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Raquel Ferreira Luppi

Título: Teorias da Educação e Estudos Surdos.

Londrina
2022
Raquel Ferreira Luppi

Título: Teorias da Educação e Estudos Surdos.

Trabalho apresentado às
disciplinas:Línguas Brasileiras-LIBRAS e
Teorias da Educação. Professora: Carolina
Guerreiro Leite.

Londrina
2022
Introdução:

Na valorização da pedagogia surda enfatiza-se a imersão da filosofia da vida do Ser


Surdo. É a pedagogia que volta e reverbera permanentemente. É a pedagogia da
mesmidade, da identidade lingüística dos surdos. Wilson Miranda

A inclusão, nos dias atuais é alvo de debates, e provoca muitos questionamentos


principalmente por ser um assunto voltado para grupos minoritários da sociedade.

Com o avanço na legislação referente às pessoas com necessidades educacionais


especiais - e nesse contexto poderíamos citar a Lei de Diretrizes e Base da
Educação Nacional (Lei nº. 9394/1996) e a Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva Inclusiva (2008) - o aluno com NEE precisa estar matriculado em
uma escola de ensino regular, e para tal são necessárias alterações no sistema
educacional não com o objetivo de integrá-lo apenas, mas na busca de uma inclusão
que migre do campo da utopia para o campo da realidade.

Tratando da inclusão de pessoas surdas, este sujeito está inserido numa sociedade
ouvinte, que possui uma linguagem diferenciada. Enquanto a maioria pratica uma
modalidade de língua oral-auditiva (a Língua Portuguesa), a Língua Brasileira de
Sinais, se coloca como ferramenta linguística na modalidade visual-motora, de
grande importância na inserção e inclusão do surdo em sociedade, parcela essa
minoritária da população. A escola por sua vez precisa mediar o desenvolvimento
desse sujeito, enfrentando grandes desafios pela falta de profissionais capacitados
para auxílio aos sujeitos com surdez.

Nesse sentido, esse trabalho tem por enfoque compreender as práticas


educacionais que envolvem o bilinguismo e o social do sujeito surdo, visando
melhorias nos processos de ensino e aprendizagem no contexto escolar, bem como
na construção de sujeitos críticos e pensantes, numa perspectiva inclusivista.

A luta desses sujeitos vem ganhando força principalmente a partir da


regulamentação da Língua Brasileira de Sinais (Libras), como previsto pela Lei nº.
10.436 de 24 de abril 2002, sancionada pelo presidente Fernando Henrique
Cardoso. Vale ressaltar ainda, o Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que
ressalta a importância da Libras na educação das pessoas surdas. Destaca ainda a
necessidade de se implantar a educação bilíngue, na qual se faz presente a Libras e
a Língua Portuguesa, e ao mesmo tempo está claramente motivado pela perspectiva
da inclusão.

Partindo dos desafios acerca da inclusão do surdo, emergem alguns


questionamentos: Como seria uma proposta de Feira em que os alunos surdos se
sentissem integrados? Quais seriam os temas trabalhados e formas de trabalho com
vistas ao aprendizado e à participação completa dos visitantes? Como seriam os
momentos de integração entre surdos e não surdos? Quais seriam as partes do
projeto que você entregaria para a gestão e o que teria em cada uma dessas
partes?

Entendemos que, enquanto o surdo precisar se adequar à escola,a inclusão


continuará no campo utópico. Professores desqualificados, intérpretes sem
formação específica, diretoria e alunos preconceituosos e sem conhecimentos
necessários sobre a língua e cultura surda, ilustram a realidade de muitas escolas
que erroneamente intitulam-se "inclusivas".

Acreditamos que a partir do momento em que a prática de Libras é respeitada no


contexto educacional, esta se tornará importante para os membros desse grupo
social e ferramenta amplificadora na inclusão do sujeito surdo em sociedade.
Extrapolamos ainda para o fato de que a inclusão é benéfica não apenas para o
sujeito surdo, mas para todo o corpo escolar, uma vez que:

Por meio de Grande (2006, p. 37)

Quanto mais à criança interage espontaneamente com situações diferenciadas mais ela
adquire o genuíno conhecimento, sendo assim, a inclusão é benéfica a todos, pois faz com
que as crianças tenham oportunidade de conhecer e conviver com a vida humana em todas
as suas dimensões e desafios (GRANDE, 2006, p. 19).
É importante lutarmos pela inclusão do surdo, respeitando suas individualidades, e
para que essa inclusão aconteça de forma plena é preciso compreender que, além
da inserção do surdo no contexto social, devemos galgar pela educação e
profissionalização desse sujeito.

