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O uso de tradutores automáticos no ensino-aprendizagem de

Língua Inglesa como língua estrangeira

Laiane Marciano Goulart de Oliveira¹


Michelly da Rosa Bueno
Samara de Oliveira Bello
Aglaciene Brandão Silva²

RESUMO: Vivemos tempos cada vez mais tecnológicos, no caso da escola, que é considerada um
dos maiores meios de interação cultural, isso não é diferente. Os processos que envolvem o ensino-
aprendizagem, se tornam cada vez mais digitais. No caso do ensino-aprendizagem da Língua
Inglesa, podemos destacar o uso do Google Tradutor, a mais conhecida ferramenta de tradução
automática. Por este motivo, este trabalho tem por objetivo compreender a visão dos alunos a
respeito da ferramenta, bem como a maneira com que eles a utilizam, para então definir como esta
vem sendo utilizada pelos estudantes de Língua Inglesa como segunda língua (L2). A pesquisa
realizada é caracterizada como pesquisa Descritiva e Bibliográfica, entrevistando 45 alunos da rede
pública de ensino de Capivari do Sul, divididos entre Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino
Médio. A maioria dos alunos utiliza a ferramenta, deixando de lado o uso do dicionário. Porém,
através das respostas dos alunos, foi possível perceber que muitos deles utilizam a ferramenta de
maneira equivocada. Pois, o Google Tradutor pode e deve ser visto como uma ferramenta de auxílio
nas aulas de Língua Inglesa, não como uma ferramenta que realiza todo o trabalho. Por isso,
compreende-se que ela deve estar associada às estratégias de leitura e orientações dadas pelo
professor.

Palavras-chave: Tradução; Google Tradutor; Tecnologia; Ensino-aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho, busca compreender a utilização do Google Tradutor nas aulas de língua
inglesa. Para isso, um questionário com 7 perguntas foi aplicado a quarenta e cinco alunos de uma
escola da rede pública municipal de ensino de Capivari do Sul. Estes alunos frequentam desde o 6°
ano do Ensino Fundamental, até o 3° ano do Esino Médio.
É importante ressaltar que além do tópico presente neste trabalho com foco na tradução
automática, a tradução tem sua evolução ao longo dos anos sempre acompanhada da linguagem, e
que existem diferentes técnicas de tradução que influenciam a educação brasileira. A tradução se
liga diretamente a cultura do país de origem, podendo também ser interpretada como forma de
explicação ou representação de algo. No entanto, com o surgimento da internet em 1969 e a difusão
de informação e conhecimento globalizado vários anos na frente, o processo tradutório e a
necessidade de se conectar com o mundo através da Lingua Inglesa, por exemplo, se tornou algo
1 Laiane Marciano Goulart de Oliveira
Michelly da Rosa Bueno
Samara de Oliveira Bello
2 Aglaciene Brandão Silva
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Letras Inglês (LLI) – 1774LLI/8 - 30/08/2021
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jamais visto antes pois de acordo com o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1921 apud LIRA,
2014, online) “ As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo.”

O desenvolvimento da tradução automática teve início por volta da década de 40 e estava


vinculada a Guerra Fria, o uso era limitado pois as traduções eram feitas através de calculadoras
científicas que traduziam apenas palavras por palavras e a ferramenta foi desenvolvida “[...] sendo
patrocinada  pelos  governos  americano  e inglês  com  o  objetivo  praticamente  único  de  obter 
informações  da  inteligência  soviética  à  distância  e  da  maneira  mais rápida possível.”
(ALFARO; DIAS,  1998,  p.  370).
Com todo o progresso que vêm acontecendo atualmente, a tradução automática faz parte do
cotidiano de estudantes de língua estrangeira, bem como também de empresários e professores. Em
vista disso este trabalho foi elaborado para que além de nos mostrar a importância do uso de
tradutores automáticos, também sejamos capazes de identificar as melhores maneiras de utilizá-los,
sendo que o modo com que esta ferramenta é utilizada pode determinar o sucesso no aprendizado
dos alunos.
Inicialmente, serão utilizados conceitos ligados a definição de língua, linguagem e fala, para que
possamos entender o ponto de vista por trás desta análise. No que se relaciona à tecnologia, serão
apresentados alguns pontos de vista de escritores do assunto, discutindo de que forma ela está
presente em sala de aula.
Para isso, temos como objetivo:
 Compreender como os alunos utilizam a tradução automática e como veem a
ferramenta;
 Analisar os dados pré existentes sobre o uso da ferramenta;
 Compreender os pontos positivos e negativos do uso da ferramenta pelos alunos.
Esses pontos iniciais são cruciais para que possamos responder o questionamento a seguir:
Como ocorre o uso de tradutores automáticos no ensino-aprendizagem de Língua Inglesa como
língua estrangeira?

