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SALA DE AULA REMOTA NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19

Maely Pereira da Silva Dias11


¹maely.dias@ufabc.edu.brProf. Orientador: João Cesar JaconProf.ª Tutora Eliana
Maria Lippe

Introdução
O termo TIC’s (Tecnologias da Informação e Comunicação), abrange tecnologias mais
antigas como a televisão, jornal e mimeógrafo. Atualmente o termo mais adequado é
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC’s) ao nos referirmos aos
dispositivos como notebooks, computadores, tablets, celulares e smartphones, os quais
possibilitem acesso à internet.
Tendo em vista a urgência e necessidade de se manter o contato dos estudantes com a
escola e promover as interações necessárias várias alternativas, todas elas mediadas
pelas tecnologias, surgiram e abrangeram desde a Educação Infantil até o Ensino
Superior, porém neste trabalho nos deteremos na Educação Básica, especificamente a
Educação Infantil e Ensino Fundamental I, a fim de se delimitar o foco da pesquisa.
A convergência digital exige mudanças muito mais profundas que afetam a
escola em todas as suas dimensões: infraestrutura, projeto pedagógico,
formação docente, mobilidade. A chegada das tecnologias móveis à sala de
aula traz tensões, novas possibilidades e grandes desafios. São cada vez
mais fáceis de usar, permitem a colaboração entre pessoas próximas e
distantes, ampliam a noção de espaço escolar, integrando os alunos e
professores de países, línguas e culturas diferentes. E todos, além da
aprendizagem formal, têm a oportunidade de se engajar, aprender e
desenvolver relações duradouras para suas vidas (MORAN, 2015).
O trabalho procura caracterizar esse contexto de maneira geral no Brasil explanando
em linhas gerais o que foi realizado na rede municipal de ensino na cidade de
Indaiatuba, especificamente na Educação Infantil, onde acompanhei os desafios
enfrentados por inúmeras colegas frente às novas exigências e de que formas essas
tecnologias foram utilizadas pelos docentes e alunos, as angústias frente ao novo e a
evolução apresentada por todos até o presente momento.
O processo de investigação para a elaboração do trabalho constituiu-se
de uma pesquisa bibliográfica, no intuito de conhecer mais sobre esse contexto,
realizando-se um criterioso mapeamento sistemático em bases como o Google
Acadêmico e o Portal de Periódicos Capes, sendo o trabalho embasado em literaturas e
experiências recentes que abordam o tema em questão.
Sendo assim, o trabalho construiu-se em caráter qualitativo que culminou em formação
de ideias no propósito de responder as perguntas surgidas durante o mapeamento
sistemático relacionada aos objetivos elaborados.
Palavras-Chave: Pandemia, Distanciamento social, TDIC’S, Práticas pedagógicas.

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Pós graduanda em Inovação na Educação Mediada por Tecnologias, UFABC, 2022.
1. Problema pedagógico que o trabalho procura solucionar

Para incorporar as TDIC’s nos currículos escolares e nas práticas pedagógicas


cotidianas, conforme determina a BNCC é necessário repensar a utilização das
tecnologias e dos recursos digitais de aprendizagem como um meio e um fim. Como
meio para o apoio e suporte à implementação de metodologias ativas atrelado a uma
aprendizagem significativa e um fim ao promover a democratização ao acesso de
forma a incluir os estudantes no mundo digital.
Embora a tecnologia já esteja bastante difundida entre os estudantes, ainda são muitos
os casos em que a falta dela pode tornar inacessível a educação remota para estudantes
de determinadas classes sociais. As soluções inovadoras e necessárias para sanar o
problema da suspensão das aulas devido a pandemia de COVID-19, escancararam as
desigualdades educacionais existentes e cabe ao poder público buscar caminhos para
ofertar uma educação de qualidade a todos, independentemente de classe social.
Outro fator bastante evidente e igualmente preocupante é o despreparo de grande parte
dos docentes e o receio em trabalhar com as TDIC’s seja no preparo das aulas e até
mesmo em sala de aula com os estudantes. Nesse sentido é dever das equipes escolares
oportunizar a formação em serviço e dos próprios docentes buscarem por formação a
fim de adquirirem confiança e autonomia para trabalhar com as novas tecnologias
disponíveis.

