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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

CAMPUS PETROLINA
COLEGIADO DE GEOGRAFIA

ROGÉRIO RODRIGUES DOS SANTOS

O REGISTRO CARTOGRÁFICO DOS FATOS GEOMÓRFICOS E A QUESTÃO DA


TAXONOMIA DO RELEVO

Resenha realizada como exigência


parcial para composição de nota na
disciplina Geomorfologia aplicada do 6°
período do curso de licenciatura em
geografia.

Prof. Luiz Henrique de Barros Lyra

PETROLINA - PE
2022
ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatos geomórficos e a questão da
taxonomia do relevo., 1992. p. 17-29.

O REGISTRO CARTOGRÁFICO DOS FATOS GEOMÓRFICOS E A QUESTÃO DA


TAXONOMIA DO RELEVO

Em o Registro Cartográfico Dos Fatos Geomórficos E A Questão Da Taxonomia


Do Relevo, o autor Jurandyr Luciano Sanches Ross, chama a atenção para os
estudos da temática da taxonomia do relevo, baseando-se em estudos cartográficos,
e assim o faz, apresentando os fundamentos teóricos da taxonomia do relevo
sequenciando com os procedimentos técnicos operacionais de cartografação. O
autor destaca principalmente uma nova classificação dos fatos geomorfológicos,
sendo esta a atual classificação do relevo brasileiro.
Essa nova classificação levou em consideração os progressos tecnológicos à
disposição dos pesquisadores e possui três níveis, levando em consideração a
metrologia da altura da superfície. De acordo com a metodologia de Ross (1992),
essa representação é dada pela composição de uma legenda integrada, estruturada
na compartimentação das formas do relevo, baseando-se nos conceitos de
morfoestrutura e morfoescultura de Mercer Jacob (1968), em que todo o relevo
terrestre pertence a uma determinada estrutura que o sustenta e mostra um aspecto
escultural que é decorrente da ação do tipo climático atual e pretérito que atuou e
atua nessa estrutura. Deste modo a morfoestrutura e a morfoescultura definem
situações estáticas, produtos da ação dinâmica dos processos endógenos e
exógenos (ROSS, 1992).
Em seu artigo, Ross, recorre a vários exemplos históricos / dados de fontes
externas e pesquisas como o autor, Walter Penck e Ab'Saber, que por exemplo,
começa sua fundamentação com a teoria de Penck, que se resume, basicamente, a
existência de duas forças antagônicas geradoras das formas do relevo, classificadas
como exógenas (externas) e endógenas (internas), seriam essas forças atuantes no
interior da crosta e fora dela. Essa fundamentação de Walter Penck é usada como
base para a teoria de Guerra Simony e Mescerjakov, eles desenvolveram os
conceitos de morfoestrutura e morfoescultura que demonstram que a classificação
taxonômica tem como relevância representar o relevo em seus aspectos
fisionômicos, relacionando-os com as informações da morfogênese.
Desta forma, pode-se estabelecer uma ordem cronológica de tempo
geológico, partindo-se da formação mais antiga (Unidade Morfoestrutural) até a mais
recente formas de processos atuais – ravinas, voçorocas. Ross, também traz a
temática dos climas pretéritos e a morfoescultura para apontar que alguns relevos
tem traços de climas passados avessos aos atuais. Como exemplo, é usada a bacia
sedimentar do Paraná, segundo o autor, pode-se encontrar nela várias unidades
morfoesculturais.
A quarta fundamentação teórica que Ross trás sobre o Demek, propõe três
níveis de representação cartográfica para escalas grandes em ordem crescente.
Ross elenca e caracteriza-os. No tópico 3, referente aos procedimentos técnicos e
operacionais da cartografia de fatos geomorfológicos, buscando-se elementar os
recursos e processos da cartografia.
O autor, também destaca como os táxons e a Unidade Morfoestruturais e
Morfoesculturais são representados cartograficamente. desse modo, o primeiro
táxon o autor fala que representa a maior extensão em áreas e que corresponde às
Unidades Morfoestruturais; o segundo táxons, o autor refere-se às Unidades
Morfoesculturais contidas em cada Unidade Morfoestrutural; o terceiro táxon, o autor
representa as Unidades morfológicas ou dos Padrões de Formas Semelhantes que
estão contidas nas unidades Morfoesculturais; o quarto táxon, o autor, refere-se às
formas individualizadas; o quinto, o autor, se refere às partes das formas do relevo
ou seja as vertentes.
Por fim, o sexto táxon corresponde às pequenas formas de relevo que se
desenvolvem por interferência antrópica ao longo das vertentes. No último parágrafo
de seu texto, o autor alerta que essas representações desse tipo de relevo só
podem ser feitas em grande escala, devido à percepção de detalhes
geomorfológicos. com isso, o artigo é útil para entender o registro cartográfico
dos fatos geomórficos e a questão da taxonomia do relevo, isso é que torna a
obra obrigatória para a geografia bem como para disciplina de geografia.
HARVEY, David. A transformação político-econômica do capitalismo do final do século XX.
In: HARVEY, David. A condição pós-moderna. 17 ed. São Paulo: Loyola, 2008. P. 117-184.

