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RA: 8175584
PORTFÓLIO:
4º Ciclo de Aprendizagem
Disciplina:
2022
1. INTRODUÇÃO
Por muito tempo o ensino das disciplinas envolvidas nas áreas de Ciências da
Natureza e Ciências Humanas não eram foco nos currículos das escolas tradicionais,
sendo o seu ensino disponibilizado mais comumente aos filhos de famílias abastadas
economicamente, por professores particulares, e de acordo com os interesses
particulares de cada um.
A realidade do ensino das ciências de um modo geral ganha mais ênfase nas
escolas brasileiras, a partir da década de 1960, época na qual a Lei de Diretrizes e
Bases tornou o ensino de ciências obrigatório para todas as séries do curso ginasial.
Entretanto, predominava na época a metodologia de ensino tradicional pautada na
transmissão-recepção de conhecimentos, processo no qual o aluno era passivo e as
aulas predominantemente expositivas.
Diante desse cenários, os alunos não se viam como atores ativos no processo
de aprendizagem, nem se viam como agentes importantes no processo do fazer
ciência. Não refletiam sobre as tecnologias e conhecimentos naturais e sociais
existentes com o objetivo de intervir nessa realidade como agentes de transformação
social.
Tal visão foi se transformando ao longo dos anos até ganhar espaço a partir
dos anos 2000 com as teorias críticas da educação como áreas do conhecimento que
tinham caráter emancipatório e libertador, como tratada por autores como Paulo
Freire. Nesse sentido o papel das Ciências da Natureza e Humanas passam a ter um
formato mais reflexivo e contextualizado, partindo do conhecimento de mundo que os
alunos já trazem de suas vivências de fora da escola e refletem sobre elas,
problematizando, resinificando saberes e produzindo conhecimentos científicos.
Diante da importância social e científica que essas áreas tomaram ao longo dos
anos é que a Base Nacional Comum Curricular deu ênfase a elas, como relevantes
saberes para o desenvolvimento integral dos alunos, como elementos através do qual
estes podem conhecer o mundo físico e social e nele intervir, além de serem
ferramentas importantes para o desenvolvimento de habilidades de argumentação,
reflexão, noção de tempo, não só o cronológico, mas também o histórico, noções de
espaço, localização, além do desenvolvimento da cidadania, que é elemento central
no desenvolvimento humano, considerando a sociedade democrática de direito na
qual estamos inseridos hoje.
2. OBJETIVOS
Diante da relevância das áreas de Ciências da Natureza e Humanas, como já
demonstradas acima, o presente trabalho tem como objetivos compreender como se
dá o ensino dos componentes curriculares a elas relacionadas, tais como história,
geografia e ciências, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Ressalta-se que para o alcance do objetivo acima mencionado foram
observadas aulas na turma de 3º ano do Ensino Fundamental, turno vespertino, na
Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Raimundinho, localizada no
município de Marabá/PA.
Outro objetivo do presente trabalho seria contribuir, através da construção de
planos de aulas, para o ensino aprendizagem nessas áreas, a fim de favorecer
experiências didático-pedagógicas que estimulem a curiosidade sobre as realidades
social e física acerca da comunidade local.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para a construção do presente trabalho nos apoiamos nas normas legais
vigentes no Brasil acerca da educação, em especial na Base Nacional Comum
Curricular, que é um dos mais importantes instrumentos para que as escolas elaborem
seus projetos pedagógicos e construam seus currículos. No entanto, cabe ressaltar
que a norma em questão não se faz de observância obrigatória e impositiva, mas tenta
auxiliar na organização dos caminhos que se vão trilhar no ensino das áreas do
conhecimento e seus componentes curriculares. Sendo assim, a BNCC apresenta um
modelo para a organização das habilidades, mas que não é obrigatório.
A BNCC ao tratar dos anos iniciais do Ensino Fundamental se preocupa com
esse momento de transição da etapa da Educação Infantil para o início do Ensino
Fundamental, pois tem como objetivo a integração dos conhecimentos e a
continuidade dos processos de aprendizagem. Para isso, parte das experiências da
etapa anterior para o aprofundamento de conhecimentos. Nesse ponto, o professor é
importante articulador de estratégias para garantia da continuidade desse percurso,
sem contudo estabelecer uma ruptura que despreze as experiências prévias.
Portanto, nos anos iniciais do Ensino Fundamental o professor irá sistematizar
os conhecimentos trazidos da Educação Infantil, com vistas a proporcionar novas
experiências que desenvolvam novas formas de relação com o mundo, outras
possibilidades de olhar e interpretar esse lugar e essas relações, observando
fenômenos, sejam sociais ou naturais, formulando hipóteses e reflexões,
experimentando, testando, refutando ideias e chegando a conclusões, se
reconhecendo como sujeitos ativos na construção de conhecimentos.
Tratando especificamente da área de Ciências da Natureza, componente
curricular ciências, o trabalho do professor deve ser contextualizado, como já
mencionamos, com o uso de atividades lúdicas e recursos tecnológicos, que garantam
a aproximação das linguagens da ciência com o ambiente da sala de aula. Assim entra
em cena o letramento científico ou alfabetização científica.
