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Edição 01 – Ano I – Março de 2021 - Araraquara, São Paulo.

Boletim de Opinião da Resistência Popular Estudantil 28 de Março.

universidades brasileiras, sem se quer ter


estruturas suficientes ou mesmo o apoio das
Este é o primeiro número do Boletim da comunidades escolares e acadêmicas, foi
Resistência Popular Estudantil, periódico também imposto um novo modelo
bimensal destinado para debates, notícias e educacional, marcado pela mercantilização do
urgências ligadas as lutas do movimento conhecimento e pelas precárias condições de
estudantil e compromissado na defesa da ensino, aprendizagem e trabalho.
educação pública. A iniciativa deste boletim
parte do sentimento coletivo pela retomada do A escolha por simular uma normalidade
caráter político revolucionário das discussões inexistente, apenas escancara o projeto
no movimento estudantil, da necessidade de educacional "dos de cima", que não se
incentivo e participação da estudantada em preocupa com a realidade cada vez mais dura
temas e questões em que essas/es estão "dos de baixo", e por se furtar dessa
diretamente afetadas/os. Para além, responsabilidade social reproduz um
afirmamos aqui nosso lugar na trincheira da pensamento forjado no produtivismo,
disputa epistemológica, dentro e fora dos empregabilidade e na competição, que ao fim
muros da universidade, por um conhecimento e ao cabo se representa na expressão "cada
popular, anticolonial, libertário e um por si nas atividades não presencias".
anticapitalista. Assim como acreditamos que Neste ponto, acreditamos que o papel da
toda luta é pedagógica e que um movimento Universidade durante a pandemia deveria ser
estudantil forte, apenas se constrói pela em centrar todas as forças no combate da
participação diária. Covid-19, articulando e estimulando que cada
área/curso reflita sobre o seu papel prático
O ano de 2020, marcado pela para o combate à pandemia e contenção de
pandemia de COVID-19 aprofundou e contágio aos pobres.
escancarou o projeto antipovo imposto desde
cima pelos que nos governam: o aumento de Defendemos para além disso, que as
custo de vida, o ajuste fiscal, a desigualdade universidades públicas se convertam em
educacional e o desemprego crescente são polos de vacinação e de conscientização
sinais evidentes de um projeto de corte popular, estimulando e estreitando laços entre
neoliberal, comandado por genocidas, a comunidade acadêmica, profissionais da
banqueiros e pela elite empresarial brasileira. saúde e professores da rede pública.
Especialmente na educação pública, o
Tensionando cada vez mais para o
cenário é de exclusão educacional e
entendimento das universidades como uma
precarização, pois com a adoção do Ensino
ferramenta à serviço dos interesses e
Remoto na maioria das escolas e
necessidades dos de baixo, onde as aulas, as
pesquisas e as extensões vocalizem as destacar que estas políticas de permanência,
demandas por uma vida digna aos de baixo. ainda que insuficientes, foram arrancadas
pelas lutas e reivindicações do movimento
Á aqueles/as estudantes que estudantil e portanto não são concessões
conseguiram rasgar o filtro social do vestibular benevolentes das Universidades.
e ingressaram em uma universidade pública,
aqui apresentamos a universidade aos olhos Portanto, nossa luta é pela
do movimento estudantil. De entrada já vemos universalização do conhecimento, pelo
muitas barreiras entre nós e o conhecimento ingresso cada vez maior dos de baixo nas
acadêmico, que por sua vez é formado em universidades, com condições suficientes
uma estrutura de poder profundamente para ter uma educação e uma vida digna. É
antidemocrática e corporativista. Permanecer também pelo resgate da combatividade e da
em uma universidade pública, significa ao ação direta estudantil.
estudante pobre muitas vezes uma rotina
sobrecarregada e dividida entre o trabalho Lutar Juntos/as, Estudar Junto/as!
precarizado e os estudos, haja visto a Pelo Fim do Vestibular!
insuficiência das políticas de permanência Para Mudar a Educação, Luta, Ação direta
ofertadas institucionalmente. Cabe aqui e Autogestão!

