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DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –
PIBIC
Orientação – 26/10/2021.
PARTE TEÓRICA
Posto isso, Lima (2012, p. 152) nos apresenta através da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394/96:
Mas de acordo com (FRANCO, 2016) será que “toda prática docente é prática
pedagógica? Nem sempre! A prática docente configura-se como prática pedagógica
quando esta se insere na intencionalidade prevista para sua ação.”
Logo, um docente que entende qual o objetivo de sua aula em face da
formação do aprendiz, que compreende como sua aula integra e eleva a formação
desse estudante, que possui a responsabilidade de saber a importância de sua ação,
tem uma performance pedagógica diferenciada. Ele dialoga com a dificuldade do
educando, acompanha em sua aprendizagem, conduz seu interesse, faz questão de
gerar o conhecimento, considera que este será fundamental para o aprendiz.
De acordo com Silva (2007, p. 1) “O professor, antes de executar seu processo
de ensino, projeta-o e antecipa seus resultados.” Assim, não basta que o trabalho do
professor seja intencional e idealizado, necessita haver uma consciência, definição de
objetivos, reflexão de sua prática, pois sem essas condições o educador não segue o
seu dever de agente social de transformação, que ao modificar uma dada verdade,
transforma a si mesmo e aos demais.
Para Caldeira (1994) a prática pedagógica significa um ato social, onde todos
possam participar conscientemente das mudanças, tendo em vista a realidade de cada
educando. Nesse sentido, Caldeira utiliza das concepções de Hellen para explicar o
que é a prática pedagógica:
Perante a fala do autor, faz parte das práticas pedagógicas os trabalhos docentes que
são praticados em sala de aula, são as ações de cada professor, a forma em que
serão aplicadas as aulas, e também as metodologias pedagógicas. Assim se faz
necessário ao educador ser inovador, refletindo e redirecionando a todo o momento
sua prática.
Como afirma Veiga (1992, p. 16) a prática pedagógica é “... uma prática social
orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática
social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social...”.
É notório perante as perspectivas da autora, que a prática pedagógica é
cercada de discussões. Nesse âmbito, é preciso haver sempre uma formação
permanente dos professores, pois com o tempo as tecnologias, as realidades, as
escolas e até mesmo as pessoas se modificam.
A prática docente é a atuação do professor, pois é dessa forma que ele pode
mediar seu conhecimento. O conhecimento científico rompe com o senso comum,
intervindo diretamente na ação dos professores, como um instrumento de avaliação,
de análise e de crítica, como uma ferramenta para o planejamento, para a projeção de
atividades e para a reflexão sobre ações passadas (GIMENO SACRISTÁN, 1999).
Portanto, o planejamento não pode acontecer espontaneamente, é preciso reflexão,
ou seja, o professor precisa sempre avaliar e refletir sobre o próprio trabalho.
Diante da fala do autor, podemos pensar que lecionar é uma tarefa difícil e
desafiadora, pois o educador que atua nos anos iniciais é identificado por Lima (2007)
por professor polivalente, definido como aquele sujeito capaz de apropriar-se do
conhecimento básico das diferentes áreas do conhecimento que compõem atualmente
a base comum do currículo nacional dos anos iniciais do Ensino Fundamental e de
articulá-los, desenvolvendo um trabalho interdisciplinar. Em outras palavras,
professores polivalentes são os professores com formação generalista, normalmente
em Cursos de Pedagogia ou Normal Superior, responsáveis por ministrar todas as
matérias de ensino nos anos iniciais.
Assim sem a educação, o sujeito não se realiza completamente, dado que ela é
a fundamental na constituição e humanização do ser humano. É crucial evidenciar que
o sujeito de modo algum estará integralmente pronto e acabado, mas será
constantemente um autentico devir.
O sujeito social concebido pela Educação Problematizadora, coerente com os
fundamentos e objetivos da educação popular, assume a vocação de “criar e
transformar o mundo, sendo sujeito de sua ação” (FREIRE, 2002, p. 38). Segundo
Freire (2001, p. 94) o ser humano se autentica como sujeito, singularmente diferente
em relação aos demais, porém igual no princípio determinante de ser ativo e capaz de
conquistar a transformação política e social. E o sujeito dessa conquista é o sujeito
social, o homem novo, cuja postura ativa e dialógica revela suas origens enraizadas
no processo de libertação. Sujeito que encontra fundamento e autenticidade no
movimento de vir a ser, marca da incompletude de quem se constrói com os outros, no
movimento histórico de busca pela humanização solidária de todos.
