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O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO NA EUROPA DA IDADE MODERNA

Século xv-xviii

O absolutismo foi um sistema político que predominou na Europa do século XVI


ao século XVIII. Associado à formação dos Estados Nacionais e ao
crescimento da burguesia, esse regime defendia o poder absoluto dos
monarcas sobre o Estado. Durante o absolutismo, a monarquia concentrava
todo o poder do Estado, utilizando-a de acordo com seus interesses. Leis,
impostos e tributos eram criados sem a participação da sociedade ou de
qualquer outro órgão da soberania. 
O absolutismo surgiu no início da Idade Moderna com a consolidação dos
Estados Nacionais e com o surgimento de novas demandas da classe
mercantil. Diferente do que acontecia no período medieval, durante o
absolutismo o poder real era pleno.
O controle do poder de toda a nação ficava sob o comando do rei. Nesse
período surgiu a burocracia e a estrutura de organização de governo,
responsável pela execução do trabalho administrativo. Os destaques para esse
sistema político foram os modelos francês, inglês e espanhol. 
Com o fortalecimento do regime, alguns filósofos desenvolveram teorias
justificando o uso do poder absoluto, entre eles Nicolau Maquiavel, Jacques
Bossuet e Thomas Hobbes.
O Absolutismo deixou de existir como forma de governo por volta do século
XIX, uma vez que já era contestado pelos ideais iluministas. A Revolução
Francesa e as mudanças que surgiram a partir dela contribuíram para o fim
dessa forma de governo em toda a Europa. Tais mudanças buscavam a
descentralização do poder, ou seja, o oposto do que era defendido até então,
como também questionavam a teoria da vontade divina do poder real, pois o
Iluminismo defendia a racionalização do pensamento humano.
NA FRANÇA: Foi na França que o absolutismo teve seu maior
desenvolvimento. A frase "L'État, c'est moi" (“O estado sou eu”), que
representa muito bem o poder do monarca absolutista, foi proferida pelo rei
francês Luís XIV. O regime absolutista francês começou a se formar após o
final da Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Embora vencedora, a França
encontrava-se desorganizada com vários sistemas jurídicos, privilégios e
tradições. O rei surgiu como um elemento centralizador capaz de dar unidade
política e econômica à França. 
O primeiro monarca a seguir a linha absolutista na França foi Luís XI, que usou
vários esquemas para estender a sua autoridade a todos os territórios que
formavam a França em meados do século XVI. No campo político, seu governo
se pautou no sentido de afirmar sua autoridade diante dos direitos da nobreza
e do clero (originários dos privilégios feudais). 
O absolutismo francês durou até 1789, quando a Revolução Francesa colocou
fim ao regime absolutista no país.
Principais reis absolutistas franceses: - Luís XI (Dinastia dos Valois) -
governou a França de 1461 a 1483. É considerado o consolidador do regime
absolutista na França.
 - Henrique IV (Dinastia dos Bourbons) - governou a França entre 1589 e 1610.
 - Luis XIV (Dinastia dos Bourbons) - conhecido como Rei Sol - governou a
França entre 1643 e 1715.
- Luis XV (Dinastia dos Bourbons) - governou a França entre 1715 e 1774.
- Luis XVI ( Dinastia dos Bourbons) - governou a França entre 1774 e 1789.

NA INGLATERRA: O chamado “absolutismo inglês” é a fase da história da


Inglaterra dominada por governantes que exerceram seu poder de forma
absoluta, mesmo que se utilizassem de diversos métodos para isso.
O absolutismo na Inglaterra tem seu início a partir do fim do século XV. Esse
momento histórico se inicia na Guerra das Duas Rosas (que foi um
desentendimento entre Lancaster e York), que opôs as duas principais
dinastias da época, os Lancaster e os York. Terminado o conflito, quem
assume o trono inglês é Henrique VII, fundador da Dinastia Tudor, que
governou de 1485 a 1509. Sua subida ao poder e sua manutenção se deveram
ao apoio da burguesia inglesa que controlava em grande parte o poder político
do país.

