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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv8n9-083
Ivonete Isacksson
Doutora em Ciências da Educação pela Universidad Tecnológica
Intercontinental (UTIC)
Instituição: Universidad Tecnológica Intercontinental (UTIC)
Endereço: Atyra casi Capitan Rivas, Atyra 1750, Fernando de la Mora, Paraguai
E-mail: ivoisacksson@gmail.com
RESUMO
Na atual era de globalização, um dos problemas que dificultam a postura da prática
docente é o medo de mudar, é a comodidade com que a grande maioria dos docentes
desenvolverem sua prática, repetindo metodologias ultrapassadas, se recursam a
acompanhar os novos paradigmas. Na escola, o aluno vive num mundo em constante
evolução, com as dinâmicas e complexidades de um sujeito em desenvolvimento, com
características únicas, implicados, sobretudo, com as tramas relacionais, num contexto
social em que convivem família e comunidade, influenciada pelo meio social, por valores
pessoais, e um ambiente físico, geográfico e histórico que não podem ser dissociados de
sua existência. Os alunos na escola convivem em um mundo social, permeado de
exigências de toda ordem. A perspectiva intercultural da educação, aposta no
reconhecimento da complexidade da educação, questionando os aspectos centralizadores,
monoculturais do currículo nos instigando a pensar sobre os múltiplos aspectos de forma
radical. Não mais é possível considerar as diferenças culturais de maneira superficial,
trivializada, somos desafiados a pensar o currículo a partir do chão da escola considerando
todas as diferenças que a constituem. Não faz sentido, num mundo de globalização e
numa sociedade multicultural, continuar a veicular uma educação monocultural, o que
faz sentido é que a escola reconheça, a existência de diferentes manifestações culturais e
se predisponha a conhecê-las, tomando-as como ponto de partida para as aprendizagens
e como meio de enriquecimento de cada um e de todos.
ABSTRACT
In the current globalization era, one of the problems that hinder teaching practice is the
fear of change; it is the comfort with which the great majority of teachers develop their
practice, repeating outdated methodologies, and refusing to follow the new paradigms.
At school, the student lives in a world in constant evolution, with the dynamics and
complexities of a developing subject, with unique characteristics, involved, above all,
with relational plots, in a social context where family and community live together,
1 INTRODUÇÃO
A escolha por esta temática se deu a partir da convivência laboral à ofício de
educadora que está investigadora tem desempenhado ao longo de uma trajetória
profissional. E também está relacionada ao confronto surgido na vivência diária desta
investigadora enquanto professora do Sistema Modular de Ensino da rede Pública do
Estado do Amapá, onde se percebeu que os docentes de Língua Portuguesa ainda estão
muito arraigados ao currículo formal, dando pouca importância para o conhecimento que
os alunos trazem consigo, isto é, sem desenvolver a interculturalidade dos mesmos. Por
isso, este fenômeno escolar deve ser compreendido no decorrer da pesquisa.
A presente investigação pretende numa perspectiva qualitativa compreender como
os docentes de Língua Portuguesa desenvolvem a interculturalidade dos alunos a partir
do currículo formal, em sua prática pedagógica, destacar os vários tipos de educadores
que compõem o sistema de ensino modular e, também suas práticas crítico-reflexivas.
Não há como negar que o professor se tornou o centro da discussão em educação,
mesmo com os discursos sociológicos, curriculares, formativos, psicológicos, políticos,
dentre outros; a ação educativa está vinculada a ele e nada pode ser feito sem o mesmo.
Embora alguns considerem o aluno, ou a metodologia, ou o contexto, dentre outros, como
centro do processo educativo, tudo só se efetiva a partir da prática desenvolvida pelo
professor. Levando-se em consideração que a personalidade e a metodologia usadas na
sala de aula deixam transparecer a filosofia de vida do educador com a qual o aluno
convive e é influenciado, acredita-se que a prática docente está diretamente relacionada
com a formação integral do ser, o que vai além da transmissão de saberes.
2 DENOMINAÇÃO DE CURRÍCULO
De acordo com J. Gimeno Sacristán (2000), a denominação que hoje se dá ao
currículo é relativamente recente entre nós e perpassa, historicamente, por várias
definições, sendo entendido e estudado a partir de diferentes contextos culturais
pedagógicos, nos quais contam com maior tradição. Para se compreender melhor o
significado do contexto de currículo é necessário verificar a construção desses
significados para a escola, por meio do processo de ensino e aprendizagem.
A palavra currículo já era citada por Platão e Aristóteles, como uma maneira de
relacionar os conhecimentos a serem ensinados, e mais adiante, na educação universitária
da Idade Média e do Renascimento, na forma dos chamados trivium (gramática, retórica,
dialética) e quadrivium (astronomia, geometria, música, aritmética).” (SILVA, 1999, p.
26).
