Você está na página 1de 13

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A ORALIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA

Aparecida Mitie Tsutiya1

RESUMO: Este artigo apresenta a síntese do projeto de intervenção intitulado “A Oralidade nas
aulas de Língua Inglesa”, desenvolvido no Colégio Estadual Hélio Antonio de Souza, escola da
rede pública paranaense. O objetivo deste trabalho é refletir sobre as dificuldades que os
alunos do Ensino Médio apresentam em participar de atividades que envolvem a oralidade.
Para o trabalho aqui apresentado, o corpus é constituído da análise das atividades
desenvolvidas durante o projeto de intervenção pedagógica. A metodologia empregada foi a
pesquisa qualitativa e a pesquisa-ação. Após a aplicação do projeto, os dados indicam que o
ensino de uma língua deve estimular a autonomia dos envolvidos, com atividades que auxiliem
na comunicação e interação entre os sujeitos, propiciando aos alunos oportunidades para
interagir em uma situação concreta de comunicação envolvendo-se discursivamente.

Palavras chave: Oralidade. Ensino- Aprendizagem. Língua Inglesa.

Introdução

A motivação para esta pesquisa surgiu a partir da observação e


inquietação quanto ao desenvolvimento do domínio da oralidade em língua
inglesa pelos alunos da Educação Básica.
O desenvolvimento da oralidade exerce um papel importante na
aprendizagem do aluno na disciplina de língua inglesa, e em vista disso foi
desenvolvido o projeto “A Oralidade nas aulas de Língua Inglesa”, cujos
resultados apresento neste artigo. O projeto contou com atividades e dinâmicas
para incentivar a criatividade, levar o aluno a praticar a habilidade oral e
oportunizar o envolvimento do aluno no processo de aprendizagem.
Percebi que a oralidade é uma das habilidades menos trabalhadas em
sala de aula na disciplina em questão, principalmente em escolas públicas, por
várias razões que vão desde problemas estruturais, como o número elevado de
alunos por turmas até o fato de haver pouco tempo de aula para essa disciplina
ao longo da Educação Básica, com apenas duas aulas por semana. Esse fato
repercute consequências inclusive no âmbito da formação docente na área,
visto que é consenso que muitos professores não dominam a habilidade oral
referente à língua ensinada e, como decorrência, a ação de expressar suas

1
Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, NRE de Paranaguá. Integrante do
Programa de Desenvolvimento Educacional. E-mail: cidamitie@seed.pr.gov.br
ideias oralmente representa um grande desafio nas aulas de Língua Inglesa,
tanto para alunos quanto para professores. Desse modo, o trabalho com a
oralidade é deixado de lado, privilegiando-se somente atividades interativas de
leitura e compreensão textual. Em decorrência dessa constatação, optei por, no
projeto aqui descrito, valorizar a oralidade e a espontaneidade na
comunicação, aliadas ao diálogo em língua inglesa.
Dentre as muitas habilidades que os nossos alunos possuem, a
participação em atividades que envolvem a comunicação verbal, ou seja, a
ação de expressar suas ideias oralmente tem representado um grande desafio
nas aulas de Língua Inglesa. Em vista disso, o questionamento que se
configura é: De que forma a oralidade pode contribuir para o desenvolvimento
em Língua Inglesa dos alunos do Ensino Médio?
Considerando que a fala é o meio de comunicação mais utilizado
socialmente, destaca-se na literatura pesquisada a importância das reflexões
apresentdas nas Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira
(2008), que pressupõe a língua como discurso enquanto prática social, além
dos estudos de Dolz e Scheneuwly (2004), para o trabalho com gêneros
discursivos. O trabalho desenvolvido fundamenta-se também nas teorias do
círculo de Bakhtin (1997) e Jordão (2006) como forma de perceber a língua
como discurso e forma de interação social. Para o contexto da Abordagem
Comunicativa embasamo-nos nos pressupostos de Almeida Filho (1998).
O projeto de Intervenção Pedagógica relatado neste artigo foi proposto
primeiramente para uma turma do 1º ano do Ensino Médio do período da
manhã, com 32 alunos, durante o primeiro semestre de 2014. Contudo, durante
a aplicação do projeto, percebi a necessidade de ampliá-lo também para outra
turma com 29 alunos do mesmo ano e período, já que os alunos de ambas as
turmas sempre se comunicavam e compartilhavam o que os professores
estavam ensinando. Desse modo, os alunos da segunda turma manifestaram
interesse em também participarem do projeto, o que atendi prontamente.
A unidade didática elaborada foi dividida e aplicada em dez aulas. As
atividades que envolviam diálogo foram planejadas e abordadas por meio de
projeção de vídeo ou imagem, apresentadas no datashow, em uma sala de
aula específica para essa finalidade. A mudança de ambiente auxiliou no
interesse dos alunos e serviu de estímulo na elaboração das atividades que
envolviam diálogos e dinâmicas de grupos, como dramatizações, simulações
de entrevistas, entre outros.
Como processo ativo de construção de sentido, algumas atividades
foram planejadas e contextualizadas com o intuito de motivar o aluno para a
prática da oralidade, promovendo a reflexão acerca das práticas sociais
comuns em determinadas situações. Explorando o uso da língua em diferentes
contextos, os alunos tiveram a oportunidade de perceber e desenvolver o uso
autêntico da língua explorando características da língua oral, como entonação,
hesitações, adequações de fala, de ambiente e improvisos.