Na apresentação do livro: “A condição pós-moderna,” David Harvey, fornece


informações que irão direcionar o leitor às transformações política e econômica do
capitalismo. A resenha em questão tem como foco, a parte II da obra, que trata das
transformações político-econômica do capitalismo do final do século XX. O autor de maneira
geral, traz um apanhado de informaçẽs que representa todos os grandes eventos ocorridos
desde a primeira grande recessão do pós-guerra, em 1973, assim como também, as regras
básicas do modo capitalista de produção que continuaram a operar como forças plasmadoras
invariantes do desenvolvimento histórico-geográfico.
A discussão do (capítulo 7) inicia-se pelo conceito de que há duas amplas áreas de
dificuldade num sistema econômico capitalista que têm de ser negociadas com sucesso para
que esse sistema permaneça viável. A primeira advém das qualidades anárquicas dos
mercados de fixação de preços, a segunda deriva da necessidade de exercer suficiente controle
sobre o emprego da força de trabalho para garantir a adição de valor na produção.
Para tratar do primeiro problema, os mercados de fixação de preços, fornecem
tipicamente inúmeros sinais com alto grau de descentralização que permitem que os
produtores coordenam as decisões de produção com as necessidades, vontades e desejos dos
consumidores (respeitando, com efeito, as restrições de orçamentos e custos que afetam as
partes envolvidas em toda transação de mercado). Nesse caso, para tratar do primeiro
problema, o autor fala da necessidade de algum grau de ação coletiva - de modo geral, a
regulamentação e a intervenção do Estado, que é necessário para compensar as falhas do
mercado.
Para tratar do segundo problema, a arena de dificuldade geral nas sociedades
capitalistas concerne à conversão da capacidade de homens e mulheres de realizarem um
trabalho ativo num processo produtivo cujos frutos possam ser apropriados pelos capitalistas.
Nesse caso, o autor fala da relação do trabalho na sociedade pós capitalistas, assim como
também, da produção de mercadorias em condições de trabalho assalariado que põe boa parte
do conhecimento, das decisões técnicas, bem como do aparelho disciplinar, fora do controle
da pessoa que de fato faz o trabalho. É nesse período, que o "modo de regulamentação" do
trabalho se torna uma maneira útil de conceituar o tratamento dado aos problemas da
organização da força de trabalho para propósitos de acumulação do capital em épocas e
lugares particulares.
No (capítulo 8), “o fordismo”, o autor debruça sobre a data inicial simbólica do
fordismo, que deve por certo ser 1914, quando Henry Ford introduziu seu dia de oito horas e
cinco dólares como recompensa para os trabalhadores da linha automática de montagem de
carros que ele estabelece no ano anterior em Dearborn, Michigan. nesse contexto, Henry, trás
a questão de que a implantação geral do fordismo foi muito mais complicado, mas em muitos
aspectos, as inovações tecnológicas e organizacionais de Ford eram extensão de tendências
bem estabelecidas.
Ford acreditava que o novo tipo de sociedade poderia ser construído simplesmente
com a aplicação adequada ao poder corporativo. O propósito do dia de oito horas e cinco
dólares só em parte era obrigar o trabalhador a adquirir a disciplina necessária à operação do
sistema de linha de montagem de alta produtividade. Era também dar aos trabalhadores renda
e tempo de lazer suficientes para que consumissem os produtos produzidos em massa que as
corporações estavam a fabricar em quantidades cada vez maiores. Nesse caso, é possível
perceber que na obra do Henry, no capítulo 8, o Ford tinha uma conclusão antecipada não
baseada em fatos reais, e por isso, que sua experiência não durou muito tempo, mas a sua
própria existência foi um sinal presciente dos profundos problemas sociais, psicológicos e
políticos que o fordismo iria trazer.
Quanto à questão do Fordismo (capítulo 9) à acumulação flexível, o autor, trata da
recuperação da Europa Ocidental e do Japão que tinha se completado, seu mercado interno
estava saturado e o impulso para criar mercados de exportação para os seus excedentes tinha
de começar. E isso ocorreu no momento em que o sucesso da racionalização fordista
significava o relativo deslocamento de um número cada vez maior de trabalhadores da
manufatura. ou seja, a formação do mercado do eurodólar e a contração do crédito no período
1966-1967 foram, na verdade, sinais prescientes da redução do poder norte-americano de
regulamentação do sistema financeiro internacional.
Daí por diante, a competição internacional se intensificou à medida que a Europa
Ocidental e o Japão, seguidos por toda uma gama de países recém-industrializados,
desafiaram a hegemonia estadunidense no âmbito do fordismo a ponto de fazer cair por terra o
acordo de Bretton Woods e de produzir a desvalorização do dólar. o período de 1965 a 1973
tornou cada vez mais evidente a incapacidade do fordismo e do keynesianismo de conter as
contradições inerentes ao capitalismo erfície. O mundo capitalista estava sendo afogado pelo
