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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE

PORTO NACIONAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS LIBRAS PERÍODO: 7º
DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LIBRAS E RESPECTIVA
LITERATURA COMO L2 – II
PROFESSOR: ALANNA ALENCAR DE ARAÚJO CRUZ

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LIBRAS E RESPECTIVA


LITERATURA COMO L2 – II

JANAINE HONORATO DA SILVA

Porto Nacional (TO)


2020
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LIBRAS E RESPECTIVA
LITERATURA COMO L2 – II

INTRODUÇÃO

Este relatório faz parte integrante da disciplina de estágio supervisionado em Libras


L2 II, do curso de Letras-Libras, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus Porto
Nacional. Este componente curricular é obrigatório e foi ministrado pelo professora Alanna
Alencar, ofertada de forma assíncrona, no 7º período do Curso, possui objetivo de contribuir
para a discussão crítica e reflexiva dos alunos acerca da Educação Básica no que concerne o
ensino de Libras e a educação de surdos e tem como orientação teórica o estágio em uma
concepção de pesquisa enfatizando de modo indissociável entre a teoria e prática. “Nesta
perspectiva o estágio se torna o eixo central da formação de professores, pois é através dele,
os profissionais em formação conhecem os aspectos indispensáveis para a formação,
construção da identidade e dos saberes do dia a dia" (PIMENTA e LIMA, 2004), tornando-se
etapa imprescindível para o profissional estar apto a exercer sua função como educador.
Trabalhando as teorias discutidas e aprendidas em sala, devemos ainda estar ciente
das concepções ou ideias da educação de Libras como L2 para alunos ouvintes. Assim
observando como se dá este ensino nos diversos espaços da escola, e observar com mais
critério se a mesma receber um aluno surdo no seu corpo estudantil, pois através da interação
de alunos surdos e ouvintes, haverá a possibilidade de contado entre as duas línguas distintas e
assim um melhor aprendizado. O estágio supervisionado é uma etapa da graduação que visa
proporcionar aos graduandos uma relação entre a teoria apresentada em sala com a prática
utilizada nas escolas.
Portanto o resultado do estágio na Escola municipal de tempo integral margarida
lemos Gonçalves ocorreu frente às situações adversas, pois as escolas e a população mundial
se encontra em tempo pandêmico, e após a Organização Mundial de Saúde afirmar que o
mundo enfrenta uma pandemia causada pelo novo corona vírus, o COVID-19, autoridades de
vários países começam a executar medidas que visam à contenção da doença em sua
população. A suspensão temporária de aulas presenciais é uma tentativa de minimizar a
propagação da epidemia de corona vírus e reduzir o risco de contágio e proliferação do vírus
entre professores e alunos, e por esse motivo o estágio foi feito de forma atípica, utilizando a
tecnologia como estratégia nesse momento em que estamos vivendo. As escolas se adaptaram
e estão utilizando plataformas digitais e outras estratégias para não deixar de proporcionar o
ensino aos seus alunos. Com isso foi observado, a forma como está sendo desenvolvida a
prática e sua relação com o contexto atual, apresentando aos estagiários, futuros professores, a
realidade com que a escola tem enfrentado nesse momento, proporcionando um novo
aprendizado e preparando-os para futuras adversidades que possam encontrar no decorrer de
sua carreira profissional.

REFERENCIAL TEÓRICO

Mesmo com os avanços e conquistas da Comunidade Surda em busca dos seus direitos e
expansão da Libras, hoje em dia ainda existe muitas pessoas que acreditam que as línguas de
sinais são somente gestos que interpretam as línguas orais. Porém pesquisas sobre as línguas de
sinais vêm mostrando que elas são línguas naturais como qualquer outra língua, e tem as
mesmas propriedades linguísticas como quaisquer línguas naturais. De acordo com QUADROS
(2009) nas línguas de sinais também pode-se expressar ideias sutis, complexas e abstratas. Seus
usuários podem discutir de tudo, como por exemplo: filosofia, literatura ou política, além de
assuntos do cotidiano como, esportes, trabalho, moda e utilizá-la com função estética para fazer
poesias, contar estórias e humor.

A Língua Brasileira de Sinais - Libras é uma das línguas utilizadas no Brasil e já obteve
o seu reconhecimento oficial do governo brasileiro pela Lei 10.436/2002. Ela permite a melhor
interação entre pessoas surdas e ouvintes, e nas escolas, entre os professores e alunos surdos,
como também permite uma influência mútua entre os colegas ouvintes. Para Vygotsky a
linguagem permite ao ser humano planejar e regular sua ação e somente por ela é possível fazer
a leitura do mundo e da palavra, mesmo porque uma não acontece sem a outra. Essas formas de
leitura constituem a base da linguagem que se dá pela interação social, a interação entre os
sujeitos. No ambiente educacional, a língua de sinais pode viabilizar a realização do letramento
visual e essa interação social. Assim sendo, nota-se a importância do ensino da Libras como L2
para os alunos ouvintes nas escolas, principalmente quando esta escola tem um aluno surdo no
seu corpo discente. De acordo com SIMPLICIO (2009)

