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O que foi a Revolução Inglesa?

Revolução Inglesa é o nome dado a uma série de conflitos ocorridos na Inglaterra


entre os anos de 1640 e 1688 e que levaram à transição da monarquia
absolutista para a monarquia parlamentar - modelo adotado até hoje no país.

Essa revolução marca o fim do absolutismo e acontece no contexto de ascensão


da burguesia, que se fortaleceu entre os séculos XV e XVI e passou a exigir
mudanças políticas.

A Revolução Inglesa foi a primeira revolução burguesa na mundo, ela abre o


caminho para que a Inglaterra seja o palco principal da Revolução Industrial no
século XIX.

O período de 48 anos da Revolução Inglesa pode ser dividido em 4 fases: Guerra


Civil e Revolução Puritana, República de Oliver Cromwell, Restauração da
dinastia Stuart e Revolução Gloriosa. Mas antes de entrar nas fases da
revolução, é importante entender o contexto dos séculos XVI e XVII na Inglaterra.

O contexto e as causas da Revolução Inglesa

Ao longo do século XV, a Inglaterra foi governada pela dinastia Tudor, que teve
como seus principais monarcas o rei Henrique VIII e a rainha Elizabeth I.

Nesse período, houve o fortalecimento da classe burguesa, principalmente


depois da Revolução Anglicana, quando terras feudais que estavam em domínio
da Igreja Católica passaram a ser propriedade privada.

Essas terras começaram a ser utilizadas pelos burgueses para exploração


mineral ou agricultura, provocando um grande êxodo rural. Era o início do uso
das terras a partir de uma lógica capitalista.

Em 1603, Elizabeth I morre e se inicia a dinastia Stuart, com o rei Jaime I. Para
manter o poder monárquico e absolutista, Jaime I começa a adotar medidas para
conter o avanço da burguesia, como o aumento dos impostos e a dissolução do
parlamento.

Nos últimos anos os burgueses haviam ganhado força na Câmara dos Comuns,
que era oposição à Câmara do Lordes no parlamento. A Câmara dos Lordes
apoiava a Coroa.
Em 1625 Jaime I morre e Carlos I assume o poder. Carlos I continua adotando
medidas absolutistas e impedindo a participação da população na política.

O conflito entre os diferentes extratos da sociedade também tinha um caráter


religioso. O rei Carlos I estava mais relacionado a Igreja Católica, enquanto a
burguesia era mais adepta ao puritanismo, uma religião protestante.

Carlos I governava sem consultar o parlamento, que foi dissolvido quando


assumiu o poder. Em 1940, no entanto, devido a dificuldades financeiras
enfrentadas pela Inglaterra, o rei Carlos I decide consultar o parlamento para
elevação dos impostos.

O parlamento não aceitou o aumento dos impostos e tentou exigir do rei mais
participação política. Insatisfeito, o rei dissolveu novamente o parlamento e
assim inicia-se a primeira fase da Revolução Inglesa, chamada de Guerra Civil
ou Revolução Puritana.

Revolução Puritana e Guerra Civil (1640 - 1649)

Essa fase é caracterizada pelo conflito entre o rei e o parlamento. Os


apoiadores do rei eram os católicos, anglicanos e a nobreza. Os apoiadores do
parlamento eram a burguesia, a gentry e os puritanos. (Gentry eram pessoas
ricas que não tinham o título de nobre).

No início o exército do rei obteve algumas vantagens, mas o chefe militar do


exército do parlamento, Oliver Cromwell, adota algumas medidas que lhe
garantiriam a vitória no conflito.

Cromwell define que os postos altos do exército seriam ocupados


por meritocracia e começa a treinar sua tropa. O exército do parlamento era
chamado de “cabeças redondas”, pois estes se recusavam a usar perucas
como os nobres.

Oliver Cromwell e os cabeças redondas vencem a guerra. Carlos I foge para a


Escócia, mas ao voltar para Inglaterra é condenado por traição e é decapitado.

Dentro do exército do parlamento, durante a Guerra Civil, surgem dois grupos


radicais: os Levellers e os Diggers.
• Levellers: defendiam a igualdade de direitos, a democracia e o sufrágio
universal.

