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Faculdade Uniasselvi Licenciatura Letras Libras.

Aluna: Laura Linkoski


Professor: Felipe Fernandes

EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA SURDOS


E LINGUA DE SINAIS: A Importância do
ensino de LIBRAS dentro da comunidade ouvinte

Videira, SC, 2021.


Resumo

Este trabalho tem por objetivo conhecer a história da educação por meio
da Língua Brasileira de Sinais, mais utilizada para a comunicação entre
pessoas com necessidade especial – não ouvintes. A necessidade de
desenvolver uma linguagem específica para crianças não ouvintes é decorrente
da prática educacional tradicional, apresentando dificuldades tanto para o
professor quanto para o aluno surdo, em sala de aula, ocorrendo a exclusão do
aluno no processo ensino-aprendizagem. Este trabalho Conceituamos curriculo
em linhas gerais e pincelamos o currículo na educação de surdos. Percebemos
que este sempre foi um reflexo de como o sujeito surdo era. Para fundamentar
este trabalho, utilizou-se autores que versam sobre o tema aqui abordado,
como Strobel (2008), Damásio (2007) e a legislação que contempla este tema.
Toda a metodologia enfatiza a importância da cultura para assegurar a
identidade do aluno e para que haja a troca de informações de forma objetiva
através de uma linguagem que favoreça a compreensão do diálogo entre
ouvintista e surda, dentro das prioridades do aprender os conteúdos
estabelecidos dentro da escola. Os objetivos elencados vão desde mostrar
para a comunidade não ouvinte as possibilidades de aprender e conviver de
forma igualitária dentro da escola, tendo um professor de LIBRAS, até
conhecer a cultura dos surdos e por fim demonstrar que a rede de ensino deve
estar preparada para fazer esse atendimento.
Este estudo é concluído, destacando que o aluno surdo poderia fazer
parte do mundo fora da cultura não ouvinte, e estar dentro da escola normal,
para que haja uma interação e socialização mais abrangente, saindo dos
limites da comunidade surda.
Palavras-chave: LIBRAS; comunicação; surdos.
OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem por objetivo mostrar para a comunidade não ouvinte
as possibilidades de conviver e aprender de forma igualitária dentro da Escola
Regular, e que tenha obrigatoriamente um professor especializado na LIBRAS,
podendo assim, deixar de existir uma divisão entre ouvintes e não ouvintes.

Objetivos Específicos

Conhecer a cultura dos surdos e como surgiu a necessidade de ter uma


comunidade própria.

Demonstrar as possibilidades para que a escola normal acolha os alunos


não ouvintes na sala de aula com o professor ministrando as aulas
simultaneamente usando a LIBRAS e a linguagem formal.

Demonstrar através desse trabalho, que a rede de ensino, deve estar


preparada para receber o aluno surdo, da mesma forma que recebe alunos
com outras deficiências como: Autismo, Disléxico, TDAH, Transtorno Global de
Desenvolvimento entre outras.
1 INTRODUÇÂO