De acordo com Sperb (1976), currículo era o programa de ensino, uma lista de
matérias a estudar, sob a orientação do professor; o aluno memorizava, não importando o
ambiente escolar. Considerando o sentido etimológico da palavra currículo, do termo
latino curriculum, que expressa movimento progressivo, pode-se dizer que não houve
alterações profundas, mas não se pode deixar de assinalar as importantes variações que
surgiram no vocábulo, no uso e na apropriação deste pelo vocábulo pedagógico.
Segundo Sperb (1976), a UNESCO encara o currículo como todas as atividades,
experiências, materiais, métodos de ensino e outros meios empregados pelo professor ou
considerados por ele, no sentido de alcançar os fins da educação. (SPERB, 1976, p. 45).
Fins esses que estão atrelados às mudanças sociais pertinentes ao momento de cada
sociedade.
A título de ilustração, seguimos a transcrição da publicação da UNESCO, com
algumas interpretações de currículo em países como, por exemplo, França e Inglaterra.
Na França, a educação primária tem a finalidade dupla, de formação cultural e
utilitária. Primeiramente, o aluno deve receber o conhecimento suficiente a suas futuras
necessidades; a seguir, e acima de tudo, deve formar bons hábitos morais, uma
inteligência alerta, ideias claras, julgamento, reflexão, ordem e precisão no pensamento e
na expressão. A escola deve preparar a criança para a vida e cultivar-lhe a mente. [...] Na
Inglaterra, o currículo é compreendido como atividade e experiência, ao invés de
conhecimentos a serem adquiridos ou fatos a serem armazenados. Ao currículo cabe
desenvolver na criança a capacidade humana fundamental, acordando nela os interesses
fundamentais da vida civilizada. (UNESCO, apud SPERB, 1976, p. 45).
Assim, as transformações nos sistemas educacionais são constantes em épocas de
mudança da sociedade, pois da Educação depende a sobrevivência dessas transformações
sociais. Em decorrência disso, os currículos também sofrem mudanças.
Os primeiros pesquisadores observaram que um currículo escolar não surge por
acaso, nem se forma espontaneamente dos interesses e atividades das crianças, e nem
tampouco os programas, tópicos e subtópicos existem por acaso. Assim eles queriam [...]
planejar cientificamente as atividades pedagógicas e controlá-las de modo a evitar que o
comportamento e o pensamento do aluno se desviassem de metas e padrões pré-definidos.
(MOREIRA; SILVA, 1995, p.09).
Observa-se o currículo escolar como um instrumento eficaz para o controle social.
Sacristán (2000), alerta que disso resulta um conceito essencial para compreender
a prática educativa institucionalizada e as funções sociais da escola:
Não podemos esquecer que o currículo supõe a concretização dos fins sociais e
culturais, de socialização, que se atribui à educação escolarizada, ou de ajuda ao
desenvolvimento, de estímulo e cenário do mesmo, o reflexo de um modelo educativo
determinado, pelo que necessariamente tem de ser um tema controvertido e ideológico,
Para isso, de acordo com o autor, há de se ter uma intenção educativa que promova
esse crescimento do ser humano, conteúdos diferenciados na forma e na aplicação, como:
fatos, conceitos, princípios, atitude, normas, valores e procedimentos. (COLL, 2002, p.
13).
Entre os conteúdos expostos acima pelo autor, fatos, conceitos e princípios
correspondem ao compromisso científico da escola:
Transmitir o conhecimento socialmente produzido e que, atualmente, melhor
responde a nossa necessidade de explicar leis da natureza ou da vida social, bem como,
por extensão, resolver, pela tecnologia, questões de sobrevivência (biológica, cultural,
social etc.) (COLL, 2002, p.13).
Os conteúdos atitudes, normas e valores correspondem ao compromisso filosófico
da escola: “Promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma
dimensão maior, que dão razão e sentido para o conhecimento científico”. (COLL, 2002,
p. 13).
Coll articula o conteúdo procedimento por meio de outras formas de ação, como
num triângulo: objetivo, resultado e o meio de alcançá-los fora do qual nenhuma
aprendizagem da criança ou intenção pedagógica do professor serão concretizadas.
(COLL, 2002, P. 13).
Quanto à cultura, a definição que se deseja é a de sentido amplo, por entender que
a todo instante, na história das civilizações, podemos encontrar a preocupação com a
Educação. Mas, para evitar mal-entendidos, adotamos aqui a definição de cultura de
acordo com a citada por Cole e Wakai (1984) apud Coll (2002):
suas intenções e proporciona guias de ação adequadas e úteis para os professores, que são
diretamente responsáveis pela sua execução, pois para isso, o currículo proporciona
informações concretas sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e o que, como
e quando avaliar.
Nesta pesquisa, o currículo, de acordo com o MEC, que formaliza e recomenda,
mas, não determina sua aplicação. Dessa forma, o currículo se traduz nas metas dos
projetos educativo de cada sistema e em reelaboração destas, quando realizado em sala
de aula, pois depende das concepções e práticas dos professores.