1. A questão da oralidade
Diversas razões têm sido levantadas para o não desenvolvimento da
habilidade oral nas aulas de língua inglesa em nossas escolas. Argumenta-se,
genericamente, que o uso de línguas estrangeiras volta-se para a leitura, para
alguns profissionais ou fins acadêmicos. Nesse sentido, as Diretrizes
Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira Moderna (2008, p. 56) propõem
superar os fins utilitaristas, pragmáticos ou instrumentais que historicamente
têm marcado o ensino dessa disciplina.
Assim, devemos refletir a respeito de vários aspectos quando
objetivamos desenvolver em nossos alunos aprendizado significativo. Novas
ideias, métodos que gerem aprendizado mais efetivo devem ser focados, uma
vez que nossos alunos manifestam o interesse em informações práticas e que
se enquadrarão no processo de socialização desses alunos.
Além disso, observa-se nos jovens facilidade relativamente grande em
aprender a falar línguas estrangeiras em comparação com aprendizes adultos,
principalmente no que diz respeito à oralidade. Explorar essa capacidade e
criar condições para desenvolvê-la significa oportunizar e desenvolver essa
facilidade natural na faixa etária em questão. Durante as aulas ministradas no
Ensino Médio, onde atuo há mais de doze anos, percebi a grande dificuldade
que os alunos enfrentavam no desenvolvimento de suas habilidades orais, com
um panorama no qual as aulas geralmente se resumiam na fala do professor e
no pressuposto de que nós educadores de língua inglesa ainda mantemos uma
formação voltada para uma didática marcadamente tradicional, que preconiza a
transmissão de conhecimentos, privilegiando a memorização na realização das
atividades em sala de aula, por meio de exercícios básicos desconectados de
práticas dinâmicas que estimulam a comunicação e a oralidade.

O maior desafio que hora se apresentava era, portanto, implementar


atividades para o desenvolvimento das habilidades de escuta e fala que fossem
adequadas ao número de alunos em sala de aula, e ainda possibilitar que os
mesmos não se sentissem negativamente expostos ao expressar seus
pensamentos e que, além disso, produzissem discursos criativos e de maneira
crítico- reflexivos.

1.1 Discorrendo sobre a oralidade

Tendo em vista que as Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua


Estrangeira Moderna (2008) pressupõem a língua como discurso enquanto
prática social, trabalhar a oralidade reflete a necessidade atual de se estudar a
língua estrangeira de forma que a prática social nela implícita seja a base que
conduz o aluno a desenvolver a capacidade discursiva nas mais variadas
situações de comunicação.
O ensino de língua inglesa tem favorecido um aprendizado mecânico ou
repetitivo que pouco encoraja a aquisição de outras habilidades. Diante disso,
as Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira Moderna (2008, p.
53) defendem:

Propõe-se que as aulas de Língua Estrangeira Moderna, constitua um


espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade
linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e
perceba possibilidades de construção de significados em relação ao
mundo em que vive.

