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0. Introdução
Nos modelos de formação de professores há três aspectos que podem contribuir para uma melhor
clarificação do significado do conceito de currículo:
Estes aspectos constituem os três pilares do currículo, que estão em estreita relação entre si, e
que correspondem ao saber, ao poder e à identidade, respectivamente (SILVA, 1999).
Os conflitos gerados na construção do currículo resultam, por um lado, da dinâmica das práticas
sociais resultantes das transformações políticas e tecnológicas.
CAPÍTULO I
Antes de definir o currículo local como tal, importa contextualizar os conceitos Local ou o
Regional. Considera-se Local ou regional como sendo o espaço geográfico com alguma unidade
cultural, económica, social não livre de contradições internas e com outras regiões ou locais, isto
é, sempre não pode haver homogeneidade na sociedade.
A educação básica moçambicana está actualmente orientada para o reconhecimento das culturas
locais. Trata-se de uma estratégia de criação de diálogo entre as narrativas, ou melhor, entre as
racionalidades tradicional e moderna. Nesta ordem de ideias, tem-se estado a defender, ao nível
comunitário, a criação de condições para uma coexistência equitativa e activa entre as meta-
narrativas, que são os conhecimentos globalizantes, e as mini narrativas, que são os saberes
locais (CASTIANO, 2006).
Esta visão de diálogo entre narrativas, ou diálogo intercultural, permite a priorização de uma
educação básica inclusiva. É um desafio aos países em desenvolvimento para a reconstituição de
suas culturas, de modo a serem cada vez mais valiosas local e globalmente. A política curricular
deste país prescreve que no ensino básico, 20% do tempo de cada disciplina são para a
leccionação de conteúdos locais. Tem, pois, em consideração a necessidade de articulação dos
saberes formais, herdados e reconhecidos globalmente, com os saberes locais, em prol do
desenvolvimento sustentável de cada aluno, de sua família e da comunidade em que estiver
integrado (VARELA, 2013).
O currículo local foi introduzido no âmbito das mudanças políticas, sociais, e culturais ocorridas
em Moçambique como resultado do ganho da independência, após cinco séculos de colonização
portuguesa. O local não é um espaço que pode ser determinado apenas geograficamente.
Efetivamente, compreende o espaço em que se situa a escola, comportando consigo vivências e
anseios da comunidade em que está inserida, cabendo a mesma comunidade definir o que
gostaria que os seus filhos aprendessem. A seleção de conteúdos pode, pois, incluir material não
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Nesta sequência, SOUSA (2010) elucida que Currículo Local é uma componente do currículo
nacional que integra aspectos de cultura local. O currículo local constitui uma das inovações
fundamentais que vai perpassar todo o sistema do ensino moçambicano. O currículo implícito diz
respeito à mensagem que passamos com a nossa atitude em relação à escola, aos alunos ou
outros aspectos do contexto educacional. Os saberes locais são apropriações das construções das
experiências vividas. Eles constituem uma base para aprendizagem local e são fundamentais para
a redução da distância entre cultura científica e a cultura local. Em contextos de autonomia
curricular é imprescindível a acção escolar baseada na inteligência curricular. Autonomia
curricular significa, pois, que a escola tenha autorização, em certa medida, para o
desenvolvimento curricular. Nisso, é imprescindível a garantia de uma racionalidade escolar que
seja orientada para a produção de conhecimentos locais.
Neste contexto de articulação entre os saberes universais e locais, tem muita importância entre
outros aspectos, considerar os conhecimentos prévios dos alunos; propor uma aprendizagem
cooperativa; promover a metacognição; despertar a motivação; estimular a autonomia, a
criticidade e criatividade; estabelecer relações dialéticas entre pensamento e conhecimento.
A função de ensinar para fazer aprender tornou-se mais exigente, sobretudo no que tange ao
conhecimento desejável, sendo que a colaboração e troca recíproca de conhecimentos elevam o
intercâmbio e envolvimento dos professores, podendo contribuir para a construção da identidade
desta profissão.
formandos adquirida no quotidiano social e/ou na rotina escolar através de alguns modelos e ou
personagens de referência.
Estes são pressupostos que contribuem para aumentar a expectativa e motivação para a profissão
docente, bem para a construção da imagem do professor.
Segundo DA SILVA (s/d), Currículo Local é um campo curricular marcado por um paradoxo
curioso: desvalorizado ou subvalorizado por alguns sectores mas simultaneamente bem visto e
em grande pujança por outros, pois alguns menosprezam os saberes locais por entenderem que,
na maior parte dos casos, são escritos ou praticados por curiosos, sem escola, sem formação
universitária ou com formação universitária não específica.
Quanto a este princípio, DONNER (2012), em: Cultura Local: discutindo conceitos e pensando
na prática, afirma que o alcance dos livros de história dos municípios, das regiões é significativo,
pois este material é utilizado nas escolas como um “manual”, é relembrado nas festas e datas
comemorativas da região e é ali que muitos dos mitos de fundação da cidade e do povoado estão
escritos. Os autores destes trabalhos podem ser historiadores amadores ou profissionais, mas, em
geral, são pessoas vinculadas com comunidade pesquisada. Pelo seu apelo junto à comunidade,
este material torna-se um espaço para formação de identidades e memórias colectivas.
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Neste contexto, ASSIS, BELLÉ & BOSCO (2006), na obra de título: O ensino da Cultura Local
e sua importância, defendem que ao se pensar no ensino de Cultura e Cultura local, deve-se
priorizar a pesquisa, o aluno não pode acreditar que o conhecimento que o professor lhe
transmitiu é único e incontestável. O professor em seu papel mediador, ou orientador, deve
possibilitar que o aluno construa, através da pesquisa direccionada, novos conhecimentos. O
processo de pesquisar faz com que o aluno armazene esse conhecimento, não é como na
memorização que pode ser esquecida conforme o tempo passa.
Entretanto, para NOGUEIRA & SILVA (2010), no seu trabalho: Os desafios para a construção
de uma cultura local, ensinar Ciências Sociais é um desafio enfrentado no dia-a-dia do professor,
pois cabe a ele socializar, em sua prática docente, os conhecimentos adquiridos durante sua
experiência profissional, frente aos obstáculos diários enfrentados nas salas de aula, criando a
possibilidade de tornar o ensino de Ciências Sociais mais próximo e interessante ao educando.
Não existem fórmulas preestabelecidas, mas um conjunto de habilidades que podem e devem ser
colocadas em prática pelo professor em suas aulas. A este profissional cabe a função de ensinar
e, ao mesmo tempo, produzir a História, principalmente aquela que possibilite ao educando
interagir mais directamente com o que é ensinado, como meio de aproximar cada vez mais o
aluno da História de sua localidade e da sua vivência.
O conhecimento desejável da profissão docente será então, aquele saber racional e, também
empírico que resulta de uma profunda tomada de consciência pela reelaboração e transformação
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Significa que há uma necessidade de enaltecer-se o papel do saber local para a vida do homem e
as formas como ele deve ser aprendido, a compreensão dos conceitos básico em Ciencias Sociais
como o tempo e espaço, onde a sua aprendizagem deve acompanhar os estágios do
desenvolvimento da criança, do mais simples ao complexo, desde o ontem, hoje e amanhã; antes,
agora e depois e depois; nos acontecimentos e factos seculares, por fim, conhecer o passado, o
presente e o futuro previsível e tantos outros autores. (PROENÇA, 1990)
2. Referências bibliográficas