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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF.


ANTÔNIO GARCIA FILHO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
HABILIDADES E ATITUDES EM SAÚDE

ANDRÉ DE GOIS SANTANA

RELATORIA: APRESENTAÇÃO DOS PRINCIPAIS PONTOS DO 2° ENCONTRO


DE PEC- SENSO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

LAGARTO 2020
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Pontos abordados em aula

 Diferença entre faculdade e universidade.


A universidade precisa como característica imprescindível atuar em um tripé de ações,
quais sejam, o ensino, a pesquisa e a extensão. Essa atuação ampla da universidade a torna
mais importante frente às necessidades da sociedade, haja vista que o conhecimento científico
produzido nela é de relevante importâncias às necessidades sociais, além disso a extensão
também atua nessa relação, porém mais próxima com a comunidade, como algo mais direto e
com foco em alguma questão inerente aos problemas sociais. Por outro lado, a faculdade não,
necessariamente, atua com esse tripé, não que ela não possa, mas por não haver uma
obrigatoriedade e principalmente incentivo e promoção de condições necessárias para que
isso ocorra. A faculdade em geral possui foco no mercado e consequentemente no lucro a
partir da prestação de seus serviços educacionais. Devido a essa necessidade de mercado
existe uma restrição na abrangência dos cursos que são oferecidos, em geral priorizando os
cursos de maior prestígio social, a fim de se aumentar o lucro, diferentemente das
universidades, que possuem a relevância social de oferecer não somente os cursos de
prestígio, mas também os de não prestígio e os quais podem estar os de fundamental
importância na seguridade da estrutura social, embora possam não ser prestigiados
economicamente.

 O porquê da preferência pelas universidades?


A universidade apesar de receber bastante crítica social, especialmente nos últimos
anos, quanto ao seu caráter ‘irretocável’, ou seja, à sua estrutura autônoma e pouco ou nada
dependentes do modelo político vigente apresenta-se ainda como o melhor modelo de
produção de conhecimento social e assim vai permanecer por muito tempo; seu modelo de
produção de ciência e de prestação de serviço desvinculado da prática mercantil torna
possível uma maior independência e melhor atuação quanto ao que fazer dentro do seu espaço
de atuação, estando alheia muitas vezes às exigências que em geral as faculdades estão
sujeitas, isto é, às necessidades de produção de lucro, à livre concorrência e a sua consequente
necessidade de agradar sua clientela a fim de não perder capital e à exigência quase que
obrigatória em balancear o quadro de docentes a ponto de não gastar muito com folha salarial,
o que a leva, assim, a contratar um número reduzido de professores, não mais do que o
necessário, ou contratando poucos com um maior nível de formação, tendo em vista que estes
custam mais.
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 Perfil docente nas IES


As instituições de Ensino Superior em 2019 possuíam 386.073 docentes ativos, dos
quais 54,3% pertenciam às instituições públicas e 45,7% às particulares. Avaliando por tipo
de instituição, nas universidades públicas o quadro de docentes doutores ultrapassa 60% do
total, o restante é dividido em mestres (próximo de 30%) e especialistas (pouco mais de 10%).
Nas faculdades essa realidade é bastante diferente: aproximadamente 26% são doutores, 47%
são mestres e 27% especialistas. Uma característica também muito forte das universidades é a
dedicação em tempo integral dos docentes, ultrapassando 70%, nas faculdades esse valor
aproxima-se de 25%, o restante dos docentes é do tipo horista (31%) ou com dedicação
parcial (44%). Um dado também interessante, que exemplifica o tópico anterior, é a relação
do número de docentes com a quantidade de discentes de cada tipo de instituição: as IES
particulares possuem 75,8% das 8.603.823 matrículas no ensino superior no Brasil, o que
equivale a três vezes o número de matrículas das instituições públicas (24,2%), no entanto,
como mencionado, apenas 45,7% dos docentes estão nessas instituições constatando uma
menor relação entre professor/aluno nas faculdades.

 ‘Alto valor’ das universidades e sua alta qualidade de ensino.