Assim, cabe ao professor, nesse processo de aprendizagem, oportunizar


ao aluno o contato com diversificadas práticas discursivas para que ele possa
construir e adequar suas necessidades e anseios em relação à língua.
Outro aspecto a ser considerado é que a realização de um trabalho
através das práticas discursivas precisa pautar-se em atividades planejadas
que possibilitem ao nosso aluno a leitura e a produção oral, visto que essas
habilidades comunicativas são complementares e não faria sentido incluir uma
e excluir a outra. Para elaborar uma atividade didática do gênero desejado em
função das situações de comunicação e dos objetivos almejados em sala de
aula, de acordo com Dolz e Schneuwly (2004 p. 168):

Para uma didática em que se coloca a questão do desenvolvimento


da expressão oral, o essencial não é caracterizar o oral em geral e
trabalhar exclusivamente os aspectos de superfície da fala, mas,
antes, conhecer diversas práticas orais de linguagem e as relações
muito variáveis que estas mantêm com a escrita..

O ensino de uma língua deve estimular a autonomia dos envolvidos. Em


vista disso, o aprendiz deve ser incentivado a assumir a responsabilidade sobre
o seu aprender. O ambiente da sala de aula deve ser favorável, deve encorajar
o aluno a superar a insegurança e também ultrapassar os limites que o
impedem de experimentar e realizar outras possibilidades de conhecer e
interagir em outra língua.
Através do ensino e ênfase na oralidade, torna-se possível a
aproximação dos sujeitos com a realidade, possibilitando-lhe que o processo
de aprendizagem seja fundamental e lhe encorajar a disponibilidade para correr
riscos, superar a ansiedade e a inibição, motivando-o de forma que o ato de
aprender lhe proporcione a oportunidade de refletir sobre seu progresso e lhe
encoraje a autonomia.

1.2 A Língua como discurso

Considerando-se que a língua é uma construção histórica e cultural e


que não se limita a um conhecimento sistematizado, sua forma permite aos
sujeitos considerar a língua como discurso, por meio da qual se desenvolve a
competência discursiva para interagir com os outros, e no mundo.
Segundo Bakthin (apud JORDÃO, 2000, p. 7):

Ao invés de mediar nossas relações com o mundo, num mundo


supostamente transparente e neutro, a língua constitui nosso mundo,
e não apenas o nomeia. Ela constrói discursos, produz efeitos de
sentido indissociáveis dos contextos em que se constituem.

Nesse sentido, ressalta-se que língua e cultura são indissociáveis e


ensinar língua estrangeira nesse contexto é ensinar procedimentos
interpretativos definidos por outras culturas e perceber características
diferentes daquelas que a língua materna nos apresenta.

Jordão (2006, p. 7), complementa, ainda, que:


Conceber a língua como discurso é perceber a língua como
ideológica, perpassada por relações de poder que ela mesma
constrói; é perceber as marcas de determinações culturais nos textos
que produzimos; é perceber os gêneros discursivos como
mecanismos de estabelecimento de sentidos possíveis.

O ensino de língua inglesa e o conceito de língua como discurso para o


desenvolvimento das práticas sociais e a construção de sentidos fundamenta-
se, segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua
Estrangeira Moderna (PARANÁ, 2008, p. 53) nas teorias do Círculo de Bakthin,
onde a língua é uma forma de interação social que se estabelece entre
indivíduos organizados e inseridos numa situação concreta de comunicação. É
necessário, portanto, conceber a língua como discurso, não como estrutura ou
código a ser decifrado.

Para Bakthin (1997), o processo da comunicação verbal apresentado em


cursos de linguística não representa o todo da comunicação verbal nos
processos da fala quando representam os dois parceiros da comunicação: nos
processos ativos do locutor e processos passivos do ouvinte (quem recebe a
fala). Para Bakthin (1997, p. 290)

A compreensão de uma fala viva, de um enunciado vivo é sempre


acompanhada de uma atitude responsiva ativa (conquanto o grau
dessa atividade seja muito variável); toda compreensão é prenhe de
resposta e, de uma forma ou de outra, forçosamente a produz: o
ouvinte torna-se o locutor.

Desse modo, a língua é a base sobre a qual se constrói o discurso e,


portanto, entendemos que através dela o que produzimos ou desejamos
produzir requer a compreensão de que a língua é um meio histórico de
inserção social e cultural.

Almeida Filho (1998) destaca que, na maioria das vezes, a escola torna-
se a única oportunidade que o aluno possui para adquirir conhecimentos
comunicativos na língua estrangeira, sendo que é o locus em que os
mecanismos para construir significados no idioma estrangeiro são
desenvolvidos.

O referido autor defende ainda que o importante é que se estabeleça um


clima de confiança entre aprendizes e que haja oportunidade de compreensão
e expressão de significados pessoais. Isso nos leva a perceber que ensinar
língua estrangeira com foco na oralidade tem por objetivo trabalhar conteúdos
voltados aos contextos vivenciados pelos próprios alunos, aumentando as
expectativas e a motivação dos aprendizes em relação à língua inglesa.

2. Desenvolvimento do Projeto de Intervenção

O Projeto de Intervenção desenvolvido na escola centrou-se na


necessidade de desenvolver o ensino de língua inglesa a partir de propostas
para incentivar a oralidade utilizando atividades que privilegiassem a produção
oral para o desenvolvimento da língua.
O caminho metodológico percorrido para o desenvolvimento da
proposta de intervenção e a análise dos resultados foi a pesquisa qualitativa e
a pesquisa-ação, para demonstrar os resultados da aplicação do trabalho sobre
atividades e produção oral em língua inglesa, por meio de uma produção
didático-pedagógica que previa a utilização de unidades didáticas elaboradas e
trabalhadas em dez aulas, com vistas a desenvolver as habilidades orais em
sala de aula para os alunos do Ensino Médio.
Para participar das atividades foram escolhidas duas turmas do 1º ano
do ensino médio do Colégio Estadual Hélio Antonio de Souza, com um total de
aproximadamente 70 alunos. A aplicação do projeto ocorreu durante o segundo
semestre de 2014, e teve por objetivo incentivar a comunicação baseada em
atividades que motivassem e envolvessem os alunos a praticar a oralidade a
partir de temas atuais e diversificados. Para tanto, iniciou-se a atividade com
reflexões sobre o evento da Copa do Mundo de 2014, jogos e termos técnicos
sobre futebol.
Descrevo e analiso a seguir a aplicação do projeto de intervenção
intitulado “A Oralidade nas aulas de Língua Inglesa”.

Aula 1: Futebol
Os alunos foram encaminhados para a sala de vídeo onde fiz uma
breve apresentação do projeto de intervenção e das atividades a serem
desenvolvidas. Ao expor o tema sobre a oralidade, percebi que muitos alunos
ficaram apreensivos e disseram que não conseguiriam falar ou se manifestar
em língua inglesa, por se sentirem envergonhados e inseguros. Com o intuito
de incentivá-los, fiz alguns questionamentos sobre quais eram as dificuldades
mais comuns e exemplifiquei várias palavras às quais eles já tinham
conhecimento, como sport, play, ball, game, video, entre outras. Conversei com
os alunos sobre os termos mais comuns utilizados em um jogo de futebol. Os
meninos participaram ativamente da proposta, assim como algumas meninas
relataram que gostam de futebol, praticam o esporte e têm seus times favoritos.
Além das imagens relacionadas ao futebol, apresentei um vídeo bastante
conhecido pelo público brasileiro e que apresenta a entrevista do treinador de
futebol Joel Santana2, sendo sugerido aos alunos que identificassem os termos
e expressões utilizados pelo treinador durante a entrevista.
O vídeo auxiliou na compreensão e associação dos termos, gerando
discussão e diversos comentários e os alunos puderam fazer a relação entre
seu conhecimento e o improviso da entrevista, identificando e transcrevendo os
vários termos e expressões. A turma do 1º ano A interagiu mais nessa
atividade, demonstrando maior interesse e conseguiram identificar termos
mencionados por Joel Santana que eu mesma não havia conseguido distinguir.
Alguns alunos relataram que isso se deveu ao fato de que eles, por terem
contato constante com os jogos dos vídeo games, já tinham conhecimento dos
termos utilizados na entrevista e conseguiram fazer a associação.