Nesse aspecto, o Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa – Ciências
da Natureza no Ciclo de Alfabetização, descreve a alfabetização científica como:
[...] um processo que deve articular: domínio de vocabulário,
simbolismos, fatos, conceitos, princípios e procedimentos da ciência; as
características próprias do “fazer ciência”; as relações entre ciência, tecnologia,
sociedade e ambiente e suas repercussões para entender a complexidade do
mundo possibilitando, assim, às pessoas, atuar, avaliar e até transformar a
realidade. (PNAIC 2015, CADERNO 8, p. 9)
Para que os alunos se tornem esses sujeitos ativos, produtores de
conhecimento o professor deve pautar-se em atividades que estimulem a curiosidade,
despertando o interesse investigativo. Sendo assim, a problematização assume
centralidade no processo de aprendizagem.
Assim, conforme Zabala (1998), é preciso que o professor crie situações de
conflitos que desestabilizem os conhecimentos prévios dos alunos, para criar
situações de aprendizagem que os façam refletir que os conhecimentos que tinham
por já totalmente explicados e encerrados possam ter novas formas de serem
concebidos e apresentados.
Nesse processo a problematização pode e deve se aliar as mais variadas
estratégias pedagógicas para alcançar o objetivo de desenvolvimento do aluno que
incide sobre sua realidade, tais como uso do livro didático, aulas experimentais em
laboratório e ambientes abertos, aulas expositivas, com o posterior favorecimento de
diálogo, debates, pesquisas, dentre tantos outros recursos.
Quanto a área de Ciências Humanas, a BNCC a divides nos componentes
curriculares de história e geografia, essa área tem como objetivo principal estimular a
contextualização do mundo através dos conceitos principais de tempo e espaço.
Nesse sentido, preocupa-se com os conhecimentos historicamente construídos e com
a valorização e respeito das diferenças socioculturais que são percebidas ao longo da
existência humana.
No ensino da geografia os alunos devem ser estimulados a relacionar o espaço
geográfico com o as construções históricas e as relações entre as sociedades e a
natureza, levando a reflexões sobre o sujeito ativo que é responsável por essas
transformações, sendo capaz de se identificar então como sujeito social ativo.
Nas anos iniciais do ensino fundamental essas noções serão introduzidas a
partir da reflexão sobre o cotidiano dos alunos, a fim desenvolver noções de
localização, características socioespaciais, distribuição e ocupação dos territórios, etc.
Assim, a geografia vai se ater ao estudo de relações sociais, culturais e também
físicas, podendo então o professor lançar mão de recursos como mapas, gráficos,
legendas, que sãos formas de representação do conhecimento geográfico
amplamente utilizadas para descrever o mundo, sendo assim parte importante do
ensino nessa etapa da escolarização.
A geografia contribui ainda, segundo o BNCC, para:
[...]a formação do conceito de identidade, expresso de diferentes formas: na
compreensão perceptiva da paisagem, que ganha significado à medida que,
ao observá-la, nota-se a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas relações
com os lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social;
na identidade cultural; e na consciência de que somos sujeitos da história,
distintos uns dos outros e, por isso, convictos das nossas diferenças. (BNCC,
2018, p.359)
Quanto ao componente curricular de história também serão trabalhadas as
relações sociais entre os seres humanos e destes com o espaço e a cultura, por um
olhar distinto do da geografia. Na história o elemento tempo é central para
compreensão dos fatos históricos e para desenvolver a noção de passado, presente
e futuro, fazendo reflexões conexas sobre esses tempos, a fim de refletir sociedade,
política, conflitos, pluralidade cultural, enfim, para desenvolvimento de capacidade
crítica.
Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, essas noções serão introduzidas
partindo da própria cronologia biológica, para depois conectar essa ideia de passar do
tempo com eventos sociais, culturais e políticos relevantes para a construção das
relações sociais.
Como nessa fase as crianças ainda apresentam dificuldades para o manejo de
conhecimentos abstratos, o professor deverá partir da realidade mais próxima dos
alunos e depois ampliá-las para o mundo. Assim, pode por exemplo trabalhar sobre a
história das famílias, da escola, do bairro, da cidade, do estado, do país, e assim,
sucessivamente. Importantes recursos pedagógicos então, serão as pesquisas,
entrevistas com familiares e membros da comunidade, visitas a museus, bibliotecas,
acesso a livros históricos, etc. além de promoção de debates e diálogos sobre as
descobertas históricas dos alunos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática pedagógica foi um momento crucial na execução da disciplina, uma
vez que permitiu o contato com os alunos e professores para compreender os desafios
da docência mais de perto, bem como poder observar a real articulação da BNCC e
suas propostas refletidas nas aulas dos componentes curriculares em questão.
Além disso, a prática reforçou a importância que tem o professor no
desenvolvimento da aprendizagem para estimular que os alunos sejam sujeitos ativos
do processo educacional e que se percebam como agentes de transformação de suas
realidades e da sociedade na qual estão inseridos.
O processor, portanto, apesar das dificuldades do dia a dia, é o principal
propulsor do pensamento crítico, do estímulo a curiosidade pelas ciências e pelas
noções de cidadania, ética, respeito a diversidades, entre tantos outros princípios
preconizados na BNCC e nas demais normas legais brasileiras a respeito da
educação.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS