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1.

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Instituição Proponente: Escola Superior Madre Celeste - ESMAC

Curso: Pedagogia

Disciplina:

Alunos/as Formadores/as:

Professoras Proponentes: Ângela Pena e Maria José Silva

Atividade Oferecida: Formação continuada de professores

Tema do Projeto: A identidade do professor e do jovem ou adulto, proposta pedagógica e


formação continuada

Instituição Receptora:

2. JUSTIFICATIVA

O homem é um ser sócio-histórico-cultural, introduzidos numa sociedade de classes


desiguais, com carências a serem atendidas. A educação é uma trajetória pela qual o
sujeito pode satisfazer essas carências que surgem num determinado tempo, e que sempre
modificam, pois o ser humano está em frequente transformação. A educação representa
um ensejo que ajuda a abrir novos caminhos e a compreender um futuro melhor. Por isso
a escola propõe-se atender às necessidades de aprendizagem dos alunos, proporcionando
sua formação através do aprimoramento contínuo dos procedimentos pedagógicos. O
aluno, ao produzir permanentemente o seu conhecimento, requer fundamentalmente da
prática docente, dirigida e orientada, existente no planejamento e na execução das aulas,
das intervenções extraclasse e na avaliação, pois, esta proporciona, auxilia e impulsiona a
aprendizagem.

A formação continuada faz-se significativa, principalmente quando a Educação de Jovens


e Adultos não foi considerada na formação acadêmica introdutiva do professor. Para isso,
percebemos que a formação de professores para a Educação de Jovens e Adultos se faz
eficaz no perdurável estudo, na troca de experiências, num espaço e num período de
reflexão e de construção pedagógica onde o professor aprende e reconstrói seus saberes.
Assume, assim, a consciência por seu próprio progresso profissional e pessoal,
contribuindo como protagonista, num estímulo constante para produzir conhecimentos e
novas estratégias de ação, para produzir novos saberes docentes, obtendo significado a
sua prática. Acreditamos e propomos para essa formação, bases interdisciplinares. Para
criação desse ambiente é preciso, entre outras coisas, a ponderação sobre questões de
grande importância: O que é a formação continuada? Como executar a formação e como
mantê-la constante? Como trabalhar a identidade dos professores da EJA? Em que
medida as ações pedagógicas podem aprimorar a prática dos professores? A proposta
pedagógica da escola contempla esse trabalho?

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Discutir saberes e práticas na Educação de Jovens e Adultos (E.J.A), apresentar propostas


de intervenção no processo de formação do professor que atua na Educação de Jovens e
Adultos.

3.2 Objetivos Específicos

Levantar, entre os professores, ideias acerca das especificidades da Educação de Jovens e


Adultos.

Identificar os pontos de convergência no trabalho com Educação de Jovens e Adultos.

Propor ações para a continuidade de estudos enquanto estratégia de formação continuada


para o trabalho com a EJA.

4. REFERENCIAL TEÓRICO
A trajetória sofrida da EJA tem trazido mudanças no campo da formação de
professores. Podemos destacar dois movimentos importantes nessa direção: um,
mais ligado aos órgãos oficiais de governo, com a presença importante do órgão
normativo nacional em educação: o Conselho Nacional de Educação (CNE), que,
através da Câmara de Educação Básica fixou, em 2000, as diretrizes curriculares
para a EJA e, outro, que advém da sociedade civil organizada em defesa da EJA,
com destaque para a participação dos fóruns de EJA e do Grupo de Trabalho de
Educação de Jovens e Adultos, da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Educação (Anped). É fundamental que os professores de EJA
conheçam esses movimentos. Trata-se de documentos importantes, que devem ser
lidos por todos os professores de EJA, para que possam compreender o que é essa
modalidade de ensino.

O Parecer CNE/CEB nº 11/2000 destaca a necessidade da formação de


professores para EJA:
Com maior razão, pode-se dizer que o preparo de um docente voltado para a

EJA deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à
complexidade diferencial desta modalidade de ensino.