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Primeiramente, é preciso delimitar alguns aspectos linguísticos que influenciam diretamente nos
conceitos de tradução linguística. Neste sentido, inicialmente vamos caracterizar três conceitos:
língua, fala e linguagem.
De acordo com Ferdinand Saussure a Língua é definida como a parte social da linguagem. O
linguista afirma que “a língua é um sistema supra-individual utilizado como meio de comunicação
entre os membros de uma comunidade”. A Fala é a parte individual da Linguagem que é formada
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por um ato individual de caráter infinito. Para Saussure é um “ato individual de vontade e
inteligência” (SAUSSURE, 1995, p.22). Já a Linguagem é social e individual; psíquica; psico-
fisiológica e física. Portanto, a fusão de Língua e Fala.
De maneira sucinta podemos inferir que a língua é coletiva, a fala é individual e a linguagem
é a união destes dois aspectos. Neste sentido, como tudo o que é coletivo, a língua possui como sua
característica, uma bagagem cultural, já que ela é o meio de comunicação entre indivíduos de uma
comunidade. Por isso, os aspectos que envolvem a tradução de uma língua para outra, estão situados
para além de aspectos puramente gramaticais. Traduzir determinada fala, não se limita apenas na
transposição de uma língua para a outra, envolve a bagagem cultural de uma língua, ou seja, traduz
de “uma cultura para outra” (CAMPOS,1986, p. 28).
Entendendo que cada língua existente, possui seu sistema de representação, não podemos
simplesmente transmutar palavras de uma língua para outra. Para que haja correlação linguística, o
tradutor precisa colher a ideia, que por sua vez deve apresentar-se de forma clara e objetiva para
então, absorver por completo os fatos que existem naquele texto, encontrando em outra língua
ferramentas linguísticas que melhor descrevam essa ideia captada no texto em L1.
Sendo assim, compreendemos que a melhor maneira de traduzir, é considerar todo o
contexto sócio-cultural em que a língua materna está inserida, e também considerar estes aspectos
da língua alvo para qual o texto será traduzido. Porém, podemos dizer que essa forma ideal de
tradução é a encontrada nos processos de ensino-aprendizagem atualmente?
Em um mundo cada vez mais influenciado pelas tecnologias que se renovam a cada dia, os
processos educacionais não podem e não devem se manter alheios a essas modificações. Como
afirma Braga,
[...] as transformações tecnológicas pelas quais os diversos setores da sociedade passaram
(e passam) exigem novas posturas do professor e da escola, evidenciando a necessidade da
incorporação dos avanços tecnológicos nas práticas pedagógicas. (BRAGA, 2012 p. 23)

Ou seja, o autor evidencia a necessidade de incorporarmos os avanços tecnológicos no dia a


dia do ensino escolar, tendo em mente que a escola e aluno não são mais os mesmos, os docentes
não podem encarar a sala de aula com um ambiente alheio à sociedade. Ainda nesse sentido,
Carvalho, Kruger e Bastos afirmam:

A educação em suas relações com a Tecnologia pressupõe uma rediscussão de seus


fundamentos em termos de desenvolvimento curricular e formação de professores, assim
como a exploração de novas formas de incrementar o processo ensino-aprendizagem.
(CARVALHO, KRUGER, BASTOS, 2000, p. 15).

