressão, conforme Figura 29.
Também, foi necessário adotar as recomendações dadas pelos autores em relação a
locação dos dispositivos. No caso da válvula de retenção foram considerados os autores Tullis
(1989) e Larock, Jeppson e Watters (2000).

89
Figura 28 – Queda da linha de energia após falha da bomba

Fonte: elaboração própria

Figura 29 – Representações dos envoltórios de pressão após falha da bomba

P (mH2O)
200

175

150

125

100

75

50

25

0 L (m)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500

Regime permanente Terreno Pressões mínimas


Pressões máximas Cavitação

Fonte: elaboração própria

Na Figura 29 estão apresentadas as pressões máximas estimadas, pressões mínimas


estimadas, linha de energia em regime permanente, perfil do terreno e linha limítrofe de
cavitação, podendo-se notar a formação de sobrepessões após o fechamento da válvula de
retenção na linha (VR2) como, também, a coluna de separação no mesmo ponto.

90
7.5.1.1. Alternativa 1

Esta alternativa foi definida a partir do primeiro método considerado adequado pela
tabela de Stephenson (1989), ou seja, a utilização da válvula de retenção em linha. Foi
adotada a adição de mais duas válvulas de retenção no sistema existente, de acordo com
apresentado na Figura 30. Na Figura 31 estão expostos os envoltórios de pressão resultantes.

Figura 30 – Configuração da alternativa 1

Nó 21
Nó 16
VR2 existente
Nó 7

Fonte: elaboração própria

Figura 31 – Envoltório de pressão da alternativa 1


P (mH2O)
150

125

100

75

50

25

0 L (m)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500

Regime permanente Terreno Pressões mínimas


Pressões máximas Cavitação
Fonte: elaboração própria

Na Figura 31 pode-se perceber a modificação nos envoltórios de pressão do sistema. A


adição da válvula de retenção no nó 7 resultou na diminuição de subpressões no entorno e a

91
adição da válvula de retenção do nó 21 diminuiu as sobrepressões e, as duas válvulas em
conjunto, atenuaram o problema de coluna de separação da VR2.

7.5.1.2. Alternativa 2

A hipótese formulada foi a de que o sistema precisa de mais uma válvula de retenção e a
válvula de retenção existente na linha da adutora está mal posicionada, sendo, portanto, sua
posição modificada. A válvula de retenção existente (atualmente situada no nó 16) foi
remanejada para o nó 19 e adicionou-se mais uma válvula de retenção no nó 6, segundo
consta na Figura 32. na Figura 33 estão os envoltórios de pressão

Figura 32 – Configuração da alternativa 2

Nó 19
Nó 16
VR2 existente
Nó 6

Fonte: elaboração própria

Figura 33 – Envoltório de pressão da alternativa 2


P (mH2O)
150

125

100

75

50

25

0 L (m)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
Regime permanente Terreno Pressões mínimas
Pressões máximas Cavitação
Fonte: elaboração própria

92
De acordo com o envoltório, exposto na Figura 33, o deslocamento da válvula de
retenção para uma região acima diminui as subpressões e as sobrepressões, em relação a
condição existente de falha de bomba. Porém, em pontos específicos, onde estão localizadas
as válvulas de retenção, houve um pequeno aumento nas subpressões.

7.5.1.3. Alternativa 3

A alternativa 3, Figura 34, considera que a válvula de retenção existente poderia estar
em um posicionamento mais vantajoso para diminuição das sobrepressões. Desta
configuração, resultam-se os envoltórios expostos na Figura 35.

Figura 34 – Configuração da alternativa 3

Nó 19
Nó 16
VR2 existente

Fonte: elaboração própria

Figura 35 – Envoltório de pressão da alternativa 3


P (mH2O)
150

125

100

75

50

25

0 L (m)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
Regime permanente Terreno Pressões mínimas
Pressões máximas Cavitação

Fonte: elaboração própria

93
Como está ilustrado pelos envoltórios, o deslocamento da válvula de retenção da linha
(VR2) possibilita a diminuição de sobrepressões.

7.6. Seleção da alternativa ótima de dispositivo de controle

Os critérios foram calculados para cada alternativa elaborada. Os cálculos dos custos
com implantação (CR1) foram realizados de forma simplificada, conforme Tabela 11. Tanto
os custos com implantação como de manutenção já possuem impostos agregados.

Tabela 11 – Custos com implantação (CR1)


Descrição unid quant Preço unit (R$) Preço total (R$)
Alternativa 1 6112,00
Válvula de retenção DN 200 uni 2 1500,00 3000,00
Válvula de gaveta DN 200 uni 2 1470,00 2940,00
Encanador h 4 25,00 100,00
Ajudante de encanador h 4 18,00 72,00
Alternativa 2 3292,00
Válvula de retenção DN 200 uni 1 1500,00 1500,00
Válvula de gaveta DN 200 uni 1 1470,00 1470,00
Tubo de ferro dúctil DN 200 m 1 150,00 150,00
Encanador h 4 25,00 100,00
Ajudante de encanador h 4 18,00 72,00
Alternativa 3 322,00
Tubo de ferro dúctil DN 200 m 1 150,00 150,00
Encanador h 4 25,00 100,00
Ajudante de encanador h 4 18,00 72,00
Fonte: elaboração própria

Para os custos de manutenção (CR2), também calculados de maneira simplificada, foi


considerado um horizonte de projeto de 20 anos com manutenção mínima de 1 ano do sistema
de abastecimento de água (TSUTIYA, 2006).
Foi adotado tempo de vida útil de 10 anos para a válvula de retenção e de 15 anos para
válvula de gaveta. Também, foi considerado que a válvula de retenção e a válvula de gaveta já
estão instalados a 4 anos. O custo encontrado para cada alternativa, no intervalo de 20 anos,
consta na Tabela 12.

