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Fichamento

Geografia Econômica
Docente: Prof. Dra. Rosalina Burgos
Discente: Gustavo Nunes de Castro R.A: 635049

Talvez seja útil levar em conta o último elemento e considerar como se pode
elaborar um novo nível de demanda efetiva, capaz de aumentar a capacidade de
absorção de produtos. A análise sugere que se pode elaborar isso por meio da mistura
complexa de quatro elementos sobrepostos:

1) A penetração do capital em novas esferas de atividade mediante (l) a


organização de formas preexistentes de atividade ao longo de linhas 47-48 capitalistas
(por exemplo, a transformação da agricultura de subsistência do camponês em agricultura
empresarial), ou mediante (2) a expansão dos pontos de troca dentro do sistema de
produção e a diversificação da divisão do trabalho (novos especialistas empresariais
surgem para cuidar de determinado aspecto da produção, antes exercido dentro da
própria fábrica ou empresa).
2) A criação de novos desejos e novas necessidades, desenvolvendo novas
linhas de produtos (os automóveis e os bens eletrônicos são excelentes exemplos do
século XX), e a organização do consumo, para que se torne “racional” em relação ao
processo de acumulação (por exemplo, a demanda da classe trabalhadora por boa
moradia talvez seja cooptada por um programa público de habitação, que serve para
estabilizar a economia e para aumentar a demanda por materiais de construção de
determinado tipo).
3) A facilitação e o estímulo para o crescimento populacional num índice
compatível com a acumulação a longo prazo (evidentemente, isso não é uma solução a
curto prazo, mas parece ser uma forte justificativa para o comentário de Marx [l969b: 47; e
Consultar MARX, 1973: 764, 771], de que “a população crescente se afigura como base
da acumulação enquanto processo contínuo”, do ponto de vista do aumento da oferta de
mão-de-obra e de mercado para produtos).
4) A expansão geográfica para novas regiões, incrementado o comércio
exterior, exportando capital e, em geral, expandindo-se rumo à criação do que Marx
denominou “o mercado mundial”.

Em cada um desses aspectos, ou pela combinação deles, o capitalismo é capaz


de criar uma nova oportunidade para a acumulação. Os três primeiros itens podem ser
vistos como matéria de intensificação da atividade social, dos mercados e das pessoas
numa específica estrutura espacial. O último item suscita a questão da organização
espacial e da expansão geográfica como produto necessário para o processo de
acumulação. A seguir, consideraremos esse último aspecto em separado dos demais. No
entanto, é importante perceber que, na prática, diversos equilíbrios ocorrem entre a
intensificação e a expansão geográfica; em um determinado país, um índice elevado de
crescimento populacional e a fácil criação de novos desejos e novas necessidades sociais
podem representar exportação de capital e expansão do comércio exterior,
desnecessários para a expansão da acumulação. Quanto mais difícil e torna a
intensificação, mais importante é a expansão geográfica para sustentar a acumulação de
capital. Tendo isso em mente, examinaremos o modo pelo qual a teoria da acumulação se
relaciona com a produção das estruturas espaciais.
As colônias constituídas por pequenos produtores independentes, que negociam
algum excedente no mercado, caracterizam-se normalmente pela escassez de mão-de-
obra e pelo alto nível salarial, nada atraentes para a forma capitalista de exploração (esse
é particularmente o caso onde há abundância de terra livre para assentamento). A
produção de mercadorias não existe no sentido capitalista integral. As formas coloniais
desse tipo talvez sejam resistentes a penetração do modo capitalista de produção
exatamente como as sociedades não-capitalistas tradicionais e estabelecidas há muito
tempo. No entanto, como tais colônias não-capitalistas são criadas pelo desmembramento
de populações excedentes e por pequenos volumes de capital dos centros de
acumulação, e, como também criam mercados para a produção capitalista, são
consideradas tanto resultado da acumulação passada como precondição para
acumulação adicional de capital. Os Estados Unidos anteriores à Guerra Civil, por
exemplo, proporcionaram um mercado importante, largamente não-capitalista, para a
venda de mercadorias produzidas sob as relações sociais capitalistas da Grã-Bretanha.