Em 1509, o filho, Henrique VIII assumiu o trono e nele permaneceu até 1547.
Durante seu governo, o rei ainda mantinha o apoio real à burguesia e tinha dela
a sustentação do poder real e o controle sobre os nobres do país, que por
vezes ofereciam resistência ao rei.

Henrique VIII, além disso, também foi responsável por uma reforma religiosa,
rompendo com a Igreja Católica e fundando a Igreja Anglicana, tornando-se
seu representante máximo, ao mesmo tempo que minava a influência católica
entre os ingleses e tomava para si as propriedades eclesiásticas da Igreja.

O governo seguinte foi exercido por Elizabeth I, que governou de 1558 a 1603,
marcando um período de consolidação do poder real e da religião anglicana,
intento esse conseguido através de perseguições aos fiéis de outras
denominações, cristãs ou não. Esse panorama de perseguição gerou uma
importante onda de emigração de perseguidos que foram para a América do
Norte com a intenção de colonizar a nova região.

Por não ter deixado herdeiros, Elizabeth é sucedida por seu primo, Jaime I,
pertencente à dinastia Stuart. Em seu governo, entre 1603 e 1625, Jaime dá
continuidade à perseguição aos não anglicanos e com isso aumenta o número
de emigrantes para a América.

Em 1625 o poder é passado ao filho de Jaime, Carlos I que, seguindo o


comportamento de seus descendentes, intensifica a perseguição religiosa e
fortalece o absolutismo. Essa postura rígida do rei Carlos incomoda o
Parlamento e as classes sociais e gera uma guerra.

Desta guerra, o vitorioso é Oliver Cromwell, representante do Parlamento, que


consegue destituir o rei e se torna o "Lorde Protetor", denominação que recebe
durante seu governo (de 1649 a 1658). Em 1651, cria o “Ato de Navegação”
que limitava a navegação e o comércio marítimo à Inglaterra e seus aliados.
Essa medida tem dois grandes efeitos. Em primeiro lugar, prejudica a Holanda,
que baseava sua economia também no comércio ultramarino e que se viu
severamente atingida pelas imposições do Ato. Em segundo lugar, essa
condição de domínio inglês do comércio marítimo alça a Inglaterra ao posto de
maior potência marítima do mundo, título que sustentará até a época
da Primeira Guerra Mundial, no século XX.

Em 1658, Oliver Cromwell morre. A dinastia Stuart volta ao poder com Carlos II
(1660 a 1685) e Jaime II (1685 a 1688), dando ao absolutismo monárquico um
novo fôlego. Sua sucessão é ameaçada por ter tido duas filhas em seu primeiro
casamento com uma esposa protestante, pois o poder só poderia ser passado
para um filho do sexo masculino. Esse filho nasceu do seu segundo
casamento, com uma esposa católica.

Essa profunda influência católica na linha de sucessão do trono incomoda


profundamente algumas alas da sociedade e o Parlamento decide buscar outro
descendente para assumir o poder. É escolhido Guilherme de Orange, da
Holanda, casado com Maria Stuart, filha de Jaime II. Com o respaldo do
Parlamento, Orange invade a Inglaterra com suas tropas e ocupa Londres sem
tiros. Diante da situação, Jaime II foge para a França.

Coroado rei Guilherme III, tem fim a chamada Revolução Gloriosa, como ficou
conhecido o imbróglio. Em seu governo surge a Declaração de Direitos, um
conjunto de medidas que se caracterizava pelas determinações de que o
Parlamento deveria aprovar ou reprovar impostos, garantia a propriedade
privada e a liberdade individual como direitos e determinava a divisão de
Poderes no governo.

Ao fim de todo esse processo conflituoso e confuso, a Inglaterra se manteve


monárquica, reestruturou sua economia, garantindo as condições que a fariam
se tornar uma grande potência mundial nos séculos seguintes.

