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BRINCADEIRAS INCLUSIVAS

A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO E A ESCOLA POR MEIO DE PRÁTICAS


INCLUSIVAS.

Carla Soriano Lago Carvalho1


Carolina Rosa Teixeira 2
Darcilene dos Santos Anacleto 3
Tutor: Luciana Alves de Paula Freitas 4

RESUMO

O presente artigo que tem como temática “A inclusão do aluno surdo e a escola por meio de práticas
inclusivas”. O principal objetivo dessa pesquisa é elaborar materiais visuais para auxiliar o aluno
surdo no ensino regular em que está inserido para facilitar e melhorar a compreensão dos conteúdos
propostos. Seguiu-se as etapas de levantamento bibliográfico para o conhecimento dos estudos em
voga sobre a inclusão escolar de surdos, de forma a favorecer seu aprendizado e desenvolvimento no
contexto de sala de aula; para isto, fundamenta-se em autores como Laplane (2004); Alves, Damázio
e Ferreira (2010); Stumpf (2008); Silva (2014); Bacelar (2009) e Teixeira (1995). Suas ideias
corroboram para um ensino-aprendizagem voltados para a inclusão através de práticas diversas,
criativas e necessárias que apoiam e atendem às necessidades específicas de aprendizagem desses
sujeitos com surdez. O acesso ao conhecimento elaborado, o respeito às condições linguísticas dos
alunos, brincadeiras, ludicidade, recursos visuais e a Libras, são pontos abordados no decorrer deste
trabalho de forma a esclarecer a importância da postura correta do professor e suas práticas
pedagógicas frente os desafios que a inclusão impõe. Os materiais e os métodos foram organizados
de acordo com as orientações encontradas de forma a favorecer a participação, envolvimento e
aprendizagem dos alunos de acordo com os comprometimentos que a surdez desencadeia; bem como
a aquisição e melhoramento de competências e habilidades necessárias à cada momento oportuno.

Palavras-chave: Inclusão do surdo. Brincadeiras. Desenvolvimento.

1. INTRODUÇÃO

1 Carla Soriano Lago Carvalho


2 Carolina Rosa Teixeira
3 Darcilene dos Santos Anacleto
4 Luciana Alves de Paula Freitas
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Letras-Libras (FLC4104LBR) – Prática do Módulo III – 18/11/2022
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Falar de educação e do processo de inclusão dos alunos surdos dentro do ambiente escolar
ainda é algo que traz bastante preocupações e muitos debates porque o sistema de ensino dos surdos
ainda é inadequado e necessita com urgência ser reformulado e desenvolvidas novas medidas e
estratégias que propiciem o pleno desenvolvimento do aluno surdo alicerçado no processo de
inclusão dentro do ambiente escolar, esse ambiente deve ser propício, adequado e adaptado à
aprendizagem e necessidades dos alunos. A inclusão escolar é um assunto que gera debates no
mundo todo; alguns países tratam a inclusão como uma peça fundamental da educação pública,
embora ainda venham surgindo diversas controvérsias em torno do processo inclusivo.
Sabe-se que a inclusão do surdo no contexto escolar acontece de forma gradativa e de acordo
com as necessidades e especificidades de cada aluno, dessa forma possibilitando o acesso ao
conhecimento, às práticas inclusivas e o respeito à sua condição linguística. Assim, Laplane (2004)
afirma que:

[...] a questão nuclear em relação à realização dos ideais da educação inclusiva remete, no
nosso país e em outros países em desenvolvimento, à desigualdade social típica dessas
sociedades. A análise das tendências que marcam o processo de globalização não deixa
dúvidas quanto aos valores que privilegia e aos modos como se organiza. No contexto do
acirramento das diferenças sociais provocado pelas tendências globalizantes, pela
concentração de riqueza e pelos processos que a acompanham (redução do emprego,
encolhimento do Estado, etc.) a implementação de políticas realmente inclusivas deve
enfrentar grandes problemas. O elogio da inclusão apresenta a vantagem de arrolar
argumentos para a defesa das políticas inclusivas. Mas para que seja realmente eficaz é
preciso que o discurso se feche sobre si próprio, aparecendo como uma totalidade que não
admite questionamentos (LAPLANE, 2004, p. 17-18).

Portanto, a inclusão ainda é um desafio e necessita de ajustes para que se torne eficaz.
Quanto aos alunos surdos, a inclusão escolar é algo desafiador para os professores e toda a gestão
escolar. Cabe a estes profissionais possibilitar alternativas legítimas de ensino-aprendizagem. O
professor de Libras é parte fundamental do processo inclusivo do surdo na utilização de métodos e
recursos visuais na sala de AEE; pois de acordo com Alves, Damázio e Ferreira:

[...] o professor de Libras deve planejar o ensino dessa língua a partir dos diversos aspectos
que envolvem sua aprendizagem, como: referências visuais, anotação em língua portuguesa,
datilologia (alfabeto manual), parâmetros primários e secundários, classificadores e sinais.
Para atuar no ensino de Libras, o professor do AEE precisa ter conhecimento da estrutura e
fluência na Libras, desenvolver os conceitos em Libras de forma vivencial e elaborar recursos
didáticos. (ALVES, DAMÁDZIO, FERREIRA, 2010, p.17).