2. Contexto educacional a que o trabalho se destina


O foco das pesquisas se deu na Educação Básica, especificamente na Educação
Infantil e no Ensino Fundamental I que atende prioritariamente os estudantes de 4 a 10
anos de idade, em média.
Considerando que o ensino remoto abrangeu toda essa faixa etária aqui no município
de Indaiatuba, onde resido e atuo, optou-se por delimitar a pesquisa nesse segmento.

3. Abordagem pedagógica que o trabalho se baseia

Se almejamos colocar os estudantes como protagonistas e participantes ativos no


processo de aprendizagem, encontramos em Bruner a teoria da aprendizagem por
descoberta, que induz a participação dos estudantes na construção da sua
aprendizagem e em Ausubel o conceito de aprendizagem significativa, que nada mais é
do que a ampliação de ideias já existentes na estrutura mental de modo que o estudante
possa relacionar e acessar novos conteúdos.

4. Inovação que o trabalho apresenta

Pode não parecer uma grande inovação, mas acompanhando a implantação das aulas
remotas aqui no município de Indaiatuba, na rede municipal que atende a Educação
Infantil (Etapa I – 4 anos e Etapa II – 5 anos) e o Ensino Fundamental I (1º ao 5º anos),
observou-se a grande dificuldade dos docentes em aceitar essa nova modalidade de
ensino, visto que muitos só tinham o hábito de digitar atividades no Word, em
substituição ao mimeógrafo, e poucos conheciam as TDIC’s em si. Através dessa nova
demanda tiveram que buscar capacitação por conta própria e depois entre as equipes
escolares, onde aplicativos como Jamboard, Book Creator, Google Meet, entre outros,
passaram a ser conhecidos e utilizados por esses docentes. Houve ainda docentes
que não conseguiram se adaptar às tecnologias e por insegurança e medo optaram
pelo afastamento temporário das salas de aula, mesmo que remotamente. Pode não
parecer inovação, mas na realidade observada, as TDIC’s impactaram de forma
positiva na forma de se ensinar.

5. Impacto no processo educacional que o projeto alcançou ou deseja alcançar

O uso das TDIC’s mediadas por um adulto não interfere negativamente no


desenvolvimento infantil e os recursos tecnológicos podem se constituir em recursos de
comunicação e manutenção de vínculos entre as crianças, famílias e educadores.
Apesar das dificuldades que muitos professores encontraram para migrar para o ensino
virtual, observou-se no entanto a reinvenção e inovação de ações pedagógicas e da
educação. Houve até mesmo a mudança de currículo dos cursos de formação de
professoresinserindo a disciplina TDIC’s em suas grades curriculares.
Ficou bastante evidente o cenário das desigualdades educacionais brasileira pois
enquanto as redes particulares ofereciam o ensino remoto, as escolas públicas ainda
estavam sem saber como proceder, sem contar a situação precária dos professores para
aulas remotas e dos estudantes para assistirem as aulas oferecidas. O estudo apontou a
sobrecarga de trabalho docente e o impacto dessas mudanças no bem-estar psicológico
dos docentes.
O objetivo de atender a todos os estudantes não foi totalmente atingido, pois não se
considera as disparidades sociais existentes no país. Nem todas as famílias possuem
equipamentos como computadores, notebook, tablets e celulares com acesso à internet e
muitas localidades do nosso país ainda sofre com a exclusão digital. O papel da
diversidade enquanto desigualdade e injustiça social afeta e muito a educação no Brasil.
Embora as TDIC’s estejam inseridas e presentes na vida cotidiana, é uma ilusão pensar
que o acesso aos recursos é o mesmo para todos em uma sociedade regida pela
desigualdade de condições e pela injustiça social. Esta é uma dimensão da desigualdade
que a pandemia tornou visível e difícil de ser modificada, na medida em que exige uma
revisão profunda do projeto de sociedade que rege a organização das políticas públicas
educacionais que definem os objetivos e estruturam a educação brasileira. As soluções
inovadoras e necessárias para sanar o problema da suspensão das aulas devido a
pandemia de COVID-19, escancararam as desigualdades educacionais existentes e cabe
ao poder público buscar caminhos para ofertar uma educação de qualidade a todos,
independente de classe social.
Por se tratar de uma mapeamento sistemático de literatura (MSL), os estudos até o
momento não trazem indicadores de como está acontecendo a presença das TDIC’s na
Educação Infantil e no Ensino Fundamental I das escolas públicas brasileiras. Na
cidade de Indaiatuba, na rede municipal de ensino que abrange escolas de Educação
Infantil, Fundamental I Regular e de período integral, as escolas foram equipadas com
lousas digitais interativas conectadas à internet, onde uma variedade de recursos e
aplicativos estão ao alcance de professores e alunos revolucionando assim o ensino
anterior ao período pandêmico. Todos os alunos, desde a Educação Infantil, receberam
tablets com acesso à internet, onde realizam atividades assíncronas, elaboradas por
uma equipe de docentes, complementando assim o aprendizado. Entende-se que todo
esse investimento sem a necessária capacitação dos docentes envolvidos no processo
não garante uma mediação eficaz junto aos estudantes. É importante que seja feito
investimento no principal material humano que tem o poder de promover a verdadeira
transformação no chão da escola pública: os professores.
Esperamos que ações como essas, que aconteceram nas escolas municipais de
Indaiatuba equipando-se professores, escolas e estudantes não se tornem um mero
acontecimento com objetivos eleitorais, mas que se capacite os docentes para que este
possa fazer uma boa mediação das TDIC’s junto a seus alunos e que a proposta do
ensino híbrido seja efetivamente aplicada. É desejável ainda que os futuros
governantes seja da esfera federal ou das estaduais e municipais não feche os olhos
para as inovações e que elas sejam implantadas de fato em todas as escolas públicas
brasileiras.

