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O GÊNERO NOTÍCIA DE JORNAL NA SALA DE AULA

Roseli Massuquetto de Azevedo1


1
Secretaria de Estado da Educação, Colégio Estadual Presidente Abraham Lincoln,
Rua Zacarias de Paula Xavier, 561, CEP 83414-160, Colombo, Paraná.
roseliazevedo@seed.pr.gov.br

RESUMO
De acordo com os dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, os
resultados de desempenho dos alunos do Ensino Fundamental e Médio comprovam
que o ensino brasileiro passa por uma crise. Com base na experiência desenvolvida
ao longo de 15 anos de prática pedagógica, verifica-se que os alunos apresentam
dificuldades para interpretar textos e desenvolver sua produção escrita. Outro fator a
ser considerado é a facilidade de acesso à internet, onde constam resumos das obras
ou dos temas dos trabalhos, desmotivando uma leitura mais completa. Considerando
estes aspectos, é necessário desenvolver alternativas para estimular nos alunos o
hábito da leitura. Um dos procedimentos atualmente adotado é o emprego do jornal
impresso no estudo da língua portuguesa; assim, desenvolveu-se esse trabalho no
Colégio Estadual Presidente Abraham Lincoln, em Colombo. Optou-se por motivar o
estudante à leitura, por meio de textos jornalísticos, pelo fato de o jornal, muitas vezes,
apresentar uma linguagem acessível ao aluno, com matérias relacionadas a esportes,
política, sexualidade, meio ambiente, segurança, educação, mercado de trabalho e
atualidades que interessam aos educandos. Através do desenvolvimento das
atividades, observou-se um incentivo à leitura, por tratar-se de práticas
contemporâneas para os jovens.

Palavras chave: Leitura. Texto jornalístico. Ensino – aprendizagem.

ABSTRACT

According to the Basic Education National System Valuation data, the performance of
the students in Elementary School and in High School proves that the Brazilian
teaching system has been going through a kind of crisis. Based on the experience
acquired through fifteen years of pedagogical practice, one may state that the students
have been showing great difficulty in interpreting texts and in developing their own
piece of writing. Another point to be taken into consideration is the easy access to
Internet where they can get summaries of the literature requested as school work or
homework, taking from those students their motivation to read more. Considering those
aspects, it’s necessary to develop alternate means to stimulate and encourage the
habit of reading among the students. One of the procedures that has been adopted is
the use of printed newspaper in teaching Portuguese language. Thus, it was done at
Colegio Estadual Presidente Abraham Lincoln in Colombo where the motivation of the
students in relation to reading was accomplished by using journalistic texts because,
most of the times, the newspaper shows a kind of language accessible to the students
with articles related to sports, politics, sexuality, environment, safety, education, job
possibilities, culture and many other topics of their interest. Through the development
of academic activities it was possible to observe the increase in reading because those
are, actually, contemporary practices for the youngsters.

Key words: Reading. Journalistic text. Teaching – Learning.


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1. INTRODUÇÃO

O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) coleta


informações sobre a evolução acadêmica dos alunos brasileiros. Através deste
levantamento, o SAEB aponta o rendimento dos alunos, avaliando o que estes
sabem e são capazes de fazer. Os dados são obtidos pela aplicação de provas
aos alunos e de questionários aos diretores, aos professores e aos alunos, os
quais permitem acompanhar a evolução do desempenho e dos diversos fatores
associados à qualidade e à efetividade do ensino ministrado nas escolas.
Segundo os resultados do SAEB, na região Sul, o Estado do Paraná
apresentou a menor média nos últimos anos. De acordo ainda com esta
avaliação, de 1995 a 2005, os valores médios de Proficiência em Língua
Portuguesa – 8ª série do Ensino Fundamental, apresentaram uma queda,
indicando assim que o ensino Paranaense passa por uma crise (MEC, 2008).
Nestes 15 anos de experiência na prática pedagógica em sala de aula,
verifica-se que os alunos lêem livros sugeridos pelos professores para apenas
fazer provas e apresentar trabalhos, ou seja, apenas por obrigação. Outro fator
é a facilidade com que os alunos encontram, na internet, os resumos das obras
ou dos temas dos trabalhos, desmotivando a leitura na íntegra. Assim, os
alunos apresentam dificuldades para interpretar textos e desenvolver sua
produção; argumentar, expor e defender sua opinião, além de não empregar
uma linguagem adequada quando necessário.
A escola contrasta com a simultaneidade dos estímulos recorrentes nos
meios de comunicação por ter uma abordagem compartimentada em
disciplinas, em conteúdos, em uma perspectiva didática linear. Sabe-se que a
aprendizagem é um processo de aquisição e assimilação mais ou menos
consciente, de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir.
Considerando que o papel da escola é desenvolver o letramento dos
educandos, é imprescindível despertar nos alunos o gosto pela leitura. As
fontes de informação se multiplicaram de uma maneira inacreditável e o mais
importante não é apenas ter acesso à informação, mas é como estabelecer
critérios de seleção para a grande variedade disponível: livros, revistas,
conversas, televisão, internet, jornal... A leitura do jornal apresenta, muitas
vezes, uma linguagem de domínio do estudante, com matérias relacionadas a
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esportes, política, sexualidade, meio ambiente, segurança, educação, mercado


