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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II– 4º ANO
PRO. DR. FRANCISCO WILLAMS CAMPOS LIMA E
PROFA. MSC. IOLANDA RODRIGUES COSTA
DISCENTES: ADMA DANIN DE LIMA
ALAIR ALMEIDA
CÉLIA ROCHA
JÉSSICA VIEGAS
MARIA DO CARMO DOS SANTOS
MICHEL MORAIS

ENSINO HÍBRIDO E SEUS DESAFIOS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA


ROTAÇÃO INDIVIDUAL

BELÉM/PA
DEZEMBRO/ 2021
INTRODUÇÃO

O Ensino Híbrido, ou Blended Learning, é uma tendência da Educação, que


promove uma mistura entre o ensino presencial e propostas de ensino online, integrando
a Educação à tecnologia.
Segundo Lilian Bacich (2015. p, 74) “o ensino híbrido é uma mistura
metodológica que impacta a ação do professor em situações de ensino e a ação dos
estudantes em situações de aprendizagem”. A adoção do ensino híbrido em um nível
mais profundo exige que sejam repensadas a organização da sala de aula, a elaboração
do plano pedagógico e a gestão do tempo na escola. Dessa forma, “o papel
desempenhado pelo professor e pelos alunos sofre alterações em relação à proposta de
ensino tradicional e as configurações das aulas favorecem momentos de interação,
colaboração e envolvimento com as tecnologias digitais” (BACICH. 2015. p,75).
Porém, cabe ressaltar ainda que o ensino híbrido não é a mesma coisa que o
ensino remoto emergencial, instaurado nas escolas brasileiras em resposta à pandemia
do COVID-19, apresentando diferenças desse formato e também do de Educação a
Distância (EAD).
O ensino híbrido tem como objetivo: combinar as vantagens da educação
presencial e a distância com o intuito de estimular as interações sociais e culturais e
ainda proporcionar o contato com as ferramentas tecnológicas do campo da educação.

BREVE HISTÓRIA DO ENSINO HIBRIDO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Embora seja parte comum da pedagogia de muitas universidades e escolas


particulares no Brasil o ensino hibrido faz parte do currículo educacional há quase 40
anos nas instituições de ensino em alguns países ao redor do mundo, em especial o
estadunidense, que consolidou a pratica e introduziu gradativamente em seus meios
educacionais. O Ensino hibrido ou Blended Learning (ensino misto ou combinado)
iniciou nos Estados Unidos nos anos 60, com o advento da revolução tecnológica, na
época era utilizado uma forma mesclada de aprendizagem, no qual os computadores
começavam a ser introduzidos na realidade educacional. A partir dos anos 70 essa forma
de educação se consolida com mais força, quando se inicia a aplicação do ensino por
computador (EAC). A partir dos anos 90 começa a haver a consolidação desta forma de
educação computadorizada, devido os baixos custos dos aparelhos, inicia uma
democratização do acesso as plataformas digitais, tornando assim, o computador parte
integrante da educação dos estudantes, não só de ensino superior, mas médio e infantil
também.
O ensino hibrido chega ao Brasil a partir dos anos 2000, porém não em escolas
ou universidades, mas sim em repartições e empresas, que já usavam destes métodos
para ampliar suas formas de aprimoramento de funcionários. Devido à realidade social
e, aspectos logísticos de democratização da informática e internet no Brasil, há uma
dificuldade de tornar acessível algo que já estava sendo parte integrante na realidade da
educação em muitas localidades, fazendo do ensino hibrido uma realidade que demora a
ser reconhecida nas escolas públicas do país.
Nas universidades e escolas particulares no Brasil, o ensino hibrido já faz parte
há mais de 10 anos das praticas educacionais, usando uma pratica chamada rotação de
laboratório, os alunos já utilizavam o ensino a distância, ensino mesclado e técnicas de
aperfeiçoamento tecnológico há muitos anos.
Na pandemia do COVID-19, houve uma necessidade maior de aperfeiçoamento
em varias esferas referentes ao ensino hibrido no Brasil, tendo em vista as precariedades
do sistema publico de educação, o país começa a enxergar que há muitas limitações no
que diz respeito as técnicas de ensino a distância, tanto relacionado a uma internet não
democratizada, quanto também, ao fato de não haver profissionais qualificados, que não
tinham sido apresentados as discussões referentes as pedagogias a serem utilizadas no
ensino a distância (EAD).
O momento de pandemia no Brasil, iniciado no inicio de 2020, em decorrência
do COVID-19, trouxe para planos de debates a realidade da educação atual no Brasil, e
como poderia continuar havendo ensino, tendo em vista a realidade social dos alunos, as
precariedades de acesso a internet e o limitado conhecimento de uma parcela dos
profissionais da educação como um todo.
Algumas escolas públicas no Brasil já adotavam o ensino hibrido antes mesmo
da pandemia, usando o que é conhecido como rotação de laboratório, rotação de ensino
em grupo e rotação de estações, no qual os alunos eram introduzidos aos poucos as
formas de aperfeiçoamento tecnológico. Ampliada em grandes capitais do país, essa
forma de educação se dissemina há mais de cinco anos em varias outras escolas pelo
Brasil.
O PAPEL: DO PROFESSOR, DO ALUNO E DA TECNOLOGIA NO ENSINO
HIBRIDO

