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A Educação

de Jovens e
Adultos
Jaqueline Ventura
Faculdade de Educação/ UFF
Educação de Jovens e Adultos (EJA): espaços de possibilidades pedagógicas e
garantia de direito à educação de qualidade socialmente referenciada.
A EJA ENFRENTA DESAFIOS HISTÓRICOS SIGNIFICATIVOS

- A persistência do alto número de pessoas analfabetas e que não concluíram a educação


básica, reafirmam o desafio histórico gigantesco que a modalidade tem a enfrentar: a alta
demanda potencial.

- A resposta a essa vultuosa exclusão educacional é ínfima: o pequeno número de


matrículas na EJA, reduzida a menos de três milhões.

- O contínuo declínio do número de estudantes matriculados na EJA nos últimos anos.


A EJA ENFRENTA DESAFIOS HISTÓRICOS SIGNIFICATIVOS

NÚMEROS ALARMANTES
10 milhões de analfabetos (15 anos ou mais)
70 milhões que não concluíram a educação básica (25 anos ou mais)

• A falta de prioridade dada à educação básica como um direito universal e


responsabilidade do estado, apesar de ser um direito público, subjetivo e objetivo.

A resposta à imensa demanda, além de pequena, é tendencialmente decrescente.


O NÚMERO DE MATRÍCULAS EM CURSOS DE EJA
APRESENTA CONTÍNUA TENDÊNCIA DE REDUÇÃO

Há uma imensa distância entre


a população sem a Educação
Básica completa e os que estão
no sistema educacional.
DIANTE DO TAMANHO DO DESAFIO, É FUNDAMENTAL QUE
SISTEMAS PÚBLICOS GARANTAM O DIREITO À EJA
A OFERTA DE EJA ESTÁ MUITO AQUÉM DA DEMANDA
POTENCIAL E DAS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA):

O avanço das ações de fechamento de turmas e de escolas com EJA e, por consequência, de
contínua redução de vagas da modalidade, associadas à adesão aos mecanismos de certificação,
constroem um ambiente adequado à desescolarização da EJA. Além de potencializar o
desenvolvimento de um mercado voltado a atender às demandas por certificação.
O CENÁRIO NACIONAL
Na ótica da “reforma empresarial da educação” (FREITAS, 2018), fundações e institutos privados atuam para interferir na
educação nacional, repercutindo em uma certa privatização da educação por dentro, por meio da defesa da padronização e da
testagem do conteúdo, do currículo por competências, da otimização dos recursos financeiros da educação, das parcerias
público-privadas etc.

Tal processo de intervenção privatista na educação pública em curso restringe, ainda mais, o acesso da classe trabalhadora à
ciência e à formação escolar crítica.

Nesse cenário de reformismo e aprofundamento das políticas neoliberais, a ampliação da precarização na EJA se deu
também com a implementação do Parecer CNE/CEB nº 6/2020 e da Resolução CNE/CEB nº 1/2021, no governo Bolsonaro.
A política pública para a EJA, sob o argumento da flexibilização da oferta, contribui para a ampliação da educação não formal
e da EaD, ambas de tipo mercadológico, em substituição à EJA presencial.
LIÇÕES DO PASSADO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

COMPREENDER A EJA COMO:

Resultado de uma história de manutenção da exclusão de trabalhadores


do direito a uma educação de qualidade.

Espaço de resistência e defesa de uma escola pública, popular, inclusiva


e democrática.

A temática da EJA fundamenta-se no direito à educação, mas precisa ser


fortalecida como política pública de Educação Básica.
Realizar um diagnóstico que revele a realidade da parcela da classe de trabalhadores que não concluiu a escolaridade
básica e oportunize a elaboração de alternativas para alcançar essa população.

Garantir financiamento compatível com os desafios da modalidade. O Fundeb atual


não estimula a gestão a ofertar e a ampliar o atendimento público presencial na EJA.

Constituir um corpo de profissionais da educação, nas redes públicas, que tenham formação adequada e permanente
para atuar na EJA. É necessário ter formação docente para a EJA, tanto inicial quanto continuada.