de trabalho e atualidades que interessam aos educandos, facilitando o
incentivo à leitura, por estar relacionado a temas contemporâneos e conteúdos
escolares mais atraentes.
Este artigo foi desenvolvido como um dos requisitos do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE)1 e tem como objetivo proporcionar
condições e oportunidades de leitura, análise, discussão e produção do gênero
notícia de jornal impresso, visando ao estímulo pela leitura e sanando, assim,
as suas principais dificuldades em relação à disciplina da Língua Portuguesa.
Considerando a realidade social do Colégio Estadual Presidente Abraham
Lincoln, município de Colombo, região metropolitana de Curitiba, e as principais
dificuldades dos alunos em não interpretar um texto, não conseguirem
compreender a mensagem e muito menos chegar às entrelinhas, optou-se pelo
desenvolvimento deste trabalho.

2. LÍNGUA MATERNA - LEITURA E ESCRITA

As crianças/jovens, quando chegam à escola, já dominam a língua


materna, mas a escola, muitas vezes, não valoriza o conhecimento que eles já
têm, bem como sua cultura, suas formas de expressá-la e de interagir com o
outro.

De acordo com Bortoni-Ricardo (2006), temos:

[...] Ao chegar à escola, a criança, o jovem ou o adulto já são


usuários competentes de sua língua materna, mas têm de
ampliar a gama de seus recursos comunicativos para poder
atender às convenções sociais, que definem o uso lingüístico
adequado a cada gênero textual, a cada tarefa comunicativa, a
cada tipo de interação. Os usos da língua são práticas sociais e
muitas delas são extremamente especializadas, isto é, exigem
vocabulário específico e formações sintáticas que estão
abonadas nas gramáticas normativas (BORTONI-RICARDO,
2006).

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PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, promovido pela Secretaria de Estado da Educação
do Paraná, com o objetivo de proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídios teórico-
metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e que resultem em
redimensionamento de sua prática. Os docentes contemplados pelo programa foram orientados por
professores das universidades paranaenses e, no caso específico deste artigo, bem como da prática
docente que o precedeu, a orientadora foi a mestra Maria Alice Maschio de Godoy, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.
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Respeitar a língua materna do aluno não significa, de modo algum,


deixá-lo dominar apenas a linguagem da sua comunidade de origem. Não se
pode privar o aluno do acesso às diversas formas de linguagem, pois todas são
importantes. O educando deve entender que existem diferentes situações de
comunicação e que ele deve adequar-se a cada contexto (entrevista de
emprego, festa, ambiente escolar, família...). Desse modo, o papel da escola é
inegavelmente fundamental, pois será neste ambiente que aluno terá a
oportunidade de ouvir a linguagem de prestígio, exercitá-la e apoderar-se dela,
para ser capaz de utilizá-la adequadamente nos momentos exigidos.
Além do problema da oralidade inadequada em determinadas situações,
observa-se também a dificuldade que os alunos apresentam para se expressar
através da escrita formal e o reconhecimento de que a escola não tem
cumprido o seu papel a contento no ensino da língua portuguesa, o que pode
ser verificado em:

[...] Não falta quem diga que a juventude de hoje não consegue
expressar seu pensamento; que, estando a humanidade na
“era da comunicação”, há incapacidade generalizada de
articular um juízo e estruturar lingüisticamente uma sentença.
E, para comprovar tais afirmações, os exemplos são
abundantes: as redações de vestibulandos, o vocabulário da
gíria jovem, o baixo nível de leitura comprovável facilmente
pelas baixas tiragens dos nossos jornais, revistas, obras de
ficção e outros. Apesar do ranço de muitas dessas afirmações
e dos equívocos de algumas explicações, é necessário
reconhecer um fracasso da escola e, no interior desta, do
ensino de língua portuguesa tal com vem sendo praticado na
quase totalidade de nossas aulas (GERALDI, 2006).

A escola é, reconhecidamente, o espaço institucionalmente mantido para


orientação do “bom uso” lingüístico, e que, portanto, a ela cabe ativar uma
constante reflexão sobre a língua materna, contemplando as relações entre uso
da linguagem e atividades de análise lingüística e de explicitação de gramática
(NEVES, 2003).
Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a
Educação Básica (PARANÁ, 2006), entende-se a leitura como um processo de
produção de sentido que se dá a partir de interações sociais ou relações
dialógicas que acontecem entre o texto e o leitor.
Assim, estudar não é apenas ler, devorando com avidez um livro, pois
isto não significa tê-lo compreendido (SAVIANI, 2007). A inseparabilidade do
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comportamento de ler e estudar deve ser levada em consideração, quando se


aborda o processo de aprendizagem formal. A leitura pode ser compreendida
como um processo complexo que se inicia e se desenvolve ao longo da vida do
indivíduo, sendo em nossa cultura, predominantemente, aprendida na escola,
em função das experiências criadas nos contextos formais de ensino e
aprendizagem (CARELLI et al., 2007).
Para Lajolo (2006):

[...] ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o


sentido de um texto, mas é, a partir do texto, ser capaz de
atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros
textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de
leitura que o autor pretendia e, dono da própria vontade,
entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo
outra não prevista (LAJOLO, 2006).

