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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - IFES

LICENCIATURA EM LETRAS

CAROLINA STUSSI RODRIGUES


EDUARDA GUIMARÃES RIBEIRO
JÉSSICA BIANCHI MARTINS
JOSÉ CARLOS SIQUEIRA
MÔNICA RINA MARTINS DOS SANTOS
OLGA RODRIGUES VICENTE FERNANDES

INCLUSÃO DE SURDOS NO AMBIENTE ESCOLAR: CONVIVÊNCIAS,


POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Domingos Martins
2017
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - IFES
LICENCIATURA EM LETRAS

CAROLINA STUSSI RODRIGUES


EDUARDA GUIMARÃES RIBEIRO
JÉSSICA BIANCHI MARTINS
JOSÉ CARLOS SIQUEIRA
MÔNICA RINA MARTINS DOS SANTOS
OLGA RODRIGUES VICENTE FERNANDES

INCLUSÃO DE SURDOS NO AMBIENTE ESCOLAR: CONVIVÊNCIAS,


POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Trabalho final da disciplina de Transtornos da


linguagem do curso de Letras na modalidade à
distância e oferecido pelo Instituto Federal do
Espírito Santo, como requisito final de avaliação da
disciplina.

Professor Formador: Ilioni Augusta da Costa


Tutor Presencial: Rita de Cássia N. M. Simões
Tutor à Distância: Sidnilla Ferreira c. de Souza

Domingos Martins
2017
1. INTRODUÇÃO

Criado por Charles-Michel por volta da metade do século XVIII, a linguagem de


sinais se tornou uma porta para as pessoas portadoras de deficiência auditiva. Esse
método criado para alfabetizar, hoje uma linguagem universal, se tornou um direito
de todos aqueles que por algum motivo foram privados da capacidade de ouvir e
falar. Atualmente inserir jovens, adultos e crianças dentro do mundo comunicacional
se tornou uma meta, uma necessidade e uma realidade das escolas brasileiras. Este
ensaio tem como objetivo discutir justamente a inclusão de crianças surdas no nível
fundamental de ensino (educação infantil e ensino fundamental). As conquistas já
realizadas, principalmente nas escolas públicas em relação à aquisição da
linguagem para surdos, e as dificuldades que ainda persistem são temas pertinentes
que merecem um olhar mais atento de docentes, pesquisadores e sociedade para
que haja uma efetiva inserção dessas pessoas no mundo comunicacional.

2. LINGUAGEM DE SINAIS E PERSPECTIVAS POSITIVAS DA INCLUSÃO DE


SURDOS.

As línguas de sinais são assimiladas por meio da visão, fazendo uso de movimentos
das mãos, face e do corpo. Ensinar a linguagem de sinais na escola é um dever do
estado, previsto na política nacional de educação, onde os deficientes auditivos
devem ser escolarizados tanto na língua brasileira de sinais (Libras - L1) como sua
primeira língua, quanto no português escrito (segunda língua L2). (MESQUITA,
2017).

O ensino é aplicado por meio de elementos visuais e metodologias diversas que


buscam adequar-se para promover o melhor entendimento possível. Entretanto, uma
das principais dificuldades encontradas pelos alunos surdos baseia-se no fato da
aula ministrada pelo professor ouvinte ser aplicada em português como língua
principal e não em libras, então, mesmo que tenha a presença de um profissional
intérprete, ocorre dificuldade em assimilar estas duas línguas. (MESQUITA, 2017).
Sendo algo tão essencial, a aplicação do ensino de libras para surdos é um fator de
grande relevância e prioridade pois revela aspectos positivos, uma vez que trata-se
do reconhecimento quanto a sua particularidade e identidade linguística,
modificando a forma com que este venha interagir-se com o meio em que está
inserido, além de dar-lhe ferramentas para desenvolver-se em pontos igualitários
quando comparado a indivíduos ouvintes por meio do desenvolvimento intelectual e
crítico, bem como adentrar ao ensino superior e ser inserido no mercado de
trabalho.

3. DESAFIOS DA INCLUSÃO DO ALUNO SURDO

O conceito de inclusão é muito mais amplo do que se imagina. Envolve não só


apenas ser matriculado em uma instituição de ensino, mas a inserção efetiva do
aluno com deficiência em seu ambiente escolar. Nesse ambiente o aluno com
necessidades especiais, além de estar presente na sala de aula, deveria interagir
com os demais, sentir-se confortável e ter as mesmas oportunidades que os outros.
Porém, o aluno surdo enfrenta o desafio de possuir uma língua diferente do restante
de seus colegas, o que dificulta sua comunicação e consequentemente sua inclusão
real no convívio social escolar.

Muito tem sido feito em torno das políticas inclusivas desde criações de leis e
decretos que oficializam a educação inclusiva de surdos, até movimentos e
organizações que lutam pela causa. Porém, é preciso considerar que cada
localidade é diferente em seus valores sociais, culturais e éticos, e por isso, a
inclusão não ocorre da mesma forma em todos os lugares.

Sobre isso, as autoras Chagas, Santos e Souza (2012, p. 5) destacam as ideias de


Barbosa apud Ferreira et al. (2010) que defendem que “[...] a inclusão de alunos
surdos na rede regular não se limita ao ingresso do mesmo, mas requer uma
igualdade de oportunidades a todos os alunos, sem distinção, com professores
capacitados e comprometidos.”

