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CE SESI Nº 416

Professora Tammy Oliveira de Lucena - História

A centralização do poder nas monarquias europeias

Quando falamos em Europa dificilmente imaginamos o continente europeu sem os países como França,
Inglaterra, Portugal ou Espanha, não é mesmo? Esses países começaram a se consolidar a partir da Baixa Idade
Média, paralelamente ao desenvolvimento do comércio e das cidades.
Até então, nos diversos reinos formados pela Europa com a desagregação do Império Romano do ocidente, os reis
exerciam, principalmente, funções militares e políticas. Sem cumprir atividades administrativas, o rei tinha seus
poderes limitados pela ação da nobreza feudal, que, por serem os senhores da terra, controlava de fato o poder.
Essa organização do poder é chamada monarquia feudal e sua principal característica era a fragmentação do
poder.
A partir do século XI, em algumas regiões da Europa, as monarquias feudais iriam servir de base para a formação
de governos centralizados: é o caso da França, da Inglaterra e de Castela (atual Espanha).
Os reis começaram então a concentrar grandes poderes, em parte por causa do apoio e do dinheiro recebido dos
burgueses. Ao longo de algum tempo, a aproximação entre o rei e a burguesia colocariam fim à fragmentação do
poder. Entretanto, isso não significou a exclusão da nobreza feudal do poder. Ela se manteve ligada ao rei e
usufruindo da sua política.
Além dos reis, ganharam importância nesse processo os burgueses, que se tornaram o grupo social de maior poder
político e, sobretudo, econômico.

A formação das monarquias

Durante quase toda a Idade Média não existiam países como os que conhecemos hoje. Assim, morar em Londres
ou em Paris não significava morar na Inglaterra ou na França. As pessoas sentiam-se ligadas apenas a uma cidade,
a um feudo ou a um reino.
O processo de formação de monarquias com poder centralizado na Europa iniciou-se no século XI e consolidou-
se entre os séculos XIV e XVI. Ao final de alguns séculos, esse processo daria origem a muitos dos países atuais
da Europa, como França, Portugal e Espanha. Entretanto, ele não ocorreu ao mesmo tempo e da mesma maneira
em todos os lugares do continente. Em regiões como a península Itálica e o norte da Europa nem chegaria a se
consolidar.
Quase sempre estiveram envolvidos nesse processo de centralização do poder os mesmos grupos sociais: os reis,
a burguesia e os nobres feudais. Cada um desses grupos era movido por interesses próprios. Muitas vezes, esses
interesses eram convergentes; outras vezes, radicalmente opostos.
Para a burguesia, novo grupo social que se formava, a descentralização política do feudalismo era inconveniente.
Isso porque submetia os burgueses aos impostos cobrados pelos senhores e dificultava a atividade comercial
pela ausência de moeda comum e de pesos e medidas padronizadas.
Essas circunstâncias acabaram aproximando os burgueses dos reis, interessados em concentrar o poder em suas
mãos. Nessa aliança, a burguesia contribuía com o dinheiro e o rei, com medidas políticas que favoreciam o
comércio. O dinheiro da burguesia facilitava aos reis a organização de um exército para impor sua autoridade à
nobreza feudal.
Essa mesma nobreza feudal, por sua vez, encontrava-se enfraquecida pelos gastos com as Cruzadas e tinha
necessidade de um apoio forte, até mesmo para se defender das revoltas camponesas, que se intensificavam.
Procurou esse apoio nos reis, apesar de muitas vezes se sentir prejudicada com a política da realeza em favor da
burguesia, que colocava fim a vários dos privilégios feudais. Dividido entre a burguesia e a nobreza feudal, o rei
serviu como uma espécie de mediador entre os interesses dos dois grupos.
Ao final de um longo período, esse processo acabou possibilitando a formação de um poder centralizado e a
consolidação de uma unidade territorial. Com isso, formar-se-iam em diversas regiões da Europa monarquias com
poder centralizado, nas quais os reis detinham grande parte do poder.
Assim, a monarquia foi forma de governo sob a qual se organizou a Europa entre o fim da Idade Média e o início
da Idade Moderna.