O estágio final da penetração capitalista é o que surge com a organização da


produção junto a linhas capitalistas. Em 1867, Marx percebeu que os Estados Unidos se
transformava, passando de um sistema de produção independente, largamente 61-62
não-capitalista, a um novo centro de acumulação de capital. “A produção capitalista
avança ali a passos de gigante, ainda que a redução dos salários e a dependência do
trabalhador assalariado ainda estejam longe de caírem ao nível europeu” (MARX, 1967,
vol. 1:773). Marx esperava uma transformação similar na Índia:

Uma vez que se introduz maquinário no sistema de locomoção de um


país detentor de ferro e carvão, torna-se impossível impedir esse país de
fabricá-lo. Em um país imenso, não se consegue manter uma rede de ferrovias
sem a adoção de todos os processos industriais necessários para satisfazer as
necessidades imediatas e correntes do sistema de locomoção ferroviária, e fora
dai deve florescer o emprego de maquinário nos setores industriais não
imediatamente ligados às estradas de ferro. Na Índia, o sistema ferroviário se
tornará, portanto, o precursor da indústria moderna [...] [que] dissolverá as
divisões hereditárias de trabalho em que se apóiam as castas indianas,
obstáculos decisivos para o progresso indiano e o poder indiano [...] O período
burguês da história cria a base material do novo mundo [...] A indústria e o
comércio burgueses criam as condições materiais do novo mundo, como as
revoluções geológicas criaram a superfície da terra (MARX E ENGELS, 1972:
85-7).

A filosofia desde o início teve como preocupações a noção de tempo e de espaço,


dessa forma é valido dizer que os geógrafos são filósofos, pois pensam as questão
temporais, assim como, espaciais. Para desenvolver essas noções temos que ter
algumas técnicas, a produção do conhecimento é baseada em técnicas, e isso vai
avançando conforme a evolução do tempo e espaço, com isso é possível traçar a relação
do homem e natureza, pode analisar a historia de determinado local para assim,
determinarmos uma sociedade e o espaço. Essas técnicas são consideradas como um
conjunto de meios de toda espécie em um determinado tempo, para modificar a natureza.
Quem constrói a explicação da natureza é a sociedade, pois não dá para separar o físico
do humano, há uma relação muito forte entre homem e meio e atualmente o meio precisa
do homem. Leituras com o olhar geográfico em filósofos, faz com que o conhecimento se
enriqueça ao ponto da geografia construir sua própria filosofia, como disse Sartre. Deve
ser de uma forma espontânea o desenvolvimento da filosofia geográfica, contudo, apesar
de a filosofia trazer crescimento para disciplina, a geografia deve ser pensada de dentro,
da realidade vivenciada, pois existem contextos e vivencias diferentes dos conceitos
empíricos e isso não traz respostas de forma imediata. É pela falta de práxis que a
filosofia não serve de guia para a geografia e isso faz com que dificulte a própria
comunicação. Pois existem terminologias próprias dos geógrafos, da mesma forma que a
filosofia é apresentada como uma ideia difícil e complexa, mas o conhecimento filosófico
trata assuntos corriqueiros, dessa forma é necessário valorizar a filosofia espontânea,
popular, e elucidar que o homem comum produz conhecimento filosófico e não somente o
intelectual e o filósofo profissional. Para construir uma filosofia geografia, precisa-se
pensar na totalidade e enxergar a evolução do movimento e sua heterogeneidade, sendo
assim, ideias de continuidade,de descontinuidade, deixam perceber partes; território,
região e lugar dessa forma isso auxilia no entendimento do todo e é esse dinamismo que
temos várias formas de interpretar fenômenos de certa forma iguais, ou seja, O espaço é
condicionante porque permite condições para vivermos de determinadas formas, e o
dinamismo faz acontecer a evolução espacial, e ao mesmo tempo é condicionado pela
sociedade, pois o homem modifica a realidade. O ser humano está sempre se
transformando e transformando seus atos, agindo de forma diferente, o que o torna único,
e com essas transformações modifica seu meio. A sociedade se transforma juntamente o
espaço, dessa forma estão sempre em movimento, modificando a história. Assim é que
sociedade e espaço evoluem constituindo a evolução da totalidade social.

Para que o papel da geografia seja abrangente é necessário uma atuação em


todas as frentes, pois se o processo se der de outra maneira limitada sua eficacia.
A geografia não pode ser entendida apenas por preocupar-se com a localização,
pois esse enfoque deturpa seu papel, sendo assim o autor propõe uma outra visão do
espaço geográfico; a ótica do território usado, dessa forma temos noções mais
abrangentes de causa e efeito da construção social e de território, como se dão as
relações, de homens, instituições, empresas onde tudo acontece e podendo ser
analisado. É essa a força da geografia, pensar as relações entre os lugares e suas
formações socioespacial e o mundo, como se dão essas interações.