Leitura e escrita são atividades escolares, mas que, em primeiro lugar,


são atividades do uso normal da língua, atividades do dia-a-dia, o que o ritual
da escola faz esquecer. Fora da escola, lê-se por prazer ou por necessidade.
Na escola, porém, infelizmente, lê-se por obrigação, isto é, não se tem a
verdadeira vivência da leitura (NEVES, 2003; SILVA, 2005).
Silva (2005) acredita que o único reduto onde a leitura ainda tem chance
de ser desenvolvida é a escola, sendo que seu fracasso nessa área significa a
morte dos leitores através dos mecanismos de repetência, evasão, desgosto
e/ou frustração.
Muito se tem escrito sobre as deficiências do ensino da Língua
Portuguesa e do excesso de erros cometidos pelas crianças, sobretudo das
escolas públicas (ZIMMERMANN, 2007; NEVES, 2003). Impossível não
perceber que a capacidade de expressão que desenvolvemos se assenta no
complexo desse exercício de linguagem. Impossível não perceber que é nesse
complexo que se aprimora o desempenho lingüístico (não só escrito, mas
também oral), porque nele se aprofunda a reflexão sobre a própria linguagem.
Impossível não perceber que a escola tem de ter sua parte nesse
aprimoramento (NEVES, 2003).
O papel da escola é oferecer condições para o ininterrupto e constante
letramento dos alunos. Diferentes autores (BAGNO, 2002, MOLLICA, 2003;
NEVES, 2003) estão plenamente convencidos de que é a prática intensa da
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leitura e da escrita que permitirá o aprendizado das convenções que


caracterizam os diferentes gêneros textuais que circulam na sociedade.
Neves (2003) considera:

[...] que o falar e escrever bem tem um tríplice significado:


exercer sem bloqueios a capacidade natural de falante da
língua; ter o domínio da língua particular – historicamente
inserida – em que se vazam os enunciados; atuar
lingüisticamente de modo eficiente (NEVES, 2003).

A marcada imprecisão que se observa no equacionamento das relações


entre fala e escrita nas escolas, talvez possa ser apontada como um dos
principais fatores dos maus resultados do ensino de língua materna, tanto no
que se refere ao desempenho eficiente quanto no que se refere à adequação
da linguagem aos padrões socialmente valorizados (NEVES, 2003).
Mais uma vez, o que se afirma, aqui, é que cabe à escola dar a vivência
plena da língua materna. Todas as modalidades têm de ser “valorizadas”
(falada e escrita, padrão e não-padrão), o que, em última análise, significa que
todas as práticas discursivas devem ter o seu lugar na escola. E mais uma vez
se afirma, por outro lado, que à escola, particularmente, cabe o papel de
oferecer ao usuário da língua materna o que, fora dela, ele não tem: o bom
exercício da língua escrita e da norma-padrão. E o que significa isso? Significa,
especialmente, que à escola cabe capacitar o aluno a produzir enunciados
adequados, eficientes, “melhores”, nas diversas situações de discurso, enfim,
nas diversas modalidades de uso (NEVES, 2003).
Diante disso, deveríamos propor então um ensino de língua que tenha o
objetivo de levar o aluno a adquirir um grau de letramento cada vez mais
elevado, isto é, desenvolver nele um conjunto de habilidades e
comportamentos de leitura e escrita que lhe permitam fazer o maior e mais
eficiente uso possível das capacidades técnicas de ler e escrever (BAGNO,
2002). Para Citelli e Bonatelli (2004) o ato de redigir deve ser mais do que um
exercício de busca de um padrão modelar, de repetição de esquemas formais e
estilísticos, de treino mecânico, sendo então, necessário fazer com que os
educandos desenvolvam uma competência discursiva com domínio da
modalidade escrita, superando o jogo de palavras ou frases soltas na produção
de um texto.
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Quanto aos objetivos do ensino de língua na escola proposto por