Partindo desse pressuposto podemos afirmar que, para que aconteça a tão
esperada formação do sujeito surdo é preciso que se ponha em prática o que diz a
Lei, que o aluno esteja inserido na escola regular como partícipe do contexto social
comum e que a escola, proporcione o atendimento adequado para esse sujeito se
desenvolver.

É a partir das relações interpessoais que o sujeito passa perceber qual é o real
sentindo estar inserido nesse contexto ouvinte e que a troca de conhecimentos
serve como mola propulsora para seu desenvolvimento, profissional e também como
um facilitador na sua formação quando se chega a Ensino Superior

A inclusão de alunos surdos é um desafio educacional e social, e pretendemos por


intermédio deste estudo, apresentar as dificuldades e possibilidades que envolvem a
vida e a educação do mesmo numa perspectiva histórico-cultural
predominantemente vigotskiana.
Como seria uma proposta de Feira em que os alunos surdos se
sentissem integrados?

Segundo a Política Nacional de Educação Especial, a Integração é um processo


dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua
interação nos grupos sociais. A normalização é o princípio que representa a base
filosófica-ideológica da integração. Não se trata de normalizar as pessoas, mas sim
o contexto em que se desenvolvem. Normalização significa, portanto, oferecer aos
educandos com necessidades especiais modos e condições de vida diária os mais
semelhantes possíveis às formas e condições de vida da sociedade.

Em Congresso Internacional, realizado em Paris, em 1990, os representantes da


Comissão de Educação Integrada discutiram diferentes aspectos dos conceitos de
normalização. Diversas conclusões foram apresentadas, visando a facilitar a
inclusão dos educandos no sistema de ensino:

–preparação de recursos humanos;


– adaptação de currículos;
– complementações curriculares;
– novas tecnologias de ação;
– pesquisas;
– divulgação de experiências;
– preparo da comunidade em diferentes níveis: lar, escola, trabalho, recreação etc.

A legislação do Brasil (Constituição Federal/88, LDB 9394/96 entre outras) prevê a


integração do educando com necessidades especiais no sistema regular de ensino.
Essa integração, no entanto, deve ser um processo individual, fazendo-se
necessário estabelecer, para cada caso, o momento oportuno para que o educando
comece a frequentar a classe comum, com possibilidade de êxito e progresso.

A integração do aluno surdo em classe comum não acontece como num passe de
mágica. É uma conquista que tem que ser feita com muito estudo, trabalho e
dedicação de todas as pessoas envolvidas no processo: aluno surdo, família,
professores, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, alunos ouvintes,
demais elementos da escola, etc.

No processo de integração de educandos com necessidades especiais é comum


estabelecer comparação entre a educação dos alunos com dificuldades sensoriais.
No entanto esses distinguem-se tanto no código como na produção linguística, como
é o caso dos cegos e dos surdos.

Os cegos manejam a Língua Portuguesa, como qualquer outro falante e utilizam o


Braille, código universal, para transcrever seus pensamentos e usam a fala em uma
língua que conhecem desde o nascimento. O uso do Braille constitui, então,
uma tradução: “a ” corresponde a um ponto; “b” corresponde a dois pontos na
vertical; “l” corresponde a três pontos na vertical; etc. A correspondência é perfeita,
sem ambiguídades.

Já para os surdos, a Língua Portuguesa é um instrumento lingüístico que não se


apresenta como recurso que vem facilitar o intercâmbio com o mundo, mas um
obstáculo que precisam transpor com grande dificuldade. Por outro lado,
a LIBRAS não é código universal que possibilita tradução, mas sim, a
interpretação, quando se procura estabelecer uma correspondência entre as duas
línguas.

Levando-se em conta que a aquisição da linguagem efetiva-se quando há condições


internas do indivíduo (crescimento, audição, maturação neurológica) somadas às
condições externas adequadas, conclui-se que a linguagem de um surdo configura
diferenças entre ele e outro surdo, e entre ele e um ouvinte, vidente ou cego.