Em muitos momentos a própria formação da geografia fez com que o


conhecimento fosse fragmentado, com a dicotomia entre geografia humana e geografia
física, o que traz um empobrecimento e ate enfraquecimento da disciplina.

A forma que se dá o ensino da geografia em duas frentes, seja na escola ou na


universidade faz com que essa ciência perca importância e desvie do seu verdadeiro
caminho. Esse descaminhamento do conhecimento geográfico traz sérios riscos a sua
prática, pois torna questionável sua importância na construção do currículo escolar.
Vemos a geografia a serviço do mercado, da politica que utilizam ferramentas
geográficas para se beneficiarem, em um certo momento e isso faz novamente a
disciplina fragmentada, pois serão usadas apenas para o interesse próprio de politicas e
interesses escusos para o capital de grandes empresas. Isso surge de determinados
ramos da geografia querem autonomia e deixam de lado seu papel auxiliar em uma
ciência tão complexa unitária.Nos dias atuais, para atender exigências do mercado de
trabalho, os cursos de graduação estão buscando a especificação do ensino e deixando a
margem o conhecimento plural, isso faz com que aconteça um afastamento do
profissional e cidadão, isso pode causar um desinteresse das pessoas que não estudam a
geografia, concomitante a isso existe o distanciamento entre áreas da própria ciência,
causando uma desigualdade quando falamos em investimentos. Setores da geografia
ligados a tecnologia, mineração, sobretudo o petróleo, atraem mais recursos financeiros,
por conta da sua relevância econômica e politica. Em busca desses privilégios, geógrafos
acabam deixando de lado princípios que norteiam a geografia em detrimento do
produtivismo.

Mesmo com a fragmentação do pensamento geográfico, temos a busca da


totalização, nota-se La Blache, citado como exemplo pelo autor, o francês foi apoiado pelo
estado que necessitava desse conhecimento na época, porém era uma ciência sutil,
descomprometendo a geografia da pratica social, como colocou Antônio Carlos Robert
Moraes. Hoje a globalização traz a ideia de integrar mercados, não permitido uma
abordagem totalizadora, pois esse fenômeno está focado apenas na economia.

O grande problema enfrentado pela geografia é traçar soluções eficientes para os


problemas da sociedade, dependendo da envergação teórica-ideológica de cientistas
políticos, economistas, a interpretação de fenômenos pode servir para sugerir algumas
mudanças e conceber uma nova politica.

Quando se toma conhecimento da realidade vivida em sua totalidade, podemos


fundamentar um discurso para uma nova politica, movimentos sociais e instituições. Esse
discurso pode servir de conteúdo em diferentes níveis, assim colaborar para um novo
projeto nacional abrangente e transformar a sociedade, beneficiando a maioria da
população.

A partir da escolha de uma linha teórica conforme opção de um autor, é


imprescindível lançar mão de propostas integradas e dinâmicas, só assim a geografia vai
poder analisar a realidade social do ponto de vista da dinâmica territorial, território deve
ser o ponto de partida para discussões extensas para entender o material e a sociedade.
Do modo que, o território usado, observado em sua totalidade é um poderoso instrumento
de análise da estrutura da sociedade e seus desdobramentos.

É de suma importância considerarmos o comportamento de homens, instituições


e empresas, em atenção a esses atores possuem interações diferenciadas em relação ao
poder, dessa forma temos arranjos diversos e heterogenios. A geografia deve se voltar
para análise da realidade social a partir da dinâmica do território para compreender seus
os objetos e ações.

Quando se produz, concomitante a isso a produção do espaço, o trabalho entra


como mediador dessa relação de produção do espaço e valorização, segundo Marx.
O espaço e a sua valorização tem movimento próprio e elementos específicos,
alguns contribuindo mais e outros menos, para análise geográfica, algumas expressões
da realidade social e as formas de produção e reprodução.

A sociedade tem como costume valorizar o espaço e sendo assim, o modo de


produção media esse processo com suas particularidades em seu modo de valorização.

O processo de valorização é explicado através da discussão do valor e trabalho,


fundamentos da materialidade social, ou seja, a relação sociedade espaço se faz da
relação do valor espaço seguido pelo trabalho humano e quando o espaço é apropriado,
construções, a conservação, modificação do substrato humano ou das obras humana,
isso culmina na criação de valor. Desta forma, temos dois conceitos: valor no espaço e
valor do espaço, o que é de fundamental importância para a geografia, incidindo na ideia
de espaço geográfico e no prisma da criação de valor, espaço geográfico é voltado ao
valor do espaço.

