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com Deficiência
APRESENTAÇÃO
Existe uma categoria de alunos que pertencem à classe de pessoas com necessidades
educacionais especiais. Estes podem apresentar uma série de deficiências ou de transtornos
como a hiperatividade. Ao longo dos anos, essa classe de pessoas foi vítima de preconceitos e de
outras formas de exclusão. Na atualidade, porém, há uma preocupação de que os alunos com
deficiência recebam uma educação atenta às suas necessidades, durante o processo de
aprendizagem, é o que trataremos nesta Unidade de Aprendizagem.
Bons estudos.
DESAFIO
Você leciona em uma escola para alunos comuns do 3o ano do ensino fundamental e recebeu o
comunicado, por parte da direção da escola onde trabalha, de que receberá em sua classe um
novo aluno, Marcos. De acordo com o diretor, ele é um garoto com deficiência visual, por isso a
necessidade de se preparar uma acolhida adequada ao novo aluno. Há, contudo, um problema: a
escola não possui no momento um educador especializado no ensino de crianças com algum tipo
de deficiência. O diretor esclarece ainda que, embora saiba ler e escrever em braile, Marcos
possui uma mínima capacidade de distinguir cores vibrantes e silhuetas, por isso, sempre utiliza
uma bengala para locomover-se.
O desafio de acolher e trabalhar junto a Marcos, pela busca de um êxito educacional do aluno,
está com você! Como professor, quais são, em princípio, as providências que você poderá tomar
para que Marcos sinta-se incluído junto aos demais alunos de sua classe, proporcionando a ele
um bom desenvolvimento educacional?
INFOGRÁFICO
CONTEÚDO DO LIVRO
Gabriel Godoi
Necessidades educacionais
de alunos com deficiência
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Entende-se por educação especial, para os efeitos da Lei nº 9.394/96, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 1996). A
partir dos preceitos de educação inclusiva, democracia e direitos humanos,
você aprenderá as principais leis e os dispositivos que orientam a educação
de estudantes com necessidades especiais dentro do ensino público.
Para que seu trabalho possa ser realizado com sucesso, atentando para
adequar os conceitos do currículo escolar para o bom desenvolvimento
intelectual de cada aluno, você conhecerá quais transtornos e deficiências
são mais comuns dentro das salas de aula, suas causas e características,
os meios para identificá-los e para onde encaminhá-los.
Por fim, você estudará algumas estratégias úteis que podem lhe auxi-
liar na hora de definir as que serão usadas em aula, as atividades avaliativas
e a condução do dia a dia escolar. Sempre visando ao desenvolvimento
total dos potenciais os alunos, para que seja construída uma sociedade
cada vez mais justa e igualitária.
2 Necessidades educacionais de alunos com deficiência
Dislexia
Dificuldade com habilidades fonológicas, que envolve ser capaz de entender
como os sons e as letras se combinam para formar palavras. A dislexia é uma
categoria reservada para indivíduos com uma limitação grave em sua capa-
cidade de ler e soletrar (SPAFFORD; GROSSER; DAURICH, 2005). Fique
atento, pois a dislexia é o problema mais comum que caracteriza crianças com
dificuldade de aprendizagem que envolve a leitura (MOATS, 2004).
Disgrafia
Dificuldade em expressar pensamentos na forma escrita (HAMMIL, 2004).
Em geral, crianças com disgrafia escrevem muito lentamente, sendo que essa
escrita é praticamente ilegível e com inúmeros erros ortográficos, devido à
inabilidade para juntar sons e letras.
Discalculia
Também conhecida como transtorno de desenvolvimento de matemática,
envolve a dificuldade em desenvolver cálculos matemáticos. Kaufmann (2002)
informa que crianças com dificuldade em cálculo frequentemente apresentam
transtornos neuropsicológicos e cognitivos, incluindo desempenho fraco na
memória de trabalho, percepção visual e capacidade visuoespacial.
Necessidades educacionais de alunos com deficiência 5
Dislalia
É um distúrbio que acomete a fala, caracterizado pela dificuldade em arti-
cular as palavras. A pessoa portadora de dislalia troca as palavras por outras
similares na pronúncia, fala erroneamente, omitindo ou trocando as letras.
Resumidamente, as manifestações clínicas da dislalia consistem em omissão,
substituição ou deformação de fonemas.