• Diggers: trabalhadores do campo que defendiam a reforma agrária.

República de Oliver Cromwell (1649 - 1658)

Com a morte do rei Carlos I, Oliver Cromwell assume o poder e se intitula “Lorde
Protetor da República”. As medidas adotadas por Cromwell buscavam
beneficiar a burguesia.

Uma das suas ações mais famosas foram os Atos de Navegação, segundo os
quais, qualquer produto que chegasse na Inglaterra deveria estar em um navio
inglês. Essa medida protecionista beneficiou os comerciantes ingleses e
contribuiu para o crescimento econômico no período.

Cromwell, no entanto, seguindo o modelo dos líderes que havia combatido,


torna-se um líder autoritário. Em 1653 dissolve o parlamento e mata lideranças
dos levellers e diggers, que o haviam ajudado a vencer a Guerra Civil.

Em 1658 Oliver Cromwell morre e seu filho Richard Cromwell assume o poder.
Richard renuncia ao poder e então o parlamento restaura a monarquia com a
família Stuart, colocando no trono Carlos II, o filho do rei decapitado.

Restauração da Dinastia Stuart (1660 - 1688)

Carlos II inicia seu governo permitindo a participação do parlamento, mas em


seguida começa a se articular com membros da nobreza, realiza perseguições
religiosas contra os puritanos e em 1681 dissolve o parlamento.

Em 1685 Carlos II morre e assume Jaime II, que continua adotando medidas
para prejudicar a burguesia e os membros do parlamento. O parlamento, então,
planeja uma conspiração para tirar o poder das mãos de Jaime II, abrindo
caminho para a Revolução Gloriosa.

Revolução Gloriosa (1688)

O parlamento propõe que Guilherme de Orange assuma o poder na Inglaterra.


Guilherme era governador dos Países Baixos (atual Holanda) e casado com
Maria II, filha de Jaime II.
Guilherme se tornaria o rei da Inglaterra com a condição de aceitar a lei Bill of
Rights, também conhecida por Declaração de Direitos de 1689. Essa lei
determinava que o rei era inferior ao parlamento e que quem governa, de fato,
era o primeiro-ministro e os demais parlamentares.

Guilherme de Orange aceita a proposta e invade a Inglaterra. Como não houve


reação por parte de Jaime II, nem qualquer tipo de violência, esse episódio ficou
conhecido como a Revolução Gloriosa.

A Revolução Gloriosa põe fim à Revolução Inglesa e à monarquia absolutista,


inaugurando a monarquia parlamentarista, que está em vigor até hoje.

Nesse novo modelo político, a burguesia consegue maioria no parlamento, o


que explica a eclosão da Revolução Industrial anos mais tarde.
A Revolução Inglesa superou o Absolutismo e foi essencial para criar as bases
da Revolução Industrial. Ela pode ser resumida em dois períodos: a Revolução
Puritana e a Revolução Gloriosa.

Resultado de movimentos políticos e sociais que ocorreram entre os anos de


1640 e 1688 na Inglaterra, a Revolução Inglesa culminou no fim do absolutismo
ali e na implantação de uma monarquia parlamentar – em que o rei está
submetido ao parlamento. A Revolução Inglesa é considerada a primeira
revolução burguesa da Europa!

Entre um período e outro da Revolução Inglesa tem muuuita história! É uma baita
confusão, babado e gritaria. Vem tranquilo pra saber tudo sobre este período na
história da Inglaterra e fique super preparado caso o assunto seja cobrado no
vestibular.

1. Absolutista, mas nem tanto

Com a formação dos Estados Nacionais, o absolutismo foi amplamente adotado


na Europa durante a Idade Moderna. Contudo, a relação da Inglaterra com o
absolutismo foi marcada pela instabilidade. Desde de antes da formação da
Monarquia Parlamentar Inglesa, já existiam mecanismos para controlar o poder
do rei, como a Magna Carta (1215).

O ideal absolutista só vai se concretizar após a Guerra das Duas Rosas (1455 –
1485), entre as famílias York e Lancaster pelo trono inglês. O conflito enfraquece
os laços senhoriais e fortalece o poder na figura do rei. Com a dinastia Tudor
(1485 – 1603), o absolutismo se concretizou, mas não criou raízes, como
veremos a seguir.