excesso de fundos; e, com as poucas áreas produtivas reduzidas para investimento, esse
excesso significava uma forte inflação. A profunda recessão de 1973, exacerbada pelo
choque do petróleo, evidentemente retirou o mundo capitalista do sufocante torpor da
"estagflação" (estagnação da produção de bens e alta inflação de preços) e pôs em movimento
um conjunto de processos que solaparam o compromisso fordista.
Em consequência, as décadas de 70 e 80 foram um conturbado período de
reestruturação econômica e de reajustamento social e político. A acumulação flexível, que o
Harvey chama, (p. 140) é marcada por um confronto direto com o estado de inflexibilidade
do fordismo. Ela se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de
trabalho, dos produtos e padrões de consumo, ou seja, caracteriza-se pelo surgimento de
setores de produção inteiramente novos, e pelas mudanças dos padrões de desenvolvimento
desigual.
Já no capítulo 10, “teorizando a transição”, o autor de maneira geral, fala sobre as
reformulações teóricas passadas e presentes da dinâmica do capitalismo. Nesse caso, o autor
fala da transição do fordismo para a acumulação flexível que evocou, na verdade, sérias
dificuldades para teorias de toda espécie. Essa transição também trouxe sérios dilemas para
os marxistas. Diante desses dilemas, a primeira dificuldade reside em tentar captar a natureza
das mudanças, uma visão bem laudatória de Halal (1986) do novo capitalismo, enfatiza os
elementos positivos e liberatórios do novo empreendedorismo. O segundo, de Lash e Urry
(1987), acentua as relações de poder e a política com relação à economia e à cultura. O
terceiro, de Swyngedouw (1986), fornece muito mais detalhes sobre transformações no campo
da tecnologia e do processo de trabalho.
Partido de outro pressuposto do (capítulo 10), teorizando a transição, quanto a visão de
Marx retratado por Harvey, o autor mostra que ele foi capaz de mostrar três condições
necessárias do modo capitalista de produção que eram inconsistentes e contraditórias, e que,
por isso, a dinâmica do capitalismo era necessariamente propensa a crises. Nesse caso, a
primeira condição inconsistente propensa a crise é o crescimento. Uma taxa equilibrada de
crescimento é essencial para a saúde de um sistema econômico capitalista, visto que só
através do crescimento os lucros podem ser garantidos e a acumulação do capital, sustentada.
A crise é definida, em consequência, como falta de crescimento.
A segunda condição inconsistente do capitalismo propensa à crise, na visão de Marx,
está no crescimento em valores reais que se apóia na exploração do trabalho vivo na
produção. Isso não significa que o trabalho se aproprie de pouco, mas que o crescimento
sempre se baseia na diferença entre o que o trabalho obtém e aquilo que cria. Por isso, o
controle do trabalho, da produção e do mercado, é vital para a perpetuação do capitalismo. O
capitalismo está fundado, em suma, numa relação de classe entre capital e trabalho.
A terceira e última condição inconsistente do capitalismo propensa à crise, na visão de
Marx, o capitalismo é, por necessidade, tecnológica e organizacionalmente dinâmico. Isso
decorre em parte das leis coercitivas, que impelem os capitalistas individuais a inovações em
sua busca do lucro. Mas a mudança organizacional e tecnológica também tem papel-chave na
modificação da dinâmica da luta de classes, movida por ambos os lados, no domínio dos
mercados de trabalho e do controle do trabalho.
Por fim, o autor acaba concluindo a parte II do livro “A condição pós-moderna”, a
partir da exposição de um questionamento a respeito das transformações que ocorreram do
final do século XX, e que se assinalam o nascimento de um novo regime de acumulação
capaz de conter as contradições do capitalismo, outro ponto fundamental no fim do capítulo,
é a questão da flexibilidade que já vem sendo objeto de estudo, onde de modo geral, Harvey,
traz três posições amplas da flexibilidade. A primeira posição, é a de que as novas tecnologias
abrem a possibilidade de uma reconstituição das relações de trabalho e dos sistemas de
produção em bases sociais, econômicas e geográficas inteiramente distintas.
A segunda posição vê a ideia da flexibilidade como um "termo extremamente
poderoso que legitima um conjunto de práticas políticas" (principalmente reacionárias e
contrárias ao trabalhador), mas sem nenhuma fundamentação empírica ou materialista forte
nas reais fases de organização do capitalismo do final do século XX. A terceira posição,
define o sentido na qual a transição do fordismo é utilizado para designar a acumulação
flexível.
Em suma, a parte II, do livro a condição pós-moderna, busca trazer uma abordagem
temática em seus 5 capítulos. A partir da análise dos capítulos desta obra, os leitores terão um
excelente arcabouço teórico, conceitual e sobretudo prático sobre a transformação
político-econômica do capitalismo do final do século XX. O autor, enriquece muito sua obra
ao trazer conhecimentos de outros autores bastante consagrados, e isso é o que torna a obra de
grande importância para a Geografia.

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