94
Tabela 12 – Custos com manutenção (CR2)
Descrição unid quant Preço unit (R$) Preço total (R$)
Alternativa 1 13068,00
Válvula de retenção DN 200 uni 4 1500,00 6000,00
Válvula de gaveta DN 200 uni 3 1470,00 4410,00
Manutenção anual ano 20 120,00 2400,00
Encanador h 6 25,00 150,00
Ajudante de encanador h 6 18,00 108,00
Alternativa 2 10012,00
Válvula de retenção DN 200 uni 3 1500,00 4500,00
Válvula de gaveta DN 200 uni 2 1470,00 2940,00
Manutenção anual ano 20 120,00 2400,00
Encanador h 4 25,00 100,00
Ajudante de encanador h 4 18,00 72,00
Alternativa 3 5499,00
Válvula de retenção DN 200 uni 1 1500,00 1500,00
Válvula de gaveta DN 200 uni 1 1470,00 1470,00
Manutenção anual ano 20 120,00 2400,00
Encanador h 3 25,00 75,00
Ajudante de encanador h 3 18,00 54,00
Fonte: elaboração própria

No tocante do desempenho hidráulico, buscou-se a maximização do mesmo. A Tabela


13 apresenta os extremos de pressões de cada alternativa e respectivo desempenho hidráulico.

Tabela 13 – Desempenho hidráulico de cada alternativa (CR3)


Alternativa Hmáxij (mca) Hminij (mca) DH (mca)
1 127,27 0,57 -126,70
2 127,27 7,13 -120,14
3 130,09 7,36 -122,73
Fonte: elaboração própria

Tabela 14 – Resumo dos critérios para cada alternativa


Alternativa 1 2 3
CR1 6112,00 3292,00 322,00
CR2 13068,00 10012,00 5499,00
CR3 -126,70 -120,14 -122,73
Fonte: elaboração própria

No tocante aos atores, estes tiveram suas preferências (valores de importância, pesos)
inseridos no processo decisório dos conjuntos gerados a partir da aplicação do questionário.

95
Os pesos obtidos estão expostos na Tabela 15, sendo que: w1 é a população, w2 é a
administração, w3 são os manutentores e w4 são os técnicos.

Tabela 15 – Peso segundo atores do processo decisório


Critério (w1) (w2) (w3) (w4) Agregado (w)
CR1 0,15 0,28 0,35 0,29 0,27
CR2 0,15 0,36 0,30 0,33 0,28
CR3 0,70 0,36 0,35 0,38 0,45
Fonte: elaboração própria

A matriz de decisão, ferramenta resultante dos 3 métodos para apoio na tomada de


decisão está explicitada Tabela 16.

Tabela 16 – Matriz de decisão


Alternativas
Critérios w
A1 A2 A3
CR1 0,27 6112,00 3292,00 322,00
CR2 0,28 13068,00 10012,00 5499,00
CR3 0,45 -126,70 -120,14 -122,73
Fonte: Elaboração própria

Os resultados da aplicação dos métodos multicriteriais AHP, TOPSIS e CP estão


apresentados, em grau de prioridade decrescente, por cada método, na Figura 36.

Figura 36 – Tomada de decisão pelos métodos TOPSIS, CP e AHP


Método AHP Método TOPSIS Método CP

Alternativa 3 Alternativa 3 Alternativa 3

Alternativa 2 Alternativa 2 Alternativa 2

Alternativa 1 Alternativa 1 Alternativa 1

Fonte: Elaboração própria

Os métodos de análise multicritério foram eficientes para o estudo dos critérios


adotados, sendo que os 3 métodos apresentaram o mesmo resultado. Confrontando a

96
priorização resultante do método AHP, TOPSIS e CP, exposta na Figura 36, concluiu-se que a
melhor alternativa, em todos os casos, foi a Alternativa 3.
Não é habitual os três métodos obterem o mesmo resultado de tomada de decisão, sendo
esta igualdade justificada pela discrepância entre as alternativas dos custos de implementação
e manutenção destacando-se a alternativa 3. Fato este que a alternativa 3 não apresentou o
melhor desempenho hidráulico, porém, em relação aos custos, apresentou custo de
implantação e manutenção mais baratos (R$ 322,00 e R$ 5499,00, respectivamente).
.