Considerar a intersetorialidade como condição de êxito na política de EJA. Consolidar espaços de diálogo entre áreas
como educação, trabalho, saúde, assistência social, cultura, ciência e tecnologia, os quais, sob condução do
MEC/Secadi, construam uma frente intersetorial articulada para a EJA.
CONTRIBUIÇÕES FINAIS

Os estudos apontam que é preciso encarar a EJA como uma política educacional nacional que
dialoga com os contextos locais e considera múltiplos currículos e formas de ofertas, de acordo com
possibilidades e interesses dos estudantes.

É urgente a consolidação da EJA como direito, considerando as desigualdades sociais e


educacionais que marcam o país.

Por fim, manifestamo-nos a favor da revogação da Resolução nº 1/2021 e do Novo Ensino Médio!
Ambos negligenciam a educação dos trabalhadores e ampliam a fragmentação e a
precarização de uma modalidade historicamente secundarizada na educação brasileira.
LIÇÕES DO PASSADO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

Roteiro para realização de um “balanço crítico” da sua atuação/contribuição na EJA.


Questões a serem consideradas:

1. Estamos criando condições para garantir a EJA como um direito?


2. Em favor do que e de quem estamos atuando?
3. Que concepções de mundo/educação a unidade escolar ou a rede, se for o caso, defende? Essas concepções orientam o trabalho
pedagógico de todos? Há contradições?
4. Nossas escolhas pedagógicas e administrativas têm sido pautadas pelas reais necessidades da EJA e de seus alunos(as) e
professores(as)?
5. Que modelo pedagógico temos ajudado a fortalecer na EJA? Nossas práticas cotidianas na escola são coerentes com
tais concepções? Conseguimos assegurar a unidade entre o pensar e o fazer (a teoria e a prática)?
6. Como organizamos atualmente o trabalho pedagógico, incluindo os tempos de aula, os calendário e os espaços da escola? A
quem essa organização tem realmente favorecido?
7. O que tem significado, para nós, participação? Os diferentes grupos da escola têm participado efetivamente das decisões?
Estamos, de fato, abertos a ouvir e acolher a rica experiência trazida por nossos alunos(as)?

BOMFIM, Maria Inês, BAYERL, Claudia. Roteiro para um balanço crítico da escola de EJA. Adaptado de: Formação docente em educação profissional técnica na área da saúde: a organização
pedagógica do trabalho docente em saúde. / Maria Inês do Rego Monteiro Bomfim (Coord.) [et al.]. – Rio de Janeiro, RJ: Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca, 2009.
REFERÊNCIAS

Roteiro para realização de um “balanço crítico” da sua atuação/contribuição na EJA.


Questões a serem consideradas:

1. Estamos criando condições para garantir a EJA como um direito?


2. Em favor do que e de quem estamos atuando?
3. Que concepções de mundo/educação a unidade escolar ou a rede, se for o caso, defende? Essas concepções orientam o trabalho
pedagógico de todos? Há contradições?
4. Nossas escolhas pedagógicas e administrativas têm sido pautadas pelas reais necessidades da EJA e de seus alunos(as) e
professores(as)?
5. Que modelo pedagógico temos ajudado a fortalecer na EJA? Nossas práticas cotidianas na escola são coerentes com
tais concepções? Conseguimos assegurar a unidade entre o pensar e o fazer (a teoria e a prática)?
6. Como organizamos atualmente o trabalho pedagógico, incluindo os tempos de aula, os calendário e os espaços da escola? A
quem essa organização tem realmente favorecido?
7. O que tem significado, para nós, participação? Os diferentes grupos da escola têm participado efetivamente das decisões?
Estamos, de fato, abertos a ouvir e acolher a rica experiência trazida por nossos alunos(as)?

BOMFIM, Maria Inês, BAYERL, Claudia. Roteiro para um balanço crítico da escola de EJA. Adaptado de: Formação docente em educação profissional técnica na área da saúde: a organização
pedagógica do trabalho docente em saúde. / Maria Inês do Rego Monteiro Bomfim (Coord.) [et al.]. – Rio de Janeiro, RJ: Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca, 2009.
É preciso ter esperança, mas esperança do verbo esperançar; (...)
Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é
construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante,
esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.

(Paulo Freire, Pedagogia da Esperança)

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