SOARES (1999 apud BAGNO, 2002), tem-se: promover práticas de oralidade e
de escrita de forma integrada; desenvolver as habilidades de uso da língua
escrita em situações discursivas; desenvolver as habilidades de produzir e
ouvir textos orais; criar situações em que os alunos tenham oportunidades de
refletir sobre os textos que lêem, escrevem, falam ou ouvem; desenvolver as
habilidades de interação oral e escrita em função e a partir do grau de
letramento que o aluno traz de seu grupo familiar e cultural. Assim, torna-se
importante promover práticas de oralidade e de escrita de forma integrada, com
a motivação dos alunos para ler textos de diferentes tipos e gêneros e com
diferentes funções, como também, para produzir textos de diferentes tipos e
gêneros, para diferentes interlocutores, em diferentes situações de produção.
Assim, o objetivo da escola, no que diz respeito à língua, é formar
cidadãos capazes de se exprimir de modo adequado e competente, oralmente
e por escrito, para que possam se inserir de pleno direito na sociedade e ajudar
na construção e na transformação dessa sociedade – é oferecer a eles uma
verdadeira educação lingüística (BAGNO, 2002; BOAVENTURA & BAHIA,
2007).
Segundo Paroli e Almeida Junior (2008):
A Educação precisa deixar de lado seu paradigma conservador
de transmissão do conteúdo disciplinar e se voltar para a
contemporaneidade, que está a exigir, cada vez mais,
professores e alunos leitores e consumidores dos meios de
comunicação, mas críticos e ativos, que saibam discernir
acerca das informações realmente relevantes e, a partir daí,
tenham condições de construir um conhecimento significativo
(PAROLI & ALMEIDA JUNIOR, 2008).

A crítica básica e fundamental dos lingüistas ao ensino tradicional recaiu


sobre o caráter excessivamente normativo do trabalho com a linguagem nas
escolas brasileiras. Segundo essa crítica, as nossas escolas, além de
desconsiderarem a realidade multifacetada da língua, colocaram de forma
desproporcional a transmissão das regras e conceitos presentes nas
gramáticas tradicionais como o objeto nuclear de estudo, confundindo, em
conseqüência, ensino de língua com ensino de gramática (FARACO e
CASTRO, 2007). Outro problema encontrado no ensino da chamada gramática
normativa diz respeito aos conteúdos abordados nas aulas, que, de um modo
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geral, ensinam paradigmas e classificações que muito pouco colaboram para


que o aluno se torne um usuário competente da língua, ou seja, um usuário
capaz de produzir e compreender textos eficientemente (ANTONIO, 2006).
De acordo com Faraco e Castro (2007), os aspectos relevantes do
ensino da língua materna, como a leitura e a produção de textos, acabaram
sendo deixados de lado. A concepção dialógica de linguagem, presente nos
estudos de Bakhtin, em seus princípios mais gerais, pode, portanto,
fundamentar uma proposta lingüístico-pedagógica interacional, dando o suporte
inicial e necessário para uma mudança qualitativa em nossa tradição de ensino
da língua. Além disso, autentica a crítica dos lingüistas com relação aos
estudos exclusivamente gramaticais, quando, ao refazer o percurso histórico
que marcou o pensamento abstrato/formal nos estudos da linguagem, aquele
autor mostra que as gramáticas são construções decorrentes da reflexão
humana, que funcionaram como descrição da língua e como suporte
pedagógico. Em suas palavras:

[...] criar o instrumental indispensável para a aquisição da


língua decifrada, codificar essa língua no propósito de adaptá-
la às necessidades da transmissão escolar, marcou
profundamente o pensamento lingüístico. A fonética, a
gramática, o léxico, essas três divisões do sistema da língua,
os três centros organizadores das categorias lingüísticas,
formaram-se em função das duas tarefas atribuídas à
lingüística: uma heurística e a outra pedagógica (BAKHTIN,
1986 apud FARACO & CASTRO, 2007).

Pesquisas sobre o ensino da língua portuguesa adotam uma concepção


teórica que concebe a linguagem como fenômeno heterogêneo e dialógico.
Segundo esta visão, deve-se adotar a interação, a linguagem em uso como
aquilo a ensinar, e não mais os exercícios segmentados da gramática
tradicional trabalhada nas escolas. Sabe-se que o ensino da leitura é
fundamental para dar solução a problemas relacionados ao pouco
aproveitamento escolar: ao “fracasso” na formação de leitores pode-se atribuir
o “fracasso” geral do aluno no ensino fundamental e médio (NASCIMENTO,
2007).
Silva (2007a) afirma que necessitamos de vivências contínuas e cada
vez mais amadurecidas com as diferentes linguagens, com os diferentes
gêneros e tipos de linguagem de modo a enriquecer a nossa inteligência sobre
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o mundo através do nosso pensamento. É na confluência do pensamento-


linguagem que levamos a efeito as nossas ações, reações e decisões em
sociedade; portanto, quanto mais ricos os elementos que reunimos nesta
confluência, mais ricas são as nossas ações, reações e decisões.
Assim, torna-se necessário trabalhar por maneiras variadas o ensino da
Língua Portuguesa, visando estimular a prática da leitura e melhorar sua
linguagem. Uma das formas possíveis é o desenvolvimento de atividades com
os diferentes gêneros, tais como: crônicas, fábulas, romances, contos,
entrevistas, reportagens, notícias jornalísticas, entre outros, que apresentam
linguagem de prestígio.
Uma vez que o foco deste trabalho é o ensino via gênero notícia
jornalística, a que se abordar, inicialmente, o jornal.