97
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um método para auxílio no processo de seleção da melhor alternativa para atenuação de


variação de pressão, em sistema elevatório de água bruta, foi desenvolvido. Este método
considerou como prioridade a maximização do desempenho hidráulico do sistema, bem como
a minimização de custos com implantação e operação das alternativas.
Para tal, foi necessária a compreensão das variáveis envolvidas no fenômeno de
transiente hidráulico, desenvolvimento e calibração do modelo de simulação hidráulica que
representasse o sistema elevatório de estudo, identificação de possíveis alternativas para
controle de transiente e destas, a seleção da melhor alternativa, através de análise
multicriterial.
No tocante a compreensão do fenômeno, as principais referências bibliográficas
escolhidas como base do estudo foram: Wylie e Streeter (1978), Tullis (1989) e Larock,
Jeppson e Watters (2000), por serem materiais mais didáticos, facilitando o entendimento. O
estudo realizado no módulo experimental, com aplicação do algoritmo de Tullis, obteve
resultados coerentes e satisfatórios, demonstrando que o algoritmo desenvolvido por Tullis é
eficiente. Acrescenta-se que, como a tubulação do módulo experimental é de PVC, melhores
resultados seriam encontrados com a adoção do modelo viscoelástico.
O modelo de simulação hidráulica (MSH) desenvolvido para falha da bomba por queda
de energia não se mostrou efetivo para a situação real em estudo, refletindo em resultados de
MAPE e RMSE insatisfatórios para calibração de pressão. Isto se deve, principalmente, as
problemáticas referentes ao levantamento de dados reais, tais como: (1) indisponibilidade de
dados; (2) repasse de informações inconsistente ou erradas; (3) vazão informada
superestimada; (4) deslocamento da curva da bomba; (5) condição de contorno elaborada
inadequadamente por reparasse errôneo das características reais; (6) inexistência de planta
com cotas e traçado da adutora; e, (7) negligencia de adoção de dados e características por
desconhecimento de existência (por exemplo: vazamento, desvios, contribuições, etc).
Também, para a coleta de dados de pressão em campo, outros fatores foram
constatados: dependência de terceiros para execução de determinadas tarefas e problemas
técnicos e operacionais, como a falha operacional do tempo da Soft Starter, programada para
operar de forma ineficiente.
Não foi exequível a simulação em campo da falha da bomba por queda de energia,
realizando a calibração para as condicionantes em operação normal de desligamento de

98
bomba com soft starter. Para tal, foi criada uma condição de contorno de desligamento por
rampa de desaceleração, a qual teve notório desempenho.
Da tabela elaborada por Stephenson (1989), foi considerado apto como dispositivo de
controle de transiente, para o sistema elevatório em estudo, apenas a válvula de retenção em
linha. A partir deste dispositivo, foram criadas 3 alternativas para controle de transiente,
sendo selecionada como solução a alternativa 3, utilizando os métodos AHP, CP e TOPSIS,
os quais foram eficientes. Esta alternativa obteve os custos de implantação e manutenção mais
baratos (R$ 322,00 e R$ 5499,00, respectivamente) e o segundo melhor desempenho
hidráulico (122,73 mca).
Os critérios (implementação, manutenção e desempenho hidráulico) foram
representativos e funcionais para a escolha da alternativa. Foram obtidos pesos condizentes
dos atores envolvidos (população, administração, manutentores e técnicos), no qual destaca-se
que a população se importa mais com o fornecimento de água do que com o custo resultante
disto, já a administração pondera os gastos envolvidos, resultados estes esperados.
Em suma, o método utilizado para auxilio da tomada de decisão na escolha da melhor
alternativa foi satisfatório. Porém, a calibração não obteve resultados satisfatórios,
demonstrando que o MSH necessita de ajustes e novos levantamento de dados de campo para
criação de condições de contorno condizentes com a área de estudo. Isto demonstra a
importância e necessidade de estudos do transiente hidráulico em situações reais, de forma
que o pesquisador se familiarize com situações inesperadas e informações imprecisas,
tornando-se parte do conhecimento para desenvolvimento de novas possibilidades de solução
e atuação nas pesquisas futuras.

99
9. RECOMENDAÇÕES

Como forma de incentivar a continuidade e aperfeiçoamento do trabalho, sugere-se para


pesquisas futuras:
• Instalação de mais medidores de pressão; pelo menos mais um perto da válvula de retenção
na linha da adutora;
• Realocação do ponto de medição P2;
• Estudos mais aprofundados sobre o funcionamento da Soft Starter;
• Simular, em campo, a falha da bomba por queda de energia;
• Desenvolver uma curva característica para a bomba a partir de experimentos em campo;
• Estudo de cavitação no conjunto motor-bomba;
• Estudar, de maneira mais aprofundada, o funcionamento do fechamento das válvulas de
retenção;
• Aplicação de uma função objetivo mais adequada para ajuste de flutuação de pressão;
• Utilização de outro algoritmo de otimização para calibração automática de dados;
• Utilizar de outras alternativas de controle de transiente hidráulico, assim como outras
configurações;
• Aplicar mais critérios para análise de tomada de decisão e incluir mais decisores na
definição dos pesos; e,
• Aplicar outros métodos de análise multicriterial para escolha de alternativa.

