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A história da Literatura Inglesa no Brasil e sua importância em sala de aula

Laiane Marciano Goulart


Aglaciene Brandão Silva

RESUMO
Este artigo tem como objetivo geral discutir sobre o uso da literatura em sala de aula e como isso
vem sendo algo ignorado por muitas escolas e professores. Faremos um estudo sobre a literatura
inglesa e uma análise das maneiras as quais as aulas de língua estrangeira são lecionadas nas
escolas brasileiras, e para isso utilizaremos como base de pesquisa, obras de alguns autores como
Charpeaux, Lajolo, entre outros, assim como também artigos científicos de acadêmicos da área e
livros que tratam do conteúdo. Faremos uma comparação da teoria com a prática e buscaremos
refletir sobre a necessidade da aplicação da literatura no ensino da língua inglesa para obtenção de
diversos benefícios na vida dos alunos. Por fim, exploraremos o objeto de análise, sendo ele um
gráfico que mostra as porcentagens de leitores individuais, para que através deste artigo, futuros
professores possam encontrar inspiração para planejamentos de aula voltadas a este tema.

Palavras-chave
Literatura. Ensino da língua inglesa. Leitura.

INTRODUÇÃO

Sabemos que o uso de textos literários nas aulas de língua Inglesa no Brasil não é algo muito bem-
vindo, já que muitos professores acreditam ser muito difícil e trabalhoso utilizar tais textos.
Percebemos que a maioria prefere utilizar música, culinária, filmes, imagens, entre outras coisas
para lecionar o inglês, porém, o uso da literatura é tão importante quanto estes itens.

Não devemos esquecer que não podemos aprender uma língua sem antes pensar na cultura dos
povos nativos desta língua, sendo assim, através do estudo da literatura inglesa o aluno tem a
oportunidade de mergulhar fundo na história do país o qual é falante da língua alvo. Apesar de os
textos literários possuírem uma linguagem um tanto quanto complexa, o aluno será capaz de
aprender novos vocabulários e expressões idiomáticas.

Por isso, um professor que está disposto a utilizar a literatura em sala de aula pode garantir como
resultado, alunos com um ponto de vista crítico e um amplo conhecimento linguístico e cultural.
Isso não significa que os professores deveriam abolir outras formas de ensino e enfatizar somente o
estudo da literatura, mas a inclusão de textos literários pode contribuir para o desenvolvimento do
aluno.

Quando um professor decide lecionar a língua inglesa, ele se torna responsável por buscar o
conhecimento de todos os campos da língua, incluindo a literatura, para isso, se faz necessário
pesquisas e estudos aprofundados na história do idioma e na vida e obras de grandes autores como
Shakespeare, por exemplo. No entanto, a falta de professores capacitados, de formação pedagógica
adequada e também, o número reduzido de horas de estudo de outro idioma, prejudicam o trabalho
das quatro habilidades em sala de aula (CARVALHO; BRIGLIA, 2013; CORCHS, 2006)
1 Laiane Marciano Goulart
2 Aglaciene Brandão Silva
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Letras Inglês - LLI (2899LLI/7) – Prática do Módulo 7-
24/06/2021
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As questões que norteiam este trabalho são:

 Como a Língua Inglesa começou a ser ensinada no Brasil?

 Como surgiu a literatura inglesa?

 Quais as características do famoso poema Beowulf?

 Qual a melhor maneira de incluir a literatura no ensino da língua Inglesa?

Desta forma, este trabalho foi elaborado para que além de nos mostrar a importância do uso da
literatura inglesa em sala de aula, também nos mostre como isso começou a ser trabalhado no Brasil
e juntos vamos mergulhar na história dessa língua que tem tanto a nos ensinar.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. Ensino de Inglês no Brasil

