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Cadernos PDE
RESUMO: Este artigo apresenta a síntese do projeto de intervenção intitulado “A Oralidade nas
aulas de Língua Inglesa”, desenvolvido no Colégio Estadual Hélio Antonio de Souza, escola da
rede pública paranaense. O objetivo deste trabalho é refletir sobre as dificuldades que os
alunos do Ensino Médio apresentam em participar de atividades que envolvem a oralidade.
Para o trabalho aqui apresentado, o corpus é constituído da análise das atividades
desenvolvidas durante o projeto de intervenção pedagógica. A metodologia empregada foi a
pesquisa qualitativa e a pesquisa-ação. Após a aplicação do projeto, os dados indicam que o
ensino de uma língua deve estimular a autonomia dos envolvidos, com atividades que auxiliem
na comunicação e interação entre os sujeitos, propiciando aos alunos oportunidades para
interagir em uma situação concreta de comunicação envolvendo-se discursivamente.
Introdução
1
Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, NRE de Paranaguá. Integrante do
Programa de Desenvolvimento Educacional. E-mail: cidamitie@seed.pr.gov.br
ideias oralmente representa um grande desafio nas aulas de Língua Inglesa,
tanto para alunos quanto para professores. Desse modo, o trabalho com a
oralidade é deixado de lado, privilegiando-se somente atividades interativas de
leitura e compreensão textual. Em decorrência dessa constatação, optei por, no
projeto aqui descrito, valorizar a oralidade e a espontaneidade na
comunicação, aliadas ao diálogo em língua inglesa.
Dentre as muitas habilidades que os nossos alunos possuem, a
participação em atividades que envolvem a comunicação verbal, ou seja, a
ação de expressar suas ideias oralmente tem representado um grande desafio
nas aulas de Língua Inglesa. Em vista disso, o questionamento que se
configura é: De que forma a oralidade pode contribuir para o desenvolvimento
em Língua Inglesa dos alunos do Ensino Médio?
Considerando que a fala é o meio de comunicação mais utilizado
socialmente, destaca-se na literatura pesquisada a importância das reflexões
apresentdas nas Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira
(2008), que pressupõe a língua como discurso enquanto prática social, além
dos estudos de Dolz e Scheneuwly (2004), para o trabalho com gêneros
discursivos. O trabalho desenvolvido fundamenta-se também nas teorias do
círculo de Bakhtin (1997) e Jordão (2006) como forma de perceber a língua
como discurso e forma de interação social. Para o contexto da Abordagem
Comunicativa embasamo-nos nos pressupostos de Almeida Filho (1998).
O projeto de Intervenção Pedagógica relatado neste artigo foi proposto
primeiramente para uma turma do 1º ano do Ensino Médio do período da
manhã, com 32 alunos, durante o primeiro semestre de 2014. Contudo, durante
a aplicação do projeto, percebi a necessidade de ampliá-lo também para outra
turma com 29 alunos do mesmo ano e período, já que os alunos de ambas as
turmas sempre se comunicavam e compartilhavam o que os professores
estavam ensinando. Desse modo, os alunos da segunda turma manifestaram
interesse em também participarem do projeto, o que atendi prontamente.
A unidade didática elaborada foi dividida e aplicada em dez aulas. As
atividades que envolviam diálogo foram planejadas e abordadas por meio de
projeção de vídeo ou imagem, apresentadas no datashow, em uma sala de
aula específica para essa finalidade. A mudança de ambiente auxiliou no
interesse dos alunos e serviu de estímulo na elaboração das atividades que
envolviam diálogos e dinâmicas de grupos, como dramatizações, simulações
de entrevistas, entre outros.
Como processo ativo de construção de sentido, algumas atividades
foram planejadas e contextualizadas com o intuito de motivar o aluno para a
prática da oralidade, promovendo a reflexão acerca das práticas sociais
comuns em determinadas situações. Explorando o uso da língua em diferentes
contextos, os alunos tiveram a oportunidade de perceber e desenvolver o uso
autêntico da língua explorando características da língua oral, como entonação,
hesitações, adequações de fala, de ambiente e improvisos.
1. A questão da oralidade
Diversas razões têm sido levantadas para o não desenvolvimento da
habilidade oral nas aulas de língua inglesa em nossas escolas. Argumenta-se,
genericamente, que o uso de línguas estrangeiras volta-se para a leitura, para
alguns profissionais ou fins acadêmicos. Nesse sentido, as Diretrizes
Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira Moderna (2008, p. 56) propõem
superar os fins utilitaristas, pragmáticos ou instrumentais que historicamente
têm marcado o ensino dessa disciplina.