A inclusão, dessa maneira, é de corresponsabilidade de todos os envolvidos no processo


educacional, uma vez que um ambiente inclusivo com respeito às singularidades existentes requer
uma visão social, humana e empática. Como bem considera Stumpf (2008) a respeito da inclusão; em
sua visão ela é construída pela sociedade quando esta, acolhe o sujeito surdo e isso é possível com
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uma postura ética, com responsabilidade, e que a justiça seja prioridade nas relações intersubjetivas.
Afirma ainda que a inclusão depende dos dois lados, tanto da sociedade em geral como dos próprios
alunos surdos, que se aceitam como são, com suas particularidades, sua cultura e seus costumes.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A educação básica enfrenta inúmeros desafios, principalmente quando se fala em alunos que
apresentam alguma necessidade especial ou mesmo específica. Na falta de comunicação gesto-visual
com os surdos, claramente pode-se observar os prejuízos relacionados ao acesso dos alunos surdos às
informações e em consequência disso, uma grande perda no seu desenvolvimento social e acadêmico
também. Segundo Silva (2014, p. 17) a inclusão educacional depende não somente do público, mas
da reestruturação das escolas, o que culminaria em mudanças pedagógicas, que são vistas por ele
como prioridade frente ao ato de incluir.
Entende-se então, que a inclusão de libras no ambiente escolar é algo renovador e bastante
significativo no processo de ensino-aprendizagem do aluno surdo no contexto de acessibilidade da
comunicação e consequentemente de brincadeiras inclusivas para a inclusão desses alunos. Bacelar
(2009) compreende que o as brincadeiras podem favorecer o amadurecimento e progresso dos alunos
quando considera que:

A ludicidade também realiza a intersecção das experiências pessoais com as do outro.


Vivemos num mundo de relações e, por isto, realizamos atividades com outras pessoas. E o
que vivenciamos com as outras pessoas, o que aprendemos através da troca de
conhecimentos, sentimentos etc., se revela nas nossas vivências. E nesse processo vamos
amadurecendo, crescendo, progredindo. (Bacelar, 2009, p. 65).

Nesse entendimento, para que os professores consigam alcançar bons desempenhos de seus
alunos surdos, é preciso compreender que o lúdico faz parte do desenvolvimento e da aprendizagem
das crianças, e não é diferente com os surdos, pois essa forma de ensino agregado a visualidade
contribui na aprendizagem do surdo assim como também possibilita o crescimento vivenciado no
ambiente escolar.
Dessa maneira, o brincar, o lúdico visual inserido nas práticas inclusivas permite que alunos
surdos se desenvolvam de uma forma mais ampla e significativa, pois o uso dessas práticas
pedagógicas promovem a aprendizagem necessária para aquisição de conhecimento, vivenciando
novas experiências cognitivas e sociais dentro de um ambiente escolar mais inclusivo. Teixeira
(1995) corrobora com esse pensamento quando diz que o jogo é um fator importante para ser
utilizado como recurso didático em sala de aula para motivar seus alunos, pois estimula o processo
ensino-aprendizagem.
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Diante disso, usar o lúdico, as brincadeiras como metodologia de ensino e inclusão do aluno
surdo na escola é se basear em propostas que valorizam a criatividade desses alunos, lhes
proporcionando habilidades nas práticas pedagógicas, criatividade e conhecimento. As brincadeiras
inclusivas favorecem o aprendizado das crianças surdas, bem como o desenvolvimento do
desempenho levando-as à aquisição do aprendizado e do conhecimento.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Existem muitos meios e estratégias pedagógicas para trabalhar com aluno surdo, mas é
importante que a escola esteja preparada para ter os recursos necessários. O essencial é que o aluno
surdo participe e tenha conhecimento da cultura da contação de história (sinalizada), dentre outras
habilidades que podem ser desenvolvidas por esse aluno. Estão listadas abaixo algumas propostas de
materiais e métodos para essa temática:

 Contação de histórias (cada aluno poderá escolher o livro com imagem)


 Utilização de recursos visuais e, ao longo da narrativa, observação se as crianças estão
atentas através das expressões, por exemplo, de admiração, de medo, risos, etc;
demonstram compreender o que está ocorrendo na história.
 Uso dos sinais: bonecos, cores, tamanho, caminho, etc.
 Ao término, os alunos podem desenhar a história que foi contada, e então o professor
observa no desenho de cada um, os detalhes, as cores, dos tamanhos e, sobretudo os
sentimentos que se evidenciaram no texto da história: medo, maldade, alívio, etc…
 Organização do cenário de “Contação” de história que foi escolhida pelo aluno.
 Utilização de Avental de histórias.
 Saco de histórias.
 Caixas de histórias.
 Leitura do Livro Tibi e Joca

Tibi e Joca – uma história de dois mundos.


