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FICHA TÉCNICA
Carlos Krykhtine
Presidente
Introdução
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uma ferramenta importante para monitorar a evolução e distribuição espacial
da PSR ao longo do tempo e avaliar a eficácia das ações e programas voltados
para essa população.
Gestão coletiva
Um dos fatores principais de êxito do trabalho se assentou no fato de
que os censos têm sido um projeto coletivo desde seu planejamento até sua
execução. Para operacionalizar os trabalhos, tanto para 2020 quanto para
2022, foram criados grupos de trabalhos, constituídos por representantes do
Instituto Pereira Passos (IPP), Secretaria Municipal de Assistência Social
(SMAS) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Os técnicos se reuniram por mais de um ano, realizando estudos e
discussões para definir a estruturação da pesquisa. O vasto conhecimento das
equipes de abordagem social da SMAS e dos consultórios de rua da SMS e a
expertise do IPP em pesquisas sociais foram fundamentais para o bom
andamento dos censos.
Os instrumentos de pesquisa, por exemplo, foram intensamente
discutidos em reuniões do Grupo de Trabalho. O maior desafio foi equilibrar a
quantidade de perguntas e a cobertura dos temas, de modo que a abordagem
não fosse nem muito longa, a ponto de levar a um grande número de
desistências, nem tão resumida que deixasse de fora conteúdos importantes.
A gestão coletiva assegurou que o trabalho não tivesse caráter
puramente técnico ou acadêmico, mas que auxiliasse os órgãos públicos a
qualificar e elaborar as políticas direcionadas à população em situação de rua.
Importante também foram as diversas reuniões de sensibilização e
apresentação da metodologia, feitas com outros órgãos públicos, organizações
da sociedade civil, conselhos de direitos, movimentos sociais e voluntários.
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Metodologia
NA RUA:
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● Cena de uso - congrega os indivíduos que se encontravam em
locais considerados pela SMS como áreas específicas de uso de
drogas, e que dormiram na rua ao menos uma noite nos últimos
sete dias em relação à data de coleta;
EM INSTITUIÇÕES:
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Segundo a página gov.br: “Entende-se por Comunidades Terapêuticas, entidades privadas, sem fins
lucrativos, que realizam gratuitamente o acolhimento de pessoas com transtornos decorrentes do uso,
abuso ou dependência de substâncias psicoativas, em regime residencial transitório e de caráter
exclusivamente voluntário (espontâneo). O período de acolhimento varia de 3 meses a 12 meses,
conforme o projeto terapêutico da entidade. O principal instrumento utilizado nas Comunidades
Terapêuticas durante o tratamento é a convivência entre os pares. As Comunidades Terapêuticas não
integram o Sistema Único de Saúde (SUS) e tampouco o Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
mas são equipamentos da rede suplementar de atenção, recuperação e reinserção social de dependentes
de substâncias psicoativas, de modo que referidas entidades integram o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas – SISNAD, por força do Decreto nº 9.761/2019 e da Lei nº 13.840/2019. As CTs
integram o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD).”
Em: https://www.gov.br/pt-br/servicos/acessar-comunidades-terapeuticas. mar. 2023
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2020 2022
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censo domiciliar, isso condiciona fortemente toda a logística a ser empregada.
Previamente à ida a campo foram definidos os locais de maior concentração de
PSR e os roteiros a serem seguidos pelas equipes de pesquisadores. Mais
uma vez o trabalho conjunto com as equipes de ponta, sobretudo da
Assistência Social, mas também da área da Saúde, foi fundamental para
incorporar a concentração e os deslocamentos da população. Foram realizadas
oficinas descentralizadas com as equipes que executam a abordagem social
nos territórios, de modo a validar e atualizar os roteiros.
As informações espaciais alimentaram um aplicativo compartilhado
pelas equipes envolvidas, em que foram plotados, na base cartográfica oficial
da cidade, pontos e áreas de maior presença de pessoas. Tais bases,
selecionadas conforme o polígono a ser coberto por cada pesquisador, e
carregadas nos seus tablets, orientaram e organizaram o levantamento em
campo.
Destaque-se, igualmente, a importância do acompanhamento constante
do trabalho executado pela empresa contratada, em todas suas fases, por
parte da equipe de técnicos e coordenadores dos três órgãos municipais
envolvidos.
O trabalho de campo aconteceu entre 21 e 25 de novembro de 2022, de
segunda a sexta-feira, com exceção do dia 24, quando houve jogo do Brasil na
Copa do Mundo. A coleta de dados foi organizada espacialmente,
considerando-se a quantidade de entrevistas e observações, previstas de
serem efetuadas nos diferentes locais da cidade. Conforme expresso na Figura
1, o primeiro dia de trabalho se concentrou na área central, o segundo na Zona
Sul, o terceiro na Zona Norte, incluindo as Regiões Administrativas (RA) da
Tijuca e de Vila Isabel, e no último dia, toda a Zona Oeste e as RAs de
Jacarepaguá e Barra da Tijuca
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Figura 1 - Distribuição da coleta de dados do Censo de PSR, segundo os dias de trabalho e as
regiões da cidade - Rio de Janeiro - 2022
Quadro Geral
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A tabela 1 mostra a distribuição dos pesquisados segundo as cinco
grandes categorias, anteriormente explicitadas.
Condição Nº %
Rua 6.253 80%
Na Rua 5.026 64%
Cenas de uso 1.227 16%
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Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro - IPP, SMAS e SMS
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De acordo com a imprensa local foram identificadas 60 barracas, o que corresponderia a
aproximadamente 180 pessoas dormindo nos acampamentos bolsonaristas na época de aplicação do
Censo.
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Foto 1 - Antes e durante o fenômeno político do acampamento bolsonarista
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portanto não integravam a rede própria ou conveniada da Prefeitura. Tais
variações são apresentadas na tabela a seguir:
*Um total de 398 pessoas em situação de rua foram entrevistadas em unidades de acolhimento
provisórias, totalizando 7272 pessoas em situação de rua.
Distribuição espacial
Analisando os números absolutos do total por Áreas de Planejamento
(tabela 3), verifica-se que nos dois anos estudados os maiores contingentes
estavam localizados na AP1 e AP3, respectivamente Área Central e Zona
Norte.
Tabela 3 - Pessoas em situação de rua, segundo localização e condição - Rio de Janeiro -
2020/2022
Na Rua Em Instituição Total
Localização
2020 2022 2020 2022 2020 2022
AP 1 - Centro e entorno 1.700 2.011 219* 209 2.317 2.220
AP 2 - Z. Sul, Tijuca e V.Isabel 1.420 1.382 62 81 1.482 1.463
AP 3 - Zona Norte 1.504 1.904 423 476 1.927 2.380
AP 4 - Barra e Jacarepaguá 436 455 198 290 634 745
AP 5 - Zona Oeste 375 501 537 556 912 1.057
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Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro - IPP, SMAS e SMS
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A figura 2 apresenta a distribuição das pessoas “na rua” na região
central e portuária, onde há maior concentração dessa população. Em
comparação aos resultados de 2020, observou-se uma mudança no
comportamento de deslocamento dessas pessoas pelo Centro. Houve uma
redução na concentração de pessoas nas áreas da Carioca e Cinelândia, e
agora há uma dispersão espacial mais ampla desse público.
Figura 2 - Localização das PSR “na rua” e em cenas de uso nas Regiões do Centro e Portuária - Rio de
Janeiro - 2020/2022
Obs. Os tamanhos dos círculos correspondem ao número de pessoas dentro da área demarcada. As
cores representam os anos, 2022 em azul e 2020 em laranja.
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temporário, mas foram contabilizadas no quadro geral de população em
situação de rua daquele ano.
Tabela 4 - PSR nas categorias Rua e Cenas de Uso, por localização - Rio de Janeiro -
2020/2022
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Cenas de Uso
Figura 3 - Localização das PSR em cenas de uso de drogas - Rio de Janeiro - 2020/2022
Obs. Os tamanhos dos círculos correspondem ao número de pessoas dentro da área demarcada. As
cores representam os anos, 2022 em azul e 2020 em laranja.
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Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro - IPP, SMAS e SMS
Perfil Socioeconômico
No ano de 2022, o perfil da população em situação de rua se manteve
similar ao do ano anterior. A maioria dos entrevistados (81,9%) era composta
por homens e 40,5% estavam na faixa etária entre 31 e 49 anos. É importante
destacar que nos números gerais houve uma redução no quantitativo de
crianças e adolescentes e um aumento de idosos e adultos. Quando são
consideradas apenas as pessoas na condição “na rua”, a tendência se
mantém, variando da seguinte forma: crianças, -5%; adolescentes, -8%; idosos,
+26%; e adultos, +16%.
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recicláveis, chegando a 80% na região de Madureira. A situação de
insegurança alimentar é uma realidade constante, visto que 40,3% das
pessoas entrevistadas relataram ter ficado um dia inteiro sem comer na
semana que antecedeu ao censo. Adicionalmente, 46,6% das pessoas se
alimentaram no dia da entrevista por meio de doações, e 1,2% se alimentou
pelo que coletou do lixo.
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Anexo I - Distribuição da população em situação de rua por Região Administrativa (RA) do Município
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Cenas de Unidades de Comunidades Hospitais e
Região Administrativa Na Rua Total
uso acolhimento Terapêuticas CAPS
Área de Planejamento 5
XVII - R.A. Bangu 65 170 56 28 3 322
XVIII - R.A. Campo Grande 104 - 56 5 - 165
XIX - R.A. Santa Cruz 70 - 358 21 - 449
XXVI - R.A. Guaratiba 5 - - - - 5
XXXIII - R.A. Realengo 67 20 28 - 1 116
Total 5.026 1.227 1.372 183 57 7.865
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