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Curso de Manejo de águas pluviais

Capitulo 66- Método de I PAI WU


Engenheiro Plínio Tomaz 29 de novembro de 2010 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 66
Método de I PAI WU

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Curso de Manejo de águas pluviais
Capitulo 66- Método de I PAI WU
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Capítulo 66- Método I PAI WU

66.1 Introdução
Vamos comentar o Método I PAI WU usando os ensinamentos do prof. Hiroshi Yoshizane da
Unicamp de Limeira.
Para os engenheiros que gostam do método Racional, o Método de I PAI Wu é o método
Racional que sofre algumas modificações, permitindo cálculos de bacias hidrográficas 2 km2 até
200km2. Existem órgãos do Estado de São Paulo que recomendam a adoção deste método, embora
não aceito por todos.
O método de I PAI WU modificado elaborado pelo prof. dr. Kokei Uehara pode ser usado até
área de 500km2, entretando não vamos apresentá-lo neste capítulo.

66.2 Equação básica


A equação básica do Método I PAI Wu é:

Q= (0,278.C. I . A0,9) . K
Qpico= Qb + Q

Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s)
Qb= vazão base (m3/s). Se não tiver informação adotar 0,1xQ.
I= intensidade de chuva (mm/h)
C= coeficiente de escoamento superficial (adimensional)
A= área da bacia (km2) ≤ 200km2
K= coeficiente de distribuição espacial da chuva (adimensional)
Para achar o coeficiente K precisamos de um ábaco especial feito pelo DAEE no Estado de
São Paulo.

66.3 Cálculo do coeficiente C de escoamento superficial


O coeficiente C é calculado pela seguinte equação:
C= (C2/ C1). 2/(1+F)
Sendo:
C= coeficiente de escoamento superficial
C2= coeficiente volumétrico de escoamento
C1= coeficiente de forma
F= fator de forma da bacia

Coeficiente de forma C1
Conforme Kather, 2006 em bacias alongadas, o tempo de concentração é superior ao tempo de
pico, pois a chuva que cai no ponto mais distante da bacia chegará tarde o suficiente para não
contribuir para a vazão máxima Assim em bacias alongadas, deve-se esperar um valor de C1 <1 de
acordo com a equação:
C1= tp/ tc = 4 / (2 + F)
tp= tempo de pico de ascensão (h)
tc= tempo de concentração (h)
Pelo SCS tp= 0,6 x tc, ou seja, tp/tc= 0,60=C1

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Fator de forma da bacia

F= L / [2 (A/ ) 0,5]
Sendo:
L= comprimento do talvegue (km)
A= área da bacia (km2)
F= fator de forma da bacia
Conforme Morano, 2006 quando:
F=1 a bacia tem formato circular perfeito
F<1 a bacia tem forma circular para a eliptica e o seu dreno principal está na transversal da área.
F>1 a bacia foge da forma circular para eliptica e o seu dreno principal está na longitudinal da área.

Coeficiente C2
O coeficiente volumétrico de escoamento ocorre em função do grau de impermeabilidade da
superfície conforme DAEE, São Paulo, 1994.
Podemos adotar C2=0,30 para grau baixo de impermeabilização; C2=0,50 para grau médio e
C2=0,80 para grau alto conforme Tabela (66.1).

Para estimar o coeficiente C2 consultar a Tabela (66.1).

Tabela 66.1- Grau de impermeabilização do solo em função do uso.


Grau de impermeabilidade Coeficiente volumétrico
da superfície de escoamento
C2
Baixo 0,30
Médio 0,50
Alto 0,80
Fonte: DAEE, 1994

Tabela 66.1 A- Valores de C2 conforme Morano, 2006


Coeficiente
volumetrico de
escoamento
C2
Zona rural 0,25
Zona Suburbana 0,40
Zona Urbana 0,60
Zona Urbana Central 0,80

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66.4 Ábaco para determinar o coeficiente K

Figura 66.1- Ábaco para achar o valor de K.


Entrar com área da bacia em Km2 e com tc achar K
Gráfico de Ven Te Chow

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Figura 66.2- Ábaco para achar o valor de K.