Todos sabem que o inglês é uma língua antiga, sabemos que por ser universal, é uma língua
utilizada em todos os países, para turismo, comércio, negócios e etc. Mas as coisas nem sempre
foram assim, muito antigamente a língua principal não era o nosso querido Inglês, e a língua
Inglesa foi determinada como universal muito tempo depois.
A língua Inglesa surgiu nos reinos anglo-saxônicos da Inglaterra e se espalhou para o sudeste da
Escócia. Historicamente o inglês surgiu da fusão de línguas e dialetos e foi no século V que o inglês
antigo se originou. Muitas palavras do Inglês vem do latim, já que o latim era a língua franca da
igreja Cristã, mas ele também foi influenciado pelas línguas nórdicas antigas devido as invasões
vikings. O Inglês Médio começou no século XI com a conquista normanda da Inglaterra, onde o
Inglês criou fortes relações com as línguas românicas. Já o Inglês Moderno, que inclui as obras de
Shakespeare, começou no sul da Inglaterra no século XV através da Grande Mudança Vocálica.
Não sabemos ao certo quem foi a primeira pessoa falante do Inglês a pisar no Brasil, o que
sabemos é que por volta de 1530 já haviam redes de comércio feitas por ingleses entre Brasil,
África e Inglaterra e também era comum a presença de piratas de várias nacionalidades que
navegavam pelo atlântico. Na região do Maranhão e Amapá por exemplo, é onde eles mais faziam
comércio com os ingleses e inclusive, alguns fortes foram construídos nesses locais.
Três séculos depois a família real portuguesa fugiu de Napoleão Bonaparte e veio para o Brasil e
com isso muitas coisas foram melhoradas no nosso país. Os ingleses eram aliados comerciais dos
portugueses, sendo assim em 1809 o Príncipe Regente decretou o ensino de Inglês no Brasil e o
Padre Jean Joyce, que era Irlandês, foi o primeiro professor de inglês do país. E foi em 1837 que o
Colégio D. Pedro II foi inaugurado com uma grade de matérias que incluía o Inglês. Mas a língua
só passa a ser a principal ensinada no Brasil a partir de 1930 e só depois da década de 60 que o
ensino em escolas livres foi difundido.

2. Surgimento da Literatura na Inglaterra

A tradição oral, que é a cultura e tradição transmitida oralmente de uma geração para a outra, era
muito forte nos primórdios da língua inglesa e a maioria dos trabalhos literários foram escritos para
serem representados. A poesia épica, que era um gênero da literatura o qual se celebra uma ação
heroica eram muito populares e muitas dessas obras sobrevivem até os dias de hoje, como por
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exemplo, o famoso Beowulf.


Existiam alguns poemas de guerra escandinavos e germânicos que foram levados a Inglaterra e
com isso, eles começaram a transmitir esses poemas oralmente de uma geração para a outra. Era
comum eles adicionarem ritmo a leitura para que facilitasse na memorização, esse ritmo é uma
característica vinda do alemão, que é o oposto das línguas românicas, que são vocálicas e sem
ritmo.
Na Alta Idade Media que data de 1200 a 1500, o amor cavalheiresco chegou na Inglaterra, que
eram atitudes, mitos e etiquetas que enalteciam o amor e os autores começaram a escrever
romances.
As peças teatrais, ou melhor dizendo, o teatro medieval também é um ponto importante a ser
mencionado, e estes eram evidentemente religiosos. Peças de mistério eram também encenadas em
vilarejos para celebrar as festas principais.
Após isso a literatura foi crescendo através de vários momentos históricos importantes, como a
Renascença, a Literatura Elisabetana, Jacobina, era Cromwell, literatura na restauração, augustina,
até que chegou a idade da sensibilidade com uma abordagem racional e científica para publicações
religiosas, social, politica e econômica, Logo após, veio o Romantismo, literatura vitoriana,
eduardiana, a era georgiana, modernista e pós-modernista.

3. Poema Beowulf

"Beowulf" é o poema épico mais antigo da língua inglesa e a primeira peça da literatura vernácula
europeia. Não se sabe ao certo os motivos pelos quais este poema foi escrito, mas acredita-se que
pode ter sido escrito para um rei que morreu no século 7. Segundo pesquisas, o poema pode ter sido
escrito no século 700 DC, mas este evoluiu através do tempo e através de muita recontagens antes
de ser finalmente escrito, por conta disso não temos informações sobre o autor original, mas
analisando a caligrafia do último manuscrito que data aproximadamente no ano 1000, chegaram a
conclusão que o texto foi escrito por duas pessoas diferentes.
Dentro deste poema podemos encontrar elementos cristãos, folclóricos e também pagãos, já que a
obra não possui um título original, no século 19 foi determinado como título, o nome de seu herói
escandinavo do qual a história se refere. Em 1731, o manuscrito sofreu danos em um incêndio,
porém hoje, podemos encontrá-lo na Biblioteca Britânica.