O espaço está condicionado ao trabalho e sendo assim, possui um valor de uso e


uma utilidade, essa forma produzida de condições preexistentes seja natural ou social,
devido a isso o espaço é uma condição geral da produção, possui valor intrínseco
“riqueza natural”, dessa forma não gera valor novo e é chamado de “trabalho morto” ou
seja a acumulação do trabalho é progressivo e desigual e essa desigualdade vai
desnaturalizando e dando complexidade ao espaço.

O valor do espaço é influenciado pela disponibilidade de recursos naturais


disponíveis em determinada porção terrestre. As forças naturais atuam na produtividade
do trabalho, variação quantitativa de produtos, junto a isso, as estruturas da divisão
territorial. A produção será direcionada de acordo com suas características d produto e ao
solo.
E nesse prisma, o valor do espaço e mais durável, pois é vinculada ao uso do
solo, essa forma é chamada de rugosidades, as formas duram e perpetuam enquanto o
processo é modificado, essas formas vão dando qualidades ao lugar e criando a “história
territorial”, segundo Mílton Santos.

A produção do espaço e seu resultado são apenas momentos na formação do


território, vão sendo modificados em determinação do trabalho e suas relações sociais. O
valor do espaço é encontrado na propriedade privada, é cobrado para utilização de
determinados espaços físicos, como o aluguel e o arrendamento e o que determina o
valor cobrado desses espaço são suas atribuições; como fertilidade do solo, recursos
naturais, localização, clima e água. O valor do espaço está contido em todas as suas
atribuições.

Como espaço concreto possui valor de troca, então ele possui o que é chamado
de valor no espaço. Tem uma complexa rede, relações sociais de produção. Os processos
espaciais manifestam-se na superfície terrestre que apresenta fenômenos naturais e
sociais. A definição de valor no espaço e muito mais complexa, destaca-se a circulação,
seja de pessoas, objetos e ideias. A noção do valor no espaço não se encontra na
concretude. A espacialidade amplia a importância na definição do valor, ou seja o valor no
espaço está contido nos modos de produção.

O espaço não pode ser confundido apenas como objeto e resultado de trabalho, o
espaço é também a produção e a existência humano, o espaço está relacionado com
virtualidades como: magnitude e distância, a magnitude determinada dimensão de
construções, a distância e a separação física, fluxos com maios ou menor intensidade.

A perspectiva de espaço é dada pela sociedade que faz uso desse território, nele
acumula-se processos de tempos, sejam naturais ou sociais. O homem vai enfrentar uma
realidade espacial e social, no processo de trabalho e assim é definido um ciclo de
apropriação do trabalho, da mesma forma que o trabalho se apropria do homem.

A relação sociedade espaço deve-se a apropriação dos produtos da natureza


essa é a forma mais crua não se fala de valorização do espaço, pois é muito difícil o
espaço ser valorizado e sim do produto, o trabalho excedente é empregado no solo vão
se formando os territórios, como o uso do solo em sucessivas gerações.
O território reproduz da sociedade, limita sua fixação dando formas de
organização, enquanto o estado institucionaliza politicas, com isso o acumulo de trabalho
ao espaço se intensifica. A valorização do espaço tem um tentáculo que é a expansão e o
expansionismo se dá pelo estado e cada processo de expansão tem nele a
concentração e são esses dois itens que vão desenvolver o capitalismo. Iniciam-se as
trocas, circulação ate chegarmos em circuitos econômicos mundializados e a globalização
de fluxos, chega- se ao processo mais avançado de valorização do espaço.
Colonização, explano de novas terras, territórios podem ampliar a sociedade, assim
como o modo de produção é uma forma das mas ricas de valorização do espaço, uma
valorização extensiva do solo, independente se de exploração ou povoamento. Podemos
observar outra forma de valorização do espaço, porem essa chama-se intensiva, que são
as cidades, pois nela estão acumulados uma grande soma de tempos, vemos a intensa
socialização do espaço. Outra forma de valorização relacionada as duas anteriores, é o
chamado território estratégico onde o domínio do espaço. Podemos notar isso, através dos
confrontos beliscos, entre nações em busca de localização privilegiada.

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