No ensino híbrido, o professor não é o único responsável pelo aprendizado do


aluno, já que esse se torna dono da sua trajetória. O papel do professor está relacionado
com a evolução da informação na sociedade. O professor divide a tarefa da exposição
de conteúdo com as ferramentas digitais e pode se dedicar ao desenvolvimento de
competências e habilidades que preparem os estudantes para o futuro. Desta forma, o
professor precisa estar mais preparado para esta nova realidade, precisa dominar e
aprofundar seus conhecimentos nas principais mudanças e habilidades, relacionando-se
a essa evolução das tecnologias digitais que se expandiu de forma exponencial na
evolução das salas de aula.
Segundo Moran (2015. p, 57):
o aluno pode ser também produtor de informação, coautor com seus colegas
e professores, reelaborando materiais em grupo, contando histórias
(storytelling), debatendo ideias em um fórum, divulgando seus resultados em
um ambiente de webconferência, blog ou página da web.
É importante compreender que a tecnologia é uma aliada. A inovação
tecnológica está melhorando o aprendizado do aluno e transformando o papel do
professor no ensino híbrido. Porém, o uso de tecnologias em sala virtuais é só uma parte
do todo. As mudanças não ocorrem de um dia para o outro, nem existem fórmulas
prontas, o aprendizado pode acontecer em qualquer hora e em qualquer lugar. Mas a
tendência é que, com o modelo híbrido de ensino e o uso das tecnologias como suporte
aos professores, seja possível criar um ambiente ideal de aprendizagem, docentes
motivados e alunos participativos e responsáveis. No entanto, a ferramenta mais
poderosa para usar tecnologia educacional de maneira efetiva nas aulas é a criatividade.
Afinal, saber utilizar os espaços disponíveis e aproveitar o máximo das ferramentas
digitais que nos oferece a possibilidade de tornar o aprendizado muito mais divertido.

ROTAÇÃO INDIVIDUAL

DEFINIÇÃO
O Modelo de Rotação trata-se de uma metodologia ativa de ensino, que segundo
Bacich, Neto e Trevisani, (2015, p. 78), compõem as diferentes formas de trabalhar o
ensino híbrido nas escolas. As atividades propostas neste molde podem ser realizadas
em horários fixos ou segundo a orientação do docente. As tarefas podem ser efetuadas
por meio de discussões em grupo, por escrito, leituras e atividades online com ou sem a
presença do professor.
No modelo de Rotação Individual, “os estudantes rotam por modalidades de
aprendizagem de acordo com uma agenda personalizada”. A diferença deste para outros
modelos de rotação é que os estudantes têm roteiros individuais, e não passam
necessariamente por todas as estações (BACICH; NETO; TREVISANI, 2015, p. 81).

OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS

De acordo com Bacich, Neto e Trevisani, (2015, p. 81), não há uma proposta de
rotação individual que ocupe todo o período de aula, ou como única estratégia utilizada,
uma vez que, esta proposta de personalização não impede a realização das demais
estratégias de ensino. As Summit Schools estimulam uma cultura de altas expectativas,
colocando os estudantes como protagonistas, de seu aprendizado na maior parte do
tempo. Nessa perspectiva, “o controle individual de seu aprendizado é a chave do
envolvimento dos estudantes” afirmam os autores.
Nesta proposta, elementos do tipo como avaliar para personalizar devem estar
presentes, visto que, a elaboração de um plano com este perfil só faz sentido se o aluno
tiver o caminho a ser percorrido bem definido, respeitando suas dificuldades ou
facilidades. Em relação a agenda diária do aluno, deve ser individual, e personalizada
conforme suas necessidades. Quanto ao tempo de rotação deve variar de acordo com as
demandas, em alguns casos pode ser livre, pode não ocorrer rotação, e também pode ser
necessário determinar um tempo para o uso dos computadores (BACICH; NETO;
TREVISANI, 2015, p. 80, 81).
Diante do desafio de tornar o aluno protagonista de seu processo de ensino e
aprendizado, com vistas em roteiros personalizados, o planejamento torna-se uma
importante ferramenta para se pensar uma aula onde os alunos possam rotacionar por
diferentes tipos de aprendizagem, de acordo com suas habilidades e deficiências, que
concorde com uma agenda individual e singular.
Vale ainda ressaltar, que esta proposta é viável para ser trabalhada na educação
inclusiva, uma vez que se compromete com roteiros personalizados, obedecendo as
peculiaridades e necessidades de cada aluno.
ROTAÇÃO INDIVIDUAL: APLICAÇÃO PRÁTICA NO ENSINO RELIGIOSO
PARA O 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

UNIDADE TEMÁTICA: Crenças religiosas e filosofias de vida


OBJETOS DE CONHECIMENTO: Vida e morte
HABILIDADES: (EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições
religiosas e filosofias de vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres.
CONTEÚDO: Ritos fúnebres nas denominações religiosas: budismo, afro-brasileira,
cristianismo e espiritismo.
DURAÇÃO: 100 MINUTOS
O QUE PODE SER FEITO PARA PERSONALIZAR: Esta aula é pensada de forma que as
estações estejam disponíveis para que os alunos façam a rotação segundo suas preferências e
necessidades, a fim de produzir um resumo final sobre o tema, o que permite controle e
personalização da aprendizagem.
RECURSOS: Equipamentos tecnológicos, programas de computador, livros, cartolinas, sites,
jogos, etc. Livros didáticos. Computadores com acesso à internet Acesso ao Portal de Ensino do
9º ano do Ensino Fundamental.
CRIAÇÃO DOS ESPAÇOS:
Espaço 1 – Diálogo com o professor: o professor permanecerá como um tutor, que poderá
colaborar com discussões e reflexões, bem como auxiliar na interpretação dos textos e
elaboração do resumo final. Dialogar com o professor, discutindo e refletindo sobre o que for
lido e analisado. Propor discussões e reflexões ao professor que articulem as leituras e
atividades em execução. O professor irá realizar tutoria e estar disponível para reflexões a partir
do tema, tendo em consideração a estação e atividade que o aluno tiver realizado.
Espaço 2 – Acesso ao conteúdo digital (Esta estação permite ao aluno acessar a aula on-line, a
qual conta com uma sequência de atividades que expõem o conteúdo de forma dinâmica, dando
pano de fundo teórico ao tema.). O aluno deve acessar a aula on-line do Portal do Ensino.
Espaço 3 – Livros didáticos, livro paradidático e artigo: utilizar a leitura dos livros didáticos, do
livro paradidático e do artigo como suporte ao estudo do tema. O aluno irá ler e analisar as
informações dos livros e artigos no processo de elaboração do resumo final.
AVALIAÇÃO: O que pode ser feito para observar se os objetivos da aula foram cumpridos? Os
resumos criados pelos alunos devem ser analisados e utilizados como forma de avaliação do
alcance dos objetivos. Como foi sua avaliação da aula? (Aspectos positivos e negativos).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No ensino híbrido o modelo de rotação individual observa-se que cada aluno
tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a
serem estudados. Aspectos como avaliar para personalizar devem estar muito presentes
nessa proposta, uma vez que a elaboração de um plano de rotação individual só faz
sentido se tiver como foco o caminho a ser percorrido pelo estudante de acordo com
suas dificuldades ou facilidades.
Vale ressaltar que o uso de tecnologias avançadas só terá êxito no processo
ensino-aprendizagem, se o professor estiver apto a usá-la e a aprimorar seus
conhecimentos, bem como esteja aberto às mudanças a fim de corresponder aos
interesses de seus alunos e ser estímulo ao crescimento dos mesmos.

REFERÊNCIAS

BACICH, Lilian. TANZI NETO, Adolfo. TREVISANI, Fernando de Mello (Org.).


Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação [recurso eletrônico]. – Porto
Alegre: Penso, 2015.

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