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Sorocaba – SP
2022
O IMPACTO DA PANDEMIA PARA A EDUCAÇÃO DOS ALUNOS DA REDE PÚBLICA DO
ENSINO MÉDIO
Resumo
Em meio a uma pandemia, onde temos que evitar o convívio social, nos deparamos com um
problema muito sério evidenciando a desigualdade socioespacial no ambiente escolar.
Podemos observar muitas adversidades encontradas pelos alunos da rede pública do ensino
médio, inerente ao cotidiano dos alunos da Escola Estadual Prof. Azarias Mendes, da cidade
de Votorantim-SP.
1 INTRODUÇÃO
A pandemia nos trouxe à tona grandes desafios, passamos a conviver literalmente 24
horas por dia com nossos familiares, despertou diversas síndromes psicológicas na população
que se viu em estado de confinamento em suas casas no regime de quarentena, contudo há a
preocupação com as despesas dentro de casa, como mantê-las sem trabalhar e ao mesmo
tempo sem se expor ao vírus, aos professores desafiou uma nova maneira de lecionar, as
escolas tiveram que se reinventarem na sua maneira de gerir a educação, as aulas a
distância, talvez já estivessem nos planos futuros dos governos liberais, contudo ninguém
poderia imaginar que tivesse que ser implementado dessa maneira, a toque de caixa. E a
prática escolar a distância no ensino médio está sendo um grande desafio ao Brasil, aos
estados, aos municípios, sobretudo aos agentes chamados linhas de frente da educação,
diretores, diretoras, ao corpo docente e aos alunos.
Esse novo cotidiano, impactou sobremaneira nossas vidas, seja no âmbito econômico,
sendo necessário o fechamento em período de quarentena de indústrias, comércios, serviços
públicos, com a duração maior que o esperado, algumas empresas fecharam suas portas
ficando pelo caminho, a união teve que dispor de recursos assistenciais para subsidiar uma
sobrevivência da população mais sensível a quarentena, qual foram demitidas ou tiveram suas
rendas afetadas de alguma maneira.
1 JUSTIFICATIVA
A saúde está em colapso, com hospitais totalmente lotados, não existem leitos vagos
para COVID, para além da lotação dos hospitais, agora existem filas de espera para pacientes
contaminados com SARS-CoV-2. Não existem leitos vagos na rede pública, tão pouco na rede
privada, de maneira fúnebre a área da saúde hoje, grosso modo não distingue classe social,
perde-se gente nos hospitais luxuosos, perdem-se vidas nos hospitais públicos. É na saúde
também onde podemos observar um aumento exponencial de casos a respeito de distúrbios
psicológicos, síndrome do pânico, picos de estresse, depressão e ansiedade, sem contar é
claro, a violência doméstica, onde a mulher é vítima primária, haja visto o aumento
significativo de boletins de ocorrência abertos.
Dessa forma, tendo um panorama geral dos impactos causados por essa pandemia,
vamos nos ater aos golpes sofridos pela educação. E é nesse campo que faremos nossa
pesquisa nos atendo aos impactos causados pelo COVID em nosso cotidiano, quais as
problemáticas enfrentadas pelos alunos suas demandas, suas agruras desse novo cotidiano
vivido por todos os atores, em especial na cidade de Votorantim-SP, Escola Estadual Prof.
Azarias Mendes.
Sabemos das dificuldades contrapostas em tempos normais, sem pandemia, contudo,
se faz necessário tentarmos entender para qual nível foi essas contrariedades sociais no
âmbito escolar, se elas aumentaram, ou se mantiveram no mesmo patamar, com isso foi
montado um questionário socioeconômico para entendermos a realidade dos alunos que
participaram da pesquisa.
É indiscutível que de maneira geral, o mundo não estava preparado para uma
pandemia tão contundente como a que enfrentamos a da COVID-19, ao olharmos pelo
espectro da educação do estado de São Paulo é presumidamente sabido dos prejuízos que
viriam a serem causados pelo ensino a distância aos alunos da rede pública. Diversos são os
motivos do prejuízo para o aprendizado desses alunos; falta de treinamento da equipe escolar,
estrutura das escolas, condições sociais dos alunos, acesso à internet, impressoras e
computadores.