A estimulação precoce da criança, que nasce ou se torna surda no período de zero a


três anos de idade, é fator essencial para a aquisição da linguagem, uma vez que é
considerado um período crítico favorável, devido à plasticidade neural, característica
desse momento. A grande maioria dos surdos, porém, não é beneficiada por esse
atendimento que se encontra implantado apenas nas grandes cidades brasileiras.
Por ocasião da aprendizagem sistematizada do saber, quando do ingresso da
criança no sistema de ensino, o surdo é obrigado a utilizar-se da Língua Portuguesa,
um sistema linguístico que geralmente não domina ou domina precariamente,
embora um desempenho razoável na compreensão e expressão desse idioma
possibilite o acesso a níveis mais elevados de escolaridade. Isto leva a deduzir que
a oferta de oportunidade educacional sempre favorece a melhoria do desempenho
do instrumental linguístico dos surdos e é imprescindível para a evolução acadêmica
dessas pessoas.

Para que a inclusão social fosse praticada nesse caso de uma feira de estudantes
por exemplo , poderiam ser utilizados além da língua brasileira de sinais (libras) é
possível também utilizar recursos tecnológicos para que os surdos sintam-se
incluídos de maneira bastante natural.

 A utilização de recursos como displays os quais transformam a fala de algum


palestrante em texto por exemplo além de imagens é bastante desejável para que
assim haja uma integração social.
Quais seriam os temas trabalhados e formas de trabalho com
vistas ao aprendizado e à participação completa dos visitantes?

“As mãos são suas vozes,vozes do silêncio. Os olhos são seus ouvidos, onde não
entra barulho. E nós vemos um coração por dentro e fora do seu coração.” Poema
do professor Daniel Junqueira Carvalho.

Por mais que os equipamentos das salas de recursos sejam importantes, é a


atuação do professor que tem mais impacto na aprendizagem. Entre as
responsabilidades do educador propostas pela nova lei, estão a criação de um plano
pedagógico específico para cada aluno e a elaboração de material. Nesse sentido, o
caminho para uma inclusão efetiva é o conhecimento especializado do professor.

Portanto, diversificar sua metodologia de ensino se faz necessário, e o lúdico vem


como um caminho para ser adaptado e utilizado pelo corpo docente. Para isto,
também é necessário que o professor tenha este tipo de conhecimento e saiba a
importância dele para o aprendizado de seu aluno.

A ludicidade está presente na condição humana, sendo um fenômeno universal da


humanidade, em todas as sociedades e culturas, em diversas etapas da vida,
principalmente na infância, é no brincar que se promove a condição humana e a
preparação para a vida adulta; brincar é uma concepção analisada pelas diversas
áreas das ciências humanas.

Nesse sentido, faz-se importante evidenciar o lúdico, os jogos, os brinquedos e as


brincadeiras e, consequentemente, como esses elementos podem ser relevantes ao
desenvolvimento e à aprendizagem das crianças, sejam elas surdas ou ouvintes.
Assim promovendo o que realmente se propõe a educação, proporcionar
aprendizado independentemente da condição do aluno.

O desafio atual na educação dos surdos tem sido buscar material visual que
contribua para a aprendizagem da língua escrita deles. As atividades propostas
oferecem aos alunos surdos a oportunidade de participar da aula, interagindo com
ouvintes, de modo que tenham acesso ao conteúdo. Como os surdos frequentam o
ensino regular, a turma é composta por surdos e ouvintes. Desse modo, todos
precisam ter acesso ao conteúdo. As atividades propostas permitem a participação
de ambos.

As atividades propostas serão desenvolvidas com o número real de alunos surdos e


ouvintes presentes na sala de aula. Com um número menor de alunos nessas
turmas os resultados seriam melhores, pois haveria mais tempo para repetições e
acompanhamento individualizado.

CONTE HISTÓRIAS:

Para contar histórias (oralizadas) aos alunos, se você tem na sala alunos surdos ou
com deficiência auditiva, utilize recursos visuais e, ao longo da narrativa, observe se
as crianças – mediante, por exemplo, expressões de admiração, medo, riso, etc. –
demonstram compreender o que está ocorrendo. Utilize objetos: bonecos, bichos,
carrinhos, casinhas, etc. Ao terminar, peça aos alunos que desenhem a história e
então procure perceber no desenho da criança surda os detalhes das cores, dos
tamanhos e, sobretudo, dos sentimentos que se evidenciam no texto: medo,
maldade, alívio, etc.

FAÇA KITS DE “CONTAÇÃO” DE HISTÓRIAS:


Avental de histórias;

Saco de histórias;

Caixa de histórias;

QUEBRA-CABEÇA:

Faça um quebra-cabeça de palavras associando-as um desenho, pois as imagens


constituem um suporte importante no processo de aprendizagem.