2.1. Jornal
Atualmente, um dos principais indicadores de linguagem de prestígio são
os jornais de maior circulação no país. Assim, através do gênero notícia
jornalística (leitura, análise, discussão e produção) quer-se estimular, no
educando, o hábito/gosto pela leitura.
Para isto, é necessário desenvolver alternativas para estimular a prática
da leitura e um dos procedimentos, atualmente, adotados é o emprego do
jornal impresso no estudo da Língua Portuguesa.
Toschi (1993 apud Sousa, 2008) analisa o processo didático como
genuinamente comunicacional e considera o jornal como elemento facilitador
deste processo, podendo alterar o relacionamento entre professores, alunos e
os diversos conteúdos presentes na sala de aula, tornando-o mais amistoso e o
ensino de melhor qualidade e mais crítico.
Faria (2006) afirma:

[...] O interesse em levar o jornal à sala de aula como


instrumento pedagógico tem crescido de ano para ano no
Brasil. Secretarias de Educação, jornais e TVs educativas têm
apresentado programas sobre o assunto ou organizado cursos
de atualização para os professores. Todas essas iniciativas são
excelentes, porque elas não só enriquecem a pedagogia da
informação, como permitem trocas de idéias e um diálogo
através de textos e relatos de experiências (FARIA, 2006).
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Faria (2006) afirma que através das atividades com jornais na sala de
aula é possível estabelecer laços entre a escola e a sociedade, uma das
principais funções do professor. Ainda, segundo Faria (2006), o jornal pode ser
considerado como: fonte primária de informação, formador do cidadão, auxiliar
na formação geral do estudante, com texto autêntico e registro da história
corrente.
Considerando estes aspectos, Paroli e Almeida (2008) complementam:

A informação, obtida por meio do jornal, é uma etapa inicial


para que sejam feitas análises mais relevantes. Como formador
do cidadão, o jornal pode auxiliar no confronto de reportagens
que levem o leitor a se emancipar com o conhecimento dos
fatos do dia-a-dia. É fundamental para auxiliar na formação
geral do estudante, pois não se pode mais deixar de lado as
novas tecnologias da informação e da comunicação e dos
meios de comunicação na Educação. Padrão de idioma, pois a
linguagem é parecida com a do cotidiano, mas com textos
coerentes e que abrangem muitas fontes de informação, e, por
fim, registro da história, já que os jornais divulgam os principais
fatos, com repercussão nas análises de especialistas e nas
opiniões da população. Portanto, o jornal tem um grande
potencial educativo (PAROLI & ALMEIDA 2008).

O jornal, nesse contexto, pode ser utilizado como fonte informacional


valiosa e atualizada, elo entre o leitor e a informação. As notícias nele contidas,
se trabalhadas pelo professor na sala de aula, serão um instrumento
socializador e possibilitador de uma educação baseada na cidadania, uma vez
que é um veículo dinâmico, disseminador de informações contextuais (SILVA,
2001).
Pode-se verificar também que, apesar das divergências significativas de
conteúdo, tanto dentro de uma mesma disciplina, como em áreas afins, a
utilização do jornal permite uma interdisciplinaridade, já que cada disciplina
encontra seu conteúdo representado nas matérias jornalísticas. Deste modo, o
emprego do jornal como recurso didático serve para que o estudante seja
capaz de fazer inferências sobre o que lê e as atividades que desenvolve em
sala de aula ou extraclasse (VIEIRA, 2008).
Cheida (2007) considera a leitura dos jornais impressos como um
exercício intelectual. As crianças e jovens são envolvidos num sistema de
aprendizado crítico quando são direcionados à prática da leitura de jornais em
sala de aula. Através deste, é possível que os educandos construam a
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capacidade de interpretação e compreensão racional dos problemas e fatos


sociais.
Elias (2007) considera que o jornal, quando empregado como recurso
didático, enriquece e revitaliza os conteúdos teóricos, auxilia na prática
educativa, além de ser um material atualizado. Todo jornal pode ser explorado,
desde sua composição, organização textual, aspecto gráfico, até as
informações e os recursos lingüísticos. Também considera que levar o jornal
para escola está relacionado com o fato de jornais/revistas e recursos
midiáticos abrirem possibilidades de contato com o mundo, uma vez que estes
são mediadores reais entre a escola e o mundo. Este fato é relevante, pois hoje
somos bombardeados por um grande número de informações. Infelizmente a
nossa escola, apesar dos avanços sociais, culturais e tecnológicos dos
séculos, ainda é uma Instituição muito fechada, com programas ultrapassados
e voltados apenas para os conteúdos escolares e, muitas vezes,
desassociados do mundo externo a ela.
De acordo com Zanchetta (2007), a prática de trabalhar com jornais está
associada à idéia de melhorar a formação do aluno para a cidadania, além de
auxiliar no exercício de conscientização sobre temas específicos: as questões
ambientais, políticas e culturais.
Segundo Elias (2007), o jornal é excelente material para o
desenvolvimento de atividades de leitura e escrita, possibilitando o trabalho
com diferentes modalidades de texto, com as quais os alunos aprenderão a
reconhecer e a utilizar diferentes formas de organização textual. As atividades
com textos jornalísticos podem levar os alunos a analisar assuntos e temas de
seus interesses, fundamentando sua opinião em fatos reais, a discutir diversas
interpretações sobre um mesmo fato e, finalmente, a entrar em contato com um
modelo de língua padrão.
Os jornais e seus conteúdos contribuem para aluno e professor
construírem a realidade cuja importância social se manifesta à medida que a
notícia pode revelar ou ocultar um determinado tema. Para o professor, este
aspecto torna-se uma importante estratégia de estímulo e orientação à leitura,
provocando no aluno o senso de observador e integrante atuante de uma
realidade que é construída também pela leitura (CHEIDA, 2007).
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Podemos verificar que o jornal é constituído por uma mistura de