Absolutismo
Absolutismo é um regime político em que apenas uma pessoa exerce poderes absolutos, amplos poderes, onde só
ele manda, geralmente um rei ou uma rainha. Absolutismo foi um período entre os séculos VI e XVIII, e começou
na Europa.
Através do absolutismo os monarcas tinham o poder para criar leis sem aprovação da sociedade e de criar
impostos e tributos que financiassem seus projetos ou guerras. Muitas vezes, um rei absoluto se envolvia em
temas religiosos, chegando muitas vezes a controlar o clero. O absolutismo era um grande benefício para a classe
burguesa que apoiava o rei no poder. Desta forma, os comerciantes patrocinavam os projetos do rei e como
recompensa eram beneficiados nos negócios do Estado.
Diversos países da Europa passaram pelo regime absolutista. A França foi governada pelo Rei Luís XIV, o mais
célebre absolutista francês, conhecido como "Rei Sol", que ficou famoso pela sua célebre frase "o Estado sou eu",
o Rei Henrique VIII, na Inglaterra, assim como a Rainha Elizabeth. Em Portugal, o poder conferido aos reis não
era absoluto, por ser dividido com as cortes e outras entidades soberanas. No entanto, o poder conferido aos reis
foi aumentando com o passar do tempo, o que se verificou no reinado do Rei João V. Na Espanha, o rei Fernando
de Aragão se casou com a Rainha Isabel de Castela, havendo então a unificação do reino espanhol. Esta
unificação deu origem ao período de absolutismo na Espanha.
Com o surgimento do Iluminismo e com os ideais defendidos pela Revolução Francesa, o absolutismo chegou ao
seu fim, foi substituído em muitos países pela República, ficando conhecido como "Antigo Regime". No entanto,
antes da sua queda, e tendo em conta as muitas críticas que lhe eram apontadas, o absolutismo tentou uma espécie
de reforma através do "despotismo esclarecido".
Principais teóricos do absolutismo
Nicolau Maquiavel (1469 – 1529)
Em 1513 publica “o Príncipe” (uma espécie de manual que ensinava o exercício do poder).
Para Maquiavel, o governante hábil deveria equilibrar a virtude e a fortuna para que assim pudesse garantir seus
interesses. No entanto, para que esse equilíbrio fosse possível, o pensador sugeriu que os valores morais impostos
pela fé e pela sociedade não poderiam restringir a ação do rei. Com isso, Nicolau Maquiavel promoveu a divisão
entre moral e política tecendo sua célebre frase, onde pregava a ideia de que “os fins justificam os meios”.
Jacques Bossuet (1627 – 1704)
Defendia que o rei era absoluto porque havia recebido o poder diretamente de Deus, isto é, era rei por vontade
divina. Segundo este raciocínio, conclui-se que colocar-se contra as decisões do rei era colocar-se contra Deus.
Thomas Hobbes (1588 – 1679)
Afirmava ser necessária a presença de um governante absoluto para a manutenção da ordem no reino, pois sem
essa autoridade que se sobrepunha à vontade de todos, as pessoas viveriam em estado de guerra. Em última
análise, o monarca era o guardião da paz e da civilização. Principal obra: “Leviatã”.
Mercantilismo
O modelo econômico mais famoso durante os regimes absolutistas era conhecido como mercantilismo. Este
modelo era caracterizado por um Estado que tinha forte envolvimento em negócios financeiros (intervenção do
Estado na economia). De acordo com o mercantilismo havia também a noção de que um acumular de riquezas
contribuiria para a prosperidade do Estado, dando-lhe influência, poder e respeito perante as outras nações. O
mercantilismo era conhecido por utilizar processos como o metalismo, protecionismo alfandegário, pacto colonial
e balança comercial favorável.
Principais características do mercantilismo:
Intervencionismo estatal: rígido controle do estado sobre a economia;
Metalismo (ou bulionismo): acúmulo de metal amoedável no país; quanto maior fosse a quantidade de metais,
mais rico o país seria.
Protecionismo alfandegário: manter altas as taxas alfandegárias para desestimular as importações e proteger a
produção local contra os produtos estrangeiros;
Balança comercial favorável: controle exercido sobre a relação entre importação exportação, visando garantir
maior volume de venda que de compra (superávit);
Colonialismo: formação de mercados coloniais, principalmente na América, com o objetivo de exploração para
acúmulo de capitais.
Pacto colonial: acordo firmado entre colônia e metrópole garantindo a exclusividade de exploração à metrópole;

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