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110
ANEXO A – ALGORITMO DE SIMULAÇÃO DE TRANSIENTE HIDRÁULICO

1 DIMENSION CD(11), 2(5), HP(5), H(5), QP(5), Q(5)


2 OPEN (5, FILE = 'TRAN.DAT', STATUS='OLD'
3 READ (5,*, END = 83) CD, Z, XL, N, D, f, RH1, RH2, a, g, TC TMAX
4 NS = N + 1 !number of nodes
5 HR1 = RH1 + Z (1) !piezometric head
6 HR2 = RH2 + Z (NS) !piezometric head
7 t = 0 !initialize time
8 DL = XL/N !length of pipe reach
9 Dt = DL/a !time step
10 AR = 0.7854*D**2 !pipe area
11 B = a/g/AR !transient coef.
12 CC = CD(1) !initial flow coef.
13 ZK = (1/CC**2) - 1 !valve loss coef.
14 C1 = f*XL/(2*g*D*AR**2) !friction coef.
15 C2 = ZK/(AR**2*2*g) !valve loss coef.
16 R = C1/N !friction coef.
17 QI = SQRT ((HR1 - HR2)/(C1+C2)) !initial flow
17a Do 73 I = 1, NS
18 H(i) = HR1 - (F*(I - 1)*DL/D)*QI**2/(2*g*AR**2)
19 73 Q(i) = QI
20 62 WRITE(9,65)t, (Q(I), I = 1,5) , (H(I), I = 1,5)
21 WRITE(6,65)t, (Q(I), I = 1,5) , (H(I), I = 1,5)
22 65 FORMAT(T2, 't = ', F6.2, 2X, 'Q = ', 5F10.2/T12, 'H = ', 5F10.2)
23 t = t + Dt
24 IF (t.GT.TMAX) GO TO 83
25 DO 10 I = 2, n !interior pionts
26 CP = H(I - 1) + B*Q(I -1) - R*Q(I -1)*ABS(Q(I - 1))
27 CM = H(I + 1) - B*Q(I +1) + R*Q(I +1)*ABS(Q(I + 1))
28 HP(I) = .5*(CP + CM)
29 10 QP(I) = (CP - HP(i))/B
30 HP(I) = HR1 !upstream reservoir
31 CM = H(2) - B*Q(2) + R*Q(2)*ABS(Q(2))
32 QP(1) = (HP(1) - CM)/B
33 CP = H(N) + B*Q(N) - R*Q(N)*ABS(Q(N)) !valve ar end of pipe
34 IF (t.LT.TC) THEN
35 DTV = TC/10. !interpolate to get CC
36 I = IFIX(t/DTV) + 1
37 TH = (t - (I - 1)*DTV)/DTV
38 CC = CD(I) + TH*(CD(I + 1) - CD(I))
39 C3 = ((1/CC**2) - 1)/(2*g*AR**2)
40 CC3 = B/C3
41 CC4 = (HR2 - CP)/C3
42 QP(NS) = .5*(-CC3 + SQRT(CC3**2 - 4. *CC4))
43 HP(NS) = CP - B*QP(NS)
44 ELSE
45 QP(NS) = 0
46 HP(NS) = CP
47 END IF
48 DO 11 I = 1, NS !reinitialize values
49 Q(I) = QP(I)
50 11 H(I) = HP(I)
51 GO TO 62
52 83 STOP
53 END

111
APÊNDICE A – MEDIDORES DE PRESSÃO

De forma a fomentar o incentivo e desenvolvimento de pesquisas na área de hidráulica e


microcontroladores, bem como a produção de equipamentos mais baratos e adaptáveis para as
situações de estudo, os medidores de pressão foram desenvolvidos em laboratório, em
parceria com aluno da graduação de Engenharia Elétrica, Werleson da Silva Nery.
Foram elaborados dois medidores de pressão com estruturas e microprocessadores
iguais, porém com sensores de pressão diferentes, devido as condições de variação de pressão
de cada ponto, bem como por questões orçamentárias. O medidor de pressão instalado a
jusante da estação elevatória, conforme Figura A1, foi denominado de medidor de pressão 1
(MP1) e o medidor de pressão localizado a montante da calha Parshall, também na Figura A1,
foi denominado de medidor de pressão 2 (MP2).

Figura A1 – Medidores de pressão MP1 e MP2 instalados nos pontos de aferição

Fonte: Acervo pessoal

A estrutura do medidor de pressão é apresentada nos tópicos desta seção, na seguinte


ordem: estrutura do protótipo, descrição do hardware e software; sensores de pressão; e,
outros componentes.

Estrutura do protótipo

A confecção da parte externa do medidor, denominada de cápsula, foi feita com tubo e
cap de PVC branco DN 50. Esta cápsula foi elaborada de modo a comportar todos os

112
componentes, sendo eles: sensor de pressão, arduino nano, microSD card, engate rápido, luz
de LED, botão liga/desliga, bateria e relógio. A cápsula também foi elaborada para proteger
os componentes eletrônicos de possíveis intemperes. A Figura A2 mostra os medidores de
pressão MP1 e MP2.

Figura A2 – Medidores de pressão MP1 e MP2

MP1 MP2

Fonte: acervo pessoal

Descrição do microcontrolador

O protótipo proposto foi desenvolvido baseado na plataforma de prototipagem


eletrônica open-source Arduino. Segundo Mesas-Carrascosa et al (2015), o Arduino é um
microcontrolador de placa única com base em hardware e software fáceis de usar e
descendente da plataforma de fiação de fonte aberta, sendo programado usando uma
linguagem baseada em fiação semelhante à C++.
As placas Arduino podem ser compradas como kits pré-montados ou de montagem
própria e informações de design de hardware disponíveis (MESAS-CARRASCOSA et al.,
2015), podendo ser comprados a um preço relativamente acessível, dependendo dos tipos de
projetos e o software pode ser baixado gratuitamente no site Arduino (HERGER;
BODARKY, 2015).
Logo, o Arduino foi adotado no estudo por sua facilidade de uso e aprendizagem e
baixo custo, funcionando como núcleo da parte eletrônica para metolologia de aprendizagem
baseada em projeto, onde o desenvolvedor pode acompanhar desde a prototipagem até a
produção final em pequena escala (TORROJA et al., 2015).