configurações ou tipos de escrita (argumentativa, dissertativa, narrativa e
descritiva) dentro de uma gramática que é exclusiva à prática jornalística. Além
disso, relações internas entre as partes, seções ou cadernos apontam para
inter-textos, relações entre palavra e imagem, que em muito enriquecem o
potencial de leitura de um indivíduo. O jornal também acompanha o desenrolar
dos acontecimentos do dia, trazendo possibilidades de atualização de
conhecimentos, novos posicionamentos, análise e crítica (SILVA, 2007a).
Para Elias (2007), jornal é um veículo de informação que utiliza a língua
escrita e a comunicação visual, num registro diário e dinâmico da realidade,
atendendo às diferentes necessidades do homem quanto a sua sintonia com o
mundo, constituindo-se, assim, num importante recurso pedagógico de registro
das transformações realizadas pelo homem. O caráter pedagógico da utilização
do jornal na sala de aula é um processo de socialização entre os alunos, mas,
para se trabalhar com o jornal em sala de aula, é preciso saber interpretar a
linguagem jornalística e conhecer a diagramação.
Hoje, o conhecimento e o domínio da linguagem jornalística é um
importante recurso para o exercício do direito da cidadania, ajudando o homem
a compreender e a influenciar tudo que o rodeia. A linguagem jornalística é o
mais seguro instrumento de comunicação do ser humano. Para Faria (2004),
isso deve ser transmitido aos educandos ao se trabalhar a narrativa de
imprensa e ao se decodificar essa linguagem.
Segundo Kaufman e Rodríguez (1995), os textos jornalísticos, em
função do seu portador (jornais, periódicos, revistas), mostram um claro
predomínio da função informativa da linguagem: trazem os fatores mais
relevantes no momento em que acontecem. Esta adesão ao presente, esta
primazia da atualidade condena-os a uma vida efêmera.
Silva (2007b) e Viana (2002) citam alguns conselhos aos docentes ao
usarem jornais como material didático, por exemplo, quando o professor
promover a leitura através de jornais, este deve alertar para algumas das
“armadilhas” dos textos jornalísticos, incluindo o seu comprometimento
ideológico, gerador de simulações, manipulação, e, por isso mesmo,
desligamento dos fatos concretos e reais. Nestes termos, cabe ao professor:
levar os estudantes à leitura do mundo real, dos fatos concretos e inserir nos
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leitores os diferentes pontos de vista da sociedade democrática. A humildade


acompanha todo esse processo de ensino, uma vez que temos de aprender a
compreender criticamente e a relativizar diferentes visões da realidade (SILVA,
2007b).
O jornal apresenta a dinâmica social, expõe a vida acontecendo e como
tal nos aproxima dos assuntos do momento. Ignorar essa explosão cotidiana
de atualidades, especialmente na escola de 1o grau, é optar por uma
estratégia temerária (VIANA, 2002).
Desta forma, os gêneros textuais, por sua vez, vêm crescendo em
importância entre lingüistas e, cada vez mais, conquistando espaço também
entre analistas do discurso. De acordo com Bakhtin (1997 apud Perles, 2008),
os gêneros textuais são específicos em cada uma das esferas sociais. Assim, é
possível falar em gêneros textuais que ocorrem no cotidiano (marcados pelas
relações familiares), acadêmicos (que se dão na vida estudantil), jornalísticos
(produzidos no âmbito da mídia) além de outros.

2.2. Gênero Notícia


São muitos os gêneros discursivos mais freqüentes em jornais: anúncio
classificado, anúncio publicitário, artigo, carta do leitor; charge, crônica,
editorial, entrevista, gráfico, legenda, manchete, notícia, reportagem, resenha,
tabela, tira...
Para Faria e Zanchetta (2005), notícias são:
...informações sobre um acontecimento, considerado, por quem
publica, importante ou interessante para ser mostrado a
determinado público. Sobre esse fato são observadas, entre
outras, as seguintes características, para se definir se ele é ou
não é notícia: ineditismo, atualidade, veracidade e o potencial
importância ou interesse que ele pode ter para uma dada
parcela da sociedade (FARIA e ZANCHETTA, 2005).