Atualmente a maioria dos surdos domina as tecnologias que propiciam a


comunicação em tempo real. Este é o caso da internet e dos vários aplicativos
de chamadas em vídeos alem das redes sociais que aproxima culturas antes
tão distantes.
Campanhas de luz, babás eletrônicas legendas tornam-se cada vez mais
comuns ao povo surdos. Com as conquistas em nível de legislação, os surdos,
foram favorecidos com maior acesso a espaços antes não tão usuais como é o
caso do acesso ao ensino superior tendo a presença do interprete de libras
garantida por lei.
No que diz respeito à cultura surda e sua implicação na educação de surdos
cabe aqui destacar a necessidade da presença do professor surdo na sala de
aulas e do professor ouvintes com domínio da língua de sinais e o sujeito surdo
precisa ter contato com os artefatos de sua cultura.
Infelizmente não é o que presencia-se nos contextos escolares atuais com
alunos surdos. Muitos completam o ciclo da educação básica sem definir sua
identidade sem nada saber sobre sua cultura e o que é ainda pior sem contato
com seus pares na comunidade e com o povo surdo. Neste aspecto a proposta
de inclusão dos alunos surdos em classe regular tem fracassado justamente
porque ignora os aspectos culturais e linguísticos diferenciais do aluno surdo.
Miorando (2006) explica que o diferencial na atuação do professor surdo
esta no fato de discutir o desenvolvimento linguístico dos alunos surdos em
questão levando em conta o aprendizado da primeira língua (língua de sinais) e
da segunda língua (língua portuguesa escrita). Um professor surdo deve incluir
estudos sobre a história dos surdos no Brasil, os aspectos visuais de sua
cultura, o desenvolvimento sociopolítico do seu movimento (miorando 2006
p.83).
Giroletti (2018 p.1420) afirma que há certo mito de que todos os surdos
podem ensinar a língua, mas não é bem assim os surdos precisam ter
formação didática e metodologia apropriada ao processo de aquisição da
LIBRAS como l1 e l2 o decreto n. 5.626/ 2005 que garante ao surdos prioridade
nos cursos de formação. Mas o ensino da LIBRAS não é obrigatoriamente feito
somente pelo surdo. A lei destaca a prioridade do surdo e não a
obrigatoriedade disso.
Muitas regiões do nosso país carecem de professores surdos capacitados e
uma língua não deve deixar de ser usada e difundida porque não existe ali um
professor usuário nativo da língua.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O CURRICULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS.

Conceituar currículo em linhas gerais e pincelar o currículo na educação de


surdos é perceber que este sempre foi um reflexo de como o sujeito surdo era
visto perante a sociedade e que por um período muito longo da história os
surdos precisaram se adaptar as práticas ouvintes, ou seja, o currículo era
pensado da mesma forma para todas as pessoas. Desse modo as
particularidade e as diferenças não eram consideradas.
Pietzak (2017) destaca que o sistema educacional vigente em nosso país
tem sido colocado a prova, isso porque o processo de ensino aprendizagem
dos alunos surdos tem sido um visível fracasso.

As praticas pedagógicas constituem o maior problemas


na escolarização das pessoas com surdez torna-se
urgentes repensar essas práticas para que alunos com
surdez não acreditem que suas dificuldades para o
domínio da leitura e da escrita são advindas dos limites
que a surdez lhe impõe mas principalmente pelas
metodologia adotadas para ensiná-lo
(DAMASIO,2007 ,p.21).

Já silveira (2006) relata que muitas vezes os alunos surdos são rotulados
pelos professores como alunos com atrasos intelectuais quando na verdade
muitos deste alunos surdos apresentam dificuldades de aprendizagem não
necessariamente relacionados a sua capacidade cognitiva ou intelectual. Em
muitos momentos as pessoas continuam vendo o surdo como deficientes,
portanto necessitariam falar. Esquecem-se de que o surdos falam, falam com
as mãos e por ter uma língua gesto-visual, o visual é de sua importância para
sua aprendizagem (SILVEIRA, 2006,p.119).
No ensino dos conteúdos faz-se importante aqui ressaltar a real pertinência
de alguns deles hoje ensinados aos surdos. Por exemplo, no estudo tradicional
da gramática da língua portuguesa qual é o real motivo de ensinar ao aluno
surdo profundo ou severo a tonicidade das palavras classificando-as em
oxítona, paroxítona e proparoxítona. Que sentido faz ao aluno surdo, acessar
tais conteúdos e não se identificar como surdo nem conhecer a cultura de seu
povo. Tais metodologias não corroboram para a afirmação de uma cultura
surda. Cultura esta rica, multifacetada e tão capaz de proporcionar aos seus
usuários capacidade plena de aprendizado e consequentemente exercício
efetivo de sua cidadania.
O currículo pode e deve ser adaptado com objetivo de auxiliar o aluno na
construção de seu conhecimento, mas acima de tudo, contextualizando com
suas necessidades educacionais e sociais.
A literatura vigente do Ministério da Educação contempla três tipos de
adaptações: adaptações curriculares adaptações relativas e adaptações
individualizadas.

2.2 METODOLOGIA: A IMPORTANCIA DA LINGUA DE SINAIS


NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO SURDO

O uso da linguagem de LIBRAS, está hoje instituída como Lei (Santa


Catarina, 2001 a.p.1) em todo o estado de Santa Catarina e aponta uma longa
batalha que, aos poucos, vai ganhando força e ocupando espaços dentro das
discussões e reflexões no caminho das políticas públicas. A Lei nº 11.869, de
06 de setembro de 2001 – reconhece oficialmente no Estado de Santa
Catarina, a linguagem Gestual codificada na Língua Brasileira de Sinais –
Libras e outros recursos de expressão a ela associada, como meio de
comunicação objetiva e de uso corrente.
Abade de L’Epée no século XVIII foi quem começou a querer entender
como é escola pública para surdos, iniciando as primeiras discussões sobre a
educação do surdo, e baseava-se no uso de sinais, incorporando elementos da
língua falada, gerando sinais metódicos.
Uma importante iniciativa foi o surgimento legal da Libras como língua
oficial dos surdos. Não é fácil para a minoria linguística ascender no mundo
ouvinte. Faz-se relevante reconhecer que muitos foram os ouvintes defensores
da inserção do surdo na sociedade competitiva e organizado que permitiu que
fossem feitas políticas públicas e uma legislação em prol da Língua Brasileira
de Sinais- LIBRAS. Entendendo que a Língua de Sinais é a língua do surdo, e
por esse viés, encontra-se a Libras sendo reconhecida legalmente e pela qual
deve ser promovida a educação das crianças surdas.
É importante destacar porém que a maioria linguística assume diante da
sociedade elementos diminutivos muito aquém da sua variação linguística.
Sobre isso, Ama Che (2001, p.73) ao dialogar com Vygostky (1994), aponta
que “Qualquer insuficiência corporal, seja a cegueira a surdez e a debilidade
mental congênita, não só modifica, a relação do homem com o mundo como
também consigo próprio”.
Para que os professores se encorajem a aceitar as diferenças em sala de
aula, e espaços escolares, é preciso a garantia de que a escola beneficie o
diferente e o leve a se desenvolver como cidadão. Não se pode esquecer que o
surdo se inclui entre a minoria e que poucos ou muito poucos saem em defesa
deles, vendo-os pertences à raça humana. Essa informação faz refletir sobre
os tantos surdos anônimos que não têm a quem recorrer e acabam por se
isolar (ou sendo isolados) dentro de um contexto quem também é seu ao
direito.
Dessa forma, as políticas públicas vêm para amparar e melhorar a
qualidade da educação para com o surdo, já que se destaca a importância da
linguagem de sinais como meio de comunicação para os surdos e este a ter
necessidades especificas de comunicação ao surdo em escolas especiais ou
em unidades especiais nas escolas comuns, que neste caso vê-se como
especial, o intérprete.
Embora as discussões em torno do processo de escolarização da pessoa
surda sejam historicamente frequentes, principalmente no que se refere à
modalidade de comunicação e a língua propriamente dita, essa dualidade
constante no processo educacional brasileiro tem contribuído de forma decisiva
para o aumento de pesquisas nessa área, como forma de entendermos a
questão e assim entender a cultura estabelecida em relação ao surdo que se
encontra em processo de inclusão.
Nas escolas regulares que têm alunos surdos incluídos em suas salas de
aulas a língua por meio da qual a prática pedagógica se constitui é a língua
portuguesa oral e escrita. Entretanto, o aluno com surdez severa ou profunda
não adquire naturalmente essa língua, sendo necessário que se lance mão de
recursos específicos à sua aprendizagem.
Esse processo, por sua vez, demanda tempo que, mesmo variando de
acordo com as condições que temos para realizar um trabalho tão específico, é
sempre muito longo. E o fator tempo, não deve ser o ponto forte da discussão,
pois o tempo de cada indivíduo também é diferente.
O trabalho educativo do surdo se torna objeto de discussão quando, como
observa-se na legislação, que o professor deverá ensinar por meio da Libras
concomitante à Língua Portuguesa. No caso das escolas regulares
catarinenses, a Rede Pública Estadual de Ensino deverá garantir acesso à
educação bilíngue (Libras e Língua Portuguesa) no processo ensino-
aprendizagem, desde a educação infantil até os níveis mais elevados do
sistema educacional, à todos os alunos surdos. (BRASIL, 1996, p.32).
No caso dos surdos, então, os ouvintes e aqui se incluem os professores,
ultrapassam as fronteiras, quando deliberam e instituem leis sobre os surdos
ou assumem suas escolas. “Muitos profissionais dessas escolas ainda não têm
conhecimento da Língua de Sinais, cultura surda, história desse povo, o que é
um disparate nesse processo”. Para a questão do surdo dentro do contexto
educativo, entende-se a necessidade de haver um ensino democrático, a fim
de que sejam proporcionadas, realmente, a igualdade de condições de
aprendizagem e a atuação social, não havendo, portanto, condições para que
se faça essa distinção entre educação e Educação Especial. O Surdo é um ser
dentro da sociedade e deve ser entendido como tal, Skliar (1999, p. 30) afirma
que as pessoas nunca agem no vácuo. A forma de ser e de agir dos indivíduos
está estreitamente vinculada as exigências da sociedade e a forma com essa
sociedade se organiza em torno de seus cidadãos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A língua tem sido tema central de muitas discussões de trabalho, de


pesquisa, de estudos e o que pode-se perceber é que pretende-se buscar a
percepção da língua que ultrapasse a simples função de uso de Língua e suas
regras. Essa questão é imprescindível e deve ser considerada na constituição
da linguagem escrita pelo aluno surdo, não levadas em conta pela maioria das
metodologias que vem sendo utilizadas para tal fim.
A surdez significa a ausência de um dos elementos que permite a formação
de relações com o ambiente. Assim percebe-se a necessidade de se buscar
outros meios de aquisição da linguagem por parte do sujeito surdo, os quais
valorizam o sentido visual, vistos que os sonoros não são efetivos. A
dificuldade dos surdos se refere a impossibilidade de aquisição natural das
línguas auditivas-orais majoritárias em nossa sociedade, não por conta de
questões orgânicas ligadas a surdez, mas por causa de suas repercussões
sociais e culturais
Então percebe-se na linguagem seu caráter primordial de constituição, de
que deve-se assumir que a língua é constituída do conhecimento e assim,
reconhecer a mediação com base na Língua de Sinais como língua efetiva para
qualquer prática pedagógica com fins educacionais para sujeitos surdos. A
surdez foi construída historicamente a partir da diferença enquanto volta da
normalidade. Há uma importância e uma urgência de desconstruir as
representações preconceituosas que envolvem o ser surdo, entre os quais a
norma da fala e o mito de leitura da palavra falada, construindo outra narrativa
na qual sejam vistos como sujeitos surdos e não sujeitos com surdez
REFERÊNCIAS

LUCHESE, Anderson. Políticas e a Educação de Surdos no Brasil. Ciências


Humanas 1. Indaial: UNIASSELVI. 2017.

PIETZAk, Juliane de Deus Corrêa. Currículo e Didática na Educação de


Surdos. Ciências Humanas 1. Indaial: UNIASSELVI. 2018

SOUZA, Rosemeri Bernieri de. Língua Brasileira de Sinais- Libras III.


Linguagens. Indaial: UNIASSELVI. 2019.

SANTOS, Adriana Prado Santana. Língua Brasileira de Sinais- Libras III.


Linguagens. Indaial: UNIASSELVI. 2016.

PIETZAK, Juliane de Deus Corrêa. Currículo e Didática na Educação de


Surdos. Ciências Humanas 1. Indaial: UNIASSELVI. 2018

VYGOTSKY 2s. A formação social da mente o desenvolvimento dos


processos psicológicos superiores. s.ed.São Paulo. 1994.

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