O primeiro ataque que o ensino própria estrutura do vestibular, que há tempos


superior público sofre no Brasil é através do desempenha seu papel de tirar o direito ao
vestibular. Um sistema de provas importado, acesso livre das camadas populares de
quase cópia do exame de qualificação obterem uma formação digna.
“Baccalauréat” francês, que regulava a
seleção de quem irá ou não ter acesso à SOBRE A NECESSIDADE DO FIM DO
universidade; um dos exemplos mais simples VESTIBULAR PÓS-PANDEMIA
do avanço de projetos anti-povo na educação,
já que o vestibular é em si, uma expressão da Hoje, embora o Estado tente ofuscar, é
privatização do ensino público. evidente que vivemos em um momento
pandêmico, de anormalidade social, de
A pandemia de Covid-19 levantou o extrema vulnerabilidade econômica,
debate sobre adiamento ou cancelamento do intensificado pela interrupção dos auxílios
ENEM e dos demais vestibulares, e emergenciais, e de exclusão escolar por meio
entendemos a necessidade de aprofundar a das aulas remotas, que impossibilitam ainda
discussão não só sobre as barreiras que mais o contato de estudantes pobres com o
encontramos em uma crise social em relação ensino público. Além dos aspectos materiais,
ao ENEM e o acesso à Universidade, mas da as questões psicológicas em meio a uma
pandemia são definitivas para a condição dos Além disso, problemas como
e das estudantes, que aumentam ainda mais oferecimento de equipamentos de proteção
pela pressão da estudantada frente ao filtro do individual (EPIs) para os e as estudantes,
vestibular, uma vez que o contexto social de higienização dos espaços para a contenção
mais de 250 mil mortos por Covid-19 do contágio e diminuição da capacidade de
assombram as notícias e as casas brasileiras lotação de cada sala, respeitando o
diariamente. distanciamento estipulado pelas normas
sanitárias, são exemplos de situações de risco
Em meio ao caos, o Exame Nacional do que não foram devidamente atendidas. Ainda,
Ensino Médio foi aplicado, com o Ministro da o despreparo para a realização da prova pelos
Educação, Milton Ribeiro, vendendo a farsa órgãos responsáveis ocasionou situações de
do “sucesso e vitória”. Contudo, os números barramento de estudantes que não puderam
de evasão e a insatisfação dos e das realizar o exame por conta da lotação de mais
estudantes nos mostram outra faceta do de 50% do espaço, que, como solução, não
“sucesso”: com a maior evasão da história do foram realocados, mas excluídos do
ENEM, 51,5% de estudantes inscritos processo.
desistiram da prova, e, com isso, da
possibilidade de entrada ao ensino superior As dimensões acima descritas vão na
em 2021 – vale dizer que não estamos contra mão do que se espera em um momento
advogando pela produtividade exacerbada, de pandemia: para conter o avanço da
pela normalidade do momento em adentrar o doença, respeitar o isolamento social e lutar
ensino superior, mas, de indicar que o por uma vacinação ampla e irrestrita é
Ministério da Educação frustrou a primordial, mas a realidade do Estado nos
possibilidade de entrada na universidade para mostra que a prioridade para o governo é
51% de estudantes, enquanto para aqueles e tocar a “normalidade”, mantendo a aplicação
aquelas que tiveram a acessibilidade para inflexível dos exames e vestibulares como se
acompanhar as aulas remotas, a chance de se nada estivesse acontecendo. Como vemos, o
manter em casa com proteção, estudando abismo da desigualdade do ensino brasileiro,
sem a preocupação de manter a renda que já era grande, intensificou-se ainda mais
familiar, que puderam encaminhar-se com durante o período de pandemia.
segurança aos locais de prova, o ENEM
permaneceu como todos os anos, garantindo Impossibilitando o ensino presencial
a entrada de uma classe social específica na nas escolas e cursinhos populares, e desta
universidade. A evasão é reflexo direto de um maneira, motivando a desfasagem e a
ano letivo inacessível, sem qualidade precarização do ensino para a maioria das/os
