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RESUMO
A inclusão de estudantes surdos em escolas comuns é uma garantia de acesso prevista em lei,
entretanto nota-se que os profissionais da educação em sua maioria professores não são
capacitados para este atendimento educacional especializado. Os cursos de licenciatura não
comtemplam a real necessidade de estratégias de didáticas para o ensino de estudantes surdos.
Este estudo reúne elementos teóricos sobre a importância da Libras – Língua Brasileira de
Sinais e sua importância para “Quem escuta com os olhos”. Após entrevista com professores
de uma escola da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, pioneira na inclusão de estudantes
surdos no ensino médio, concluímos que a realidade de se ter um espaço inclusivo não é tão
distante assim.
1. INTRODUÇÃO
O ensino de Libras e a inclusão escolar de estudantes surdos são temas que demandam uma
compreensão histórica, socioantropológica e reflexões teóricas e políticas. A formação dos
professores e a preparação para lidar com a diversidade são aspectos cruciais nesse processo. A
presença de tradutores e intérpretes de Libras nas salas de aula é um importante meio de estabelecer
a comunicação entre os alunos surdos e os demais, porém é essencial distinguir esse papel do de
facilitador da aprendizagem. A participação da comunidade escolar e o diálogo constante são
fundamentais para uma verdadeira inclusão, em que os surdos sejam protagonistas de sua própria
história. O uso adequado de recursos visuais e a criação de vínculos afetivos entre professores e
alunos são fatores determinantes para o sucesso da aprendizagem.
Nesse contexto, a Escola Estadual Maurício Murgel se destaca como a primeira instituição de
Ensino Médio inclusiva e referência pedagógica no processo de ensino-aprendizagem de estudantes
surdos. Como Paulo Freire afirmou, ensinar não é apenas transferir conhecimento, mas criar
condições para sua própria produção e construção.
Assim sendo, o presente estudo se justifica uma vez que, reconhecendo a percepção do estudante de
letras frente a necessidade da formação em LIBRAS e o impacto dessa deficiência na abordagem do
aluno com deficiência auditiva, de modo que esperamos que os resultados possam subsidiar
reflexões acerca das estratégias para sensibilizar os alunos dos cursos direcionados a educação para
cada vez mais buscar recursos para atender a população deficiente auditiva no ambiente escolar e
nos demais ambientes sociais.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O ensino de estudantes surdos tem enfrentado desafios ao longo do tempo devido à barreira na
comunicação e às limitações dos métodos de ensino convencionais. Essas dificuldades são
evidentes ao longo de sua trajetória escolar. Por isso, é fundamental buscar novas abordagens e
estratégias para promover o desenvolvimento e a aquisição de conhecimento desses alunos,
levando em consideração suas particularidades. É importante reconhecer a relevância da Língua
Brasileira de Sinais (Libras) como elemento linguístico essencial no ambiente escolar.
O uso de Libras nos diversos espaços da sociedade e sua oficialização garantiu ao surdo o direito de
se expressar. Esta ideia pode parecer absurda, entretanto, o que acontecia é que esses sujeitos não
eram ouvidos nem percebidos na sociedade; sua língua era menosprezada e isso refletia no seu ser
enquanto sujeito, enquanto cidadão. (BARROS, 2019).
A abordagem da educação inclusiva ainda é recente para os professores, o que pode gerar angústia,
dúvidas e sentimentos de inadequação ao lidar com essas situações. Portanto, é crucial discutir a
formação dos professores, a fim de prepará-los e fornecer uma visão abrangente de como abordar a
educação diante da diversidade. Isso implica adquirir e transmitir um conhecimento crítico e
construtivo (BRIANT; OLIVER, 2012).
Atualmente, a maior dificuldade relacionada à inclusão escolar consiste em assegurar que os alunos
surdos tenham acesso e permaneçam nas salas de aula do ensino regular. Isso ocorre porque o
ambiente que acolherá esses alunos precisa estar adequadamente preparado para atender às suas
necessidades específicas, proporcionando atenção especial ao seu desenvolvimento global. Não é
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suficiente apenas considerar o aspecto físico; é necessário também analisar os aspectos sociais do
indivíduo (PIMENTA, 1995).
Conforme Paulo Freire, o professor deve compreender que ensinar não consiste em simplesmente
transferir conhecimento, mas sim em criar as condições para sua própria produção ou construção
(FREIRE, 1996, p. 52). Essa afirmação de Paulo Freire nos leva a refletir que, além de realizar
práticas pedagógicas com os alunos, é essencial considerar o papel do professor na
contemporaneidade, visto que é sua responsabilidade criar e viabilizar ações eficazes para a
aprendizagem dos alunos.