Entrar com área da bacia em Km2 e com tc achar K

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Figura 66.1-

66.5 Tempo de concentração


Usamos normalmente a equação de Kirpich que foi recomendada pelo prof. dr. Kokei Uehara
em 1969 para uso no método de I Pai Wu..
tc= 57 x (L2/ S) 0,385
Sendo:
tc= tempo de concentração (min)
L= comprimento do talvegue (km)
S= declividade equivalente do talvegue (m/Km)

66.6 Volume do hidrograma


O volume do hidrograma conforme prof Hiroshi Yoshizane da UNICAMP, pode ser calculado
pela equação:

V= (0,278 x C2 x I x tc x 3600 x A 0,9 x K) x 1,5


Sendo:
V= volume do escoamento (m3)
C2= coeficiente volumétrico do escoamento (adimensional)
I= intensidade da chuva crítica (mm/h)
tc= tempo de concentração (h)
A= área da bacia (km2)
K= coeficiente de distribuição espacial (adimensional)

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Exemplo 66.1
Dimensionar a vazão do rio Baquirivu Guaçu junto a ponte da Via Dutra. A área tem 149,80km2,
declividade média S=0,002825m/m, L= 22,3km (talvegue), tc= 6,95h.

Tabela 66.2- Cálculos do I PAI WU


Tr (anos) 100
K 1747,9
A 0,181
B 15
C 0,89
tc (min) 417,28
I (mm/h) 18,14
Qb (m3/s) 35,34
Talvegue(km) 22,30
Decl (m/m) 0,002825
Decl (m/km) 2,8250
Kirpich tc 417,28
(min)
tc (h) 6,95
2
A (km ) 149,8
F 1,61
C1 0,60
C2 0,80
C 0,81
Ábaco K 0,95
3
Q (m /s) 353,4
3
Qp (m /s) 388,79

tc calculado pelo método de Kirpich


Qb= vazão base considerada 0,1Q
Qp= Qb + Q
C1= 0,6
C2= 0,80

Hidrograma curvilíneo
Apesar do método de I PAI WU ser baseado no método Racional, adotamos o hidrograma
curvilíneo do SCS.

Tabela 66.2- Hidrograma curvilíneo do SCS


t/tp Q/Qp t Q
3
(min) (m /s)

0,00 0,000 0,00 0,00


0,10 0,030 0,42 11,66
0,20 0,100 0,83 38,88
0,30 0,190 1,25 73,87
0,40 0,310 1,67 120,53
0,50 0,470 2,09 182,73
0,60 0,660 2,50 256,60
0,70 0,820 2,92 318,81

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0,80 0,930 3,34 361,58


0,90 0,990 3,76 384,91
1,00 1,000 4,17 388,79
1,10 0,990 4,59 384,91
1,20 0,930 5,01 361,58
1,30 0,860 5,42 334,36
1,40 0,780 5,84 303,26
1,50 0,680 6,26 264,38
1,60 0,560 6,68 217,72
1,70 0,460 7,09 178,85
1,80 0,390 7,51 151,63
1,90 0,330 7,93 128,30
2,00 0,280 8,35 108,86
2,20 0,207 9,18 80,48
2,40 0,147 10,01 57,15
2,60 0,107 10,85 41,60
2,80 0,077 11,68 29,94
3,00 0,055 12,52 21,38
3,20 0,040 13,35 15,55
3,40 0,029 14,19 11,28
3,60 0,021 15,02 8,16
3,80 0,015 15,86 5,83
4,00 0,011 16,69 4,28
4,50 0,005 18,78 1,94
5,00 0,000 20,86 0,00

Figura 66.2- Hidrograma

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66.5 Bibliografia e livros consultados


-GENOVEZ, ABEL MAIA. Avaliação dos métodos de estimação de vazões de enchente para
pequenas bacias rurais do Estado de São Paulo. Unicamp, Campinas, Dissertação de Mestrado,
outubro de 1991, 245 páginas.
-KATHER, CHRISTIAN. Uso do solo e da água na bacia do ribeirão Serragem, Vale do Paraiba,
janeiro de 2006
-MORANO, JOSÉ ROBERTO. Pequenas barragens de terra. Metodologia para projetos e obras.
Edição Codasp, 2006, 103 páginas.
-YOSHIZANE, HIROSHI. Hidrologia e Drenagem. CESET. Unicamp, Limeira, 2006.

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