PAINEL DE ALFABETO:

Faça um painel com as letras do alfabeto e, na vertical, na direção da letra, peça aos
alunos que colem figuras e escrevam o nome correspondente.
Existem muitos meios e estratégias pedagógicas para trabalhar com o aluno surdo,
mas vemos que é de suma importância que a escola esteja preparada para ter os
recursos necessários, porém a maior importância está no conhecimento e
habilidades desenvolvidas do professor. Por este motivo temos um curso 100% on-
line de Libras, onde o professor poderá obter este conhecimento e entender melhor
o que é trabalhar com este aluno.
Como seriam os momentos de integração entre surdos e não
surdos?:

Segundo Quadros (2006), a linguagem é um sistema de comunicação natural ou


artificial, humano ou não, assim, linguagem pode ser compreendida como qualquer
forma utilizada com algum tipo de intenção comunicativa incluindo a própria língua.

A comunicação é, sem duvida, o eixo da vida do individuo, em todas as suas


manifestações como ser social. É oportuno, pois, reconhecer a necessidade de
novos estudos que sirvam de suporte a métodos educacionais e ofereçam à
comunidade surda melhores condições e de exercerem seus direitos e deveres de

cidadania. (Fernandes, 2000, p.49).

Deste modo, a fim de que os surdos pudessem se comunicar melhor com o mundo,
com o passar dos tempos foram desenvolvidos alguns meios para facilitar a
comunicação, como os aparelhos auditivos, técnica de leitura labial, oralismo,
bilinguismo, comunicação total e o método da língua de sinais.

Língua Brasileira de Sinais – Libras: Libras é a sigla da Língua Brasileira de


Sinais, usada pelos sujeitos surdos e comunidades envolvidas, como pais,
intérpretes, é a língua dos surdos fundamentada pela Lei Federal nº. 10.436, de 24
de abril de 2002 e regulamentada pelo decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

As línguas de sinais apresentam-se de forma diferente das línguas orais-auditivas.


São línguas espaços-visuais, ou seja, sua realização não é estabelecida através do
canal oral-auditivo, mas por meio da visão e da utilização do espaço, articulada
através das mãos, das expressões faciais e do corpo. As Línguas de sinais, ao
contrário do imaginário de muitos, não são simplesmente mímicas e gestos soltos
que os surdos utilizam para se comunicarem. São línguas com estruturas
gramaticais próprias, assim como as demais línguas. (Quadros, 1997).

A aquisição da LIBRAS desde a mais tenra idade possibilita às crianças surdas


maior rapidez e naturalidade na exposição de seus sentimentos, desejos e
necessidades. Possibilita a estruturação do pensamento e da cognição e ainda uma
interação social, ativando conseqüentemente o desenvolvimento da linguagem.
(Brasil, 2006, p. 28).

Comunicação Total: Nos anos 80, professores de surdos iniciaram os estudo e


aplicação da Comunicação total, onde é necessário falar e sinalizar ao mesmo
tempo. A comunicação total é uma filosofia que defende a utilização de toda e
qualquer forma de comunicação com a criança surda, incluindo a fala, leitura
orofacial, treinamento auditivo, a mímica, a leitura, a escrita e os sinais. Sendo
estes, considerados como facilitadores de comunicação com as pessoas surdas,
privilegiando a comunicação e interação das línguas, tanto orais quanto sinalizadas.
(Martins, 2012).

Oralismo:  O oralismo trata-se de um método de ensino da língua materna através


da imposição da oralização nos processos de aprendizagem dos surdos, onde se
defende que a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através da língua oral ou
falada. Segundo Goldfield (1997) o oralismo, também chamado de filosofia oralista,
visa na integração da criança com surdez na comunidade de ouvintes, dando-lhe
condições de desenvolver a língua oral, no caso do Brasil, o português. Na visão de
Goés (1999, p.40):

O oralismo, nas suas diversas configurações, passou a será amplamente criticado


pelo fracasso em oferecer condições efetivas para a educação e o desenvolvimento
da pessoa surda. Entre as muitas críticas, aponta-se o fato de que, embora pretenda
propiciar a aquisição da linguagem oral como forma de integração, esse trabalho
educacional acentua, ao invés de eliminar a desigualdade entre surdos e ouvintes
quanto às oportunidades de desenvolvimento. Dificulta ganhos nas esferas
lingüística e cognitiva por exigir do surdo a incorporação da linguagem
exclusivamente numa modalidade à qual este não pode ter acesso natural. E, na
tentativa de impor o meio oral, interditando formas de comunicação visual-gestual,
reduz as possibilidades de trocas sociais, somando, assim, obstáculos à integração
pretendida.