4. A literatura no Ensino Brasileiro

Apos chegarmos ate aqui, já podemos saber que a literatura vem acontecendo desde a antiguidade,
mas para entendermos como a literatura foi inserida no ensino brasileiro, precisamos saber que
Marcus Fabius Quintilianus.
Para Maria Carpeaux (1959-64. c. 35-95), o interesse em organizar os fatos do passado em função
do ensino teria começado apenas em nossa era, com Quintilianus, num momento em que a cultura
greco-latina, representada pelos antigos manuscritos, se via ameaçada pela destruição dos bárbaros.
Quintilianus, que era um professor de língua e retórica, inseriu em um de seus livros “Institutio
Oratoria” o esboço de uma bibliografia de autores gregos e latinos, algo que passou a fixar a
literatura clássica:

Até hoje [o autor fala em 1959], os programas de letras clássicas para as nossas escolas secundárias
organizam-se conforme os conselhos daquele professor romano; e nós outros, falando da trindade "Ésquilo,
Sófocles e Eurípedes", ou do binômio "Virgílio e Horácio", mal nos lembramos que a bibliografia de
Quintiliano nos rege como um código milenar e imutável. (CARPEAUX. 1959, p.16)

Conforme Lajolo, (1994, p. 252-253) no Brasil, é por volta dos anos 30 que foi criada a base de
sustentação intelectual e ideológica necessária porque “dentro deste projeto, no que o expressam
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instituições e revistas, a história da literatura ocupa um grande espaço.”


No segundo número da revista Niterói, publicada em Paris, Pereira da Silva argumentava que o
Brasil, como pais novo, deveria criar sua própria literatura:

A poesia é considerada no nosso século como representante dos povos, como uma arte moral, que muito
influiu sobre a civilização, a sociabilidade, os costumes; sua importância na prática das virtudes, seus esforços
a favor da liberdade e da glória lhe marcam um lugar elevado entre as artes que honram uma nação (apud
CANDIDO, 2000, p. 296).

5. Inserindo a literatura em sala de aula

O uso do texto literário pode envolver o aluno em sentimentos como a emoção, o prazer, dentre
outros, e isso acontece porque o texto literário não segue os padrões dos textos que temos em
circulação. Ler um texto literário, torna-se uma ação intelectiva e essa experiência é capaz de ser
sentida pelo corpo e assim, o leitor adquire uma independência maior de leitura.
Mas em sala de aula, muitos professores não utilizam a literatura desta forma ao ensinar a língua
inglesa por exemplo. O texto literário, em ambiente escolar, não deveria ser utilizado apenas como
pretexto para outras atividades, pois isso gera no aluno uma percepção de que esse tipo de texto é
entediante, chato e sem importância.
Podemos perceber que em sala de aula, o texto literário não é utilizado como literatura-prazer, algo
que levará o aluno a compreender a realidade. Desta maneira, as instituições de ensino deveriam
proporcionar aos alunos o contato com livros de caráter estético e que oferecem uma visão crítica
do mundo, por meio disso, o aluno será capaz de vivenciar a história, colocar sua imaginação em
ação e abandonar apenas o uso sistêmico de livros pedagógicos.
Sendo assim, nós, professores, não devemos criticar o processo de escolarização que institui o
ensino da literatura na escola, mas sim, a maneira inadequada de seu uso.

3. METODOLOGIA

O estudo fez uso da pesquisa DESCRITIVA, que possui um caráter mais exploratório, tratando-se
da observação de fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e observá-los. Este trabalho
foi realizado a partir de três etapas principais, primeiro, foi realizado uma pesquisa aprofundada no
tema Literatura em geral para que eu pudesse compreender melhor o assunto, essa pesquisa foi feita
através da leitura de trechos de livros e websites. Após isso, foi verificado diversos artigos
científicos criados por acadêmicos e analisando teses de alguns autores que escreveram sobre o
assunto, para que então, nesta etapa eu pudesse desenvolver um pensamento crítico quanto ao
assunto e por fim, foi feito a análise do gráfico abaixo que se trata de leitores independentes de
literatura.
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Neste gráfico, encontrado no site Cenpec Educação foi criado por Stephanie Kim Abe e divulgado
em Setembro de 2019, onde ela analisou os retratos da leitura no Brasil e o por que nosso país está
perdendo leitores.
No Brasil, existem cerca de 100 milhões de leitores, que compõem 52% da população e segundo
Zoara Failla, coordenadora da pesquisa:

Foi uma surpresa para nós a queda em leitores de classe A e B e de Ensino Superior, que historicamente
sempre tiveram um percentual maior de leitores. Também verificamos uma queda no percentual de leitores na
população de 11 a 17 anos – sendo que nas três últimas edições eles se mantiveram em um patamar parecido.