113
Hardware

Para esta pesquisa, foi utilizado o Arduino nano, placa baseada no chip ATmega328
(Atmel, folha de dados 328).
Neste trabalho, utilizou-se o Arduino MEGA ADK, uma placa de microcontrolador
baseada no chip ATmega2560 (Atmel, Folha de dados 2560). Possui 54 pinos de entrada /
saída digitais, dos quais 15 podem ser utilizados como saídas de modulação de largura de
pulso com resolução de 8 bits. Além disso, tem 16 entradas analógicas que fornecem 10 bits
de resolução. O ATMega2560 também possui um oscilador de cristal de 16 MHz, uma
conexão USB (Universal Serial Bus), uma tomada de energia e um botão de reinicialização.
Ele usa uma memória flash de 256 KB com 8 KB usado para carregamento de inicialização, 8
KB de SRAM e 4 KB de EEPROM (Memória somente leitura programável apagável
eletronicamente).

Software

O Arduino é composto por duas partes principais: a placa Arduino, ou seja, o hardware
e o Arduino Integrated Development Environment, ou IDE, o software que se executa, no
computador, para criar um sketch (bloco de códigos), o qual fornece os comandos.
O grande diferencial do Arduino está no IDE que facilita a interface entre o hardware e
o programador, pois, segundo Evans, Noble e Hochenbaum (2013), o IDE ajuda a esconder
grande parta da complexidade do arduino, tornando muito mais fácil o desenvolvimento de
projetos.
O IDE é um programa especial executado no seu computador que permite escrever
sketchers para a placa Arduino em uma linguagem simples modelada, após o idioma de
processamento. O código escrito é traduzido para o idioma C e é passado para o compilador
avr-gcc, um importante pedaço de software de código aberto que faz a tradução final no
idioma entendido pelo microcontrolador, criando bibliotecas (BANZI; SHILOH, 2015).
As bibliotecas ajudam o idioma a esconder grande parte da sua complexidade e
simplificar muitas tarefas comuns, tais como a configuração de pinos digitais como entrada ou
saída, leitura em valores analógicos, controle de motores ou comutação de motores de
corrente contínua (EVANS; NOBLE; HOCHENBAUM, 2013)
De forma simplificada, o ciclo de programação no Arduino pode ser descrito em quatro
etapas: (1) conectar a placa em uma porta USB no computador; (2) escrever o sketch com os

114
comandos; (3) carregar o sketch na placa por meio da conexão USB; e (4) Execução do sketch
pela placa (BANZI; SHILOH, 2015).

Sensores de pressão

O sensor de pressão é um dispositivo que converte a pressão em um sinal elétrico


analógico, por meio da deformação física dos sensores, a qual altera a resistência elétrica
proporcionalmente a pressão aplicada. Possui duas partes principais: um material elástico que
se deformará quando exposto a um meio pressurizado e um dispositivo elétrico que detecta a
deformação e a converte em um sinal elétrico utilizável. Por converterem a pressão em um
sinal elétrico, também são chamados de transdutores de pressão (GASSMANN, 2014).
Podem ser classificados pela forma com que o deslocamento do elemento sensor é
transformado em um sinal elétrico, utilizando dois princípios: (1) motion-balance ou pressão
resistiva; e (2) force-balance ou pressão capacitiva. No caso em estudo, o deslocamento do
elemento sensor é proporcional à pressão aplicada, permanecendo constante até uma nova
variação de pressão, caracterizando o princípio de motion-balance (PERILLO, 1994)

Sensor de pressão P1

O sensor de pressão utilizado no ponto P1 foi o transdutor de pressão SB69 – 500A, da


Full Gauge, produzido em aço inoxidável, com alta estabilidade e precisão, sendo imune a
interferências e vibrações. Elaborada para medição de pressão de ar comprimido, óleos, gases
e água. A faixa de variação de pressão de controle é de 0 a 500 psi ou 0 a 34,4 bar, tendo
como temperatura de operação a faixa de – 25 a 80°C. Possui conexão é ¼'' SAE macho para
tubo flangeado e sinal de saída em tensão de 0.5 a 4.5 Vdc, em corrente de 4 a 20mA.

Sensor de pressão P2

O sensor de pressão utilizando no ponto P2 foi o sensor da Freescale, série MPX5700,


modelo DP, com faixa de leitura 0,0 até 70,0 mca, tensão de saída de 0,2 até 4,7 V e
frequência de medição de 100,0 Hz próprios para aplicação em plataforma Arduino.

115
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

QUESTIONÁRIO: SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Este questionário foi elaborado como suporte de pesquisa de mestrado que possui como
área de estudo o sistema elevatório do Córrego Monjolinho, o qual faz parte do sistema de
abastecimento de água do município de Chapada dos Guimarães. Para tal, precisamos de seus
conhecimentos.

Informe, de uma escala de 0 a 10, o grau de importância de cada um dos itens.

Custos decorrentes da instalação de dispositivos para melhoria do sistema de


abastecimento de água.

Custos decorrentes de atividades realizadas para conservação das instalações,


reparação de danos nas tubulações e acessórios, bem como falhas e reposição de
equipamentos, entre outros possíveis custos relacionados.

