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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. ANTÔNIO GARCIA FILHO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
HABILIDADES E ATITUDES EM SAÚDE

SOFIA CISNEIROS ALVES DE OLIVEIRA

RELATORIA METODOLOGIA CIENTÍFICA

LAGARTO
2020
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1 – DIFERENÇA PRINCIPAL ENTRE METODOLOGIA E MÉTODO CIENTÍFICO

Por muitas vezes, são vistas pesquisas nas quais o termo metodologia científica vem
sendo utilizado como sinônimo de método científico, porém seus conceitos são diferentes. O
método está ligado ao caminho, o que fazer para chegar a determinado objetivo. A
metodologia é uma ciência que possui como objetivo estudar o método, ou seja busca os
melhores métodos a fim de que se produza conhecimento da melhor forma, com maior
segurança e economia de tempo.
Richardson (1985) conceitua método, em pesquisa científica, como uma “escolha de
procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de fenômenos”. (p. 29).
Barros (1986) destaca que a aplicação do termo metodologia está ligada a “estudar e
avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas limitações ou não ao nível das
implicações de suas utilizações.” (p.1)

2 – DIVISÕES PRIMÁRIAS DOS TIPOS DE PESQUISA E SUAS PRINCIPAIS


SUBDIVISÕES

Podem existir vários tipos de pesquisa. Cada tipo possui, além do núcleo comum de
procedimentos, suas peculiaridades próprias. A primeira grande divisão das pesquisas
classifica elas de acordo com 4 aspectos:
 quanto à natureza ou finalidade;
 quanto à abordagem;
 quanto ao objetivo;
 quanto ao procedimento técnico;

Do ponto de vista da sua natureza:

BÁSICA
A pesquisa científica de natureza básica, também chamada de “pura” visa criar
novas questões num processo de incorporação e superação daquilo que já se
encontra produzido. Ou seja, ela gera ciência, novos conhecimentos que
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contribuem, entendem e explicam os fenômenos. Envolve verdades e interesses


universais.

Ex: criação de um novo procedimento ou equipamento, como as centrífugas;

APLICADA
Tem por finalidade gerar soluções aos problemas humanos, entender como lidar
com um problema. Ela gera conhecimentos para aplicação prática dirigidos à
solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
Geralmente utiliza conhecimentos trazidos por pesquisas puras para produzir
outros conhecimentos.

Ex: a busca pela vacina da COVID-19;

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema:

QUALITATIVA:
A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no
processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas, é descritiva, o processo e seu significado são os focos principais de
abordagem.
Mostra um lado subjetivo por trás dos dados, por vezes transparecendo a opinião
do pesquisador. Mostra os resultados obtidos, analisando-os.

Ex: Estudo sobre a qualidade de vida de uma população;

QUANTITATIVA:
Se caracteriza pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta como
no tratamento dos dados, e mede relações entre as variáveis. O pesquisador parte
de um plano preestabelecido com hipóteses e variáveis claramente definidas.
Procura medir e quantificar os resultados da investigação, elaborando-os em
dados estatísticos.
É mais impessoal, mostra os resultados obtidos sem expressar análises sobre o
conteúdo obtido.
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Ex: Perfil dos moradores de uma região, através da sua distribuição em relação a
sexo, faixa etária, nível educacional, nível socioeconômico;

QUANTITATIVA – QUALITATIVA:
Nesse tipo de abordagem, o recorte dos dados estatísticos impessoais é unido as
interpretações e análises subjetivas, dando origem a um estudo completo sobre
um objeto. Encontram-se análises quantitativas com fundamento de análises
qualitativas. O raciocínio e a argumentação na análise qualitativa são baseados
na variedade de técnicas usadas no modo quantativo.

Ex: Censo do IBGE;

Do ponto de vista de seus objetivos:

DESCRITIVA:
O objetivo da pesquisa está no “O QUE”, o que é um fenômeno específico,
como ele se caracteriza. Pretende descrever com exatidão os fatos e fenômenos
de determinada realidade.
Quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem
interferir ou analisa-los. Visa a descrever as características de determinada
população ou fenômeno.
Fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem
que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos do mundo físico e
humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.

Ex: Caracterização de um procedimento de medição de temperatura.

EXPLICATIVA:
O objetivo da pesquisa está no “PORQUÊ”, a razão por trás de um fenômeno
acontecer. Traz os números da descritiva aliados a análise e a interpretação
desses dados.
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O pesquisador procura explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio do
registro, da análise, da classificação e da interpretação dos fenômenos
observados.
Visa a identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência
dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão
das coisas.

Ex: As razões do sucesso das microempresas do setor calçadista.


Obs: A descritiva seriam os dados que levaram ao sucesso dessas
microempresas, a explicativa traz a razão de terem atingido tais dados.