Porém, essa não é uma tarefa simples, pois como também afirma Braga (2012 p.14), “[...] a
tecnologia por si só não melhorará a qualidade de nossas aulas; porém, se integrada ao currículo e à
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prática docente, pode ser uma ferramenta educacional poderosa”. Fica claro então, que a utilização
da tecnologia deve possuir um objetivo claro no processo de ensino-aprendizado, já que utilizar a
tecnologia sem uma razão sólida, não faz sentido algum.
Uma das ferramentas tradutoras mais conhecidas atualmente, é o Google Tradutor. De
acordo com o Analista de Sistemas Edivaldo Brito,

O Google Tradutor é o serviço online da gigante de buscas, que permite fazer tradução
instantânea de textos e sites, em diversos idiomas. Além disso, ele oferece recursos que
podem facilitar bastante essa função como pronúncia em áudio, contextualização das
palavras e muito mais. (BRITO, Edivaldo. Como usar o Google Tradutor; Veja dicas.
Techtudo, 2014.)

Ou seja, essa ferramenta surge como substituta do Dicionário Escolar, porém, com algumas
ferramentas que tornam a tradução mais rápida, já que no uso do dicionário, as palavras só podem
ser traduzidas uma a uma, ao contrário do Google Tradutor, que possibilita a tradução de textos
inteiros de uma só vez. Se por um lado esta ferramenta traz rapidez e praticidade nas traduções, será
que ela é didaticamente eficiente no processo de ensino-aprendizagem de inglês?
Levando em consideração que “a humanidade vivencia sua tão famosa era digital”
(RAMOS;  FURUTA,  2008,  p.  197), chegamos a conclusão que essa ferramenta de tradução
automática possui grande relevância no ensino de línguas estrangeiras pois conforme Paiva (2008,
p.7) evidencia, “a cada nova tecnologia, a escola, especialmente  no  ensino  de  línguas,  busca 
inserir  essa  nova  ferramenta  nas  práticas pedagógicas  em  uma  tentativa  de  melhorar  a 
mediação  entre  o  aprendiz  e  a  língua  estrangeira”.
Tendo em vista estes aspectos, precisamos refletir sobre o uso adequado desta ferramenta,
pois mesmo sendo uma ferramenta eficaz, uma pessoa que não domina a língua estrangeira a qual
está estudando pode acabar encontrando traduções inadequadas por contas de fatores culturais como
gírias, expressões idiomáticas e outros fatores os quais o Google Tradutor não traduz. Sendo assim,
um dos nossos papeis como professores é orientar os alunos a prestarem atenção em alguns detalhes
na hora de utilizá-lo.
O Google tradutor sempre vai usar as preposições e os tempos verbais de acordo com os
parâmetros da língua inglesa, desta forma, podemos acabar nos deparando com o seguinte exemplo;
a frase original seria “Translators have helped substantially to shape the languages into which they
have translated”, a tradução segundo o Google seria “Tradutores têm ajudado substancialmente para
moldar as línguas para as quais eles têm traduzido”, porém uma tradução mais adequada seria “Os
tradutores têm ajudado substancialmente a moldar as línguas para as quais eles traduzem”
Outro exemplo que também é afetado ao utilizar esta ferramenta é o uso de Phrasal Verbs,
onde a frase original seria “He put the notebook away and stood up”, a tradução do google seria
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“Ele colocou o notebook longe e se levantou”, porém a tradução mais adequada seria “Ele guardou
o notebook e se levantou”. A mesma coisa acontece ao utilizarmos expressões idiomáticas,
principalmente aquelas que são bem regionais, muitas vezes o tradutor irá fazer traduções literais,
como na frase “ You’ve been daydreaming all day. A penny for your thoughts!”, a tradução feita
pelo google seria “Você foi sonhando durante todo o dia. Um centavo pelos seus pensamentos!”,
mas ao estudarmos expressões idiomáticas, sabemos que a tradução mais adequada seria “ Você
está sonhando acordado o dia todo. No que está pensando?”.
Estes são só alguns dos problemas que podemos nos deparar ao utilizarmos o google
tradutor, por isso precisamos sempre orientar nossos alunos de maneira correta. Como alternativa ao