Assim, devemos refletir a respeito de vários aspectos quando
objetivamos desenvolver em nossos alunos aprendizado significativo. Novas
ideias, métodos que gerem aprendizado mais efetivo devem ser focados, uma
vez que nossos alunos manifestam o interesse em informações práticas e que
se enquadrarão no processo de socialização desses alunos.
Além disso, observa-se nos jovens facilidade relativamente grande em
aprender a falar línguas estrangeiras em comparação com aprendizes adultos,
principalmente no que diz respeito à oralidade. Explorar essa capacidade e
criar condições para desenvolvê-la significa oportunizar e desenvolver essa
facilidade natural na faixa etária em questão. Durante as aulas ministradas no
Ensino Médio, onde atuo há mais de doze anos, percebi a grande dificuldade
que os alunos enfrentavam no desenvolvimento de suas habilidades orais, com
um panorama no qual as aulas geralmente se resumiam na fala do professor e
no pressuposto de que nós educadores de língua inglesa ainda mantemos uma
formação voltada para uma didática marcadamente tradicional, que preconiza a
transmissão de conhecimentos, privilegiando a memorização na realização das
atividades em sala de aula, por meio de exercícios básicos desconectados de
práticas dinâmicas que estimulam a comunicação e a oralidade.
Almeida Filho (1998) destaca que, na maioria das vezes, a escola torna-
se a única oportunidade que o aluno possui para adquirir conhecimentos
comunicativos na língua estrangeira, sendo que é o locus em que os
mecanismos para construir significados no idioma estrangeiro são
desenvolvidos.
Aula 1: Futebol
Os alunos foram encaminhados para a sala de vídeo onde fiz uma
breve apresentação do projeto de intervenção e das atividades a serem
desenvolvidas. Ao expor o tema sobre a oralidade, percebi que muitos alunos
ficaram apreensivos e disseram que não conseguiriam falar ou se manifestar
em língua inglesa, por se sentirem envergonhados e inseguros. Com o intuito
de incentivá-los, fiz alguns questionamentos sobre quais eram as dificuldades
mais comuns e exemplifiquei várias palavras às quais eles já tinham
conhecimento, como sport, play, ball, game, video, entre outras. Conversei com
os alunos sobre os termos mais comuns utilizados em um jogo de futebol. Os
meninos participaram ativamente da proposta, assim como algumas meninas
relataram que gostam de futebol, praticam o esporte e têm seus times favoritos.
Além das imagens relacionadas ao futebol, apresentei um vídeo bastante
conhecido pelo público brasileiro e que apresenta a entrevista do treinador de
futebol Joel Santana2, sendo sugerido aos alunos que identificassem os termos
e expressões utilizados pelo treinador durante a entrevista.
O vídeo auxiliou na compreensão e associação dos termos, gerando
discussão e diversos comentários e os alunos puderam fazer a relação entre
seu conhecimento e o improviso da entrevista, identificando e transcrevendo os
vários termos e expressões. A turma do 1º ano A interagiu mais nessa
atividade, demonstrando maior interesse e conseguiram identificar termos
mencionados por Joel Santana que eu mesma não havia conseguido distinguir.
Alguns alunos relataram que isso se deveu ao fato de que eles, por terem
contato constante com os jogos dos vídeo games, já tinham conhecimento dos
termos utilizados na entrevista e conseguiram fazer a associação.
2
Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=BoxA9ghHkOM.
número de palavras de origem inglesa que eles têm contato e que, muitas
vezes utilizam sem perceber.
Aula 3: Filmes
Na aula sobre gêneros de filmes, inicie-a questionando os alunos sobre
os tipos de filmes que eles preferiam e assistiam. Após compartilharem suas
preferências e discutirmos sobre alguns filmes e preferências, apresentei no
quadro alguns gêneros de filmes em inglês, como comedy, science fiction,
romantic, horror, action, animated movies. Para que os alunos identificassem
os tipos de filme, distribuí em folha impressa colorida seis cenas de filmes
correspondentes a esses gêneros. A atividade teve grande participação, com
relatos sobre cenas e músicas que mais gostaram. Entre os mais citados
ficaram Tropa de Elite e Crepúsculo. O resultado com o uso de gêneros de
filmes foi positivo, pois os alunos se sentiram motivados e participativos.
Aula 9: Entrevista
Aula dedicada inicialmente à leitura do texto para simulações de
entrevista. Os alunos fizeram a leitura em dupla para posteriores
apresentações. Nessa atividade, observamos que diálogos curtos abordando
temas atuais e interessantes em situações do conhecimento dos alunos é uma
forma interessante para atrair a atenção dos alunos e levá-los a se
comunicarem em língua inglesa.
3. Considerações Finais
Referências