Desempenho hidráulico do sistema, referente a estabilidade da pressão da captação


a estação de tratamento de água (fornecimento de água estável para tratamento,
proporcionando um fornecimento de água mais eficiente)

0 (zero) Nenhuma importância

5 (cinco) Importância moderada

10 (dez) Alto grau de importância

116
APÊNDICE C – RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS

Exercício 1: Determinação do transiente causado pelo fechamento da válvula na tubulação


mostrada na Figura 22 para fechamento instantâneo e ausência de atrito (f = 0). As
características do sistema são: comprimento da tubulação de 610,00 m; 5 nós; 4 seções de
tubo; diâmetro de 300,00 mm; carga piezométrica inicial no reservatório HR1 de 15,25 m e na
válvula HR2 de zero; velocidade da onda de 457,20 m.s-1; e tempo de início de operação da
válvula de 0 segundos e tempo máximo de 3 s. Considere uma válvula do tipo globo (cone
valve) e que a válvula estava 50% fechada no início.

Resolução

Os valores de coeficientes de descarga são representados pela Figura B1. Sabendo-se o


tipo da válvula e que a válvula estava 50% fechada no início, o valor inicial de descarga Cd 1
equivale a 0,235 e os outros 10 valores são lidos em espaços de valores igualmente espaçados
entre 50,00% e 0,00%. Foram adotados: Cd(2) = 0,195; Cd(3) = 0,175; Cd(4) = 0,145; Cd(5)
= 0,120; Cd(6) = 0,095; Cd(7) = 0,070; Cd(8) = 0,042; Cd(9) = 0,016; Cd(10) = 0,006; e
Cd(11) = 0,000.

Figura B1 – Coeficiente de descarga para três tipos de válvula

Cd

% da válvula aberta
Fonte: Adaptado de Tullis (1989)

Após alimentar os dados de coeficientes de descarga, comprimento e diâmetro da


tubulação, números de seções, velocidade da onda, altura do nível de água do reservatório e

117
da válvula, gravidade e o tempo de processamento do algoritmo, resulta-se nos valores de
vazão (m³.s-1) e pressão (m) dos nós em cada intervalo de tempo expostos no Quadro B1.

Quadro B1 – Resultados obtidos de vazão e pressão para o exercício 1


t Nó 1 2 3 4 5
QI 0,296 0,296 0,296 0,296 0,296
0,000
HI 15,250 15,250 15,250 15,250 15,250
QI 0,296 0,296 0,296 0,296 0,000
0,334
HI 15,250 15,250 15,250 15,250 210,156
QI 0,296 0,296 0,296 0,000 0,000
0,667
HI 15,250 15,250 15,250 210,156 210,156
QI 0,296 0,296 0,000 0,000 0,000
1,001
HI 15,250 15,250 210,156 210,156 210,156
QI 0,296 0,000 0,000 0,000 0,000
1,334
HI 15,250 210,156 210,156 210,156 210,156
QI -0,296 0,000 0,000 0,000 0,000
1,668
HI 15,250 210,156 210,156 210,156 210,156
QI -0,296 -0,296 0,000 0,000 0,000
2,001
HI 15,250 15,250 210,156 210,156 210,156
QI -0,296 -0,296 -0,296 0,000 0,000
2,335
HI 15,250 15,250 15,250 210,156 210,156
QI -0,296 -0,296 -0,296 -0,296 0,000
2,668
HI 15,250 15,250 15,250 15,250 210,156
QI -0,296 -0,296 -0,296 -0,296 0,000
3,002
HI 15,250 15,250 15,250 15,250 -179,656
Fonte: Elaboração própria

As duas primeiras linhas do quadro, representadas pelo t = 0 s, demonstram o momento


estacionário, antes do início do fechamento da válvula. Após o início do fechamento da
válvula, t = 0,334 s, a carga no nó que representa a válvula, nó 5 ou NS, começa a aumentar
de acordo com a relação a.V0/g que é igual a 194,906 m. Esse aumento gera uma onda de
pressão que se propaga pela tubulação até o reservatório e quando chega no reservatório é
refletida de volta pela tubulação até a válvula.
O tempo que a onda de pressão levou para ir e voltar de uma extremidade à outra, ou
fase ou período de canalização (tc), foi de 2,668 s. Essa propagação e reflexão da onda pode
ser observada pelos números hachurados do Quadro B1. A carga cai para – 179,656 m ou seja
194,906 m – 15,250 m.

Exercício 2: As mesmas condições do sistema anterior, mas considerando um coeficiente de


atrito de 0,03.

118
Resolução

Os valores de vazão (m³.s-1) e de carga de pressão (m) do exercício 2 podem ser


analisados no Quadro B2.