A pesquisa foi aplicada na E.E Professor Azarias Mendes, está localizada no município
de Votorantim que conta com uma população de 129.599,00 habitantes, no bairro Jardim
Clarice, participante do programa de ensino integral (PEI) do estado de São Paulo. A escola
conta com 472 alunos matriculados, sendo 170 discentes no ensino médio.
A escola conta com uma estrutura de um nível padrão, possui acessibilidade às
dependências, bem como os banheiros, as dependências da escola contam com refeitório,
água filtrada, laboratório de informática, sala de leitura, quadra de esportes, bem como
internet e banda larga, o quadro de funcionários é formado por dezessete servidores, além
dos vinte dois professores que lecionam em período integral.
São diretrizes muito bem compostas, com tudo essas diretrizes encontram entraves na
sua aplicação, por motivos já apontados anteriormente. Montou-se uma teoria agradável aos
olhos e ao entendimento da ótica externa, projeto esse instituído pelo governo de São Paulo,
na época representado pelo governador Geraldo Alckmin, até então representava o partido do
PSDB. Aos atores participantes, sobretudo aos alunos, é um projeto enfadonho, desgastante e
que poderá causar uma evasão escolar sem precedentes nas escolas paulistas.
Em abril de 2020, iniciava o Ensino a distância (Ead), nas escolas do Estado de São
Paulo, um método de ensino, já muito difundido nas instituições privadas de ensino superior
pelo país afora, contudo, a pandemia trouxe esse desafio a educação em toda sua extensão e
o ensino médio iniciava sua nova rotina e perdurou até 2022.
Houve uma mudança drástica na rotina desses estudantes, acostumados a
frequentarem as escolas diariamente, relacionando-se com seus amigos no ambiente escolar,
de maneira abrupta se veem forçados a aderirem ao isolamento social, por conta do novo
coronavírus.
DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS
Nos últimos 15 anos, uma ampla produção científica de diferentes países e campos
disciplinares vem concentrando seu foco de análise nos impactos sociais e espaciais
causados pelas modificações econômicas em curso nos países centrais, desde os anos 70.
No método de adequação do pensamento geográfico crítico, embasado na
compreensão elementar da lógica estabelecida entre a sociedade e o espaço em seus
movimentos históricos de reprodução, a discussão em torno dos conceitos das diferenças e
das desigualdades vem gerando interessantes e debates, sobretudo quando o que se
procura é a adjetivação das assimetrias socioespaciais imanentes desta relação dialética.
O conceito da diferença socioespacial abrange todas as dimensões de diversidade,
4 Metodologia
Através da metodologia selecionada, busca-se ressaltar os dados arregimentados, cujo
são de suma importância para que posteriormente possa-se averiguar de maneira crítica os
dados quantitativos e qualitativos, dessa maneira compreender as informações coletadas por
meio do questionário.
Para essa pesquisa foi feita a investigação bibliográfica, bem como a sondagem junto a
diretoria da escola para que pudéssemos alinhar a melhor maneira da aplicação do
questionário, atendendo as normas da vigilância epidemiológica e assim não colocar em
risco a saúde dos alunos e de todos os outros envolvidos.
Feito o contato por meio do diretor da Escola Estadual Professor Azarias Mendes,
discutimos sobre os pontos contidos no formulário a ser aplicado aos alunos, desta maneira,
todos de acordo com conteúdo, foi aplicado o questionário in loco, para possíveis dúvidas
quaisquer, caso algum aluno pudesse vir a levantar sobre algum item.
As variáveis, segundo Gil (2008, p.128) Nem todas as pessoas estão motivadas para
fornecer as respostas solicitadas. Algumas podem até mesmo se sentir ameaçadas ao
serem indagadas acerca de determinados assuntos. Por outro lado, há questões que por sua
natureza ou forma são capazes de criar constrangimentos nos respondentes. O vocabulário
utilizado também pode conduzir a interpretações inadequadas. Há palavras que por serem
estereotipadas ou apresentarem conotação negativa tendem a ser evitadas ou rejeitadas. E
no caso de questionários que são respondidos com entrevista é possível o estabelecimento
de um tipo de relação entre pesquisador e pesquisado que torna a situação altamente
desconfortável.
Com todos os pontos arregimentados, o questionário foi formulado com 14 perguntas,
sendo 11 de múltipla escolha e 3 questões abertas, aos alunos do 2º ano do ensino médio,
devido ao fato da escola ter adotado o regime de rodízio de alunos, para evitar aglomeração
nas aulas, foram agrupados os 2 segundos anos A e B da escola, para esta pesquisa.
Segundo OLABUENAGA e ISPIZÚA (1989), a análise de conteúdo é uma técnica para
ler e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos, que analisados adequadamente
nos abrem as portas ao conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social de outro
modo inacessíveis.
A matéria-prima da análise de conteúdo pode constituir-se de qualquer material oriundo
de comunicação verbal ou não-verbal, como cartas, cartazes, jornais, revistas, informes,
livros, relatos autobiográficos, discos, gravações, entrevistas, diários pessoais, filmes,
fotografias, vídeos etc.
Contudo os dados advindos dessas diversificadas fontes chegam ao investigador em
estado bruto, necessitando, então, ser processados para, dessa maneira, facilitar o trabalho
de compreensão, interpretação e inferência a que aspira a análise de conteúdo.
A análise de conteúdo, em sua vertente qualitativa, parte de uma série de
pressupostos, os quais, no exame de um texto, servem de suporte para captar seu sentido
simbólico. Este sentido nem sempre é manifesto e o seu significado não é único. Conforme
colocam OLABUENAGA e ISPIZÚA (1989, p.185).
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ponderando as definições, o questionário foi aplicado IN LOCO, na escola Professor
Azarias Mendes com os alunos, por meio de um encontro presencial para que os alunos
respondessem ao questionário. As etapas dessa pesquisa foram divididas da seguinte
maneira:
- Primeira etapa: foi feito o levantamento bibliográfico, que é todo levantamento teórico
que auxiliou como fundamentação teórica da pesquisa;
- Segunda etapa: foi feita a pesquisa in loco, onde foi feito o levantamento da estrutura
da escola e investigou-se como está sendo organizado o ensino remoto da Escola Estadual
Professor Azarias Mendes;
- Terceira etapa: foi elaborado e aplicado um questionário de 14 questões aos alunos
do 2°ano A e B do período integral do ensino médio;
- Quarta etapa: fez-se a elaboração dos gráficos na pretensão de sistematizar as
informações e concatenar os dados obtidos;
- Quinta etapa: foi feita a análise dos resultados com base nos dados coletados;
- Sexta etapa: consistiu na redação e elaboração final da pesquisa.
O resultado da pesquisa em relação ao sexo foi a maioria feminina com 81,8% e apenas 18,2%
para o sexo masculino.
Em relação a cor, raça, e etnia a maioria branco com 72,2%e 27,3 pardos
Em relação a trabalho dentre os 11 que responderam, 81,8% disseram que não e 18,2%
disseram que sim
Em relação as zonas urbanas e rurais 100% responderam que residem na zona urbana
Em relação a renda per capta mensal da família com 45,5% a maioria respondeu de um até
um salário e meio, com 18,2% de um e meio até dois e meio salário-mínimo, com
9,1%responderam de zero até meio salário-mínimo a mesma porcentagem para meio salário
até um salário-mínimo.
Na questão sobre moradia se alugada, cedida, financiada e própria a maioria com 90,9%
respondeu própria e 9,1% responderam alugada.
Em relação ao meio que eles mais utilizam para se manterem informado sobre os
acontecimentos atuais? Com 72,7% a maioria respondeu internet e 27,3% responderam jornal
falado (TV).
Na questão se possuem acesso a internet na sua residência? 100% responderam que sim.
Na questão sobre qual equipamento você utiliza para fazer as atividades em tempos de
isolamento social? Com 81,8% a maioria respondeu celular e 18,8% responderam note book.
Em relação ao uso de material escolar disponibilizado pela escola, 72,7% responderam que
sim e 27,3% que não.
Na questão sobre a refeição feita na escola quando o ensino era regular, 63,6% responderam
que não e 36,4% responderam que sim.
Sobre se inscrever no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), 90,9% responderam que
sim, e 9,1% responderam não.
12.) - Que dificuldades acha que enfrentará caso ingresse em um curso superior? (Aqui uma
questão aberta)
11 respostas
De procurar um trabalho e ter atividades que e não entenda acho e espero que
não teria nenhuma dificuldade
Acho que algumas dúvidas
De não ter aprendido alguns conteúdos essenciais para se ter ao prestar um
vestibular/Enem.
Acho que eu não teria nenhuma dificuldade, pois vou entrar em uma área
que já tenho alguns conhecimentos
Eu acho que uma dificuldade maior que irei enfrentar será de apresentar
TCC, porque eu sou uma pessoa muito tímida.
De ser aprovada, já que a área que eu busco está cada vez mais concorrida,
coisa que poderia me desanimar e fazer com que eu optasse por escolher
outro curso.
13.) Você acha que a pandemia e o isolamento social prejudicaram o
acompanhamento das aulas? (questão aberta)
11respostas
sim, pois não dava para aprender direito, os professores não tinham como
explicar da maneira certa, é bem mais difícil de aprender os assuntos
Sim
Sim, ao meu ver as escolas não estavam preparadas para esse tipo de
ensino, ninguém estava, alunos, professores, diretoria, secretaria e também
os funcionários, o COVID foi um golpe surpresa do qual ninguém conseguiu
se proteger.
Sim, não conseguia prestar atenção nas aulas sempre tinha alguma coisa
atrapalhando
Sim, não conseguia entender o conteúdo, mesmo procurando vários vídeos
explicativos sobre o assunto, não conseguia me concentrar já que em casa
eu ficava mais "confortável" e me desconcentrava facilmente.
Sim, pois na minha opinião é muito mais difícil ter aulas através do celular
do que presencial. Nós alunos somos acostumados a ter sua aula na escola
e quando a pandemia chegou tivemos muito pouco tempo para nos
adaptarmos a uma nova rotina
Sim, já que por muito tempo não houve o amparo necessário do próprio
governo com a educação, seja pelo conteúdo a ser aplicado até a adaptação
dos alunos e dos professores. Porém, o ensino remoto é mais ajustável a sua
vida, visto que você pode escolher em qual horário é mais benéfico para você
e também a variedade imensa da internet.
Foi muito difícil, pois não era a mesma coisa que em sala de aula, os
professores colocavam vídeo aulas para a gente vê e nós não conseguimos
entender nada, os vídeos que eles disponibilizaram nas plataformas não tinha
nada haver com as atividades que os professores passavam
Não achei nenhuma facilidade, não consegui prestar atenção, aprender, tirar
minhas dúvidas etc.…
Facilidades:
Estar no aconchego da casa, que no momento é um lugar considerado "seguro"
Dificuldades:
A concentração, pois dentro de casa existem milhares de coisas que podem nos
distrair,
como: objetos da própria casa, um animal de estimação, barulho da família e etc...
Ele pode ser mais ajustável a sua rotina; pode te fazer ir mais a fundo no tema
através da grande diversidade de informações que a internet disponibiliza; pode ser
feito a qualquer momento, já que você só necessita de algum aparelho com acesso a
rede de internet, ou até offline por exemplo, que podem te auxiliar no ensino. A
dificuldade principal é poder se concentrar, já que você possui distrações na sua vida,
e também a forma de adaptação, já que nem todos já estudaram no EAD e de
repente foram inseridos nesse tipo de ensino. Além disso, os profissionais podem ter
dificuldades de se comunicar com os alunos, por ter que providenciar aulas, vídeos,
conversas e responder dúvidas de várias pessoas por mensagem.
Assim diante desta pesquisa o ensino EAD para a maioria dos alunos da escola E.E
Professor Azarias Mendes, o impacto foi negativo devido as dificuldades relatadas acima
sobre o EAD, trazendo relatos importantes inclusive palavras como estresse, depressão e
abalo psicológico, falta de concentração, horários incompatíveis, um conjunto de informações
que muitas das vezes ficaram sem apoio educacional, ou seja, não sabiam como prosseguir e
julgam que tudo isso tenha atrapalhado o seu aprendizado, e também a falta de acesso a
internet e/ou aparelho como ferramenta de estudo fundamental neste caso.
REFERÊNCIAS
CARLOS, Ana Fani Alessandri. Diferenciação socioespacial. CIDADES, v.4, n.6, 2007, p. 45-
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http://dx.doi.org/10.12957/tamoios.2020.50535.
FREINET, Celestin. Pedagogia do bom senso. 7. ed. Sao Paulo: Martins Fontes, 2004. 95 p.
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e
Terra Educaçao, 1986. 1 v.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2008.