Assim esse profissional do magistério deve estar preparado para interagir empaticamente com esta
parcela de estudantes e de estabelecer o exercício do diálogo. Jamais um professor aligeirado ou
motivado apenas pela boa vontade ou por um voluntariado idealista e sim um docente que se nutra
do geral e também das especificidades que a habilitação como formação sistemática requer.
(BRASIL, 2000a, p. 56).

A preocupação em caracterizar a prática do professor de EJA como ação dialógica


repõe uma reflexão já antiga em nosso campo, trazida pelo educador Paulo Freire,
nas diversas obras por ele publicadas desde a década de 1964.

Os diversos movimentos populares de educação e cultura da década de 1960 e o


trabalho de Paulo Freire traziam, em seus princípios, a concepção de educação
emancipatória e a perspectiva do educador como agente político na sociedade, o
que é retomado pelo Parecer CNE/CEB nº 11/2000.

O Parecer ainda acrescenta a importante ligação entre a EJA e o ensino noturno,


por ambos atenderem o público jovem e adulto trabalhador:

O art. 4º, VI da LDB impõe a oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
e no inciso VII, a oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e
modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola.

Vê-se, pois, a exigência de uma formação específica para a EJA, a fim de que se resguarde o
sentido primeiro do termo adequação (reiterado neste inciso) como um colocar-se em consonância
com os termos de uma relação. No caso, trata-se de uma formação em vista de uma relação
pedagógica com sujeitos, trabalhadores ou não, com marcadas experiências vitais que não podem
ser ignoradas. E esta adequação tem como finalidade, dado o acesso à EJA, a permanência na
escola via ensino com conteúdos trabalhados de modo diferenciado com métodos e tempos
intencionados ao perfil deste estudante. Também o tratamento didático dos conteúdos e das práticas
não pode se ausentar nem da especificidade da EJA e nem do caráter multidisciplinar e
interdisciplinar dos componentes curriculares. (BRASIL, 2000a, p. 58).

Do mais, o Parecer reafirma a importância de as instituições formadoras


(universidades e sistemas de ensino) atuarem de forma consequente na formação
em EJA.
Desse modo, as instituições que se ocupam da formação de professores são instadas a oferecer esta
habilitação em seus processos seletivos. Para atender esta finalidade elas deverão buscar os
melhores meios para satisfazer os estudantes matriculados. As licenciaturas e outras habilitações
ligadas aos profissionais do ensino não podem deixar de considerar, em seus cursos, a realidade da
EJA. Se muitas universidades, ao lado de Secretarias de Educação e outras instituições privadas
sem fins lucrativos, já propõem programas de formação docente para a EJA, é preciso notar que se
trata de um processo em via de consolidação e dependente de uma ação integrada de oferta desta
modalidade nos sistemas. (Ibid, p. 58)

O Parecer é um instrumento que orienta a lei, no caso a Resolução CNE/CEB nº

1/2000. Daí a importância dos educadores, compreender a necessidade de


conhecer esses instrumentos legais e de lutar para que de fato eles se materializem
em suas ações pedagógicas. Certamente, muitos professores de EJA e muitos
formadores de professores, ainda não vêem, na prática, acontecer o que está
previsto nesta resolução:

Art. 17 – A formação inicial e continuada de profissionais para a Educação de Jovens e Adultos terá
como referência as diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental e para o ensino médio
e as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores, apoiada em:

I – Ambiente institucional com organização adequada à proposta pedagógica;

II – Investigação dos problemas desta modalidade de educação, buscando oferecer soluções


teoricamente fundamentadas e socialmente contextuadas;

III – desenvolvimento de práticas educativas que correlacionem teoria e prática;

IV – Utilização de métodos e técnicas que contemplem códigos e linguagens

Maria Margarida Machado

Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 2, n. 2-3, p. 161-174, jan. / Dez 2008. Disponível em:
<http//www.esforce.org.br> 169 apropriados às situações específicas de aprendizagem. (BRASIL,
2000b).