Quadro B2 - Resultados obtidos de vazão e pressão para o exercício 2


t Nó 1 2 3 4 5
QI 0,138 0,138 0,138 0,138 0,138
0,000
HI 15,250 12,273 9,295 6,318 3,340
QI 0,138 0,138 0,138 0,138 0,000
0,334
HI 15,250 12,273 9,295 6,318 94,557
QI 0,138 0,138 0,138 0,002 0,000
0,667
HI 15,250 12,273 9,295 96,046 94,557
QI 0,138 0,138 0,005 0,002 0,000
1,001
HI 15,250 12,273 97,535 96,046 97,534
QI 0,138 0,007 0,005 0,002 0,000
1,334
HI 15,250 99,025 97,535 99,021 97,534
QI -0,120 0,007 0,005 0,002 0,000
1,668
HI 15,250 99,025 100,508 99,021 100,508
QI -0,120 -0,121 0,005 0,002 0,000
2,001
HI 15,250 17,860 100,508 101,993 100,508
QI -0,121 -0,121 -0,121 0,002 0,000
2,335
HI 15,250 17,860 20,482 101,993 103,478
QI -0,121 -0,122 -0,121 -0,122 0,000
2,668
HI 15,250 17,871 20,482 23,113 103,478
QI -0,122 -0,122 -0,122 -0,122 0,000
3,002
HI 15,250 17,871 20,501 23,113 -54,942
Fonte: Elaboração própria

Como pode ser observado pelos resultados expostos no Quadro, em comparação com o
Quadro , a consideração do fator de atrito da tubulação proporciona menores valores de carga.
Essa perda de carga se dá devido à perda de energia ocasionada pelo atrito entre o fluido e a
parede do tubo. No tempo t = 2,334 s registra-se a maior carga de pressão, 103,478 m, porém
essa carga é menor que 106,467 m (a.V0/g + HR1) por consequências das perdas por atrito.
Também, pode-se observar que a carga da válvula continua aumentando mesmo após
seu fechamento. Isso ocorre porque, em uma tubulação longa, a queda total da linha
piezométrica sobre o comprimento da tubulação, no fluxo inicial, é maior do que seu aumento
potencial. A primeira onda de pressão interrompe apenas uma parte do fluxo sendo o fluxo
colocado totalmente na válvula, continuando o aumento de massa armazenada. Ou seja, a
pressão continua aumentando, o tubo se expande e o líquido é comprimido.

119
APÊNDICE D – ALGORITMO BÁSICO PARA RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS

Public sub Transiente ()


Dim Z(5) As Double !Cota dos nós
Dim HP(5) As Double !Carga
Dim H(5) As Double !Carga
Dim QP(5) As Double !Vazão
Dim Q(5) As Double !Vazão
Dim L As Double !Comprimento da tubulação
Dim D As Double !Diâmetro da tubulação
Dim f As Double !Fator de atrito
Dim RH1 As Double !Nível de água no reservatório
Dim RH2 As Double !Nível de água na válvula
Dim A As Double !Velocidade da onda
Dim g As Double !gravidade
Dim TC As Double !Período de canalização
Dim TMAX As Double !Tempo máximo
Dim PI As Double !Valor de Pi
Dim t As Double !tempo
Dim HR1 As Double !Altura piezométrica no reservatório
Dim HR2 As Double !Altura piezométrica da válvula
Dim Dx As Double !Comprimento das seções do tubo
Dim Dt As Double !Variação do tempo: passo
Dim Ar As Double !Área do tubo
Dim B As Double !Coeficiente do transiente
Dim CC As Double !Coeficiente da válvula
Dim C1 As Double !Coeficiente de atrito
Dim C2 As Double !Coeficiente de perda na válvula
Dim K As Double !Coeficiente de perda na válvula
Dim R As Double !Coeficiente de atrito
Dim QI As Double !Vazão inicial
Dim CM As Double !Equação C+
Dim CP As Double !Equação C-
Dim Dtv As Double !Variação de abertura da válvula
Dim C3 As Double !Coeficiente da válvula
Dim CC3 As Double !Coeficiente para cálculo da vazão na válvula
Dim CC4 As Double !Coeficiente para cálculo da vazão na válvula
Dim i As Integer !Representação do nó
Dim N As Integer !Número de seções do tubo
Dim NS As Integer !Número de nós
Dim w As Integer !Representação da interpolação

!Dados de entrada

NS = N + 1
HR1 = RH1 + Z (1)
HR2 = RH2 + Z (NS)
Dx = L/N !Comprimento das seções do tubo
Dt = Dx/a
Ar = (PI*(D^2))/4
B = A/(g*Ar)
CC = Cd(1) !Coeficiente inicial do fluxo
K = (1/CC^2) - 1
C1 =(f*L)/(2*g*D*(Ar^2))
C2 = K / (2 * g * (Ar ^ 2))
R = C1/N
QI = Sqr((HR1-HR2)/(C1+C2))
For i =1 To NS
H(i) = HR1-(f*((i-1)*(Dx/D))*(QI^2))/(2 *g*(Ar^2)) !Carga no tempo inicial t = 0
Q(i) = QI !Vazão no tempo inicial t = 0
Next
Rotulo1
t = t + Dt
If t > TMAX Then
GoTo Rotulo2
Else
For i = 2 To N !pontos interiores
CP = H(i-1)+B*Q(i-1)-R*Q(i-1)*Abs(Q(i-1))
CM = H(i+1)-B*Q(i+1)+R*Q(i+1)*Abs(Q(i+1))
HP(i) = (CP+CM)/2
QP(i) = (CP-HP(i))/B
HP (i) = HR1 !reservatório a montante
CM = H(2)-B*Q(2)+R*Q(2)*Abs(Q(2))
QP(1) = (HP(1)-CM)/B
CP = H(N)+B*Q(N)-R*Q(N)*Abs(Q(N))
Next
End If