Assim, será dada ênfase ao gênero básico do jornalismo, a notícia, a


qual relata um fato do cotidiano considerado relevante e é um gênero
genuinamente informativo, em que, em princípio, o repórter não se posiciona,
ou não deve posicionar-se, pois o que vale é o fato.
Principal elemento de um jornal, a notícia caracteriza-se não apenas
pela divulgação do acontecimento, mas por contribuir para a construção de
uma visão de mundo. A linguagem utilizada na elaboração da notícia tende a
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ser facilitadora para a compreensão do leitor a que se dirige, porém, a


interferência de fatores como a emotividade e valores pessoais do repórter
estão sempre presentes, além da influência exercida pela ideologia que move a
empresa jornalística.
Abordando as características da notícia, Lage (2006) a classifica como
uma construção retórica referencial que trata das aparências do mundo; além
disso, a notícia é axiomática, ou seja, afirma-se como verdadeira: não
argumenta, não constrói silogismos, não conclui nem sustenta hipóteses. A
única argumentação permitida na notícia é aquela reproduzida de outro texto
(de um depoimento, por exemplo). Segundo o autor, ela não questiona, afirma;
não contrapõe formulações contraditórias, embora possa apresentá-las; não
investiga causas ou conseqüências, embora possa ser o resultado de uma
investigação.
Ao tratar do caráter impessoal atribuído à notícia, Lage (2006) afirma
que essa impessoalidade, nos meios de comunicação atuais, é apenas
aparente. A notícia pode não refletir as crenças e perspectivas do indivíduo,
como ocorria em um momento histórico anterior, mas, certamente, reflete as
crenças e perspectivas da coletividade que a produz. Um outro importante
aspecto lembrado pelo mesmo autor é a própria produção de notícias que
consiste, em grande medida, numa forma de processamento do texto, já que,
freqüentemente, o repórter toma conhecimento dos acontecimentos através de
outros tipos de discurso, os chamados “textos-fonte”, constituídos por informes
de outros meios. Além disso, os próprios acontecimentos das notícias são,
muitas vezes, de natureza textual, tais como declarações de autoridades,
debates no congresso, negociações, cartas, ou outras formas de discurso
público envolvendo pessoas, organizações ou países. Evidentemente, em cada
fase dessa cadeia textual, os acontecimentos são codificados e recodificados,
sendo-lhes incorporadas as cognições de cada locutor ou instituição.
Nos jornais brasileiros, o modelo de notícia mais evidente está centrado
no leitor: quer mostrar-se claro e o mais esclarecedor possível a quem lê. É um
texto marcado pelas seguintes características: objetividade, concretude,
expressão das aparências e não da sugestão, texto sintético, limitação do
repertório verbal e redação em terceira pessoa.
15

O ensino da leitura tem muito a ganhar com a utilização do jornal – isto,


em função da sua importância social e da sua riqueza lingüística. Além disso,
com o uso do jornal, considerando a sua amplitude temática, novos interesses
podem ser desenvolvidos pelo leitor e, o mais importante, novos horizontes de
participação e de posicionamentos podem vir a se somar durante a
convivência com o jornal (SILVA, 2007b).
No que diz respeito à formação do leitor, constata-se que são válidas
as práticas de leitura do texto jornalístico que se vinculam a alguma finalidade
concreta e explícita:
• a leitura do texto jornalístico se faça a partir do jornal inteiro, uma
vez que leva a conhecer sua estrutura e funcionamento;
• o conteúdo dos textos leve à reflexão a respeito de algum tema
relevante, uma vez que resgata a possibilidade de se conhecer
mais a partir da leitura do texto jornalístico;
• a leitura seja feita com a finalidade de introduzir o estudo da
língua escrita a partir do seu uso, uma vez que leva o aluno a
compreender os elementos lingüísticos que compõem este
gênero;
• todas aquelas que atendam a uma necessidade dos alunos de
ler, pois a satisfação desta necessidade torna a leitura um
prazer.
Neste sentido, deve-se sempre enfatizar que o resgate do prazer
constitui a proposta fundamental para a questão da formação do leitor.
O ensino da leitura tem muito a ganhar com a utilização do jornal – isto,
em função da sua importância social e da sua riqueza lingüística. Além disso,
com o uso do jornal e considerando a sua amplitude temática, novos interesses
podem ser desenvolvidos pelo leitor e, o mais importante, novos horizontes de
participação e de posicionamentos podem vir a se somar durante a convivência
com o jornal (SILVA, 2007b).