Deficiência intelectual
A característica mais marcante da deficiência intelectual é a maneira ina-
dequada do funcionamento intelectual (ZIGLER, 2002). Essa condição é
caracterizada por:
Fatores genéticos
face arredondada;
crânio achatado;
uma dobra extra na pálpebra;
língua proeminente;
membros curtos;
dificuldades nas capacidades motoras e intelectuais.
Síndrome do X frágil
Dano cerebral
deformidades faciais;
problemas nos membros e no coração.
falta de atenção;
hiperatividade;
impulsividade.
Santrock (2009) diz que os sinais da TDAH podem estar presentes desde
a pré-escola. Cuidadores e professores podem perceber que a criança tem um
nível de atividade extremamente alto e um período de concentração limitado.
Eles podem comentar que a criança é “muito agitada”, “não consegue ficar
sentada nem por um segundo” ou “parece nunca estar escutando”. Muitas
crianças com TDAH são difíceis de serem disciplinadas, são intolerantes à
frustração e têm dificuldade de relacionamento com os colegas.
8 Necessidades educacionais de alunos com deficiência
Denney (2001) relata que cerca de 85% a 90% das crianças com TDAH, nos Estados
Unidos, tomam medicação tomam medicação estimulante, como Ritalina e Adderall,
para controlar seu comportamento. No Brasil também houve um aumento exponencial
das crianças que tomam medicações para controle da TDAH. No entanto, nem todas as
crianças com TDAH respondem positivamente aos estimulantes. Um estudo mostrou
que a Ritalina foi menos eficaz com crianças com alto nível de ansiedade, crianças mais
velhas e crianças com sintomas menos graves (GRAY; KAGAN, 2000).
Deficiências físicas
São todas limitações ortopédicas, bem como paralisia cerebral e transtornos
convulsivos, como a epilepsia.
Limitações ortopédicas envolvem restrição ou falta de controle sobre
os movimentos devido a problemas musculares, ósseos ou articulares. As
principais causas são problemas pré-natais ou perinatais, ou podem ocorrer
devido a uma doença ou um acidente sofrido durante a infância.
A paralisia cerebral é um transtorno que envolve falta de coordenação
muscular, tremores ou dificuldade na fala. A causa mais comum da paralisia
cerebral é a falta de oxigenação na ocasião do parto. No tipo de paralisia
cerebral mais comum, a chamada de espasmódica, os músculos das crianças
são rígidos e difíceis de movimentar (MEBERG; BROCH, 2004).
Epilepsia
É um distúrbio neurológico caracterizado por ataques sensório-motores re-
correntes ou movimentos convulsivos. A epilepsia se manifesta de diferentes
maneiras (BARR, 2000): em uma das formas comuns, chamada de ausência,
as crises têm duração de menos de 30 segundos e ocorrem entre dezenas e
centenas de vezes ao dia. Elas ocorrem frequentemente como um breve estupor
(olhar para o nada), às vezes, acompanhado de movimentos motores, como
contração das pálpebras (olhos virados). Em outra forma comum de epilepsia,
chamada de tônico-clônica, a criança primeiro perde a consciência e fica com
o corpo rígido e, depois, treme e contrai-se. A porção mais severa de uma
Necessidades educacionais de alunos com deficiência 9
Deficiências sensoriais
Incluem deficiências na recepção de informações por meio dos sentidos, sendo
as auditivas e visuais as que mais influenciam o desenvolvimento escolar
(SANTROCK, 2009).
Deficiências visuais
Alguns estudantes apresentam problemas visuais leves que não foram corrigi-
dos. Se você notar alunos piscando demais, aproximando muito os livros dos
olhos para ler, esfregando os olhos com frequência, reclamando que as coisas
parecem embaçadas ou que as palavras se movem na página, encaminhe-os
para um exame de visão (BOYLES; CONTADINO, 1997).
Deficiência auditiva
Transtornos de articulação
Transtornos de voz
As crianças produzem uma fala rouca, muito alta, muito aguda ou muito
grave. Crianças com fenda palatina geralmente apresentam um transtorno
de fala que torna difícil a compreensão do que dizem. Fique atento: Santrock
(2009) aconselha que, ao observar esse transtorno, encaminhe a criança para
um fonoaudiólogo.
Transtornos de fluência
Transtornos de linguagem
Comportamentos agressivos
provocativos e desafiadores;
agressivos;
perigosos.