2. As tretas religiosas

Durante as reformas religiosas, Henrique VIII rompe com a Igreja Católica e cria
a Igreja Anglicana. Apesar de ser amplamente difundido que o rompimento
estava ligado somente à negação do divórcio, é importante ressaltar que o
interesse do rei estava diretamente ligado às posses da Igreja e seu excesso de
poder. Ou seja, a nova religião não nasceu buscando romper dogmas católicos,
muito pelo contrário, muitos aspectos continuaram iguais.
Junto com o anglicanismo, o Calvinismo também vai ganhar terreno entre a
burguesia inglesa, que vai encontrar na nova religião um incentivo às suas
práticas comerciais. Conhecidos como puritanos, os burgueses adquiriram mais
força econômica, espiritual e religiosa e se fortaleceram politicamente, o que
proporcionou uma ascensão cada vez maior dessa classe.

3. A conspiração contra a burguesia

A dinastia dos Stuarts foi marcada pela oposição entre a nobreza e os burgueses,
vulgo, puritanos. O crescimento econômico e político da burguesia assustava a
nobreza. Essa desavença vai se estender para o campo político com o
acirramento das disputas no Parlamento entre a Câmara dos Comuns e a
Câmara dos Lordes. Enquanto a primeira representava os interesses burgueses,
a segunda era composta pela nobreza.

Com a intenção de diminuir o poder da burguesia, Jaime I (1603 – 1625) vai


aumentar os impostos e promover uma perseguição religiosa aos puritanos.
Numa clara tentativa de restabelecer o absolutismo e centralizar o poder na sua
figura, ele ainda fechou o parlamento (1614 -1622) e manteve uma postura
intervencionista com a formação de monopólios estatais.

Quando seu filho, Carlos I (1625 – 1649), assume o trono, a postura com relação
a centralização do poder e a perseguição aos puritanos continua a mesma,
porém com o Parlamento aberto. Sofrendo uma oposição ferrenha,
principalmente, da Câmara dos Comuns, liderada por Oliver Cromwell, sua
postura vai dar início a chamada Guerra Civil.

4. Revolução Puritana

Conhecida também como a Guerra Civil Inglesa, o conflito bélico opôs os


defensores do poder do rei, os Cavaleiros, e aqueles que defendiam o interesse
dos puritanos, os cabeças redondas. Formada por camponeses e pela baixa
burguesia, o exército chamado de New Model Army era liderado por Oliver
Cromwell e era composto também por dois grupos radicais: os Diggers, que
atuavam no campo e os Levellers, que estavam ligados à cidade.

Vencido o exército dos nobres, os puritanos decapitaram o rei Carlos I em 1649


e instalaram uma república liderada por Oliver Cromwell.
A República de Cromwell

Chamada de Commonwealth, o novo modelo republicano, que a princípio lutou


contra o absolutismo, vai ser construído em cima de contradições. A
centralização do poder, que era a grande crítica à monarquia, vai ser a marca
principal do governo de Oliver Cromwell.

Ele dissolveu o Parlamento e se declarou o Lorde Protetor da Inglaterra, Irlanda


e da Escócia e se manteve enquanto tal até a sua morte. Apesar do
autoritarismo, Cromwell não esqueceu as demandas da burguesia e promulgou
os Atos de Navegação (1651). Através dele, impulsionou a marinha inglesa,
diminuiu a concorrência holandesa e aumentou o lucro dos comerciantes
ingleses.

6. O retorno daqueles que não foram

Com a morte de Oliver Cromwell, seu filho Richard Cromwell assume o poder.
Porém, sua liderança e popularidade não eram lá grandes coisas. Com um
governo marcado pela instabilidade, ele será retirado do poder e o Parlamento
vai conseguir restaurar a monarquia e colocar a dinastia Stuart no poder.

Mas como os nobres continuavam sendo nobres e a burguesia continuava sendo


a burguesia, os conflitos continuaram. Carlos II seguia o exemplo dos
antecessores: flertava abertamente com o absolutismo, fechou o Parlamento
(1681), perseguiu os puritanos e para piorar, se aproximou novamente do
catolicismo. A conversão de seu sucessor, Jaime II, a religião católica e a
concessão de benefícios aos católicos podem ser consideradas o estopim para
a eclosão de um novo conflito.