Aula 2: Termos utilizados no futebol


Nessa aula, foi realizada uma atividade de crossword com alguns
termos sobre futebol e outros vocabulários como continuidade ao tema
proposto. A aula sobre campo de futebol que seria desenvolvida com o uso da
lousa digital não foi possível, pois houve problemas com a internet. Desse
modo, sugeri alguns sites de pesquisa para que os alunos pudessem
posteriormente ter acesso ao conteúdo que teria sido trabalhado caso não
tivessem ocorrido os problemas técnicos. Na sequência, fizemos as correções
das palavras e termos encontrados na aula anterior. A turma do 1º B solicitou
que o vídeo fosse repetido, pois os mesmo tiveram maior dificuldade para fazer
a atividade. Objetivou-se com esta atividade levar ao aluno a compreensão do

2
Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=BoxA9ghHkOM.
número de palavras de origem inglesa que eles têm contato e que, muitas
vezes utilizam sem perceber.

Aula 3: Filmes
Na aula sobre gêneros de filmes, inicie-a questionando os alunos sobre
os tipos de filmes que eles preferiam e assistiam. Após compartilharem suas
preferências e discutirmos sobre alguns filmes e preferências, apresentei no
quadro alguns gêneros de filmes em inglês, como comedy, science fiction,
romantic, horror, action, animated movies. Para que os alunos identificassem
os tipos de filme, distribuí em folha impressa colorida seis cenas de filmes
correspondentes a esses gêneros. A atividade teve grande participação, com
relatos sobre cenas e músicas que mais gostaram. Entre os mais citados
ficaram Tropa de Elite e Crepúsculo. O resultado com o uso de gêneros de
filmes foi positivo, pois os alunos se sentiram motivados e participativos.

Aula 4: Vídeo dos Batutinhas


Nessa aula, foram apresentado em slides alguns personagens do filme
“Os Batutinhas”. Os alunos foram questionados sobre as personagens e
relataram o que sabiam sobre eles. Em seguida, apresentei um trecho do filme
citado no material com os questionamentos em inglês. Durante a apresentação
do vídeo, os alunos demonstraram grande interesse pelo carisma das
personagens. As propostas das atividades foram realizadas em grupo de
quatro alunos para que pudessem reproduzir as cenas do vídeo e as
apresentações se estenderam para outras aulas. Os alunos mostraram-se bem
empenhados nesta apresentação sem muita dispersão, o que demonstrou que
a utilização de vídeo durante as aulas despertam bastante a atenção e
participação do aluno.

Aula 5: Resenhas de filmes


A aula sobre resenha de filmes foi dedicada à leitura dos materiais
impressos. Em seguida os alunos realizaram as atividades em dupla com as
observações e informações que julgaram necessárias para despertar a
curiosidade sobre seu filme preferido ou programa de TV. As resenhas
produzidas pelos alunos foram apresentadas em língua portuguesa.
Aula 6: Descrevendo pessoas
Os alunos foram encaminhados à sala de vídeo onde alguns
personagens do filme “Little Miss Sunshine” foram apresentados em slides para
que pudessem citar algumas características para identificá-los. Alguns alunos
do 1º B tiveram mais dificuldade na identificação dos adjetivos e membros da
família. O 1º A conseguiu identificar as personagens e expressar suas opiniões
oralmente. Após assistirem o vídeo, observaram e relataram que Sheryl, mãe
de Olive, não é boa mãe, por tê-la esquecido quando iam à Califórnia participar
do concurso. Os demais personagens foram descritos por suas características
físicas e psicológicas também.

Aula 7: Regras de etiqueta ao telefone


Iniciei a aula questionando os alunos sobre como falamos ao telefone no
Brasil e conversamos sobre algumas regras básicas para se falar ao telefone.
Em seguida, apresentei o texto “Telephone Etiquette”, impresso para a
realização da leitura, estudo do vocabulário e também para treinar a oralidade
de forma descontraída, posto que a atividade realizada em dupla propicia o
envolvimento dos alunos contribuindo para despertar o interesse e a
compreensão da língua inglesa de forma lúdica e interessante.