O fato de nosso País ter ótimas leis, que acabam se circunscrevendo em letra
morta, não pode significar um processo de acomodação frente ao que está
instituído.

Muito do arcabouço legal, produzido pós-ditadura militar, foi fruto de muita luta
política e muita organização de coletivos, que investiram na reconstrução
democrática.
Todavia, a democracia legal, os direitos civis e políticos reconquistados não
resultaram em mudança imediata da realidade da população. Isso exige de todos,
atitude de permanente organização em busca dessa mudança. É na democracia
formal, que precisa se constituir em democracia de fato, que se situa o segundo
movimento, no contexto de mudança na realidade da formação de professores de
EJA.

O segundo movimento é liderado pelo que chamamos de sociedade civil, para


diferenciá-lo da ação dos órgãos de Estado, ou seja, de representantes dos
sistemas públicos de ensino diretamente designados pelo Governo Federal,
estadual ou municipal, embora algumas ações contem com a participação do poder
público. A marca inicial do movimento social pode ser identificada na criação dos
fóruns de EJA desde 1996, quando se realizaram diversos encontros estaduais,
regionais e nacional para discutir o campo da EJA e produzir o documento nacional,
que seria apresentado na V Conferência Internacional de Educação de Adultos,
realizada em 1997, em

Hamburgo, Alemanha.

Esse movimento, de 1996 até os dias atuais, promoveu a mobilização dos diversos
estados da Federação, sendo que os fóruns, hoje, estão presentes em todos eles e
no Distrito Federal, constituindo-se, em alguns estados, por uma organização
descentralizada em vários fóruns regionais. São instâncias de mobilização e debate
em torno da política pública de educação para jovens e adultos. Sua composição é
plural, agregando, em cada estado e nos regionais, representantes de vários
segmentos, que atuam direta ou indiretamente na EJA: universidades, movimentos
populares, redes públicas de ensino, conselhos municipais e estaduais de
educação, sindicatos, organizações não governamentais, empresas, educandos e
educadores. A forma de articulação no estado e nos regionais depende da dinâmica
de cada fórum, como pode-se aferir no sítio www.forumeja.org.br.

O que há de relevante nesse movimento pela formação de professores é que se


trata de uma das reivindicações mais antigas dos fóruns, conforme se constata nos
relatórios produzidos nos encontros anuais - o Encontro Nacional de Educação de
Jovens e Adultos (Eneja), que vem ocorrendo de forma sistemática desde 1999.
Dos relatórios dos Eneja, vale destacar o último, para demonstrar as preocupações
e proposições já presentes em 1999 e que permanecem, até hoje:

Quanto à formação de educadores:

• A criação de uma rede de formação e pesquisa deverá ser concebida com a contribuição do
segmento universidades dos Fóruns de EJA, coordenação da Anped e segmento de educadores
populares e professores da rede pública;

• Garantir investimentos da esfera pública, em formação inicial e continuada específica para EJA;

• O educador de EJA deve ser reconhecido como pesquisador de suas práxis pedagógica, sendo
este o princípio orientador da formação na graduação e pós-graduação;

• Garantir o acesso dos educadores da EJA e educadores populares nas universidades,


gratuitamente em cursos de licenciatura;

• Que o governo federal crie mecanismos que viabilizem o processo de formação inicial e continuada,
por meio de parcerias entre as redes públicas e as instituições de educação superior, promovendo
cursos de licenciatura para educadores da EJA e educadores populares. (ENCONTRO NACIONAL
DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, 2007).

5. METODOLOGIA

O perfil dos professores se constitui ao longo de sua carreira e necessita de acompanhamento


em longo prazo. Ser professor significa contribuir para a formação de cidadania, portanto, o
docente faz toda a diferença.

Com muita frequência ouve-se entre os profissionais da educação, das diversas modalidades
de ensino que é necessário valorizar/ potencializar/ aproveitar nos educandos, os “saberes
cotidianos, os conhecimentos que trazem de casa, as experiências vivenciadas” e/ou outras
expressões que nos remetem a esta habitual fala que se tornou comum nas instituições
escolares, e quando se fala em Educação de Jovens e Adultos estas falas são ainda mais
contundentes.