Outro desafio também enfrentado pelo surdo é o próprio aprendizado da Língua


Brasileira de Sinais (LIBRAS), uma vez que isso tem ocorrido de maneira tardia,
dificultando assim a associação com a Língua Portuguesa e com isso, dificultando a
comunicação e inserção do surdo na comunidade. Ainda é preciso considerar que,
mesmo sendo alfabetizado em LIBRAS e Língua Portuguesa, o aluno surdo se
depara com a dificuldade de se comunicar uma vez que os demais colegas e até
professores não tem conhecimento da linguagem de sinais.

É preciso considerar que apenas o ensino de LIBRAS para o aluno surdo não vai
resolver todos os problemas que o mesmo enfrenta para sua socialização e para um
aprendizado efetivo. É necessário promover uma mudança em todo ambiente
escolar, ou seja, “o fator inclusão” deve estar presente em todos os locais da escola
e não apenas na sala de aula onde o aluno estuda. É uma transformação que deve
ser adotada por todos na comunidade.

4. METODOLOGIA: ESTUDO DE CASO

A metodologia deste ensaio constitui em uma pesquisa qualitativa exploratória


baseado em um estudo de caso nas práticas de duas docentes e uma intérprete de
LIBRAS. Realizado em uma escola municipal e estadual na cidade de Guarapari
/ES. O estudo de caso consiste na investigação de pequenos grupos tendo como
objetivo entender fatos e fenômenos sociais. Como afirma (MICHEL, 2009, p.54) o
estudo de caso surge da necessidade de se perguntar como e /ou por que.

4.1. Sujeitos da Pesquisa

Professoras formadas em Pedagogia tendo como tempo de docência entre 3 e 10


anos. Em relação às docentes em um momento de suas práticas tiveram em suas
salas de aula uma criança surda, menos a intérprete que atua em outras escolas e
costuma ter mais contato com as crianças em estudo.

4.2. Instrumento de Pesquisa e Análises

Foi aplicada uma entrevista, por meio de questionários fechados, elaborados de uma
forma clara, objetiva e bem discriminado aplicado via Google docs. Todas as
profissionais afirmam que a rede em que atuam promove formações específicas
para conhecer e lidar com este tipo de necessidade educativa. Somente uma
docente afirma não ter tido na sua formação docente contato com a língua de sinais
(LIBRAS). Todas elas contam com o apoio de uma intérprete dentro da sala de
aula.A professora do estado ainda afirma que o aluno tem direito a um intérprete no
contraturno.Já a professora da educação infantil disse permear com a linguagem de
sinais toda a sua prática desde a rotina, hora do conto e outros momentos , sempre
incluindo-a nas atividades. Em relação aos maiores desafios encontrados segue os
seguintes relatos:

Maior desafio para mim e quando o surdo iniciante começa aprender


a linguagem de sinais, para saber se está compreendendo o que
está sendo passado. (Intérprete de sinais)
A minha aluna surda tem apenas 6 anos e ainda não domina a
linguagem de sinais. Então, a comunicação nem sempre se
concretiza. (Professora de Educação Infantil)
Adaptação de atividades para determinados conteúdos, com
matérias mais específicas como história, geografia e ciências.
(Professora do Ensino fundamental)

Diante do exposto e do observado em campo, apesar dos desafios, é nítido o


avanço de crianças surdas nos dois níveis de ensino. Além do direito garantido do
acesso e principalmente o fato da criança notar que pode ser compreendida, pode
se expressar e que ela faz parte também daquele grupo. As crianças ouvintes
naturalmente reproduzem e se interessam pelas LIBRAS o que torna possível a
convivência e o aprendizado entre elas.

5. CONCLUSÃO

Este ensaio destaca o processo de inclusão de crianças surdas no nível fundamental


de ensino e os desafios enfrentados para tal inserção. O uso da LIBRAS – Língua
Brasileira de Sinais permite que os alunos alcancem níveis consideráveis no ensino.
A socialização é outro aspecto importante, pois a criança passa a ter um sentimento
de pertencimento em relação ao grupo escolar. As crianças ouvintes tem o interesse
despertado pela LIBRAS e se atentam para o convívio, que resultará em
aprendizado.
Conclui-se então, que apesar dos desafios para ingressar as crianças surdas no
âmbito da comunicacional, existe uma crescente busca para torna-las parte efetiva
do ensino infantil.

6. REFERÊNCIAS

CHAGAS, Yasodaria Maria Mota. SANTOS, Maria Viviane dos. SOUZA, Margarida
Maria Pimentel de. Educação inclusiva para surdos: desafios e perspectivas.
Parnaíba: IV Fórum Internacional de Pedagogia, 2012.

GÓES, Maria Cecília Rafael de. VIEIRA, Claudia Regina. Educação de surdos:
problematizando a questão bilíngue no contexto da escola inclusiva. Piracicaba:
Universidade Metodista de Piracicaba, 2011.

MESQUITA, Leila Santos. Políticas Públicas de Inclusão: O acesso da pessoa


surda ao ensino superior. Revista Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 1,
p. 255-273, jan./mar. 2018, epud, set. 2017. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-
62362018000100255&lang=pt. Acesso em 14/12/2017 às 14:20

MICHEL, Maria Helena. Metodologia e pesquisa científica em Ciências Sociais.


2.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

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