Disponível em: https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras
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Este livro tem a participação muito importante de um surdo chamado Tibiriçá Maineri. A
sinopse segue apresentada por Bisol (2001) mostrando a história de um garoto surdo, não muito
diferente da realidade de outras crianças surdas. Acompanhada de inúmeros sentimentos como
dúvidas, desespero, culpa, acusações, rejeições que são vivenciadas por seus pais. E a “solidão, um
imenso sem-sentido, um mundo que teima não se organizar”. Um material bastante rico para
trabalhar muitos valores com as crianças surdas e ouvintes, colaborando para a construção de uma
sociedade mais justa e igualitária.
É importante lembrar que qualquer recurso utilizado e todo planejamento devem ser pensados
anteriormente quanto à sua objetividade para que a aprendizagem aconteça e o aluno aproveite ao
máximo todo conhecimento previamente elaborado.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A educação tem um propósito de formar os educandos e prepará-los para atuar em sociedade,


explorar seus sonhos, se realizar como ser humano ágil no mundo contemporâneo. Assim, seu papel
vai além do comum ato de ensinar. Se a causa da educação é conceder o ensino, a escola e o
professor devem estar preparados para todos os tipos de deficiência do aluno; respeitando e
conhecendo todo tipo de limitação, transtorno e dificuldades provenientes de cada situação.

Quando se fala em Brincadeiras Inclusivas, logo devemos pensar que a escola também deve
estar preparada para receber o aluno surdo e realizar todo o processo de desenvolvimento através da
inclusão eficaz na comunidade escolar, além do trabalho colaborativo junto a todos os professores
para que a formação desses alunos surdos aconteça em sua língua materna: a LIBRAS, respeitando
suas especificidades.

O foco da inclusão é pedagógico, por isso, na sala de aula o professor prepara o aluno para
desenvolver as brincadeiras inclusivas e utilizar instrumentos de apoio que facilitem o aprendizado
nas aulas regulares. Por mais que as brincadeiras em sala de aula sejam importantes, é a atuação do
professor que tem mais repercussão na aprendizagem do aluno. Dentro das responsabilidades do
professor, as propostas do planejamento estão em formação de um plano pedagógico específico para
aluno surdo e a elaboração de material através da LIBRAS.

Diversificar a metodologia de ensino se faz necessário e as brincadeiras abrem as portas para


interação entre pessoas surdas e ouvintes dentro da comunidade escolar. Para esta finalidade, é
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necessário que o professor tenha conhecimento e saiba de sua importância para o aprendizado de
cada aluno. A palavra ludicidade está presente na condição humana, em todas as sociedades e
culturas em diversas etapas da vida, principalmente, na infância, já que o ato de brincar proporciona a
preparação para a vida adulta. Brincar é uma elaboração analisada pelas diversas áreas das ciências
humanas.

Sendo assim, dá-se importância ao lúdico, jogos, brinquedos e brincadeiras como


componentes relevantes ao desenvolvimento e à aprendizagem das crianças, sejam elas surdas ou
ouvintes. Estimulando, assim, o que realmente se propõe a educação: conceder o aprendizado
independente da condição do aluno.

5. CONCLUSÃO

A inclusão escolar é uma realidade legal, e este é o momento de aceitar e fazer valer essa
prática com aspecto provável de comprometimento e responsabilidade pelo método inclusivo. Dado
que para a inclusão do aluno surdo é necessário mudanças no currículo, na prática do professor, pois
a aprendizagem do aluno surdo é diferente do aluno ouvinte, sobretudo na elaboração e interpretação
de textos. Portanto, para o aluno surdo, a estrutura principal de aprendizagem é a LIBRAS, por
conseguinte ele deverá saber a língua portuguesa como a segunda língua para fazer parte do ambiente
escolar, desenvolvendo dessa forma uma educação bilíngue, sendo seu direito preservado à uma
educação inclusiva de qualidade.

Assim, para incluir o aluno surdo no ensino regular, é necessário adaptações adequadas com
suas necessidades, sendo isso, o foco principal deste artigo, pois é necessário o conhecimento da
língua materna (LIBRAS) do mesmo e a utilização de recursos visuais para melhorar sua
aprendizagem.

O aluno surdo usa materiais visuais e aproveita a atuação do professor para amplificar seu
conhecimento, visto que, a principal fonte de comunicação e expressão do aluno surdo é sua língua
materna (LIBRAS). O objetivo dessa pesquisa foi alcançado, uma vez que é de elaborar materiais
visuais para auxiliar o aluno surdo no ensino regular em que está inserido para facilitar e melhorar a
compreensão dos conteúdos propostos.
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Consequentemente, foi possível compreender que as práticas inclusivas devem permitir que o
aluno surdo tenha o acesso ao ensino/aprendizagem com recursos visuais, pedagógicos apropriados e
suficientes para atender cada especialidade e espaço-visual estimulador com suas necessidades. Para
o aluno surdo, o que se faz necessário é um ambiente escolar com brincadeiras inclusivas e
conhecimento em LIBRAS, sendo fundamental para sua aprendizagem.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação –


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