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IMES – Instituto Mineiro de Educação Superior

Curso: Licenciatura EaD Pedagogia (2ª Graduação)

Disciplina: Prática de Ensino II

Aluno: Robson de Andrade Gonçalves

Relatório “Impactos atuais e futuros da Pandemia da Covid-19 na Educação Brasileira”

Introdução

O Brasil é um país com quadros sociais complexos e diversos que nos apresenta
desafios em praticamente todas as questões que podemos abordar em relação à educação. A
desigualdade é um quesito crucial ao pensarmos uma unidade para esses problemas, que
remontam séculos e persistem e se adaptam aos dias de hoje.

Em 2020 com a incerteza e o temor da pandemia do coronavírus, os impactos no


sistema educacional foram sem precedentes. Alguns estudos recentes refletem sobre o quanto
essa situação de calamidade na saúde reverbera na desigualdade da sociedade e
consequentemente em suas instâncias. A educação teve que se adaptar à tecnologia de
formas que nunca antes investiu. Para que o processo educacional tomasse seu curso de
alguma forma era preciso que os estudantes tivessem primeiramente acesso à internet, e daí
então, pensar em como organizar e gerir os conteúdos, pensados para o ensino presencial, se
moldasse aos aplicativos e ferramentas de computadores e celulares.

Há uma grande diferença na estrutura de uma grande capital como São Paulo, seus
pontos de acesso e geografia humana, em comparação a um pequeno povoado no interior da
Bahia. O Brasil é um país continental com uma desigualdade tão grande quanto sua magnitude
geográfica. A pandemia nos explicitou essa realidade que pudemos coletar com dados e
números para posterior análise de impacto. Sabemos que os resultados preocupam e também
nos aguçam a pensar as formas de educar com mais afinco e dedicação, em um país que
carece de investimento em educação, possui milhares de pessoas em condições precárias de
sobrevivência, constitui-se como profundamente racista e cotidianamente violento.
Texto apresentando os impactos atuais e futuros da Pandemia da Covid 19 na Educação
Brasileira

De acordo com Chagas (2020) mais de 30 milhões de estudantes da educação básica


tiveram a experiência com aulas remotas. Na rede pública, 26% dos alunos que estavam com
aulas online não tinham acesso à internet. A participação dos pais foi fundamental nesse
processo, porém acarretando a sobrecarga de atenção e dedicação, além de uma defasagem
no processo pedagógico pela distância ou ausência dos professores no dia a dia das aulas.

O ensino agrega diversos fatores concomitantes para que o estudante se envolva com o
conhecimento e desenvolva aguçamento crítico e embasamento para questionar e discernir. O
ambiente social que a escola proporciona engloba todos esses quesitos, em uma troca de
diálogos seja com o professor ou com os outros atores da sala de aula. O aprendizado é ativo,
dialógico e complexo. Flui através do dia a dia do ensino, das formas criativas de ensinar e das
diversas fontes de informação que temos disponíveis, inclusive a internet e seu conteúdo
multimídia.

O trabalho do professor não é somente uma entrega de conteúdo inerte ou cópias de


textos da lousa; é antes um processo de diálogo, de sentimento, alteridade e respeito. Envolve
compreender o passado e o presente do aluno, que recorrentemente, é conturbado, com
traumas e casos de violência e desestruturação. Saber lidar com essas questões é uma função
pedagógica importante, pois aprender não é um processo passivo; a complexidade social, as
questões historicamente engendradas naquela criança ou jovem é manifestada em diversos
matizes e se concretiza em sala de aula. Portanto, a presença marca uma das facetas da
pedagogia, com a relação entre professores, escola, sociedade, pais, alunos.

Nesse contexto, a pandemia trouxe uma defasagem (JUSTINO, 2020) ainda não
captada completamente pelas pesquisas recentes. Teremos que nos acostumar com uma nova
realidade de ensino e também com as consequências deixadas por esses dois anos de impacto
profundo no histórico escolar.

Fizemos um questionário amplo para entender de pais, estudantes e professores os


desafios, dificuldades e aprendizados com o ensino na pandemia.
Apresentação dos resultados das observações colhidas nas entrevistas realizadas

Com a amostragem de 10 (dez) pessoas, tivemos 40% de docentes, 30% de estudantes


e 30% de pais de estudantes, como ilustrado abaixo.

Em relação aos professores, muitos usavam recursos materiais práticos nas aulas,
como por exemplo, aulas de artes com cartazes, papéis, etc. Adaptar ao remoto exclui esses
recursos e força uma adaptação pedagógica. Uma solução foi trabalhar o espaço da própria
casa como cenografia. As aulas de artes tomaram outro rumo, ao ponto que os alunos não
deixavam mais suas câmeras desligadas pois o ambiente da casa agora fazia parte do
aprendizado, e consequentemente envolvia os alunos em uma forma inovadora de aprender.

No ensino público as dificuldades mostram-se maiores do que as do ensino particular,


primeiramente pelo recorte social de acesso e pelos investimentos em estrutura. Uma das
docentes entrevistadas relata a defasagem tecnológica das escolas e limitações de
equipamentos como celulares com internet 3G que mostra lentidão ao baixar ou carregar
vídeos. O uso de vídeos ajuda no aprendizado de crianças não letradas e também não
alfabetizadas.

As ferramentas digitais são variadas e amplas para se aplicar em sala de aula e


também remotamente. Pesquisas e também aprendizado por partes dos professores desses
métodos é um fator inexorável para o contexto da escola. Ainda há limitação por parte dos
gestores de adquirir esses recursos e também de capacitação dos professores. Outro desafio é
manter o exercício do pensamento crítico e da capacidade argumentativa utilizando os
programas e aplicativos digitais que cada vez mais estão na vida e no dia a dia das crianças e
adolescentes.

Em relação aos estudantes as dificuldades vão além da sala de aula ou do ato de


aprender. O impacto da incerteza em relação ao futuro, às questões econômicas e de
sobrevivência desequilibram os alunos psicologicamente, dificultando o processo e tornando-o
mais delicado. Oscilações emocionais e o cansaço da tela, assim como baixa absorção do
conteúdo colaboram para um cenário complexo e mais penoso de aprendizado. As
consequências da crise econômica, o aumento da fome, o aprofundamento das desigualdades
tornaram o entorno da escola ou da casa um ambiente que dificulta o foco e a concentração,
em qualquer âmbito de ensino, fundamental, médio ou superior.

Os pais e mães, por sua vez, reconhecem o esforço dos docentes em proporcionar o
melhor cenário possível para as aulas remotas. Depois de um ano de pandemia, com a
questão das vacinas e entre outras instabilidades políticas, os pais compreenderam
conjuntamente com a escola que as metas ali pensadas não necessariamente precisavam ser
atingidas. A crise era geral e o acolhimento foi importante para seguir e buscar forças para uma
adaptação saudável sem grandes perdas de aprendizado.

A proximidade dos pais com seus filhos, mesmo que de forma compulsória, trouxe
outros benefícios. Um acompanhamento mais conjunto, atenção dobrada sobre o que o filho ou
filha está aprendendo. O preço dessa dedicação era o tempo, a energia, porém, um novo olhar
se deu para com a situação escolar dos filhos. A resiliência de professores, gestores, alunos e
pais foi importante para que todos se ajudassem para que esse momento fosse não somente
uma crise que prejudica todos os envolvidos, mas como também uma forma de mostrar que
podemos nos adaptar e reduzir os danos desta adaptação.
Conclusões e Recomendações para a minimização dos impactos da Pandemia no
processo de Ensino-Aprendizagem

A pandemia trouxe mudanças drásticas em nossas práticas diárias e cotidianas. O


surgimento de novos hábitos, fim de velhos e outras preocupações influenciou diretamente na
dinâmica social e nas instituições. A educação está conectada a todos os outros elos sociais,
como a saúde, a tecnologia, a economia, política e a cultura. A interferência em nível global
dessa homeostase causa impactos profundos em todos os elos, e nessa amálgama estão os
cidadãos, ou seja, pessoas com direito ao ensino, com capacidade de desenvolver pensamento
crítico e de uma inserção social digna.

A educação exerce um papel primordial nessa equação e através da ciência mede,


analisa e contesta os dados coletados da realidade. Nesse período, o que podemos perceber
de mudanças históricas? Qual a profundidade dos prejuízos e atrasos em relação às
particularidades de cada cidade e estado brasileiro? A importância de fazer censos se mostra
pungente para diagnosticarmos o cenário e propormos soluções de médio e longo prazo, assim
como investimentos e políticas públicas que serão essenciais não somente para a educação do
futuro, mas como compreendemos e lidamos com os desafios da educação do presente.

Ouvir professores, alunos e pais é uma pequena amostra do que a pesquisa tem o
poder de nos mostrar. O retrato mosaico do Brasil da desigualdade é complexo de se sintetizar,
de se resumir. Vivemos em uma sociedade tão ampla e diversa quanto às dimensões físicas do
continente, e os desafios que enfrentamos não são simples, assim como não podem ser vistos
e refletidos de forma superficial. A pesquisa, o trabalho do pedagogo e dos gestores escolares
em conjunto com professores, alunos e pais foram a comunidade escolar, que em diálogo com
a sociedade e o Estado, podem proporcionar melhorias e avanços em relação ao ensino no
Brasil. Por isso é essencial a ação social para cobrarmos do poder público investimento e
atenção à educação para a formação de pessoas que irão lidar com as adversidades do
presente e do futuro.
Anexo (roteiro de entrevistas e outros materiais utilizados)
Referências Bibliográficas

CHAGAS, Elisa. Data Senado: quase 20 milhões de alunos deixaram de ter aulas durante
pandemia. Disponível em
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/08/12/datasenado-quase-20-milhoes-de-al
unos-deixaram-de-ter-aulas-durante-pandemia# Acesso em: 10/08/2022.

IBGE. PNAD Contínua - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Disponível em
https://bit.ly/3SS3DHM Acesso em 10.08.2022.

JUSTINO, Cenira Ferreira Marques; COELHO, Maria Batista; SANTOS, Márcia Carvalho: Os
reflexos na Educação durante a Pandemia: Um artigo original. Anais do 3° Simpósio de TCC,
das faculdades FINOM e Tecsoma. 2020; 1264-1282. Acesso em 10/08/2022.

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