EXPLORATÓRIA:
O objetivo da pesquisa está no “COMO”, como um fenômeno ocorre e como é
possível estuda-lo. Tem a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de um
determinado fenômeno. Esse tipo de pesquisa, aparentemente simples, explora a
realidade buscando maior conhecimento, para depois planejar uma pesquisa
descritiva.
Quando a pesquisa se encontra na fase preliminar, tem como finalidade
proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar,
possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do
tema da pesquisa, o que será estudado.
Orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um
novo tipo de enfoque para o assunto

Ex: alguma pesquisa trouxe um ponto fora da curva, a pesquisa exploratória vai
investigar esse ponto, trazendo uma nova visão.

Do ponto de vista dos procedimentos adotados na coleta de dados:

BIBLIOGRÁFICA
Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente
de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais,
boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o
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objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito


sobre o assunto da pesquisa.

DOCUMENTAL
A pesquisa documental, devido a suas características, pode ser confundida com a
pesquisa bibliográfica. Principal diferença: a natureza das fontes de ambas as
pesquisas.
Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições
de vários autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental baseia-se
em materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, não são
científicos ainda.
Materiais cartográficos: mapas, plantas;
Arquivos particulares: igrejas, bancos, indústrias, sindicatos, partidos políticos,
escolas, residências, hospitais, agências de serviço social, entidades de classe
Documentos: memórias, fotografias, diários, autobiografias;

OPERACIONAL
A pesquisa operacional é um método analítico avançado que permite a solução
de problemas e a tomada de decisões nas organizações. Os métodos mais
utilizados incluem lógica matemática, simulação, análise de redes, teoria de filas
e teoria dos jogos. Aplicação de modelos matemáticos.

EXPERIMENTAL
Controla as variáveis e realiza experimentos. Pré-reqeusito: ter variáveis, as
quais serão associadas entre si, comparadas.
É a pesquisa que envolve algum tipo de experimento, onde o pesquisador
trabalha com variáveis que são manipuladas pelo pesquisador [variável
independente], e variáveis dependentes [que sofrem a influência da manipulação
do pesquisador].
É o delineamento mais prestigiado nos meios científicos, principalmente nas
ciências exatas e naturais, no qual o pesquisador interfere diretamente no
fenômeno que está sendo estudado por meio da manipulação e do controle da
variáveis.
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 De campo: o pesquisador vai até o campo de encontro as pessoas que vai


estudar. Pode interagir com elas ou somente observar.
 Laboratorial: uma testagem e/ou experimento com variáveis controladas
em ambiente de laboratório.

LEVANTAMENTO
É um método de levantamento e análise de dados sociais, econômicos e
demográficos e se caracteriza pelo contato direto com as pessoas. Pela
dificuldade em conhecer a realidade de todas as pessoas que fazem parte do
universo pesquisado é recomendado utilizar os levantamentos por amostragem.
É sempre quantitativo. Colhe dados de um grupo restrito e gera conclusões sobre
o todo.

ESTUDO DE CASO
Estudo exaustivo de um ou poucos objetos de pesquisa, de maneira a permitir o
aprofundamento do seu conhecimento. Os estudos de caso têm grande
profundidade e pequena amplitude, pois procuram conhecer a realidade de um
indivíduo, de um grupo de pessoas, de uma ou mais organizações em
profundidade.
Analisa uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas e não variáveis.

AÇÃO
Quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo. Ela é entendida como um tipo de pesquisa social
com base empírica que é concebida em estreita associação com uma ação ou
com a resolução de um problema coletivo.

PARTICIPANTE
Quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das
situações investigadas. Essa pesquisa, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-
se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A
descoberta do universo vivido pela população implica compreender, numa
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perspectiva interna, o ponto de vista dos indivíduos e dos grupos acerca das
situações que vivem.

EX-POST-FACTO
A tradução literal da expressão ex-post-facto é “a partir do fato passado”. Isso
significa que neste tipo de pesquisa o estudo foi realizado após a ocorrência de
variações na variável dependente no curso natural dos acontecimentos, o evento
já aconteceu, não tem como o controlar, somente o analisar. Geralmente
buscam-se as causas e os efeitos.
Como uma investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador não tem
controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas
manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis.
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REFERÊNCIAS

BARROS, A. J. P.; LEHFELD N. A. S. Fundamentos de metodologia: um guia para


iniciação cientifica. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
PRODANOV, C.C.; FREITAS, E.C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas
da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2a ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social; métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1985. 287p.
ZANELLA, L. Metodologia de pesquisa . 2. ed. Florianópolis: Departamento de Ciências da
Administração/ UFSC, 2013. 134 p

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