Existem muitos casos de sucesso entre surdos que foram submetidos à oralização.
Porém, para Pfeifer (2003) a oralização não funciona na mesma medida em que é
bem-sucedida, ou seja, há um fracasso para cada sucesso.
Bilinguismo:  O Bilinguismo é caracterizado pelo aprendizado de duas línguas, é a
aquisição da língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, como
língua materna e como uma segunda língua, a língua oral utilizada em seu país.

De acordo com Quadros (1997), o Bilinguismo é uma proposta de ensino onde as


escolas se propõem a tornar acessível à criança as duas línguas no contexto
escolar. Estudos apontam para essa proposta como sendo a mais adequada para o
ensino das crianças surdas, uma vez que, considera a língua de sinais como sendo
natural e parte desse pressuposto para a instrução da língua escrita.

As propostas educacionais do Bilinguismo começaram a se estruturar a partir do


Decreto 5.626/05 que regulamentou a lei de Libras. Este Decreto prevê a
organização de turmas bilíngues, compostas de alunos surdos e ouvintes, onde as
duas línguas, Libras e Língua Portuguesa são utilizadas no mesmo espaço
educacional, onde alunos surdos têm como primeira língua a Libras e a segunda a
Língua Portuguesa na modalidade escrita.

A proposta bilíngue traz uma grande contribuição para o desenvolvimento da criança


surda ao reconhecer a LIBRAS como uma língua, com todo o potencial expressivo
de uma língua oral e como instrumento de fortalecimento de estruturas linguísticas.
O bilinguismo favorece o desenvolvimento cognitivo, alarga horizonte e amplia o
pensamento criativo da criança surda. Ao abordar a questão da “cultura surda”, a
proposta bilíngue chama atenção para o aspecto da identificação da criança com
seus pares, que lhe possibilita e permite construir a compreensão da sua “diferença”,
e, assim, de sua própria identidade. (Brasil, 2006, p.7).
Quais seriam as partes do projeto que você entregaria para a
gestão e o que teria em cada uma dessas partes?

Projeto 1: “Café com Libras”

Objetivos:
Perceber as expectativas dos participantes.
Refletir sobre o processo histórico da Educação de Surdos e como o Surdo se vê.

Metodologia:

1º momento (30 min): Apresentarmos o curso e entregarmos o material.


Apresentarmo-nos da forma como a pessoa Surda se apresenta, o participante que
não tinha o seu sinal na Libras e desconhecesse a forma de sinalizar do Surdo,
explicamos algumas questões culturais acerca da comunidade Surda, a qual para os
não-surdos tudo tem nome e para os Surdos tudo tem sinal.

2º momento (70 min): Assistiemos ao documentário “Sou Surda e não sabia”, com
duração de setenta minutos. Esse documentário foi escolhido para que os
participantes assistam, antes de qualquer leitura teórica, para sabermos as opiniões
deles.
3º momento (1h20min): Levantar indagações sobre as passagens do documentário
com a seguinte questão – Quando a palavra “Surdo” é mencionada, que imagens
vêm à mente de vocês? Convidar os participantes para sentarmos em círculo e pedir
a cada cursista que relatasse passagens do documentário para propiciar
questionamentos sobre o ser Surdo. Assim que cada um comentar, finalizamos esse
primeiro momento com a leitura do poema “Lamento oculto de um Surdo” escrito por
Vilhalva, pesquisadora Surda (2004 apud STROBEL, 2018, p. 133 e 134) para
refletirmos sobre o papel professor no AEE para Surdo.

Projeto 2: A história da educação de Surdos: que caminho trilhar?

Objetivos: Conhecer e compreender as diferentes abordagens na educação de


Surdos.

Metodologia:
1º momento (1h): apresentarmos o processo histórico da educação de Surdos e
analisarmos com os participantes, as abordagens: oralista, comunicação total e
bilíngue.
2º momento (1h30min): Propor aos participantes a escolha da leitura de uma das
abordagens para debates, quando cada um defendeu o respectivo texto escolhido
sobre o oralismo, a comunicação total e o bilinguismo, (CAPOVILLA, 2000) e
(SANTANA, 2011, p. 119 - 191). Após reflexões, destacar pontos negativos e
positivos das abordagens. Podemos fazer as reflexões em forma de teatro mudo,
para que os alunos surdo possam ingressar na atividade.