Aula 8: Contrastes e comparações


As atividades propostas nessa aula foram planejadas para uso da lousa
digital, porém foi necessário adaptá-la ao uso do quadro da sala de aula
através de desenhos, pois nesse dia a sala de informática estava indisponível e
na sala de vídeo o sinal da Internet sempre é lento. Improvisamos a proposta
dos diagramas de Venn para organizarmos as similaridades e diferenças na
elaboração dos contrastes e comparações. Esse recurso seria ideal com o
auxílio da lousa digital, mas mesmo assim os alunos, em dupla, puderam
realizar a atividade. Foi necessário auxílio constante da professora, assim
como uso de dicionário.

Aula 9: Entrevista
Aula dedicada inicialmente à leitura do texto para simulações de
entrevista. Os alunos fizeram a leitura em dupla para posteriores
apresentações. Nessa atividade, observamos que diálogos curtos abordando
temas atuais e interessantes em situações do conhecimento dos alunos é uma
forma interessante para atrair a atenção dos alunos e levá-los a se
comunicarem em língua inglesa.

Aula 10: Desenhando expressões


Os desenhos desta atividade foram utilizados para treinar a oralidade
através de expressões faciais e fáceis de desenhar, como formato de carinhas
alegres, tristes, bravos, sonolentos, preocupados, entre outros. Após a
elaboração dos desenhos, os alunos formularam as perguntas correspondentes
aos desenhos. Nesse momento, houve necessidade de fazermos a revisão de
estruturas gramaticais para o uso de auxiliares para as formas interrogativa,
afirmativa e negativa. Após as correções, procedeu-se ao diálogo em dupla,
mas somente alguns alunos conseguiram ler e apresentar, pois ainda sentiam-
se constrangidos e inseguros para participar da atividade.
Percebemos assim que o ensino com foco na oralidade não deve se
pautar apenas na motivação, mas também em atividades que estimulem a
comunicação e a descoberta da capacidade de evoluir no aprendizado de uma
língua estrangeira.

3. Considerações Finais

A implementação do projeto possibilitou-nos enriquecimento e


amadurecimento quanto a nossa prática, contribuindo também para refletirmos
sobre as mudanças que podemos implementar nas atividades para a prática da
oralidade e o quanto estas precisam ser exploradas e melhoradas em sala de
aula.
Apesar de surgirem alguns contratempos no decorrer do
desenvolvimento dos trabalhos, tais como diversos problemas de ordem
técnica, o que fez com que algumas atividades fossem adaptadas, não houve
prejuízo para o andamento a que o projeto que se propôs enfocar.
Embora seja difícil mensurar todos os resultados por meio da
observação do comportamento dos alunos e pela avaliação de suas interações,
foi possível observar que houve uma melhora significativa na participação dos
alunos em sala de aula e também entre as turmas do 1º ano A e do 1º ano B.
O projeto permitiu também o amadurecimento de nossas ideias acerca
do tema, bem como o interesse e a aprendizagem dos alunos aumentaram
significativamente e, consequentemente, as aulas se tornaram mais
interessantes, permitindo repensar que novas propostas e alternativas de
ensino da oralidade devem ser constantes, pois há muitas dificuldades a serem
superadas e enfrentadas pelos professores em sala de aula.

Referências

BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 12. ed. São Paulo:


Hucitec, 2006.
______. Os gêneros do discurso. In: BAKTHIN, M. Estética da Criação
Verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Pontes, 1997. p. 277-326.
BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua
estrangeira. Brasília, 1998.
GRANGER; C.; ALMEIDA, M. R.; PARANÁ, J. Teacher’s Guide. São Paulo:
Macmillan, 2005.
JORDÃO, C. M. O ensino de línguas estrangeiras: de código a discurso.
2006. Disponível em:
<people.ufpr.br/~marizalmeida/celem_06_o_ensino_de_lem.pdf>. Acesso em:
30 maio 2013..
______. A Língua Inglesa como “Commodity”: direito ou obrigação de todos?.
In: CONGRESO LUSO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, 8., 2004,
Coimbra. A questão social no novo milênio. Coimbra: Universidade de
Coimbra. Faculdade de Economia. Centro de Estudos Sociais.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação.
Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação
Básica Língua Estrangeira Moderna. Curitiba, 2008.
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas:
Mercado de Letras, 2004.
YAGUELLO, M. Introdução. In BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da
Linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

Você também pode gostar