NA PRUSSIA: O Absolutismo na Prússia e nos demais países do oriente


europeu caracterizou-se principalmente pela intensificação da servidão sobre
os camponeses. Também esteve inserido no contexto das disputas
aristocráticas ocorridas após o surgimento da Reforma Protestante. Enquanto
em países como a Inglaterra e França, a servidão ia desaparecendo, na
Prússia e nos demais Estados do Leste, a servidão ampliava-se. Essa medida
era uma reação da nobreza proprietária de terras para fortalecer seu poder.
Outro processo que caracterizou o absolutismo na Prússia foi o fortalecimento
do exército, centralizando e permanecendo sob o comando do Estado. Essas
medidas iniciaram-se com Frederico Guilherme Honherzollern (1640-1688),
após a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). O incremento do exército durante
seu reinado foi considerável, o que proporcionou o início do fortalecimento da
Prússia frente às potências europeias do período.

Mas a transformação da Prússia em uma potência econômica e militar europeia


deu-se principalmente com Frederico II, que além de incentivar o
desenvolvimento artístico e cultural, criou as condições para o desenvolvimento
comercial e manufatureiro prussiano. Esse crescimento da Prússia inclusive
resultou na Guerra dos Sete Anos (1756-1763), situação que marcou o fim da
Idade Moderna.

NA RUSSIA:  foi um período da história russa em que o sistema de governo


era a Monarquia Absolutista (entre 1721 a 1906). Entre 1907 e 1917, a forma
de governo que vigorou foi a Monarquia Constitucional. O país e territórios sob
sua influência eram governado por um imperador (czar). Esta fase durou de
1721 até 1917 (ano da Revolução Russa).

- No aspecto político, o governo era exercido pelo czar Nicolau II, da família
Romano v. O regime político ainda era o absolutismo, que concentrava muito
poder na figura do monarca.

 - Grande atraso do ponto de vista industrial, em relação aos países europeus.


A agricultura ainda era a base da economia russa, no início do século XX.

 - Os grandes proprietários rurais (latifundiários) exploravam o trabalho dos


camponeses, que viviam em situação de pobreza, fome e miséria. Algumas
características do feudalismo ainda existiam na Rússia.

 - Nas grandes cidades russas (principalmente Petrogrado, Kiev, Odessa e


Moscou), as indústrias eram atrasadas e havia grande exploração dos
operários. Esse fato, aproximou o proletariado da ideologia marxista, que
estava ganhando cada mais força política nos grandes centros urbanos.
 - Presença de partidos políticos de esquerda (ligados ao ideal comunista), que
existiam na ilegalidade e faziam oposição ao sistema czarista de Nicolau II.

 - Havia forte repressão do regime czarista a qualquer tipo de oposição política


ao governo. Censura, exílios, prisões de opositores e muito violência eram
recursos usados pelas forças policiais imperiais russas.

 - Presença de grande desigualdade social. Uma pequena parcela da


sociedade russa, composta por grandes industriais, banqueiros e membros da
nobreza, concentrava quase toda riqueza do país. Cerca de 80% da população
russa vivia com rendimentos extremamente baixos.

- Ocorrência de muitas manifestações e protestos sociais de rua, organizadas


principalmente pelos comunistas, contra a situação econômica, política e
social. Muitas dessas manifestações foram reprimidas violentamente pelo
regime czarista. Para complicar ainda mais a situação, muitos soldados russos
começaram a participar desses movimentos.

 - A monarquia czarista estava enfraquecida no aspecto político em função,


principalmente, da perda do apoio popular.

Principais monarcas absolutistas 


Alguns países da Europa passaram pelo regime absolutista, mas os principais
reinos absolutistas foram França, Espanha e Inglaterra. Os principais monarcas
do regime absolutista foram:
•    Elizabeth I – rainha da Inglaterra e da Irlanda de 1558 a 1603.
•    Fernando de Aragão e Isabel de Castela – reis da Espanha durante o
século XVI.
•    Luís XIII – rei da França entre 1610 e 1643.
•    Luís XIV – rei da França de 1643 a 1715.
•    Henrique VIII – rei da Inglaterra no século XVII.
•    D. João V – rei de Portugal entre 1707 e 1750. 
•    Luís XV – rei da França entre os anos de 1715 até 1774.
•    Luís XVI – rei da França de 1774 até 1789.
•    Fernando VII – rei da Espanha entre os anos de 1808 até 1833.
•    Nicolau II – rei da Rússia de 1894 a 1917.

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