Uma discussão de suma importância é a questão dos investimentos nas universidades
federais, contestado como altos por alguns segmentos sociais, e sua qualidade na prestação
dos serviços que lhe compete – ensino, pesquisa e extensão. No geral, as universidades são a
preferência da maioria dos candidatos a uma vaga no ensino superior. Isso se deve a vários
fatores. Ao seu alto padrão de ensino e à sua proposta de formação diversificada (seja no
quesito quantidade de cursos, seja nas possibilidades possíveis de complementar o currículo
individual com palestras, cursos complementares, eventos, pesquisas, projetos extensivos, etc.
São possibilidades que em geral não são ofertadas pelas faculdades ou mesmo pelas
universidades particulares. desse e ao seu corpo técnico com maior formação. Além disso, o
corpo docente acaba sendo um diferencial importante, uma vez que possui um grau de
formação e capacitação, de longe, maior. E por último, o grau de suporte que as universidades
federais oferecem aos seus discentes, especialmente àqueles em vulnerabilidade social. Esse é
um fator, de fato, especial, porque muitas vezes não basta ao indivíduo adentrar à instituição,
antes disso, é preciso uma garantia de que ele continuará seu curso sem ser obrigado a
abandonar por questões socioeconômicas. Nesse sentido as universidades federais oferecem
um apoio assistencial, seja pecuniário, seja socioemocional.
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 Perfil dos discentes em IES


A maior parte dos alunos de ensino superior frequentam as aulas no período noturno,
isso pode ser um reflexo da condição socioeconômica desses ingressos, uma vez que o tempo
livre pelo dia pode ser usado para trabalho e conseguir um sustento econômico que
possivelmente outra pessoa não poderia oferecer a esse indivíduo.
Uma característica histórica, que embora tenha passado por mudanças progressivas, é
a presença de mulheres majoritariamente nos cursos de licenciatura, enquanto que os homens
ocupam principalmente os cursos de bacharelado. Por fim, embora exista uma política de
cotas a fim de se garantir a equidade no acesso ao ensino superior, ainda não existe uma
relação direta entre a porcentagem de negros na sociedade e a porcentagem de negros no
ensino superior, com agravo nos cursos de maior prestígio social.
Isso se dá por vários motivos, mas os principais são a transgressão da política de
cotas, a abrangência não suficiente dessa política, e, muitas vezes, a falta de ação cidadã por
parte de todos. Quanto ao primeiro caso, não é difícil ver um caso de uma pessoa próxima ou
conhecida que burlou a política de cotas e ocupou uma vaga destinada a pessoas negras. Já o
segundo, é um problema que precisa de um tempo considerável para alcançar os objetivos
desejáveis; embora exista uma ação reparadora com sucesso em muitos casos, a política de
cotas não possui uma amplitude suficiente a ponto de atingir toda a população negra e dar-lhe
condições de equidade na disputa por uma vaga com seus pares brancos. Por último, existe
uma relação entre a não tomada de consciência cidadã por parte dos indivíduos negros e
brancos e a pouca representatividade do primeiro grupo nas IES. Quando a população negra
não toma conhecimento dos seus direitos e os exige legalmente sua representatividade acaba
sendo prejudicada, mas é importante dizer que isso não se dá por culpa dessas pessoas
unicamente, e sim por diversos fatores, desde a apatia social por buscar as ações que lhe cabe
a um processo falho de construção social que falha no ensinamento dos direitos e deveres de
cada um. No entanto, o ponto de virada está na tomada de consciência cidadã por parte do
grupo de pessoas brancas. Isso porque o seu reconhecimento de que precisa respeitar e, não só
isso, propor e vigiar a execução dos direitos tanto do grupo ‘maioria’ quanto do grupo
‘minoria’ é fundamental na garantia da representatividade dentro das instituições de ensino
superior, mas não só nela, em toda e qualquer instituição.

REFERÊNCIAS
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INEP 2017. CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR. Resumo Técnico 2019. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2020/Notas_E
statisticas_Censo_da_Educacao_Superior_2019.pdf

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