pedagógica, que desestimula dia a dia os/as estudantes brasileiros, as condições físicas,
estudantes mais vulneráveis da sociedade, psicológicas e econômicas das/os estudantes,
que para além de serem marginalizados que muitas vezes são forçadas/os a manter
durante todo o percurso no ensino público uma normalidade já não mais existente,
brasileiro, são ainda mais precarizados nos agravam essa situação. Tendo a sua rotina
momentos de crise. alterada por completo, torna-se cada vez mais
difícil acompanhar as aulas remotas, tanto por
questões de acesso à internet e a ferramentas (leia-se, com maiores condições econômicas),
digitais, quanto por sobrecarga emocional, assumem a frente da sociedade, cabendo aos
física ou mesmo de trabalho, seja ele demais "correr atrás do prejuízo". Tal
produtivo ou reprodutivo. narrativa, não é só absurda e insensível, mas
também desconsidera a desigualdade
Por isso que, se defendemos uma econômica enquanto condição permanente de
educação de acesso a todas/os, é de extrema nossa sociedade no capitalismo, o que não
necessidade que nossa luta urgente esteja nos surpreende, uma vez que é a orientação
direcionada ao cancelamento do ENEM e dos ideológica do Estado e das instituições. Antes,
demais vestibulares em 2021, uma vez que durante ou pós-pandemia; enquanto houver
não há perspectiva de vacinação em massa vestibular, haverá uma vantagem da rede
ou de controle da pandemia neste ano. Não privada do ensino básico em relação a rede
podemos deixar as/os estudantes pobres pública, negando o acesso da juventude
novamente à deriva do poder do Estado em trabalhadora a uma universidade pública.
adiar, mais uma vez, por 30 ou 40 dias a prova
do Enem ou de criar plataformas virtuais não Outro cenário que pertence à esse
democráticas para que o teste ocorra. debate, considerando a falta de
Encampar a bandeira do cancelamento dos democratização do ensino público justificada
vestibulares de 2021 em caso de pelo vestibular, é a realidade das/os
agravamento ou até mesmo na constância de estudantes pobres que passam por esse
contaminação que estamos vivendo, é “filtro” e que tem sua graduação em risco à
assumir a responsabilidade social que a todo momento, pois, sem ter dinheiro para
universidade pública deveria ter com o povo, permanecer na faculdade, não sabem se
principalmente em uma conjuntura pandêmica conseguirão se formar, tendo que, em muitos
repleta de incertezas e limitações. casos, conciliar sua rotina de estudos com o
trabalho (principalmente informal e
Os vestibulares na realidade da precarizado), para conseguir uma renda
educação brasileira são instrumentos para básica para permanecer estudando.
legitimar e reforçar a exclusão educacional, e
tem seu funcionamento enquanto uma O ensino superior público não é feito
espécie de "filtro social" que barra e cerra as para a entrada e nem para a permanência de
portas da universidade ao povo, ao mesmo quem sofre com a exploração capitalista.
tempo em que garante o acesso às/aos Como se não bastasse excluir os pobres da
estudantes de redes particulares de ensino - universidade, o Estado não dá as condições
sejam estas cursos pré vestibulares ou necessárias para que os poucos que estão ali
instituições privadas de ensino médio. Este consigam se manter, mostrando os valores de
quadro de desigualdade de acesso ao ensino uma instituição feita originalmente para a elite.
superior se aprofunda cada vez mais, saltando Ou seja, para que haja uma democratização
aos olhos pela narrativa adotada pelo ex- plena do acesso à universidade pública é
ministro da educação Abraham Weintraub, preciso também defender o fim do
que classifica o ENEM enquanto uma vestibular. Só que para essa defesa ser
competição, onde os melhores preparados devidamente posta, ela deve ser
acompanhada de outras reivindicações da garantia de acesso à uma alimentação digna
luta por uma educação digna, que podem ser: e auxílio para sua manutenção pessoal.

1) defesa do investimento na licenciatura, Portanto, na construção de um projeto


que é a principal formação para de universidade popular que aponte para
professoras/es das escolas públicas; transformação da sociedade em que vivemos
2) ampliação do ensino, pesquisa e faz-se necessária a defesa intransigente de
extensão das faculdades, articulando uma educação gratuita, de qualidade, laica e
ainda mais a função social da inclusiva, o que implica romper com o
universidade com a comunidade; afastamento da universidade com o povo.
3) fomentar condições dignas de trabalho Fortalecendo e incentivando desde nosso
as/aos servidoras/es do ensino público, do local de estudo as relações com os
básico ao superior; movimentos sociais e frentes de lutas já
4) investimento de dinheiro nas escolas existentes, é caminhando ombro a ombro que
públicas, fornecendo estudo digno as/aos forjamos, juntas e juntos, um projeto de
estudantes da rede, assim como um educação digna com direto ao acesso
ambiente seguro e propício ao ensino e universal e garantias de permanência.
aprendizado;
Por uma educação sem prêmios e nem
Nesse contexto é necessário também castigos, exigimos dignidade!
que realizemos contra-ataques, a curto e
Sem vacinação ampla e irrestrita, sem
médio prazo, para a luta avançar. Desde
vestibular em 2021!
fomentar cursinhos populares, para tentar
rasgar a peneira do vestibular, até a luta por Pelo fim do vestibular, todos tem direito de
permanência estudantil; para que as/os estudar - e sem pagar!
estudantes pobres que entrarem nas
universidades tenham onde morar, com a Lutar para além da pandemia, avançar
contra o vestibular!

Os cursinhos livres desempenham educação direcionada a luta, voltada não


um papel fundamental na inserção da somente a entrada à universidade, mas a
estudantada pobre na universidade permanência e combate a estrutura colocada
pública. pelo Estado, extremamente alinhada aos
interesses capitalistas.
Com o objetivo de proporcionar um
curso preparatório para o vestibular destinado Como um espaço muitas vezes
a estudantes economicamente vulneráveis, os autogestionário e horizontal, alheio as
cursinhos, organizados de forma voluntária estruturas de dominação e hierarquização
pelos anseios populares, constroem uma tradicionais das escolas brasileiras, é terreno
fértil para a construção de formas de construir um conhecimento que vá de
sociabilidade e organização, inserindo a encontro a um projeto libertário de sociedade.
estudantada em novas possibilidades de luta
e de resistência. Os cursinhos livres, como uma
resposta popular a insatisfação ao ensino
O caminho a educação popular é brasileiro e seus mecanismos excludentes de
traçado no cotidiano do espaço, na interação entrada na educação superior, forja no seio da
entre educadores e estudantes, fomentando a luta social a construção de uma educação
troca e diálogos críticos sobre a construção do libertária, de intenção revolucionária, que,
conhecimento e a sua finalidade social. É mesmo ancorada no objetivo primário de
neste cotidiano construído diretamente pelas inserir o estudante na universidade, trilha um
mãos de estudantes, educadoras e caminho completamente diferente daquela
educadores, que se torna possível a oferta de educação tradicional, alcançando a tomada
uma educação que, não somente preenche a de consciência de uma estudantada que,
omissão de um ensino público de qualidade, sentindo na pele as repressões e investidas
mas é forjada pela intencionalidade política e do capitalismo e do Estado, fortalece em si e
social do processo de ensino e aprendizagem. em sua comunidade mecanismos de
resistência e de luta permanente.
Entendemos que a educação não deve
se basear apenas numa dimensão A escola hoje é uma fábrica de
conteudista, enciclopédica, como a conhecimentos básicos para a indústria da
requisitada pelos grandes vestibulares, mas profissão, e é necessário que se quebre a
deve dialogar permanentemente com a lógica de produção de conhecimento a todo
conjuntura e as condições de vida atuais, de custo, sem vínculos com as necessidades de
forma a tensionar os debates e caminhar para um povo, e a torne em um espaço de busca
uma educação realmente voltada as conjunta por ideias, concentradas na
necessidades e interesses do povo. Portanto, transformação de um povo que está
é neste espaço frutífero que se torna possível robotizado, voltada a construção de uma
o diálogo entre educação e a luta estudantil, sociedade cada vez mais autônoma e
de modo a contextualizar os estudantes aos consciente de suas produções intelectuais e
obstáculos e ataques permanentes do ensino materiais, alinhadas a uma finalidade social,
superior, público ou privado, e, além disso, que para todos sirva e que de todos vem.