Google tradutor, existem outros sites e aplicativos de tradução automática, e alguns deles podem
fazer muito mais do que o Google tradutor faz, um exemplo é o site Linguee, este site além de
traduzir as palavras em até 26 idiomas, também nos permite consultar expressões do cotidiano com
a palavra pesquisada pois o site nos mostra a palavra inserida em diferentes textos retirados de
fontes da internet. Outro site que nós, como professores, podemos utilizar é o The Corpus of
Contemporary American English, este site contém mais de um bilhão de palavras em textos de oito
gêneros: falado, ficção, revistas populares, jornais, textos acadêmicos, legendas de TV e filmes,
blogs e outras páginas da web.
Contudo devemos nos atentar as diferenças referentes as competências tradutórias de uma
máquina e de um ser humano, desconstruindo nossas crenças limitantes para uma análise sólida
com uma reflexão mais intensa. A tradução em si se difere somente de habilidades linguisticas que
são na maioria das vezes a proposta de ferramentas digitais , mas, compreende outras habilidades,
tais como a estratégia, experiencia, qualificação, vivencia intercultural, conhecimento
cultural/técnico e compreensão da complexidade de transpor de uma língua a outra uma ideia ou um
sentido. Principalmente no processo de ensino-aprendizagem, o educador deve estar ciente e ser
cuidadoso ao analisar que as ferramentas de tradução automática são capazes de inibir a criatividade
e a influencia de experiencias pessoais no processo de tradução do aluno, já que quando utilizadas
de maneira imprecisa podem excluir elementos essenciais da Lingua. De acordo com o pensador
Rogério Joaquim (2010, apud SANTOS, 2021, online) “Usar recursos digitais não é garantia de
aprendizagem. A tecnologia é mais uma ferramenta, que precisa do talento do professor , interesse
do aluno e o acompanhamento da família!”
Buscando entender como as ferramentas de tradução automática vêm sendo utilizadas no
ensino-aprendizagem de língua inglesa e os impactos deste uso, foi realizada uma entrevista com
alunos da rede pública de ensino de Capivari do Sul.
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3. METODOLOGIA
Para a realização do seguinte trabalho, foi realizada uma pesquisa Descritiva e Bibliográfica
sobre o uso de tradutores automáticos no ensino-aprendizagem de Língua Inglesa como língua
estrangeira. Pesquisas Descritivas possuem como objetivo, encontrar e descrever características de
certa amostra populacional. Gil explica que “são inúmeros os estudos que podem ser classificados
sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas
padronizadas de coletas de dados”. (p.44). Por isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica a
respeito do tema, aliado a um questionário com questões padronizadas.
Segundo Gil (1999, p.44), “[...] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Por isso, o maior benefício da
pesquisa bibliográfica é permitir que o pesquisador tenha acesso a uma gama de fenômenos ampla e
sua intenção, é fazer com que o investigador se embase em conceitos que já foram elaborados e pré
definidos por outros sujeitos.
Já o questionário, segundo Gil (1999, p.128), pode se definir “como a técnica de investigação
composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas,
tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas etc.”
O questionário aqui utilizado, possui sete perguntas fechadas de múltipla escolha sobre o tema
Tradução e foi realizado com 45 alunos da rede pública de ensino de Capivari do Sul.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Questionário
Pergunta 1:
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A primeira pergunta do questionário aplicado, foi formulada com o objetivo de caracterizar o


grupo em questão, em relação ao grau de escolaridade em que eles estão inseridos.
A partir dessa questão, foi possível caracterizá-los da seguinte forma:
 Quinze alunos de 6º a 7º ano do Ensino Fundamental;
 Quinze alunos de 8º a 9º ano do Ensino Fundamental;
 Quinze alunos de 1º a 3º ano do Ensino Médio;