Maneiras de proporcionar um
ensino inclusivo e de qualidade para alunos
com necessidades especiais
Nesta seção, exploraremos algumas propostas criadas por outros educadores
que poderão ajudá-lo a adequar sua sala de aula de forma a incluir todos os
estudantes da escola. Como as necessidades especiais dos alunos podem
variar muito, dependendo do tipo de dificuldade/transtorno/deficiência, sub-
dividiremos esta parte do capítulo para um melhor entendimento, sendo que
abordaremos atividades para mais bem atender as dificuldades de aprendizagem
(dislexia, disgrafia, discalculia), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), deficiência intelectual e deficiências sensoriais.
Necessidades educacionais de alunos com deficiência 13
Dificuldade de aprendizagem
Santrock (2009) também cita algumas estratégias que podem ser utilizadas
por educadores nesses casos. Ele explica que é comum que os educadores
inconscientemente acabam excluindo determinadas crianças pelo fato de
demandarem mais tempo para aprender. Por isso, verifique a forma e o tempo
que você está dando aos seus alunos — ele é igual para todos?
14 Necessidades educacionais de alunos com deficiência
Após essa primeira avaliação interna, você pode tentar adotar as seguintes
estratégias.
Deficiência intelectual
Deficiência auditiva
KAUFMANN, L. More evidence for the role of the central executive in retrieving ari-
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DICA DO PROFESSOR
Existem critérios pelos quais se define exatamente quais alunos são considerados deficientes.
Reconhecer um ou mais desses critérios pode ajudar na elucidação de algumas dificuldades de
aprendizagem, uma vez que, sobretudo nos primeiros anos de estudo, os alunos nem sempre
possuem um diagnóstico preciso. Vamos conhecer quais são esses critérios neste vídeo.
EXERCÍCIOS
A) a discalculia.
B) a disgrafia.
C) a dislexia.
D) a dislalia.
E) a TDAH.
D) A professora Sueli permite que os alunos trabalhem em seu próprio ritmo, em tarefas auto-
selecionadas por eles, dando-lhes um retorno esporádico de seu progresso e
comportamento.
E) A professora Vânia dispende grande parte de seu tempo dando conselhos sobre
comportamento e progresso educacional aos seus alunos, com o intuito de motivá-los a
melhorar.
C) A professora deve orientar os pais do alunos para que Humberto faça um exame
oftalmológico.
4) O professor Roberto tem ficado aborrecido com Carlos, um de seus alunos do 5o ano
do ensino fundamental. É que, ao fazer perguntas a Carlos em sala de aula, o aluno
leva muito tempo para respondê-la. Na verdade, toda vez que Carlos se expressa, a
estrutura de suas frases não é tão boa como a dos outros alunos da classe, e ele
geralmente apresenta suas ideias de uma maneira ilógica. O professor notou que
Carlos possui inclusive certa dificuldade em compreender as perguntas que lhe são
feitas, embora nunca peça ao professor para as repetir. Ao se aborrecer com Carlos,
o professor Roberto parece desconhecer que o aluno sofre de:
A) um transtorno auditivo.
C) um transtorno de fluência.
D) um transtorno de linguagem.
E) um transtorno de voz.
5) A maior parte das crianças apresenta alguma questão de ordem emocional, durante
os anos que correspondem à sua permanência no ensino fundamental. Quando estas
questões se tornam sérias, recorrentes ou muito duradouras, fala-se em transtornos
emocionais ou comportamentais. Considerando os alunos, todos eles de uma classe do
7o ano ano do ensino básico descritos abaixo, qual deles corre mais risco de
desenvolver um transtorno emocional ou comportamental sério?
A) Amanda, que apresenta certo grau de deficiência auditiva, motivos pelo qual precisa se
sentar mais próximo à mesa do professor.
B) Bruno, um aluno que perdeu o pai há alguns anos e que prefere não participar muito nas
atividades em que os alunos devem falar de seus pais.
C) Caio, um aluno que tira notas muito baixas em todas as matérias e é sempre muito arredio
e agressivo, chegando a ser muitas vezes uma criança violenta.
D) Daiane, uma menina popular, sempre elogiada pelos colegas , mas que no passado teve
dificuldades de auto-aceitação.
NA PRÁTICA
O aluno com deficiência deve ter o seu desempenho acadêmico avaliado como o de qualquer
outro aluno. Para isso é preciso compreender, ao longo do processo educativo, quais são as
potencialidades dele. Descubra como isso pode ser feito!
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor: