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Teóricos do poder absoluto
A concentração de poderes teve teóricos importantes. Nicolau
Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, argumentava que o
soberano deveria preocupar-se com estratégias de conquista e
conservação do poder. Jean Bodin, em “Da República”,
defendia a subordinação da Igreja ao poder soberano do
monarca. Jacques Bossuet elaborou a teoria do direito
divino dos reis, segundo a qual o poder real era uma
concessão divina, o que significava obediência incondicional
dos súditos.
Thomas Hobbes, por sua vez, na obra Leviatã, descartou a
ideia de que os monarcas eram representantes de Deus na
Terra. Segundo ele, a função do governante e do Estado era
garantir a paz, o cumprimento das leis e a coesão do território,
evitando que os homens se destruíssem uns aos outros.
O Império Habsburgo
Nos séculos XVI e XVII, as monarquias nacionais ou
absolutistas atingiram o auge na Europa Ocidental. Porém,
nesse período, conflitos religiosos entre católicos e protestantes
geraram uma onda de violência e intolerância em vários países.
Um dos maiores protagonistas desses conflitos foi o império
governado pela dinastia dos Habsburgos, que era a maior
potência da Europa na época. De origem austríaca, por meio de
alianças, casamentos e tratados diplomáticos, essa dinastia
conseguiu controlar a Espanha, os Países Baixos, diversas
partes da Itália, grande parte dos territórios alemães, a Áustria,
a Boêmia e parte da França.
O sonho de expansão territorial, contudo se chocava com três
obstáculos: a difusão da reforma protestante, a oposição da
França e o avanço do Império Otomano. Incapaz de controlar
sozinho um império tão vasto, Carlos V renunciou em 1556 e
dividiu o império Habsburgo entre seu irmão, Ferdinando I, e
seu filho, Filipe II.
Soberano do Império Espanhol, em 1580 Filipe II anexou o
reino de Portugal, incluindo o Brasil e todas as possessões
portuguesas na África e na Ásia. Estimulado pela
contrarreforma, Filipe II planejou reconquistar os territórios e
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fiéis perdidos para os protestantes, dando origem à Guerra dos
Trinta Anos.
O conflito terminou com o Tratado de Westfália, que definiu a
independência do poder político em relação ao religioso, o
direito de os súditos terem a própria crença religiosa e a
soberania de cada Estado nacional sobre seu território.
Acabava-se, portanto, o sonho imperial dos Habsburgos.
Portugal e Espanha foram pioneiros no absolutismo, mas logo
em outros países, como Inglaterra, França e Holanda, também
adotaram essa forma de governo, lançaram-se nas grandes
navegações e constituíram impérios coloniais ultramarinos.
A sociedade da corte
Com a centralização do poder, constituiu-se uma sociedade de
corte. Formada pelos nobres e burocratas mais próximos do
rei, a corte foi a instituição central das monarquias durante o
Antigo Regime.
Com a centralização do poder, a maioria dos nobres feudais
converteu-se em funcionários a serviço do monarca. Os cargos
na corte do monarca eram reservados à nobreza, que dessa
forma ganhava uma nova função na sociedade e, ao mesmo
tempo, mantinha-se dependente da monarquia.
As cortes também eram centros difusores de modelos de
comportamento, hábitos e estilo de vida. Foi nas cortes que se
desenvolveu o comportamento “civilizado”, que caracteriza o
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homem moderno, tais como boas maneiras e contenção da
agressividade.
O mercantilismo
Os monarcas absolutistas adotaram medidas políticas
econômicas cuja finalidade básica era aumentar ao máximo a
riqueza do reino. O conjunto das medidas adotadas nos Estados
nacionais europeus entre os séculos XV e XVIII ficou
conhecido como política mercantilista/mercantilismo.
Para administrar e fiscalizar as atividades econômicas, o
monarca contava com uma contabilidade precisa das riquezas
do reino e com um conjunto de funcionários a seu serviço.
As práticas mercantilistas adotadas no continente europeu
durante o Antigo Regime variavam conforme o Estado. É
possível, no entanto, reconhecer as medidas mais comuns que
orientaram as atividades políticas e econômicas daquele
período.
Metalismo – os governos procuravam adquirir a
maior quantidade possível de metais preciosos e
proibir que eles saíssem do reino. Essa medida
baseava-se no princípio de que o ouro e a prata
eram a principal fonte de riqueza. Portanto, quanto
mais um país acumulasse metais, mais rico e
poderoso ele seria.
Balança comercial favorável – exportar mais do
que importar. As importações deviam se limitar
apenas às matérias-primas, enquanto as
exportações se voltariam para os bens
manufaturados. Todas as oportunidades para trocar
as manufaturas produzidas no reino por ouro e
prata deviam ser aproveitadas, a fim de
incrementar os estoques desses metais.
Protecionismo alfandegário – cobrança de
pesados impostos sobre produtos estrangeiros, o
que os tornava mais caros. Assim, mesmo que a
qualidade desses produtos fosse superior à
qualidade das mercadorias produzidas no interior
do reino, os consumidores eram desestimulados a
adquiri-los.
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Exclusivo comercial metropolitano – criar
monopólios comerciais era outro modo de
aumentar as exportações e diminuir as
importações. Os principais exemplos disso foram
os domínios coloniais europeus. Utilizando-se de
mão de obra indígena ou africana, as colônias
produziam e forneciam matérias-primas baratas às
metrópoles europeias, ficando obrigadas a
consumir seus produtos manufaturados.
O Estado absolutista controlava e regulamentava toda a
atividade econômica, reservando-se o direito de conceder
monopólios comerciais, punir o tráfico ilegal de metais
preciosos e mercadorias etc. Os governos mercantilistas
também procuravam fazer que todos os terrenos disponíveis no
país fossem utilizados para a agricultura, a mineração ou a
manufatura, apesar das dificuldades de colocar isso em prática.
As políticas intervencionistas do mercantilismo pretendiam
assegurar a riqueza e o poder estatais, garantindo uma fonte de
financiamento para guerras, expedições marítimas e exploração
comercial. Na Inglaterra, por exemplo, criou parte das
condições necessárias para a Revolução Industrial.
Quando os espanhóis descobriram ouro e prata na América
(século XVI e XVII), a Europa recebeu grande quantidade
desses metais, que foram utilizados para confeccionar moedas.
Com grande volume de dinheiro em circulação, ocorreu um
surto inflacionário.
O aumento dos preços beneficiou manufatureiros, negociantes,
armadores e banqueiros das grandes cidades. Para a camada
popular urbana, contudo, a inflação teve efeitos terríveis.
Calcula-se que, no decorrer do século XVI, os preços tenham
subido entre 150% e 400%, conforme o país e a região. O preço
do trigo se multiplicava, enquanto os salários reais baixavam
continuamente. Esse processo inflacionário ficou conhecido
como a Revolução dos Preços.