Nessa mesma pesquisa, 82% dos leitores responderam que gostariam de ler mais. A falta de tempo
(47%) é o principal fator indicado pelos leitores pela não-leitura. A pesquisa mostra também que os
leitores têm usado o tempo livre para assistir televisão, assistir filmes ou vídeos em casa, escutar
música ou rádio, usar a Internet, WhatsApp e redes sociais.
Através da análise deste gráfico, pude perceber que o mediador e professor tem uma importância
muito grande quando se trata de incentivar o aluno a literatura. Sabemos que até os 10 anos de
idade, os pais possuem o papel de ler para as crianças, mas já nesta etapa os professores de
educação infantil inserem em suas aulas a contação de histórias. E segundo a pesquisa, “o(a)
professor(a) e as mães são apontados como os principais influenciadores(as) do gosto pela leitura
(15%), seguidos pelos pais (6%). Quando falamos especificamente do gênero literatura, o(a)
professor(a) desponta como maior responsável por incentivar o interesse dos alunos (52%), à frente
de filmes baseados em livros (48%) e a indicação de amigos (41%).”
Podemos ver que em segundo lugar no nosso gráfico ficam as pessoas que leem porque viram
filmes baseados em livros de histórias ou autores e em terceiro lugar por influência de amigos, mas
o papel principal fica para a escola e professores que até hoje são os maiores influenciadores.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através deste artigo de pesquisa, pude relacionar a teoria com a prática me aprofundando nas
pesquisas de artigos científicos, teses de autores que tratam do assunto, leitura de livros e websites e
com isso eu fui capaz de responder as quatro questões levantadas na introdução deste trabalho,
sendo elas:

 Como a Língua Inglesa começou a ser ensinada no Brasil?

 Como surgiu a literatura inglesa?

 Quais as características do famoso poema Beowulf?

 Qual a melhor maneira de incluir a literatura no ensino da língua Inglesa?

A primeira questão é relevante porque para entendermos o conceito da literatura precisamos saber
como o ensino da língua Inglesa se iniciou no Brasil, logo após foi feito uma busca sobre como
surgiu a literatura inglesa, o que abre nossa mente para o entendimento de que a literatura acontece
desde a antiguidade e nunca para de evoluir. Como terceira questão, foi analisado o poema épico
Beowulf, pois eu não podia falar de literatura sem citá-lo. E encerrei a fundamentação teórica
mostrando a maneira e a importância de incluir a literatura quando se está ensinando a língua
Inglesa.
Este trabalho contribui para que atuais e futuros professores possam compreender a importância
deste conteúdo, compreender que a literatura vai muito além de ler livros de histórias, mas que esta
também envolve diversos sentimentos em um ser humano e assim nós, professores, através deste
trabalho, podemos, de alguma maneira, ser incentivados a aplicá-la em sala de aula, para que assim,
possamos ajudar os alunos a desenvolverem um pensamento crítico, melhorar o funcionamento do
cérebro, estimular a criatividade, provocar a empatia e diversos outros benefícios.

5. CONCLUSÃO

Neste trabalho abordei o assunto “A história da Literatura Inglesa no Brasil e sua importância em
sala de aula”, onde cumpri com todos os objetivos propostos, analisei o gráfico criado pelo site
CENPEC Educação, assim como também analisei as ideias de alguns autores como Carpeaux,
Lajolo, entre outros.
Fui capaz de relacionar a teoria com a prática fazendo uma análise do uso da literatura em sala de
aula, uma vez que eu já trabalhei como professora de inglês em instituições de cursos livres e com
isso pude perceber como as escolas de idiomas preferem utilizar recursos diferenciados como
música, filmes, culinária, imagens, vídeos, redes sociais, enquanto deixam a literatura de lado.
Este trabalho foi muito importante para o meu conhecimento e aprofundamento no tema, uma vez
que me fez compreender melhor o assunto além de ter me permitido desenvolver competências de
investigação, seleção e organização.
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REFERÊNCIAS

BETOOLS – Quando o Inglês chegou no Brasil?

CARPEAUX, Otto Maria - História da Literatura Ocidental. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1959-
1966, 8 v .

GREENLANE, história e cultura – O que você precisa saber sobre o poema épico Beowulf? - 2018

LAJOLO, Marisa et alii- História da Literatura: ensaios. Campinas: Unicamp, 1994

OLIVEIRA, Luis Eduardo Meneses de - A historiografia brasileira da literatura inglesa: uma


história do ensino de inglês no Brasil (1809-1951) - Campinas. SP: [s.n.], 1999

PARIZOTTO, Patricia Gabriela - Como o estudo da literatura auxilia no aprendizado da língua


inglesa? - Colégio Piracicabano – abril, 2017.

TIBERIO, Daniela – A literatura no Ensino da Língua Inglesa (manuscrito) 39 p – 2014.

WIKIPEDIA, a enciclopédia livre – Língua inglesa

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