Dessa forma, o professor, por meio de práticas problematizadoras caminha
rumo à superação de práticas bancárias. Pois o ser humano busca conhecer a partir
as dúvidas em relação aos problemas que vão manifestando-se em seu ambiente. O
conhecimento é entendido pela Educação Problematizadora como um refazer
constante, é resultado da busca determinada, do exercício da curiosidade sobre o
objeto, que vai adquirindo um valor social. Todo conhecimento traz consigo uma
mudança na realidade, pois “leva os homens a conhecer que sabem pouco de si
mesmos”, possibilitando que “ponham a si e seus conhecimentos como problema”
(FREIRE, 2001, p. 95).
Segundo Freire (2002), a alienação resulta da dominação, fazendo do oprimido
um ser dual que deseja, não raro, transformar-se em opressor. A alienação representa
uma característica histórica da sociedade brasileira, refletindo-se na autodiminuição
face às outras pessoas, culturas ou sociedades. O indivíduo alienado vive como um
“ser-para-outro” e não como um “ser-para-si”.
Verificando o realce que Freire concede á questão da pesquisa, da importância
dos diferentes saberes e da relação entre aprender e ensinar, como aspectos
essenciais na relação educador-educando e educando-educador, ele assume na
curiosidade o caminho primordial, permeado por atos dialógicos.
Segundo o autor:
A construção ou a produção do conhecimento do objeto implica o
exercício da curiosidade, sua capacidade crítica de “tomar distância”
do objeto, de observá-lo, de delimitá-lo, de cindi-lo, de “cercar” o
objeto ou fazer sua aproximação metódica, sua capacidade de
comparar, de perguntar (FREIRE, 1996, p. 95).
METODOLOGIA
1
Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma plataforma para apoiar o desenvolvimento de
recursos humanos para a saúde nos países de língua portuguesa, fortalecendo a colaboração
na área da informação e capacitação em saúde.
https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/
Nessa perspectiva, as transformações no mundo digital chegaram às redes
públicas e nas redes particulares de educação, por meio do uso de programas de
videoconferência, redes sociais e até mesmo a modificação para o modo de ensino
remoto por intermédio da produção de ambientes virtuais de aprendizagem. Segundo
Scuisato (2016, p. 20) “a inserção de novas tecnologias nas escolas está fazendo
surgir novas formas de ensino e aprendizagem; estamos todos reaprendendo a
conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender, a integrar o humano e o
tecnológico.”
Por isso, para Freire (1997, p. 56) “O ser humano é, naturalmente, um ser da
intervenção no mundo à razão de que faz a História. Nela, por isso mesmo, deve
deixar suas marcas de sujeito e não pegadas de puro objeto.”.
Freire ressalta seu posicionamento critico contra qualquer forma de relação
humana construída pela negação do outro como sujeito, pela dominação.
Em Conscientização: teoria e prática da libertação, uma introdução ao
pensamento de Paulo Freire, (1921, p. 16) Freire nos alerta que:
Vale a pena tornar explicito que para Freire (2005, p. 87) denuncia e anuncio,
constituem uma unidade dialética, consequentemente atuando como práxis. Nesse
ponto de vista, ele ressalta que:
5. Frágeis ou inexistentes, a
disciplina e autonomia dos
alunos para estudar.
4. Trabalho remoto, 1. O isolamento tem levado ao
saúde docente e mal-estar individual no trabalho 1. Fortalecimento dos processos de
greve virtual em e desafia as organizações emancipação no trabalho para
cenário de sindicais. defesa coletiva da saúde.
pandemia. 2. A ausência de um sistema
de proteção em um cenário de 2. Novas formas de resistência dos
incertezas e ameaças de trabalhadores como modos de
desemprego. socialização e enfrentamento dos
3. As modalidades de trabalho problemas relacionados ao trabalho
remoto de professoras e e à defesa da saúde.
professores possuem a marca
da combinação intensiva e 3. Medidas de vigilância sobre o
extensiva do tempo de trabalho e a saúde docente.
trabalho.
4.Professores apresentam 4. Necessidade de monitoramento
alguma dificuldade para lidar a contínuo da saúde dos profissionais
tecnologia. da educação no contexto de retorno
5. Mulheres têm enfrentado o às atividades de trabalho.
cotidiano de jornadas
opressivas e exaustivas.
6. Natureza conflituosa no que
diz respeito à conciliação de
responsabilidades profissionais
e familiares.
5. Sustentar a 1. Operar o educar sem contar
Transferência no com o espaço físico da escola. 1. Ensino remoto, das diversas
Ensino Remoto: 2. As críticas ao ensino remoto formas que está sendo levado a
docência em enfocam o uso das tecnologias, cabo, vem sustentando o ensinar e o
tempos de impossibilitando-o ou aprender.
pandemia. produzindo-o de maneira
deficitária. 2. As críticas ao ensino remoto
3. Alunos menores requerem a deveriam ser dirigidas muito mais
participação de um adulto para para as bases teórico-conceituais
dar suporte à palavra do que podem sustentar esse modo.
professor no ensino remoto.