A figura do professor poderia simbolicamente ser comparada com a de um maestro criativo


que exigiria dos componentes da orquestra: organização, iniciativa própria, envolvimento,
dedicação e, principalmente, ações coletivas desencadeadas por processos participativos.

As constantes transformações nas áreas econômica, política e social, tecnológica e cultural da


sociedade atual, têm pressionado a escola a se adequar conforme as exigências do mundo do
trabalho, influenciando a educação. Decorrentes a essas mudanças surgem novos desafios, no
final do século XX, a escolarização passa a ser exigida no mundo do trabalho, assim aumenta
a demanda da educação de jovens e adultos na sociedade.
Esta faixa etária exige várias alterações frente a essas mudanças, passa a exigir também um
ensino voltado para o campo da pesquisa e ao trabalho criativo. Com relação à qualidade da
formação para atuação na EJA, o que ocorre é uma crescente descaracterização dos cursos de
formação, juntamente a falta de livros escritos que propicie apoio a essa formação, a pouca
contribuição das universidades, ao desprezo desde ensino e a formação para o trabalho
docente.

São muitos os desafios o que torna a prática de ensinar cada vez mais complexa para superar
uma formação fragmentada, tanto a instituição formadora de professores como os formadores
e os futuros professores, precisam assumir que na sociedade globalizada se convive,
simultaneamente, com a inovação e a incerteza. Por isso, a educação dos seres humanos se
torna mais complexa, e a formação do professor, também, passa a assumir essa
complexidade.

A concepção moderna do educador exige uma sólida formação cientifica, técnica e política,
claro que, atrelada a uma prática pedagógica crítica e consciente para avaliar a atual condição
da educação.

Dessa forma, faz-se necessário uma qualificação dos profissionais envolvidos neste processo,
é fundamental que a equipe docente esteja bem preparada, por este motivo é extremamente
importante uma formação continuada, onde todos tenham a oportunidade de repensar a sua
prática. Pois, a formação continuada é um processo possível para a melhoria da qualidade do
ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo.

A formação continuada pode ser caracterizada como uma tentativa de resgatar a figura do
mestre, tão carente do respeito devido a sua profissão, tão desgastada em nossos dias.

5.1 PROCEDIMENTOS
6. CONSIDERAÇÕES FINAS

Transformar a vida de um indivíduo através da educação não é uma tarefa fácil, mas é
muito gratificante. Porém quando tratamos da transformação de indivíduos adultos com
pensamentos e opiniões formados, vida social e política estabelecida, precisamos de
muito estudo, e até mesmo rever nossos conceitos sobre a nossa prática pedagógica.

Os alunos da EJA são alunos com conhecimento de mundo, com amplas experiências,
sendo assim o professor jamais pode desconsiderar o conhecimento prévio do aluno, e
sim contextualizar suas atividades para oferecer um ensino democrático e de qualidade,
afinal os alunos da EJA já passaram por muitos percalços para chegar até a sala de aula
novamente.

O contexto atual da Educação de Jovens e Adultos, é muito preocupante principalmente


no que diz respeito a valorização dos professores, o que está relacionado à formação
continuada dos professores, infraestrutura do ambiente escolar e salários condizentes com
sua importância para a sociedade. Afinal o professor se vê desafiado a não só ensinar,
mas também de inspirar, estimular, aguçar o crescimento, o aprendizado, o
desenvolvimento de habilidades que os alunos deixaram para trás em sua jornada.

Assim podemos perceber e reconhecer que o professor necessita estar em constante


aprendizado, esperamos poder colaborar com o aprimoramento dos docentes da escola.
Pois os professores são a base do processo de ensino-aprendizagem, e precisam estar em
constante formação e sob olhar atento da coordenação pedagógica o que provavelmente já
ocorre nessa instituição de ensino.

REFERÊNCIAS

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