O Currículo Formal é estruturado por diretrizes normativas prescritas
institucionalmente, sua intenção é dar uma base nacional comum à educação, destacando
uma abertura a influências regionais, como aponta a LDB. 9394/96 e serve como uma
espécie de roteiro/manual para os professores se orientarem diante da prática pedagógica,
estabelece metas a serem cumpridas para alcançar um objetivo final.
O espaço escolar tem sofrido, grandes mudanças desde os fins do século XVIII,
quando começaram a surgir, por toda a Europa, pequenas escolas para retirar da rua
crianças filhas das classes trabalhadoras que eram obrigadas a abandonar os filhos
enquanto trabalhavam. A escola, que tinha sido criada apenas para elites, foi, lentamente,
alargando a sua base de recrutamento a clientelas sociais diversas que a foram
transformando numa escola de massas e de contato entre grupos de diferentes culturas.
Muitas são as formas de acesso ao conhecimento, não se pode atribuir somente à
escola a exclusividade desta função. As escolas estão cada vez mais desafiadas a enfrentar
os problemas decorrentes das diferenças, cultural, étnica, social, religiosa, etc., dos
sujeitos e atores. Diante destas diferenças, a escolas se pautam na racionalidade da
modernidade, calcada na lógica do mercado, hierarquizando e padronizando
comportamentos, valores, conhecimentos, considerando superiores aqueles herdados da
tradição europeia, cristã, branca, heterossexual, machista e inferiores aqueles produzidos
fora dessa tradição. Esses conhecimentos, produzidos nas margens que hoje desafiam a
escola.
onde a diversidade e o multicultural são, cada vez mais, aspectos que as caracterizam, não
faz sentido a continuação do privilégio dos currículos nacionalistas e etnocêntricos, em
que apenas alguns se revêem e se sentem legítimos” (Leite, C., 1997: 207). E é aqui que
reside um dos grandes desafios da escola de hoje e do exercício profissional de cada um
de nós, professores e professoras. A concretização dessas ideias exige a capacidade de
intervir, nos currículos, nos programas nacionais com inovações que crie um ambiente de
aprendizagem onde cada aluno, se sinta presente no espaço escolar e, do ponto de vista
da aprendizagem, tenha condições para sistematizar os saberes decorrentes das suas
experiências e adquirir saberes relacionados com as experiências de outros.
Não faz sentido, num mundo de globalização e numa sociedade multicultural,
continuar a veicular uma educação monocultural, o que faz sentido é que a escola
reconheça, a existência de diferentes manifestações culturais e se predisponha a conhecê-
las, tomando-as como ponto de partida para as aprendizagens e como meio de
enriquecimento de cada um e de todos.
3 PROCEDIMENTOS METODÓLGICOS
Nesta etapa descreve-se como se realizou a investigação para atingir o objetivo
proposto neste estudo. Apresenta-se tipo e o nível da investigação adotada para esta
pesquisa, as características das amostras os instrumentos utilizados, como também
procedimentos adotados para coleta de dados. A pesquisa teve como enfoque o método
qualitativo, cuja reunião auxilia no entendimento que se deseja para o estudo. A pesquisa
qualitativa trabalha com o exame rigoroso da natureza, das interpretações possíveis para
o fenômeno estudado, ela proporciona melhor visão e compreensão do texto do problema,
através das ações sociais individuais e grupais. A investigação do objeto, levando-se em
conta o nível da pesquisa, os objetivos, tanto geral como específicos deu-se através de
expressões da pesquisa descritiva, pois teve por premissa buscar a descrição de problemas
relacionados a prática pedagógica dos docentes de Língua Portuguesa para
desenvolverem a interculturalidade dos alunos a partir do currículo formal, por meio de
observação, análises e descrições objetivas, através de entrevistas para padronização
como padrão textual.
Foram entrevistados 03 (três) professores de Língua de Portuguesa que exercem
atividade laboral no Sistema Modular do Ensino Médio.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Respondendo ao objetivo geral desta investigação que é compreender como os
docentes de Língua Portuguesa desenvolvem a interculturalidade dos alunos a partir do
currículo formal em sua prática pedagógica, no Sistema Modular de Ensino Médio Estado
do amapá - Brasil.
Observando o relato dos professores que participaram da entrevista, trabalham o
currículo intercultural, a pesar de usarem metodologias diferentes em sala de aula.
Os professores que participaram da entrevista aproveitam os saberes que os alunos
trazem em sua bagagem cultural, e utilizam aproveitam esses saberes na produção de
textos respeitando a variedade linguística pertencentes as comunidades rurais onde
funciona o Ensino Modular.
Observou-se também que os professores afirmaram in lócus que o princípio básico
para se trabalhar a interculturalidade do aluno é o reconhecimento do respeito as
diferenças, e neste sentido a prática pedagógica deve-se voltada para harmonização dos
mais diferentes grupos sociais, etnias, religião, aja vista, que os alunos do Sistema
Modular de Ensino são muito ecléticos.
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