6. Considerações finais

O objetivo do trabalho foi de contextualizar o uso das TDIC’s no cenário da sala de


aula remota no contexto da pandemia de COVID-19. Conforme os artigos mapeados e
lidos observou-se que as redes particulares de ensino saíram na dianteira em elaborar
estratégias de aproximar os estudantes dos conteúdos escolares, enquanto grande parte
da rede pública mostrava-se perdida e sem saber em que direção caminhar. Aliada à
demora em tomar uma decisão que garantisse a aproximação dos estudantes com a
escola, a resistência de parte dos professores em migrar para o ensino on-line,
provocadas por insegurança em trabalhar com as TDIC’s mais as desigualdades sociais
acentuadas pela falta de equipamentos e de internet por parte dos estudantes para
acessarem as aulas implicou em enormes prejuízos educacionais a longo prazo,
principalmente para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental I, onde se concentram
crianças em fase de alfabetização.
Outro fator que chamou bastante a atenção e não deve ser ignorado é o fato de que os
docentes necessitam de formações e capacitações em serviço a fim de terem autonomia
para trabalhar com as TDIC’s disponíveis inovando sua maneira de dar aulas. Também
se faz necessária e urgente a inclusão de uma disciplina que aborde o uso das
tecnologias digitais nos cursos de licenciatura, de forma que esse docente se torne
fluente no uso dos recursos tecnológicos. É inadmissível que em pleno século XXI
tenhamos profissionais que se limitem a fazer uso básico de ferramentas de edição de
textos, com uma infinidade de recursos que surgem a todo o momento.
O mapeamento realizado apresentou um panorama geral da educação brasileira no
período da pandemia, o impacto das TDIC’s nas escolas públicas, a falta de preparo
dos docentes, a resistência de grande parte desses docentes e as disparidades sociais
que impediram o acesso de todos os estudantes aos conteúdos escolares, seja por falta
de equipamentos tecnológicos ou pela dificuldade no acesso à internet. Para trabalhos
futuros seria pertinente realizar pesquisas de como as TDIC’s estão sendo utilizadas no
pós pandemia principalmente nas escolas públicas e que ações o poder público tem
realizado em busca da tão falada equidade na educação.

7. Agradecimentos
Este trabalho foi financiado pelo Programa Universidade Aberta do Brasil
(UAB/CAPES).

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