Pergunta 2:
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A segunda pergunta teve como objetivo, entender como os alunos enxergam as aulas de
inglês que recebem na escola. A razão deste questionamento, se dá no fato de que o processo de
aprendizagem não se dá de maneira isolada em cada sujeito, ele é intimamente relacionado com o
meio ou com outros indivíduos. No que se refere a aprendizagem escolar é necessário haver
motivação, tanto por parte de quem ensina quanto de quem aprende. Pois:

Um professor que é afetivo com seus alunos estabelece uma relação de segurança, evita
bloqueios afetivos e cognitivos, favorece o trabalho socializado e ajuda o aluno a superar
erros e aprender com eles. (...) Assim sendo, se o professor for afetivo com seus alunos, a
criança aprenderá a sê-lo (CARNEIRO;SILVA; SCHNEIDER, 2007, p. 83).

Ou seja, os aspectos envoltos nos processos de ensino-aprendizagem, estão para além dos
conteudistas, pois o ambiente no qual os indivíduos envolvidos nesses processos estão inseridos, é
aspecto fundamental do processo. A partir desta questão, foi possível perceber que dos 45 alunos
entrevistados, quinze não gostam ou acham desinteressantes as aulas de inglês ofertadas pela escola,
onze não têm opinião formada sobre o assunto e dezenove gostam ou acham interessantes as aulas
de inglês ofertadas pela escola.

Pergunta 3:

A terceira pergunta se trata do uso de ferramentas de tradução. Os alunos foram


questionados sobre qual das ferramentas a seguir eles mais utilizam: Dicionário ou Google
Tradutor. Dos 45 alunos entrevistados, trinta e nove afirmaram que utilizam mais o Google
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Tradutor e seis disseram utilizar mais o dicionário. É possível perceber que a grande maioria dos
alunos utiliza mais a ferramenta de tradução automática do que o dicionário.
Sobre o uso de dicionários, Morais (1998) nos diz que:

“Para usar o dicionário temos que ser “sabidos”! Na verdade precisamos ter uma série de
conhecimentos para poder ter acesso às informações ali organizadas. Só à medida que
vamos nos tornando mais letrados podemos usufruir adequadamente do que um dicionário
tem a nos oferecer”.

Neste sentido, considerando que os alunos estão, assim como o mundo todo, cada vez mais
digitais, podemos entender que o uso das ferramentas digitais é mais acessível do que o uso do
dicionário, tanto pela rapidez de tradução, quanto pela facilidade de acesso.

Pergunta 4:

A quarta pergunta, teve como objetivo caracterizar o uso do Google Tradutor pelos alunos
entrevistados. Nesta questão, dezenove alunos afirmaram que ao utilizar o Google Tradutor,
traduzem textos inteiros de uma só vez. Nove alunos afirmaram traduzir frases inteiras de uma só
vez. E, dezessete alunos afirmaram que tentam traduzir sozinhos (as) as palavras que conhecem,
utilizando o Google Tradutor somente em palavras que não conhecem. Neste sentido, fica claro que
alguns alunos utilizam o Google Tradutor como apoio, porém, a maioria deles utiliza de forma
indevida, traduzingo frases e textos inteiros através da ferramenta, sequer exercitando a memória
em relação a palavras que já têm tradução conhecida por eles.
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Surge então, uma problemática em relação ao uso desta ferramenta. Isso acontece, porque
assim como outras ferramentas, a mesma possui certas limitações em suas traduções, e muitas vezes
isso se dá ao fato de que a ferramenta não tem o poder de reconhecer aspectos culturais presentes
nos textos. Ou seja, a ferramenta transpõe uma língua para outra, mas não refaz o caminho sócio-
cultural da língua, considerando seus aspectos culturais, para melhor adaptá-la em outra língua.
Como a grande maioria dos estudantes não reconhece a importância desses aspectos na
tradução, sentem-se decepcionados ao perceber que ela não é 100% correta.
De acordo com Costa e Daniel (2012),

[...] para eliminar essa decepção é necessário enxergar a ferramenta como um auxílio ao
trabalho do tradutor humano e não como uma ferramenta tradutora completa. Há limitação
nas ferramentas de tradução automática, uma vez que elas não levam em consideração
características históricas, sociais e polissêmicas dos textos apresentados, as quais não
podem ser implantadas no banco de dados devido a sua complexidade. Portanto, ainda que
haja constante evolução, essa é uma barreira intransponível. (COSTA e DANIEL, 2012,
p.333)

Ou seja, o autor enfatiza a necessidade de utilizarmos a ferramenta de maneira a auxiliar na tradução,


e não a fazê-la por completo.