3º momento (30min): Reflexão crítica sobre as abordagens e qual a melhor


estratégia para o processo de ensino e de aprendizagem para o aluno Surdo.
Considerações Finais:

Como trata o dito popular “o pior cego é aquele que não quer ver e o pior surdo é
aquele que não quer escutar” consideramos que, as relações sociais entre surdos e
não-surdos travam-se num debate da não percepção do outro. Ou seja, a ignorância
sobre a língua dos sinais e da expressão corporal do outro faz com que os sujeitos
não-surdos deixem de perceber a comunicação que está ao seu lado, a sua frente,
ao seu cotidiano.

Somos sujeitos expressivos, alguns até demais, mas não entendemos e muitas
vezes não sabemos nos comunicar gestualmente. Parece estranho, porém é uma
realidade. Desde pequenos brincamos nos expressando, muitas vezes sem som,
sem oratória, nos comunicamos em lugares públicos por gestos, nos divertimos,
jogamos e trabalhamos nos comunicando pela expressão corporal, pelo olhar, pelas
mãos, pela linguagem que o corpo nos oferece.

Parece estranho, mas quando nos deparamos com um surdo não sabemos o que
fazer. Seria o simples fato de não entender a Língua Brasileira dos Sinais? Ou
teríamos certo comodismo em relação a leitura das expressões corporais? Seria um
descaso com o outro? Perguntas que deveríamos nos fazer antes de começar um
curso de Libras.

A falta de políticas públicas pela segunda língua, ou talvez, poderíamos dizer uma
língua paralela, faz com que a sociedade ignore a importância de se comunicar em
sua mais diversa possibilidade. Vemos a crescente interferência das tecnologias, em
especial, as altas tecnologias nas comunicações, mas também percebemos que
apesar da facilidade de se comunicar, há uma crescente dificuldade de entender o
outro. Assim se faz na comunicação por sinais, através da Libras, na qual muitos
não entendem a importância da percepção e do respeito para as particularidades do
outro. Não basta só comunicar, é preciso perceber a interpretação e compreensão
do outro.

Se os escolares desde quando fossem alfabetizados, fossem letrados em Libras


teríamos uma contribuição social a ponto de melhorar o entendimento entre as
pessoas. Sendo que, a formação em Libras traz um profundo entendimento da
comunicação, da leitura de mundo do outro, da percepção da expressão corporal e
sentimental do comunicador e um olhar diferenciado de quem é comunicado. Parece
que, a Libras traz um envolvimento humano maior do que a alfabetização; fazendo
com que o aprendiz se envolva emocionalmente pelas informações prestadas pelo
comunicador. Há, através da Libras, um domínio e uma não negação pelo olhar
sobre o outro.

Algumas adaptações deverão ser pensadas pela escola para iniciar o processo de
inclusão do aluno com necessidades especiais de aprendizagem antes que o
mesmo desista de tal aprendizado e manifeste o processo de regressão e
desistência escolar.

A primeira adaptação é o acolhimento do indivíduo pela equipe educacional e o


entendimento das dificuldades do aluno questão. Muitas vezes se faz necessário a
intervenção de profissionais externos, para auxiliar esse entendimento.

Teoricamente entendemos que a escola tem o papel de educar para a vida social e
é de suma importância que a mesma desempenhe com competência as
aprendizagens do indivíduo independente de suas limitações.

Consequentemente, não se concebe mais uma escola de ensino regular, a ausência


do professor de libras e um intérprete. Uma vez que a Lei nº. 10.436/2002
institucionalizou a LIBRAS como língua materna do surdo, utilizamos também esse
argumento para a defesa desse propósito.

Vale ressaltar que o princípio da linguagem é a comunicação e que a linguagem


falada é apenas uma das modalidades possíveis. A LIBRAS, como modalidade
visual-motora de língua atende tanto quanto a fala, o princípio norteador da
comunicação: o de permitir as interações sociais, os processos de ensino e
aprendizagem e de formação e constituição humana.

Nesse contexto, cabe à escola viabilizar recursos de ensino-aprendizagem que


valorizem a memória e o pensamento que se dão pelo aspecto visual, característico
desses sujeitos, porque a língua de sinais propicia o desenvolvimento lingüístico dos
mesmos, facilita, inclusive, o processo de aprendizagem de línguas orais, serve de
apoio para a leitura e compreensão de textos escritos e favorece a produção escrita.
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