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REVOLUÇÃO INGLESA

INTRODUÇÃO

A Revolução Inglesa foi um conjunto de guerras civis e mudanças de regime


político que ocorreram na Inglaterra, Escócia e Irlanda entre 1640 e 1688.

Estas revoluções marcaram a ascensão da burguesia e consolidaram a monarquia


parlamentarista na Inglaterra.

A Revolução Inglesa pode ser dividida em quatro fases principais:

 A Revolução Puritana e a Guerra Civil, de 1640 a 1649;


 A República de Oliver Cromwell, de 1649 a 1658;
 A Restauração da dinastia Stuart, com os reis Charles II e Jaime II, de 1660 a
1688;
 A Revolução Gloriosa, que encerrou o reinado de Jaime II e instituiu a
Monarquia Parlamentarista.

Como duas revoluções - Puritana e Gloriosa - aconteceram num curto espaço de


tempo, esta fase também é chamada de "Revoluções Inglesas", no plural.

Estas tiveram como objetivos: limitar o poder do rei através do Parlamento,


garantir a liberdade religiosa para os anglicanos e impedir a restauração do catolicismo
na Inglaterra.

ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO INGLESA

A Reforma Protestante não foi apenas um movimento de contestação à doutrina


da Igreja Católica, pois influenciou diversas áreas da sociedade, como a política e a
economia. Inúmeros reis europeus se converteram a essas novas religiões cristãs,
rompendo suas relações com o catolicismo. Dessa forma, a burguesa se aliou aos reis
para garantir benefícios econômicos, pois as novas doutrinas religiosas defendiam o
trabalho e o lucro, ao contrário da Igreja Católica, que se opôs à usura, ou seja, à
cobrança de juros.
Ilustração da dinastia Tudor, com Henrique VIII sentado no trono.

Na Inglaterra, o rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, promoveu uma reforma


religiosa e converteu as terras que pertenciam à Igreja Católica em propriedade privada.
Essa ruptura com o catolicismo fez com que a Inglaterra se tornasse rival de outros
reinos católicos, como a Espanha. Vale dizer que várias guerras que aconteceram na
Europa nesse período tiveram entre suas causas os embates entre católicos e
protestantes.

As reformas promovidas por Henrique VIII beneficiaram a burguesia na


economia e na política. Os representantes dessa classe social se tornaram a maioria na
Câmara dos Comuns. A força burguesa começou a ameaçar o domínio da nobreza e da
Coroa.

Logo após o fim da dinastia Tudor, subiu ao trono na Inglaterra o rei Jaime I, da
dinastia Stuart, que governou os ingleses entre 1603 e 1625. Essa mudança favoreceu os
nobres e tentou frear o avanço da burguesia. O rei aumentou impostos, impôs o
monopólio estatal sobre os negócios burgueses e perseguiu os puritanos, que era a
religião predominante entre os negociantes. Além dessa investida contra a
burguesia, Jaime I também enfrentou o Parlamento ao dissolvê-lo e deixá-lo inativo
entre 1614 e 1622.

O Parlamento inglês era bicameral. A Câmara dos Comuns era dominada pelos
burgueses, e a Câmara dos Lordes, pela nobreza e aliados do rei. Quando alguma
medida não obtinha a maioria no Parlamento, o rei ordenava o seu fechamento. Foi o
que aconteceu em 1640, quando o rei Carlos I, filho de Jaime I, enviou ao Parlamento
um projeto de aumento de impostos. O Parlamento estava dividido em duas alas:
 os diggers, que defendiam a realização da reforma agrária e uma distribuição de
terras para o desenvolvimento da agricultura; e
 os levellers, que defendiam a prática da religião católica de forma livre, bem
como a igualdade jurídica.

Como não houve consenso, o projeto não foi aprovado, e o rei ameaçou


suspender as atividades parlamentares. Quando Carlos I entrou em guerra contra a
Escócia, ele pediu aos parlamentares autorização para aumentar os impostos e financiar
a batalha. A Câmara dos Comuns rejeitou o pedido do rei, mas, dessa vez, estava
preparada para uma reação absolutista.

REVOLUÇÃO PURITANA E GUERRA CIVIL

Oliver Cromwell, um líder radical puritano, organizou um exército burguês para


defender o Parlamento contra as investidas de Carlos I. O exército entrou em guerra
com as tropas reais, iniciando a Revolução Puritana. Essa primeira fase da revolução
teve questões religiosas e colocou em lados opostos dois grupos: a nobreza, os aliados
do rei e o clero contra os burgueses, pequenos mercadores e artesãos que professavam
o calvinismo.

Nessa batalha contra o Parlamento, Carlos I tinha o apoio dos cavaleiros da


nobreza. Em 1642, Cromwell convocou o Novo Exército Modelo, formando por
pequenos burgueses e camponeses, também chamado de “Cabeças Redondas”, por não
utilizarem as perucas dos nobres. Esses soldados eram promovidos pelos méritos, e não
por sangue. Além do embate físico, os motivos daquele confronto eram discutidos entre
eles, o que aumentava a consciência política de suas ações.