Segundo Barros (2019) Na inclusão de alunos surdos em classes comuns um mediador entre as línguas é
a figura do TILS – Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais, por sua vez o intérprete realiza o
importante trabalho de estabelecer uma ponte entre professor e alunos surdos e/ou entre alunos ouvintes
e alunos surdos; considerando o processo de comunicação entre a língua portuguesa (modalidade oral da
língua) e Libras (modalidade visual da língua). Esse profissional realiza a tradução de ambas as línguas
no espaço da sala de aula com o objetivo de dar condições de acessibilidade comunicacional para
estudantes surdos presentes.
Para garantir uma verdadeira inclusão, onde os surdos sejam protagonistas de sua história, se faz
necessário a participação de toda comunidade escolar. Conforme diz Oliveira.
Podemos por fim, entender que o desafio para o uso da Libras no ambiente escolar não se da pela
dificuldade do seu uso, mas uma formação adequada dos docentes para que faça seu uso.
(GROVE:WOLL,2017).
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É necessário que o professor esteja comprometido para que o processo de inclusão dos alunos
surdos seja eficaz. Isso requer uma postura centrada na vontade de mudança, permitindo que os
professores, juntamente com a escola, possam alterar o contexto da educação, com foco na inclusão
dos surdos (SALLES, 2004).
Trabalhar com os surdos utilizando recursos visuais adequados aos seus sentidos e capacidade de
interação com os outros, ampliando a sua percepção do mundo e as possibilidades, é um direito que
deve ser garantido. A escola, ao pensar em novas propostas de práticas pedagógicas, deve incluir
em seu currículo atividades que utilizem e valorizem esse fato (TARDELLI, 2008, p. 29).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho teve foi idealizado a partir da fala dos professores regentes de aulas de uma escola
da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais na capital mineira, a primeira instituição em
inclusão de alunos surdos no Ensino Médio com a presença de Professores/Tradutores Intérpretes
de LIBRAS. A partir dos relatos buscamos embasamento teórico para a construção deste. Esta
pesquisa é classificada como pesquisa descritiva, onde buscou-se observar, analisar e estudar
fatos sem manipulá-los. A abordagem do tratamento da coleta de dados do levantamento foi
qualitativa, e a população pesquisada foram dois professores regentes de aulas, na presença de
um intérprete de Libras.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Figura 1.0 – Visão superior do prédio da Figura 1.1 – Professor Surdo ministrando aula em LIBRAS
Escola Estadual Maurício Murgel
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A inclusão escolar é considerada um processo dinâmico e progressivo, que pode assumir diferentes
formas de acordo com as necessidades dos alunos. É pressuposto que essa integração/inclusão
possibilite a construção de processos linguísticos adequados, a aprendizagem de conteúdos
acadêmicos e o uso social da leitura e da escrita. Nesse contexto, cabe ao professor mediar e
incentivar a construção do conhecimento por meio da interação com os alunos e com os colegas
(LACERDA, 2006, p. 167).
Um dos desafios enfrentados na formação dos educadores, ao estudar os fundamentos teóricos para
o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, é a ampla variedade de realidades
socioculturais existentes em nosso país. Para atender a essa diversidade, os materiais direcionados à
formação têm se proposto a fornecer uma linguagem abrangente o suficiente para ser acessível a
todos. No entanto, em alguns casos, observa-se uma simplificação excessiva dos conteúdos
propostos, aliada a uma superficialidade que se afasta das situações problemáticas concretas de cada
realidade (PAULON, 2005, p. 24).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas inclusivas da Língua Brasileira de Sinais (Libras) tanto na teoria quanto na prática
desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão e na garantia do acesso à educação
de qualidade para estudantes surdos. É essencial reconhecer e enaltecer a Escola Estadual Maurício
Murgel por ser pioneira ao se tornar a primeira instituição de Ensino Médio inclusiva, destacando-
se como referência pedagógica no processo de ensino-aprendizagem de estudantes surdos.
REFERÊNCIAS
BARROS, Maria Patrícia Lourenço. Desafios na formação docente para a inclusão de surdos no
IF Sertão – PE Campus Salgueiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Bahia,
2018.
GROVE, N., & WOLL, B. Assessing language skills in adult key word signers with intellectual
disabilities: Insights from sign linguistics. Journal of Research in Developmental Disabilities,
2017, 62, 174-183
LACERDA, Cad. Cedes, Campinas, vol 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago. 2006.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa, Caderno Cedes, Campinas, vol. 26, n. 69, p. 163 184,
maio/ago.2006.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; SANTOS, Lara Ferreira dos (orgs). Tenho uma aluno
surdo e agora? Introdução à Libras e educação de surdo. São Carlos: EdUFScar, 2018.
PEROVANO, Dalton Gean. Manual de metodologia da pesquisa científica. Curitiba: Ed.
Intersaberes, 2016.
SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima. et al. Ensino de língua portuguesa para surdos:
caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, 2004. 2v: il. (Programa Nacional
de Apoio à Educação dos Surdos).
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 4. Ed. 1 reimp. Florianópolis: Ed.
Da UFSC, 2018.