“O papel da língua de sinais na escola vai além da sua importância para o


desenvolvimento do surdo, o seu uso por toda comunidade escolar (surdos e
ouvintes) promove a comunicação e interação entre os mesmo por isso o ensino da
LIBRAS pode ser estendido aos alunos ouvintes.”
No Brasil, a discussão acerca do ensino de Libras como L2 está no começo, mas pode-se
destacar o projeto pioneiro coordenado por Tânia Felipe em 1993, intitulado “Metodologia do
ensino de LIBRAS para ouvintes”, que resultou no livro LIBRAS em Contexto – Curso Básico.
Apesar do material não conter teoricamente as metodologias padrões de ensino de línguas e as
possíveis aplicações no contexto da LIBRAS, há algumas orientações metodológicas para os
alunos que são de grande valia. No ensino da LIBRAS para ouvintes, o professor tem que estar
cauteloso às diferenças de seus alunos, de acordo GESSER (2010)

“...pois certamente atuará em contextos repletos de variedades e usos linguísticos.


Não há sala de aula “ideal”, homogênea – inclusive de ensino de L2/LE. Ainda que
testes de nivelamento (que tentam “medir” o nível de conhecimento linguístico do
aluno) possam ser utilizados, outras variáveis estarão presentes.”

O professor precisa entender toda essa complexidade da sala de aula e os fatores que
englobam o processo ensino-aprendizagem de línguas. Os níveis de aprendizado que os alunos
estão, idade, fatores cognitivos, sociais e entre outros. O professor também pode estar usando o
método tandem, onde o aluno surdo pode estar colaborando com a aprendizagem do aluno
ouvinte e vice-versa, pois essa interação possibilita um ensino livre de regras e prazeroso para
ambos de acordo com OLIVEIRA e FIQUEIREDO (2017)

“...interações em que uma pessoa ensina a sua língua a outra pessoa e vice-versa, de
forma livre, sem seguir um programa curricular fixo. O objetivo dessa proposta é que
os pares desenvolvam a capacidade comunicativa...”.

RELATO DE EXPERIÊNCIAS

Como o estágio ocorreu de forma atípica a metodologia utilizada deu-se inicialmente