O exército de Cromwell conseguiu derrotar as tropas de Carlos I e o rei foi


preso. Em 1649, a ala radical da burguesia exigiu a decapitação do rei, o que aconteceu
em 31 de janeiro daquele ano. Pela primeira vez, um monarca era decapitado em praça
pública por ordem do Parlamento.
REPÚBLICA DE OLIVER CROMWELL

Com o fim da dinastia Stuart, logo após a morte de Carlos I, a Inglaterra foi
comandada por Oliver Cromwell, responsável por organizar o exército que garantiu a
vitória do Parlamento sobre a Coroa e os nobres. A República foi proclamada na
Inglaterra, em 16 de maio de 1649, e os parlamentares nomearam Cromwell como
“Lord Protector” (Senhor Protetor da República).

Uma das medidas importantes nesse período foi a implantação do Ato de


Navegação, ou seja, os produtos ingleses só poderiam ser carregados em navios da
Inglaterra. Esse ato contribuiu para a formação da poderosa esquadra naval inglesa, que
dominaria os mares pelos séculos seguintes.

A relação entre Oliver Cromwell e os parlamentares não demorou a se


enfraquecer. Em 1653, ele instituiu uma ditadura na Inglaterra, dissolvendo o
Parlamento, e acabou com o auxílio do exército burguês. As principais lideranças desse
exército foram mortas por Cromwell.

Em 1657, Cromwell restaurou o Parlamento e buscou uma aproximação. O


protetor da república morreu no ano seguinte e quem assumiu o poder foi seu filho,
Richard Cromwell. Porém, o filho não tinha a mesma força política do pai e não resistiu
à pressão dos radicais burgueses, que convocaram Carlos II, filho do rei decapitado em
1649, reestabelecendo a dinastia Stuart no poder inglês.

RESTAURAÇÃO DA DINASTIA STUART

Rei Carlos II

Em 1660, Carlos II foi coroado rei da Inglaterra e, no primeiro momento,


manteve a promessa de respeitar os interesses do Parlamento. Porém, não demorou para
que suas intenções absolutistas aflorassem ao se aproximar do rei Luís XIV, da França,
e perseguir os calvinistas. O rei inglês era anglicano, mas tinha boas relações com a
Igreja Católica. Os parlamentares reagiram ao absolutismo de Carlos II e à sua
aproximação com o catolicismo, mas o rei, em 1681, dissolveu o Parlamento e governou
sozinho a Inglaterra até 1685, ano de sua morte.

Seu irmão, Jaime II, sucedeu-o no trono e reativou o Parlamento, mas mantendo


seu absolutismo e sua aproximação com a Igreja Católica. O rei concedeu privilégios
aos católicos, como a isenção de impostos, gerando protestos do Parlamento, que era
composto em sua maioria por calvinistas.
Jaime II foi rei da Inglaterra até ser deposto por Guilherme III e se exilar na
França.

REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688)

O Parlamento reagiu às ações de Jaime II, mas a aproximação do rei com a


França fez com que não houvesse confronto com a Coroa, pois Jaime II poderia solicitar
ajuda dos franceses. A solução para barrar o absolutismo do rei foi uma manobra
política. A filha de Jaime II, Maria II, era casada com Guilherme de Orange, rei dos
Países Baixos. Os parlamentares a chamaram para ser a nova rainha da Inglaterra. O
marido temia que a esposa fosse mais poderosa que ele e, em 1688, as tropas de Orange
invadiram a Inglaterra e destituíram Jaime II do poder com o apoio do Parlamento. Sem
forças políticas e militares, o rei inglês buscou exílio na França, onde permaneceu até o
fim da vida.

Guilherme de Orange foi coroado o novo rei da Inglaterra, sendo chamado de


Guilherme III. Porém, antes da coroação, os parlamentares exigiram que Guilherme e
sua esposa, Maria, assinassem a Declaração de Direitos (Bill of Rights) em 1689, que
garantia a limitação do poder do rei e que as decisões políticas na Inglaterra seriam de
exclusividade do Parlamento. Outra medida dessa declaração era a liberdade religiosa.
Formava-se, assim, a monarquia constitucional, vigente até hoje na Inglaterra. Para
saber mais sobre esse conflito, leia: Revolução Gloriosa.

CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO BURGUESA NA INGLATERRA

As consequências diretas do sucesso da primeira revolução burguesa foram a


conquista da liberdade de expressão e da profissão da fé, além da subordinação da
figura do rei ao Parlamento. Ademais, garantiu o direito à propriedade privada e a
criação de mecanismo que impediam a volta do absolutismo.

A Revolução Inglesa favoreceu a transformação da Inglaterra em uma potência


comercial devido ao aumento da participação da burguesia nas decisões políticas através
do Parlamento. Ela consolidou o poder político na mão da burguesia, um fator essencial
para a criação das bases necessárias para a Revolução Industrial e para o
desenvolvimento pleno da classe burguesa.

BIBLIOGRAFIA

https://www.todamateria.com.br/revolucoes-inglesas/

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/revolucao-inglesa.htm

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https://descomplica.com.br/blog/resumo-revolucao-inglesa-i/

https://www.significados.com.br/revolucao-inglesa/

https://falauniversidades.com.br/5-curiosidades-sobre-a-dinastia-stuart-antiga-casa-real-
da-escocia/

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