Pergunta 5:

A quinta pergunta, teve como objetivo investigar o uso da ferramenta de pronúncia do


Google Tradutor. A partir deste questionamento, foi possível perceber que doze alunos afirmam que
sempre utilizam a ferramenta de pronúncia do Google Tradutor. Dezesseis afirmam que às vezes
escutam a pronúncia e dezessete afirmam que nunca escutam.
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Ao oferecer a opção de pronúncia, a ferramenta disponibiliza uma importante fonte de


formação de habilidades auditivas, e de acordo com Harmer (2007b, p. 133):

A habilidade auditiva reflete de forma eficaz na pronúncia dos alunos (…) quanto mais eles
escutarem e entenderem o inglês falado, mais eles absorverão a tonicidade e entonação e os
sons tanto das palavras individuais como daquelas que aparecem juntas no discurso falado”

A partir da ideia deste autor, podemos entender a importância de escutar bem, para
pronunciar bem. Por isso, esta ferramenta, se bem utilizada, contribui de forma efetiva no processo
de ensino-aprendizagem de língua inglesa como L2.

Pergunta 6:

A sexta pergunta, visou compreender o olhar dos alunos entrevistados em relação a eficácia
e confiabilidade da ferramenta de tradução. Neste sentido, quatro alunos afirmaram que consideram
as traduções feitas com utilização da ferramenta são todas incorretas. Vinte e oito alunos
consideram que algumas traduções feitas são incorretas, precisando de adaptações para o português.
Por fim, treze alunos afirmam que todas as traduções são corretas.
Nessa questão, é importante que seja retomada a ideia de que a linguagem não trabalha
apenas com letras, palavras e regras gramaticais. Pois, como já afirmamos anteriormente, a
linguagem está totalmente ligada ao contexto sociocultural em que os falantes estão inseridos. Se
desssermos algo em português, nossa fala carregará marcas da nossa cultura, além de retratar uma
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visão de mundo comum a pessoas como nós. Esse é o papel básico do idioma: oferecer uma
comunicação condizente com a realidade daqueles que o falam.
Neste sentido, podemos afirmar que a maioria dos entrevistados têm a noção de que uma
língua ao ser traduzida para outra, precisa de ajustes para se adequar a uma melhor forma de
identificação, para, caso seja necessário, utilizar outras palavras para expressar o mesmo sentido no
que foi dito na língua incial.

Pergunta 7:

A sétima e última pergunta, buscou compreender a visão dos alunos sobre o uso do Google
Tradutor. Nesta questão, os alunos foram convidados a avaliar se o uso da ferramenta ajuda ou
atrapalha no processo de ensino-aprendizagem. Trinta e dois alunos afirmaram que a ferramenta
ajuda o processo e treze disseram que atrapalha. Fica claro então, que a eficiência ou não desta
ferramenta de apoio, está ligada inteiramente à forma como ela é utilizada
Por exemplo, se há uma frase como “The book is on the table” em um exercício em que é
solicitado que os alunos façam a tradução desta frase. Considerando um aluno X e um aluno Y. O
aluno X coloca a frase inteira no Google Tradutor, sem sequer tentar traduzi-la sem o auxilio da
ferramenta, obtendo como resposta a frase “O livro está sobre a mesa”. Já o aluno Y, opta por,
inicialmente, tentar traduzir sem nenhuma ferramenta. Porém, este aluno desconhece o significado
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da palavra “table”, conseguindo traduzir sozinho apenas o início da frase. Este aluno então, procura
a tradução para a palavra “table”, encontrando a palavra “mesa”. Juntando com o que traduziu
sozinho, ele forma a frase “O livro está sobre a mesa”.
Neste exemplo, ambos alunos chegaram ao mesmo resultado final, porém, os processos
foram diferentes, assim como a contribuição para o ensino. O aluno X, sequer se lembrará da
tradução das palavras, para que na próxima vez não precise da ferramenta, pois ele sequer analisou
as palavras em questão. Já o aluno Y, muito provavelmente não precisará voltar a pesquisar a
tradução da palavra que ele traduziu com auxilio da ferramenta, já que, traduzindo uma palavra
isoladamente, ele sabe o papel que ela desempenha na frase e sua tradução.