3. A escuta do aluno e a palavra do
professor, e vice-versa, seriam
elementos indispensáveis.
6. (Re) organizar o 1. A problematização do uso
trabalho dos recursos digitais e do 1. (Re)organização dos processos de
pedagógico em ensino remoto. aprendizagem mais potentes via
tempos de covid-19: 2. A garantia das condições de ensino remoto.
No limiar do (Im) acesso a todos os estudantes
possível. foge às possibilidades reais da 2.Movimento inventivo e
escola. comprometido da escola.
3. Nem todos possuíam as
habilidades necessárias para o 3.A necessidade de reinvenção
uso das ferramentas digitais pedagógica.
disponíveis.
4.Conscientização de que acessos
nas plataformas não deveriam ser
compreendidos como aprendizagens
efetivadas.
7.Atuação Docente 1.Rede privada de ensino
na Educação Básica oferecia educação de forma 1. Importância do suporte voltado ao
em Tempo de remota, enquanto rede publica bem-estar psicológico dos docentes.
ainda não haviam iniciado.
Pandemia.
2.Receios na maneira como 2. Formação continuada e o maior
será desenvolvido o processo suporte aos profissionais na
educacional nas escolas aquisição e no uso das tecnologias
públicas. da informação e comunicação.
3.Dificuldades dos alunos no
ambiente doméstico. 3. A presença física no contexto
4. Sobrecarga de trabalho na escolar foi considerada essencial na
situação vivenciada. Educação Básica.
5. As dificuldades na adoção
de novos meios, recursos e 4. Preciso encontrar sentidos sobre o
metodologias pelos fenômeno pandêmico vivenciado e
professores. analisar as consequências na
6. A limitação da interação construção curricular e no
entre professores e alunos. desenvolvimento pessoal e social
7. As instituições escolares dos indivíduos.
terão de avaliar os impactos
causados no currículo.
8. Aulas Remotas 1. Dificuldades enfrentadas
Durante a referentes ao ensino a distância 1.As brincadeiras também foram
Pandemia: dos filhos. estratégias adotadas pelos pais na
dificuldades e 2. A dificuldade em conciliar pandemia.
estratégias atividades.
utilizadas por pais 3. Problemas com internet. 2. Como forma de ajudar os filhos, os
4. Problemas com computador. pais utilizaram-se da pesquisa.
5. Dificuldade com o material
enviado pela escola. 3. Acompanhar os filhos nas aulas e
6. Problemas relacionados atividades.
ao conteúdo escolar, como
uma crítica às escolas. 4.Participar das aulas junto aos
7. Os problemas relacionados filhos.
ao foco.
Nas análises dos anúncios podemos considerar com mais frequência, e com
pontos em comum, em relação ao total de 34 anúncios: a flexibilidade do planejamento
no retorno das aulas pois o desencadeamento de processos de formação contínua da
equipe gestora e dos professores considerando as necessidades em cada escola, a
importância do diálogo e escuta entre os alunos e professores, fazendo com que o
aluno assuma um papel de cidadã, de ator na sociedade, e medidas coletivas de
segurança a saúde em que se tem a ideia de que as representações sindicais de
trabalhadores exercem o papel de contribuir e assegurar mudanças nas condições de
trabalho nas escolas com o fito de fortalecer processos de emancipação no trabalho,
em que aparecem 7 vezes no total de anúncios, e em relação aos artigos em 5 deles.
Segundo Freire (2020, p. 51), “[...] não há educação fora das sociedades
humanas e não há homem no vazio”. Considerando que durante a pandemia o diálogo
e escuta foram completamente afetados, o autor ressalta que é preciso compreender a
importância da atuação dos/das professores/as serem continuadamente
problematizada, reflexiva, na luta por uma política pela educação.
Diante dos anúncios podemos concluir que Paulo Freire nos convida a refletir
sobre a vida. A vida que em tempos de pandemia tem se desfalecido da humanidade,
trazendo incertezas nos rumos em que as vidas tomarão, de como passará a existir as
relações entre homens e mulheres na sociedade, e como estamos tratando a
importância da educação.
Com Freire (1987, p.33) acredito que “só existe saber na invenção, na
reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no
mundo, com o mundo e com os outros. Busca esperançosa também”. Uma prática que
ultrapassa os espaços silenciosos e entediantes em que se modificam os ambientes
escolares com práticas bancárias de educação.
jul./set. 2015.
Rodrigues (org.). O educador: vida e morte. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, p.89-101
1985.
FREIRE, Paulo. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. In:. FREIRE, A. M. A. (Org.). São
DESLANDES, Suely Ferreira; CRUZ NETO, Otavio; GOMES, Romeu; MINAYO, Maria
GIL, A. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Médicas, 1999.
tecnológico: o que aprender com Anísio Teixeira. In: PORTO JR. Gilson (Org).