com uma conversa via app (whatsAap) com alguns professores e o coordenador pedagógico
da escola acerca de como eles estão lidando com o ensino remoto, muitos relataram que a
princípio foi um baque, pois estavam acostumados com as aulas presenciais, mas nem por isso
eles deixariam de se reinventar e adaptar suas didáticas para um melhor aproveitamento dos
alunos, utilizando das tecnologias educacionais que estão revolucionando a forma de ensinar,
e com esse surto viral ela se mostrou muito necessária nas escolas.
A turma escolhida foi do 9º ano do ensino fundamental, no período de 13 de outubro
a 07 de dezembro do ano de 2020, o estágio foi realizado com foco no ensino de Libras como
L2, tendo em vista que na escola mencionada há uma aluna surda.
Após observar questões técnicas, de como está sendo realizada as aulas e quais suportes
os alunos estão recebendo da escola. As aulas são ministradas em plataforma digitais e para os
alunos que não tem acesso a internet é disponibilizado pela escola as apostilas dos conteúdos,
que são pegas pelos alunos e devolvidas para correção. Essa observação da pratica pedagógica
não se deu no intuito de encontrar erros ou julgar, mais na intenção compreender como o
processo de ensino aprendizagem ocorre nesse momento de atipicidade na unidade escolar,
além de evidenciar as dificuldades tanto dos professores como dos alunos no uso das
tecnologias e nesse ensino a distância.
Infelizmente não há ensino de Libras como L2 na escola, apesar de haver um aluno
surdo ali, com o isso achei necessário planejar uma aula inicial ensinando sobre a Libras e a
cultura surda, para que os alunos tenham esse conhecimento mais aprofundado do que se trata
a Libras e não só pensar que seja uma linguagem gestual sem contexto. As aulas foram
ministradas para alguns alunos que tinham acesso à internet, pois foram feitas pela plataforma
Google Meet, foram ensinados sinais e dessa forma síncrona eu poderia estar tirando as
dúvidas dos alunos sobre as configuração dos sinais e também é uma forma melhor para se ter
um bom feedback.
A Libras, apesar de ser uma língua reconhecida por lei, LEI Nº 10.436, de 24 de abril
de 2002, que em seu artigo 1º a reconhece como meio legal de comunicação e expressão das
comunidades de pessoas surdas do Brasil, no entanto a escola observada não está em total
conformidade com a lei, ela possui um interprete para o aluno surdo, porém não promove na
escola, como regulamenta o decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 no seu artigo 14°
parágrafo 1° inciso V, onde fala sobre “...o uso e a difusão de Libras entre professores,
alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos.”
A escola em questão não apresenta a disciplina em sua grade curricular, o que faz com que
não aja o ensino de libras como L2 para os alunos ouvintes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estágio foi muito importante para o aprendizado, porque ele ocorreu de forma
diferente, preparando o futuro professor para as adversidades da vida que impactam a vida
profissional, e ensinando-o como se adaptar em momentos como esse e também como fazer
uso das tecnologias que muitas vezes são deixadas de lado nas aulas presenciais. Nota-se
também a importância de se conhecer tudo o que envolve as questões escolares, a função
social, e como a escola e toda a equipe escolar se adaptou para não deixar de prestar esse
serviço essencial a população que é a “educação”.
Contudo não se pode deixar de falar das dificuldades enfrentamos para nos adaptar ao
uso das tecnologias e ao estágio feito de forma remota, mas o apoio da professora Alanna e
dos professores da escola nos deixou seguros para planejar as aulas e ministrar com
autonomia. Entendemos que o estágio é o eixo central da formação dos professores, pois é
através dele que o profissional conhece os aspectos indispensáveis para a formação da
construção da identidade e dos saberes do cotidiano, considerando assim esse estágio como
fundamental e proveitoso, pois pode esclarecer e provocar questões que dentro da faculdade
não seria possível vivenciar.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a língua Brasileira de
Sinais LIBRAS-e dá outras providencias. Disponível em: Acessado em 28/11/2020.
BRASIL. DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.
http://legislacao.planalto.gov.br. Acessado em 28/11/2020.
GESSER, Audrei. Metodologia de Ensino em LIBRAS como L2. Universidade Federal
de Santa Catarina Licenciatura e Bacharelado em Letras-Libras na Modalidade a
Distância. Florianópolis 2010.
OLIVEIRA, Quintino Martins de; FIGUEIREDO, Francisco José Quaresma de.
Aprendizagem de libras e português em contexto de tandem: um estudo realizado
com uma aluna surda e uma ouvinte da universidade federal do Tocantins.
Caderno Seminal Digital, ano 23, nº 28, v. 1, 2017.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São
Paulo: Cortez, 2004.
QUADROS, Ronice Muller de. Língua Brasileira de Sinais I – UFSC Florianópolis
2009.
SIMPLÍCIO, Valéria. A importância do ensino da Libras? Língua brasileira de sinais
nas escolas de ensino fundamental. Disponível; https://www.webartigos.com/artigos/a-
importancia-do-ensino-da-libras-lingua-brasileira-de-sinais-nas-escolas-de-ensino-
fundamental/25014/ Acessado em: 28/11/2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
GRADUAÇÃO LETRAS: LIBRAS
Campus: Porto Nacional
Disciplina: Estagio de L2
Aluna: Janaine Honorato

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Plano de Aulas

CEMIL – Margarida Lemos


Disciplina: Libras
Professora: Janaine Honorato

Temas:
 Cultura Surda
 Alfabeto Manual
 Saudações

Público Alvo: 9° Ano

Tempo necessário: 8 Horas

Habilidades:
Compreender a língua de sinais como construção humana, histórica, social e
cultural, reconhecendo e valorizando como forma de comunicação e expressão de
subjetividade e identidade social e cultural da comunidade surda, e assim fomentar o
interesse dos alunos em aprender a LIBRAS.

Recursos Didáticos:
 Vídeos
 Slide
 App WhatsApp
 App Google Meet

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Procedimentos:
As aulas serão ministradas de forma assíncrona e síncrona por meio de
plataformas virtuais e online, os softwares utilizados proporcionaram a interação do
aluno com o professor por meio de chats, áudios, aulas online e até mesmo
compartilhamento de telas, se for o caso.
As primeiras aulas serão de forma assíncrona, com a introdução conceitual
do conteúdo sobre a cultura surda, apresentando a história da língua de sinais; O
surgimento da língua brasileira de sinais e os mistos criados sobre a comunidade surda.
O conteúdo requer 3 aulas.
Após a introdução do conteúdo sobre a cultura surda as aulas seguintes
serão de conteúdos práticos, onde será ensinado o alfabeto manual e saudações, este
conteúdo tem o intuído de promover aos alunos uma base para comunicação entre os
colegas surdos e ouvintes da escola. Estes conteúdos requerem 2 aulas.
A última aula será de forma síncrona pelo aplicativo Google meet, para que
aja uma melhor interação aluno/professor e também possibilitar um feedback sobre os
assuntos abordados nas aulas anteriores.

Avaliação:
Ao final de cada aula o professor pedirá que seus alunos reflitam sobre o
assunto em sua casa e treine os sinais aprendidos, e posteriormente envie um vídeo se
apresentando em libras usando os sinais ministrados nas aulas.

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