2.3. O Jornal na Sala de Aula – Estudo de caso


Trabalhou-se o gênero notícia jornalística com os alunos da sétima série
do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Presidente Abraham Lincoln, em
Colombo, Paraná, pelo fato de se perceber, nos mesmos, a dificuldade de
16

interpretação e produção de textos escritos. Procurou-se, assim, despertar a


prática da leitura, interpretação e produção de textos escritos, concebendo-se a
leitura de notícias de jornais como mediadoras entre a teoria e a prática no
contexto do ensino-aprendizado, de forma a desenvolver uma metodologia que
fosse estimulante e instigadora para o aluno.
Com esta finalidade, trabalhou-se com os seguintes aspectos: o gênero
notícia de jornal; a confecção de um mural para a exposição das notícias
produzidas e relacionadas a sua realidade regional; o desenvolvimento da
prática da oralidade e da escrita e a formação de leitores apreciadores e
críticos.
Com estes itens, observou-se que os educandos desenvolveram
atividades prazerosas e apropriaram-se de conhecimentos por meio de
técnicas diferentes daquelas cotidianamente praticadas na escola. Este foi um
desafio, tanto do ponto de vista de quem se propõe a encaminhar as ações (o
professor) como do ponto de vista dos agentes que são os responsáveis pela
execução (os alunos).
Assim, o trabalho específico com o jornal, no ambiente educacional, foi
uma atividade que simbolizou um avanço significativo para uma aprendizagem
mais descontraída e manejável.
O estudo dividiu-se nas seguintes etapas:

Primeira etapa: reconhecimento da estrutura de um jornal.


 primeiro contato com o jornal, manuseando-o para conhecer seus
cadernos, suplementos, seções;
 exame da primeira página de um jornal: cabeçalho (título, local de
publicação, data, ano, número, endereço, preço, editor
responsável e o slogan), manchetes (definição; diferença entre
manchete e título), lide (definição e identificação);
 localização, no interior do jornal (páginas internas), da
continuação da notícia estampada na primeira página;
 criação de uma manchete para a matéria lida.
17

Embora a maioria dos alunos não tivesse acesso ao jornal, observou-


se, ao realizar a primeira etapa, que houve uma boa receptividade e
curiosidade pela estrutura do jornal, tornado assim o trabalho mais gratificante.

Segunda etapa: trabalho com o gênero notícia.


 leitura e comentários de diferentes notícias, com a finalidade de
conseguir respostas às perguntas: Quem? O quê? Quando?
Como? Onde? Por quê?
 como exercício de recomposição de texto, apresentou-se uma
notícia com seus parágrafos desordenados e pediu-se que
fossem ordenados de maneira a obter um texto bem-formado;
 se toda notícia jornalística começa explicando brevemente quem,
o quê, onde e o porquê de um fato, apresentou-se um primeiro
parágrafo de oito notícias, alertou-se que as informações de cada
parágrafo foram fragmentadas e misturadas e, finalmente,
solicitou-se que fosse recomposto;
 como exercício de ordem cronológica, apresentaram-se três
notícias que apareceram em três dias consecutivos e pediu-se
que fosse identificada qual foi a seqüência;
 acompanhamento do desenrolar de uma notícia durante um
período previamente estabelecido;
 após a leitura e análise de uma notícia jornalística, buscaram-se
possíveis soluções para o fato narrado;
 localização/identificação dos países/cidades, no mapa/globo,
onde aconteceram as notícias, ampliando assim os
conhecimentos geográficos;
 produção de notícias sobre temas de interesse comum.

Antes de iniciar a segunda etapa, verificou-se que os alunos não


apresentavam conhecimento suficiente para responder aos itens propostos
nesta etapa. Após as diferentes atividades realizadas, constatou-se que os
mesmos conseguiram responder às perguntas básicas da notícia bem como
ordenar os parágrafos de diferentes notícias, criando a respectiva notícia. Por
18

último, certificou-se que os educandos elaboraram notícias coerentes com os


temas pré-estabelecidos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Hoje, enfatiza-se a importância do jornal para o enriquecimento das


atividades de ensino e aprendizagem nas escolas, uma vez que ele traz,
periodicamente, os fatos ocorridos na sociedade (notícias e reportagens) bem
como todo um conjunto de serviços que são de vital interesse a todo cidadão. A
notícia é um formato de divulgação de um acontecimento, normalmente
reconhecida como algum dado ou evento socialmente relevante que merece
publicação, como os fatos esportivos, políticos, econômicos, culturais, sociais e
outros.
Pela sua atualidade, a utilização do gênero notícia jornalística como
ferramenta complementar de ensino pode despertar o hábito da leitura,
enriquecer o vocabulário, a expressão verbal e escrita do educando. Também
pode estimular o senso crítico e motivar os estudantes à leitura de um modo
geral.
Os resultados revelaram que o uso do jornal durante as aulas
estimularam os educandos a refletirem sobre temas atuais, a exercitar as
capacidades de atenção, síntese, comparação e análise, melhorando o poder
de argumentação e senso crítico.
Para os professores, a utilização do jornal permite atualizar o material
didático, fazendo com que as aulas sejam mais dinâmicas e interessantes;
além de contribuir para que haja uma variedade de textos relacionados aos
temas abordados. As notícias jornalísticas são utilizadas para o
desenvolvimento do conteúdo programático, juntamente com livros didáticos e
paradidáticos.

4. REFERÊNCIAS

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embalagem para um antigo produto. Estudos Lingüísticos XXXV, p.1052-
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