Em todo ano em que se inicia, é tempo com uma realidade totalmente nova, e são
de ingresso de milhares de estudantes nas apresentados com vislumbre à uma
universidades públicas e privadas. Estes universidade que se orgulha de seu
estudantes, que nas universidades públicas tradicionalismo e desempenho em cursos
(estaduais e federais) conseguiram rasgar a renomados.
peneira social que é o vestibular, se deparam
A "tradição do trote" nas universidades direito de orquestrar as outras pessoas para
brasileiras foi iniciada na passagem do século seu benefício ou entretenimento, podendo
XIX para o XX, introduzida pelos estudantes relacionar ao fato de uma parcela dos trotes
da elite, a partir dos exemplos violentos da mais violentos se encontram nos cursos mais
Universidade de Coimbra (Portugal), que por elitizados da educação pública brasileira.
sua vez remetia à práticas da Idade Média,
justamente no momento de consolidação das Para as mulheres, os trotes
universidades europeias no século XV. universitários utilizam da violência sexual
como forma de humilhação e essas
Dessa forma, é impossível dissociar estudantes, e casos como assédio e estupro
o trote universitário da conformação da são relatados anualmente nos processos de
universidade tradicional no Brasil, com ingresso, de forma informal ou levando a
perfil extremamente violento, elitista, formalidade acadêmica, no formato de
racista e misógino. denúncia. Devemos ressaltar que muitas das
denúncias comunicadas as faculdades não
Dentre as práticas mais comuns estão; são levadas com seriedade, permitindo que
ingressantes sempre chamados de bichos ou essas agressões continuem e permaneçam
por apelidos pejorativos, sendo "emancipados normalizadas e legitimadas dentro do
pelos veteranos", através de um ritual de ambiente universitário, deixando-o cada vez
extrema violência e depreciação; músicas de mais inseguro. Chamando o trote de tradição,
humilhação aos ingressantes, enfeitamentos neutralizamos a sua violência,
e descaracterização do corpo do calouro, a impossibilitando o combate direto a esses
obrigação de ser submisso/a e silenciado/a, a costumes vexatórios e que apenas reforçam
embriaguez forçada de calouros pelos uma estrutura de dominação entre as
veteranos. Ações essas que sempre são pessoas.
justificadas em prol da manutenção da
tradição do trote. Estes casos não são isolados,
pertencentes a uma ou outra cidade, mas são
Nesse sentido, entendemos o trote generalizados por todo o Brasil, sendo
como uma ação que reproduz na estudantada necessário apenas uma pesquisa para
ingressante as estruturas de dominação, de identificar os inúmeros casos que ocorreram
violência e humilhação recorrentes em nossa ao longo dos anos, e perceber uma constante:
sociedade, intensificada no pensamento de a falta de investigação sobre os agressores e
que existem estudantes, que por conta de seu a facilidade em arquivamento pelo Poder
tempo na instituição, se acham no poder de Público destes episódios violentos.
ser "donos" de outros. Nós lembramos a estes
estudantes de que nenhum estudante Relembramos a memória de todas e
ingresso é "propriedade", seja de outro todos os estudantes que foram brutalmente
estudante, professor ou de qualquer outro violentados, desde humilhações, processos
agente universitário, e percebemos que essa vexatórios, embebedamento, ridicularização
perspectiva dialoga com a própria origem do dos corpos, assédios, estupros, a casos como
trote, uma vez que os mais ricos se acham no o de Edison Chi Hsueh, assassinado por
estudantes de medicina da USP em um trote que essa "tradição" se estenda por mais
de 1999. Relembramos também os casos de tempo, causando traumas profundos no
nossa cidade, em que dois estudantes foram processo de entrada na universidade
brutalmente agredidos por se recusarem a brasileira.
raspar seus cabelos, tendo que ser
hospitalizados, culminando em pontos em seu Relembramos para não nos esquecermos,
rosto e amnésia temporária. para não perdoarmos!

A nossa sociabilidade estudantil não Nem bixo/bixete, nem veterano!


está em relações de dominação, não está na
humilhação de um/uma colega. A luta contra o Nossa integração não cabe nessa velha
trote deve ser horizonte permanente do tradição.
movimento estudantil, que não pode permitir

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