5. CONCLUSÃO
Esta pesquisa analisou o uso de tradutores automáticos no ensino-aprendizagem de Língua
Inglesa como língua estrangeira, com ênfase na ferramenta mais conhecida: o Google Tradutor.
Após a realização das atividades de coleta e análise das informações obtidas, foi possível concluir
que entre os alunos, a maneira de utilizar a ferramenta varia, essa variação por sua vez, interfere
diretamente na visão que os mesmos tem sobre ela. Há também, uma clara evidência de que alguns
alunos depositam total confiança nas traduções feitas pela ferramenta, o que lhes dá maior liberdade
em traduzir textos inteiros de uma só vez, prejudicando seu processo de ensino-aprendizagem.
Neste sentido, conclui-se que o uso do Google Tradutor pode ser tanto um inimigo, como um
aliado nas aulas de inglês e que, a forma como ele vai ser utilizado é que define a eficiência da
ferramenta. Por isso, apesar de alguns estudiosos entenderem a tecnologia como uma substituta do
que conhecemos por ensino, fica clara aqui a importância do professor como orientador. Já que, se
bem orientada e supervisionada, a ferramenta de tradução automática é uma excelente aliada dos
processos educacionais, pois ela é ágil, eficiente e possui como principal diferencial, a ferramenta
de áudio, fazendo com que o Google Tradutor se diferencie das ferramentas tradicionais, como o
dicionário, pois, a ferramenta de áudio permite que os alunos tenham acesso a pronúncia das
palavras, o que, comprovadamente, beneficia o processo de aprendizagem como um todo.
Conclui-se então, que quando associado às estratégias eficientes de ensino, a ferramenta
pode potencializar a aprendizagem dos mesmos, desde que sejam orientados pelo professor.

REFERÊNCIAS
 BRITO, Edivaldo. Como usar o Google Tradutor; Veja dicas. Techtudo, 2014. Disponível
em: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2014/04/como-usar-o-google-
tradutor-veja-dicas.html (17/08/2021).
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 CARNEIRO E SILVA, Jamile B. e SCHNEIDER, Ernani José. Aspectos sócioafetivos do


processo de ensino e aprendizagem. Revista de divulgação técnicocientífica do ICPG, Vol. 3
n. 11 - jul.-dez./2007. Disponível em: https://docplayer.com.br/6756920-Aspectos-
socioafetivos-do-processo-de-ensino-e-aprendizagem.html. Acesso em: 16 ago. 2021.
 CAMPOS, Geir. O que é Tradução. São Paulo: Brasiliense, 1986 (Coleção Primeiros
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Ferramenta. Tradterm, São Paulo, v. 22, dezembro, 2013. P. 327-361. Disponível em:
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 GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
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 LIRA, Camila. As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo.
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fronteiras-do-meu-universo-wittgenstein/. Acesso em: 26 de ago. 2021
 MORAIS, Artur Gomes de. 1998. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo, Ática, 1998.
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 RAMOS,  Samantha  Gonçalves  Mancini;  FURUTA,  Susy  Maria  Zewe  Coimbra. 
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 SANTOS, Laudicea Almeida. Inclusão Digital. Jus, 2021. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/88575/inclusao-digital. Acesso em: 26 de ago. 2021
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 SILVA, L.O., A formação do professor da educação básica para o uso da tecnologia: a
complexidade da prática. In: BRAGA, J. (coord.), Integrando tecnologias no ensino de
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