120
If Round(t, 2) < TC Then !válvula no final do tubo
Dtv = TC / 10
w = (Int(t/Dtv))+1
!interpolação para os valores de descarga da
TH = (t-(w-1)*Dtv)/Dtv
válvula
CC = Cd(w)+TH*(Cd(w+1)-Cd(w))
C3 = ((1/CC^2)-1)/(2*g*(Ar^2))
CC3 = B/C3
CC4 = (HR2-CP)/C3
QP(NS) = 0.5*(-CC3+(Sqr((CC3 ^2)-(4*CC4))))
HP(NS) = CP-B*QP(NS)
Else
QP(NS) = 0
HP(NS) = CP
End If
For i = 1 To NS !reinicialização dos valores
Q(i) = QP(i)
H(i) = HP(i)
Next
GoTo Rotulo1
Rotulo2
Stop
End Sub

121
APÊNDICE E – CALIBRAÇÃO DO TRANSIENTE HIDRÁULICO EM
BANCADA EXPERIMENTAL

Para calibrar o modelo foram utilizados como fatores determinantes diferentes valores
de fator de atrito e celeridade (velocidade de propagação da onda). Para o cálculo do fator de
atrito foi utilizada a equação de Darcy-Weisbach f1 (Equação (D1)), extraída de Porto (2006).
No caso da celeridade, expressa na Equação (14), para um conduto ancorado contra qualquer
movimento axial, utilizou-se diferentes valores de coeficiente de Poisson (μ) e módulo de
elasticidade (E) de dois autores: Throley (1991) e Tullis (1989).

L V² H .D
H = f . .  f1 = (D1)
D 2g L.V 2 2 g

Os principais dados de entrada utilizados no modelo, sendo estes aferidos na bancada


experimental, foram: comprimento (L) de 75 m; diâmetro interno (d) da tubulação de PVC de
0,044 m; espessura (e) da tubulação de 0,003 m; vazão (Q) de 0,0021 m³.s -1; carga
piezométrica no reservatório de distribuição (RH1) de 4,2 m; carga piezométrica no
reservatório de recirculação (RH2) de 0,4 m; tempo de fechamento da válvula (tc) de 4,88 s;
e, tempo máximo de execução do modelo (tmáx) de 10 s. Também, foram considerados 6 nós,
ou seja, 7 seções de tubulação.
A avaliação foi realizada por comparação, a partir de gráficos de valores observados
versus estimados e coeficientes de determinação (R²). O resultado para o fator de atrito foi f1
≈ 0,019, observando-se que os resultados estimados foram mais próximos dos observados
utilizando este valor de fator de atrito.
Aqui, denomina-se o valor de celeridade encontrado com base nas variáveis de Tullis
(1989) de a1 e para o valor de celeridade com base nas variáveis de Thorley (1991) de a2. Os
valores calculados foram: a1 = 461,84 m.s–1 e a2 = 514,18 m.s–1. Em posse desses valores, foi
adotada uma margem de imprecisão de ± 10% aos valores de celeridade. Dessa margem, foi
possível selecionar o melhor valor da celeridade, denominando-se de a3, a partir do R².
Em um primeiro momento, os valores de R² foram aplicados na propagação da onda
para o tempo máximo estipulado. Para uma análise com maior precisão do desempenho do
modelo, foi aplicado o coeficiente de determinação para os valores do intervalo de tempo do
início até o fechamento completo da válvula (1) e para o intervalo de tempo do fim do

122
fechamento total da válvula até o final da faixa de tempo de estudo (2). Com isso, tem-se que
os valores de pressão encontrados pelo modelo são mais confiáveis até o fechamento
completo da válvula.
A celeridade calculada com o melhor ajuste (R² = 0,750; R² (1) = 0,892; R² (2) = 0,689),
em relação aos valores observados, com margem de imprecisão de, aproximadamente,
101,11%, foi de 519,89 m.s–1 (a3). O TH simulado resultante de a3 é demonstrado na Figura
37.
Ainda, enquanto a válvula globo é fechada, notou-se a diferença entre a suavidade da
curva de pressão estimada e observada, conforme Figura 37. Como possível explicação,
menciona-se a diferença entre o fechamento manual da válvula realizado no experimento e o
fechamento calculado pelo modelo, que considera que a válvula é fechada em frações iguais
de tempo. Outro motivo, que também influencia na amplitude das ondas seguintes ao
fechamento, é a não linearidade do coeficiente de descarga.

Figura 37 – Transiente hidráulico com a celeridade a3

35 Teste9
Estimado
30 Teste10
Observado
Pressão (mH2O)

25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (s)
Fonte: Elaboração própria

A diferença da variação temporal da amplitude da onda, entre valores observados e


estimados, pode estar relacionada a negligência, por parte do modelo matemático tradicional
de cálculo de transiente, da variação do atrito. O que também afeta a dispersão e dissipação da
onda entre o conjunto motor-bomba e a válvula globo, conforme Figura E38. Também, não
considera-se no modelo tradicional a interação fluido-estrutura e a viscoelasticidade da
tubulação de PVC.

123
Figura E38 – Ondas de pressão de dados estimados versus observados

P1 P2 P3
Pressão (mca)

Pressão (mca)
30 30

Pressão (mca)
Estimado 30

20 Observado 20 20

10 10 10

0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)

P4 P5 P6
Pressão (mca)

Pressão (mca)
30
Pressão (mca)

30 30

20 20 20

10 10 10

0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)
Fonte: Elaboração própria

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