7. Revolução Gloriosa

Com o aumento da insatisfação de ambos os grupos, nobreza e burguesia, o


Parlamento se reúne e organiza um golpe político para tirar Jaime II do poder.
Maria II, filha do rei, junto com Guilherme de Orange, seu marido, armam com o
Parlamento para depor o rei.

E assim se concretizou a revolução: sem derramamento de sangue e de forma


rápida. Jaime II foi retirado do poder, que foi assumido pela sua filha e por seu
marido. Porém, o Parlamento, principalmente a burguesia, vai assegurar a
aprovação da Bill of Rights – Declaração de Direitos de 1689 – garantindo a
limitação do poder real.

A promulgação da Bill of Rights acaba de vez com o absolutismo na Inglaterra e


promove a consolidação da monarquia parlamentarista. É a vitória da burguesia
sobre os privilégios da nobreza.

8. Consequências da Revolução Burguesa na Inglaterra

As consequências diretas do sucesso da primeira revolução burguesa foi a


conquista da liberdade de expressão e da profissão da fé, além da subordinação
da figura do rei ao Parlamento. Ademais, garantiu o direito à propriedade privada
e a criação de mecanismo que impediam a volta do absolutismo.

A Revolução Inglesa favoreceu a transformação da Inglaterra em uma potência


comercial devido ao aumento da participação da burguesia nas decisões
políticas através do Parlamento. Ela consolidou o poder político na mão da
burguesia, um fator essencial para a criação das bases necessárias para a
Revolução Industrial e para o desenvolvimento pleno da classe burguesa.

A vida social antes da Revolução Inglesa

Com a Dinastia Tudor, a Inglaterra teve muitas conquistas, que serviram de base
para o desenvolvimento econômico do país. Os governos de Henrique VIII e de
sua filha Elisabeth I trouxeram:

• A unificação do país;

• Afastamento do Papa;

• Confisco dos bens da Igreja Católica;

• Criação do anglicanismo;

• Ingresso na disputa por colônias com os espanhóis.

Foi com esses monarcas que também surgiu a formação de monopólios


comerciais, como a Companhia das Índias Orientais e dos Mercadores
Aventureiros. Isto serviu para impedir a livre concorrência, embora essa ação
tenha sufocado alguns setores da burguesia, o que resultou na divisão da
burguesia de um lado – grandes comerciantes que gostaram da política de
monopólio – e, de outro, a pequena burguesia que queria a livre concorrência.

Entre os grandes problemas da época estavam a detenção de privilégios nas


mãos das corporações de ofício e a situação problemática na zona rural, com a
alta dos produtos agrícolas as terras foram valorizadas. Isso gerou os
cercamentos, isto é, os grandes proprietários rurais queriam aumentar suas
terras expropriando as terras coletivas, transformando-as em particulares.

O resultado foi a expulsão de camponeses do campo e a criação de grandes


propriedades para a criação de ovelhas e produção de lã, condições
imprescindíveis para a Revolução Industrial.

Para não deixar o conflito entre camponeses e grandes proprietários aumentar,


o governo tentou impedir os cercamentos. Claro que com essa ação a nobreza
rural, Gentry (a nobreza progressista rural), e a burguesia mercantil foram fortes
oponentes.

Resumo sobre a Revolução Inglesa

De forma resumida, podemos destacar os seguintes pontos quando o assunto é


Revolução Inglesa:

• Foi marcada pelas disputas entre nobreza e burguesia;

• As perseguições religiosas aos puritanos foram marcas da revolução;

• A Inglaterra nunca foi muito fã do absolutismo;

• Os Atos de Navegação foram essenciais para transformar a marinha


inglesa em uma potência;

• O período republicano foi marcado pelo autoritarismo;

• A Revolução Inglesa foi a primeira revolução burguesa;

• A vitória da burguesia pôs fim ao absolutismo na Inglaterra;

• O poder político conquistado pela burguesia vai assegurar a expansão do


modo de produção capitalista;
• A Revolução Inglesa foi essencial para o desenvolvimento da Revolução
Industrial.

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